Resumo

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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
COMO AS FERRAMENTAS DE MARKETING E A METODOLOGIA DO QFD
CONTRIBUEM PARA TRAZER O CONSUMIDOR PARA DENTRO DA EMPRESA
INTEGRANDO-O AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS.
Elisabete Zambelo
Faculdade de Agudos – FAAG
Resumo
A abordagem de partir de uma idéia, fazer pesquisas de mercado tradicionais,
desenvolver um produto, testar o mercado e, finalmente, lançar o produto no
mercado, é lenta, não gera respostas e é arriscada. Além disso, essa
abordagem tradicional muitas vezes não corresponde aos desejos e demandas
dos consumidores ou acompanha os rigores da competição já que as
mudanças do mercado são rápidas e constantes. Uma nova ameaça surge
nesse ambiente de mudanças - com tantas opções de escolhas para os
consumidores, as empresas enfrentam o fim de sua fidelidade. Para combater
essa ameaça as empresas precisam encontrar um modo de integrar o
consumidor à empresa, como forma de criar e manter uma relação entre a
empresa e o consumidor. Levando o consumidor para dentro da empresa
como participante ativo do processo de desenvolvimento de produtos, a
empresa desempenha o papel de integrador e com isso tem maior
possibilidade de atrair as pessoas certas, gerar novas idéias e formar relações
de qualidade. Este trabalho tem por objetivo contribuir para o
desenvolvimento de um referencial teórico que analisa as formas de levar o
consumidor para dentro da empresa através das ferramentas de marketing e
mais a metodologia do Quality Function Deployment - QFD, integrando-o ao
processo de desenvolvimento de produtos.
Palavras-chaves:
marketing, desdobramento da função qualidade, desenvolvimento de
produtos.
Abstract: The traditional approach of starting from an idea, carrying out traditional market polls,
developing the product, testing its acceptance and finally launching it into the market, is slow, does
not generate a quick response and carries risks. In addition, quite often, this approach does not
attend to the needs and demands of the consumer, nor does follow the rigour of competition,
because the market changes quickly and continously. A new threat is emerging in that changing
environment - with so many options for the consumer to choose from, companies are having to
confront with the end of fidelity. To attack this threat, companies need to find some form of
integrating the consumer to the company, as a way of creating a link between the consumer and the
company. Taking the consumer into the company, as an active participant of the process of
developing products, the company plays the role of integrator and consequently increasing the
possibility of attracting the right people, generating new ideas, and creating quality relations. This
work is aimed at contributing with the development of a theory to be used as a reference to bring the
consumer into the company through the use of marketing tools and the QFD  Quality Function
Deployment  method, in order to integrate him into the process of product development.
Key-words: marketing, quality function deployment, product development.
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
1 INTRODUÇÃO
Uma importante fonte de vantagem
competitiva que tem se destacado e chamado a
atenção principalmente em virtude da sua
influência no sucesso ou fracasso de um
produto é o consumidor. Atualmente ele se
mostra mais exigente impondo às empresas
pressões para melhoria constante da qualidade
dos produtos existentes, assim como o
lançamento de novos produtos no mercado.
Esse consumidor exigente está mais
seguro do que quer, tem muito mais opções de
escolha e mais do que nunca está fortalecido
pelo amparo das normas e regulamentações do
“Código de defesa do Consumidor”. Toma
consciência do seu papel na sociedade e
defende seus direitos de todas as formas.
Exige cada vez mais qualidade e competência
das empresas.
Por outro lado, as empresas que
pretendem permanecer no mercado já
percebem que a integração com o consumidor
é algo que traz cada vez mais resultados
positivos. Mais e mais empresas descobrem
que a qualidade tem um só juiz - o
consumidor. Estar sintonizado com seus
desejos e necessidades, porém, é uma das
tarefas mais difíceis. Por mais que as empresas
se esforcem em encantar os consumidores,
elas só conseguem fazê-lo de forma relativa.
A literatura que trata sobre as diversas
maneiras de como encantar o consumidor é
vasta no que diz respeito a imagem da
empresa
ou
da
marca,
enfocando
principalmente o marketing institucional.
ações de controle e melhoria da qualidade,
integrando-as com o mercado.
Assim, este artigo tem por objetivo
contribuir para o desenvolvimento de um
referencial teórico onde a união do marketing
com a qualidade é fundamental para o sucesso
no desenvolvimento de produtos.
