SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE QUADROS E TABELAS 1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 2 I- SEDATIVOS-HIPNÓTICOS ................................................................................. 8 II- OS ANTIEPILÉTICOS ..................................................................................... 12 III- SEDATIVOS ANSIOLITICOS ........................................................................... 13 IV- ANTIPSICÓTICOS ........................................................................................ 13 V- OS ANTIDEPRESSIVOS ................................................................................. 15 VI - USO DOS PSICOTROPICOS.......................................................................... 18 VII - MECANISMO DE AÇÃO ............................................................................... 19 VIII- REAÇÕES ADVERSAS ............................................................................... 21 2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA ............................................................... 23 3.OBJETIVOS.................................................................................................. 24 3.1 GERAL ...................................................................................................... 24 3.2 ESPECIFICOS: ........................................................................................... 24 4.METODOLOGIA ........................................................................................... 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 26 6- CONCLUSÃO .............................................................................................. 31 7- CONSIDERACOES FINAIS......................................................................... 32 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 33 1.INTRODUÇÃO Era muito comum em outras épocas, agregar todos psicofármacos sob o rótulo de “calmantes” e afirmar, sem muito receio de errar, que calmantes viciam ou dopam, fazem mal, enfim, podia-se dizer que os calmantes não eram bons. Evidentemente, naquela época, existiam apenas alguns barbitúricos e namoravam-se, acanhadamente, os recém nascidos fenotiazínicos. Atualmente, entretanto, a situação é muito mais complexa, e os tais calmantes representam um grupo de mais de uma centena de substâncias psicotrópicas com ações bastante diversas e específicas. Hoje, afirmação, pretensamente messiânica e seguramente demagógica de que os “calmantes fazem mal”, certamente é dita por alguém completamente alheio à área psiquiátrica ou, se for da área, completamente desatualizado. Não existem mais calmantes e, sobre fazer mal, até a água em excesso pode ser prejudicial (Ballone, 2002). Os medicamentos psicotrópicos (psique= mente, topos= alteração), são medicamentos que tem atuação no Sistema Nervoso Central, modificando o seu funcionamento e, portanto, influenciando no cotidiano e nas vidas de todos aqueles que fazem o uso destes medicamentos. Tais drogas têm valor terapêutico inestimável porque podem produzir efeitos fisiológicos específicos, podendo, por exemplo, aliviar seletivamente a dor ou febre, bem como suprimir distúrbios do movimento ou evitar convulsões. Além disto, podem também induzir os usuários ao sono ou ao despertar, reduzir a vontade de comer ou apaziguar a tendência de vomitar. Podem também ser utilizados para tratar ansiedade, manias, depressão ou esquizofrenia, sem alterar a consciência (Goodman & Gilman, 1996, Cap. 18, p. 399 - 430). Segundo a Organização Mundial de Saúde os medicamentos psicotropicos são classificados em: ansiolíticos e sedativos; antipsicóticos (neurolépticos); antidepressivos; estimulantes psicomotores; psicomiméticos e potencializadores da cognição. Destas categorias, três apresentam grande 2 importância quando se fala em controle de vendas em estabelecimento farmacêutico: os ansiolíticos (benzodiazepínicos), os antidepressivos e os estimulantes psicomotores (Rang, Dale, Ritter, 2001, Cap. 33, p. 514-20). Os benzodiazepínicos estão entre os medicamentos mais usados no mundo todo, havendo estimativas de que entre 1 e 3% de toda a população ocidental já os tenha consumido regularmente por mais de um ano (Rosenfeld et al 2000) . Em 2001, no mundo todo foram consumidas 26,74 bilhões de doses diárias e 6,96 milhões de doses como hipnóticos (CEBRID, 2003b). A prevalência do consumo destes fármacos é elevada no Brasil. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP, 2002) um em cada dez adultos recebe prescrição de benzodiazepínico, quase sempre feita por clínico geral. Em relação aos antidepressivos, os inibidores de captação de serotonina têm sido mais freqüentemente utilizados, por serem mais seguros e mais bem tolerados. A fluoxetina é atualmente o medicamento antidepressivo mais prescrito no Brasil e no mundo, havendo indícios de que possa atuar na promoção de perda de peso durante vários meses após o início da terapia. Esta característica poderia ser um dos fatores propulsores deste consumo elevado. (Rang, Dale, Ritter, 2001). O consumo de estimulantes psicomotores, constituídos pela anfetamina e seus derivados, encontra-se, atualmente, entre os mais importantes problemas de saúde, uma vez que entre eles se encontram a metanfetamina (Ice® ou Pervitin®) e a metilenodioximentanfetamina/MDMA (Exctasy®). Os estimulantes exercem acentuado efeito sobre a função mental e o comportamento, produzindo excitação e euforia, sensação diminuída de fadiga, aumento na atividade motora, dilatação na pupila, aumento do número de batimentos cardíacos e da pressão arterial (Santos, 2004). O elevado consumo desta classe terapêutica é relevante, considerando-se os graves efeitos colaterais que ela pode ocasionar, assim como o seu vínculo com importantes problemas sociais, tais como a violência e 3 acidentes de carro. O seu uso continuado e em doses excessivas poderia levar, ainda, à degeneração de células cerebrais, incorrendo em lesões irreversíveis (UNESP, 2003). Os psicofármacos são medicamentos necessários e seguros, mas podem causar dependência física e/ou psíquica. Segundo Paulo e Zanini (1997), a dependência psíquica favorece o desenvolvimento da procura compulsiva do fármaco, surgindo o vício, o que leva à distorção dos valores pessoais e sociais do indivíduo, prejudicando o seu comportamento social. No Brasil, a legislação que aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial é a Portaria n.º 344/98 - SVS/MS, de 12 de maio de 1998 (CFF, 1999/2000), a qual define as seguintes listas de substâncias: A1 e A2 (entorpecentes), A3, B1 e B2 (psicotrópicas), C1 (outras substâncias sujeitas a controle especial), C2 (retinóicas para uso sistêmico) e C3 (imunossupressoras). A portaria legisla sobre vários parâmetros para a prescrição e venda destes produtos, e determina, por exemplo: quanto à notificação de receita dos medicamentos A1, A2, A3, B1 e B2, este é o documento que acompanhado de receita (figura1) autoriza a dispensação de medicamentos componentes das listas e que a mesma deverá estar preenchida de forma legível e a farmácia ou drogaria somente poderá aviar ou dispensar quando todos os itens da receita e da respectiva Notificação de Receita estiverem devidamente preenchidos (CFF, 1999). 4 Exemplo dos modelos das receitas de controle especial. "A2" e "A3“. Figura 1-Receita amarela Notificação de Receita "A" Lista "A1", Fonte: Portaria SVS/MS344/98 Publicada em 12 de maio de 1998 Figura 2-Receita azul Notificação de Receita "B" Lista "B1" e "B2” Fonte: Portaria SVS/MS344/98 Publicada em 12 de maio de 1998 5 Figura 3 -Receita branca Receita de Controle Especial Lista "C1" e "C2" (uso próprio), "C4", "C5" e os adendos das listas "A1", "A2" e B1" Fonte: Portaria SVS/MS344/98 Publicada em 12 de maio de 1998 6 TABELA1-Normas para prescrição e dispensação de medicamentos sujeitos a regime especial de controle. Lista de medicamento Classe terapêutica Tipo de Receita “A1” e “A2” entorpecentes Notificação de Receita "A" adendos das listas entorpecentes Notificação de Receita "A" "A1" e "A2" Receita de Controle Especial "A3" psicotrópicos Notificação de Receita "A" "B1 psicotrópicos Notificação de Receita "B" Notificação de Receita "B" Receita de Controle Especial Notificação de Receita "B" adendos da lista "B1" "B2" psicotrópicos Psicotropicos anorexígenos "C1" outras substâncias sujeitas a controle especial Receita de Controle Especial "C2" retinóicas de uso sistêmico Notificação de Receita Especial de Retinóides "C3" "C4" "C5" imunossupressoras anti-retrovirais anabolizantes Talidomida Notificação de Receita Especial de Talidomida Fonte: Portaria SVS/MS 344/98Publicada em 12 de maio de 1998 Os requisitos para as receitas da lista C1, também são devidamente detalhadas no corpo da legislação, que define, por exemplo, que as mesmas têm validade de 30 (trinta) dias contados a partir da data de sua emissão (Portaria n.º 344/98 - SVS/MS, de 12 de maio de 1998). Porém, toda esta limitação não é o suficiente para conter o volume de vendas destes medicamentos. O que desperta certa preocupação mundial em relação à prescrição dos medicamentos psicotropicos, que cada vez mais se tornam um dos medicamentos mais prescritos em todas as especialidades médicas. O consumo, por autodeterminação, de drogas que afetam o sistema nervoso central, sem prescrição médica, é amplamente praticado. Estimulantes e ansioliticos socialmente aceitos produzem estabilidade, alivio e até mesmo prazer para muitos (Noto & Carline 2002). 7 Órgãos internacionais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o INCB (Internacional Narcotics Control Board), têm alertado sobre o uso indiscriminado e o insuficiente controle de medicamentos psicotrópicos nos países em desenvolvimento (Nappo & Noto, 2002). No Brasil, esse alerta foi reforçado por estudos do primeiro levantamento domiciliar nacional realizado em 2001, 3,3% dos entrevistados (entre 12 e 65 anos) afirmaram uso de benzodiazepínicos sem receita médica. Em um outro levantamento, com estudantes da rede pública de ensino de dez capitais brasileiras, 5,8% dos entrevistados afirmaram já ter feito uso de ansioliticos sem prescrição (Galduroz, 2002). Pesquisas que envolvam o conhecimento sobre o perfil de utilização de medicamentos, perfil de prescrição, quantidade do que se usa, automedicação, vendas e custos comparativos, contribuem