0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho Melini Luciano Vieira O RISCO DE DORT’S EM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO SETOR DE TRIBUTAÇÃO LINS - SP 2010 1 MELINI LUCIANO VIEIRA O RISCO DE DORT’S EM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO SETOR DE TRIBUTAÇÃO Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho sob a orientação dos Professores Dr. Eduardo Ferro dos Santos e M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. LINS - SP 2010 2 V719r Vieira, Melini Luciano. O risco de DORT´S em funcionários públicos do setor de tributação / Vieira, Melini Luciano. – – Lins, 2010. 48p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho, 2010 Orientadores: Eduardo Ferro dos Santos; Heloisa Helena Rovery da Silva 1. DORT. 2. Ergonomia. 3. Funcionários Públicos. I Título. CDU 615.8 MELINI LUCIANO VIEIRA 3 O RISCO DE DORT’S EM FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO SETOR DE TRIBUTAÇÃO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para a obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho. Aprovada em:____/____/_______ Banca Examinadora: Prof. Dr. Eduardo Ferro dos Santos Doutor em Engenharia de Produção – UNIMEP _______________________________________________________________ Profª M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG _______________________________________________________________ LINS - SP 2010 4 Um agradecimento em palavras muitas vezes não demonstra seu real valor, mas não o deixa menos importante. Através deste tenho mais uma oportunidade de agradecer algumas pessoas muito especiais e que foram de grande importância para a conclusão de mais uma etapa da minha vida. Agradeço a Deus sempre por ter me permitido o dom da vida e de viver da maneira que eu escolher, meus pais por me incentivar a nunca desistir na metade do caminho, minha linda irmã pela alegria e a troca de amor e aprendizado que me proporciona, a minha família em geral, avós e avôs, tia, primas, minha segunda família meus sogros e cunhados (as) sobrinhos (a) e as minhas queridas e animadíssimas amigas que mesmo distantes estão sempre por perto me apoiando (Renata e Bruna em especial). Em especial e de modo significativo agradeço meu noivo, ele me inspirou força de onde eu nem imaginava ter, nunca deixou que me abatesse nos momentos difíceis, sempre esteve ao meu lado em todos os momentos com muita paciência. Todas as palavras escritas aqui seriam insuficientes para agradecê-lo. Amo todos de maneira infinita...... OBRIGADA!!! Mê =) “O otimista pode até errar, Mas o pessimista já começa errando...” Juscelino Kubitschek 5 RESUMO As empresas passam por um problema de afastamento de funcionários por contraírem o Distúrbio Ósteomuscular Relacionado ao Trabalho - DORT, com isso elas buscam meios para minimizar esses problemas. A ergonomia é a aplicação de conhecimentos científicos relativos ao homem para conceber conforto, saúde, ambientes adequados, entre outros, utilizando os conhecimentos adquiridos das habilidades e capacidades humanas e estuda as limitações dos sistemas, organizações, atividades, máquinas, ferramentas de modo a torná-los mais seguros, eficientes, e confortáveis para uso humano. Para tentar evitar esse sintoma a ergonomia se tornou importante fator de pesquisa, pois é primordial analisar ergonomicamente um ambiente. A ergonomia é o estudo do ambiente de trabalho, analisando-o de maneira a torná-lo mais confortável e funcional para o trabalhador. Com isso, o objetivo desse trabalho foi de verificar os riscos dos funcionários públicos do setor de tributação desenvolver algum tipo de DORT através da condição de trabalho encontrada. Para realizar essa pesquisa foi utilizado um check list, que é composto de perguntas e respostas específicas para identificar os pontos positivos e negativos do ambiente de trabalho e do próprio trabalhador, realizado no setor de tributação de em uma prefeitura do interior do Estado de São Paulo. Trata-se de um processo especialista onde o ergonomista aporta conhecimentos, onde os diversos saberes técnicos, operativos e de manutenção devem concorrer para implantar uma boa solução. Entre as consequências observou-se várias queixas sobre dores no corpo. Muitas empresas após implantação da ergonomia obtiveram melhores resultados em relação à produção de serviços e qualidade. Entre os funcionários há mais ânimo e os postos de trabalho ficaram mais adequados. Palavras-chave: DORT. Ergonomia. Funcionários Públicos. 6 ABSTRACT Companies go through an issue of removal of employees by contracting the Work-related musculoskeletal disorders - DORT, thus they seek ways to minimize these problems. Ergonomics is the application of scientific knowledge relating to designing human comfort, health, appropriate environments, among others, using the knowledge acquired skills and human capabilities and examines the limitations of the systems, organizations, activities, machinery, tools to make them more secure, efficient, and comfortable human use. To try to avoid this symptom ergonomics became an important factor in research, because it is essential to analyze an ergonomic environment. Ergonomics is the study of the work environment, analyzing it in order to make it more comfortable and functional for the worker. Thus, the aim of this study is to determine the risks of public sector employees to develop some kind of taxation DORT through working condition found. To undertake this study, we used a checklist, which consists of questions and answers specific to identify the strengths and weaknesses of the work environment and the worker himself, carried out at the taxation in a municipality in the state of Sao Paulo. This is a process expert where the ergonomist brings specialist knowledge, where different technical knowledge, operating and maintenance must compete to deploy a successful solution. Among the effects observed various complaints about pain in the body. Many companies after implantation of ergonomics obtained better results in terms of production and service quality. Among the officials there more excitement and the jobs were more suitable. Keywords: DORT. Ergonomics. Public Officials. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Organograma evolução de problemas ergonômicos em uma empresa. .................................................................................................. 18 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Avaliação da cadeira ............................................................. 31 Tabela 2: Mesa de trabalho .................................................................. 32 Tabela 3: Teclado e suporte ................................................................. 33 Tabela 4: Suporte para documentos ..................................................... 34 Tabela 5: Apoio para os pés ................................................................. 35 Tabela 6: Tela ....................................................................................... 35 Tabela 7: Iluminação do ambiente ........................................................ 36 Tabela 8: De acordo com sua jornada de trabalho, qual(s) o(s) segmento(s) que apresenta dor ................................................................. 37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIDS: Acquired Immune Deficiency Syndrome COFFITO: Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional DORT: Distúrbio Ósteomuscular Relacionado ao Trabalho LER: Lesão por Esforço Repetitivo RPG: Reeducação Postural Global TENS: Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (Neuroestimulação Elétrica Transcutânea) U. S.: Ultra-Som 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................. 10 CAPÍTULO I – ERGONOMIA ...................................................................... 13 1 HISTÓRICO ...................................................................................... 13 1.1 Conceito ............................................................................................ 15 1.2 Objetivos ........................................................................................... 15 1.3 Abrangência da análise ergonômica do trabalho .............................. 16 1.3.1 Análise do sistema ............................................................................ 16 1.3.2 Ambiente de trabalho ........................................................................ 16 1.4 Investimento empresarial em programas de ergonomia na prevenção do DORT............................................................................................. 17 1.4.1 Vantagens do programa ergonômico para empresa ........................ 18 1.4.2 Vantagens do programa ergonômico para o empregado .................. 19 1.5 O fisioterapeuta do trabalho .............................................................. 