análise da demanda por venture capital no

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FACULDADE BOA VIAGEM
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL
ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO
ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC
HAIM MESEL
RECIFE
2010
HAIM MESEL
ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO
ÂMBITO DO FMIEE CRIATEC
Dissertação apresentada como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Administração do Centro de
Pesquisa
e
Pós
Graduação
em
Administração da Faculdade Boa Viagem.
Linha de Pesquisa: Estratégia
Desempenho Organizacional
e
Orientador: Prof. Walter Fernando Araújo
de Moraes, Ph.D
RECIFE
2010
FACULDADE BOA VIAGEM
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE
ANÁLISE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO ÂMBITO DO
FMIEE CRIATEC
HAIM MESEL
Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão
Empresarial (MPGE) do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em
Administração (CPPA) da Faculdade Boa Viagem (FBV) e aprovada, com
distinção, em 20 de julho de 2010
Banca Examinadora:
Walter Fernando Araújo de Moraes, Ph.D., Universidade Federal de Pernambuco
(Orientador)
José Arnaldo Deutscher, Doutor, Diretor da Antera Gestão de Recursos - Gestora do
Fundo Criatec (Examinador Externo)
Fábio Queda Bueno da Silva, Ph.D., Universidade Federal de Pernambuco (Examinador
Externo)
Dedico este trabalho a minha esposa Sarah e a meus filhos Hannah e Ethan.
AGRADECIMENTOS
A minha avó, Lety Martins Mesel (In Memoriam), por tudo!!!
A minha esposa, Sarah Mesel, por sua presença em minha vida, companheirismo,
compreensão e dedicação a mim e a nossos filhos.
A minha mãe, Katia Mesel, pelo amor irrestrito.
A meus irmãos, Avir e Ilan Mesel, e a minha cunhada, Melícia Carvalho Mesel, pelo carinho,
companheirismo e momentos de descontração vividos ao longo deste trabalho.
A meu amigo-irmão, Flávio Kreimer, por me estimular através do exemplo.
Aos companheiros de jornada, sobretudo, Ricardo Mendonça, Roberta Fernandes e Vitor
Andrade, pelos momentos de aprendizado vividos durante a longa caminhada.
Ao amigo e mentor, Marcus Regueira, da FIR Capital, por ter me introduzido nesta indústria
e pela generosidade em compartilhar seus conhecimentos.
Ao amigo, Prof. Dr. Geber Ramalho, pelo estímulo e apoio em todas as horas.
Aos colegas do FMIEE Criatec, Robert Binder, Paulo Renato, Alexandre Alves, Gabriela
Gonçalves, Francisco Jardim, Eric Ribeiro, Reinaldo Coelho, Claudio Moraes, Mark Silva,
Romero Correia, Gustavo Motta, Daniel Matoso e todos os demais que contribuíram direta
ou indiretamente com este trabalho.
Ao amigo, Gustavo Junqueira, idealizador do Banco de Dados do FMIEE Critec.
Aos membros da banca: Prof. Dr. Fábio Queda Bueno Silva e Prof. Dr. José Arnaldo
Deutscher, pelas preciosas sugestões oferecidas na defesa do projeto.
Ao Prof. Dr. Walter Moraes, pela valiosa orientação no desenvolvimento do trabalho, pelas
minuciosas revisões e pela ajuda na elaboração desta dissertação.
Agradeço, finalmente, aos demais amigos e familiares, que de alguma forma contribuíram
ou incentivaram a concretização desta dissertação.
MUITO OBRIGADO!
RESUMO
A indústria de venture capital vem crescendo no Brasil, sobretudo a partir do início do século
XXI. O crescimento desta indústria é influenciado por fatores relacionados com a oferta e
com a demanda por capital de risco, contudo, os fatores relacionados com a demanda têm
maior influência. Apesar do aumento de importância econômica desta indústria, a literatura a
respeito ainda é incipiente e enfatiza, sobretudo, os fatores relacionados com oferta, a
estrutura da indústria e os aspectos relacionados com as organizações gestoras e os fundos
de investimento, pouco se detendo sobre os fatores relacionados com a demanda por
venture capital. Além disso, outro ponto que é abordado, diz respeito ao conteúdo dos
planos de negócios desenvolvidos pelos empreendedores que buscam investimentos de
capital de risco, pois o plano de negócios é o principal insumo fornecido pelos
empreendedores para que os investidores procedam com a análise inicial de suas
oportunidades. Desta forma, este trabalho identifica as características da demanda por
venture capital no Brasil e evidencia quais elementos devem estar contidos em um plano de
negócios para que as chances de obtenção de financiamento, via venture capital, sejam
maximizadas. A partir de pesquisas em dados secundários contidos na base de dados do
Fundo Mútuo de Investimentos em Empresas Emergentes Criatec e utilizando-se de
metodologia quali e quantitativa, identifica-se as características principais da demanda por
venture capital no Brasil. Além disso, analisa-se a qualidade desta demanda e estuda-se a
influência dos critérios de seleção na escolha de uma determinada oportunidade de
investimento. Por fim, analisam-se, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos, os
planos de negócios das oportunidades aprovadas para investimento e propõemse diretrizes para a elaboração de planos de negócios com chances elevadas de aprovação.
Palavras-chave: Capital de risco. Capital semente. Empreendedorismo. Inovação. FMIEE
Criatec.
ABSTRACT
The venture capital industry is growing in Brazil, especially in the early twenty-first century.
The growth of this industry is influenced by factors related to supply and demand for venture
capital, however, the factors related to the demand has more influence than the factors
related to the supply. Despite of the increased economic importance of this industry, the
literature about it is still incipient and emphasizes especially the factors related to the supply,
the industry structure and the aspects related to the venture capital companies and the
venture capital funds, discussing superficially the factors related to the demand for venture
capital. Also, another point that is addressed, concerns to the content of the business plans
developed by entrepreneurs seeking venture capital investments, because the business plan
is the main input provided by the entrepreneurs for the investors to proceed with the initial
analysis of their opportunities. Thus, this study identifies the characteristics of the demand for
the venture capital in Brazil and shows which elements should be contained in a business
plan to the chances of obtaining funding through venture capital are maximized. From the
research on secondary data on nearly 1,200 business plans contained in the database
FMIEE Criatec and using qualitative and quantitative methodology, are identified the main
characteristics of the demand for venture capital in Brazil. Furthermore, are analyzed the
quality of this demand and the influence of the selection criteria in choosing a particular
investment opportunity. Finally, are analyzed, based on the Resource Based View Theory,
the business plans approved for investment, then, it was proposed a guideline for the
preparation of business plans with high chances of approval.
Key-words: Venture Capital. Seed Capital. Entrepreneurship. Innovation. FMIEE Criatec.