2. O CONSUMIDOR - DEFINIÇÃO
Com o objetivo de conceituar e definir
quem é o consumidor, ressalta-se as seguintes
definições:
Para Gade (1980), consumidor
significa: “O consumidor é o destinatário dos
produtos que as empresas industriais e a
agricultura produzem e o comércio distribui.
Em
termos
político-econômicos,
o
consumidor é um fator de equilíbrio, uma vez
que se insere dentro de uma estrutura
econômica voltada para a produção e para o
comércio.”
Para Wilson (1993), a definição de
consumidor é: “O consumidor é alguém que
adquiriu seu produto ou usou seu serviço. Ele
investiu algo mais do que uma olhada em
você; dispensou tempo, dinheiro ou ambos.”
Logo, com base nas definições acima,
concluímos que o consumidor é aquele que
consome, que compra um produto ou serviço
para seu uso próprio a fim de realizar seus
desejos e atender suas necessidades.
Já a literatura sobre “a importância do
consumidor no processo de desenvolvimento
de produtos” limita-se à prescrição da
metodologia do QFD (Desdobramento da
Função Qualidade) que procura coordenar as
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para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
2.1 O mercado consumidor
Segundo Kotler (1993), o mercado
consumidor é formado por todos os indivíduos
e famílias que compram ou adquirem produtos
e serviços para consumo pessoal.
Para planejar seu marketing e
desenvolver produtos com qualidade toda
empresa necessita identificar o consumidoralvo e o tipo de processo decisório que eles
adotam.
Segundo Kotler (1993), a empresa que
entender como os consumidores responderão
às diferentes características dos produtos,
preços, apelos de propaganda, etc., terá
enorme vantagem sobre seus concorrentes.
Para facilitar esse entendimento,
podemos analisar o modelo de estímuloresposta apresentado na figura 1 (Kotler,
2000). Esta figura apresenta o marketing e
outros estímulos atingindo o consumidor e
produzindo as respostas do mesmo. Os
estímulos à esquerda são de dois tipos. Os
estímulos de marketing formados pelos quatro
Ps: produto, preço, ponto-de-venda e
promoção. Os estímulos ambientais formados
por forças e eventos importantes, que ocorrem
no
macroambiente
do
consumidor:
econômicos,
tecnológicos, políticos
e
culturais. Estímulos ambientais e de marketing
penetram no consciente do comprador. As
características do comprador e seus processos
de decisão levam a certas decisões de compra.
Nos últimos anos, o número de
produtos oferecidos ao consumidor tem
aumentado enormemente, permitindo as
empresas atingir níveis continuamente mais
precisos quanto a atender os seus desejos. Ou
seja, o consumidor tem mais opções de
escolha e interfere mais no desenvolvimento
do produto, portanto, as empresas têm como
saber exatamente o que ele quer.
Estímulos de
Marketing
Outros
Estímulos
Características
do Comprador
Processo de
Decisão do
Comprador
Decisões do
Comprador
Produto
Preço
Praça
Promoção
Econômico
Tecnológico
Político
Cultural
Culturais
Sociais
Pessoais
Psicológicas
Reconhecimento
problemas
Busca
informações
Avaliação
alternativas
Decisão compra
Comportamento
após compra
Escolha produto
Escolha marca
Escolha
revendedor
Freqüência
compra
Montante
compra
Figura 1. Modelo de estímulo e resposta
Muitas empresas já enxergam que o
que realmente importa é atender os desejos de
modificar o seu produto em função da
exigência desse consumidor.
seus consumidores e para isso vale a pena
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
2.2. Como abrir um canal de
comunicação com o consumidor
Abordaremos nesse tópico algumas das
ferramentas de marketing utilizadas pelas
empresas para conhecer e conquistar
definitivamente seu consumidor.
2.2.1. Banco de Dados
Primeiramente é preciso definir muito
bem qual é o objetivo. O banco de dados serve
para aumentar a lealdade às marcas da
empresa; transformar prospects em clientes e
aumentar as vendas.
Após a definição do perfil do
consumidor para quem se deseja mandar a
mensagem é necessário escolher a forma para
captar os nomes que pode ser através de
aluguel de mailing, uso de certificado de
garantia, utilização de entrevistas pessoais,
centrais de atendimento ou internet.