para formação de uma consciência critica entre os profissionais que prescrevem, os que dispensam medicamentos e os consumidores (Bertoldil,1997). Os fármacos psicotrópicos são modificadores seletivos do sistema nervoso central usado no tratamento de distúrbios psíquicos. São também chamados de psicofármacos e incluem fármacos que deprimem, como os sedativos-hipnóticos e antiepiléticos ou estimulam seletivamente a atividade mental, como os sedativos ansioliticos, antipsicóticos e antidepressivos (Korolkovas, 2002). I- Sedativos-hipnóticos Sedativos-hipnóticos são depressores não-seletivos ou gerais do SNC. São usados para reduzir a inquietação e a tensão emocional e para induzir quer a sedação, quer o sono. Sendo classificados de acordo com sua estrutura química em: A) Benzodiazepinicos; 8 B) Barbituricos; C) Ciclopirrolonas; D) Imidazopiridinicos; E) Pirazolopirimidinicos. A) Benzodiazepinicos Os Benzodiazepinicos mais frequentemente usados como sedativos-hipnóticos. Nome Genérico: - Estazolam - Flunitrazepam - Flurazepam - Midazolam - Nitrazepam - Triazolam Os benzodiazepinicos são os sedativos hipnóticos de escolha, em razão de sua eficácia e segurança, apresentam estrutura química derivado da 1,4-benzodiazepin-2-ona(Figura 4). São superiores a outros grupos de fármacos nos seguintes aspectos: efeitos adversos, potencial para abuso, dependência farmacológica, interações medicamentosa e letalidade causada por dose excessiva. A atividade sedativa dos benzodiazepinicos induz uma moderação a excitação e tranqüiliza, a ação hipnótica produz sonolência e facilita o aparecimento e manutenção de um estado de sonolência que se assemelha ao sono natural. Eles exercem em geral, também efeitos ansioliticos, anticonvulsivantes e miorrelaxante (Silva ,1999. p. 15-28). 9 Figura 4 Estrutura química dos compostos benzodiazepínicos. Fonte: Dicionário terapêutico guanabara 2002/2003 B) Barbituricos São derivados do acido barbiturico, ou malonilureia, composto heterociclico (com núcleo pipertidinico – Figura 5) resultante da condensação da uréia com o acido malonico. Antes do advento dos benzodiazepinicos, os barbituricos eram amplamente usados como sedativos hipnóticos, apesar de suas muitas desvantagens. Na forma de ácidos livres são poucos solúveis em água. Por esta razão são frequentemente convertido em sais sódicos, que são hidrossolúveis (Korolkovas, 2002). 10 Figura 5 Estrutura química dos barbituricos Fonte: Dicionário terapêutico guanabara 2002/2003 Especialmente na forma de sais sódicos, os barbituricos são completamente absorvidos no trato gastrintestinal, distribuindo-se de maneira uniforme em todos os tecidos e atingindo concentrações mais elevadas no fígado e nos rins. Sua eliminação se faz principalmente na urina, nas seguintes formas: inalterada, parcialmente oxidados na cadeia lateral e parcialmente conjugados. Seus efeitos sedativos-hipinoticos parecem resultar de sua ação sobre o tálamo, em que inibem a condução ascendente na formação reticular, interferindo assim com a transmissão dos impulsos ao córtex. Os barbituricos são empregados na maioria das formas de epilepsia, principalmente nas crises tônicos-clonicas generalizadas e nas crises locais (Silva, 1999. p. 15-28). Barbituricos usados como sedativos-hipnóticos( nomes genéricos) Fenobarbital e Pentobarbital Os psicotropicos sedativos-hipnóticos são depressores não seletivos no SNC, podendo causar excitação, sedação suave hipnose e coma profundo. Seus efeitos hipnóticos e anticonvulsivantes podem estar relacionados com sua capacidade de intensificar e/ou imitar a ação sináptica inibitória do GABA. Acredita-se que, como anticonvulsivantes, (Tabela 2) atuam deprimindo as transmissões mono e polissinaptica no SNC, alem de aumentarem o limiar para estimulação elétrica do córtex motor (Silva, 1999. p. 15-28). 11 TABELA 2. Psicotrópicos usados como sedativos-hipnóticos. Classe química Ciclopirrolonas Imidazopiridínicos Pirazolopirimidínicos Nome genérico zopliclona zolpidem zaleplona II- Os antiepiléticos Os antiepiléticos, chamados de anticonvulsivantes, são fármacos que deprimem seletivamente o SNC. Sua principal função esta na supressão de crises, acessos epiléticos sem causar danos ao SNC nem depressão da respiração (Korolkovas, 2002). Alguns fármacos psicotropicos da classe química dos barbituricos, hidantoinas, benzodiazepinicos são usados como antiepiléticos (Tabela 3). TABELA 3. Psicotrópicos usados como antiepiléticos Classe química Barbituricos Hidantoinas Benzodiazepinicos Dibenzazepinas Ácido valpróico e derivados Triazínicos Derivado do GABA Nome genérico Barbexaclona Fenobarbital Primidona Fenitoina Clonazepam Diazepam Carbamazepina Oxcarbamazepina Ácido valpróico Lamotrigina Gabapetina Vigabatrina 12 III- Sedativos ansioliticos Os fármacos psicotropicos sedativos ansioliticos, são usados para controlar neuroses e tensões, alguns benzodiazepinicos são bem tolerados como ansioliticos e usados com freqüência. Em doses altas podem auxiliar no tratamento de excitabilidade psicomotora grave, tal como delirium tremens. Manifestaram utilidade em determinados sintomas de psicoses tóxicas (Silva, 1999). Benzodiazepínicos usados como sedativos ansioliticos, com