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Planos de Negócios por Estado .................................................................... 63
GRÁFICO 2 – Diferenças Relativas das Participações das Unidades da Federação
no PIB e na base de dados do FMIEE Criatec .............................................. 66
GRÁFICO 3 – Planos de Negócios por Região Geográfica.................................................. 66
GRÁFICO 4 – Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec .................. 67
GRÁFICO 5 – Planos de Negócios por Titulação Máxima do Pesquisador .......................... 68
GRÁFICO 6 – Planos de Negócios por Tecnologia .............................................................. 69
GRÁFICO 7 – Planos de Negócios por Situação da Patente ............................................... 69
GRÁFICO 8 – Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto ................ 70
GRÁFICO 9 – Planos de Negócios por Percepção da Inovação .......................................... 71
GRÁFICO 10 – Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital .............................. 72
GRÁFICO 11 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital no Ano 1......................... 73
GRÁFICO 12 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital do Ano 2 ao 5 ................. 74
GRÁFICO 13 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital Após o Ano 5.................. 75
GRÁFICO 14 – Avaliação da Equipe ................................................................................... 84
GRÁFICO 15 – Avaliação do Diferencial da Tecnologia ...................................................... 85
GRÁFICO 16 – Avaliação do Potencial de Mercado ............................................................ 86
GRÁFICO 17 – Avaliação do Resultado Financeiro Projetado ............................................. 87
GRÁFICO 18 – Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento ......................................... 89
GRÁFICO 19 – Avaliação da Necessidade de Capital ......................................................... 90
GRÁFICO 20 – Planos de Negócio por Status da Avaliação................................................ 92
GRÁFICO 21 – Distribuição de Freqüência das Notas Finais .............................................. 93
GRÁFICO 22 – Comparativo participação no universo de empresas aprovadas no
Criatec / Participação no PIB ........................................................................ 96
GRÁFICO 23 – Freqüência relativa dos Capitais Intangíveis ............................................. 103
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Participação das Unidades da Federação no PIB ............................................ 64
TABELA 2 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e na
base de dados do FMIEE Criatec.................................................................. 65
TABELA 3 – Regional X Titulação do Pesquisador ............................................................. 76
TABELA 4 – Regional X Setor Tecnológico ......................................................................... 77
TABELA 5 – Regional X Situação da Patente ..................................................................... 78
TABELA 6 – Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto ...................................... 79
TABELA 7 – Regional X Percepção da Inovação ................................................................ 80
TABELA 8 – Regional X Intenção na Busca por Capital ..................................................... 80
TABELA 9 – Regional X Necessidade de Capital no Ano 1 ................................................. 81
TABELA 10 – Regional X Avaliação Final ............................................................................ 91
TABELA 11 – Status dos Planos de Negócios com Relação ao Investimento...................... 94
TABELA 12 – Investimentos Aprovados por Estado ............................................................ 95
TABELA 13 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e
nas aprovações do Criatec............................................................................ 95
TABELA 14 – Correlação Entre os Critérios de Avaliação e a Avaliação Final..................... 98
TABELA 15 – Evidências da Presença de Ativos Intangíveis ............................................. 101
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Fases da história da indústria de Capital de Risco no Brasil .......................... 24
QUADRO 2 – Etapas do Ciclo do Venture Capital ............................................................... 32
QUADRO 3 – Papel desempenhado por cada um dos atores da indústria de VC/PE .......... 34
QUADRO 4 – Principais contribuições para a RBV .............................................................. 41
QUADRO 5 – Importância relativa dos principais critérios de seleção de
oportunidades de investimentos em empresas nascentes ............................ 46
QUADRO 6 – Principais métodos de precificação (valuation) de empresas......................... 47
QUADRO 7 – Objetivos específicos, fonte de dados, método de análise............................. 51
QUADRO 8 – Objetivos específicos e universo amostral ..................................................... 52
QUADRO 9 – Características do FMIEE Criatec.................................................................. 57
QUADRO 10 – Rating de Capitais Intangíveis ................................................................... 100
QUADRO 11 – Peso dos Ativos Intangíveis para Pequenas Empresas ............................. 106
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Evolução do Capital Comprometido Alocado ao Brasil .................................... 25
FIGURA 2 – Evolução do Capital Comprometido como Percentual do PIB .......................... 26
FIGURA 3 – Gestoras de Capital Semente: 10 Maiores Volumes de Capital Alocado
ao Brasil em 30/06/2008 (Valores em US$ Milhões) ..................................... 27
FIGURA 4 – Diagrama dos Estágios dos Empreendimentos e Modalidades dos
Veículos ........................................................................................................ 30
FIGURA 5 – Principais processos do Venture Capital.......................................................... 31
FIGURA 6 – Principais interações entre os atores da indústria de VC/PE ........................... 35
FIGURA 7 – Evolução Risco e Retorno versus Necessidade de Recursos .......................... 36
FIGURA 8 – Framework RBV para o sucesso da empresa .................................................. 42
FIGURA 9 – Modelo VRIN – Pressupostos, condições e resultado...................................... 43
FIGURA 10 – Fatores para a vantagem competitiva sustentável ......................................... 44
FIGURA 11 – Resumo do processo seletivo do Criatec ....................................................... 61
FIGURA 12 – Composição do Modelo com Chances Elevadas de Aprovação .................. 104
LISTA DE ABREVIATURAS
ABVCAP
–
Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity
ARD
–
American Research and Development
BNB
–
Banco do Nordeste do Brasil
BNDES
–
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BNDESPar
–
BNDES Participações
BVCA
–
The British Private Equity and Venture Capital Association
CI
–
Capital Intelectual
CGEE
–
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
CVM
–
Comissão de Valores Mobiliários
DEC
–
Digital Equipment Company
EVCA
–
European Private Equity & Venture Capital Association
FINEPE
–
Financiadora de Estudos e Projetos
FMIEE
–
Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes
FVG
–
Fundação Getúlio Vargas
GVcepe
–
Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV
IBGE
–
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
IEL
–
Instituto Euvaldo Lodi
IPO
–
Initial Public Offering
MBO/I
–
Management Buyout/ in
PE
–
Private Equity
PIPE
–
Private Investment in Public Equity
PME
–
Pequenas e Médias Empresas
RBV
–
Resource Based View
SEBRAE
–
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
VC
–
Venture Capital
VC/PE
–
Venture Capital and Private Equity
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 16
1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA .......................................................................... 18
1.3 OBJETIVOS...................................................................................................... 19
1.3.1 Objetivos específicos ..................................................................................... 19
1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 20
1.4.1 Razões Teóricas ............................................................................................ 20
1.4.2 Razões Práticas ............................................................................................. 21
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................... 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 22
2.1 INTRODUÇÃO AO VENTURE CAPITAL.......................................................... 22
2.1.1 Histórico da indústria ..................................................................................... 23
2.1.2 A oferta de Capital de Risco no Brasil ........................................................... 26
2.1.3 A demanda por Venture Capital no Brasil ...................................................... 28
2.1.4 Conceituação dos termos Venture Capital (VC) e Private Equity (PE) .......... 28
2.1.5 Ciclo do Venture Capital ................................................................................ 31
2.1.6 Principais participantes da atividade de VC/PE ............................................. 33
2.1.7 Venture Capital como alternativa de financiamento do
empreendedorismo inovador...................................................................... 35
2.1.8 A importância do venture capital para a economia ........................................ 37
2.2 RESOURCE BASED VIEW (RBV) ................................................................... 40
2.2.1 Interface entre critérios de seleção e precificação (valuation) e a RBV ......... 45
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 49
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................ 49
3.1.1 Natureza da pesquisa .................................................................................... 49
3.1.2 Objetivos ........................................................................................................ 49
3.1.3 Procedimentos técnicos ................................................................................. 50
3.1.4 Abordagem metodológica .............................................................................. 51
3.2 AMOSTRA ........................................................................................................ 52
3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 53
3.4 ANÁLISE QUALITATIVA .................................................................................. 54
3.5 FERRAMENTAS ............................................................................................... 55
4 O FMIEE CRIATEC ............................................................................................. 57
4.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO FMIEE CRIATEC ........................................... 58
4.1.1 Processo seletivo ........................................................................................... 59
5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 62
5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA POR VENTURE
CAPITAL NO BRASIL ................................................................................ 62
5.1.1 Planos de Negócios por Estado ..................................................................... 63
5.1.2 Planos de Negócios por Região Geográfica .................................................. 66
5.1.3 Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec .................. 67
5.1.4 Planos de Negócios por Titulação Máxima do Principal Pesquisador ........... 67
5.1.5 Planos de Negócios por Setor Tecnológico ................................................... 68
5.1.6 Planos de Negócios por Situação da Patente ................................................ 69
5.1.7 Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto ................ 70
5.1.8 Planos de Negócios por Percepção de Inovação .......................................... 71
5.1.9 Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital ................................ 71
5.1.10 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 1............................ 72
5.1.11 Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 2 ao 5.................... 73
5.1.12 Planos de Negócios por Necessidade de Capital após o Ano 5 .................. 74
5.1.13 Regional X Titulação Máxima do Pesquisador ............................................ 75
5.1.14 Regional X Setor Tecnológico ..................................................................... 76
5.1.15 Regional X Situação da Patente .................................................................. 77
5.1.16 Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto .................................. 78
5.1.17 Regional X Percepção da Inovação ............................................................. 79
5.1.18 Regional X Intenção da Busca por Capital .................................................. 80
5.1.19 Regional X Necessidade de Capital no Ano 1 ............................................. 81
5.2 QUALIDADE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO BRASIL ............. 82
5.2.1 Avaliação da Equipe ...................................................................................... 83
5.2.2 Avaliação do Diferencial da Tecnologia ......................................................... 84
5.2.3 Avaliação do Potencial de Mercado ............................................................... 85
5.2.4 Avaliação do Resultado Financeiro Projetado ............................................... 86
5.2.5 Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento ............................................ 88
5.2.6 Avaliação da Necessidade de Capital............................................................ 89
5.2.7 Regional X Avaliação Final ............................................................................ 90
5.2.8 Avaliação Final .............................................................................................. 91
5.2.9 Investimentos Aprovados ............................................................................... 94
5.2.10 Investimentos Aprovados por Estado .......................................................... 95
5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A APROVAÇÃO ............................................ 97
5.4 ANÁLISE QUALITATIVA DOS PLANOS DE NEGÓCIOS APROVADOS ........ 98
5.4.1 Resultados da análise dos dados qualitativos ............................................... 99
5.5 DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE NEGÓCIOS
COM CHANCES ELEVADAS DE APROVAÇÃO ..................................... 104
5.5.1 Proposta de Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios
com Chances Elevadas de Aprovação .................................................... 106
5.5.2 Considerações sobre as Diretrizes para a Elaboração de Planos de
Negócios com Chances Elevadas de Aprovação ..................................... 110
6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 111
6.1 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS .................................................... 116
6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ......................................................................... 117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 118
ANEXO A – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS .......................................... 122
16
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, é realizada a introdução sobre o tema e são
apresentados os objetivos do estudo, bem como, sua importância e as justificativas
para sua realização.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O termo capital de risco ou, em inglês, venture capital, é utilizado para
definir os investimentos realizados em empresas que apresentem grande potencial
de retorno, associado a altos níveis de risco. Estes investimentos são realizados,
sem a exigência de garantias, na forma de aquisição de participação acionária
destas companhias ou na aquisição de debêntures, que são títulos de dívidas de
longo prazo conversíveis em ações (CGEE, 2003; TITERICZ, 2003).
