Manual Técnico Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira Alysson Almeida Mattos Gheysa Julio Pinto Tamara Tais Tres Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção de Leite. Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministério do Trabalho e Emprego Ministro Paulo Roberto dos Santos Pinto Governador do Paraná Governador Carlos Alberto Richa Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Presidente Glaucius Oliva Universidade Estadual de Maringá (UEM) Reitor Júlio Santiago Prates Filho Vice- Reitora Neusa Altoé Núcleo/Incubadora Unitrabalho-UEM Neuza Corte de Oliveira Assessoria de Planejamento e Coordenadoria de Projetos e Convênios – UEM Benedito Cerezzo Pereira Filho Coordenação Técnica/ Científica do Projeto José Marcos de Bastos Andrade Pesquisadores colaboradores Julio Cesar Damasceno Maria Nezilda Culti Equipe Editorial Alysson Almeida Mattos Bruna Fernanda Negrelli da Silva Fernando Teruhiko Hata Gheysa Julio Pinto Leandro Torino da Silva Luciane Kawashima Hisano Maria Aparecida Alves Tamara Tais Tres Revisão Editorial Alysson Almeida Mattos Gheysa Julio Pinto Tamara Tais Tres Tiragem 500 exemplares Sumário A. BOAS PRÁTICAS PARA O CULTIVO DO MARACUJÁ ORGÂNICO 1. Introdução.............................................................9 2. Obtenção das sementes......................................10 2.1. Seleção dos frutos ......................................10 2.2. Coleta e armazenamento das sementes........................................................11 3. Produção de mudas.............................................13 3.1. Recomendação de homeopatia................15 4. Preparo do terreno..............................................16 5. Implantação do pomar.........................................18 6. Tratos Culturais....................................................19 7. Polinização...........................................................22 8. Colheita................................................................25 9. Referências Bibliográficas ...................................26 B. CONTROLE ZOOTÉCNICO NA PECUÁRIA DE LEITE 1.O que é Controle Zootécnico?..............................27 2. Por que fazer?......................................................28 3. Que dados anotar?..............................................30 3.1. Controle Sanitário.....................................31 3.2. Controle Reprodutivo................................32 3.3. Controle Leiteiro e Escore de Condição Corporal .........................................................33 4. Como usar as fichas?...........................................36 4.1. Controle Sanitário.....................................37 4.2. Controle Reprodutivo................................39 4.3. Controle Leiteiro e Escore de Condição Corporal..........................................................43 5. Considerações Finais............................................48 6. Referências Bibliográficas....................................49 7 Apresentação Esta publicação tem o objetivo de apresentar resumidamente um dos produtos do Projeto Orientações técnica, formação e auxilio á gestão de empreendimentos associativos de autogestão de produtores familiares de leite e maracujá orgânico nas regiões Central e Noroeste do Estado do Paraná (CNPq). Também contou indiretamente com o apoio de financiamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares (PRONINC). O Projeto atende a agricultura familiar numa demanda que pretendeu priorizar o desenvolvimento social de populações socialmente vulneráveis de municípios que apresentem indicadores sociais baseados em IDH-M (Índices de Desenvolvimento Humano Municipal) insatisfatórios. É desenvolvido com produtores familiares oriundos de assentamentos da reforma agrária nos municípios de Quinta do Sol, Peabiru e de produtores familiares de Nova Tebas - Distrito de Poema. Este Manual Técnico reflete o trabalho de professores/pesquisadores, técnicos e acadêmicos envolvidos no projeto e outros participantes que compõe o Núcleo/Incubadora UNITRABALHO na Universidade Estadual de Maringá (UEM), programa este responsável pela execução e estruturação das atividades. 