2.2.2. Programa de atendimento ao
consumidor
Todas as empresas que pretendem
permanecer no mercado, precisarão dar o
primeiro passo na relação com o consumidor.
Segundo Zulke (1991), isso pode ser feito: a)
Abrindo suas portas aos consumidores, por
intermédio de departamentos de serviços a
consumidores
devidamente
estruturados
estratégica e operacionalmente. b) Diminuindo
a intransigência, a auto-suficiência, reduzindo
a auto-referência e passando a escutar o que
pedem os consumidores. c) Atendendo as
solicitações dos consumidores e constatando
que o faturamento não diminui, que os
consumidores não os desequilibram e que as
demandas muitas vezes são justas. d) Havendo
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essa possibilidade de diálogo, a tensão tende a
diminuir e um processo de mútua modificação
vai se instalando. Não se pode sonhar com a
eliminação do conflito. Haverá, no entanto,
um permanente reajustamento das partes.
2.2.3. Clube de Clientes
Segundo Nascimento (1994), é uma
forma do Marketing de Relacionamento que
implica em oferecer ALGO EXTRAPRODUTO aos clientes que aderem à
condição de sócios. Está presente a
necessidade
de
filiação,
associação,
vinculação, participação ou similar. Pode ser
filiação paga, grátis ou automática pôr algum
tipo de compra ou resposta. Implica em
alguma atividade que beneficia o sócio,
incluindo desde a simples leitura de um
boletim reservado até os mais variados
serviços, vantagens e benefícios. Vale-se da
AFINIDADE
e
do
sentimento
de
PERTENCER e pode implicar em distinção e
honrarias, especialmente quando proporciona
EXCLUSIVIDADE.
 O clube como diferencial competitivo
A cada dia que passa, os produtos
estão se tornando tecnologicamente muito
parecidos. As diferenças são cada vez
menores. Nesse cenário, um clube pode ser
visto pelo cliente ou consumidor como
AQUELA DIFERENÇA QUE VALE MAIS.
Não existe “diferencial competitivo” que dure
para sempre. O clube é muito mais poderoso
que qualquer diferencial de produto. Ele
significa DIFERENCIAL de PERCEPÇÃO e
EMOÇÃO para o cliente.
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
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DFQ - Desdobramento da
função qualidade
A metodologia do QFD é mais
conhecida por sua sigla em inglês, que
significa Quality Function Deployment. Em
português quer dizer Desdobramento da
Função Qualidade, porém, o uso da sigla
QFD é mantido. Essa metodologia surgiu no
Japão em fins da década de 60, nos estaleiros
de Kobe, com o desenvolvimento de naviostanques de grande capacidade. O QFD nasceu
visando criar um sistema que permitisse
vincular cada etapa do processo de construção
do navio-tanque à satisfação de determinada
exigência do cliente. Nos anos 70, as empresas
japonesas aperfeiçoaram a metodologia do
QFD, tornando-se mestras no assunto. Nos
Estados Unidos, porém, a metodologia do
QFD demorou mais de dez anos para ser
conhecida pelas empresas.
Para Guinta e Praizler (1993), a
definição do QFD é: “Um método específico
de ouvir o que dizem os clientes, descobrir
exatamente o que eles querem e, em seguida,
utilizar um sistema lógico para determinar a
melhor forma de satisfazer essas necessidades
com os recursos existentes. Permite que todos
trabalhem em conjunto para dar aos clientes
exatamente o que eles desejam. Igualmente, dá
a todos os membros da organização um
roteiro mostrando como cada fase, desde o
projeto até a entrega do produto ou serviço,
interage para satisfazer as exigências dos
clientes.”
Para Kienitz (1995), o QFD Desdobramento da Função Qualidade é: “Uma
metodologia organizacional, que promove a
conversão sistemática, passo-a-passo, e de
forma detalhada dos requisitos do consumidor
em características de qualidade do produto,
em tecnologia, em custos e na confiabilidade
com o envolvimento e integração de toda
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Função Qualidade através da utilização de
rotinas técnicas e administrativas formalizadas,
buscando a redução do ciclo de
desenvolvimento de produtos, a qualidade do
conceito do produto e a garantia da qualidade
do produto em todo o desenvolvimento de
produtos.”