19 1.5.1 A importância do fisioterapeuta do trabalho em uma empresa ......... 19 1.5.2 Atuação do fisioterapeuta do trabalho ............................................... 20 1.5.3 Atuação preventiva .......................................................................... 20 1.5.4 Atuação curativa .............................................................................. 21 CAPÍTULO II – DORT ................................................................................. 23 2 CONCEITO ....................................................................................... 23 2.1 Fatores causadores de DORT .......................................................... 23 2.2 DORT’S mais comuns ....................................................................... 24 2.2.1 Cervicobraquialgia ............................................................................ 25 2.2.2 Bursite ............................................................................................... 25 2.2.3 Epicondilite ........................................................................................ 25 2.2.4 Síndrome do túnel do carpo .............................................................. 26 2.2.5 Tenossinovite de Quervain................................................................ 26 2.2.6 Lombalgia.......................................................................................... 26 9 2.3 Reabilitação fisioterapêutica do DORT ............................................. 27 CAPÍTULO III – A PESQUISA...................................................................... 29 3 INTRODUÇÃO .................................................................................. 29 3.1 Relato da pesquisa ........................................................................... 30 3.2 Parecer final ...................................................................................... 38 CONCLUSÃO .............................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 42 APÊNDICES ................................................................................................ 44 10 INTRODUÇÃO Devido a grande concorrência, as empresas buscam rapidez e eficiência em sua produção, com isso elas passam por um problema de afastamento de funcionários e uma má qualidade de vida dos mesmos, por contraírem o Distúrbio Ósteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT); este geralmente ocorre ao fato de as empresas atuais exigirem de seus funcionários uma maior produtividade, num ritmo intenso e por períodos prolongados em posições inadequadas. Muitas empresas após implantação da ergonomia obtiveram melhores resultados em relação à produção de serviços e qualidade. Entre os funcionários há mais ânimo e os postos de trabalho ficaram mais adequados. (BREGION; OLIVEIRA, 2006) O DORT está relacionado ao trabalho e é a maior causa de afastamentos de funcionários do trabalho no Brasil. A palavra DORT não determina uma patologia, muito menos uma síndrome. Refere-se a diversas patologias que podem ocorrer quando existe um comprometimento ósteomuscular que tenha ligação com a atividade de trabalho desenvolvida. Essa sobrecarga pode ocorrer pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, ou pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado. (BREGION; OLIVEIRA, 2006) Oliveira (1998) afirma que DORT´s são de origem ocupacional gerados por desordens no sistema neuro-músculo-tendíneo, atingindo principalmente as regiões dos membros superiores e pescoço, devido a manutenção forçada da postura correta e/ou de grupos musculares. De acordo com Esperança; Perez (2006) desde 1895 havia menção sobre ‘Entorse das Lavadeiras’, pelo cirurgião suíço Fritz de Quervain, atualmente a entorse é reconhecida como Tendinite de Quervain. Porém a preocupação com tais distúrbios começou a ganhar notoriedade na década de 80 com os primeiros casos de lesão por esforço repetitivo (LER) que começaram a aparecer em digitadores, mas só em 1998 surgiu esse termo (DORT) que por fim o substituiu. Algumas pessoas ainda 11 usam erroneamente o termo LER, relacionando-o com lesões de trabalho, mas, uma pessoa pode desenvolvê-las em atividades repetitivas diárias, que nem sempre são de trabalho. Para um bom entendimento sobre DORT’s, é necessário que mentalize e traduza como doenças relacionadas ao trabalho, pois elas caracterizam todas as doenças e alterações a nível de tendões, músculos, articulações, nervos e ossos relacionados ao mesmo. Causam muita dor e desconforto aos seus vitimados e se não tratadas com a devida atenção podem levar uma pessoa a afastamentos temporários e até permanentes de seu trabalho. Para Sakata; Yssi (2003), a capacidade que os tecidos têm de se recuperarem é variável e limitada. Diante de esforços repetitivos ocorrem microtraumas e maior dificuldade de recuperação tecidual. E para tentar evitar esse sintoma a ergonomia se tornou importante fator de pesquisa, pois é importante analisar ergonomicamente um ambiente. A ergonomia é o estudo do ambiente de trabalho, analisando-o de maneira a torná-lo mais confortável e funcional para o trabalhador. Segundo Barros; Fonseca; Shimano (2006, p. 110) “a ergonomia é uma ciência que estuda a relação existente entre o homem e seu trabalho e objetiva sempre melhorar essa relação por meio do aumento na segurança dos trabalhadores [...]” Coisas como a altura das cadeiras a serem ajustadas aos seus usuários são de extrema importância e podem evitar muitos problemas futuros. A fisioterapia preventiva tem se mostrado um campo novo de atuação, especialmente na saúde do trabalhador, cuja postura e movimentos corretos em determinadas atividades ocupacionais podem ser determinantes na prevenção de doenças legitimando o fisioterapeuta do trabalho. (ESPERANÇA; PEREZ, 2006, p.9). Com isso, o interesse em desenvolver a pesquisa se dá pelo fato de ansiar melhora na qualidade de vida do trabalhador em seu ambiente de trabalho; para isso se faz necessário a análise do posto de trabalho que pode ser realizada através do check list, que é composto de perguntas e respostas específico para identificar os pontos positivos e negativos do ambiente de trabalho e do próprio trabalhador. O check list é considerado uma ferramenta importante para ajudar na busca do resultado da pesquisa. 12 O objetivo da pesquisa foi de verificar os riscos dos funcionários públicos do setor de tributação desenvolver algum tipo de DORT através da condição de trabalho encontrada, realizar análise ergonômica do posto de trabalho para verificação de possíveis agentes causadores de DORT, avaliar a organização corporal do trabalhador no período de trabalho e verificar as regiões anatômicas de queixas dolorosas nos mesmos. Perante o resultado encontrado na pesquisa será feito recomendações para a melhoria do posto de trabalho do trabalhador. Na realização da pesquisa surgiu o seguinte questionamento: a condição de trabalho dos funcionários públicos do setor de tributação pode influenciar no desenvolvimento de DORT’S? Para responder este questionamento foi proposta a seguinte hipótese: as condições de trabalho dos funcionários públicos do setor de tributação podem influenciar positivamente ou negativamente no desenvolvimento de DORT’S. A metodologia da pesquisa está descrita no capítulo III. O presente trabalho segue dividido da seguinte forma: Capítulo I: Aborda sobre ergonomia, seus objetivos, abrangência da análise ergonômica do trabalho, fisioterapia no trabalho, entre outros. Capítulo II: Aborda o conceito de DORT, fatores causadores da DORT, os DORT’S mais comuns, entre outros. Capítulo III: Apresentação da pesquisa. Por fim, a conclusão. 