A indústria de venture capital vem crescendo no Brasil, sobretudo a
partir do início do século XXI, conforme evidenciado por Ribeiro (2005); Carvalho et
al. (2006); Meirelles et al. (2008).
Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture
Capital da Fundação Getúlio Vargas - GVcepe, em conjunto com o Instituto
Empreender Endeavor, demonstra que, no período de 2004 a junho de 2007, o
setor evoluiu da seguinte forma: (a) o volume de recursos investidos pelas gestoras
de Private Equity e de Venture Capital cresceu 200%; (b) o número de
organizações voltadas para esta atividade aumentou de 71 para 89; (c) o número
de fundos de investimento em Venture Capital e Private Equity passou de 101 para
153; e (d) o número de empresas no portfólio destes fundos saltou de 306 para 404
(GVCEPE; ENDEAVOR, 2008).
Diversos
estudos
tentam
explicar,
utilizando
uma
abordagem
macroeconômica, os motivos que influenciam as variações do tamanho da indústria
de venture capital, seja em diferentes países ou em diferentes anos em um mesmo
país (GOMPERS; LERNER, 1998; PORTEBA, 1999; JENG; WELLS, 2000;
17
SCHERTLER, 2003; ROMAIN ; VAN POTTELSBERGHE, 2004). Em geral, estes
estudos examinam fatores relacionados com a oferta e com a demanda por capital
de risco, focando suas análises em aspectos ligados ao mercado financeiro, às
atividades de inovação e à atividade empreendedora (RIBEIRO, 2005).
Os fatores de oferta estão relacionados ao desejo de investidores de
aportar dinheiro em fundos de venture capital e à quantidade de recursos
financeiros disponibilizados pelos investidores. Os fatores de demanda estão
relacionados ao desejo de empreendedores de atrair fundos de capital de risco
para seus empreendimentos e ao número e à qualidade destes empreendedores e
de seus empreendimentos (RIBEIRO et al., 2006).
Os estudos ressaltam que a variação do tamanho da indústria está
relacionada tanto com fatores de oferta como por fatores de demanda, como
evidencia Porteba (1998). É importante destacar, entretanto, o papel fundamental
atribuído por Gompers e Lerner (1998) aos fatores relacionados com a demanda,
que, têm maior influência do que os fatores relacionados com a oferta.
Percebe-se que, no Brasil, não existe consenso entre os pesquisadores
sobre os fatores limitadores da indústria, pois, se por um lado, evidencia-se que
empreendedores queixam-se da falta de recursos para investimentos (SANTOS et
al., 2009), por outro lado, estudos asseguram que investidores reclamam da falta
de oportunidades de qualidade para que sejam realizados investimentos e afirmam
que sobram recursos financeiros (SIMÕES, 2007).
Apesar do aumento de importância econômica desta indústria, a
literatura a respeito de capital de risco no Brasil ainda é incipiente. De sua revisão,
pode-se notar que um número significativo de estudos - entre eles Pavani (2003),
Titericz (2003), Ribeiro (2005), Carvalho et. al. (2006), Ferreira (2007) e
GVcepe(2008) - enfatiza, sobretudo, os fatores de oferta, a estrutura da indústria e
os aspectos relacionados com as organizações gestoras e os veículos de
investimento. A literatura, entretanto, pouco se detém sobre os fatores relacionados
com a demanda por venture capital.
18
Nesse sentido, este estudo contribui para cobrir uma lacuna importante,
pois foca no entendimento dos fatores relacionados com a demanda por venture
capital no Brasil.
Outro ponto que é abordado, diz respeito ao conteúdo dos planos de
negócios desenvolvidos pelos empreendedores que buscam investimentos de
capital de risco. Este assunto é relevante, pois os processos de seleção das
operações de venture capital possuem várias etapas e o plano de negócios é o
principal insumo fornecido pelos empreendedores para que os investidores
procedam com a análise inicial de suas oportunidades.
No processo de identificação e de seleção de oportunidades, os
investidores analisam centenas de planos de negócios, com a intenção de escolher
empreendimentos que se encaixem em seus critérios de seleção. Caso o
empreendimento atenda aos critérios, uma análise mais detalhada da oportunidade
é realizada (FERREIRA, 2007). Desta forma, verifica-se que a qualidade do plano
de negócios afeta, diretamente, as chances dos empreendedores obterem êxito na
busca por investimentos para seus negócios.
1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA
Sendo assim, o presente trabalho se propõe a responder as seguintes
perguntas:
a) Quais as características da demanda por venture capital no Brasil?
b) Que elementos devem estar contidos em um plano de negócios
para que as chances de obtenção de financiamento, via venture
capital, sejam maximizadas?
Para responder estas perguntas, serão analisados dados secundários,
contidos na base de dados do FMIEE (Fundo Mútuo de Investimento em Empresas
Emergentes) Criatec. Esta base de dados compreende mais de mil planos de
negócios, que foram enviados para o FMIEE Criatec, no período de outubro de
19
2007 a dezembro de 2009, por empreendedores interessados em receber
investimento de capital de risco.
1.3 OBJETIVOS
Os objetivos gerais da dissertação são os seguintes:
1) Identificar as características da demanda por venture capital no
Brasil.
2) Evidenciar quais elementos devem estar contidos em um plano
de negócios para que as chances de obtenção de financiamento,
via venture capital, sejam maximizadas.
1.3.1 Objetivos específicos
Almeja-se os seguintes objetivos específicos, no âmbito do FMIEE
Criatec:
1) Identificar as características principais da demanda por venture
capital no Brasil.
2) Analisar a qualidade da demanda por venture capital no Brasil.
3) Estudar a influência dos critérios de seleção na escolha de uma
determinada oportunidade de investimento.
4) Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources
Based View Theory), os planos de negócios das oportunidades
aprovadas para investimento.
5) Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios com
chances aumentadas de aprovação.
20
1.4 JUSTIFICATIVA
A escolha deste tema foi influenciada pelo histórico profissional do autor,
que foi empreendedor de base tecnológica, recebeu investimento de capital de
risco e, atualmente, atua como Gestor Regional do FMIEE Criatec.
Devido a esta vivência profissional, o autor tem tido contato com os
protagonistas da indústria do venture capital no Brasil e tem participado ativamente
da construção desta indústria.
Por causa de sua posição e de seu acesso às informações contidas na
base de dados do FMIEE Criatec, o autor vislumbrou a oportunidade de analisar
tais informações e de gerar conhecimento valioso para os diversos atores da
indústria, notadamente acadêmicos, governamentais e empresariais.
