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Projeto CO-LIGAÇÃO
“Não adianta, viver é correr riscos: navio atracado no cais não naufraga,
mas o casco acaba apodrecendo.”
(um paciente, durante um grupo psicoterápico)
Justificativa
A Seção Centro de Referência Psicossocial do Adolescente - Tô-Ligado (SECERPA-TL) é
uma unidade de saúde mental que atende adolescentes de 12 a 19 anos de idade com
transtornos mentais, emocionais, comportamentais e com problemas familiares graves.
Um dos adolescentes atendidos por esta unidade, desde meados de 2005, se
encontrava afastado de suas atividades escolares devido suas dificuldades interpessoais e
intrapsíquicas.
Após um trabalho terapêutico, o adolescente se fortaleceu emocionalmente, a ponto de
tentar retomar sua vida cotidiana e, diante disto, técnicos da SECERPA-TL fizeram contato com
a escola em que ele estava matriculado anteriormente para tentar a sua inclusão. Houve muita
resistência por parte da equipe pedagógica da Escola quanto ao retorno do aluno.
Baseado nestes fatos, a SECERPA-TL realizou uma reunião com a Secretaria Municipal
de Educação de Santos (SEDUC), já que o aluno não era o único adolescente atendido que
necessitava assumir o retorno à vida escolar.
Foi estabelecida, nessa reunião, uma parceria intersetorial, para implantação de um
projeto que teria como mote a inclusão de adolescentes com transtornos mentais nos cursos
da modalidade Educação Jovens e Adultos, das Unidades Municipais de Ensino (UMEs) de
Santos.
O desenvolvimento de uma política para a inclusão de pessoas com necessidades
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educacionais especiais nas escolas municipais de Santos é uma meta da Secretaria da
Educação.
A educação especial caracteriza-se por um conjunto de recursos educativos (métodos
técnicos e recursos pedagógicos) colocados à disposição de alunos com necessidades
educacionais especiais para que tenham acesso ao saber sistematizado. Atualmente, a EJA
vem apresentando um aumento no número de educandos adolescentes. Assim sendo, torna-se
necessária a extensão deste atendimento aos alunos da educação de jovens e adultos.
Tendo em vista a especificidade desta situação, este projeto é estruturado a partir de
uma parceria entre a Secretaria de Educação, por meio da Seção de Educação de Jovens e
Adultos/SEJA e da Seção de Atendimento às Necessidades Educacionais Especiais/SEANE; e a
Secretaria de Saúde, por intermédio da Coordenadoria de Saúde Mental/CSM e do Centro de
Referência Psicossocial do Adolescente -Tô-Ligado/CRA.
Nessa parceria, foi determinado a oferta de um professor auxiliar para atender à
especificidade proposta, atuando como facilitador no processo educacional e na preparação da
Unidade Municipal de Educação para receber o aluno, acompanhado pelo programa de Saúde
Mental da Secretaria de Saúde que conta com um aparato terapêutico composto por: Grupo de
Estimulação/Terapia Ocupacional, Acompanhamento Psiquiátrico e Psicoterapia Individual e/ou
Grupal e Oficinas Terapêuticas. Essa rede de atenção proporciona à escola não assumir sozinha
toda a responsabilidade sobre o aluno. Fato que acontecia anteriormente, deixando
professores, membros da equipe técnica, funcionários e demais alunos muito apreensivos com
a presença de um colega apresentando tantas oscilações de comportamento.
Público-alvo
•
Alunos adolescentes, com necessidades educacionais especiais, participantes da Seção
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Centro de Referência Psicossocial do Adolescente - Tô-Ligado (SECERPA-TL) - da
Coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Santos,
matriculados nas Unidades Municipais de Educação na modalidade Educação de Jovens
e Adultos. Ressaltando que é uma condição o adolescente estar em acompanhamento
na SECERPA-TL tanto para obter, como para dar continuidade desse apoio na Escola.
Objetivos
•
Promover situações que estimulem a transformação da qualidade de vida deste
adolescente, modificando assim sua compreensão e inserção no mundo.
•
Proporcionar aos adolescentes com necessidades educacionais especiais (transtornos
mentais e com sérias dificuldades nas relações interpessoais) um ambiente escolar que
promova o pleno desenvolvimento bio-psico-social.
•
Redefinir o papel do professor e a dinâmica das relações sociais dentro e fora da sala de
aula.
•
Oferecer um professor auxiliar que atenda à especificidade proposta, atuando como
facilitador no processo educacional.
