jornalismo econômico

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JORNALISMO ECONÔMICO
Introdução
Foi por conservadorismo, preconceito, má-fé ou mesmo por pura preguiça, que
difundiu-se um mito segundo o qual as páginas de economia dos jornais só
interessam e são entendidas por circunspectos senhores de paletó e gravata,
sejam eles economistas, executivos, empresários, técnicos do governo ou
profissionais do mercado financeiro. O que, de modo algum, é verdade. O que
para muitos pode parecer apenas um código cifrado, um emaranhado hermético
de gráficos e números destinado apenas à leitura de iluminados e especialistas, é
de fato um guia de sobrevivência indispensável para nossa vida cotidiana: é lá que
estão as notícias sobre juros e inflação, tarifas públicas e aluguel, golpes e
trambiques, sobre o preço da carne e do feijão, o emprego perdido e o salário
reduzido.
É preciso reconhecer que quem por vezes pode tornar o jornalismo econômico
difícil e chato é o próprio jornalista. Isso ocorre quando o repórter ouve das suas
fontes de informação uma série de explicações técnicas, um amontoado de
expressões específicas (muitas em inglês), que realmente bem poucos entendem
(às vezes, nem mesmo ele, repórter), e se limita a transcrevê-las nesse mesmo
jargão, o chamado “economês”. O jornalista age, assim, como mero papagaio que
insiste em imitar o dono.
Ora, a linguagem jornalística é uma só. O texto sobre o déficit fiscal do governo
deve ter a mesma simplicidade, objetividade e clareza de outro que descreve um
confronto entre policiais e traficantes na favela ou daquele que narra a súbita
disposição de Romário em disputar a bola com o adversário. O que muda é
apenas o tema. Se o leitor não entender o que leu, é porque o jornalista não
cumpriu sua função básica de informar. Escreveu como se fosse um burocrata e
não como um bom repórter. O empresário tem lá seu vocabulário próprio, o
economista lança mão de expressões técnicas da ciência econômica, o ministro
fala no linguajar escorregadio do governo. Mas o jornalista deve ter preocupação e
preparo para interpretar o que ouviu desses personagens e, ao escrever, traduzir
tudo em linguagem simples e objetiva, capaz de ser entendida por qualquer um,
do porteiro de seu prédio ao mais alto empresário do país.
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