Além disso, a realização deste trabalho justifica-se, tanto por razões
teóricas quanto por razões práticas, conforme detalhado a seguir:
1.4.1 Razões Teóricas
Identificam-se as seguintes razões teóricas:
a) Apesar da importância da indústria de venture capital para a
atividade
econômica
e
para
o
financiamento
de
empresas
emergentes inovadoras, a literatura sobre o assunto é escassa no
Brasil.
b) Os poucos trabalhos realizados até o momento sobre a indústria
brasileira de venture capital não contemplam de forma aprofundada
as questões relacionadas com a demanda por capital de risco,
enfatizando, notadamente, na estrutura da indústria ou nas questões
relacionadas à oferta de capital de risco.
21
1.4.2 Razões Práticas
Este trabalho tem, pelo menos, as seguintes utilizações práticas:
a) Fornecer insumo para elaboração de estratégias dos gestores de
fundos de investimento de capital de risco.
b) Oferecer inputs para novas políticas públicas voltadas para o setor.
c) Prover orientações para os empreendedores interessados em capital
de risco.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O primeiro capítulo apresenta uma introdução sobre o tema, descreve os
objetivos a serem alcançados, trata da importância deste trabalho e apresenta as
justificativas para sua realização. O segundo capítulo apresenta o referencial
teórico que será utilizado neste trabalho. O terceiro capítulo descreve a
metodologia que será utilizada no estudo. O quarto capítulo apresenta informações
sobre o FMIEE Criatec. O quinto capítulo discorre sobre os resultados encontrados.
Por fim, o sexto capítulo apresenta as conclusões do trabalho e as limitações da
pesquisa.
22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, são estabelecidas as bases teóricas sobre as quais o
presente estudo será desenvolvido.
2.1 INTRODUÇÃO AO VENTURE CAPITAL
As operações de venture capital, ou capital de risco, são realizadas por
investidores individuais ou institucionais e visam a obtenção de ganhos elevados
de capital por via da aquisição de participação acionária em empreendimentos com
alto potencial de crescimento e com a posterior revenda destes ativos,
normalmente, em um prazo pré-determinado (GARCEZ; ANSELMO, 2005). Tais
investidores também são conhecidos como capitalistas ou capitalistas de risco
(SOUZA, 2008).
Além de capital, normalmente, o investidor de risco aporta também
conhecimento nas áreas comercial, financeira e jurídica (CALAZANS, 2005), bem
como, auxilia na gestão, definição de estratégias e na montagem da equipe de
administração (CGEE, 2003) e utiliza sua rede de relacionamento para agregar
valor ao negócio (SONODA, 2008).
Em outras palavras, ao receber investimentos de venture capital, além
de receber recursos para se desenvolver, a empresa ainda ganha um sócio, que
traz experiência administrativa e compartilha conjuntamente o risco do negócio
(TITERICZ, 2003).
Este amplo aporte visa aumentar a chance de sucesso do negócio em
termos monetários e influenciar positivamente a possibilidade de ganhos de capital
no longo prazo, que é o objetivo final dos investidores de risco (CGEE, 2003).
Ademais, existem evidências de que as empresas apoiadas por venture capital têm
um desempenho superior, conforme será visto ao longo deste capítulo.
23
Entretanto, para que uma oportunidade receba apoio de capital de risco,
tem que se submeter a criteriosa seleção. No Brasil, apenas, 1% dos projetos
apresentados aos investidores chegam ao final do processo e recebem
investimento (CARVALHO et. al., 2006). O processo seletivo utilizado pelos fundos,
geralmente contempla os seguintes passos eliminatórios, conforme Souza (2008):
(a) análise do plano de negócios resumido; (b) análise do plano de negócios
detalhado; (c) entrevista dos empreendedores; e (d) apresentação do projeto ao
Comitê de Investimentos.
Só após vencer todas as etapas e ser aprovada no Comitê de
Investimentos é que a oportunidade está apta para ser investida. Mesmo assim,
normalmente, o investimento ainda está condicionado a uma auditoria das
informações fornecidas pelo empreendedor.
O Plano de Negócios da oportunidade de investimento tem um papel
fundamental neste processo de seleção, pois é considerado pelos investidores
como o principal insumo do processo, em conseqüência, a qualidade deste
documento influencia fortemente a decisão por investir ou não (SOUZA, 2008).
Não existe um modelo único de Plano de Negócios, mas as principais
seções que devem compor este documento são, como proposto por Salim et. al.
(2001) e Biagio e Batocchio (2005): (a) Sumário executivo; (b) Descrição da
empresa; (c) Planejamento estratégico; (d) Produtos e serviços; (e) Análise do
mercado; (f) Plano de marketing; (g) Plano operacional; (h) Plano financeiro; e (i)
Plano de investimentos.
2.1.1 Histórico da indústria
A indústria de venture capital surgiu nos EUA, nos anos 40, e,
posteriormente, se difundiu para outros países com as devidas adaptações para as
realidades locais (NASCIMENTO, 2006).
A primeira empresa moderna de capital de risco nos Estados Unidos foi
a American Research and Development (ARD), focada em investimentos de alto
24
risco em empresas emergentes que desenvolviam tecnologias que seriam
utilizadas na Segunda Guerra Mundial. A ARD foi criada em 1946 por Karl
Compton (presidente do Massachusetts Institute of Technology) e Georges F.
Doriot (professor da Harvard Business School). Cerca da metade dos lucros da
ARD foram gerados pelo investimento de setenta mil dólares, feito em 1957, na
Digital Equipment Company (DEC). Este investimento atingiu, quatorze anos
depois, o valor de trezentos e cinqüenta e cinco milhões de dólares (GOMPERS,
1994; GOMPERS; LERNER, 1998).
No Brasil, o capital de risco é recente e seu início está ligado às
experiências do BNDES, iniciada em 1974, e da Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP), em 1976. A primeira regulamentação do setor, com a edição da
instrução CVM nº 209/94, nasceu para fazer frente às oportunidades de
investimento surgidas com as privatizações realizadas na época do Plano Real
(ABVCAP, 2008; MEIRELLES et al., 2008).
De sua origem, na década de 70, até os dias atuais, a indústria de
venture capital do Brasil passou por algumas fases bem distintas, conforme
resumido no Quadro 1.
Fase
Período
Descrição
Início da indústria, incentivado, sobretudo,
pelos investimentos do Governo em grandes
Origem
1970 a 1980
projetos, com pouca participação do setor
privado, seja como investidor ou como gestor
de fundos.
Período marcado, sobretudo, pela criação das
bases necessárias para o crescimento:
estabilidade econômica, com inflação baixa e
Estruturação
1981 a 1994
regulamentação. Poucas experiências foram
realizadas no período, em virtude da
instabilidade econômica.
Crescimento da indústria de Capital de Risco:
aumento
substancial
do
número
de
Crescimento
1995 a 2009
investidores,
operações
e
do
capital
comprometido, que atingiu um valor superior a
US$ 34 bilhões em 2009.
QUADRO 1 – Fases da história da indústria de Capital de Risco no Brasil
Fonte: Adaptado a partir de Pavani (2003), GVcepe (2008) e Furtado (2010)
25
Diante da tendência evidenciada pela Figura 1, supõe-se que a fase de
Crescimento da indústria não tenha se encerrado em 2009, final da série estudada
por Furtado (2010).
A Figura 1 demonstra o forte crescimento no capital comprometido,
sobretudo, no período entre 2005 e 2009. Tendo ocorrido um expressivo aumento
de 21% entre os anos de 2008 e 2009, taxa bastante significativa, principalmente
se comparada à taxa de crescimento do PIB que foi negativa em 0,2% no mesmo
período.
Diante da tendência explicitada por esta figura, , supõe-se que a fase de
Crescimento da indústria não tenha se encerrado em 2009, final da série estudada
por Furtado (2010).
FIGURA 1 – Evolução do Capital Comprometido Alocado ao Brasil
Fonte: Furtado (2010)
Além disso, pode-se observar que, além de crescer em tamanho, a
Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital também cresce em
relevância para a economia nacional, como demonstrado na Figura 2, que
apresenta um consistente aumento da participação desta indústria no PIB.