nomes genéricos:. - Alprazolam - Bormazepam - Clobazepam - Clorazepato dipotassico - Cloxazolam - Lorazepam - Oxazepam IV- Antipsicóticos Antipsicóticos, também chamados de tranqüilizantes(Tabela 4), não só acalmam pacientes psiquiátricos gravemente conturbados, mas também aliviam dos sintomas de suas doenças(quadro 6 demonstra os fármacos usados como antipisicóticos). Entretanto, ao contrario dos efeitos causados pelos hipnóticos e sedativos, eles não embotam a consciência nem deprimem os centros vitais. São usados no tratamento de pacientes que sofrem de desorganização psicótica de pensamento e comportamento, e no alivio de 13 grave tensão emocional, em outras palavras, sua aplicação maior é na terapia de psicoses funcionais, especialmente esquizofrenia. Contudo não são curativos. Sua ação é primariamente paliativa, visto que se desconhece o fator causal das psicoses funcionais (Korolkovas, 2002). TABELA 4. Psicotrópicos usados como antipsicóticos Classe química Fenotiazinicos Nome genérico Clorpromazina Flufenazina Periciazina Pipotiazina Tioridazina Trifluoperazina Zuclopentixol Clozapina Quetiapina Olanzapina Droperidol Haloperidol Penfluridol Pimozida Amissulprida Sulpirida Risperidona Ziprasidona Tioxantênicos Dibenzodiazepínicos Dibenzotiazepínicos Tienobenzodiazepínicos Butirofenonicos Difenilbutilamínicos Ortopramida Primidonas Benzotiazolilpiperazínicos Os FENOTIAZINICOS são derivados da fenotiazina contendo uma cadeia lateral ligada ao átomo de nitrogênio e grupos substituintes no anel (figura 6). Mas especificamente, apresentam as seguintes características estruturais comuns: anel triciclico, tendo o central seis ou sete membros, cadeia lateral de três membros e grupo amino terminal terciário. Em conseqüência, apresentam características farmacológicas comuns (Oliveira, 1999). Julga-se que seu efeito antipsicotico se deve ao bloqueio dos receptores pos-sinapticos da dopamina no cérebro. Também produzem efeito bloqueador alfa-adrenergica e deprimem a liberação de hormônios 14 hipotalamicos, pituitários e hipofizarios. O efeito antiemetico decorre da inibição da zona desencadeadora do quimioreceptor medular.O efeito sedativo, por sua vez ,e conseqüência da redução indireta de estímulos ao sistema reticular do tronco cerebral (Rang & Dale, 2001) Figura 6 - Estrutura química dos Fenotiazinicos Fonte: Dicionário terapêutico guanabara 2002/2003 V- Os antidepressivos Agentes antidepressivos, também conhecidos como antidepressores, são aqueles usados para restaurar pacientes mentalmente deprimidos a um estado mental melhorado. São úteis em depressão e sintomas depressivos e, até certo ponto, no tratamento de fases depressivas de determinado tipos de esquizofrenia. Diminuem a intensidade dos sintomas, reduzem e tendência ao suicídio e aceleram a velocidade de normalização (Tajima, 2001). A descoberta no final da década de 50 de drogas antidepressivas e sua utilização na prática clínica trouxe um avanço importante no tratamento e no entendimento de possíveis mecanismos subjacentes aos transtornos 15 depressivos (Scavone,1996) tornou a depressão um problema médico passível de tratamento, semelhante a outras doenças como o diabetes e a hipertensão arterial. Até os anos 80 havia duas classes de antidepressivos, os tricíclicos (ADTs) e os inibidores de monoaminooxidase (IMAOs). Embora muito eficazes, apresentavam efeitos colaterais indesejáveis causados pela inespecificidade de sua ação farmacológica e eram potencialmente letais em casos de superdosagem.(Silva, 1999) Nas últimas duas décadas surgiram novas classes de antidepressivos a partir da pesquisa de moléculas desprovidas dos efeitos colaterais dos heterocíclicos. Eles diferem dos clássicos ADTs e IMAOs, irreversíveis pela seletividade farmacológica, modificando e atenuando os efeitos colaterais (Snyder, 1996). Os antidepressivos não influenciam de forma acentuada o organismo normal em seu estado basal, apenas corrigem condições anômalas. Em indivíduos normais não provocam efeitos estimulantes ou euforizantes como as anfetaminas. Aproximadamente 70% dos pacientes com depressão se beneficiam com os ADTs, mas 30% a 40% falham na resposta ao primeiro ensaio farmacológico, necessitando outra classe de antidepressivos ou mesmo eletroconvulsoterapia (Bernik, 1999). Os antidepressivos podem ser classificados de acordo com a estrutura química ou as propriedades farmacológicas. A estrutura cíclica (anéis benzênicos – (Figura 7) caracteriza os antidepressivos heterocíclicos (tricíclicos e tetracíclicos). Os ADTs se dividem em dois grandes grupos: as aminas terciárias (imipramina, amitriptilina, trimipramina e doxepina) e as aminas secundárias (desmetilimipramina, nortriptilina e protriptilina). Maprotilina e amoxapina são antidepressivos tetracíclicos. (Goodman & Gilman 2001). 