13 CAPÍTULO I ERGONOMIA 1 HISTÓRICO Desde a antiguidade o ser humano tem trabalhado diariamente para garantir sua sobrevivência, adaptar-se as evoluções naturais do meio em que vive, satisfazer suas necessidades fisiológicas, melhorar sua qualidade de vida; e em algumas situações pode ser tudo com auxilio de recursos fisioterapêuticos sem ter o conhecimento na época. Para Rossi e Lemos (2006), cada individuo atribui um valor ao trabalho, isso dependerá da sociedade em que vive e o nível de cultura, na maioria das vezes surge um auto-julgamento onde pessoas associam sua auto-imagem com seu próprio trabalho e a compatibilidade de ambos, dá-se então a identificação de trabalho em maior ou menor grau de percepção para cada sujeito. O trabalho sempre esteve relacionado com evolução humana, mudando comportamentos, criando e até mesmo constrangendo. Essa expressão, trabalho, do ponto de vista etimológico, gera em quem o exerce situação de constrangimento e sofrimento. (CAMPOS, 2000) Houve uma fase da história em que se tornou importante relacionar Fisioterapia com saúde do trabalhador, pois ocorreram grandes mudanças trabalhistas. Segundo Pereira (2003), a Revolução Industrial, com inicio na primeira metade do século XX, na Inglaterra; ficou marcada pela transformação social, causada pelo aumento da produção em grande escala, diante da utilização crescente de máquinas; o ritmo tornou-se muito acelerado, pois o importante era a produtividade, sem importar-se com o desgaste humano, houve o aparecimento de novas doenças e proliferação de epidemias como: a cólera, tuberculose pulmonar, alcoolismo e os vários acidentes de trabalho, todos vindos da exploração de trabalho com jornadas de 16 horas diárias, com uso 14 até mesmo de crianças como mão-de-obra. A situação era tão alarmante que Robert Dernham, preocupado com os funcionários de sua fábrica têxtil, que não tinham nenhum tipo de atendimento médico, procurou auxilio com o médico Dr. Baker, que por vez sugeriu que um médico deveria passar por toda fábrica, estudando os efeitos do trabalho na saúde do trabalhador. Robert, então contratou o Dr. Baker em 1830, e surgiu o primeiro serviço de Medicina do Trabalho. (PEREIRA, 2003) De acordo com Pereira (2003), transformações ocorreram ao longo dos anos nos conhecimentos e nas diversas formas de trabalho caracterizando mais tarde a Fisioterapia. Em 1864 a Sociedade Médica de Berlim, diferenciou os exercícios aplicados aos enfermos, dos exercícios aplicados aos saudáveis, como por exemplo, o exercício de apoio de quatro pontos desenvolvido por Klapp. Na visão de Taylor e Ford, numa analise sobre evolução da organização do trabalho, nota-se que não havia método padrão de trabalho, o grupo trazia vícios do padrão artesanal, o ritmo era ditado pelo trabalhador mais lento, e a remuneração não eram baseados nos resultados individuais e sim do grupo de trabalhadores. (CAMPOS, 2000) A organização do trabalho conhecida como taylorista, era caracterizada por uma visão de organização de sistema fechado, mecânico e rígido, sem nenhuma interação com o meio externo. Segundo Marras (2002), a organização taylorista passou a ser questionada cientificamente na segunda metade do século XX, com o advento da teoria dos sistemas; sendo estudada como um sistema aberto em total interação com o ambiente onde está inserida. Em 1953, a Organização Internacional do Trabalho, designa nos locais de trabalho ou mediações, os Serviços de Medicina do Trabalho, destinado a: assegurar a proteção aos trabalhadores contra os riscos que prejudiquem a saúde, que possam resultar do trabalho ou condições que este se efetue; contribuir para adaptação mental e física dos trabalhadores, colocando-os em setores de trabalho correspondente as suas aptidões; contribuir para o estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível de bem estar físico e mental dos trabalhadores. (PEREIRA, 2003) 15 1.1 Conceito A fisioterapia do trabalho pode ser reconhecida como ciência por gerar conhecimentos, ou como tecnologia, devido seu caráter aplicativo e de transformação, no entanto envolve estudos relativos a outras ciências como a fisiologia, psicologia, antropometria e biomecânica. O conceito das condições de trabalho está relacionado a tudo que envolva e influencie o próprio trabalho, como o posto, o ambiente, meios de produção, tarefa, organização de trabalho, relação entre produção e trabalho, etc. (SELL, 1994) Para Rossi e Lemos (2006) sinônimo de boas condições de trabalho em prática seria: adequações às pessoas no meio de produção, postos de trabalho, objetos de trabalho, controle sobre os fatores ambientais, garantir integridade física e psíquica do trabalhador na organização do trabalho, organização temporal do trabalho, regime de pausas que possibilitem ao trabalhador recuperação das funções fisiológicas, remunerar o trabalhador de acordo com a solicitação no seu sistema de trabalho e não haver atritos no clima social. Para Grandjean (1998), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar; que compreende a psicologia e a fisiologia do trabalho, e a sociedade no trabalho é a antropometria. Segundo Wisner (1994), ergonomia tem a sinonímia de um conjunto de conhecimentos científicos relacionados ao homem, onde torna-se necessários à concepção de máquinas, instrumentos e dispositivos, que possam ser utilizados de forma confortável, segura e eficiente. 1.2 Objetivos Faz parte dos objetivos da ergonomia, a adequação do ambiente de trabalho às condições humanas, levando em consideração as condições psíquicas e físicas do trabalhador. 16 “Os objetivos práticos da ergonomia são a segurança, satisfação e o bem estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos.” (IIDA, 1990, p. 2) Segundo Bregion e Oliveira (2006), o ambiente de trabalho deve ser motivo de estimulo para os funcionários produzirem com mais qualidade do que quantidade, para que isso ocorra é necessário que os mesmos disponham de uma boa saúde e um ambiente de trabalho adequado, gerando assim benefícios entre funcionário e empresa. De acordo com Fernandes e Zambom (2005), para a ergonomia realizar seu objetivo, ela estuda os aspectos do comportamento humano no trabalho e outros fatores para o projeto de sistemas de trabalho que são: a) o homem; b) a máquina; c) o ambiente; d) a informação; e) a organização; f) a consequência do trabalho. 1.3 Abrangências da análise ergonômica do trabalho 1.3.1 Análise de sistemas Realiza a distribuição das tarefas entre homem-máquina, considerando a segurança, o custo e a confiabilidade. De acordo com Bregion e Oliveira (2006), estuda o funcionamento global de uma equipe de trabalho, enfocando uma ou mais máquinas, sendo distribuídas as tarefas entre o homem e a máquina. 1.3.2 Análise dos postos de trabalho 17 A análise do posto de trabalho tem o homem como o centro de toda atenção, onde se torna responsável por realizar análise da sua potência e da sua capacidade física e psíquica. De acordo com Iida (1990), posto de trabalho pode ser considerado como a menor unidade produtiva, geralmente envolvendo um homem e o seu local de trabalho. 1.3.3 Ambiente de trabalho Para que a ergonomia atinja seus objetivos estabeleceu-se condições ambientais na relação homem-máquina. Segundo Barreira (1994), os confortos térmicos, acústicos e visuais facilitam na adoção de gestos de ação, comunicação e observação, favorecendo o cumprimento da atividade com menor desgaste mental e físico, e maior eficiência e segurança para os trabalhadores. 1.4 Investimento empresarial em programa de ergonomia na prevenção do DORT Devido ao alto índice de DORT nos últimos tempos, se torna cada vez mais necessário asseverar o compromisso e a disposição dos funcionários a novas maneiras de comportamento e de trabalho. Um ambiente de trabalho recompensador, envolvente e excitante, é um importante componente da estratégia de incentivo aos trabalhadores. Analisando a funcionalidade do organograma, grandes e pequenas empresas, hoje, se preocupam em investir nos Programas de Ergonomia, para prevenir sobrecarga músculo-esquelética no trabalho, para gerar maior interação homem/máquina e assim as chances de aparecimento do DORT. (MORAES; NASCIMENTO, 2000) 18 Fonte: Moraes; Nascimento, (2000, p.84). Figura 1: Organograma da evolução de problemas ergonômicos em uma empresa 1.4.1 Vantagens do programa ergonômico para empresa Segundo Moraes e Nascimento (2000), as vantagens no Programa Ergonômico para as empresas são: a) melhora na qualidade de vida dos funcionários; b) diminuição nos gastos com assistência médica, devido doenças ocupacionais; c) redução no número de acidentes; d) diminuição do índice de absenteísmo; e) aumento da eficiência no trabalho humano; f) diminuição da rotatividade no quaro de funcionários da empresa; g) melhor proteção legal à empresa contra possíveis processos dos empregados por possíveis doenças ocupacionais; 19 h) aumento da produtividade; i) aumento dos lucros da empresa por conseqüência; j) melhor imagem e melhor ambiente de trabalho. 1.4.2 Vantagens do programa ergonômico para o empregado Segundo Moraes e Nascimento (2000), as vantagens no Programa Ergonômico para os empregados são: a) diminuição no desconforto físico e na fadiga; b) diminuição do gasto energético durante a execução de tarefas; c) melhora do estresse emocional; d) maior estabilidade emocional; e) diminuição na incidência das doenças ocupacionais; f) contribuição na socialização do trabalhador junto ao grupo de trabalho; g) melhora na qualidade de vida; h) melhora na eficiência no trabalho. 1.5 O fisioterapeuta do trabalho O Fisioterapeuta do trabalho é o fisioterapeuta especialista em saúde ocupacional, é reconhecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia do Trabalho (COFFITO) – resolução 259/03 e 351/08. 