Conexão de palavras Tamanha influência italiana pode ser observada em vários setores de nossa cultura como, por exemplo, nas ideias disseminadas por meio da literatura e, também, pelo grande número de palavras que passaram a fazer parte do nosso cotidiano como se fossem nossas originalmente. Exemplo disso, encontramos na culinária italiana; são inúmeras as palavras que nomeiam seus pratos e que passaram a fazer parte do nosso cotidiano: lasanha: lazanha/ lasanha; nhoque: enhoque/ nhioque; espaguete: spaguetti/ espaguete/ spaghet; muçarela: mussarela/ musarela/ muzzarella; pizza: piza; taglierini: talharim; ravioli: ravióli; panetone: panetone; entre tantas outras. Segundo Pacheco Júnior1, cerca de 300 palavras italianas foram incorporadas ao português falado no Brasil, como cantina, caricatura, fiasco, bravata, poltrona, alegro, aquarela, bandolim, camarim, concerto, maestro, piano, serenata, alarme, boletim, carnaval, confete, macarrão, mortadela, salsicha, “ciao”: tchau.2 Da mesma forma, o processo de introdução de palavras italianas incorporadas ao nosso vocabulário, realizada no dia a dia por inúmeros imigrantes anônimos, também contou com muitos escritores, jornalistas, poetas e dramaturgos de expressão internacional, disseminando assim as ideias e a palavra literária, por meio de suas obras. Abaixo, citamos alguns autores ítalo-brasileiros eternizados por meio da sua visão de mundo particular, como também apreciaremos alguns fragmentos literários de suas autorias ou fragmentos biográficos: Giovanni Battista Líbero Badaró (Laigueglia/ 1798-1830) – Jornalista, político e médico. No dia 20 de novembro de 1830, Badaró sofreu um brutal atentado à bala. A primeira pessoa a socorrê-lo foi o estudante de direito Emiliano Fagundes Varela, pai do futuro poeta Fagundes Varela. Suas últimas palavras foram: "Morre um Liberal, mas não morre a Liberdade". No dia seguinte estava morto. 1 2 Autor de “Gramática histórica da Língua Portuguesa”. Informações recolhidas na íntegra ou em parte no seguinte endereço: http://luisalessa.blogspot.com.br/2010/04/presenca-italiana-na-lingua-portuguesa.html. Acesso: 01/6/2012 (19h53) Carlos Alberto Salustri (Roma/ 1873-1950) – Poeta Felicità C'è un'ape che se posa su un bottone di rosa: lo succhia e se ne va... Tutto sommato, la felicità è una piccola cosa. Tem uma abelha que se deita num botão de rosa: o chupa e se vai.... Contudo, a felicidade é pouca coisa. Demetrio Giuliano Gianni Carta (Gênova/ 1933) – Jornalista, escritor, editor e pintor. Chegou a São Paulo em 1946 e escreveu sobre esse período: Agosto de 1946, cheguei a São Paulo, trazido por meus pais, ainda vestia calças curtas. A cidade não passava de 1,5 milhão de habitantes, tinha medidas humanas. Pacata, ordeira, elegante em várias ruas centrais. São Luís, Barão de Itapetininga, Marconi, Vieira de Carvalho. Recantos verdes e vibrantes. Praça da República, Largo do Arouche. Senhorial a Avenida Paulista, ladeada por casarões, um deles o do Conde Matarazzo, dono de um Cadillac suntuosamente negro, na placa ostentava apenas e tão-somente o número 1. – Mino Carta Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Marinenghi de Guarnieri (Milão/ 1934-2006) – Ator, diretor, dramaturgo e poeta. Sua peça de estreia, como dramaturgo, foi Eles Não Usam Black-Tie, encenada em 1958 pelo Teatro de Arena. Alfredo Bosi (São Paulo/ 1936) – Crítico e historiador literário, ensaísta e professor. Realizou seus estudos em colégios públicos e, em 1955, ingressa no curso de letras neolatinas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo FFLCH/USP. Obtida a licenciatura, faz o curso de especialização em literatura brasileira, Filologia românica e literatura italiana. Elio Gaspari (Nápoles/ 1944) – Jornalista e escritor. Nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde começou sua carreira jornalística, no semanário Novos Rumos; depois, tornou-se auxiliar do colunista social Ibrahim Sued, passando pela redação de publicações como Diário de São Paulo, Veja e Jornal do Brasil. É colunista da Folha de São Paulo e seus artigos são difundidos para outros jornais, entre os quais O Globo e Correio do Povo. Pelos dois volumes de As ilusões armadas, recebeu o prêmio de melhor ensaio da Academia Brasileira de Letras em 2003.