26
FIGURA 2 – Evolução do Capital Comprometido como Percentual do PIB
Fonte: GVCEPE (2008)
2.1.2 A oferta de Capital de Risco no Brasil
A oferta de Capital de Risco no Brasil já vem sendo estudada há algum
tempo. O principal trabalho neste sentido é o Primeiro Censo Brasileiro da Indústria
de Private Equity e Venture Capital, viabilizado pelo GVcepe e realizado por
Carvalho; Ribeiro e Furtado (2006). Este trabalho aborda, de forma bastante
abrangente, as nuances da atividade de investimento em Venture Capital (VC) e
Private Equity (PE) no Brasil, enfatizando, sobretudo, as organizações gestoras e
nos veículos de investimento.
A contribuição do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital
da FGV-EAESP, o GVcepe, para a compreensão da indústria não se restringe ao
primeiro censo. Posteriormente, pelo menos, outros dois trabalhos do grupo
apresentaram informações atualizadas sobre o setor. Os trabalhos são: (a) Guia
GVcepe - Endeavor - Private Equity e Venture Capital (2008); e (b) Panorama da
Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital (2008). Estes trabalhos
demonstram um forte crescimento da indústria no país, já comentado anteriormente
no texto.
27
Para exemplificar este crescimento, pode-se verificar que, a partir de
2005, as empresas gestoras aumentaram o comprometimento de recursos a uma
taxa de cerca de 50% ao ano, chegando a um valor de US$ 26,65 bilhões de
capital comprometido em junho de 2008. Além disso, neste período, a indústria de
VC/PE praticamente dobrou sua participação no PIB, contando com 482 empresas
nas carteiras das organizações gestoras (GVCEPE, 2008).
É importante ressaltar que, embora o segmento de Capital Semente
(Seed Money) ainda tenha pouca representatividade na indústria de VC/PE no
Brasil, sua importância vem crescendo nos últimos anos, em função de algumas
políticas públicas e ações governamentais de apoio à indústria, conforme GVCEPE
(2008), sobretudo, por via do BNDES e da FINEP. O crescimento deste segmento
é relevante, pois ele está situado no começo da cadeia de valor dos investimentos
de Private Equity e Venture Capital, afetando assim, positivamente, toda a indústria.
Por sua vez, na Figura 3, que a Antera, empresa gestora do FMIEE
Criatec, está classificada como a maior gestora de Capital Semente no Brasil.
Como o FMIEE Criatec é o único veículo da Antera, demonstra-se que o FMIEE
Criatec é o maior fundo de capital semente do país.
FIGURA 3 – Gestoras de Capital Semente: 10 Maiores Volumes de Capital Alocado ao Brasil
em 30/06/2008 (Valores em US$ Milhões)
Fonte: GVCEPE (2008)
28
2.1.3 A demanda por Venture Capital no Brasil
Há algum tempo, a imprensa especializada noticiava que alguns
gestores de brasileiros de fundos de capital de risco tinham dificuldades de
encontrar projetos com potencial no país. A mesma notícia dava conta de que a
Votorantim Novos Negócios tinha, no ano 2000, US$ 300 milhões para realizar
investimentos e que, sete anos depois, em 2007, não tinha conseguido investir nem
a metade deste montante (SIMÕES, 2007).
Mais recentemente, jornais especializados noticiaram o aumento
expressivo da demanda por venture capital no Brasil, sobretudo na área de
Tecnologia da Informação, setor que passa por uma expansão no país e onde os
investidores de risco têm conseguido boas taxas de retorno sobre o investimento
(BOUÇAS, 2010).
No que tange à academia, conforme já comentado, há escassez de
estudos que analisem a demanda por capital de risco no Brasil e que tenham
densidade suficiente para serem considerados seminais.
2.1.4 Conceituação dos termos Venture Capital (VC) e Private Equity
(PE)
Não existe consenso entre os autores com relação à utilização dos
termos Venture Capital (VC) e Private Equity (PE).
Uma das correntes utiliza os dois termos de forma distinta para
representar
o
investimento
em
empresas
em
diferentes
estágios
de
desenvolvimento. Esta distinção teve origem nos Estados Unidos e é amplamente
divulgada (SHARP, 2002).
Bons exemplos desta utilização são os trabalhos de Carvalho et al.
(2006), Ferreira (2007) e Reuters (2010), que afirmam que os investimentos de
Venture
Capital
são
realizados
em
empresas
nos
estágios
iniciais
de
desenvolvimento, da seguinte forma: (a) capital semente (seed capital); (b)
estruturação inicial (start-up); e (c) estágio inicial (early stage). Já os investimentos
29
de Private Equity são realizados em empresas mais maduras, nos seguintes
estágios
de
desenvolvimento:
(a)
estágios
avançados
(late
stage);
(b)
financiamento de aquisições (aquisition finance); (c) tomada de controle pelos
executivos (management buyout/ in); (d) estágio pré-emissão (bridge finance); (e)
recuperação
empresarial
(turnaround);
(f)
financiamentos
de
mezanino,
investimentos em estágios avançados do desenvolvimento da empresa que
utilizam uma combinação de equity e dívida (mezzanine investments); e (g)
Investimento Privado em Empresa Aberta de Baixa Liquidez (private investment in
public equity).
Por outro lado, Sharp (2002) e EVCA (2007) alegam que todos os
investimentos privados em participações de empresas não listadas em bolsas são
investimentos de Private Equity. Para estes, Venture Capital é um tipo de
investimento de Private Equity, assim como buyout é um outro tipo deste
investimento.
Uma outra possibilidade é sugerida por BVCA (2010), que utiliza o termo
Venture Capital como sinônimo de Private Equity, neste caso, ambos os termos
são utilizados para caracterizar a indústria como um todo, cobrindo, de forma
integral, as fases de investimento em participações de empresas não listadas em
bolsas.
Além disso, é importante notar que, no Brasil, o termo Private Equity,
normalmente, não é traduzido para o Português, mas o termo Venture Capital é
traduzido para o idioma nacional, gerando a expressão Capital de Risco. A
expressão Capital de Risco enfrenta o mesmo problema da expressão Venture
Capital e é utilizada, de forma intercambiável, ora para se referenciar a indústria
como um todo, ora para tratar, apenas, dos investimentos nas fases iniciais.
Ainda em relação ao Brasil, existe também quem utilize o termo Capital
Empreendedor para representar os setores de Venture Capital e Private Equity em
conjunto, como são os casos de Souza (2008) e ABVCAP (2010).
Existem ainda, no Brasil, os que são refratários ao termo Capital de
Risco, afirmando que o termo ressalta de forma errônea o caráter especulativo do
30
investimento, preferindo a utilização de Venture Capital. Tendo, inclusive,
supostamente, a ABCR (Associação Brasileira de Capital de Risco) mudado seu
nome para ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) por
este motivo. Nesta dissertação, os dois termos, em português e inglês, são
utilizados de forma intercambiável, mas privilegia-se a utilização da expressão
Venture Capital.
Ademais,
visando
uma
maior
precisão
conceitual,
adota-se
a
classificação utilizada pelo Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital
da FGV-EAESP, o GVcepe, que considerara que os investimentos realizados nos
estágios Seed (capital semente), Startup (estruturação inicial) e Early Stage
(estágio inicial) são investimentos na modalidade de Venture Capital. A Figura 4
ilustra a classificação do GVcepe.
FIGURA 4 – Diagrama dos Estágios dos Empreendimentos e
Modalidades dos Veículos
Fonte: GVCEPE (2008)
Por fim, embora o foco primário do FMIEE Criatec seja investimentos em
capital semente, pela classificação adotada, constata-se que o Fundo realiza
investimentos em empresas emergentes que estão nos três estágios situados na
faixa coberta pelos investimentos da modalidade de Venture Capital (Seed, Startup
e Early Stage). Desta forma, considera-se, no âmbito desta dissertação, que o
FMIEE Criatec se enquadra na modalidade de investimentos em Capital de Risco
ou Venture Capital.
31
2.1.5 Ciclo do Venture Capital
A indústria de Capital de Risco, conforme as propostas de Leonardos
(1994) e Pavani (2003), possui um ciclo composto por seis etapas, a saber: (a)
captação de recursos; (b) prospecção, seleção e enquadramento (screening) de
oportunidades; (c) análise da oportunidade; (d) negociação e investimento; (e)
acompanhamento e aceleração; e (f) desinvestimento. Estes eventos ocorrem, ao
longo do tempo, conforme a Figura 5.