Simplificando, o QFD traduz as
exigências do cliente em requisitos técnicos
apropriados para o desenvolvimento de um
produto ou serviço, adequando-as aos
recursos da empresa, garantindo a qualidade
do produto e atendendo as especificações do
projeto.
3.1. A necessidade do QFD na empresa
Toda empresa que se empenha na
implementação da Gestão pela Qualidade
Total, na área de produtos ou serviços pode
usar o QFD que é uma ferramenta essencial
para definir o que fazer, a melhor forma de
fazê-lo, a melhor ordem de execução, o
pessoal e os recursos necessários. O QFD é
desenvolvido na empresa através de um
conjunto de matrizes que segundo Guinta e
Praizler (1993), “ajudam a determinar
exatamente o que o cliente deseja, até que
ponto a concorrência satisfaz o cliente, e onde
existem nichos de mercado ainda não
preenchidos. Além disso, ajudam a definir se a
empresa tem os recursos necessários para
ocupar com sucesso esses nichos de mercado
e quais são os níveis mínimos de qualidade.”
O QFD é extremamente necessário na
empresa quando no estágio de tomada de
decisões pode contribuir para se visualizar
quando é interessante se levar ou não levar
adiante o desenvolvimento de um produto ou
serviço. Além disso, com o QFD a empresa
pode reduzir os custos e o prazo de
desenvolvimento. O QFD é um método que
identifica o maior número possível de falhas de
projeto no início do processo, o que colabora
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para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
para a diminuição dos custos. Segundo
Guinta e Praizler (1993), “80% dos custos
totais são comprometidos durante a fase de
projeto; os 20% restantes ocorrem durante a
fabricação ou implementação (figura 2) “e o
QFD identifica o que é necessário mudar antes
que o projeto esteja definido ou no papel.”
Figura 2. Mudança de paradigmas: QFD vs. metodologias empresariais de uso tradicional.
O QFD introduz a qualidade, tanto no
mudam. A empresa tem que desenvolver
produto como no processo de fabricação,
mecanismos que a permita “ouvir a voz de
através do projeto, evitando que o produto
seus clientes” sempre, reavaliando o nível de
tenha erros e não satisfaça as necessidades do
satisfação,
não
consumidor, ele incorpora a qualidade através
requisitos
inesperados
do projeto.
esperados de amanhã.
se
esquecendo
de
hoje
que
os
são
os
Podemos afirmar com toda certeza que
Integrar o cliente no processo de
satisfazer o cliente é algo que não tem fim, a
desenvolvimento do produto e compreender o
empresa tem que se aperfeiçoar continuamente
que exatamente ele espera do produto reduz o
para atender suas necessidades a medida que o
número de alterações ocorridas durante o
ambiente, as expectativas pessoais e as
processo de desenvolvimento e o tempo de
características
concepção até sua colocação no mercado.
dos
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produtos
e
serviços
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
Segundo Brocka e Brocka (1995), “reduzir o
tempo de desenvolvimento requer ligar a voz
do cliente com a remoção de barreiras,
treinamento,
maior
autonomia
aos
empregados e melhoria contínua.”
3.3. Metodologia de aplicação do QFD
Na literatura pesquisada encontramos
três modelos de QFD: 1) das quatro fases; 2)
do QFD-extendido, e 3) das quatro ênfases.
O QFD é a ferramenta-chave para a
1) Modelo das quatro fases
empresa reduzir o tempo de desenvolvimento
e
integrar
o
desenvolvimento.
cliente
ao
processo
de
Neste modelo o QFD é executado em
quatro fases (figura 3):
Figura 3. Encadeamento das matrizes do QFD das quatro fases ( Kienitz, 1995).
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para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
1. Planejamento do produto: analisa a
voz do consumidor versus
especificações do produto, conhecida
como Casa da Qualidade (figura 4).
Nesta fase o cliente contribui para
definir os requisitos do produto ou
serviço. A matriz de planejamento do
produto (Casa da Qualidade)
Figura 4. Matriz de Planejamento do Produto (Casa da Qualidade)
2. Desdobramento das partes: Analisa
especificações do sistema versus decisões
detalhadas de projeto, conhecida como matriz
de projeto. Nesta fase, são determinados os
detalhes e componentes necessários para a
fabricação do produto ou prestação do
serviço.
