bacia hidrografica do córrego do barbosa

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BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DO BARBOSA
BACIA HIDROGRAFICA DO CÓRREGO DO BARBOSA
Ângela Maria Soares*
Carolina Santos Melo**
Laila da Silva Vieira***
Suely Regina Del Grossi****
RESUMO
O presente artigo é o resultado de uma pesquisa que teve como objetivo mapear e caracterizar a Bacia
Hidrográfica do Córrego Barbosa situado na zona rural de Uberlândia. O mapeamento foi realizado
concomitantemente com a pesquisa de campo procurando relacionar o uso do solo com os recursos
oferecidos pela natureza. Foram analisados os aspectos geológicos, geomorfológicos, pedológicos,
climáticos e a vegetação que caracterizam a área, os quais foram relacionados com as atividades
econômicas e conseqüentemente os impactos ambientais que essas atividades provocam.
PALAVRAS-CHAVE: Córrego. Geologia. Geomorfologia. Impacto Ambiental.
1 - INTRODUÇÃO
A pesquisa de campo e as técnicas de mapeamento são instrumentos
imprescindíveis nos estudos geográficos de qualquer natureza ou escala espacial. Permite
relacionar os múltiplos aspectos da natureza e das atividades antrópicas, e o mais importante,
entender a complexidade da relação homem-natureza, ao fornecer conhecimento capaz de
evitar /e ou mitigar os aspectos ocasionados por essa relação.
É com essa compreensão que os alunos de graduação da disciplina de
hidrogeografia da Faculdade Católica estudaram a bacia do Córrego Barbosa, com o objetivo
geral de mapear e caracterizar a área ocupada pela bacia.
Nesta área a vegetação natural de cerrado vem dando lugar a agricultura e
pecuária, caracterizadas por médias e grandes propriedades, com utilização cada vez mais
intensa de mecanização e agrotóxicos causando degradação da área.
Com a realização de trabalhos de campo foi possível observar pontos de
degradação ambiental causados pela ação antrópica e também ações naturais, ambas
prejudiciais a área, pois os solos arenosos uma característica da área em estudos, são frágeis a
impactos ambientais.
*
Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora do curso de Geografia da
Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: [email protected]
**
Graduanda em Geografia da Faculdade Católica de Uberlândia. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:
[email protected]
***
Graduanda em Geografia da Faculdade Católica de Uberlândia. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:
[email protected]
****
Doutora em Geografia pela Universidade de São Paulo. Coordenadora do curso de Geografia da Faculdade
Católica de Uberlândia. E-mail: [email protected]
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A metodologia para o desenvolvimento do trabalho iniciou-se com confecção da
base cartográfica da Bacia Hidrográfica do Córrego do Barbosa, a partir da carta topográfica
editada pelo Ministério do Exército – Departamento de Engenharia e Comunicação (FOLHA
SE-22-Z-D-III-1-NE) (MI-2488/1-NE) Uberlândia, na escala 1:25.000.
Com o auxilio da carta, trabalhos de campo e referências bibliográficas, foi
realizado o mapeamento da bacia em questão, onde destacamos a geologia, alem das medidas
topográficas da área total da bacia e extensão do curso d’água principal. O destaque dado a
geologia se justifica, pois a partir da mesma, foi possível compreender os diferentes tipos de
solos e os aspectos da dinâmica da paisagem. Alem do mapeamento caracterizado como o
objetivo geral da pesquisa, outros objetivos específicos foram destacados como:
•
Realizar uma prática da pesquisa em campo relacionando com os fundamentos
teóricos tratados em sala de aula;
•
Compreender a dinâmica da paisagem regional
•
Relacionar o uso do solo com os processos erosivos.
O embasamento teórico teve como referencias os estudos de (Baccaro 1994,
Nishiyama 1989 e Del Grossi 1993), alem de leituras especificas sobre hidrografia como
Guerra 1996.
A unidade espacial da bacia hidrográfica também foi escolhida com base na
leitura estudada em sala de aula, pois, atualmente os estudos sócio-ambientais, tem-se pautado
nessa unidade, porque a bacia enquanto espaço geográfico, integra a maior parte das relações
de causa e efeito a serem consideradas na utilização da água e em todos os fenômenos
naturais e antrópicos que ocorrem na extensão da mesma.
2 – LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A Bacia Hidrográfica do Córrego do Barbosa está localizada na margem esquerda
da rodovia que liga a cidade de Uberlândia ao distrito de Miraporanga, entre as coordenadas
geográficas 19º02’30” de latitude Sul e 48º20’ de longitude Oeste. Uma das suas nascentes,
no Sítio Ternura, esta próxima a UTM 7893 Leste, na zona rural do município.
Esta bacia apresenta uma área de 16,5 Km² e é composta por oito nascentes, sendo
que o curso d’água tem a extensão de 6,88 Km. Suas nascentes são todas em veredas com a
presença de buritis, gramíneas, imbaúbas entre outras (foto 1). Seus vales têm media
inclinação (aproximadamente 10º e 20º) com fundos chatos e solos hidromórficos. Em alguns
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cursos a mata ciliar fica entremeada com os buritis, o que nos leva a supor que essas veredas
estão em estágio intermediário de evolução, ou seja, os buritis possivelmente vão dar lugar à
mata ciliar de galeria.
Foto 1: Nascente composta por veredas com presença de gramíneas, buritis, imbaúbas.
Fonte: Vieira, L.S - Uberlândia 07/12/2008.
