Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 CPMARK Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP MODELOS FINANCEIROS PARA DECISÃO DE INVESTIMENTOS NA GESTÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING ! Carlos Eduardo Francischetti Faculdades Integradas Eistein de Limeira (FIEL) e UNIP Ronie Galeano Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Eduardo Vieira do Prado Instituto de Ensino São Francisco (IESF) André Luis Bertassi Universidade Federal de São João del-Rei ! RESUMO Com base na necessidade de se obter um modelo de gestão adequado para a tomada de decisões na gestão estratégica de marketing com o objetivo de obter vantagem competitiva, apresentamos as principais ferramentas de análise, suas limitações e evolução para a decisão financeira de investimentos econômicos e financeiros. Esta envolve, em linhas gerais, um planejamento de investimento e as expectativas do retorno financeiro de qualquer empreendimento nos períodos desejados. Assim, a decisão de investimento incorpora a variável tempo. Investe-se hoje para recuperar o valor investido, com rendimentos adicionais no futuro e assim, melhorar a maneira de gerenciar os negócios, de maneira a aumentar a lucratividade e a competitividade no mundo dos negócios. Como metodologia, será utilizada uma pesquisa exploratória com a aplicação de exemplos práticos, onde se pretende apontar possíveis maneiras e procedimentos que poderão ser seguidos e avaliados para a construção de um modelo de gestão estratégico eficiente para a tomada de decisões. ! Palavras-chave: 1. Valor do dinheiro no tempo; 2. taxa interna de retorno; 3. valor presente líquido; 4. opções reais; 5. payback; 6. competividade. ! ! ABSTRACT Based on the need to reach a model of satisfactory management for decision taken in the marketing strategic management aiming at accomplishing competitive advantage, we present the main analysis tool, their limitations and evolution to financial and economic decision regarding investments. This involves, in general perspective, an investment planning and the financial return expectations of any enterprise in the desired periods. CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 23 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Thus, the investment decision incorporates the time variant. The goal is to invest today to recover the invested capital, which must be updated with further returns improving the way to manage the business by increasing the profitability and the competiveness in the business world. As methodology, it will be used exploratory research with the application of practical examples, where we wish to point out ways and procedures that can be followed and evaluated to build a model of efficient strategic management to decision taken process. ! Keys-Word: 1. Time value of money; 2. Internal rate of return; 3. Net present value; 4. Real options; 5. payback; 6.competitiveness. ! 1 INTRODUÇÃO As empresas precisam encontrar a melhor maneira de conduzir seus negócios, de forma a obter lucratividade suficiente para atuar competitivamente no mercado. A elaboração de um diagnóstico empresarial contribui para a obtenção de informações para a tomada de decisão. As organizações frente às mudanças do mercado que se tornou mais competitivo devido a diversos fatores e entre eles, a globalização que trouxe profundas transformações no mundo dos negócios, contribuiu para que elas se preocupassem com o próprio desempenho. Segundo Perez e Famá (2003), os avanços da tecnologia da informação e a globalização estão acirrando a competição das empresas, fazendo com que tenham que se diferenciar dos concorrentes. No Brasil, a partir de 1990, essas transformações nas relações econômicas mundiais começaram a afetar a economia brasileira, e a competitividade ganhou status de garantidora da existência das empresas no escopo competitivo. Diante desse cenário, as empresas passaram a gerir suas competências, adequando seus recursos para geração e manutenção de vantagem competitiva, administrando a evolução de sua participação no setor onde atuam independente se em níveis mundiais ou locais (BENITES et. VALÉRIO, 2004). A competitividade é um dos princípios da economia liberal que teve como principais precursores David Ricardo e Adam Smith. O CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP primeiro aborda a competitividade através da análise das vantagens comparativas, que se baseia no estabelecimento de um processo de intercâmbio, onde os envolvidos