16 Figura 7: Antidepressivo triciclicos e atípicos Fonte: Goodman & Gilman 2001 Antidepressivos diversos, esta classe é constituída por compostos de estrutura variada(Tabela 5). São incluídos aqui os compostos biciclicos (citalopram, paroxetina, sertralina), tetracíclicos (maprotilina, mianserina), derivados indol (trazodona) e com outras estruturas distintas. Atualmente os antidepressivos, preferencialmente, são classificados em função da ação farmacológica, mais útil na prática clínica porque os antidepressivos de nova geração não compartilham estruturas comuns. Atualmente podemos dividi-los de acordo com o mecanismo de ação proposto, aumentando a eficiência sináptica da transmissão monoaminérgica (particularmente de neurônios noradrenégicos e/ou serotonérgicos). Medicamentos antidepressivos produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica através da 17 inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neuronal ou atuação em autoreceptores pré-sinápticos (Oliveira, 1998). TABELA 5. Psicotrópicos usados como antidepressivos. Classe químico Nome genérico Compostos triciclicos Amineptina Amitriptilina Clomipramina Imipramina Nortriptilina Inibidores da MAO Moclobemida Tranilcipromina Sais de lítio Carbonato de lítio Antidepressivos diversos Citalopram Fluoxetina Fluvoxamina Mirtazapina Paroxetina Sertralina Tacrina Venlafaxina VI - Uso dos psicotropicos Os psicofármacos são medicamentos que atuam sobre o sistema nervoso central influenciam as vidas de todas as pessoas, todos os dias. Esses agentes tem valor terapêutico inestimável porque podem produzir efeitos fisiológicos específicos, podem aliviar seletivamente a dor ou febre, suprimir distúrbios do movimento ou evitar convulsões. Pode induzir o sono ou o despertar, reduzir a vontade de comer ou apaziguar a tendência de vomitar. 18 podem ser utilizadas para tratar ansiedade, mania, depressão ou esquizofrenia, sem alterar a consciência (Goodman & Gilman, 2001). . VII - Mecanismo de ação - antidepressivos Sabe-se que os antidepressivos de primeira geração, tais como a tranilcipromina e a fenelzina, inibem irreversivelmente a MAO, e os tricíclicos, tais como a imipramina, amitriptilina e clomipramina, inibem a recaptura de NA e 5-HT, em diferentes proporções. As gerações seguintes de antidepressivos são compostas por grupos heterogêneos de drogas. Estas inibem seletivamente a recaptura de 5-HT (fluoxetina, paroxetina, sertralina), ou NA (reboxetina), ou ambas (venlafaxina), antagonizam receptores serotonérgicos (mirtazapina, nefazodona), ou inibem reversivelmente a isoenzima MAO-A (moclobemida). Baldessarini,1996.p. 399-459). - benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos potencializam as ações inibitórias do GABA, através da ligação a receptores específicos, localizados em um complexo molecular envolvendo o receptor de GABAA, o receptor de benzodiazepínico e o ionóforo de cloro (Haefely,1990). - psicoestimulantes Os psicoestimulantes, tais como a anfetamina e a fencanfamina, aumentam a liberação de DA e NA (De Lucia R, 1997). Os antipsicóticos antagonizam receptores dopaminérgicos centrais, com ação preferencial por receptores D2 (clorpromazina, haloperidol, flufenazina, olanzapina, risperidona) 19 ou D4 (clozapina), além de bloquearem receptores 5-HT2A (ex. risperidona, olanzapina). - lítio O lítio exerce várias ações bioquímicas, tais como a inibição da liberação (dependente de cálcio) de certos neurotransmissores (ex. NA e DA)38, o bloqueio da formação do fosfatidilinositol, através da inibição da enzima inositol monofosfatase, e a modificação das respostas mediadas pelo sistema adenilatociclase e AMPc (Risby, 1991). Existem Hipóteses que se conhece atualmente sobre o mecanismo sináptico de ação dos psicofármacos (figura 8). Figura 8 – Esquema ilustrativo dos sítios de ação dos principais grupos de psicofármacos na transmissão sináptica Os antidepressivos inibem a MAO e/ou a recaptura de neurotransmissores, os psicoestimulantes atuam na liberação, os neurolépticos bloqueiam receptores, o lítio inibe a liberação e interfere com o ciclo do fosfatidinilinositol. Os benzodiazepínicos ligam-se a receptores próprios localizados próximos ao receptor GABAA,potencializando a ação desse transmissor. 20 Fonte: Rev. Bras. Psiquiatria. v.21 n.1 São Paulo jan./mar. 1999 Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos no SNC que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do nosso cérebro funcionam exageradamente resultando num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica mais tranqüila como que desligada do meio ambiente e dos estímulos externos (Baldessarini, 1995). O uso prolongado de benzodiazepínicos, ultrapassando períodos de 4 a 6 semanas pode levar ao desenvolvimento de tolerância, abstinência e dependência (Fraser, 1998). A possibilidade de desenvolvimento de dependência deve sempre ser considerada, principalmente na vigência de fatores de risco para a mesma, tais como uso em mulheres idosas, em poliusuários de drogas, para alívio de estresse, de doenças psiquiátricas e distúrbios do sono (Fraser & Laranjeira, 1998). Também é comum a observação de overdose de benzodiazepínicos entre as tentativas de suicídio, associados ou não a outras substâncias (Fraser, 1998). VIII- Reações adversas Evidências mostram que os antipsicóticos interagem no sistema neuroendócrino, levando os efeitos colaterais como aumento do apetite, obesidade, hiperglicemia e diabetes (Oliveira, 2000). O uso crescente dos antipsicóticos de nova geração foi associado a significante número de casos de distúrbios metabólicos