Doenças da tireoide na prática clínica Sessões Clínicas em Rede nº 01 | 30/5/2012 Hipotireoidismo primário Hipotireoidismo subclínico Hipotireoidismo central Hipertireoidismo Hipertireoidismo subclínico Triagem para disfunções tireoidianas Bibliografia A disfunção tireoidiana leve, definida como níveis de tireotropina sérica (TSH) fora da faixa de referência, associada a níveis normais de hormônios tireoidianos, é frequente na prática clínica. Sua prevalência está associada à idade, ao sexo e ao teor de iodo da dieta. O rastreamento dessas doenças e os benefícios clínicos de seu tratamento serão abordados de maneira resumida nesta revisão, juntamente com a descrição das afecções tireoidianas mais comuns. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO Introdução O hipotireoidismo caracteriza-se pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos. É classificado como primário quando as alterações que levam à disfunção ocorrem na própria glândula tireoide. São causas frequentes a deficiência de iodo na dieta, alterações inflamatórias ou tireoidites - sendo a tireoidite de Hashimoto, forma crônica e autoimune, a mais frequente -, tireoidectomias parciais ou totais, radioiodoterapia para tratamento do hipertireoidismo e irradiação externa na área do pescoço e/ou tórax para o tratamento de neoplasias.1,2 As doenças infiltrativas, tais como sarcoidose e amiloidose, são causas mais raras do hipotireoidismo. Essa disfunção pode ocorrer, também, como efeito secundário ao uso de medicamentos como lítio, amiodarona, derivados fenóis, sulfonilureia, etc. O hipotireoidismo primário franco acomete 0,3% a 0,7% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, chegando a 1,8% na população acima de 60 anos. 1,2 Apresentação clínica A maioria dos pacientes com hipotireoidismo franco apresenta sintomas e sinais descritos na Tabela 1.3 1 Tabela 1: Principais sinais e sintomas do hipotireoidismo Mecanismo Desaceleração dos processos metabólicos Sintomas Fadiga e cansaço, intolerância ao frio, dispneia ao esforço, ganho de peso, disfunção cognitiva, constipação intestinal. Acúmulo de substâncias Pele seca, rouquidão, edema. Outros Diminuição da audição, mialgia, parestesia, depressão, artralgia. Fonte: Uptodate.3 Sinais Movimentos e fala lentos, relaxamento tardio dos reflexos tendinosos, bradicardia. Pele grossa, edema de fácies e queda das sobrancelhas, edema periorbital, macroglossia, carotenemia. Hipertensão diastólica, derrame pericárdico e pleural, ascite, menorragia, galactorreia, atraso puberal. Diagnóstico O diagnóstico é clínico, confirmado por testes de laboratório que mostram TSH alto e T4 livre baixo. Não há necessidade da realização do T4 total, T3 total ou livre para o diagnóstico.3 Tratamento O tratamento é feito com levotiroxina (T4) oral com melhora das manifestações clínicas da doença. O acompanhamento pode ser feito apenas com a dosagem do TSH, exceto no paciente com hipotireoidismo central, quando o exame de eleição é o T4 livre.4 Topo HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Introdução Trata-se de doença tireoidiana que acomete de 2,5% a 4,3% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, especialmente nas mulheres, chegando a 13,6% na população de ambos os sexos acima de 60 anos e a 25% nas mulheres acima de 65 anos. Várias situações clínicas, como diabetes tipo I, história de doença autoimune, irradiação do pescoço e uso de alguns medicamentos, estão associadas ao hipotireoidismo subclínico.5 Apresentação clínica Os indivíduos acometidos por hipotireoidismo subclínico são assintomáticos ou têm sintomas leves. Pacientes com TSH < 10 μUI/mL geralmente são assintomáticos.5 Diagnóstico O diagnóstico do hipotireoidismo subclínico baseia-se em testes laboratoriais, com TSH elevado e T4 livre normal.5 Essa condição deve ser distinguida de outras causas fisiológicas ou transitórias de aumento do TSH, sendo importante afastar a possibilidade