nas transações são mutuamente beneficiados nas relações. O segundo defende a ideia básica da concorrência que, com a existência de uma competição entre as empresas, os atores envolvidos automaticamente estariam contribuindo para o progresso geral da sociedade (RICARDO; SMITH, 1985). Apresentamos uma pesquisa exploratória com a aplicação de exemplos práticos, onde se pretende apontar possíveis maneiras e procedimentos que poderão ser seguidos e avaliados para a construção de um modelo de gestão para tomada de decisões na gestão estratégica das organizações, abordando algumas das principais ferramentas de critérios de avaliação de investimentos, como o payback, a taxa mínima de atratividade, o valor presente líquido, a taxa interna de retorno e as opções reais. ! 2 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA A administração estratégica é um processo contínuo e circular voltado para a manutenção da organização como um todo integrado de maneira adequada ao seu ambiente. Este processo envolve análise de ambiente, estabelecimento de diretrizes organizacionais, formulação da estratégia, implementação da estratégia e controle estratégico. 24 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Também é importante que as principais funções do negócio dentro de uma organização – marketing, operações e finanças – estejam integradas com o processo de administração estratégica (CERTO et. al, 2010). Para Barney e Hesterly (2011), a estratégia de uma empresa é quando esta consegue por meio de boas estratégias alcançar e obter vantagens competitivas. Para os autores o processo de administração estratégica é composto por: ! Figura 1. O Processo de Administração Estratégica ! ! Fonte: Barney e Hesterly, 2011, p. 04. ! Segundo Porter (1989), a estratégia competitiva ocorre quando a empresa busca uma posiçao competitiva que seja favorável, e esta vantagem torna-se uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria. a v a n t a g e m c o m p e t i t i v a s u rg e fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão dispostos a pagar, e o valor superior provém da oferta de preços mais baixos do que os da concorrência por benefícios equivalentes ou do fornecimento de benefícios singulares que mais do que compensam um preço mais alto (PORTER, 1989, p. 2). ! ela precisa fazer melhor que os seus concorrentes. Vantagens competitivas são importantes, pois, definem o tom, ou o foco estratégico, de todo o programa de marketing. Barney e Hesterly (2011), afirmam que uma empresa possui vantagem competitiva quando esta consegue gerar, ou seja, consegue através das estratégias gerar maior valor econômico do que seus concorrentes. Para os autores o valor econômico é a diferença entre os benefícios percebidos que um cliente obtem na compra de produtos e serviços e o custo econômico desses produtos ou serviços, ou seja, para os autores a vantagem competitiva de uma empresa é a diferença entre o valor econômico que ela consegue criar em relação aos seus concorrentes no mercado em que atua. Para Ferrel e Hartline (2009), para que uma empresa obtenha vantagem competitiva ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 25 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Figura 2. Vantgem Competitiva e Modelos Econômicos ! Vantagem competitiva Modelos econômicos Concorrência imperfeita Concorrência perfeita CTMe CM P CTMe CM D P d RM Q Q (D = RM = Preço) ! Fonte: Adaptado de Barney e Hesterly 2011. ! Desta forma os autores afirmam que a empresa terá vantagem competitiva quando tiver preços maiores e/ou custos menores em relação a seus concorrentes, o que só ocorre na concorrência imperfeita conforme apresentado no exemplo acima. As vantagens competitivas de acordo com Barney e Hesterly (2011) são consideradas importantes para que a organização tenha um parâmetro para a tomada de decisões. As vantagens competitivas temporárias são as que duram pouco, as sustentáveis duram muito e a paridade competitiva que segundo eles cria o mesmo valor econômico que suas concorrentes. Citam também as desvantagens competitivas, ou seja, a desvantagem competitiva temporária quando duram pouco e as desvantagens competitivas sustentáveis quando duram muito. No mesmo raciocíno em relação as estratégias competitivas, os autores citam as medidas financeiras que ajudam a calcular a vanatagem comeptitiva. Para eles realizar comparações atavés de determinados indices com a média do setor pode mostrar a posição competitiva de uma empresa em relação ao mercado em que atua. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 26 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Quadro 1: Índices comuns para medir o desempenho financeiro de uma empresa INDICE CALCULO INTERPRETAÇÃO Retorno do ativo total (ROA) Lucro líquido após o IR / Ativo total Uma medida de retorno sobre o investimento total de uma empresa. Quanto maior, normalmente melhor. Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) Lucro líquido após o IR / Patrimônio líquido Uma medida de retorno sobre o investimento total do acionista em uma empresa. Quanto maior, normalmente melhor. Margem de lucro bruto (vendas – custo dos produtos vendidos) / Vendas Uma medida de vendas disponíveis para cobrir despesas operacionais e ainda gerar lucro. Quanto maior, normalmente melhor. Lucro por ação (LPA) Lucro disponível aos acionistas ordinários / Número de ações ordinárias Uma medida do lucro disponível para acionistas ordinários. Quanto maior, normalmente melhor. Índice de preço/ lucro (P/L) Preço de mercado da ação ordinária / Lucro por ação Uma medida de previsão de desempenho. Um P/L alto tende a indicar que o mercado de ações prevê um forte desempenho futuro. Quanto maior, normalmente melhor. Fluxo de caixa por ação Lucros após imposto de renda + depreciação / Números de ações ordinárias Uma medida dos recursos disponíveis para custear atividades acima do nível de custos atual. Quanto maior, normalmente melhor. Índice de liquidez corrente Ativo circulante / Passivo circulante Uma medida da capacidade de uma empresa de saldar suas dívidas de curto prazo com ativos que podem ser convertidos em capital no curto prazo. Recomenda-se um intervalo entre 2 e 3. Índice de liquidez seca (Ativo circulante – estoques) / Passivo circulante Uma medida da capacidade de uma empresa de saldar suas dívidas de curto prazo sem se desfazer de seus estoques atuais. Uma proporção de 1 é considerada aceitável pela maioria dos setores. Índice de endividamento total Exigível total / Ativo total Uma medida do quanto das atividades de uma empresa foi financiado com endividamento. Quanto maior, mior o risco de insolvência. Índice de endividamento sobre patrimônio líquido Exigível total / Patrimônio líquido Uma medida do endividamento proporcionalmente ao patrimônio líquido para financiar as atividades de uma empresa. Geralmente, menos que 1. Índice de cobertura de juros Custo dos produtos vendidos / Estoque CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP Uma medida da velocidade com que o estoque de uma empresa gira. 27 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 INDICE CALCULO INTERPRETAÇÃO Giro total do contas a receber Giro total do contas a receber Uma medida do tempo médio que uma empresa leva para realizar seu crédito de vendas. Prazo médio de recebimento Contas a receber / Vendas médias diárias Uma medida do tempo necessário para uma empresa receber seus pagamentos após a realização de uma venda. Fonte: Adaptado de Barney e Hesterly, 2011. ! ! ! 3 ESTRATÉGIA DE MARKETING As estratégicas de marketing são essenciais para alcançar os objetivos organizacionais de forma planejada e consequentemente gerar uma vantagem competitiva sustentável. Ferrell e Hartline (2009), afirmam que o poder está nas mãos dos consumidores, e isso se deve ao crescimento da internet que transferiu o poder dos fornecedores para os consumidores. Kotler et al (2010) chama esta mudança de novo marketing ou marketing horizontal e não mais vertical. Novas tecnologias e redes sociais deram mais poder aos consumidores. Para Ferrell e Hartline (2009), uma organização que tenha o marketing como base para seu negócio necessita de um planejamento estratégico em todos os níveis da organização. Os planejadores de marketing se preocupam com questões macros, como por exemplo a missão da organização e a aquisição e alocação de recursos. Nos níveis intermediários com o seu produto e ou mercado específico, nos níveis inferiores o foco é mais a nível tático, ou seja, desenvolver o plano de marketing. Os autores citam também as principais atividades e decisões de marketing para que a empresa busque os melhores resultados no mercado no qual está competindo. A primeira atividade é a segmentação de mercado e marketing direcionado, as decisões de produto considerado um dos mais improtantes, decisões de preço, considera-se aqui a sua CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP importância, pois, é o único elemento do composto de marketing que resulta em receita e lucro. Para Beulke