•
Desmistificar concepções estereotipadas de doenças mentais por meio de informações e
ações de integração.
•
Integrar diversas Secretarias Municipais de acordo com os princípios de uma Cidade
Educadora.
Ações
•
Levantamento do histórico escolar e clínico do adolescente a ser incluído.
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•
Reunião com todos os setores relacionados, para o estabelecimento de estratégias de
ação.
•
Distribuição de responsabilidades.
•
Definição de critérios do processo de integração.
•
Seleção de um professor para o acompanhamento/auxílio a cada adolescente com
necessidades educacionais especiais (transtorno mental).
•
Acolhimento de UMEs interessadas na implantação e no desenvolvimento do Projeto.
•
Avaliação
das
UMES
e
localização
mais
adequada
à
necessidade
de
cada
adolescente/aluno.
•
Formação continuada, envolvendo todos os setores relacionados ao projeto.
•
Reuniões de avaliação do Projeto para possíveis adequações.
Duração
•
Este projeto acompanha a permanência do adolescente na UME a partir de seu
ingresso, desde que atendidas às especificidades da modalidade Educação de Jovens e
Adultos.
•
Tendo em vista que este projeto só atende os alunos até a conclusão do Ensino
Fundamental, visto que as UMEs não possuem o Ensino Médio, avaliamos ser de grande
valia a continuidade deste importante projeto também no Ensino Médio da Rede
Estadual de Ensino.
Histórico
O projeto, em caráter experimental, teve início no 2º semestre letivo da EJA em 2006 e
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foi concebido para atender, em princípio, um aluno. Este adolescente apresentava, até então,
um histórico de baixo rendimento nos estudos, além de transtorno mental considerado grave.
Na avaliação dos profissionais, vários processos institucionais também favoreceram o
agravamento do quadro com relação ao processo de dessocialização e defasagem escolar:
•
desenvolvimento de adoecimento mental – criança/adolescente revelava sintomas de
difícil compreensão social e comportamento impulsivo, inclinado a interpretar mal
situações sociais, dificuldade em estabelecer
relacionamentos
que tornava difícil a
convivência no ambiente escolar,
• procedimentos terapêuticos - anteriores ao Centro de Referência do Adolescente –
incluíram períodos de internação (inclusive em outro município) agravando ainda mais a
defasagem escolar, o convívio escolar e social, i.e., prática que promoveu a exclusão
das situações de aprendizagem de que mais necessitava;
O despreparo dos professores e equipes das escolas para lidar com adolescentes
com
transtornos mentais, também favoreceu o processo de dessocialização.
Diante deste quadro, foi iniciada uma parceria entre a Secretaria de Educação, por meio
da Seção de Educação de Jovens e Adultos e da Seção de Atendimento às Necessidades
Educacionais Especiais; e a Secretaria de Saúde, por intermédio da Coordenadoria de Saúde
Mental e do Centro de Referência ao Adolescente.
Nessa parceria, verificou-se a necessidade de selecionar professores capacitados para
atuar no projeto. Dessa forma, a seleção foi realizada em várias etapas, a saber:
•
a Secretaria de Educação instituiu e divulgou, através de publicação do Diário Oficial do
Município, a seleção de professores do quadro do Sistema Municipal de Ensino de
Santos com interesse em desenvolver projeto para jovens e adultos com necessidades
educacionais especiais;
•
avaliação da experiência profissional e análise de curriculum e documentação;
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•
Entrevista Individual de cada professor interessado;
•
Realização de dinâmica de grupo com os professores inscritos na seleção.
Depois de realizada a seleção e a classificação dos participantes, estabeleceu-se a
oferta de um professor auxiliar para atender à especificidade proposta, atuando como
facilitador no processo educacional e a preparação de uma Unidade Municipal de Educação
para receber o aluno, além de outras ações como reuniões dos parceiros, entrevistas etc.
Após três meses da implantação do projeto com esse aluno, na UME Therezinha de
Jesus Siqueira Pimentel, constatamos que os objetivos foram alcançados, com a inclusão
ocorrendo plenamente. Tanto que foi sugerido, pela equipe do Centro de Referência, que o
próprio aluno escolhesse um nome definitivo para o projeto e, posteriormente, a ampliação do
projeto para outros pacientes.
Assim sendo, o aluno deu o nome de Coligação Nós na Fita, pois, para ele, a união de
educadores com a equipe de saúde mental foi fundamental para a sua adaptação ao ambiente
escolar. Ele também escreveu um poema, que foi entregue para sua terapeuta, psicóloga do
“To Ligado”, para expressar as razões do nome que batizou o projeto.