FIGURA 5 – Principais processos do Venture Capital
Fonte: Pavani (2003)
32
O ciclo completo do Capital de Risco pode ser resumido conforme
Quadro 2, a seguir.
Etapa
Descrição
Captação de
recursos
Nesta etapa, os gestores, por via de contato com investidores de longo
prazo, captam recursos para a montagem do fundo. Normalmente, os fundos
só entram em operação caso o valor total de captação supere um patamar
mínimo pré-estabelecido.
Prospecção,
seleção e
enquadramento
(screening) de
oportunidades
Nesta etapa, os gestores têm contato com várias empresas e
empreendedores, fazem a divulgação do fundo e prospectam uma grande
quantidade de oportunidades de investimento. Posteriormente, fazem uma
análise preliminar, na tentativa de retirar do processo as oportunidades que
não estejam enquadradas aos objetivos do fundo.
Aqui, as oportunidades e seus planos de negócios são analisadas em
detalhe. Questões como viabilidade do negócio, potencial de crescimento,
riscos de insucesso, dinâmica do mercado, entre outras, são avaliadas.
Algumas poucas empresas são aprovadas e seguem para a próxima etapa.
Após a análise e aprovação de uma oportunidade, nesta etapa, o preço das
ações, a participação do fundo e a forma de participação são negociados e o
Negociação e
investimento
investimento é efetivado, geralmente, por via da assinatura de um acordo de
acionistas.
Neste ponto, a empresa já faz parte do portfólio do fundo. O investimento
passa a ser acompanhado pela equipe do fundo, que aporta conhecimento
Acompanhamento nas áreas comercial, financeira e jurídica, bem como, auxilia na gestão,
e aceleração
definição de estratégias e na montagem da equipe de administração. O
fundo utiliza também a sua rede de relacionamento para agregar valor ao
negócio e acelerar seu crescimento.
Por fim, chega-se a etapa de desinvestimento ou saída, onde o fundo busca
obter liquidez e retorno financeiro para seus investimentos. Idealmente, esta
saída se daria por via da abertura de capital e venda das ações das
empresas investidas na bolsa de valores, por meio da oferta pública inicial
(IPO). Na prática, poucas empresas investidas por Capital de Risco
conseguem chegar ao IPO, utilizando-se, alternativamente, uma das
Desinvestimento
seguintes opções de saída: a) instrumentos autoliquidáveis (ações
resgatáveis ou debêntures); b) acordos de recompra da participação pelo
acionista original (buyback); c) venda financiada para os administradores da
empresa (leveraged buy-out); d) venda da participação para outras
empresas ou investidores (trade sale ou secondary sale); e e) liquidação do
negócio (write-off).
QUADRO 2 – Etapas do Ciclo do Venture Capital
Fonte: Adaptado a partir de Leonardos (1994) e Pavani (2003)
Análise da
oportunidade
33
2.1.6 Principais participantes da atividade de VC/PE
Diversos atores participam e interagem, de forma dinâmica, na indústria
de VC/PE e estas interações geram fluxos de ativos, informações, conhecimento e
autoridade. Os principais participantes desta indústria, como expresso por CGEE
(2003), Pavani (2003) e Meirelles et. al. (2008), são: (a) business angels; (b)
investidores (cotistas); (c) organizações gestoras; (d) veículos de investimento
(fundos); (e) empresas investidas; (f) instituições governamentais; (g) organizações
de fomento; (h) prestadores de serviços; (i) investidores estratégicos; e (j) bolsas
de valores.
O Quadro 3 contém o resumo descritivo dos principais papéis
desempenhado na indústria de VC/PE por cada um dos seus atores.
34
Ator
Business
angels
(investidores
anjos)
Descrição
Papel na indústria
Em sua maioria, são indivíduos de
grande fortuna e com experiência de
mercado. Também são chamados de
investidores anjos ou, apenas, de anjos.
Investem em pequenas empresas com alto
potencial de crescimento. Os investimentos
realizados pelos anjos ocorrem, geralmente, nos
estágios inicias das empresas e são realizados
de forma direta, sem a intermediação de um
fundo. Normalmente, os anjos participam,
ativamente, da gestão das empresas investidas.
Investidores
São instituições públicas de fomento, Adquirem cotas e aplicam recursos de longo
fundos de pensão, fundações, grandes prazo nos fundos de investimento.
corporações,
grandes
investidores
privados ou outras pessoas físicas e
jurídicas.
Organizações
gestoras
São, em geral, instituições financeiras ou Fazem a captação dos recursos, montagem e
gestores independentes, cadastradas na administração de um ou mais fundos de
CVM.
investimento.
Veículos de
investimento
(Fundos)
São condomínios fechados, têm um
prazo predeterminado de funcionamento
e são constituídos seguindo normas da
CVM, utilizando, na maioria dos casos,
uma das seguintes formas: (a) Fundo
Mútuo de Investimento em Empresas
Emergentes (FMIEE), Instrução CVM
209/94; e (b) Fundo de Investimento em
Participações, Instrução CVM 391/03.
Empresas
investidas
Adquirem ações, debêntures, bônus de
subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários
conversíveis ou permutáveis em ações de
emissão de companhias, abertas ou fechadas,
participando do processo decisório da companhia
investida, com efetiva influência na definição de
sua política estratégica e na sua gestão,
notadamente através da indicação de membros
do Conselho de Administração.
As empresas investidas são as que Captam recursos financeiros dos fundos, visando
passaram por todos processo de seleção financiar seu crescimento e desenvolvimento.
e receberam aporte de recursos
financeiros dos fundos.
Instituições
Instituições
tais
como
Congresso Legislam, normatizam, regulam e fiscalizam o
governamentais Nacional, Banco Central e CVM.
setor de VC/PE.
Organizações
de fomento
Instituições governamentais ou não Atuam, sobretudo, em duas frentes, apoiando e
governamentais, tais como SEBRAE, fomentando a atividade de VC/PE e incentivando
IEL, FINEP, fundações de amparo à e dando suporte às empresas inovadoras e de
pesquisa, entre outras.
base tecnológica, contribuindo assim com a
redução do risco de investimento.
São empresas de consultoria, empresas Auxiliam os atores, dando suporte aos processos
Prestadores de de auditoria, escritórios de contabilidade, de tomada de decisão, planejamento e execução
serviços
escritórios de advocacia, incubadoras de das atividades.
empresas e institutos de pesquisa.
Investidores
estratégicos
Empresas que buscam consolidação de Podem ser uma alternativa de saída para os
mercado por via aquisições de outras fundos de VC/PE, por via de aquisição total ou
empresas.
parcial de participação nas empresas investidas.
São instituições que operam mercados Podem ser uma alternativa de saída para os
organizados onde se negociam ações de fundos de VC/PE, por meio de oferta pública de
empresas de capital aberto (públicas ou ações (IPOs).
privadas).
QUADRO 3 – Papel desempenhado por cada um dos atores da indústria de VC/PE
Fonte: Elaborado a partir de CGEE (2003), Pavani (2003) e Meirelles et. al. (2008)
Bolsas de
valores
35
A complexidade das principais interações entre os atores da indústria de
VC/PE pode ser observada na Figura.
FIGURA 6 – Principais interações entre os atores da indústria de VC/PE
Fonte: Elaborado a partir de Pavani (2003)
2.1.7 Venture Capital como alternativa de financiamento do
empreendedorismo inovador
As empresas emergentes de base tecnológica são responsáveis pela
introdução no mercado e aproveitamento comercial de produtos, serviços e
processos, que utilizam de forma intensiva o conhecimento científico e tecnológico
gerados na academia. Os fatores mais importantes para a criação, expansão e
consolidação dessas empresas são: a existência de potenciais empreendedores,
existência de instituições de ensino e pesquisa, e a disponibilidade de recursos
financeiros (GONÇALVES, 2002).