e Bertó (2009), três importantes características influenciam a estratégia de preços: características do consumidor – a natureza do mercado-alvo e as suas reações diante de um preço, ou da variação deste, são as principais características da estratégia de preços, características da concorrência – a natureza dos concorrentes – quantidade, tamanho, estrutura de custos e reações históricas a mudanças nos preços – influencia a estratégia competitiva e características da organização – tanto os o b j e t i v o s d a o rg a n i z a ç ã o q u a n t o a s características do produto influenciam o preço. As decisões de distribuição e cadeia de suprimentos, a sua importância é essencial, pois, é responssável em gerenciar de melhor forma possível para que o produto chegue ao lugar certo, na hora certa, nas quantidades certas, ao menor custo possível e as decisões de promoção que no marketing moderno é a comunicação integrada de marketing (CIM), com o objetivo de informar, persuadir e lembrar os consumidores. O marketing vem cada vez mais criando estratégias diferenciadas e buscando relacionamentos com os clientes e também incluir os colaboradores e os principais parceiros da cadeia de suprimentos. Ferrell e Hartline (2009), demonstram as principais mudanças do marketing transacional e de relacionamento. 28 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Quadro 2: Principais características do marketing transacional e de relacionamento MARKETING TRANSACIONAL MARKETING DE RELACIONAMENTO Foco do marketing Aquisição do cliente Retenção do cliente Orientação de tempo Curto prazo Longo prazo Meta de marketing Fazer a venda Satisfação mútua Foco do relacionamento Criar intercâmbios Criar valor Prioridade de serviço ao cliente Baixa Alta Contato com o cliente Baixo a moderado Frequente Compromisso com clientes Baixo Alto Características da interação Antagônica, manipulação, resolução de conflitos Cooperação, confiança, respeito mútuo Fonte de vantagem competitiva Produção, marketing Compromisso de relacionamento Fonte: Ferrell e Hartline 2009, p. 22. ! ! Para Beulke e Bertó (2009), é a essência do marketing a busca permanente do melhor ajustamento entre duas grandes forças no mercado, segundo o autor é alguém que pretende ofertar algo e alguém que pretende demandar algo. Diversos tipos de análise financeira são úteis para a tomada de decisões na administração estratégica, uma vez que analisar fatos para identificar oportunidades e riscos, a fim de avaliar condições e decisões administrativas para preparar uma análise de situação com as principais estratégias a serem implementadas, são essenciais para os gestores de qualquer organização atualmente. ! 4 INVESTIMENTOS Investimento é a aplicação de recursos em determinados empreendimentos ou projetos, que renderão juros ou lucros ao longo do tempo. Essa aplicação pode ser tanto à compra de máquinas, equipamentos e imóveis para a instalação de unidades CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP produtivas, como também à realização de aplicações financeiras no mercado financeiro. Um projeto de investimento é uma aplicação de recursos que geram rendimentos durante certo período de tempo, de forma a maximizar o lucro da empresa. É um negócio para a empresa, a qual decide pela sua implementação ou não com base nas alternativas dos seus resultados esperados e projetados ao longo do tempo. Um investimento é feito no pressuposto de gerar um resultado que supere o valor investido, para compensar o risco de trocar um valor presente certo por um valor futuro com risco em sua recuperação. Esse resultado excedente é a rentabilidade do investimento e é o prêmio por investir. Esse prêmio é o conceito que fundamenta a existência dos juros como pagamento pelo serviço prestado ao investidor pelo ato de emprestar dinheiro para um terceiro (PADOVEZE, 2005, p.106). ! ! 29 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 ! 