secundários. Dentre eles, podemos citar o ganho de peso, diabetes, hiperglicemia e dislipidemia. Tais condições levam a complicações, incluindo risco de doença cardiovascular, traduzida no aumento da morbimortalidade nestes pacientes (Who & Haup, 2001). Os antidepressivos triciclícos bloqueiam a captação de aminas pelas terminações nervosas e nos indivíduos não deprimidos causam sedação, 21 confusão e descoordenação motora, efeitos estes também observados no início do tratamento em pacientes deprimidos. Entre os efeitos colaterais normalmente observados encontram-se boca seca, visão embaçada, constipação, retenção urinária, vertigem, ganho de peso e sonolência. Quando administrados com outros fármacos (ex. ácido acetilsalisílico e fenilbutazona) podem ter seus efeitos potencializados. Sua associação com o álcool e com fármacos hipertensivos é potencialmente perigosa, podendo ser fatal (Tajima, 2001). É importante ainda lembrar que estes medicamentos também prejudicam em parte nossas funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes. O consumo, por autodeterminação, de drogas que afetam o sistema nervoso central, sem prescrição médica, é amplamente praticado. Estimulantes e ansioliticos socialmente aceitos produzem estabilidade, alivio e até mesmo prazer para muitos. Contudo, o uso excessivo dessas e de outras drogas também pode afetar desfavoravelmente a vida das pessoas, quando seu uso levar à dependência física à droga ou aos efeitos colaterais tóxicos, os quais podem incluir uma dosagem letal (Noto, 1999). 22 2. RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA É grande a preocupação dos serviços de saúde quanto a prescrição, venda e consumo de drogas com ação no sistema nervoso central. Para tanto, a comercialização de medicamentos psico-ativos é regida por uma série de leis, normas e cuidados no intuito de evitar a venda ilegal e consequentemente o consumo ilícito dessas substâncias. A realização deste trabalho propõe a apresentação do panorama atual do consumo de medicamentos psicotrópicos na cidade de Juazeiro do Norte – Ce, no intuito de identificar os medicamentos mais prescritos e os fatores que levam a sua prescrição, visando a atenção e sensibilização dos profissionais da área de saúde para a realização de uma prescrição racionalizada dos medicamentos psicotropicos e com isso a população usuária poderá reduzir o uso abusivo evitando, consequentemente, a dependência física e psíquica destas substâncias. 23 3.OBJETIVOS 3.1 Geral • Analisar o consumo de psicotropicos em uma farmácia comunitária na cidade de Juazeiro do Norte-CE durante o período de janeiro 2005 a dezembro 2005. 3.2 Especificos: • Verificar o volume de comercialização, dos medicamentos psicotropicos. • Quantificar e discriminar o consumo dos medicamentos psicotropicos, distribuídos por classe química, e por sexo. • Realizar um estudo comparativo com outros trabalhos referente ao assunto. 24 4.METODOLOGIA A farmácia comunitária que foi campo da pesquisa possui um horário de funcionamento das 7:00 hs às 22:00 hs diariamente, totalizando em média um fluxo mensal de 9.000 clientes, com uma média de 300 clientes por dia. Esta farmácia foi escolhida por estar localizada em um ponto privilegiado da cidade, no centro comercial de Juazeiro do Norte Ceará, próxima a diversas agencias bancárias, clinicas médicas e odontológicas, situando-se nas imediações da principal praça da cidade. A farmácia encontrase ainda próxima a um terminal de transportes coletivos com linhas para as cidades vizinhas de Crato, Barbalha, Missão Velha e Caririaçu. Alem dos pontos de apoio para transportes que vem de municípios adjacentes como Exu, Mauriti, Milagres, Cedro entre outros. O levantamento dos dados foi obtido em arquivo das receitas de controle especial e em livros de registro dos medicamentos controlados da farmácia comunitária da qual o autor do referido trabalho é o farmacêutico responsável técnico. Os dados foram coletados ao longo do período de janeiro 2005 a dezembro 2005, totalizando 2700 receitas (brancas e azuis) nas quais contam 4654 caixas dos diferentes psicofarmacos dispensados conforme a legislação vigente, sendo estes estudadas as variáveis sexo, nome e classe do fármaco prescrito. 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o levantamento de dados obtidos em arquivo das receitas de controle especial da farmácia comunitária no centro comercial da cidade de Juazeiro do Norte – CE, durante o período de janeiro 2005 a dezembro 2005, obteve-se como resultado o volume total de 2.700 receitas de controle especial (azul e branca), nas quais contam 4.654 caixas dos diferentes psicotropicos dispensados conforme a legislação vigente, sendo o resultado disposto conforme tabela 1, onde se verifica que os benzodiazepinicos destacam-se correspondendo a 55,35% das prescrições medicas, o que vem a confirmar Pizzol et al, 1997, ao afirmar que os benzodiazepinicos, desde os anos 60, se tornaram medicamentos habitualmente prescritos em todas as especialidades médicas. Acredita-se que seria necessária a racionalidade do profissional prescritor, embasada em evidências científicas. Isso é especialmente importante nessa classe de medicamentos, uma