3. Planejamento do processo: Analisa
decisões detalhadas de projeto versus decisões
de processo, conhecida como matriz de
engenharia do processo produtivo. Nesta
terceira fase, é desenvolvido uma matriz que
mostra os processos necessários para fabricar
o produto. É a fase da interface, pois atua
entre a fase de projeto e a fase da fabricação.
4. Planejamento da Produção: Analisa as
decisões de processo versus decisões
operacionais, conhecida como matriz do
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planejamento operacional da produção.
Nesta fase desenvolvem-se os requisitos de
fabricação do produto, os métodos de
produção que permitirão à empresa fabricar
um produto de alta qualidade de acordo com
as exigências do consumidor. Atua na
interface entre preparação da produção e
fabricação do produto.
O modelo das quatro fases do QFD
derruba as barreiras funcionais entre os
departamentos da empresa. Segundo Guinta e
Praizler (1993), “todas as decisões são sempre
tomadas a favor do cliente, não a favor do
departamento de engenharia ou de produção.
O ponto de vista do cliente sobrepõe-se às
preferências dos departamentos.”
2) Modelo do QFD-extendido
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
O modelo do QFD-extendido foi
descrito por Clausing e Pugh (1991) e Witter,
Clausing e Andrade (1994), quando
detectaram pontos fracos no modelo das
quatro fases, seriam eles:
1) Determinação de parâmetros de partes,
processos e operações de produção somente
através do conhecimento técnico do
engenheiro, sem aplicação da abordagem
sistêmica e de sistemática pré-determinada; 2)
impossibilidade prática, para produtos
complexos, da determinação de parâmetros de
partes e de subsistemas tendo somente as
especificações do produto como dado de
entrada de projeto, e 3) aplicação do QFD das
quatro fases tão somente para o
desenvolvimento de produtos de conceito
estático. Segundo Clausing e Pugh (1991) e
Witter, Clausing e Andrade (1994), um
conceito estático (produto maduro) seria por
exemplo a engrenagem do diferencial, que é
utilizada conforme seu conceito original desde
sua invenção. Um conceito dinâmico, seria o
projeto do dente da engrenagem, o material
utilizado, os rolamentos. O modelo do QFDextendido, conforme descrito por Clausing e
Pugh (1991), é visualizado na figura 5.
Segundo Clausing e Pugh (1991), “o
modelo do QFD-extendido tem aplicação em
produtos dinâmicos físicos e não-físicos
(hardware e software), diferenciando-se do
modelo das quatro fases por uma visão mais
pragmática do produto detalhado nos
processos e tecnologia utilizados e na
desagregação do desdobramento até o nível de
partes.”
Figura 5. O modelo do QFD-extendido, conforme Clausing e Pugh (1991).
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
agregação (produto completo), até o nível de
3) Modelo das quatro ênfases
Para Aswad (1989), é o modelo das
quatro ênfases que oferece a possibilidade de
trabalho de análise em detalhes. As quatro
menor agregação (partes), passando pelo nível
dos sistemas, que agregam funções.
Akao (1990a), apresenta o lay-out
simplificado mais conhecido para este modelo
ênfases são:
1. desdobramento
da
qualidade;
2.
desdobramento
da
tecnologia;
3.
desdobramento
de
custos,
4.
e
(figura 6).
desdobramento da confiabilidade.
Além das quatro ênfases, este modelo
apresenta, na horizontal, o desdobramento dos
requisitos
conforme
as
quatro
ênfases
mencionadas e, na vertical o desdobramento
no produto. Parte-se do nível de maior
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ZAMBELO, Elisabete. Como as ferramentas de marketing e a metodologia do QFD contribuem para trazer o consumir
para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
Figura 6. Modelo simplificado do QFD das quatro ênfases.
Para Kienitz (1995), “a metodologia
do QFD deve refletir considerações a respeito
de requisitos, tecnologia, confiabilidade e
custo, em cada nível de agregação do produto:
Modelo
a) produto completo; b) sistemas
subsistemas) e função, e c) partes.”
(ou
Resumindo, as recomendações dos autores
quanto a utilização do QFD são apresentadas
na tabela 1.
Utilização
QFD das quatro fases
produtos maduros, físicos e não-físicos (hardware e software,
que inclui serviços), planejamento estratégico industrial e nãoindustrial
QFD-extendido
produtos dinâmicos físicos e não físicos
QFD das quatro ênfases
produtos dinâmicos, físicos mecânicos (hardware)
Tabela 1. Recomendação de utilização dos modelos de QFD apresentados (Kienitz, 1995).