1.5.1 A importância do fisioterapeuta do trabalho em uma empresa Para Moraes e Nascimento (2000), a presença do fisioterapeuta em uma equipe de saúde ocupacional é uma realidade, porém não uma 20 obrigatoriedade. O serviço de saúde ocupacional em uma empresa somente será exigido por lei dependendo da quantidade de funcionários que a mesma emprega. Todos os profissionais da equipe trabalham para atingir o objetivo de zelar pela saúde do trabalhador, no entanto este objetivo não mais se limita em apenas curar uma patologia, mas principalmente em preveni-la. A prevenção muitas vezes realiza campanhas de combate a AIDS, Diabetes, fumo, colesterol, hipertensão e outros; em relação ao DORT, a ação preventiva além das campanhas realiza ações mais enérgicas, como a implantação de um Programa Ergonômico. De acordo com Moraes e Nascimento (2000) a fisioterapia enriquece essa ciência com técnicas qualificadas para analisar o trabalhador como um todo, podendo assim dividi-los em três grupos na empresa: a) Sintomático: são os trabalhadores que já apresentam uma patologia; a ação inicial será em curar o mesmo e depois realizar trabalho de prevenção, a fim de evitar recidivas da patologia. b) Assintomático: são os trabalhadores que não apresentam patologia; portanto se fará atuação preventiva. c) Grupo de Risco: são os trabalhadores que não apresentam sintomatologia, mas quando em avaliação se detecta predisposição para desenvolvê-la; portanto deve-se dar atenção maior a prevenção. 1.5.2 Atuação do fisioterapeuta do trabalho Em uma empresa o fisioterapeuta poderá desenvolver dois tipos de atuação: a Curativa e a Preventiva. 1.5.3 Atuação preventiva 21 Segundo Moraes e Nascimento (2000) os fisioterapeutas na atuação preventiva devem incentivar os trabalhadores a novos hábitos de vida, para isso se desenvolve na empresa uma cultura de consciência corporal e postural saudável, para gerar bem estar físico e psíquico no ambiente de trabalho. Poderá realizar: a) aplicação de questionários para estabelecer um primeiro contato com os trabalhadores e verificar a priori os pontos da intervenção preventiva. b) intervenções nos postos de trabalho para identificar possíveis riscos, como mobiliário inadequado ou uso inadequado do mesmo, iluminação insuficiente entre outros. c) avaliação postural para analisar a maneira que está sendo adotada a postura pelo trabalhador, identificando alterações articulares e musculares. d) conscientização postural ao trabalhador das alterações identificadas na avaliação postural, dando orientações corretivas individuais aos mesmos. e) preparação de exercícios laborativos específicos para cada atividade desenvolvida na empresa. f) elaboração de palestras com assuntos preventivos enfocando assuntos como DORT, ergonomia, cuidados posturais, importância da atividade física. g) formação de grupos para realização de atividades práticas visando à prevenção do DORT de formas diversas definidas após acordo com a gerência, a fim de atender o objetivo sem que interfira no funcionamento da empresa. 1.5.4 Atuações curativas Disseram Moraes e Nascimento (2000), que algumas empresas possuem ambulatório de fisioterapia, onde o fisioterapeuta oferece sues recursos aos trabalhadores que apresentem alguma patologia ósteomuscular 22 de origem diversa, inclusive ocupacional, proporcionando maior condição de uma recuperação mais rápida e evitando que o trabalhador deixe de realizar o tratamento ou não o conclua por diversas situações. Na atuação curativa o fisioterapeuta pode realizar: a) avaliação fisioterápica; b) prescrição do programa de tratamento fisioterápico; c) execução do programa de tratamento fisioterápico; d) correlação da patologia com o tipo e ambiente. Neste deve-se realizar uma avaliação do posto de trabalho e suas condições, para detecção de possíveis causas e/ou agravantes para o quadro do paciente. e) reavaliação fisioterápica; f) alta fisioterápica; g) acompanhamento do trabalhador após o término do tratamento, visando evitar recidivas. 23 CAPÍTULO II DORT 2 CONCEITO Atualmente, as empresas passam por um problema de afastamento de funcionários e uma má qualidade de vida dos mesmos, por contraírem os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), que é a maior causa de afastamentos de funcionários do trabalho no Brasil. Para Couto; Nicoletti e Lech (2007), pode-se definir DORT como transtornos funcionais, mecânicos e lesões de músculos e/ou tendões e/ou fáscias e/ou nervos e/ou bolsas articulares e/ou de pontas ósseas nos membros superiores ocasionados pelo uso incorreto da biomecânica articular. A palavra DORT não determina uma patologia, muito menos uma síndrome. Refere-se a diversas patologias que podem ocorrer quando existe um comprometimento ósteomuscular que tenha ligação com a atividade de trabalho desenvolvida. Essa sobrecarga pode ocorrer pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, ou pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, este geralmente ocorre ao fato de as empresas atuais exigirem de seus funcionários uma maior produtividade, num ritmo intenso e por períodos prolongados em posições inadequadas. Segundo Oliveira (1998), são desordens neuro-musculo-tendinosas de origem ocupacional, pelo uso repetitivo e forçado de grupos musculares ou manutenção de postura forçada, que atingem os membros superiores, escápula e pescoço. 2.1 Fatores causadores do DORT 24 Existem vários fatores ligados a causalidade de DORT, dentre eles os mais comuns são fisiológicos: gênero, altura, idade, estrutura ósteomuscular e estado de saúde; psicológicos: estresse e insatisfação; e biomecânicos: repetitividade, força excessiva, compressão mecânica e posturas desconfortáveis. (BREGION; OLIVEIRA, 2006) De acordo com Couto; Nicoletti e Lech (2007), embora um quadro de distúrbio ou lesão possa ser de gravidade restrita, o que mais encontra-se é a cronificação e até mesmo incapacidade funcional da região acometida. Esse fator pode ocorrer pela falta de um diagnóstico da doença; pela demora do tratamento ou ausência de tratamento médico adequado; pela volta do trabalhador as mesmas condições ocupacionais que o afetaram e sem a completa cura; e pela dificuldade da reabilitação do trabalhador na empresa. Portanto na originação do DORT tem que reportar-se ao domínio da Ergonomia, Organização do Trabalho, das Relações Humanas, da Sociologia e da Medicina do Trabalho para entender-se que: não haveria lesões se não houvesse fatores da condição antiergonômica do posto de trabalho e da atividade realizada. (COUTO; NICOLETTI; LECH, 2007) Para melhor compreensão Moraes e Nascimento (2000), dividiu os fatores de risco em dois grupos: a) predisponentes: que podem ser alterações anatômicas, gravidez por alteração hormonal, idade, gênero, etc. b) desencadeantes: são os fatores de risco que podem ser divididos em: - biomecânicos: força excessiva para realizar as tarefas, repetitividade, postura inadequada, compressão mecânica das estruturas delicadas. - organização no trabalho: mobiliário, pressão de produção, urgência em executar tarefas, condições precárias de trabalho, esquema rígido. - sociais: dupla jornada de trabalho, insatisfação salarial, pouco repouso, sedentarismo. 2.2 DORT’S mais comuns 25 2.2.1 Cervicobraquialgia Está relacionada com a longa permanência em uma mesma posição de maneira forçada, ou com algum tipo trauma, ou, movimentos bruscos. Quando em repouso ocorre melhora do quadro álgico, e ao movimento ocorre a piora. Para Leite (2003), quando ocorre a dor cervical, a musculatura do pescoço apresenta-se edemaciada, ocasionando compressão do feixe neuromuscular, gerando irradiação da dor para o membro superior. 2.2.2 Bursite A bursa é composta de uma fina parede constituída por fibras de colágeno e revestida por membrana sinovial, geralmente está disposta próxima a inserções tendinosas e articulações a fim de promover amortecimento e diminuição de atrito entre os mesmos. O processo inflamatório geralmente é ocasionado pelo movimento articular incorreto, com atrito e compressão da bursa ocorre a irritação, dor e edema; sem o tratamento adequado pode agravar, limitar os movimentos e gerar fraqueza e atrofia muscular. A articulação do ombro é a mais propícia a desencadear tal patologia. 2.2.3 Epicondilite A contração da musculatura originada no epicôndilo lateral do úmero associada a um esforço repetitivo e intenso, gera um processo inflamatório traumático; também conhecido como cotovelo de tenista. Geralmente está caracterizado por algia logo abaixo do epicôndilo lateral do úmero, agrava-se por extensão resistida do punho, há algia em repouso 26 e/ou ao pegar objetos, fraqueza muscular e edema, sendo esses sinais e sintomas progressivos quando não tratados corretamente. 