8 Também reflete o esforço de parceiros no trabalho, como a Fundação Terra/Emater. O seu conteúdo mostra o trabalho dos docentes da UEM, técnicos e acadêmicos no campo da Zootecnia e Agronomia, em especial, na bovinocultura de leite e maracujá orgânico que atuam na execução do projeto, bem como dos produtores familiares, que num processo de construção dialógica com esta equipe, possibilitou este Manual que tem por finalidade, servir de instrumento para consulta e orientação de produtores e outros que não tiveram oportunidade de participar no referido projeto. Enfim, é fruto de um trabalho que vai agregando o conhecimento científico, observando as práticas e ouvindo as vozes dos vários atores sociais envolvidos no desenvolvimento das ações para a qualificação técnica, melhoria da renda e da qualidade de vida. É valioso aos produtores familiares pelo seu conteúdo específico apresentado de forma bastante simples, onde trata das várias etapas que o produtor precisa vencer para aumentar e melhorar a produção leiteira e de maracujá orgânico, gerando uma maior renda para essas famílias, e garantido uma agricultura familiar mais sustentável. Com isso, esperamos contribuir com os produtores para facilitar o seu dia-a-dia de trabalho e melhorar a sua produtividade. Profa. Dra. Maria Nezilda Culti Pesquisadora Colaboradora no Projeto 9 A. Boas Práticas Para o Cultivo do Maracujá orgânico Gheysa Julio Pinto José Marcos de Bastos Andrade 1. Introdução Visando a sustentabilidade do sistema e boa produção com qualidade de frutos, algumas práticas culturais serão abordadas a fim de viabilizar a cultura do maracujá orgânico como alternativa para o pequeno produtor. Figura 1. Maracujá orgânico. Fonte: Equipe de trabalho, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 10 2. Obtenção das sementes A qualidade das sementes irá interferir diretamente nas características das mudas que formará o pomar, portanto algumas técnicas são necessárias na hora de selecionar os frutos. 2.1 Seleção dos frutos Devem ser selecionadas no mínimo 20 plantas de maracujá que apresentem boa produção de frutos, que não apresentem sintomas de pragas e doenças e que sejam vigorosas com relação à produção. Destas plantas selecionadas, serão escolhidos cerca de 3 frutos por planta que apresentem: casca fina, tamanho grande e formato ovalado, sadios, maduros e com boa quantidade de polpa. Os frutos selecionados devem ser colhidos e posteriormente secos à sombra por cerca de 15 dias; após este período selecionar aqueles frutos que não apresentem nenhum sintoma de doenças. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 11 Figura 2. Frutos sadios para obtenção de sementes. Fonte: Fernando Hata, 2010. 2.2 Coleta e armazenamento das sementes Pegar os frutos selecionados, retirar a polpa e armazená-la em recipiente de vidro de 2 a 5 dias para que ocorra a fermentação. Após este processo, com o auxílio de peneira, deve-se lavar a polpa com água corrente a fim de desprender a mucilagem das sementes. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 12 Colocar as sementes em recipiente com água e eliminar aquelas que boiarem após 30 minutos. Escoar a água, colocar o restante das sementes sobre papel absorvente e deixar que sequem a sombra por cerca de 3 dias. Após este processo as sementes já estão prontas para serem utilizadas. Se optar pelo armazenamento, as sementes devem ser guardadas em sacos de papel e estes colocados dentro de sacos plásticos, podem ser armazenados em geladeira por até 8 meses. Figura 3. Seleção de sementes de maracujá. Fonte: Fernando Hata, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 13 3. Produção de mudas As mudas podem ser feitas reutilizando-se copos descartáveis ou em sacos plásticos com furos na parte inferior. Estas embalagens devem ser cheias com substrato (três partes de terra de mata, uma parte de esterco de curral bem curtido e uma parte de areia), aconselha-se adicionar 2kg de calcário dolomítico e 1kg de Yoorin a cada metro cúbico (m3) de substrato. As embalagens devem ser cheias 30 dias antes do plantio das sementes e molhadas para assentamento do substrato. Com relação à semeadura, utilizam-se três sementes por embalagem enterrando-as em 1cm de profundidade; aconselha-se que esta seja realizada somente no período de julho a janeiro. Até o aparecimento das plântulas rega-se duas vezes ao dia; após a emergência somente uma vez por dia e com cerca de 15 dias antes do plantio irrigar em dias alternados. No local em que ficarão as mudas recomenda-se cobertura (sombrite, por exemplo) de proteção. Com o aparecimento da segunda folha verdadeira é realizado o desbaste deixando somente uma planta (a mais vigorosa) por embalagem. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 14 A cobertura deve ser retirada aos poucos e com aproximadamente 7 dias antes do plantio as mudas devem estar expostas a pleno sol. Recomenda-se também aplicações periódicas de Calda Bordalesa que auxilia na resistência da folha, além de servir no controle de doenças de plantas. Figura 4. Preparo de mudas reutilizando copos descartáveis. Fonte: Gheysa Pinto, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 15 3.1.Recomendação de homeopatia A homeopatia Calcarea carbonica melhora a resistência dos frutos à doenças e fortalece a planta como um todo, logo recomenda-se a utilização desta no tratamento das sementes ou para aplicação em mudas já formadas. . Modo de usar: Um dia antes do feitio das mudas as sementes devem ser mergulhadas em Calcarea carbonica 12CH (com água ao invés de álcool); após cerca de 12h nesta solução, retirar as sementes e realizar o feitio das mudas. Caso ocorra o aparecimento de radículas descartar estas sementes. Figura 5. Homeopatia para tratamento de sementes. Fonte: Gheysa Pinto, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 16 4. Preparo do terreno Antes da implantação do pomar, é imprescindível que a área seja cercada com culturas que bloqueiem ou diminuam a ação dos ventos; como por exemplo a utilização do napier, pois além de servir como quebra-vento pela elevada altura pode ser usado também como cobertura morta após seu corte. Figura 6. Quebra Vento com napier. Fonte: Gheysa Pinto, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 17 Recomenda-se também a utilização de adubos verdes, pois propiciam efeitos benéficos como, aumento do teor de matéria orgânica, desde que utilizada continuamente; diminuição dos índices de erosão, protegendo o solo de chuvas fortes; retenção de água no solo; diminuição da perda de nutrientes, como o nitrogênio; redução da quantidade de plantas espontâneas; favorecimento da proliferação de minhocas no solo e redução do ataque de pragas e doenças. Figura 7. Crotalaria juncea, adubo verde de verão. Fonte: Fernando Hata, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 18 5. Implantação do pomar Com relação à implantação do pomar, recomenda-se a utilização de mudas com cerca de 90 dias de idade, pois com o tempo apresentarão cutícula foliar mais grossa dificultando o ataque de pragas e doenças e o porte mais elevado auxilia na maior adaptação ao meio. Recomenda-se a utilização do plantio direto, pois quanto menos o solo for revolvido menor a incidência de plantas espontâneas. Para o plantio devem ser feitos berços de 40cm de largura por 50cm de comprimento e 50cm profundidade. Nos berços recomenda-se adubação de 20L de esterco curtido cerca de 30 dias antes do plantio ou 4 a 5L de húmus de minhoca. A época ideal para plantio é no início da estação chuvosa, a partir do mês de setembro evitando também a ocorrência de geadas. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 19 6. Tratos Culturais Alguns tratos culturais são indispensáveis para alcançar pomar sadio e produção de qualidade. Recomenda-se utilização de cobertura morta nas ruas e entre plantas do pomar a fim de evitar o aparecimento de plantas invasoras e manutenção da umidade do solo. Se porventura for constatado a presença de plantas espontâneas, fazer uso de capinas manuais cerca de 50cm ao redor da planta, pois as capinas mecânicas podem causar pequenos ferimentos nas raízes da cultura facilitando a entrada de patógenos de solo. Figura 8. Cobertura morta. Fonte: Gheysa Pinto, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 20 Plantas ou folhas com sinais de doenças devem ser imediatamente eliminadas do pomar para não se proliferarem. Não utilizar estas partes vegetais em composteiras, minhocários ou como cobertura morta. Com relação à poda, cerca de 15 dias após o plantio elimina-se todos os brotos laterais, deixando apenas o ramo mais vigoroso, que será conduzido por tutor até o final do arame; ao atingir cerca de 10 cm acima do último fio deve ser eliminado o broto terminal a fim de estimular o crescimento dos brotos laterais. Estes brotos serão conduzidos horizontalmente no fio. A poda de limpeza é feita no período de entressafra, retirando-se todos os ramos secos e/ou doentes, proporcionando melhor arejamento à folhagem do maracujazeiro e diminuição do risco de contaminação das novas brotações. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 21 A C B D E Figura 9. Poda de frutificação: A – planta antes da poda, mostrando os sarmentos originados dos esporões e varas deixados no ano anterior; B – planta mostrando as varas e os esporões deixados após a poda; C – brotação das duas gemas do esporão; D – detalhe indicando a posição dos cortes na poda mista de inverno; E – detalhe mostrando a vara e o esporão após a poda. Fonte: Poda e cia, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 22 7. Polinização A polinização do maracujazeiro é realizada principalmente pela mamangava. O tamanho do fruto é diretamente proporcional a quantidade de pólen depositada, portanto abelhas menores até conseguem fazer a polinização, no entanto, originarão frutos pequenos ou com pouca polpa. Se for constatada a presença de abelhas Apis sp. no pomar, é recomendado a retirada do enxame do local ou o cultivo de plantas mais atrativas que a flor do maracujá para estas polinizarem, como por exemplo, crotalária, hibiscus, entre outras. Figura 10. Abelha do gênero Apis. Fonte: Gallo images, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 23 Com relação às mamangavas (Xylocopa spp.) existem algumas técnicas que ajudam a preservá-las no pomar, por exemplo, troncos de madeira mole ou em decomposição com pequenos furos são convidativos para que elas façam seus ninhos ou a utilização de plantas atrativas, como a crotalária, que também serve como adubo verde. Figura 11. Polinização pela mamangava. Fonte: Fernando Hata, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 24 No caso de pomares comerciais ou quando há mão-de-obra disponível, pode-se optar pela polinização manual; com relação ao rendimento aproximado, 2-3 pessoas polinizam cerca de 1 hectare no período da tarde, lembrando que a partir da abertura da flor esta só permanece disponível para polinização por 4 horas. Recomenda-se a utilização de dedeiras de flanela ou utensílios caseiros, como demonstra a figura 12, onde o polinizador deve pegar o pólen de uma flor e depositar em outra por causa da polinização cruzada. Figura 12. Utensílio caseiro utilizado na polinização manual. Fonte: Fernando Hata, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 25 8. Colheita O fruto se desprende da planta quando completa seu desenvolvimento, cerca de 60 a 80 dias após o florescimento. A colheita consiste na catação manual destes frutos num período que varia de 6 a 9 meses. A colheita deve ser realizada diariamente, pois ao cair no chão os frutos são facilmente atacados por podridões o que deprecia o produto. Durante a coleta, ao passar pelas ruas do pomar, recomenda-se a derrubada dos frutos maduros que ainda não caíram ou que estejam presos entre os ramos da planta. Figura 13. Carregamento de maracujá pronto para ser comercializado. Fonte: marcosfrahm.spaceblog.com.br Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 26 9. Referências Bibliográficas BONATO, C. M. Homeopatia para o Agricultor – Princípios e Aplicações Práticas. Editora e Gráfica Clichetech. Maringá – PR, 2010. MELETTI, L. M. M. & MAIA, M. L. Maracujá, Produção e Comercialização. Boletim técnico 181. Instituto Agronômico de Campinas (IAC), 1999. PENTEADO, S. R. Fruticultura Orgânica, Formação e Condução. Aprenda Fácil Editora. Viçosa – MG, 2004. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 27 B. Controle Zootécnico na Pecuária de Leite Alysson Almeida Mattos Julio Cesar Damasceno Tamara Tais Tres 1. O que é Controle Zootécnico O controle zootécnico é uma ferramenta de gerenciamento utilizada na propriedade com a finalidade de conhecer a vida produtiva (controle de leite), reprodutiva (controle da reprodução) e sanitária (controle de vacinas e prevenção de doenças) do rebanho. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 28 2. Por que fazer Ao realizar o controle zootécnico com dados de produção, reprodução e sanitário dos animais podem-se: Conhecer a produção de cada vaca durante sua vida útil e identificar os animais de maior produção, ou seja, aquelas que apresentam longo período de lactação e elevada persistência de produção e descartar com segurança os piores animais do rebanho. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 29 • Promover a secagem das vacas em média 60 dias antes do parto para repor sua condição corporal e preparar a glândula mamária para a próxima lactação ou pela baixa produção de leite. • Selecionar as crias das vacas mais produtivas para permanecerem no rebanho, promovendo o melhoramento genético dos animais. • Oferecer ambiente e alimentação adequada para as vacas no pré-parto. • Controlar e prevenir doenças. • Acompanhar a evolução da produtividade do rebanho. • Definir pontos a serem melhorados na propriedade, baseados nos dados anotados. Figura 1. Propriedade em Engenheiro Beltrão. Fonte: Bruna Negrelli, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 30 3. Que dados anotar DADOS SOBRE: - Controle sanitário, Controle reprodutivo Controle leiteiro. São anotações essenciais que colaboram com o produtor para tomar decisões corretas sobre o destino do rebanho. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 31 3.1 Controle Sanitário O produtor deve seguir um planejamento sanitário adequado à atividade em função de um controle preventivo de doenças, que deve ser feito com o uso de vacinas e vermífugos. Com a ficha de controle sanitário consegue-se monitorar o rebanho nas ações preventivas que são obrigatórias por lei como a vacinação contra brucelose e febre aftosa (exceto no estado de Santa Catarina) além de outras vacinas que não possuem obrigatoriedade, mas são complementares a sanidade do rebanho como a vacina contra a raiva e o carbúnculo. Figura 2. Vacinação. Fonte: Foto Aparaiba, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 32 3.2 Controle Reprodutivo É o acompanhamento da vida de cada animal, levando em consideração todas as ocorrências reprodutivas ao longo de sua história. Tem como finalidade, dentre outras, conhecer o intervalo entre partos das vacas, identificar aquelas que repetem cios, suspeitar da influência do touro ou do sêmen sobre a fertilidade do rebanho, observar a ocorrência e freqüência de abortos, bem como conhecer a data de cobertura, parição e secagem. O controle reprodutivo evita erros comuns no dia-a-dia, como vacas vazias sendo consideradas como prenhes ou vice-versa, esquecimento da data de cobertura e, conseqüentemente, a previsão das datas de secagem e parto. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 33 No descarte de animais do rebanho, esta ficha juntamente com a ficha de controle leiteiro é essencial para a decisão para eliminar do rebanho animais com baixos índices produtivos. Ter um acompanhamento da vida reprodutiva das vacas é de extrema importância, pois problemas poderão ser detectados e corrigidos, já que ineficiência reprodutiva ocasiona também um déficit na produção leiteira, pois esta inicia-se a cada parto. 3.3 Controle Leiteiro e Escore de Condição Corporal Com o controle leiteiro pode-se obter dados como duração da lactação, produção total de leite na lactação e curva de lactação. Medidas indispensáveis para identificar as vacas de curta lactação, baixa produção ou com pouca persistência na lactação, que prejudicam todos os esforços para melhorar a produtividade do rebanho. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 34 Com os dados em mãos pode-se estabelecer a curva de lactação possibilitando a identificação de falhas de manejo do rebanho, como alimentação deficiente, instalações inadequadas, patologias não aparentes, entre outras. Permite também que seja acompanhada a evolução da produção leiteira dos animais, com o conhecimento de suas variações ao longo de uma lactação. Além de conhecer a produção de leite das matrizes podemos escolher as melhores novilhas para reposição do plantel, fornecer alimento concentrado de acordo com a produção, secar as vacas com níveis de produção inadequados do ponto de vista econômico, estipular produção mínima para descarte, dentre outras vantagens. Figura 3. Propriedades em Engenheiro Beltrão. Fonte: Bruna Negrelli, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 35 A condição ou escore corporal da vaca é uma forma de avaliar a quantidade de carne ou gordura através de observações visuais de sua aparência externa, monitorando assim o manejo nutricional do rebanho. Na atribuição do escore corporal, são observadas as regiões do animal que mais depositam a gordura de cobertura. O ideal é que na parição o animal apresente um escore em torno de 3,5, diminua no pico de lactação até 2,5 e após a metade da lactação recupere este escore para terminar a lactação com escore 3,0. No período seco o ideal é a vaca estar com escore 3,5 ou seja preparada para a próxima lactação. Figura 4. Assentamento Marajó. Fonte: Luciane Hisano, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 36 Sua avaliação tem sido mais eficiente do que o peso vivo na correlação com a eficiência reprodutiva, pois o peso vivo sofre influências da raça, horário de pesagem, tamanho do animal e estado fisiológico, enquanto que o escore corporal permite comparar animais de diferentes tipos com reduzida margem de erro. Além disto, o escore corporal pode ser feito de modo mais prático em nível de campo e com menor desgaste para os animais do que o uso da balança, pois é possível classificar os animais na sala de espera ou no pasto sem conduzi-los à mangueira. 