ANTROPOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: tensão universalismo e diversidade cultural no debate antropológico brasileiro Igor Rolemberg Gois Machado Objetivos A pesquisa se desenvolveu a partir de uma inquietação inicial acerca do imobilismo do debate entre universalismo e relativismo cultural nos direitos humanos. Partimos do pressuposto que nesse debate os estudos antropológicos de cultura poderiam fornecer um instrumental interessante para analisá-lo e perceber que talvez os termos em que a discussão vem sendo proposta não colocam os efetivos problemas e, portanto, não consegue superá-los. Assim a leitura dos textos de antropólogos brasileiros sobre o tema permitiu investigar (i) de que maneira eles se posicionavam e (ii) e quais alternativas eram propostas para superação do debate. Nesses últimos termos, pretendíamos investigar se haveria uma saída crítica que superasse a tensão universalismo e relativismo cultural nos direitos humanos, no sentido de nem acabar caindo na defesa de imperialismo do bem, nem cair no niilismo político. Métodos/Procedimentos Primeiramente mapeamos o debate antropológico brasileiro através do banco de dados do Currículo Lattes, onde, inserindo palavras-chave referentes ao tema “antropologia e direitos humanos”, pudemos chegar a um número de pesquisadores e professores na área, investigar sua produção bibliográfica, e perceber em que artigos, livros e capítulos de livros, poderíamos encontrar uma publicação que tratasse da relação entre a antropologia e os direitos humanos, por meio da discussão entre universalismo desses direitos e proteção da diversidade cultural. Realizada essa etapa, passamos para a leitura dessa produção e sistematização das posições teóricas. Resultados De modo geral, percebemos que o debate se concentrava muito na possibilidade e limites da concretização de um diálogo intercultural, de maneira que ao longo da pesquisa foi se formando um espectro no qual ficavam cada vez mais visíveis antropólogos mais entusiasmados com a possibilidade de uma fundamentação universal dos direitos humanos através de um diáloogo entre culturas inicialmente conflitantes, e outros antropólogos mais céticos em relação a essa possibilidade ou mesmo mais críticos e negadores dela. O interessante foi descobrir como o que, no fundo, pautava a posição eram as concepções muito específicas de “cultura”, “moral” e “poder”, mobilizadas e a combinação que se fazia entre elas. Conclusões O trabalho não teve uma finalidade de analisar quantitativamente o debate, no sentido de representá-lo estatisticamente e demonstrar qual a tendência dos antropólogos, de se manifestarem mais à defesa do universalismo ou da diversidade cultural, ou ainda, de se apegarem mais a uma saída do impasse, como o diálogo intercultural, do que outras. O importante foi a análise qualitativa do debate, em que percebemos que o decisivo na fundamentação trata-se de que maneira cultural e moral estão relacionadas, vale dizer, se a relação é de igualdade (toda cultura possui uma moral) ou se é de distinção de níveis (há várias culturas, mas moral é só uma). Referências Bibliográficas CARDOSO DE OLIVEIRA R. “Antropologia e Moralidade”, in RBCS n 24, fev,1994. SCHRITZMEYER, Ana Lucia Pastore. “Os direitos humanos são uma forma de ocidentalcentrismo” (mimeo)