Vai ser maior? Porque os movimentos sociais tendem a perder força na era das redes (e uma proposta) ISABELLE ANCHIETA1 Se por um lado a natureza decentralizada e apartidária dos movimentos é positiva. Por outro, pode conduzir a impressão de que há demandas diversas e muitas vezes opostas. Fica tudo no ar. Uns pedem uma coisa, outros o contrário. Sem consenso as coisas tendem a estagnarem-se na falta da definição de prioridades e encaminhamentos práticos. Seria preciso uma liderança para ordená-las? Também não. Pois, a força desses movimentos é exatamente fundamentada na possibilidade de que cada um possa agir a partir de sua avaliação do país, de sua consciência individual. Os “líderes” estão maculados, e sua entrada em cena mais atrapalha e deslegitima os movimentos do que os ajuda. A natureza espontânea, a consciência individual e suprapartidária é o que oferecem a essa nova forma de organização social o seu sentido forte. Por isso, não faz mais sentido afirmar que a grande mídia nos manipula ou que um líder ou artista global é capaz de nos convencer a sair as ruas. As pessoas estão sobretudo mobilizadas porque percebem as consequências nefastas da corrupção em seu dia-a-dia. Aumento dos preços, má condição dos hospitais, estradas, escolas versus privilégios que continuam a se autoconceder os representantes. Como auxílio moradia, carros oficiais, e milhões escorrendo pelo ralo da corrupção em propinas e favores. Enquanto isso o pedido de sacrifício para a população ganha sentido ruidoso, inoportuno. A resposta: panelaços. Mas, o que fazer diante desse impasse? Como organizar esses indivíduos e suas demandas de forma eficaz? Como gerar uma inteligência coletiva que prescinda de líderes e messias salvadores? Tivemos uma ideia! Estamos terminando o site e alguns detalhes antes de lançar. Mas, posso adiantar que conseguimos resolver esse impasse. Criamos uma forma que poderá dar vida e realidade as nossas demandas, organizando-as em um projeto coerente e ao mesmo tempo fruto de um amplo debate. Seremos nós, juntos, os agentes dessa mudança. Precisarei, em breve, do seu apoio para que me ajudem a divulgar e a tornar esse sonho comum uma realidade. Obs. Estão nos apoiando e fazendo parte do projeto: o Juíz Márlon Reis (articulador do Ficha Limpa e um dos fundadores do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral- MCCE); Leonardo Avritzer (presidente da Associação Brasileira de Ciência Política); a jovem Izabela Corrêa (co-fundadora do Projeto Brasil, doutoranda em Ciência Política e vencedora do prêmio jovens inspiradores); Edson de Castro (promotor de justiça e professor de Direito Eleitoral no curso de Formação de Promotores de Justiça de MG); o apresentador Elias Santos, mestre em Comunicação Social e diretor artístico da Rádio Inconfidência. 1 Isabelle é jornalista e doutora pela USP em Sociologia. Recebeu distinção acadêmica e recomendação de publicação por sua tese. Recebeu prêmio internacional pela ISA/ UNESCO na Competição Mundial Jovens Sociólogos. Tem também prêmio nacional por sua atuação como jornalista cultural pelo Rumos Itaú Cultural, 2008. Foi jornalista pela Rede Minas/TV Cultura e âncora e editora pela Rede Globo Minas. Criou em 2015 uma produtora de vídeo especializada em conteúdos culturais, CultDocs. A jovem jornalista e socióloga administra quatro redes sociais e é seguida atualmente por mais de 90 mil pessoas. Contato: [email protected].