vez que seu uso indiscriminado pode levar à dependência, abuso ou mesmo tentativa de suicídios. TABELA 6-classe farmacêuticas mais dispensadas em uma farmácia comercial em Juazeiro do Norte-CE no período de Jan./2005 a Dez/2005 CLASSE FARMACEUTICAS QUANTIDADE PERCENTUAL Benzodiazepinicos 2576 Barbituricos 233 Ciclopirrolonas 3 Imidazopiridinicos 25 Hidantoinas 143 Dibenzazepinas 513 Ácido vaproico e derivados 15 Fenotiazinicos 236 Butirofenonicos 151 Ortopramidas; 77 Pirimidinonas 34 Composto triciclicos 236 Sais de lítio 14 Antidepressivos diversos 398 TOTAL/CAIXAS 4654 FONTE: Farmácia comunitária de Juazeiro do Norte-Ce 55,35% 5% 0,06% 0,53% 3,07% 11,02% 0,32% 5,07% 3,26% 1,65% 0,73% 5,07% 0,30% 8,57% 100% 26 Estimativas mostram de que entre 1 e 3% de toda a população ocidental já tenha consumido regularmente por mais de um ano alguma droga da classe dos benzodiazepínicos (Baldessarini, 1995; Huf, Lopes, Rosenfeld, 2000). Em 2001, no mundo todo foram consumidas 26,74 bilhões de doses diárias e 6,96 milhões de doses como hipnóticos (CEBRID, 2003b). A prevalência do consumo destes fármacos é elevada no Brasil. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP, 2002) um em cada dez adultos recebe prescrição de benzodiazepínico, quase sempre feita por clínico geral. No decorrer da pesquisa foi obtida a relação de todos os fármacos psicotropicos dispensados na farmácia comunitária com suas respectivas quantidades em caixa no período janeiro. /05 a dezembro/05, conforme a tabela 5, constata-se que dentre os benzodiazepinicos mais prescritos encontram clonazepam (13%) seguido pelo bromazepam (10%), que estão entre as drogas mais utilizadas como ansioliticos. Esses números não estão de acordo com outros estudos, como os de Pepe, 1994 e Nappo e Carlini, 1993 que colocam, por exemplo, o diazepam como o mais utilizado entre as pessoas avaliadas nos seus estudos. A discrepância entre os dados deve estar relacionada ao fato de o diazepam ter caído em desuso como droga de escolha para o tratamento dos estados ansiosos, o que levou a classe média a prescrever outras drogas com maior perfil de tolerabilidade. A carbamazepina, droga da classe do Dibenzazepinas usada com freqüência como anticonvulsivante e antipsicótico, apresentou um valor de 9%, seguida pelo fenobarbital que com 4% sendo o representante da classe dos barbituricos usado como antiepiletico, o haloperidol com cerca de 3%,sendo o representante da classe butirofenonicos usado como antipsicóticos. Dentre os fármacos antipsicóticos, observa-se ainda o predomínio da classe dos fenotiazinicos, representado pela tioridazina, periciazina e clorpromazina que juntos somam cerca de 4%. Estas drogas são usadas no controle de distúrbios psicóticos, de ansiedade e inquietação graves, todavia em estudos similares não encontramos números comparativos com os dados obtidos no presente estudo, acreditamos que os relatos preexistentes reflitam a realidade em cada região de acordo com suas características demográficas. Em relação aos antidepressivos destaque para a fluoxetina, sertralina, maprotilina e citalopram somando total de 8,57% enquanto os antidepressivos triciclicos, representado pela amitriptilina e imipramina, que somam 5,07%. Ao observarmos os resultados dos antidepressivos, é evidente que a fluoxetina tem tido destaque como sendo um dos mais prescritos pela classe médica, acreditamos que esteja relacionada ao fato de ser um antidepressivo de estrutura diversa, mais moderno e com menos efeitos colaterais relacionados. Em relação aos triciclicos observamos que a amitriptilina tem destaque em relação a outros, tendo sido freqüentemente usados nos casos de enxaquecas e dores de cabeça fortes sendo usualmente prescritas pela classe medica. O aumento no consumo de antidepressivos na última década mostra uma tendência já observada em outros estudos, relacionada com o crescimento do diagnóstico das doenças depressivas, com o surgimento de novos medicamentos e com a ampliação das indicações terapêuticas desses medicamentos (Silva, 1999). 28 TABELA 7. Classificação em ordem decrescente dos fármacos em relação a prescrição durante período de Janeiro a dezembro de 2005. NOME GENÉRICO QUANTIDADE PERCENTUAL 1-Clonazepam 639 13,7% 2-Bromazepam 490 10,5% 3-Carbamazepina 450 9,4% 4-Cloxazolam 442 9,2% 5-Alprazolam 303 6,1% 6-Diazepam 209 4,6% 7-Fenobarbital 200 4,5% 8-Lorazepam 187 4,5% 9-Haloperidol 151 3,7% 10-Fenitoina 143 3,5% 11-Tioridazina 129 2,7% 12-Fluoxetina 123 2,6% 13-Sertralina 100 2,2% 14-Amitriptilina 91 1,9% 15-Imipramina 85 1,8% 16-Maprotilina 81 1,7% 17Clordiazepoxido 80 1,7% 18-Clobazam 72 1,5% 19-Citalopram 71 1,5% 20-Periciazina 70 1,5% 21-Sulpirida 68 1,4% 22-Oxcarbamazepina 63 1,3% 23-Nitrazepam 44 0,9% 24-Clomipramina 43 0,9% 25-Flurazepam 41 0,8% 26-Clorpromazina 37 0,8% 27-Risperidona 34 0,8% 28-Primidona 33 0,7% 29-Zolpidem 25 0,5% 30-Flunitrazepam 23 0,5% 31-Paroxetina 23 0,5% 32-Midazolam 19 0,4% 33-Estazolam 17 0,3% 34-Nortriptilina 17 0,3% 35-Ácido vaproico 15 0,3% 36-Carbonato de lítio 14 0,3% 10 0,2% 37-Clorazepato dipotassico 38-Tiaprida 8 0,1% 39-Zopiclona 3 0,1% 40-Veraliprida 1 0,1% TOTAL 4.654 100,00% FONTE: Farmácia comunitária de Juazeiro do