de erro laboratorial, interferências de drogas, tireoidites e outras causas que podem acometer a glândula.6 Nas grávidas, de 2 acordo com a idade gestacional, os valores de referência do TSH e T4 livre podem variar. Recomendações específicas para essa situação não serão objeto deste documento.7 Tratamento Pacientes com TSH alto (acima de 10 μUI/mL) e com anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) positivos têm chance maior de progredir para hipotireoidismo franco. Entretanto, apesar do achado laboratorial, é controverso, na literatura, se esses pacientes se beneficiam com a instituição precoce do tratamento.8 Estudos demonstraram que a doença arterial coronariana é mais prevalente nos pacientes com hipotireoidismo subclínico, associado à elevação do TSH e à idade inferior a 65 anos.9 De forma paradoxal, nos pacientes com idade acima de 85 anos e níveis de TSH até 10 μUI/mL, esta condição foi associada à maior sobrevida.10 A mesma controvérsia existe quanto ao ponto de corte da dosagem de TSH a partir do qual a terapia medicamentosa deve ser instituída. O tratamento com tiroxina evita a progressão para o hipotireoidismo franco, especialmente naqueles pacientes com TSH maior que 10 μUI/mL e anti-TPO positivo, resultando em benefícios na contratilidade e na função cardíacas. Entretanto, há risco de tratamento excessivo, resultando em hipertireoidismo, o que aumenta o risco de complicações cardíacas, como angina e infarto, e eleva os custos tanto com o tratamento, como com o seguimento de pacientes assintomáticos.5 Topo HIPOTIREOIDISMO CENTRAL Introdução Condição rara, corresponde a menos de 1% dos pacientes com hipotireoidismo. É causado por alterações na hipófise (hipotireoidismo secundário) ou no hipotálamo (hipotireoidismo terciário). Pode ser consequente a cirurgias prévias, radioterapia externa ou radiocirurgias, ou a lesões com efeito de massa sobre a hipófise, como cistos, abscessos, doenças inflamatórias e de depósito, tumores primários ou metastáticos. O macroadenoma da hipófise é a causa mais comum.11 Apresentação clínica Os sintomas são os mesmos do hipotireoidismo primário, às vezes mais leves. Os sintomas mais comuns são fadiga, intolerância ao frio, cãibras musculares, cefaleia e ganho de peso. Geralmente se associa à história de doença do hipotálamo ou da hipófise, com alterações resultantes da deficiência ou do excesso de outros hormônios hipofisários.11 Diagnóstico O diagnóstico é clínico e laboratorial. A suspeita clínica ocorre quando existe, pelo menos, uma das condições seguintes: a) doença hipotalâmica ou hipofisária conhecida; b) lesão com efeito de massa sobre a hipófise; c) sinais e sintomas de hipotireoidismo, associados a outras deficiências hormonais; 3 d) história prévia de cirurgia sobre a hipófise ou irradiação do SNC. 11 O diagnóstico do hipotireoidismo central requer a dosagem de TSH e T4 livre. O TSH pode estar normal, baixo ou alto, associado a T4 livre baixo ou normal.11 Tratamento O tratamento é feito com a reposição de tiroxina (T4). Nos pacientes com tumores de hipófise, a cirurgia pode levar à normalização da função tireoidiana com consequente suspensão da medicação. 11 Topo HIPERTIREOIDISMO Introdução Essa disfunção tireoidiana acomete aproximadamente 1,3% da população, é mais prevalente nas mulheres (5:1) e pode chegar a 4% em mulheres idosas. O hipertireoidismo pode ter várias causas e a correta determinação da sua etiologia é fundamental para o tratamento. Entre as mais comuns, destacam-se a doença de Graves, de etiologia autoimune, o bócio nodular tóxico e quadros de tireoidites, principalmente na forma subaguda.12 Apresentação clínica As manifestações clínicas do hipertireoidismo independem de sua etiologia. As principais estão descritas na página seguinte, na Tabela 2:13 Diagnóstico O diagnóstico é clínico e laboratorial. O hipertireoidismo franco pode manifestar-se pelos sinais e sintomas descritos na Tabela 2 e dosagem de TSH baixa (< 0,1 μUI/mL) com T4 livre e/ou T3 aumentados. 