Podemos afirmar que a empresa que
utilizar a metodologia do QFD deve ter
flexibilidade e bom senso para utilizar
qualquer um dos modelos apresentados acima
de acordo com a situação e o tipo de produto.
Não existe uma regra única para a aplicação
da metodologia do QFD, cabe a cada empresa
desenvolver um trabalho criativo de utilização,
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adequação ou otimização de um dos modelos
existentes.
3.4. Benefícios do QFD
Desenvolvendo um produto ou
serviço, segundo Guinta e Praizler (1993), a
qualidade é aquilo que o cliente considera
qualidade. O QFD permite satisfazer a
definição de qualidade do cliente. E ao
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para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
satisfazer esta definição de Qualidade nos
proporciona vários benefícios. O QFD é um
processo direcionado ao consumidor, cria um
forte foco para o consumidor, portanto, traz
benefícios para esse consumidor, assim como
para a empresa que o aplica.
Toledo (1993), condensa esses
benefícios baseado em Eureka (1988), Akao
(1990) e Bossert (1991): 1) Sendo o QFD um
processo orientado para o mercado ele cria um
forte foco de atenção no consumidor,
garantindo a incorporação no produto dos
requisitos considerados mais importantes
pelos consumidores. A orientação para o
mercado passa a estar presente em todas as
etapas do ciclo de desenvolvimento de
fabricação e de aperfeiçoamento do produto.
2) Reduz o tempo de desenvolvimento e de
implementação de novos produtos uma vez
que as atividades do ciclo de desenvolvimento
(concepção, projeto do produto, projeto do
processo, fabricação e serviços pós-venda)
ocorrem de forma conjunta e superposta e não
de forma sequencial como tradicionalmente se
faz. 3) Reduz os custos de manufatura uma
vez que assegura-se a manufaturabilidade
desde a concepção do produto. 4) Melhora as
qualidades de projeto e de conformação do
produto. 5) Promove o trabalho em equipe e a
prática de decisões baseadas no consenso. 6)
Promove uma visão global da empresa e dos
negócios. O preenchimento da Casa da
Qualidade permite aos membros da equipe de
desenvolvimento entenderem as relações entre
as diversas áreas funcionais da empresa bem
como o desempenho em qualidade junto ao
mercado e relativamente à concorrência. 7)
Facilita a comunicação e as interfaces durante
o desenvolvimento do produto (Engenharia
Simultânea). 8) Permite estruturar e acumular
as experiências e informações tecnológicas da
empresa em formato conciso.
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4. CONCLUSÃO
As empresas que desejam estabelecer
uma relação próxima com o seu consumidor
traduzindo seus desejos e necessidades para o
projeto do produto, podem utilizar como
estratégia um processo orientado para o
mercado tendo o consumidor como foco de
sua atenção e então encantá-lo tornando-o um
parceiro que contribui com informações
importantes
para
o
lançamento
e
aperfeiçoamento de produtos, além de manter
sua fidelidade à marca. Para alcançar isto as
empresas podem encantar o consumidor
através das ferramentas de marketing que
colaboram para as empresas se mostrarem
cada vez mais transparentes ao consumidor,
ou seja, o consumidor conhece a empresa e
portanto, confia no que ela produz e oferece
ao mercado.
O QFD por sua vez, pode auxiliar as
empresas a conhecerem melhor as diferenças
entre o que o seu produto oferece e o que o
consumidor quer, através da coordenação das
ações de controle e melhoria da qualidade,
integrando-as com o mercado. O QFD leva a
voz do consumidor para a fábrica, ou seja, os
desejos e necessidades do consumidor são
traduzidos de forma que se adequam aos
processos de fabricação de acordo com os
recursos disponíveis da empresa.
O QFD e as ferramentas de Marketing
conseguem desenvolver um relacionamento
com consumidores-alvo (“focus-groups”) que
incluídos no processo de desenvolvimento de
produtos se interessam pelos resultados. E ao
compararem esse produto com o do
concorrente podem fazer uma opção mais
certa e racional.
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para dentro da empresa integrando-o ao processo de desenvolvimento de produtos.
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