2.2.4 Síndrome do túnel do carpo Segundo Mares e Nascimento (2000), o túnel do carpo se localiza no músculo palmar longo de forma profunda, na face anterior do punho; no seu interior encontra-se o nervo mediano e os tendões flexores dos dedos. Na síndrome ocorre uma compressão do nervo mediano, por fatores que geram aumento nas estruturas que passam pelo túnel, ou por alterações na forma do túnel. (MORAES; NASCIMENTO, 2000) As causas estão relacionadas a movimentos intensos, posturas viciosas que exijam constante extensão e flexão de punho, compressão mecânica a nível do punho e vibração. Normalmente há presença de algia seguida de parestesia (polegar, indicador, médio e metade radial do anular), dor irradiada até o ombro e força de apreensão diminuída. (MORAES; NASCIMENTO, 2000) 2.2.5 Tenossinovite de Quervain Devido a movimentos intensos e repetitivos, e postura viciosa de desvio ulnar do carpo, ocorre um processo inflamatório na bainha do músculo abdutor longo e extensor curto do polegar, gerando dor na região estilóide do rádio podendo irradiar para o lado radial do antebraço até o ombro, há crepitação e aumento da dor quando realizada extensão e abdução do polegar contraresistida. 2.2.6 Lombalgia 27 A coluna vertebral permite amortecimento de cargas decorrentes de pesos sobre a cabeça, carregados nos membros superiores e de descarga de peso próprio, como que ocorre ao pular no chão. Os vinte e três discos intervertebrais são os responsáveis por tal amortecimento, sendo o ultimo disco (entre a última vértebra lombar e o sacro) o mais importante, pois a sobrecarga é maior no momento do esforço. Quando há postura inadequada constante e esforço intenso, como mecanismo de proteção do organismo se origina a dor juntamente com um processo inflamatório osteomuscular. 2.3 Reabilitação fisioterapêutica do DORT As modalidades de reabilitação fisioterapêutica mais comuns do DORT em nível ambulatorial, estão entre a eletrotermoterapia e terapia manual. Baú (2002) cita algumas dessas modalidades: a) Osteopatia: esta pode ser usada em qualquer fase da disfunção, tendo restrições a cada uma; é uma técnica ou método de tratamento manual e natural que se baseia na perfeição da funcionalidade da estrutura corporal, realizando através das mãos os ajustes articulares, liberação muscular e neural, tratando o corpo todo e não somente as doenças. O diagnóstico é diferente do clinico, pois se descobre o porquê da estrutura estar comprometida; para um bom tratamento osteopático, se faz necessário um profundo conhecimento de anatomia, biomecânica e semiologia. b) Reeducação Postural Global (RPG): essa técnica tem pouco a ver com a fisioterapia de reabilitação tradicional, a diferença básica entre as duas está na sua globalidade; esta analisa ossos, músculos, nervos e tendões, portanto se alguma região do corpo está dolorida, tensa ou hipotônica, toda a estrutura reage para compensar ocasionando desequilíbrio musculoesquelético e sensório-motor, sobrecarregando estrutura mio-articular. A RPG age do principio de que a postura resulta da consciência de que todas as partes do corpo 28 estão interligadas, assim é capaz de corrigir a postura, relaxar as tensões, aumentar a flexibilidade e a força muscular. c) Acupuntura: é umas das técnicas mais importantes da Medicina Tradicional Chinesa, faz uso de aplicação de agulhas descartáveis em canais circulatórios e nervosos especificamente nos plexos, nos canais de energia vital; no qual se resumem em 360 acupontos; estes se conectam com órgãos e quando são abertos ocorre um reequilíbrio, que restabelece a harmonia no organismo obtendo o funcionamento perfeito, regredindo ou desaparecendo a doença. d) Ultra Som: utiliza-se com outras modalidades de tratamentos de tecidos moles, possui um efeito analgésico e antiinflamatório, melhora da mobilidade funcional e redução do tempo de recuperação. Há dois tipos de Ultra Som, o pulsado, que dispersa os fluidos do edema e toxinas e como conseqüência quebra de calcificações; e o contínuo que produz calor profundo na interface muscular, aumenta o fluxo sangüíneo, reduz o espasmo muscular e elimina a formação fibrótica. e) TENS: técnica não invasiva que reduz ou elimina a algia, é um estimulador sensitivo transcutâneo cujos impulsos são transmitidos através da pele com auxilio de eletrodos. Para dor aguda utiliza-se o Tens Convencional de alta freqüência e baixa intensidade com analgesia devido a teoria das comportas e para a dor crônica Tens de baixa freqüência e alta intensidade que libera os opiáceos gerando analgesia. f) LASER: se dá por uma amplificação de luz por emissão estimulada de radiação, na fisioterapia se utiliza o raio originado da mistura de Helio/neônio que produz uma luz vermelha, já a mistura infravermelha não produz luz. Os efeitos do laser se resumem em melhora do reparo tecidual, melhora da cicatrização de ferimentos, ulceras e feridas pós-operatórias, melhora na condução neural, alivio da dor. É contra indicado em carcinoma, olhos, irritação cutânea. 29 CAPÍTULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Para constituição da pesquisa e verificar os riscos dos funcionários públicos do setor de tributação desenvolver algum tipo de DORT através da condição de trabalho encontrada, foi realizada uma pesquisa de pesquisa de campo no setor de tributação da prefeitura do interior do Estado de São Paulo. O método de pesquisa utilizado foi uma revisão bibliográfica, pesquisando vários autores relacionados à ergonomia e fisioterapia do trabalho, como por exemplo: Moraes e Nascimento (2000); Pereira (2003); Baú (2002), entre outros, a fim de demonstrar o que o fisioterapeuta do trabalho pode auxiliar em um ambiente empresarial, mais especificamente no posto de trabalho. A escolha desse assunto como técnica nesse estudo decorreu ao fato da sua importância no ambiente empresarial, proporcionando ao trabalhador mais conforto, segurança e produtividade. Cervo e Bervian (1996) salientam que a pesquisa bibliográfica procura explicar o problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos; realizada com pesquisa descritiva, onde são analisados e correlacionados fatos através do estudo exploratório. Para realização da pesquisa e para atingir o objetivo foi elaborado um check list que é composto de perguntas e respostas específicas que foi aplicado pela própria autora, para identificar os pontos positivos e negativos do ambiente de trabalho e do próprio trabalhador, no período de junho a agosto de 2010. O check list é considerado uma ferramenta importante para ajudar na busca do resultado da pesquisa. Na presente pesquisa foi utilizado check list para a avaliação de seis postos de trabalho informatizados. Este se divide em sete itens e seus sub- 30 itens; alguns sub-itens tem a opção de resposta sim, não e não se aplica, que representa o ponto positivo ou negativo do posto de trabalho. A pontuação máxima é de um ponto e a mínima de zero ponto por subitem, na somatória do total dos seis postos avaliados os sub-itens atingem pontuação máxima de seis e pontuação mínima de zero. Quanto maior o resultado nas somatórias dos itens e dos sub-itens significa que em determinado ponto estão ergonomicamente adequados. O check list utilizado na pesquisa, é um check list para avaliação simplificada de postos de trabalho com computador, adaptado da literatura do autor Couto; Nicoletti; Lech (2007), que tem como critério de avaliação em cada um dos itens pesquisados e também para o total de itens deste check list, considerando: a) 91 a 100% dos pontos – condição ergonômica excelente b) 71 a 90% dos pontos – boa condição ergonômica c) 51 a 70% dos pontos – condição ergonômica razoável d) 31 a 50% dos pontos – condição ergonômica ruim e) Menos que 31% dos pontos – condição ergonômica péssima A aplicação da pesquisa foi realizada no período de junho a agosto de 2010 em uma prefeitura municipal no interior do Estado de São Paulo, mais especificamente no setor de tributação, por possuir profissionais que trabalham no posto informatizado no horário comercial, sendo entrevistados seis colaboradores. A elaboração deste trabalho pode verificar os pontos antiergonômicos do posto de trabalho, os possíveis agentes causadores de DORT, avaliar a organização corporal do trabalhador no período de trabalho e verificar as regiões anatômicas de queixas dolorosas nos mesmos. Com isso, o interesse em desenvolver a pesquisa se dá pelo fato de ansiar melhora na qualidade de vida do trabalhador em seu ambiente de trabalho. 