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Case-Study
PARTE I (8 valores)
1.a) (1 valor)
Um factor fixo é aquele cuja quantidade não pode ser ajustada pela empresa num determinado
horizontal temporal, definido como o período curto associado a esse factor produtivo. Tal significa
que, mesmo que a empresa pretenda alterar o volume de serviços prestados, terá que o fazer
alterando outros factores produtivos, pois nesse horizonte temporal não pode alterar a extensão da
linha do caminho-de-ferro.
1.b) (1,5 valores)
No curto prazo, as alterações ocorridas no custo total resultam apenas de alterações no custo
variável e, admitindo que os preços dos factores produtivos são constantes, de alterações na
quantidade utilizada dos factores variáveis. Ora, se um aumento do montante de serviços prestados
(volume de produção) provoca um aumento no custo variável total numa menor proporção, tal
significa que o custo marginal é inferior ao custo variável médio, pelo que o custo variável médio
será decrescente. Por outro lado, tal significa que, para se conseguir aumentar o montante de
serviços prestados em 10%, mantendo-se os preços dos factores constantes, a quantidade média dos
factores produtivos variáveis apenas teve que aumentar 3,98%, pelo que houve um aumento da
produtividade média.
1.c) (1,5 valores)
Um aumento do número de milhas de caminho-de-ferro só se verificará no longo prazo mas, após
essa alteração, no curto prazo volta a ser um factor fixo. É, por isso, possível comparar a situação
actual de curto prazo com uma outra situação hipotética de curto prazo caracterizada por uma
quantidade de factor fixo superior. Ora, assumindo que há substituibilidade entre os factores
produtivos e que os preços dos factores produtivos são constantes, é natural que aumentando a
quantidade de um factor fixo, a quantidade necessária dos factores variáveis para se alcançar um
determinado volume de serviços prestados seja menor do que inicialmente, até porque a
produtividade média do factor variável aumenta. Daí a redução no custo variável total. Para obter
cada montante de serviços prestados, há uma maior quantidade do factor fixo que pode ser
combinada com uma quantidade menor de factores variáveis.
2.a) (2 valores)
A análise do tipo de rendimentos à escala exige uma variação na escala de produção, isto é, uma
variação da quantidade de todos os factores produtivos na mesma proporção. Logo, pressupõe um
contexto de longo prazo. Se, no longo prazo, o custo médio é decrescente na fase relevante da
produção significa que o custo total cresce numa proporção inferior àquela em que cresce o volume
de produção. Como o custo total é uma função linear das quantidades dos factores produtivos,
admitindo que os preços dos factores produtivos são constantes, o volume de produção aumenta
numa proporção superior à proporção em que aumenta a escala de produção. Logo, a função de
produção exibe rendimentos crescentes à escala.
2.b) (2 valores)
As razões para a existência de rendimentos crescentes à escala são:
ƒ
Indivisibilidades técnicas: para escalas de produção reduzidas, a empresa pode ser forçada a
utilizar factores produtivos menos eficientes, porque os recursos mais eficientes podem só
estar disponíveis para escalas de produção maiores (por exemplo, pode não ser possível
ajustar a dimensão das carruagens a viagens com volume de tráfico reduzido e assim haverá
sublotação das mesmas).
ƒ
Divisão do trabalho/especialização: à medida que a escala de produção aumenta, pode ser
possível especializar o factor trabalho (maquinistas, mecânicos, administrativos), com ganhos
de eficiência e redução nos desperdícios de alternar entre tarefas.
ƒ
Relações geométricas: por exemplo, duplicar as paredes de um vagão, quadruplica a área
disponível de transporte.
ƒ
Stocks (inventories): normalmente, o stock óptimo (em termos de vagões, carruagens)
aumenta menos do que proporcionalmente que o volume de produção.
PARTE II (12 valores)
1. (2 valores)
Quando o custo médio é decrescente até um volume de produção elevado, o mercado é demasiado
pequeno para suportar mais do que uma única empresa no mercado, uma vez que uma empresa
produz de forma mais eficiente, isto é, com um custo menor, aproveitando melhor as economias de
escala, do que mais do que uma empresa. Neste caso, está-se perante um monopólio natural.
2
2. (2 valores)
O facto de a Comissão Europeia passar a suportar os custos inerentes às infra-estruturas do sector
ferroviário é um indício de que os custos fixos são elevados, transpondo a análise para um contexto
de longo prazo. A existência de rendimentos decrescentes à escala traduz-se numa estrutura de
custos médio e marginal crescentes com o volume de produção. Quando assim é, assegurar um
determinado volume de produção por um número maior de empresas permite que cada uma delas
produza a um custo menor do que se o número de empresas presentes no mercado fosse menor.
Logo, é uma estrutura de custos mais compatível com um sector perfeitamente concorrencial do
que uma estrutura de custos decrescentes.
Porém, há um conjunto de outros requisitos que caracterizam uma estrutura perfeitamente
concorrencial:
▪
muitos produtores e consumidores que, contudo, são negligenciáveis individualmente, isto é,
produtores e consumidores são price-takers;
▪
o produto é homogéneo, ou seja, o produto vendido por uma empresa é um substituto perfeito
do produto vendido por outra qualquer empresa do mesmo mercado;
▪
todos os agentes que participam no mercado têm informação perfeita sobre os elementos
relevantes;
▪
existe livre mobilidade de recursos;
▪
não existem barreiras à entrada nem à saída do mercado.
3.a) (2 valores)
Se o prejuízo de cada empresa for maior do que o custo fixo, significa que, no curto prazo, a
melhor opção será não prestar serviços. Tal acontecerá se o preço de mercado for inferior ao
mínimo do custo variável médio. Se, no período longo, cada empresa mantiver um prejuízo tenderá
a abandonar o mercado.
3.b) (2 valores)
Com efeito, no longo prazo, o limiar de rentabilidade coincide com o limiar de encerramento, pelo
que, se a empresa mantiver sistematicamente um prejuízo, sairá do mercado. No curto prazo, o
simples facto de se ter um prejuízo não significa deixar de prestar o serviço, uma vez que, dada a
existência de um custo fixo no curto prazo, essa opção pode significar um prejuízo maior. Se o
preço de mercado for superior ao mínimo do cyto variável médio e inferior ao mínimo do custo
total médio, a empresa típica terá prejuízos, mas não encerrará no longo prazo.
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3.c) (2 valores)
Quanto à eficiência social, a estrutura de mercado perfeitamente concorrencial, pressupondo a não
intervenção do Estado, conduz à maximização do excedente económico total, isto é, do bem-estar
social (agregação do excedente do consumidor com o excedente do produtor). Tal acontece quer,
no curto prazo, quer no longo, uma vez que a intersecção entre a procura e a oferta acontece para
um volume de produção para o qual o benefício marginal associado ao consumo do bem/serviço é
igual ao custo marginal associado à produção do bem/serviço.
Em relação à eficiência económica, se a indústria estiver em equilíbrio de longo prazo, cada
empresa produzirá ao menor custo unitário possível.
3.d) (2 valores)
A livre entrada e saída de empresas no mercado de concorrência perfeita a longo prazo conduz a
uma situação de estabilidade de lucro normal. Caso haja barreiras à entrada, as empresas presentes
no mercado poderão manter um lucro positivo uma vez que não haverá aumento da oferta via
entrada de empresas no mercado e, consequentemente, redução do preço e do lucro. A obtenção de
lucro normal deixa de ser uma condição de estabilidade da indústria. Para maximizar o lucro, cada
empresa igualará o preço de mercado ao custo marginal de longo prazo.
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