12 Tratamento O tratamento do hipertireoidismo depende de sua causa básica. A escolha da terapêutica (antitireoidianos, iodo radioativo ou cirurgia) dependerá da idade, da etiologia do hipertireoidismo e das condições clínicas do paciente. Em situações de captação baixa ou ausente de iodo, como ocorre nas tireoidites, no uso exógeno de hormônios da tireoide ou na sua produção ectópica, normalmente não há indicação para uso de medicamentos antitireiodianos ou de iodo radioativo. A indicação recai sobre uso de beta-bloqueadores para controle dos sintomas, além de anti-inflamatórios ou corticoides. Nos casos de uso exógeno de hormônio tireoidiano o tratamento indicado é o ajuste da dose ou o uso de beta-bloqueadores. Para o hipertireoidismo decorrente de produção ectópica, deverá ser tratada a causa subjacente, como a metástase do câncer de tireoide ou a neoplasia de ovário, por exemplo.12,13 4 Tabela 2: Principais manifestações clínicas do hipertireoidismo Sistema tegumentar Pele quente e úmida, que pode ser eritematosa (raro) ou hiperpigmentada. Afilamento dos cabelos e diminuição da queratina. Pode estar associado a outras doenças autoimunes: Alopécia areata, vitiligo. Na doença de Graves: Mixedema tibial, com edema pretibial associado a pápulas violáceas. Olhos Atraso no fechamento dos olhos (esclera é visualizada antes da íris quando o paciente olha para baixo) Na doença de Graves: Alterações cardiovasculares Taquicardia, fibrilação atrial. Alterações metabólicas Diminuição do colesterol total, relação colesterol total/HDL baixa, hiperglicemia - intolerância à glicose, diminuição dos níveis de cortisol, aumento da fosfatase alcalina. Sistema digestivo Perda de peso, hiperdefecação (sem diarreia), disfagia. Sinais inflamatórios e exoftalmia. Sistemas urinário e reprodutor Alterações hematológicas Aumento da frequência de diurese, noctúria. Em mulheres: Amenorreia, oligomenorreia, infertilidade. Em homens: Tendência à trombose - aumento dos níveis de protombina e do fibrinogênio; aumento da função plaquetária e do fator de Von Willebrand. Disfunção erétil, diminuição da libido, ginecomastia. Alterações neuropsiquiátricas Agitação, depressão, insônia, dificuldade de concentração, memória recente alterada, amnésia. Sistema endócrino Bócio. Fonte: Uptodate.13 Alterações esqueléticas Osteoporose. Alterações menos comuns Ansiedade, inquietação, irritação, labilidade emocional, psicose, confusão. Topo HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Introdução A prevalência do hipertireoidismo subclínico varia de 0,7% a 12,4% e aumenta nas mulheres idosas e fumantes. É mais frequente em regiões com baixo consumo de iodo. As causas são as mesmas do hipertireoidismo.14 Apresentação clínica Os sintomas são inespecíficos. A Tabela 3 mostra suas principais manifestações clínicas.14 5 Tabela 3: Manifestações clínicas do hipertireoidismo subclínico Alterações esqueléticas Diminuição da densidade óssea, especialmente nas mulheres na pós-menopausa. Alterações cardiovasculares Fibrilação atrial (aumento da incidência), taquicardia e batimentos atriais prematuros; aumento da contratilidade cardíaca, da massa ventricular esquerda, da espessura septal e da parede posterior. Alterações metabólicas Diminuição do colesterol LDL; aumento sérico das enzimas hepáticas. Alterações neuropsiquiátricas Insônia. Fonte Uptodate.14 O risco de morte por hipertireoidismo subclínico é pequeno, mas aumenta com o grau de supressão do TSH (TSH < 0,03 μUI/mL) e com o envelhecimento.14 Diagnóstico O diagnóstico é baseado nos testes de laboratório, com TSH baixo (< 0,5 μUI/mL) e T4 livre e T3 normais.14 Tratamento Existem poucos estudos sobre o benefício do tratamento do hipertireoidismo subclínico. Os trabalhos mostram que o tratamento leva à diminuição da frequência cardíaca, da massa ventricular esquerda e septal e à melhora