5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS A complexidade das relações econômicas atualmente existente no mercado torna a atuação das empresas, independente de seu tamanho e segmento de atuação, igualmente complexa, transformando o correto entendimento das relações financeiras em uma vantagem competitiva extremamente importante. O principal objetivo de qualquer empresa, independente de sua forma de constituição, é ter o seu valor maximizado por meio da atividade de produção de bens ou prestação de serviços para venda no mercado. A empresa pode administrar e tornar viável seus investimentos, por meio do processo de alavancagem e criar capacidade de utilizar ativos ou recursos a um custo fixo de forma a maximizar o retorno de seus proprietários. Existe uma relação direta entre risco e rentabilidade, onde quanto maior o risco, maior o retorno e vice versa. Quanto maior o processo de alavancagem, maior o risco e o retorno envolvidos e quanto menor o processo de alavancagem, menor risco e menor retorno envolvidos. Podemos destacar dois tipos de alavancagem: alavancagem operacional e alavancagem financeira. Tabela 1. Payback de uma anuidade INVESTIMENTO INICIAL: R$ 500,00 ANO FLUXO DE CAIXA 300,00 3 300,00 900,00 O período de Payback desse investimento é calculado da seguinte maneira: ! Payback - 500 / 300 = 1,6667 anos ou 1 ano e 8 meses (0,6667 x 12) ! Com base nos resultados, determinamos que esse investimento irá se auto-pagar ou retornar em um ano e oito meses. Tabela 2. Payback de uma série mista INVESTIMENTO INICIAL: R$ 500,00 ANO FLUXO DE CAIXA ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 2 Fonte: Elaborado pelos autores. 6 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS ! ! ! ! ! 300,00 TOTAL ! 6.1 PERÍODO DE PAYBACK Trata-se do tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial em um projeto, calculado com suas entradas de caixa. Com base no Payback, um investimento é aceito se seu período calculado for menor do que algum número predeterminado de anos. 1 1 100,00 2 200,00 3 600,00 TOTAL 900,00 Fonte: Elaborado pelos autores. O período de Payback de uma série mista deve ser feito através da diferença de valor sobre o total do investimento inicial. Como o fluxo de caixa dos dois primeiros anos é de R$ 300,00 (100,00 + 200,00), precisamos recuperar R$ 200,00 no terceiro ano. Como o fluxo de caixa do terceiro ano é de R$ 600,00, basta: ! 30 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Payback = 200,00 / 600,00 = 0,3333. Então, no valor total do Payback será: Payback = 2 + 0,3333 = 2,3333 anos, ou 2 anos e 4 meses (0,3333 x 12). ! Nesse caso, o investimento irá se auto-pagar ou recuperar o valor investido em dois anos e quatro meses. Para levar explicitamente em conta as diferenças em termos de datas de ocorrência de fluxos de caixa no uso do método do payback, às vezes, adota-se o período de payback descontado, calculando o valor presente das entradas de caixa à taxa de desconto apropriada e a seguir determinando o período do payback com o valor presente das entradas (GITMAN, 2005, p. 340). Tabela 3. Payback descontado ANO FLUXO FUTURO (A) INDICE TAXA DESC. (B) VALOR ATUAL INVESTIMENTO INICIAL - R$ FUTURO (C = A/B) 1.000.000,00 - SALDO A RECUPERAR 1 500.000,00 1,1200 446.428,57 553.571,43 2 500.000,00 1,2544 398.596,94 154.974,49 3 500.000,00 1,4049 355.890,12 - Fonte: Elaborado pelos autores. ! No caso do payback sem a atualização da taxa de desconto de 12% ao ano, o payback é de 2 anos (500.000,00 + 500.000,00 = 1.000.000,00). Já efetuando a atualização do fluxo de caixa para o seu valor atual, encontraremos um payback de 2,4355 anos, ou seja: ! Payback = 154.974,49 / 355.890,12 = 0,4355 mais os 2 anos anteriores 2,4355 ! Desta forma temos um payback médio de 2,4355 anos ou de 2 anos, 5 meses e 6 dias. ! 6.2 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE – TMA A taxa mínima de atratividade (TMA) é aquela em que o investidor determina o quanto deseja ganhar ou poderá ganhar. É a taxa de desconto (custo de capital) que a TIR (Taxa Interna de Retorno) deve superar para que um projeto seja aceito (BRIGHAM et HOUSTON, 1999, p. 386). Para o cálculo do valor presente das entradas e saídas de caixa é utilizada a TMA como taxa de desconto. Se a TMA for igual à taxa de retorno esperada pelo investidor, e o VPL > 0, significa que a sua expectativa de retorno foi superada e que os investidores estarão esperando um lucro adicional a qualquer investimento que tenha valor presente igual ao VPL (Valor Presente Líquido). Como exemplo, vamos considerar uma determinada organização que deve decidir se vai introduzir uma nova linha de produto. ! ! ! ! ! ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 31 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ! Tabela 4. Taxa mínima de atratividade. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Fonte: autores ISSN: 2317-6466 Elaborado pelos ! VPL = 143.899,26 - 125.000,00 VPL = 18.899,26 ! O produto novo, conforme pode-se verificar na tabela 4, terá custos de introdução, custos operacionais, e entradas de caixa durante seis anos. A soma de todos os valores presentes menos o investimento inicial será o VPL (Valor Presente Líquido), o qual é igual a R$ 18.899,26. Como o VPL (Valor Presente Líquido) é maior que zero, então esse projeto deve ser aceito, pois irá oferecer uma taxa de rentabilidade maior que a TMA de 12%. ! 6.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) É a diferença entre o valor de mercado de um investimento e o seu custo. Um investimento vale a pena quando cria valor para seus proprietários. O valor presente líquido (VPL) significa descontar o valor dos fluxos futuros, a uma determinada taxa de juros, de tal modo que esse fluxo se apresente a valores de hoje, ou ao valor atual. O valor atual dos fluxos futuros, confrontado com o valor atual do investimento a ser feito, indica a decisão a ser tomada. Um investimento deverá ser aceito se seu valor presente líquido for positivo, e rejeitado se for negativo. O critério de valor presente líquido é o modelo clássico para a decisão de investimentos e compreende as seguintes variáveis (PADOVEZE, 2005, p. 107): a) o valor do investimento; b) o valor dos fluxos futuros de benefícios (de caixa, de lucro, de dividendos, de juros); c) a quantidade de períodos em que haverá os fluxos futuros; d) a taxa de juros desejada pelo investidor. ! ! ! ! ! ! ! Tabela 5. Valor presente líquido CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 32 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! F o n t e : autores. ISSN: 2317-6466 Elaborado pelos ! O valor presente líquido (VPL) desse investimento é de: VPL = VP total – Investimento Inicial VPL = 12.380,30 – 9.000,00 = R$ 3.380,30 Já que o VPL é positivo, esse projeto é recomendado. ! Vantagens a) uso dos fluxos de caixa; b) reconhece o valor do dinheiro no tempo. Quanto maior o tempo, maior o desconto, se os fluxos de caixa de um projeto são de 10%, com um risco médio, um outro com um maior grau de risco terá uma taxa superior a 10%. c) Aceita somente projetos com VPL (Valor Presente Líquido) positivos, isso contribui com o aumento do valor da empresa. ! 6.4 CARACTERÍSTICAS O método supõe que a administração seja capaz de fazer previsões detalhadas dos fluxos de caixa dos anos futuros. Na realidade, entretanto, quanto maior o período, mais difícil a estimativa dos fluxos de caixa futuros. Os fluxos de caixa futuros são influenciados pelas vendas futuras, pelos custos da mão-de-obra, dos materiais e dos custos indiretos de fabricação, pelas taxas de juro, pelos gostos dos consumidores, pelas políticas do governo, pelas mudanças demográficas etc. A superestimação ou subestimação dos fluxos de caixa futuros podem levar à aceitação de um projeto que deveria ser rejeitado, ou rejeição de um projeto que deveria ser aceito. Além do mais, o método do VPL (Valor Presente Líquido) supõe que a taxa de desconto seja a mesma durante toda a duração do projeto (GROPPELLI et NIKBAKHT, 2005, p. 138). ! 6.5 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) É uma taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos de caixa futuros ao investimento inicial. Ou seja, a TIR (Taxa Interna de Retorno) é uma taxa de desconto que toma o VPL (Valor Presente Líquido) igual a zero. Se a TIR (Taxa Interna de Retorno) for maior que o custo de capital, deve-se aceitar o projeto, já se a TIR (Taxa Interna de Retorno) for menor que o custo de capital, deve-se rejeitar o projeto. ! ! ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 33 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Tabela 6. Taxa interna de retorno ! ! ! ! ! ! ! ! ! Fonte: Elaborado pelos autores. ! 6.6 TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA (TIRM) Quando os projetos são mutuamente exclusivos, a classificação permite à empresa determinar qual deles é melhor do ponto de vista financeiro. Quando há necessidade de racionamento de capital, a classificação de projetos constitui um ponto de partida lógico para determinar qual é o grupo de projetos que deve ser aceito. O VPL (Valor Presente Líquido) e a TIR (Taxa Intera de Retorno) resultam de diferenças quanto à magnitude e à distribuição de fluxos de caixa no tempo (GITMAN, 2005, p. 348). A causa básica desse conflito está associada na hipótese quanto ao reinvestimento de entradas de caixa intermediárias. No VPL (Valor Presente Líquido), as entradas de caixa recebidas antes do término de um projeto, entradas intermediárias, são reaplicadas ao custo de capital. Já na TIR (Taxa Interna de Retorno), as entradas intermediárias são aplicadas