Norte-Ce 29 Ao analisar a Figura 9 que retrata os psicofarmacos dispensados na farmácia, de acordo com o sexo, verifica-se o sexo feminino em destaque com 64% das prescrições médicas, esta informação esta de acordo com Wortmann et al, 1994. Parece que em muitas regiões do mundo este resultado se repete. O uso de psicofármacos foi maior entre as mulheres, quase duas vezes superior do que no sexo masculino, o que é coincidente com a literatura (Almeida, 1994) que relaciona esse achado em parte, à maior utilização dos serviços de saúde por mulheres (Mendoza, 2001). Por outro lado, a condição de gênero também está associada à percepção médica distinta de necessidade de utilização de psicofármacos. Moreno Luna et al, 2001 em avaliação da conduta médica em atenção primária, concluíram que os médicos abordaram de maneira diferente os sintomas de ansiedade e depressão dependendo do sexo do paciente, prescrevendo mais drogas ansiolíticas e diagnosticando mais causas funcionais em mulheres. FIGURA – 9 Medicamentos dispensados, de acordo com o sexo, em farmácia comercial no Juazeiro do Norte-CE. Período de Jan./2005 a Dez/2005. Percentual de psicotróficos distribuídos segundo sexo 36% masculino feminino 64% 30 6- CONCLUSÃO O Manual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas da Secretaria Nacional Antidrogas denomina psicotropicos como sendo: “substancias que atuam sobre o cérebro, modificando o seu funcionamento, podendo provocar alterações no humor, nas percepções, no comportamento e nos estados da consciência ou da mente.” Diante desta afirmação podemos verificar que o medicamento psicotrópicos tem uma relevante participação social, seja de maneira benéfica quando devidamente prescrita por um profissional medico que identifica a real necessidade do fármaco ou quando simplesmente entregue em farmácia ou posto de saúde sem a devida informação. Os números encontrados no presente trabalho, demonstram que o volume de medicamentos psicotropicos comercializado durante o período da pesquisa, é de fato elevado, considerando uma media diária de 13 caixas dos diferentes fármacos psicotropicos distribuídos aleatoriamente entre aproximadamente seis a sete pessoas consumidoras predominantemente do sexo feminino, o que não diverge do cenário nacional. Assim foi atingido o objetivo inicial de demonstrar o volume comercial dos psicotropicos. Contudo Surge a interrogação, será que dentre estas pessoas consumidoras existe realmente a necessidade terapêuticas? Ou será algum tipo de dependência? Provavelmente estas e outras perguntas poderão ser temas de outros trabalhos desta natureza realizadas por profissionais da área de saúde o que de fato ajudarão na elaboração de políticas de farmacoepidemiologia, locais que detectem possíveis equívocos da terapêutica. 31 7- CONSIDERACOES FINAIS Em um estabelecimento farmacêutico, a presença do profissional responsável e de suma importância, visto que, o mesmo promove a devida orientação ao paciente para correto uso do medicamento, particularmente os psicofarmacos. As informações dadas pelo profissional são de grande relevância para o cumprimento do tratamento estabelecido pelo médico e podem, algumas vezes, evitar problemas, como possíveis interações com outros fármacos e/ ou alimentos, procurando esclarecer todas as duvidas do paciente. A utilização de psicofármacos tem crescido nas últimas décadas em vários países ocidentais e, até mesmo, em alguns países orientais. Esse crescimento tem sido atribuído ao aumento da freqüência de diagnósticos de transtornos psiquiátricos na população, à introdução de novos psicofármacos no mercado farmacêutico e às novas indicações terapêuticas de psicofármacos já existentes (Noto 2002). Diante de todo este cenário, torna-se importante o acompanhamento pelos órgãos de saúde publica, com a criação de políticas que permitam supervisionar o uso indevido dos medicamentos psicotropicos, e sensibilizar a população e a classe médica para a importância do uso racional dos medicamentos. A utilização de medicamentos, no Brasil, inclusive dos psicofarmacos, tem sido considerada exacerbada e indiscriminada. Mesmo assim, é reduzido o número de trabalhos sobre a utilização destes medicamentos (Abreu et al, 2000). A elaboração de outros trabalhos desta natureza pelos farmacêuticos e outros profissionais da área da saúde facilitarão outras avaliações e ajudarão na elaboração de políticas de farmacoepidemiologia locais que detectem possíveis equívocos da terapêutica e mostrem alternativas ao uso dos fármacos psicotrópicos, estabelecendo enfim um uso mais racional destes fármacos. 32 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDESSARINI, R.J. Drugs and the treatment of psychiatric disorders: psychosis and anxiety. In: HARDMAN, J.G.; GILMAN, A.G.; LIMBIRD, L.E., Eds. Goodman & Gilman´s the pharmacological basis of therapeutics. 9 ed. New York: McGraw Hill, 1995. Cap. 18, p. 399 - 430. BAUS J., KUPEK E., PIRES, M. Prevalência e fatores de risco relacionados ao uso de drogas entre escolares. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.36, n. 1, p: 40-6, 2002. BRASIL. Lei nº 6.368 de 21 de outubro de 1976. 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