dos parâmetros hemodinâmicos. Em mulheres idosas, o tratamento minimiza a perda óssea. Mas não há estudos que confirmem, em longo prazo, os benefícios do tratamento sobre os sinais e sintomas cardiovasculares e esqueléticos. É importante salientar que a manutenção do TSH suprimido é recomendada no tratamento da maioria dos pacientes portadores de câncer da tireoide.14 Topo TRIAGEM PARA DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS Introdução A triagem é a realização de exames para detectar uma doença potencial ou condição em uma pessoa que não apresenta sinais ou sintomas dessa condição no momento em que os testes são realizados. A triagem, por meio da dosagem dos hormônios que avaliam a função tireoidiana, pode identificar pacientes assintomáticos ou com sintomas discretos ou não específicos, que tenham maior risco para desenvolver doenças da tireoide. Detecta precocemente disfunções, evitando complicações tardias e propicia o tratamento precoce. Entretanto, há grande controvérsia, na literatura, sobre o valor da triagem, tanto por não haver consenso sobre o benefício em se tratar o paciente assintomático e com pequenas alterações hormonais, como pelos custos envolvidos.15 6 Como realizar a triagem? A dosagem de TSH é o exame de eleição para a triagem das doenças tireoidianas, pois é capaz de detectar pequenas anormalidades antes que ocorram alterações nos exames séricos de T4 e T3. Testes de segunda e terceira gerações têm a capacidade de detectar variações da ordem de 0,1 e 0,01 μUI/mL de TSH sérico, respectivamente, e são mais sensíveis na avaliação de pacientes ambulatoriais. A sensibilidade dos testes é de aproximadamente 98% e a especificidade, acima de 92%.16 A dosagem isolada de TSH apresenta limitações nos pacientes com alterações da função tireoidiana secundárias ao acometimento da hipófise ou hipotálamo, como ocorre no hipotireoidismo central. Nesta situação, está indicada a realização do T4 livre. No entanto, acrescentar o T4 livre à triagem, de forma indiscriminada, eleva os custos sem aumentar o benefício para o paciente, já que o hipotireoidismo central tem baixa prevalência na população geral. A triagem para doença tireoidiana não é recomendada, de rotina, para pacientes internados. Diversas condições clínicas, não relacionadas à função tireoidiana, e uso de diversos medicamentos podem alterar as concentrações do TSH e das proteínas transportadoras dos hormônios da tireoide, modificar as concentrações séricas do T4 livre e do T3 e levar a diagnósticos equivocados. 16,17 Quais pacientes devem ser triados? Não há consenso na literatura sobre a população a ser triada e as diretrizes das diversas sociedades diferem entre si. Faltam estudos populacionais randomizados que demonstrem os benefícios do tratamento do paciente portador de alterações tireoidianas subclínicas.6,8 A United States Preventive Services Task Force não recomenda, de rotina, a triagem para doenças tireoidianas nos adultos, enquanto a ATA a indica para adultos a partir dos 35 anos, com repetição a cada cinco anos. A American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) recomenda a triagem em pacientes idosos, sem especificar a idade, especialmente nas mulheres. O Consenso publicado em 2005 pela ATA, pela AACE e pela Endocrine Society recomendava a triagem para indivíduos acima de 60 anos ou em qualquer idade com risco aumentado para disfunções tireoidianas.15 Essa diversidade de recomendações reflete a falta de consenso sobre o tema. O rastreamento sistemático das grávidas não é recomendado na última publicação da ATA, que considera as evidências insuficientes para se posicionar a favor ou contra sua indicação. Os mesmos fatores de risco para pacientes não grávidas devem ser considerados para a triagem da gestante.7 Situações clínicas nas quais a triagem está indicada, segundo recomendações da Clinical Knowledge Summaries (CKS) do Reino Unido18: 1. 2. 3. 4. 