a uma taxa igual a TIR (Taxa Interna de Retorno) do projeto. Para eliminar a hipótese da taxa de reinvestimento da TIR (Taxa Interna de Retorno), alguns analistas financeiros calculam a taxa interna de retorno modificada (TIRM). A TIRM (Taxa Interna de Retorno Modificada) é obtida convertendo cada entrada operacional de caixa em seu valor futuro, medido no final da duração do projeto, e depois somando os valores futuros de todas as entradas para obter o valor terminal do projeto. Cada valor futuro é calculado usando o custo de capital, o que elimina a critica quanto à taxa de reinvestimento. A TIRM (Taxa Interna de Retorno Modificada) representa a taxa de desconto que faz com que o valor terminal seja igual ao investimento inicial. Como usa o custo de capital como taxa de reinvestimento, geralmente é vista como uma medida melhor de rentabilidade verdadeira de um projeto do que a TIR (GITMAN, 2005. p. 348). ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP 34 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) ISSN: 2317-6466 Tabela 7. Taxa interna de retorno modificada Fonte: Elaborado pelos autores. ! Com base no exemplo, se o reinvestimento não ocorrer à mesma taxa da TIR (Taxa Interna de Retorno) calculada (15%), teremos um valor futuro diferente do esperado e conseqüentemente uma TIR (Taxa Interna de Retorno) abaixo daquela calculada (13,5%) em outras palavras, o reinvestimento a uma taxa aquém da TIR (Taxa Interna de Retorno), resultaria em uma TIR (Taxa Interna de Retorno) inferior á calculada. ! 7 PORQUE O VALOR ATUAL OU VALOR PRESENTE É ADEQUADO PARA DECISÕES DE INVESTIMENTO O VPL (Valor Presente Líquido) ou valor atual indica claramente o valor monetário esperado da riqueza a ser criada por um projeto proposto. Na prática, porém, a TIR (Taxa Interna de Retorno) é preferida porque é intuitivamente mais atraente. Independentemente da escolha, a aplicação do VPL (Valor Presente Líquido) e da TIR (Taxa Interna de Retorno) a boas estimativas de fluxos de caixa relevantes deve permitir ao administrador financeiro recomendar projetos CPMark - Caderno Profissional de Marketing - UNIMEP compatíveis com o objetivo da maximização dos lucros da empresa. ! 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta maneira, não há como não enfatizar a importância desses critérios de avaliação de investimentos, pois uma boa gestão estratégica deve sempre analisar e ponderar as mais variadas situações, para obter resultados o mais confiáveis possível e bem próximos da realidade. Os cálculos de viabilidade de investimentos para os modelos de análises financeiras, como o payback, a taxa interna de retorno, o valor presente líquido, e as opções reais, necessitam estar de acordo com o valor do dinheiro no tempo, ou seja, seus valores precisam ser ajustados a valor presente ou futuro, dependendo das necessidades de investimentos. Dependendo do caso, podemos maximizar ou até mesmo minimizar os retornos esperados, podendo obter um retorno acima da nossa taxa mínima de atratividade ou até mesmo abaixo desta, demonstrando um mau investimento. 35 Novembro / Dezembro v.1, n.2 (2013) Sendo assim, a abordagem a esses modelos deve ser sempre que possível atualizada e revisada, pois somente assim poderemos obter resultados bem próximos da realidade operacional de cada investimento. Os gestores de hoje, estão envolvidos com o desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais que tem por objetivo o crescimento da empresa e a melhoria de sua posição no mercado. As empresas podem prosperar e obter sucesso, com base na aplicação de processos operacionais eficientes, mas se não utilizar de ferramentas financeiras em conjunto com as alterações e mudanças dos acontecimentos econômicos, políticos e sociais do mercado e da nossa sociedade, estará contribuindo para que sua gestão resulte em dificuldades cada vez maiores para se manter com uma competitividade compatível com a sua estrutura patrimonial. ! 9 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Pearson, 2011. BENITES, Anderson Teixeira et. VALÉRIO, Luciano Mendes. Competitividade – Uma abordagem do Ponto de Vista Teórico. Campo Grande: UFMS, IV JCEA, 2004. BEULKE, Rolando e BERTÓ, Dalvio J. Precificação: sinergia do marketing+finanças. São Paulo: Saraiva, 2009. BRIGHAM, Eugene F. et HOUSTON, J o e l F. F u n d a m e n t o s d a M o d e r n a Administração Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CERTO, Samuel C., PETER, J. 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