As empresas emergentes de base tecnológica brasileiras, contudo, têm
dificuldades em obter crédito via mecanismos de financiamento tradicionais, dado
que as instituições financeiras julgam que o crédito para estas empresas é muito
arriscado, sobretudo para as que ainda estão nos estágios iniciais de
desenvolvimento. Em geral, estas empresas operam abaixo do ponto de equilíbrio,
36
não possuem garantias reais para oferecer em contrapartida e não possuem
histórico de tomada de crédito ou tamanho suficiente para se adequarem ao
mercado de financeiro tradicional (GORGULHO, 1996).
Desta forma, para viabilizar os recursos financeiros necessários para a
criação, expansão e / ou consolidação de suas empresas, alguns empreendedores
buscam investimentos de capital de risco (TITERICZ, 2003).
A elevada percepção de risco por parte do mercado financeiro tradicional
pode ser ocasionada pelo fato de que as empresas emergentes de base tecnológica
apresentem tanto fatores de risco mercadológico, que são inerentes à grande parte
das empresas nascentes, como fatores de risco associados ao sucesso de suas
tecnologias e produtos. Esta conjunção é inerente às empresas nascentes de base
tecnológica.
Como pode-se observar na Figura 7 elaborada por Titericz (2003), o grau
de risco é diretamente proporcional ao potencial retorno sobre o investimento, sendo
maior nos estágios iniciais, e inversamente proporcional à necessidade de recursos.
FIGURA 7 – Evolução Risco e Retorno versus Necessidade de Recursos
Fonte: TITERICZ (2003)
De fato, por causa de suas peculiaridades, o venture capital é
especialmente adequado às empresas emergentes de base tecnológica, pois, se por
um lado, essas empresas não dispõem de acesso ao mercado de capitais nem a
outras fontes tradicionais de recursos, por outro lado, elas oferecem perspectivas de
retorno elevado, o que é atraente para os investidores. Ademais, denomina-se de
37
„capital de risco clássico‟ a associação entre pequenas e médias empresas de base
tecnológica e o capital de risco (GORGULHO, 1996).
É importante destacar, como mencionado anteriormente, que as
empresas investidas por venture capital têm níveis de investimento em pesquisa e
desenvolvimento acima da média e isso se reflete, entre outras coisas, na geração
de patentes. Essas empresas respondem por parte significativa das atividades de
pesquisa e desenvolvimento dos Estados Unidos e produzem maior número de
patentes e patentes mais valiosas do que as empresas que não contam com
investimentos de capital de risco (KORTUM; LERNER, 2000).
Neste sentido, Bottazzi e Da Rin (2001), argumentam que, na década de
noventa, o ritmo acelerado de lançamento de produtos inovadores, guiado por
empresas e empreendedores focados em inovação, contribuiu substancialmente
para o aumento da competitividade e o crescimento da economia americana.
2.1.8 A importância do venture capital para a economia
A habilidade de incentivar e apoiar as inovações tecnológicas é, como
ressaltado por Bottazzi e Da Rin (2001), uma das principais fontes de crescimento
econômico de um país.
Observa-se ainda que existem alguns estudos que analisam a influência e
os impactos da atividade de capital de risco na economia. Estes estudos foram
realizados, sobretudo, nos Estados Unidos e na Europa, regiões onde a atividade é
mais difundida. Neles, verifica-se que os efeitos positivos dos investimentos de
venture capital podem ser percebidos em diversos níveis, que vão desde o mais
básico, que é o impacto nas empresas investidas, passam por setores da indústria e
conseguem influenciar os indicadores globais da economia do país.
Existe um consenso entre profissionais de diversas áreas de que a
existência de uma indústria de capital de risco forte e dinâmica nos Estados Unidos
está associada à liderança daquele país em relação à comercialização de produtos
relacionados com inovação tecnológica (BOTTAZZI; DA RIN, 2001). Importantes
38
empresas de tecnologia, como a Apple, Compaq, Digital Equipment Corporation,
Federal Express, Google, Intel, JetBlue, Microsoft e Sun Microsystems são alguns
exemplos de empreendimentos que floresceram apoiados por venture capital
naquele país (GARCEZ; ANSELMO, 2005; REUTERS, 2010).
Algumas destas empresas são, até hoje, referências globais em seus
setores de atividade e boa parte delas obtiveram avaliações elevadas em suas
aberturas de capital e propiciaram um alto retorno para seus investidores. Estes
casos de sucesso foram responsáveis pela atração de bilhões de dólares e milhares
de novos investidores para a indústria americana de venture capital. Entretanto, a
importância da atividade de capital de risco para a economia não pode ser atribuída,
apenas, aos casos de extremo sucesso, pois existem várias outras empresas
apoiadas por venture capital, que são menos conhecidas, mas que, em conjunto,
ajudam no desenvolvimento tecnológico e econômico dos Estados Unidos
(GORGULHO, 1996).
Estima-se que, naquele país, as empresas que receberam aporte de
capital de risco foram responsáveis, em 2008, por doze milhões de empregos e
faturaram,
aproximadamente,
três
trilhões
de
dólares,
o
que
equivale,
respectivamente, a onze por cento dos empregos do setor privado e vinte e um por
cento do produto interno bruto do país (GLOBAL INSIGHT, 2009).
Este impacto na economia americana também fica evidente, quando
observa-se as significativas contribuições da atividade de venture capital no
desenvolvimento de novos segmentos industriais, alguns deles relevantes até hoje,
como é o caso dos de Biotecnologia, Semicondutores, Software e Internet. Mais
recentemente, o capital de risco vem desempenhando um importante papel na
criação de um novo setor na economia americana, o de Clean Technology
(tecnologias limpas, em uma tradução livre), que é uma grande promessa de
geração de empregos e renda no futuro (GLOBAL INSIGHT, 2009).
Na mesma linha, estudos realizados na Europa apontam evidências de
que empresas que receberam investimentos de venture capital apresentaram
maiores taxas de crescimento, potencial de criação de empregos, investimentos em
39
pesquisa e desenvolvimento e maior volume de exportações, quando comparadas
às quinhentas maiores empresas européias (GONÇALVES, 2002).
No Brasil, verifica-se que, no período entre janeiro de 2004 e junho de
2008, o Venture Capital e Private Equity auxiliaram na abertura de capital de várias
empresas, estando relacionados com 39 IPOs - Initial Public Offering, permitindo que
seus investidores realizassem a venda de suas participações com significativos
retornos sobre os investimentos, contribuindo também para o crescimento do
mercado de capitais no país. Os recursos levantados por estas empresas totalizam
R$ 27,2 bilhões, que equivale a 31% dos recursos totais levantados em IPOs
naquele período (GVCEPE, 2008).
Empresas como Diagnósticos da América S.A., América Latina Logística,
Submarino, Natura, GOL Linhas Aéreas, Localiza, Universo Online – UOL, Lupatech
(ABVCAP, 2008), bem como, Bematech e Totvs são exemplos de empresas de
sucesso que se desenvolveram com o apoio de investimentos de VC/PE no Brasil.
Gorgulho (1996) já identificava os benefícios que poderiam ser auferidos
pelo desenvolvimento de uma indústria de capital de risco no Brasil. Utilizando dados
das empresas apoiadas pelo Contec - Programa de Capitalização de Empresas de
Base Tecnológica do BNDES, demonstrou que houve ganhos efetivos no
desenvolvimento das empresas apoiadas pelo programa, com reflexos positivos no
faturamento, na realização de investimentos, na geração de empregos e na criação
de produtos inovadores. Mas, conforme a autora, a experiência do Contec foi
incipiente e os resultados obtidos com a análise deste caso não foram capazes de
representar o impacto na economia brasileira como um todo.
Mais recentemente, não se tem notícias de estudos aprofundados sobre o
impacto na economia da atividade de venture capital no Brasil.
40
2.2 RESOURCE BASED VIEW (RBV)
No âmbito da dissertação, os pontos de maior interesse em relação à
RBV – Resource Based View - são relacionados com a forma que as empresas
utilizam seus recursos tangíveis e, sobretudo, intangíveis para criar vantagens
competitivas em relação aos seus concorrentes e obter desempenho acima da
média. Pois, como formulado por Barney (1991), os recursos que cada empresa
controla têm aspectos idiossincráticos que levam a diferenças no seu desempenho.
Além disso, este trabalho também aborda, mesmo que de forma não
aprofundada, a relação entre os recursos intangíveis e a valoração (valuation) das
empresas. Para tanto, segue-se uma introdução sobre a RBV e a apresentação de
alguns conceitos desta teoria.