3.1 Relato da pesquisa 31 A ergonomia, antes de mais nada, é uma atitude profissional que se agrega à prática de uma profissão definida. Ela objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a atividade nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro. Após levantamento bibliográfico para a realização da pesquisa, foram aplicados os check list para os funcionários do setor de tributação da prefeitura no interior do Estado de São Paulo com o objetivo de verificar os riscos dos funcionários públicos do setor de tributação desenvolver algum tipo de DORT através da condição de trabalho encontrada, onde serão observados os resultados nas tabelas e seus respectivos comentários. Tabela 1 – Avaliação da Cadeira Especificação F Fr% Esforço muscular estático 4 66,67 Cadeira estofada 6 100 Altura regulável 5 83,33 Acionamento fácil da regulagem da altura 5 83,33 Os pés ficam bem apoiados no chão ou em suporte próprio 4 66,67 Largura da cadeira de dimensão adequada 5 83,33 Assento na horizontal, não jogando o tronco para trás 2 33,33 Assento de forma plana 5 83,33 Borda anterior do assento arredondada 5 83,33 Apoio dorsal com regulagem de inclinação 1 16,67 Apoio dorsal fornece um suporte firme Forma do apoio acompanhando as curvaturas normais da coluna Regulagem da altura do apoio dorsal 1 16,67 0 0 0 0 Espaço para acomodação das nádegas 5 83,33 A cadeira é giratória 6 100 Rodízios não muito duros, nem muito leves Os braços da cadeira prejudicam a aproximação do trabalhador até seu posto de trabalho 5 83,33 4 66,67 ∑F= 63 ∑Fr%= 61,76 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010. 32 Com relação a avaliação da cadeira percebe-se que há uma situação ergonômica razoável por possuir pontuação de 61,76%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Nota-se alguns itens de grande importância que elevam essa porcentagem, como por exemplo: a altura regulável, o acionamento fácil da regulagem da altura, a largura da cadeira de dimensão adequada, o assento de forma plana, a borda anterior do assento arredondada, o espaço para acomodação das nádegas, e os rodízios não muito duros, nem muito leves, onde todos apresentam índice de 83,33%. Da mesma maneira há itens que encontram-se com índice de porcentagem baixo que pode indicar falhas na ergonomia do mesmo, como por exemplo: a regulagem da altura do apoio dorsal e se o apoio dorsal fornece um suporte firme com 16,67%, e a forma do apoio acompanhando as curvaturas normais da coluna e apoio dorsal com regulagem de inclinação com 0%. Esses itens com pontuação baixa pode levar o funcionário a contrair dores, prejudicando sua saúde e seu desempenho na empresa. Tabela 2 – Mesa de trabalho Especificação F Fr% Altura apropriada (de 70-83 cm) 5 83,33 Dimensões apropriadas 4 66,67 O tampo é de cor clara 5 83,33 Bordo anterior arredondado 3 50,00 Gaveta de fácil deslizamento 5 83,33 Espaço para as pernas suficientemente alto 6 100,00 Espaço para as pernas suficientemente profundo 6 100,00 Espaço para as pernas suficientemente largo 5 83,33 Permite ajuste de altura da tela de vídeo 0 0,00 Este ajuste pode ser feito facilmente O monitor pode ser posicionado mais para frente ou mais para trás Este ajuste pode ser feito facilmente 0 0,00 5 83,33 5 83,33 É possível movimentação lateral do monitor 5 83,33 5 ∑F= 59 83,33 ∑Fr%= 70,24 Este ajuste pode ser feito facilmente Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 33 Com relação ao item mesa de trabalho percebe-se que há uma situação ergonômica razoável por possuir pontuação de 70,24%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Analisando a tabela 2 nota-se alguns itens de grande importância que elevam essa porcentagem, como por exemplo: espaço para as pernas suficientemente alto, espaço para as pernas suficientemente profundo que apresentam índice de 100%, e altura apropriada, o tampo é de cor clara, gaveta de fácil deslizamento, espaço para as pernas suficientemente largo, o monitor pode ser posicionado mais para frente ou mais para trás, este ajuste pode ser feito facilmente, é possível movimentação lateral do monitor, este ajuste pode ser feito facilmente, onde todos apresentam índice de 83,33%. Da mesma maneira há itens que se encontram com índice de porcentagem baixo que pode indicar falhas na ergonomia do mesmo, como por exemplo: permite ajuste de altura da tela de vídeo, este ajuste pode ser feito facilmente, com 0%. Tabela 3 – Teclado e Suporte Especificação F Fr% O teclado é destacável da unidade de vídeo Em trabalhos de digitação, de processamento de texto, de informação via computador ou de editoração eletrônica, o teclado tem seu próprio suporte A altura do suporte do teclado é regulável A regulagem é feita facilmente Suas dimensões são apropriadas, inclusive cabendo o mouse É possível mover o teclado mais para perto ou mais para longe do operador O suporte é capaz de amortecer vibrações ou sons criados ao se digitar O espaço para as pernas é suficientemente em profundidade O espaço para as pernas é suficientemente alto O espaço para as pernas é suficientemente largo Há apoio para o punho, ou a borda anterior da mesa é arredondada O teclado é fino O teclado é macio 1 16,67 0 0,00 4 5 66,67 83,33 5 83,33 5 83,33 0 0,00 6 100,00 5 5 83,33 83,33 0 0,00 5 6 ∑F= 47 83,33 100,00 ∑Fr%= 60,26 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 34 Com relação ao item teclado e suporte percebe-se que há uma situação ergonômica razoável por possuir pontuação de 60,26%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Analisando a tabela 3 nota-se alguns itens de grande importância que elevam essa porcentagem, como por exemplo: o espaço para as pernas é suficientemente em profundidade, e o teclado é macio, que apresentam índice de 100%; a regulagem é feita facilmente, suas dimensões são apropriadas, inclusive cabendo o mouse, é possível mover o teclado mais para perto ou mais para longe do operador, o espaço para as pernas é suficientemente alto, o espaço para as pernas é suficientemente largo, o teclado é fino, onde todos apresentam índice de 83,33%. Da mesma maneira há itens que encontram-se com índice de porcentagem baixo que pode indicar falhas na ergonomia do mesmo, como por exemplo: em trabalhos de digitação, de processamento de texto, de informação via computador ou de editoração eletrônica, o teclado tem seu próprio suporte, o suporte é capaz de amortecer vibrações ou sons criados ao se digitar, há apoio para o punho, ou a borda anterior da mesa é arredondada com 0%. Tabela 4 – Suporte para documentos Especificação F Fr% Existe algum suporte especial para o documento-fonte 0 0,00 Sua altura, distância e ângulo podem ser ajustados 0 0,00 O ajuste é feito com facilidade 0 0,00 Ele previne vibrações Ele possui o espaço suficiente para o tipo de documento que normalmente o trabalhador faz uso Ele permite que o usuário o coloque na posição a mais próxima possível do ângulo de visão da tela e que possa ser usado nesta posição 0 0,00 0 0,00 0 0,00 ∑F= 0 ∑Fr%= 0,00 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 Com relação ao item suporte para documentos percebe-se que há uma situação ergonômica péssima por possuir pontuação de 0%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Analisando a tabela 4 nota-se que todos os itens possuem pontuação 0. 35 Tabela 5 – Apoio para os pés Especificação F Fr% 0 0,00 0 0,00 Altura regulável 0 0,00 Ângulo ajustável 0 0,00 Pode ser movido para frente ou para trás no piso 0 0,00 Desliza facilmente no piso 0 0,00 ∑F= 0 ∑Fr%= 0,00 Se o operador necessita de um apoio para os pés, ele estaria disponível Largura suficiente Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 Analisando a tabela 5 referente ao apoio para os pés percebe-se que há uma situação ergonômica péssima por possuir pontuação de 0,00%, isso se deve a todos os subitens não possuir pontuação, como se pode verificar na tabela acima. Tabela 6 – Tela Especificação F Fr% O monitor pode ser inclinado para cima ou para baixo 1 16,67 Este ajuste pode ser feito facilmente Caracteres de cor verde, âmbar, branco (sobre fundo escuro) ou preto (sobre fundo branco). Há tremores na tela 3 50,00 4 66,67 5 83,33 Altura adequada do caractere 6 100,00 Bom contraste entre um caractere e outro Espaço entre os caracteres de 20-50% da altura do caractere Espaço entre duas linhas equivalente a 10-150% da altura de um caractere É possível distinguir entre X e K; O e Q; T e Y; S e 5; I e L; U e V; I e 1; O e 8 O cursor pode ser distinguido claramente de outros caracteres Se estiver sendo usado filtro, os caracteres no display estão definidos com precisão Existem reflexos luminosos na tela A imagem permanece claramente definida à luminância máxima 6 100,00 6 100,00 6 100,00 6 100,00 6 100,00 6 100,00 2 33,33 6 100,00 ∑F= 63 ∑Fr%= 80,77 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 36 Com relação ao item tela percebe-se que há uma boa situação ergonômica por possuir pontuação de 80,77%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Analisando a tabela 6 nota-se alguns itens de grande importância que elevam essa porcentagem, como por exemplo: altura adequada do caractere, bom contraste entre um caractere e outro, espaço entre os caracteres de 2050% da altura do caractere, espaço entre duas linhas equivalente a 10-150% da altura de um caractere, se é possível distinguir entre X e K; O e Q; T e Y; S e 5; I e L; U e V; I e 1; O e 8, o cursor pode ser distinguido claramente de outros caracteres, se estiver sendo usado filtro, os caracteres no display estão definidos com precisão, a imagem permanece claramente definida à luminância máxima, que apresentam índice de 100%. Da mesma maneira há item que encontra-se com índice de porcentagem baixo que pode indicar falha na ergonomia do mesmo, como por exemplo: O monitor pode ser inclinado para cima ou para baixo com 16,67% e se existe reflexo luminoso na tela, com 33,33%. Tabela 7 – Iluminação do ambiente Especificação F Fr% A legibilidade do documento e do monitor é satisfatória O seu posto de trabalho está posicionado de lado para as janelas As janelas possuem persianas ou cortinas 5 83,33 6 100,00 6 100,00 O brilho no chão é baixo 4 66,67 ∑F= 21 ∑Fr%= 87,50 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 Com relação ao item iluminação do ambiente percebe-se que há uma boa situação ergonômica por possuir pontuação de 87,50%, isso se deve a alguns itens, como se pode verificar na tabela acima. Analisando a tabela 7 nota-se todos seus itens de grande importância que elevam essa porcentagem. 