4. Como usar as fichas São apresentadas algumas sugestões de fichas que se pode fazer em um caderno para controle do rebanho, em seguida seus exemplos de utilização. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 37 4.1 Controle Sanitário Estas anotações podem ser feitas na primeira página do caderno, já que esta ficha é única, usada para todo o rebanho. A ficha pode ser visualizada na Figura 5, com os dados essenciais para o controle sanitário. Figura 5. Ficha de controle sanitário do rebanho. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 38 Exemplo de utilização da ficha: Na ficha deve ser anotada a atividade realizada como exemplo a vacinação contra brucelose, e anota-se em seguida a data de vacinação dos animais. Como a vacinação para brucelose é feita uma única vez nas bezerras de 3 a 8 meses então, na categoria Bezerros (-1 ano) coloca-se o número de bezerras vacinadas que neste exemplo é de 3 bezerras e em seguida, anota-se o número total de vacinas gastas. Observe na Figura 6 a ficha de controle sanitário preenchida. Figura 6. Exemplo de uso da ficha de controle sanitário. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 39 4.2 Controle Reprodutivo Feito a ficha do controle sanitário, em outra folha do caderno anote o controle reprodutivo de cada animal, como é um controle individual necessita de uma folha para cada animal, como na figura 7. São anotadas: Data do cio/cobertura; Touro que foi usado para cobrir a vaca; Diagnostico representado por prenha ou vazia (no caso de repetir cio); Se repetir cio anotar a data de retorno ao cio; Estimar a data do parto em 282 dias (aproximadamente 9 meses) após a data da cobertura; Data da secagem sendo o ideal a ser feito 60 dias antes do parto; Data real do parto e sexo do bezerro; Eventuais incidentes que acontecerem durante a gestação e o parto. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 40 Figura 7. Controle Reprodutivo individual dos animais. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Figura 8. Inseminação em vaca Fonte: Foto Lívio Chaves, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 41 Utilização da ficha: Imagina-se uma propriedade em que a data do cio e cobertura foi dia 1 de março, com o touro Joca, mas a vaca foi considerada vazia, pois repetiu o cio, dia 22 de março foi novamente coberta com o touro Joca, mas voltou a apresentar cio no dia 12 de abril, novamente foi coberta pelo touro Joca, após 30 dias não foi observado o retorno ao cio podendo sugerir prenhes. A data prevista para o parto acrescentando 9 meses da data da cobertura foi de 12 janeiro de 2010. Com a data prevista pra o parto podemos estimar 2 meses antes desta como a data de secagem da vaca que foi estabelecida para 12 de novembro de 2009. A data real do parto foi dia 20 de janeiro desta forma este dado também deve ser anotado junto com o sexo do bezerro. No item observações foi registrada a retenção de placenta da vaca. A ficha preenchida com essas informações está apresentada na Figura 9, a seguir. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 42 Joca Joca Joca Figura 9. Ficha de controle reprodutivo individual preenchida. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Figura 10. Propriedade em Engenheiro Beltrão. Fonte: Bruna Negrelli, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 43 4.3 Controle Leiteiro e Escore de Condição Corporal No verso da ficha reprodutiva de cada vaca deve ser feita a ficha com os dados da produção de leite e escore de condição corporal da mesma vaca. O modelo está apresentado na Figura 12. Anota-se os dados da vaca como sua identificação, raça e idade. Anota-se também a lactação em que a vaca se encontra, por exemplo, se é sua primeira, segunda ou terceira lactação e a data que foi feito o registro de produção. Coleta-se a produção de leite mensal de cada vaca, sendo estabelecido um dia do mês para fazê-la com o registro da produção da ordenha da manhã e da tarde (duas ordenhas diárias) ao mesmo tempo anota-se o escore de condição corporal da vaca. Figura 11. Condição corporal de vacas. Fonte: Foto Boiapasto, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 44 Legenda: M = Produção de leite da manhã. T = Produção de Leite da tarde. ECC = Escore de condição corporal. Figura 12. Ficha de controle da produção de leite e escore de condição corporal mensal. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Para classificar os animais existe uma escala de pontuações conforme o seu estado de gordura. As vacas são classificadas entre valores de 1 a 5 sendo 1= muito magra; 2= magra; 3= média; 4= gorda; 5= muito gorda. A figura 6 mostra esta avaliação de escore corporal. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 45 O escore é efeito sobre a produção de leite, se a vaca estiver muito magra a produção de leite no pico será muito baixa e o retorno ao cio será tardio. Se estiver muito gorda pode provocar problemas nas reações que ocorrem no organismo do animal. Figura 13. Classificação do escore de condição corporal. Fonte: IEPEC – Instituto de Estudos Pecuários, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 46 Figura 14. Escore de condição corporal. Fonte: InteRural, 2010. Escore = 2,5 Figura 15. Vaca pastando em Propriedade em Engenheiro Beltrão. Fonte: Bruna Negrelli, 2011. Escore = 4 Figura 16. Animal apresentando escore 4. Fonte: Luciane Hisano, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 47 Usando a ficha: Seguindo o exemplo da vaca Mimosa que está em sua primeira lactação com data de parição no dia 20/01/2010, o dia escolhido para as anotações de produção de leite e avaliação do escore de condição corporal de todas as vacas foi o primeiro dia de cada mês, ou seja, a primeira anotação desta vaca vai ser juntamente com as outras do grupo no dia primeiro do mês seguinte, como na figura 17. Figura 17. Ficha de controle da produção de leite e escore de condição corporal mensal preenchida. Fonte: Alysson Mattos e Tamara Tres, 2010. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 48 5. Considerações Finais Baseados em índices zootécnicos o produtor pode verificar falhas no sistema de produção animal, principalmente no que envolve a esfera reprodutiva e produtiva, identificando os animais que não estão produzindo. Partindo-se da idéia de que a produtividade é um fator limitante no desenvolvimento da atividade pecuária leiteira, torna-se fundamental a utilização de recursos que visem seu retorno financeiro, sempre considerando a produção sustentável. Figura 18. Propriedade em Engenheiro Beltrão. Fonte: Bruna Negrelli, 2011. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 49 6. Referências Bibliográficas CORRÊA, E. S.; COSTA, F. P.; AMARAL, T. B.; CEZAR, I. M. Fichas para Controle Zootécnico de Bovinos de Corte. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte. 2002. BARCELLOSI, J. O. J. Gerenciando a Condição Corporal de vacas de cria para melhorar a eficiência reprodutiva. Porto Alegre/RS. IEPEC, Instituto de estudos Pecuários. Curso de condição de escore corporal de bovinos de leite. 2008. JUNIOR, J. M. C.; ANDRADE, C. M. S. Controle Zootécnico na Pecuária Leiteira. Acre: Embrapa. 2008. LOPES, M. A.; SANTOS, G. T.; ALBUQUERQUE, F. T. Maneira Prática de Realizar Controle Reprodutivo em Gado Leiteiro em Propriedades com Economia Familiar. Boletim Técnico - n.º 74 - p. 1-20. Lavras. MATTOS, A. A.; TRES, T. T. et al. Características de sistemas de produção leiteiros e proposta de controle da produção em Poema distrito de Nova Tebas, PR. In: I SIMPÓSIO DE GESTÃO DO AGRONEGÓCIO E I MOSTRA DE TRABALHO CIENTÍFICOS. UEM, Maringá, PR. 2010 (CDROM) SANTOS, A. F.; SANTOS, F. R.; HARTMANN, W. Curvas de lactação como instrumento para manejo de rebanhos leiteiros da raça Holandesa. Ciência Rural, v.34, n. 005, p. 1585-1591, 2004. Manual Técnico: Produção de Maracujá Orgânico e Gestão da Produção Leiteira 50 Agradecimentos Aos produtores familiares de Engenheiro Beltrão; Aos produtores familiares do distrito de Poema/ Nova Tebas; Aos produtores familiares dos Assentamentos Rurais Santa Rita e Monte Alto do Município de Peabiru; Aos produtores familiares dos Assentamentos Rurais Roncador e Marajó do Município de Quinta do Sol; À Cooperativa de Produtores Familiares do Vale do Ivaí Cooperivaí; À Cooperativa dos agricultores das comunidades 300 Alqueires, Vila Rural, Água dos Martas, 1000 Alqueires e Alvorada - Cooperatvama; Ao Núcleo/Incubadora Unitrabalho; À Universidade Estadual de Maringá; Além de toda a equipe Unitrabalho, que foram de suma importância na produção deste manual técnico. 51 Parceiros Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater); Prefeituras de Engenheiro Beltrão, Nova Tebas, Peabiru e Quinta do Sol; Fundação Terra. Proponente/ Executor Universidade Estadual de Maringá (UEM) Núcleo Incubadora Unitrabalho Av. Colombo, 5790 – Zona 07 - CEP: 87020-900 Bloco A01 - Salas 06 e 08 Contato: (44) 3011-3785/ 3011-3893 Site: www.unitrabalho.uem.br Email: [email protected]