COLIGAÇÃO NÓS NA FITA
Pra começar a inaugura
Eu sou o Guillermo pioneiro do Projeto
Comecei a me apresentar...
Então me apresentei,
pensei
Finalmente inventei, criei o nome
E acertei: firmeza, beleza, o nome dele acertei
Significa pra mim, pros mano, pras mina
a coligação nós na fita,
pra mim, pros mano e pras mina
Coligação Nós na Fita.
Não esquenta,
Quem tem atitude chega e representa.
Pelo estudo, estou contente em aprender
Pode crer
Se não for rima e grafit, não gosto de
escrever...
Mas para aprender,
Passo a entender
Compreender que isso é meu dever
Fazer pro meu saber se estender
E ler.
Antes bagunçava, discutia, até brigava
não prestava atenção à lição
Então, coligação nós na fita
Sei que existem muitos quenem eu
pararam de estudar,
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ou doentes diferentes
e não só os doentes
que também não estudaram...
existem analfabetos, semi-analfabetos etc
Não vamos parar,
Vamos continuar:
17 de idade na 6ª,
Sofri também injustiças,
Mas, vamos lá!
Eu tô atrasado 5 anos,
Mas pra incentivar a galera
Este nome original passou por algumas adaptações, com o propósito de representar a
idéia de cooperação, de união entre todos os envolvidos. Sabendo-se que o prefixo “co” é
usado com hífen quando tem o sentido de “juntamente”, optamos por essa denominação.
Além do mais, atribuindo, também, ao “co-ligação” o sentido de “co-existir”, da possibilidade
de restaurar o viver com os outros, e da possibilidade de ser-no-mundo, ser incluído e deixar
incluir.
Relevância
O mais relevante desse projeto é a possibilidade de inclusão efetiva do aluno com
necessidades especiais na escola. Alunos que anteriormente, não freqüentavam a escola ou
que nela eram discriminados, não conseguindo se sociabilizar e nem aprender, atualmente
participam do processo de ensino-aprendizagem, realizando tarefas, provas e atividades
culturais. Além de demonstrarem uma melhora de comportamento no convívio familiar e na
comunidade. A inclusão escolar desses adolescente representa um ganho significativo em todo
o tratamento dos adolescentes, o fato de estarem na escola faz com que eles se interessem
por outras atividades na área esportiva e cultural, que, por sua vez, trazem grande benefício
para a interação deles na escola.
O diferencial está em ser um trabalho, de fato, intersetorial e poder contar com um
professor auxiliar que está articulado com a equipe responsável pelo tratamento do aluno, e
que facilita a vinculação do adolescente na escola e auxilia a moderação com os demais
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alunos. Esse professor auxiliar é o responsável por desmistificar concepções estereotipadas das
pessoas com transtornos mentais, por meio de informações e ações de integração entre a
educação e a saúde.
Recursos Humanos
•
Educadores da Rede Municipal de Ensino.
•
Profissionais da Seção Centro de Referência Psicossocial do Adolescente - Tô-Ligado
(SECERPA-TL) - da Coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde
de Santos.
Bibliografia
•
BELISÁRIO Filho, José Ferreira. INCLUSÃO: Uma revolução na saúde. Rio de Janeiro: WVA.
2001
•
BRASIL. Ministério da Educação. Adaptações Curriculares: estratégias para a educação de
alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEF. 1999.
•
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acometidas de transtorno mental.
•
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CEB 17/2001, de 03 de julho de 2001.
Diretrizes curriculares para educação especial na educação básica.
Brasília: MEC/SEB,
2001.
•
CARVALHO, Rosita Edler. A nova LDB e a educação especial. Rio de Janeiro: WVAA 1997.
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COLL, C: PALACIO, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades
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educativas especiais e aprendizagem. Porto Alegre: Artes médicas, 1995.
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Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Resolução CNE/CEB
n°1, de 5 de julho de 2000).
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FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
•
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1997.
•
MANTOAM, M. T. E.
Ser ou estar: eis a questão. Explicando o déficit intelectual. Rio de
Janeiro: WVA, 1997.
•
PARECER CNE/CEB nº 11/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos.
•
PATTO, MHS. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo:
T. A. Queiroz, 1990.
•
RESOLUÇÃO CNE/CEB nº 1/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos.
•
RIBEIRO, Vera Masagão. Educação de jovens e adultos: proposta curricular para o 1ª
segmento do ensino fundamental. São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 1997.
•
STAINBACK, S; STAINBACK, W - Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed,
1998.
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