37 Tabela 8 – De acordo com sua jornada de trabalho, qual (s) o (s) segmento (s) que apresenta dor. Especificação F Fr% Pescoço 4 66,67 Ombro direito 3 50,00 Ombro esquerdo 1 16,67 Braço direito 5 83,33 Braço esquerdo 1 16,67 Antebraço direito 4 66,67 Antebraço esquerdo 1 16,67 Punho/mão direito 4 66,67 Punho/mão esquerdo 2 33,33 Costas (superior) 4 66,67 Costas (inferior) 4 66,67 Quadril 2 33,33 Perna direita 3 50,00 Perna esquerda 2 33,33 Joelho direito 0 0,00 Joelho esquerdo 0 0,00 Tornozelo/Pé direito 0 0,00 Tornozelo/Pé esquerdo 0 0,00 ∑F= 40 ∑Fr%= 37,04 Fonte: Dados coletados pela autora, 2010 Com relação ao questionário de acordo com sua jornada de trabalho, qual (s) o (s) segmento (s) que apresenta dor, na tabela acima, os colaboradores responderam apresentar dor em 37,04% dos segmentos apresentados. Analisando a tabela 8 nota-se que alguns itens se destacaram colaborando com tal resultado, podendo assim estar relacionado com os itens de baixa porcentagem encontrados nas tabelas anteriores, como por exemplo: braço direito com 83,33%, e que pode estar relacionado com os itens da tabela 3 que em trabalhos de digitação, de processamento de texto, de informação via computador ou de editoração eletrônica, o teclado tem seu próprio suporte, e 38 há apoio para o punho, ou a borda anterior da mesa é arredondada que apresentam 0%. Já com relação a dores no pescoço e no ombro, pode estar relacionado a alguns itens da tabela 2 e 6. Com relação a dores nos punho, isso pode estar relacionado ao subitem da tabela 3, onde encontra problema para o apoio do punho. Se analisarmos a relação das dores nas costas 66,67%, isso pode estar relacionado com o resultado da tabela 1, e assim por diante. 3.2 Parecer da pesquisa Através da pesquisa, foram observados alguns pontos importantes a serem refletidos, a fim de melhorar o ambiente de trabalho. Observou-se que, dos funcionários pesquisados, vários apresentam dores em alguma parte do corpo. Isso pode ter sido causado devido a má postura do ambiente de trabalho. Ao realizar a pesquisa percebe-se que muitos fatores como posicionamento da cadeira, da mesa, teclado, suporte para documentos, apoios dos pés, tela e iluminação do ambiente, podem ser melhorados na empresa, pois sabe-se que esses pontos negativos podem prejudicar a saúde de seus funcionários e seu desempenho empresarial, perdendo o funcionário e a empresa. De posse de um diagnóstico ergonômico é preciso agir para adequar os diferentes ambientes. A ação ergonômica, a partir dos elementos que o diagnóstico lhe fornece, lida com problemas do dia a dia de muitas pessoas. A inadequação da postura dos funcionários produz o desequilíbrio postural estático, fator causal do DORT. A ergonomia é uma área do conhecimento que tem como um de seus principais objetivos a análise da situação real de trabalho, a fim de construir parâmetros e proposições de transformações que viabilizem o conforto, a segurança e a eficiência na execução do trabalho. Assim sendo, projeta e/ou 39 adapta situações de trabalho, compatíveis com as capacidades e os limites do homem. A ergonomia poderia aliviar o estresse físico e psicológico destes trabalhadores, no mínimo, através da realização da ginástica laboral e da utilização de mobiliário e equipamentos adequados. 40 CONCLUSÃO Os relatos levantados pela pesquisa acerca de situações do cotidiano pessoal ou profissional do setor de tributação da prefeitura do interior do Estado de São Paulo e de milhares de pessoas pelo mundo afora, revela que a atividade produtiva de homens e mulheres, jovens e idosos, não é tão simples como possa parecer e que deve ser objeto de algum entendimento, de um estudo mais elaborado. E é isso a que se propõe a ergonomia: produzir esse entendimento para que as mudanças possam ser feitas, os projetos mais bem elaborados e as decisões tecnológicas melhor assentadas. A saúde das pessoas, a eficiência dos serviços e a segurança das instalações estarão, a partir daí, sendo efetivamente incorporadas à vida das organizações. Constata-se que, em todo o mundo, a ergonomia tem sido objeto de uma explosão de demanda, com um número crescente de empresas solicitando consultorias e criando cargos para ergonomistas em seus organogramas. O que caracteriza uma intervenção ergonômica é a construção que vai viabilizar a mudança necessária, e que possa inserir os resultados da ergonomia nas crenças e valores das organizações que as demandam e recebem os seus resultados. O campo da ergonomia organizacional se constrói a partir de uma constatação óbvia, que toda a atividade de trabalho ocorre no âmbito de organizações. O foco da ergonomia que deve ser sustentado é o de modificar o sistema de trabalho de forma realista e efetiva. Na verdade tratar-se-á de um processo especialista onde o ergonomista aporta conhecimentos, mas também participativo, onde os diversos saberes técnicos, operativos e de manutenção devem concorrer para implantar uma boa solução. A ergonomia contribui com sugestões e na condução de um trabalho em equipe trazendo resultados de um estudo da situação. Através da pesquisa percebe-se que vários itens podem ser melhorados, pois segundo a avaliação do check list, pode observar que o ambiente de trabalho de forma geral possui condição ergonômica razoável, gerando várias dores em seus funcionários. 41 Com isso, a condição ergonômica pode gerar riscos para os funcionários públicos do setor de tributação desenvolvendo algum tipo de DORT através da condição de trabalho encontrada, atingindo assim o objetivo desse trabalho. Qualquer tentativa para enfrentar estes problemas envolvem o comportamento humano, motivação e atitudes, a nível individual e coletivo. Aqui está precisamente o propósito da ergonomia: modelagem da interação entre os homens e desses com o meio ambiente, seja ele natural ou construído. O uso prolongado de teclado ou mouse pode levar a dores nos músculos-tendínea a menos que algumas orientações sejam seguidas. Trabalho intenso no computador sem alternância, pausas para descanso e mudanças de postura pode ser prejudicial. É possível trabalhar com maior segurança e conforto, como por exemplo: manter boa postura quando usar o teclado; usar uma cadeira que tenha suporte adequado para as costas; os pulsos devem ficar em posição neutra ou reta ao digitar ou se usar algum dispositivo de apontamento ou calculadora; usar um apoio para o teclado e para o mouse de modo a posicioná-los corretamente, entre outros. 42 REFERÊNCIAS BARBOSA, S. de L. Teoria vs pratica gerencial: a qualidade de vida no trabalho como discurso para obter eficiência organizacional. Revista Ciência Empresarial, Curitiba, v.1, n.1, jul/dez 2001, p.75-92. BARREIRA, T. H. C. Abordagem ergonômica na prevenção da LER. Revista brasileira de saúde ocupacional, v. 22, n. 84, out/nov/dez. 1994. P. 51-59. BARROS, C.A.M.; FONSECA, M.C.R.; SHIMANO, S.G.N. Análises ergonômicas do posto de trabalho e do trabalhador. Revista do Centro Universitário. Batatais, n.6, p. 108-116, jan/dez 2006. BAÚ, L. M. S. Fisio do Trabalho: ergonomia, legislação, reabilitação. Curitiba, Cladosilva, 2002. BREGION, L. A. S.; OLIVEIRA, M. P. Avaliação dos Dorts em Usuários de Computador Utilizando Check List e Análise do Posto de Trabalho (APT). 2006. Monografia (Pós-Graduação em Fisioterapia do Trabalho) – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. CAMPOS, M. de L. A gestão participativa como uma proposta de reorganização do trabalho em um sistema de produção industrial: uma estratégia de ampliação da eficácia sob a ótica da ergonomia. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós – Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. CARDOSO, F.; LEITE, M. A.; REMBADO, E. J. R. da C. Intervenção Preventiva Aplicada de Posturas Incorretas no Trabalho.2007. Monografia (Pós-Graduação em Fisioterapia do Trabalho) – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. CERVO, A. L; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Makron Books, 1996. COUTO, H. de A.; NICOLETTI, S. J.; LECH, O. Gerenciando a LER e os DORT nos tempos atuais. Belo Horizonte: ERGO Editora, 2007. ESPERANÇA, J. B.; PEREZ, L. T. R. O emprego do programa ergonômico em indivíduos que trabalham sentados com intuito de prevenir vícios posturais evitando a dor. 2006. Monografia (Pós-Graduação em Fisioterapia do Trabalho) - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. FERNANDES, F. F.; ZAMBON, L. C. Importância da Ergonomia na prevenção da DORT. 2005. Monografia (Pós-Graduação em Fisioterapia do Trabalho) – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. 43 GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia – Adaptando o Trabalho ao Homem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1990. LEITE, A. Cervicobraquialgia. Alexandre Leite. 2003. Disponível em: http://www.alexandreleite.com.br/home.asp> acesso em: 17 jun 2006. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 5ª ed. São Paulo: Futura, 2002. MORAES, R. A. S.; NASCIMENTO, N. M. Fisioterapia nas Empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2000. OLIVEIRA, C. R. Manual Prático de LER, Belo Horizonte: Health, 1998. PEREIRA, E. R. Fundamentos de ergonomia e fisioterapia do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2003. ROSSI, L. C. de C; LEMOS, R. M. Z. A atividade física como fator de qualidade de vida e saúde do trabalhador. 2006. Monografia (PósGraduação em Fisioterapia do Trabalho) – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. SAKATA, R.K.; ISSY, A.M. Lesão por esforços repetitivos (LER) Doença Ósteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT). Revista Brasileira de Medicina, v.60, p.77-83, dez, 2003. SELL, I. Condições de trabalho na indústria têxtil em Santa Catarina. In: XIV ENEGEP. Anais... João Pessoa, out. 1994. p. 239-244. WISNER, A. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo: FUNDACENTRO, 1994. 44 APÊNDICE 45 APÊNDICE A - Check List para avaliação simplificada de postos de trabalho com computador adaptado da literatura do Couto; Nicoletti; Lech (2007) 1- Avaliação da Cadeira 1.1-Esforço muscular estático? SIM (0) NÃO (1) 1.2- Cadeira estofada? NÃO (0) SIM (1) 1.3- Altura regulável? NÃO (0) SIM (1) 1.4- Acionamento fácil da regulagem da altura? NÃO (0) SIM (1) 1.5- Os pés ficam bem apoiados no chão ou em suporte próprio? NÃO (0) SIM (1) 1.6- Largura da cadeira de dimensão adequada? NÃO (0) SIM (1) 1.7- Assento na horizontal, não jogando o tronco do funcionário para trás? NÃO (0) SIM (1) 1.8- Assento de forma plana? NÃO (0) SIM (1) 1.9- Borda anterior do assento arredondada? NÃO (0) SIM (1) 1.10- Apoio dorsal com regulagem de inclinação (seja através de regulagem própria, seja através de mecanismo de amortecimento)? NÃO (0) SIM (1) 1.11- Apoio dorsal fornece um suporte firme? NÃO (0) SIM (1) 1.12- Forma do apoio acompanhando as curvaturas normais da coluna? NÃO (0) SIM (1) 1.13- Regulagem da altura do apoio dorsal? NÃO (0) SIM (1) 1.14- Espaço para acomodação das nádegas? NÃO (0) SIM (1) 1.15- A cadeira é giratória? NÃO (0) SIM (1) 1.16- Rodízios não muito duros, nem muito leves? NÃO (0) SIM (1) 1.17- Os braços da cadeira prejudicam a aproximação do trabalhador até seu posto de trabalho? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 2. Mesa de trabalho 2.1- Altura apropriada (de 70-83 cm)? NÃO (0) SIM (1) 2.2- Dimensões apropriadas (tamanho do tampo é disponível para o trabalho)? NÃO (0) SIM (1) 2.3-O tampo é de cor clara? NÃO (0) SIM (1) 2.4-Bordo anterior arredondado? NÃO (0) SIM (1) 2.5-Gavetas de fácil deslizamento? NÃO (0) SIM (1) 2.6-Espaço para as pernas suficientemente alto? NÃO (0) SIM (1) 2.7-Espaço para as pernas suficientemente profundo? NÃO (0) SIM (1) 2.8-Espaço para as pernas suficientemente largo? NÃO (0) SIM (1) 2.9-Permite ajuste da altura da tela de vídeo? NÃO (0) SIM (1) 2.10Este ajuste pode ser feito facilmente? NÃO (0) SIM (1) 2.11- O monitor pode ser posicionado mais para frente ou mais para trás? NÃO (0) SIM (1) 2.12- Este ajuste pode ser feito facilmente? NÃO (0) SIM (1) 2.13- É possível movimentação lateral do monitor? NÃO (0) SIM (1) 2.14- Este ajuste pode ser feito facilmente? NÃO (0) SIM (1) 3. Teclado e Suporte 461 3.1-O teclado é destacável da unidade de vídeo? NÃO (0) SIM (1) 3.2-Em trabalhos de digitação, de processamento de texto, de informação via computador ou de editoração eletrônica, o teclado tem seu próprio suporte? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 3.3-A altura do suporte do teclado é regulável? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 3.4-A regulagem é feita facilmente? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 3.5-Suas dimensões são apropriadas, inclusive cabendo o mouse? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 3.6-É possível mover o teclado mais para perto ou mais para longe do operador? NÃO (0) SIM (1) 3.7-O suporte é capaz de amortecer vibrações ou sons criados ao se digitar? NÃO (0) SIM (1) 3.8-O espaço para as pernas é suficiente em profundidade? NÃO (0) SIM (1) 3.9-O espaço para as pernas é suficientemente alto? NÃO (0) SIM (1) 3.10- O espaço para as pernas é suficientemente largo? NÃO (0) SIM (1) 3.11- Há apoio para o punho, ou a borda anterior da mesa é arredondada? NÃO (0) SIM (1) 3.12- O teclado é fino? NÃO (0) SIM (1) 3.13- O teclado é macio? NÃO (0) SIM (1) 4. Suporte para documentos 4.1-Existe algum suporte especial para o documento-fonte? NÃO (0) SIM (1) 4.2-Sua altura, distância e ângulo podem ser ajustados? NÃO (0) SIM (1) 4.3-O ajuste é feito com facilidade? NÃO (0) SIM (1) 4.4-Ele previne vibrações? NÃO (0) SIM (1) 4.5-Ele possui o espaço suficiente para o tipo de documento que normalmente o trabalhador faz uso? NÃO (0) SIM (1) 4.6-Ele permite que o usuário o coloque na posição a mais próxima possível do ângulo de visão da tela e que possa ser usado nesta posição? NÃO (0) SIM (1) 5. Apoio para os pés 5.1-Se o operador necessitar de um apoio para os pés, ele estaria disponível? NÃO (0) SIM (1) 5.2-Largura suficiente? NÃO (0) SIM (1) 5.3-Altura regulável? NÃO (0) SIM (1) 5.4-Ângulo ajustável? NÃO (0) SIM (1) 5.5-Pode ser movido para frente ou para trás no piso? NÃO (0) SIM (1) 5.6-Desliza facilmente no piso? SIM (0) NÃO (1) 6. Tela 6.1-O monitor pode ser inclinado para cima ou para baixo? NÃO (0) SIM (1) 6.2-Este ajuste pode ser feito facilmente? NÃO (0) SIM (1) 6.3-Caracteres de cor verde, âmbar, branco (sobre fundo escuro) ou preto (sobre fundo branco)? NÃO (0) SIM (1) 6.4-Há tremores na tela? NÃO (0) SIM (1) 6.5-Altura adequada do caractere? NÃO (0) SIM (1) 6.6-Bom contraste entre um caractere e outro? NÃO (0) SIM (1) 6.7-Espaço entre os caracteres de 2050% da altura do caractere? NÃO (0) SIM (1) 2 47 6.8-Espaço entre duas linhas equivalentes a 100-150% da altura de um caractere? NÃO (0) SIM (1) 6.9-É possível distinguir entre X e K; O e Q; T e Y; S e 5; I e L; U e V; I e 1; O e 8? NÃO (0) SIM (1) 6.10- O cursor pode ser distinguido claramente de outros caracteres? NÃO (0) SIM (1) 6.11- Se estiver sendo usado filtro, os caracteres no display estão definidos com precisão? NÃO (0) SIM (1) 6.12- Existem reflexos luminosos na tela? NÃO (0) SIM (1) 6.13- A imagem permanece claramente definida à luminância máxima? NÃO (0) SIM (1) 7. Iluminação do ambiente 7.1-A legibilidade do documento e do monitor é satisfatória? NÃO (0) SIM (1) 7.2-O seu posto de trabalho está posicionado de lado para as janelas? NÃO (0) SIM (1) Não há janelas (1) 7.3-As janelas possuem persianas ou cortinas? NÃO (0) SIM (1) Não se aplica (1) 7.4-O brilho no chão é baixo? NÃO (0) SIM (1) Critério de interpretação: Em cada um dos itens pesquisados e também para o total de itens deste check list considere: 91 a 100% dos pontos – condição ergonômica excelente 71 a 90% dos pontos – boa condição ergonômica 51 a 70% dos pontos – condição ergonômica razoável 31 a 50% dos pontos – condição ergonômica ruim Menos que 31% dos pontos – condição ergonômica péssima 1 48 APÊNDICE B - Check list para gerenciamento de queixas dolorosas De acordo com sua jornada de trabalho, qual (s) o (s) seguimento (s) que apresenta dor? 1- Pescoço? ( )SIM ( )NÃO 15 - Joelho direito? ( )SIM ( )NÃO 2- Ombro direito? ( )SIM ( )NÃO 16 - Joelho esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 3- Ombro esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 17 - Tornozelo/Pé direito? ( )SIM ( )NÃO 4- Braço direito? ( )SIM ( )NÃO 18 - Tornozelo/Pé esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 5- Braço esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 6- Antebraço direito? ( )SIM ( )NÃO 7- Antebraço esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 8- Punho/mão direito? ( )SIM ( )NÃO 9- Punho/mão esquerdo? ( )SIM ( )NÃO 10 - Costas (superior)? ( )SIM ( )NÃO 11 - Costas (inferior)? ( )SIM ( )NÃO 12 - Quadril? ( )SIM ( )NÃO 13 - Perna direita? ( )SIM ( )NÃO 14 - Perna esquerda? ( )SIM ( )NÃO