5. Bócio* Diabetes tipo 1* Diabetes tipo 2** Fibrilação atrial** Osteoporose** 7 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Dislipidemia** Uso de iodo radioativo ou cirurgia prévia tireoidiana* Irradiação cervical* História familiar de doença tireoidiana* História pessoal de doença da tireoide* História de doenças autoimunes, incluindo as tireoidianas* Portadores de anticorpos anti-TPO positivos* Síndromes de Down ou Turner* História de tireoidite pós-parto* Infertilidade, abortamento espontâneo ou parto pré-termo recorrente** Depressão pós- parto* Uso de substâncias que interferem na função tireoidiana* *Recomendação de avaliação tireoidiana periódica, a critério clínico. **Recomendação de exame somente ao diagnóstico. A Tabela 4 mostra os medicamentos que interferem na secreção da glândula tireoide ou no resultado de suas dosagens hormonais. A influência do uso desses medicamentos deve ser cuidadosamente considerada no diagnóstico da disfunção tireoidiana. Tabela 4: Medicações que interferem na secreção ou nas dosagens hormonais da tireoide Medicamentos que interferem na secreção ou dosagem de hormônios tireoidianos Diminuem a secreção do TSH: glicocorticoides, dopamina, octreotida, bexaroteno, opiáceos, bromocriptina, fentolamina e hormônio de crescimento. Alteram a secreção de hormônios tireoidianos: amiodarona, litium, iodetos, tionamidas, aminoglutamida, perclorato, citocinas. Diminuem a absorção de T4: colestiramina, colestipol, sucralfato, sulfato ferroso, hidróxido de alumínio, inibidores de bomba de prótons, compostos com cálcio. Alteram transporte de T3 e T4 no soro: estrógenos, SERMs, metadona, heroína*, fluorouracil, andrógenos e esteroides anabolizantes, furosemida, salicilatos, meclofenamato, heparina, clofibrato. Alteram o metabolismo de T3 e T4: fenobarbital, rifampicina, fenitoína, carbamazepina, betabloqueadores, contrastes iodados. Disfunção mediada por citocinas: interferon alfa. Imunobiológicos: alemtuzumabe. Inibidores de tirosina quinase: sunitinibe, imatinibe, sorafenibe. *Considerar interferência em usuários de heroína. Fonte: Kundra et al e Almandoz et al.15,16 Quando repetir o exame? A necessidade de repetir a dosagem do TSH ou complementar a propedêutica com T4 livre depende da condição clínica do paciente. Na ausência de alterações ou do surgimento de novos fatores de risco, recomenda-se a repetição da dosagem de TSH a cada cinco anos. Conclusão As alterações da função tireoidiana são prevalentes em nosso meio, especialmente em mulheres acima de 60 anos. A triagem deve ser realizada, preferencialmente, no grupo de pacientes com maior risco para desenvolver essas disfunções. 8 A estratégia mais recomendada de triagem, em pacientes ambulatoriais, é a dosagem do TSH de última geração, por se tratar do exame mais sensível e específico para esta finalidade. Na ausência de alterações ou de surgimento de novos fatores de risco, essa triagem pode ser repetida a cada cinco anos. A triagem rotineira de alterações tireoidianas em pacientes internados não é recomendada, porque os resultados dos exames sofrem influência de várias condições clínicas, como traumas, pós-operatórios e efeitos de diversos medicamentos, podendo levar a conclusões equivocadas. Alterações discretas de TSH no idoso devem ser interpretadas com cautela na definição diagnóstica e para a decisão terapêutica, pois parecem estar associadas a um efeito protetor cardiovascular. Topo BIBLIOGRAFIA 1. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Diagnosis of and screening for hypothyroidism. Last update in 2010. Disponível em : http://www.uptodate.com/contents/diagnosis-of-and-screening-for hypothyroidism?source=search_result&search=hypothyroidism&selectedTitle=1%7E150, acesso em 12/12/2011. 2. Silva RC. Importance of thyroid function evaluation in patients with diabets mellitus. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005; 49 (2) 180-2. 