Maracujá roxo Author(s: Madeira, Bernardo Published by: Publindústria Persistent URL: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25449 Accessed : 19-Jun-2017 04:46:33 The browsing of UC Digitalis, UC Pombalina and UC Impactum and the consultation and download of titles contained in them presumes full and unreserved acceptance of the Terms and Conditions of Use, available at https://digitalis.uc.pt/en/terms_and_conditions. As laid out in the Terms and Conditions of Use, the download of restricted-access titles requires a valid licence, and the document(s) should be accessed from the IP address of the licence-holding institution. Downloads are for personal use only. The use of downloaded titles for any another purpose, such as commercial, requires authorization from the author or publisher of the work. As all the works of UC Digitalis are protected by Copyright and Related Rights, and other applicable legislation, any copying, total or partial, of this document, where this is legally permitted, must contain or be accompanied by a notice to this effect. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt 2 1.o Trimestre de 2013 Maracujá Roxo Proteção de pomares – uma inevitabilidade A framboesa Kweli afirma-se no Sudoeste Alentejano José Carvalho e o sonho de criar uma exploração de morangos Este suplemento faz parte integrante da Agrotec n.o 6, do 1.o trimestre de 2013, e não pode ser vendido separadamente. peouenosfrutos produção Maracujá Roxo POR: BERNARDO MADEIRA Um dos frutos exóticos que melhor se adaptou ao sul e norte litoral de Portugal é o maracujá roxo (Passiflora edulis). É fruto redondo, tendo aproximadamente o tamanho de um ovo grande, de peso médio entre os 60 e os 150 gramas, de sabor doce, acidez variável de acordo com a variedade, estado de maturação e local de produção, sendo apenas comestível o conteúdo, que tem um forte e muito agradável aroma a... maracujá. A s cascas têm usos medicinais e podem ser consumidas por animais. A floração, exuberante, produz belo efeito ornamental em jardins. O género deve o seu nome “Passiflora”, ao facto de se ter encontrado uma simbologia entre as suas flores e a paixão de Cristo, da seguinte forma: os três estigmas seriam os três pregos de &ULVWRFUXFLͤFDGRDVFLQFRDQWHUDVUHSUHVHQWDYDPDVFLQFRFKDJDVDV gavinhas eram os açoites usados para o martirizar e a flor a coroa de espinhos. INSTALAÇÃO DO POMAR Planta nativa da América do Sul, ocorrendo em matas do Brasil e A forma mais prática de instala- Argentina, trata-se de uma espécie sub-tropical, sendo as variedades ção de um pomar de maracujá é roxas muito tolerantes ao frio e à geada, podendo ser cultivadas sem a plantação, em março ou abril, receio do Algarve ao Minho, onde as temperaturas mínimas invernais de plantas enraizadas em alveó- não baixam, habitualmente dos 0 ºC, podendo suportar episódios de los ou em vasos. algumas horas de -4 ºC, mas nestes casos deve acautelar-se o uso de Tratando-se de uma planta sistemas de rega por aspersão para evitar os danos do frio ou abrigos, trepadora, de caules herbáceos, polituneis, como os que se usam para a framboesa (técnica que per- virtude das elevadas cotações providos de gavinhas, deve mite obtenção de maiores rendimentos). que o fruto atinge, pela falta assegurar-se um suporte por de produção e pelo abasteci- onde as plantas possam trepar, ensaios de média dimensão (cerca de 1ha) na região de Braga e Viana mento estar, quase totalmente, podendo orientar-se a planta- do Castelo (ao ar livre e em abrigo), é a Madeira que lidera a produção suportado pela fruta importada, ção em ramada ou em “bardo”, nacional. sendo frequente, dependendo como na vinha. Nas regiões da época do ano, apresentar-se mais frias a produção em bardo entre os 4 e os 10€/kg. (basta um a dois arames, à Embora existam já alguns pomares industriais no Algarve e vários O maracujá tem, quer no mercado nacional quer internacional, um escoamento regular, que não é mais fluído em Portugal em altura máxima de 1,6 a 2m de altura), é mais recomendada, sobretudo, por garantir uma maior exposição da fruta e da cortina de vegetação ao sol, obtendo-se, assim, uma melhor maturação, fruta mais doce e menos ácida, além da facilidade 2m de colheita, podendo aproveitar-se os bardos de vinhas abandonadas. Na cultura em bardo as plan- 5m tas são instaladas a intervalos que vão dos 2 a 5 metros na linha e 2,5 a 3m nas entrelinhas, guiadas por estaquinhas de cana RXPHOKRUSRUͤRVFRPR«XVR 10 peouenosfrutos produção fazer-se com o tomate e o feijão, desde o solo até ao primeiro arame, A cultura do maracujá apresenta uma média de produção das 10 ao qual a planta se agarrará por meio das sua gavinhas, formando, a 15 toneladas/hectare, tendo, contudo, um potencial superior às 30 depois, uma cortina retumbante. toneladas por hectare, em excelentes condições produtivas e usando Durante a formação da guia principal deverão ser eliminadas variedades melhoradas australianas ou brasileiras. DVUDPLͤFD©·HVODWHUDLVTXHFUHV©DPEDL[DVGHPRGRDJDUDQWLUR crescimento de apenas uma haste até à altura do arame, e quando se ultrapassa, cerca de 30 centímetros a altura deste, é feita a desponta NOTAS FINAIS (corte da gema do ápice), estimulando-se a rebentação de ramos A polinização é um dos aspetos melindrosos da cultura, sobretudo laterais, escolhendo-se então duas hastes que serão orientadas pelo facto de a flor só estar recetiva apenas durante um dia e exigir a sobre o arame, mantendo os ramos que surgem a partir destes dei- presença de elevado número de abelhões ou bezouros (Bombus spp.) xados retumbar pendurados no arame, como se se tratasse de uma pelo que a presença destes na plantação deve ser reforçada, eventu- cortina. almente com a instalação de colmeias deste inseto, e mesmo assim, Como a planta tem uma duração produtiva relativamente curta, até 3 anos, deve-se acautelar a constante renovação da plantação. Deve-se manter uma faixa livre de infestantes de cerca de 1 metro por vezes pode ser de recomendar que se assegure manualmente a polinização (para atingir o máximo potencial produtivo). De notar que a abelha doméstica, Apis mellifera, em caso de falta para cada lado da planta, não faltando as regas diárias no verão, mas de abelhões, pode ser um problema para a polinização, pois “rouba” não excessivas, sendo os bolores da raiz temíveis inimigos da cultura, grande quantidade de pólen sem, efetivamente, realizar a polinização. sendo esta uma das razões para nunca se realizarem mobilizações do É uma planta de rápida instalação, mas com um ciclo produtivo solo, (herbicidas, capinagens e uso de plásticos para proteção contra inferior a 3 anos. Além da necessidade de renovação de plantas é con- infestantes). veniente planear uma rotação de culturas, por exemplo, a cada 6 anos, O pH do solo deve encontrar-se entre os 6 e os 7,5, procedendo-se para evitar a prevalência de doenças, sendo a amora, por exemplo, a correções se necessário, e a uma abundante fertilização de fundo, uma das culturas que poderá aproveitar a infraestrutura tutora e de rica em estrumes bem curtidos. rega. PUB