Conforme BACCARO, (1994) a unidade geomorfológica da área é classificada
como de Relevo Medianamente Dissecado, com erosões de categoria três (acelerado) em
colinas convexo-côncavas. A morfologia corresponde uma área com topos aplainados entre
700 a 900 metros, sendo que na altitude superior a 850 metros predomina a Formação Marília
do Grupo Bauru, dando origem a solos de textura média ou arenosa, classificados como
latossolo vermelho amarelo. Nas áreas inferiores a 850 metros de altitude ocorrem solos
derivados dos basaltos da Formação Serra Geral, confirmando os estudos NISHIYAMA
(1989) que a presença de basalto nas vertentes dos rios favoreceu a formação dos solos
classificados como latossolo roxo; distintamente das áreas de topo plano onde prevalecem as
rochas sedimentar do Grupo Bauru e os sedimentos recentes do Cenozóico. Foi possível
observar também que os solos da região em estudo são predominantemente arenosos, o que os
tornam frágeis aos processos erosivos.
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Ao percorrer a área observamos que as veredas com buritis estão sendo
substituídas pela a mata ciliar, o que nos fez levantar a hipótese que ocorrem na bacia
hidrográfica um maior entalhamento do canal fluvial, ou seja, a busca de um outro perfil de
regularização do rio, implicando na aceleração dos processos erosivos dos demais pequenos
canais participante da bacia.
O clima da região segundo DEL GROSSI, (1993) é caracterizado por invernos
secos com temperatura média de 18ºC e verão chuvoso com média de 22ºC, correspondente
ao clima tropical de altitude ou Cwa conforme Köppen. A variação sazonal, principalmente
no tocante as chuvas de verão, intensificam os processos de entalhamento, daí a importância
de monitorar a área e continuar a pesquisa, principalmente levando em conta o uso e a
ocupação dos solos.
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Nesta região o uso dos solos se destina para práticas agrícolas e a pecuária, alem
da suinocultura e avicultura. Na estrutura fundiária predominam médias e grandes
propriedades, onde observamos pastagens, lavouras bem cuidadas. Sabemos que ao
praticarmos uma atividade econômica na zona rural há ricos de degradação ambiental, e na
região estudada isso não é diferente, como por exemplo: desmatamento do cerrado,
compactação dos solos, poluição das águas com agrotóxicos entre outras. A vegetação típica
do cerrado tem dado cada vez mais lugar às pastagens e as lavouras, mas ainda encontramos o
cerrado nativo nas reservas legais das fazendas e nas pastagens a presença de algumas
espécies de madeiras de leis como perobas, angicos, óleo, denota indícios de preocupação
ambiental.
Por outro lado no leito do córrego Barbosa foi possível observar reservatórios
artificiais como: represas, lagoas e outras intervenções humanas que estão causando
degradação em alguns pontos da bacia (foto 2). As pastagens e lavouras estão muito próximas
das Áreas de Preservação Permanente (APP), e sem a proteção da mata ciliar o córrego sofre
assoreamento, sendo que uma de suas nascentes está secando devido à ação antrópica (foto 3).
Foto 2: Nascente degradada devido à ação antrópica, ao fundo buritis, típico de veredas.
Fonte: Vieira, L.S - Uberlândia 07/12/2008.
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Foto 3: Mata ciliar quase inexistente provocando o assoreamento do Córrego Barbosa
Fonte: Vieira, L.S - Uberlândia 07/12/2008.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo compreendemos melhor a identificação e a caracterização de
uma bacia hidrográfica, bem como as áreas de preservação, as de degradação, e o mais
importante: aprendemos a confeccionar e manusear uma carta topográfica para saber o espaço
real representado nela.
Os trabalhos de campo foram de grande importância para o desenvolvimento da
pesquisa, porque nos despertaram um olhar observador e crítico, onde destacamos as
paisagens que nos revelaram áreas com diferentes manejos, permitindo assim, a coleta de
dados, imagens e descrição para um melhor entendimento do trabalho.
A bacia do córrego do Barbosa assim como a maioria dos cursos d’água do
município de Uberlândia estão em um processo de degradação. A preservação das nascentes e
corpos d’água representa o futuro da humanidade, por isso a questão das águas é discutida em
diversas áreas de estudo. Os recursos hídricos devem cada vez mais receber atenção dos
governos e da sociedade em geral.
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REFERÊNCIAS
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Uberlândia. Uberlândia. Sociedade e Natureza, 6 (11 e 12): 19-33, janeiro/dezembro 1994.
BACCARO, Claudete. A. D. Unidades geomorfológicas do triângulo mineiro - Estudos preliminares.
Uberlândia. Sociedade e Natureza, 3 (5 e 6): 37-42, dezembro 1991.
BACCARO, Claudete. A. D. Estudos geomorfológicos do município de Uberlândia. Uberlândia.
Sociedade e Natureza, 1 (1): 17-21, junho 1989
DEL GROSSI, Suely R. A dinâmica climática atual de Uberlândia e suas implicações
geomorfológicas. Uberlândia. Sociedade e Natureza. 5 (9 e 10): 115-120, janeiro/dezembro 1993.
NISHIYAMA, Luiz. Geologia do Município de Uberlândia e Áreas Adjacentes. Sociedade e
Natureza 1 (9-16), junho 1989.
FRANÇA, M.N; PINHEIRO M. S. F; SILVA, A. S. Guia para Normalização de Trabalhos Técnicocientificos: projetos de pesquisa, trabalhos acadêmicos, dissertações e teses; 5ª ed. Uberlândia: Edufu,
2008.135 p.
PESSÔA, Vera. L. S. Fundamentos de metodologia científica para elaboração de trabalhos
acadêmicos: materiais para fins didáticos. Uberlândia, atualizado em 2007. 130p. Sem publicação.
CUNHA, Sandra B.; GUERRA, Antonio J.T. Geomorfologia Exercícios, Técnicas e Aplicações. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1996. 343p.
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