3. Surks MI, Ross DS, Mulder JE. Clinical manifestations of hypothyroidism. Last update 2010. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/clinical-manifestations-ofhypothyroidism?source=search_result&search=hypothyroidism&selectedTitle=3%7E150, acesso em 10/02/2012. 4. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Treatment of hypothyroidism. Last update 2012. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/treatment-ofhypothyroidism?source=search_result&search=hypothyroidism&selectedTitle=2%7E150 . Acesso em 21/12/2012. 5. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Subclinical hypothyroidism. Last update 2012. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/subclinicalhypothyroidism?source=search_result&search=hypothyroidism&selectedTitle=6%7E150 . Acesso em 25/04/2012. 6. Cooper DS, Biondi B. Subclinical thyroid disease. Lancet, 2012; 379 (9821): 1142-54. 7. Stagnaro-Green A, Abalovich M, Alexander E et al. Guidelines of the America Thyroid Association for the diagnosis and management of thyroid disease during pregnancy and postpartum. Thyroid,2011; 21(10):1081-125. 8. Rugge B, Balshem H, Sehgal R, Relevo R, Gorman P, Helfand M. Screening and Treatment of Subclinical Hypothyroidism or Hyperthyroidism. Comparative effectiveness review No. 24. AHRQ Publication no. 11(12)EHC033-EF. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality. October 2011. Disponível em: www.effectivehealthcare.ahrq.gov/reports/final.cfm. Acesso em 20/04/2012. 9. Razvi S, Shakoor A, Vanderpump M, Weaver JU, Pearce SH. The influence of age on the relationship between subclinical hypothyroidism and ischemic heart disease: a metaanalysis. J Clin Endocrinol Metab. 2008; 93 (8):998-3007. 10. Gussekloo J, van Exel E, de Craen AJ, Meinders AE, Frölich M, Westendorp RG. Thyroid status, disability and cognitive function, and survival in old age. JAMA, 2004; 292(21):2591-9. 9 11. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE.Central hypothyroidism. Last update 2011. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/centralhypothyroidism?source=search_result&search=hypothyroidism&selectedTitle=13%7E150; acesso em 12/02/2012. 12. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Diagnosis of hyperthyroidism. Last update in 2011. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/diagnosis-ofhyperthyroidism?source=search_result&search=hyperthyroidism&selectedTitle=1%7E150; acesso em 02/02/2012. 13. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Overview of the clinical manifestations of hyperthyroidism in adults. Last update 2010. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-clinical-manifestations-ofhyperthyroidism-inadults?source=search_result&search=http%3A%2F%2Fwww.uptodate.com%2Fcontents%2Foverview-of-theclinical-manifestations-of-hyperthyroidism-in+adults&selectedTitle=1~150; acesso em 02/02/2012. 14. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Subclinical hyperthyrodism. Last update 2012. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/subclinicalhyperthyroidism?source=search_result&search=hyperthyroidism&selectedTitle=7%7E150; acesso em 25/04/2012. 15. Almandoz JP, Gharib H. Hypothyroidism: etiology, diagnosis and management. Med Clin N Am. 2012; 96:203-21. 16. Ross DS, Cooper DS, Mulder JE. Laboratory assessment of thyroid function. Last update 2011. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/laboratory-assessment-of-thyroidfunction?source=search_result&search=thyroxine&selectedTitle=4%7E150; acesso em 02/12/2011. 17. Kundra p, Burman KD. The effect of medications on thyroid function tests. Med Cl N Am, 2012; 96:283-95. 18. US National Health Services – NHS Clinical Knowledge Summaries. Hypothyroidism – Management. Who should I screen for hypothyroidism? Disponível em http://www.cks.nhs.uk/hypothyroidism/management/scenario_preconception_or_pregnant/new_diagonosis_of _subclinical_hypothyroidism#-485307; acesso em 04/11/2011. Topo 10