A visão da empresa baseada em recursos, no original, resource based
view of the firm (RBV), nasceu com o trabalho seminal, publicado em 1959, por Edith
Penrose. A partir de Wernerfelt (1984), ganhou importância acadêmica na literatura
de estratégia empresarial. A teoria considera que o desempenho superior das
empresas, suas vantagens competitivas, bem como, as estratégias para o
desempenho superior, estão relacionados com a utilização dos seus recursos, sejam
eles tangíveis ou intangíveis.
Na opinião de Penrose (1959) a empresa deve ser administrada como um
conjunto de recursos. Por sua vez, para Wernerfelt (1984), os recursos são ativos
que possuem uma ligação semipermanente com uma dada empresa e estão
relacionados com suas forças e fraquezas.
Além dos trabalhos seminais mencionados, a RBV vem recebendo
contribuições de diversos autores, dentre os quais destacam-se Prahalad e Hamel
(1990), Barney (1991), Grant (1991) e Peteraf (1993), cujas contribuições estão
resumidas no Quadro 4.
41
Autor
Penrose (1959)
Principal Contribuição para a RBV





Wernerfelt (1984) 

Prahalad e
Hamel (1990)




Barney (1991)


Grant (1991)

Peteraf (1993)
Empresa como um conjunto de recursos
O crescimento da empresa é baseado no efetivo uso
dos seus recursos e limitado pelos recursos
gerenciais
Retomada das idéias de Penrose (1959)
Foco na análise dos recursos da empresa e das
opções estratégicas derivadas dessa análise
Alguns recursos podem levar a maior lucratividade
Papel da estratégia é balancear a exploração de
recursos existentes com o desenvolvimento de
novos
Aquisições podem ser interpretadas como compras
de recursos
Popularização das idéias de Wernerfelt (1984)
Conceito de capacidades dinâmicas e core
competence
Elaboração de uma teoria ampla da RBV
Disseminação do conceito de recurso e introdução
das capacidades como um dos recursos
Modelo baseado em pressupostos (heterogeneidade
e imobilidade) e condições (valiosos, raros,
imperfeitamente imitáveis e não substituíveis) para
que os recursos sejam fontes de vantagem
competitiva sustentável
Diferenciação entre recurso (duráveis, não
transparentes e intransferíveis) e capacidade
(resultado do uso conjunto de recursos)
Modelo unificado, que explica a vantagem
competitiva sustentável com base em recursoschave
QUADRO 4 – Principais contribuições para a RBV
Fonte: Elaboração própria
Os recursos são todos os bens, capacidades, processos organizacionais,
atributos empresariais, informações, conhecimentos, entre outros, que a empresa
controla e que possibilitam ganhos de eficiência e eficácia na formulação e
implementação de estratégias (BARNEY, 1991).
A Figura 8 sugere que estes recursos podem ser tangíveis ou intangíveis
e que são utilizados pela empresa em suas estratégias, visando o sucesso, seja em
termos financeiros ou em termos de mercado.
42
FIGURA 8 – Framework RBV para o sucesso da empresa
Fonte: Adaptado a partir de Galbreath (2004)
A vantagem competitiva está associada com a geração de valor para a
empresa no processo de utilização de seus recursos na implementação de uma
estratégia, que não esteja sendo implementada por concorrentes atuais ou
potenciais. Caso estes concorrentes não sejam capazes igualar os efeitos benéficos
da estratégia implementada pela empresa, tem-se a vantagem competitiva
sustentável. Contudo, é importante salientar que nem todos os recursos são fontes
de vantagens competitivas sustentáveis (BARNEY, 1991).
Desta forma, no intuito de identificar quais os recursos responsáveis pelas
vantagens competitivas sustentáveis, Barney (1991) sugere uma lista de atributos
que estes recursos devem possuir, conforme descrito a seguir: (a) ser valiosos - que
permitam a empresa conceber e implementar estratégias que melhorem sua
eficiência e eficácia, explorando oportunidades ou neutralizando ameaças; (b) ser
raros - que não sejam facilmente encontrados, escassos e nem existam em um
grande número de empresas; (c) ser imperfeitamente imitáveis, que as empresas
que não os possuam não possam obtê-los; e (d) ser não substituíveis, que não
exista equivalente estratégico que possa desenvolver a mesma estratégia, mesmo
43
que de maneira distinta, mas que não sejam raro e imperfeitamente imitáveis entre
os concorrentes.
O resumo deste modelo proposto por Barney (1991), que ficou conhecido
como VRIN, pode ser observado na Figura 9.
Condições
Pressupostos
Heterogeneidade
Imobilidade




Valiosos
Raros
Imperfeitamente imitáveis
o Condições históricas únicas
o Ambigüidade causal
o Complexidade social
Não substituíveis
Resultado
Vantagem
Competitiva
Sustentável
FIGURA 9 – Modelo VRIN – Pressupostos, condições e resultado
Fonte: Barney (1991)
Mais recentemente, Barney e Hesterly (2007) propõem o modelo VRIO,
no qual os seguintes critérios devem ser atendidos pelos recursos que resultam em
vantagem competitiva: (a) valor; (b) raridade; (c) imitabilidade; e (d) organização.
Este último associado à capacidade da empresa de explorar os recursos que são
valiosos, raros e de difícil imitação.
Grant (1991) propõe uma distinção entre recursos e capacidades, e
argumenta que os recursos são os inputs no processo de produção e incluem capital,
equipamentos, habilidades de empregados, patentes, marcas entre outros. Por sua
vez, uma capacidade é resultado da habilidade de uso conjunto de recursos para
executar alguma tarefa ou atividade. Desta forma, enquanto recursos são a fonte
das capacidades, estas são a fonte principal de vantagem competitiva de uma
empresa.
Neste contexto, ainda segundo Grant (1991), o desenvolvimento de uma
vantagem competitiva é galgado por meio de recursos que são: (a) duráveis - de
modo que não se tornem rapidamente obsoletos; (b) não transparentes – para não
permitir que outras empresas entendam e imitem a estratégia; (c) intransferíveis -
44
recursos e capacidades iguais aos que a empresa possui não podem ser adquiridos
no mercado; e (d) não replicáveis - os recursos e capacidades não são replicáveis
do mesmo modo em outras empresas.
Outra contribuição que trata da criação da vantagem competitiva baseada
em recursos para explicar a lucratividade da empresa, foi proposta por Peteraf
(1993), partindo dos trabalhos de Wernerfelt (1984), Prahalad e Hamel (1990),
Barney (1991), entre outros. O modelo possui duas suposições iniciais e duas
condições relacionadas aos recursos que levam as organizações à vantagem
competitiva sustentável, como pode ser visto na Figura 10.
Ganhos
Ganhos sustentados
Limites Ex-Post à
Heterogeneidade
Competição
Vantagem Competitiva
Sustentável
Ganhos sustentados dentro da firma
Ganhos não erodidos pelos custos
Limites Ex-Ante à
Mobilidade Imperfeita
Competição
FIGURA 10 – Fatores para a vantagem competitiva sustentável
Fonte: Peteraf (1992)
As suposições iniciais deste modelo, segundo Peteraf (1993), são: (a)
heterogeneidade - assegura a posição de superioridade ou inferioridade de recursos,
logo, de ganhos; e (b) mobilidade imperfeita - os recursos não devem ser
comercializáveis, caso contrário, que possuam mais valor dentro da empresa que o
utiliza atualmente do que teria em outra, ou seja, os ganhos devem ser sustentados
dentro da empresa.
As condições relativas, também segundo a autora, são: (a) limites ex-post
à competição - tais como a imperfeição na imitação e substituição, de modo que os
ganhos sejam sustentados; e (b) limites ex-ante à competição - o desempenho
econômico da organização depende não só dos ganhos gerados, como também do
45
custo de se implementar a estratégia. Para tanto, esses limites devem ser avaliados
para que os ganhos não sejam erodidos.
Da análise dos modelos comentados nesta seção, observa-se que a RBV
oferece algumas formas de identificação dos recursos relacionados com a geração
de vantagem competitiva e desempenho superior das empresas.
2.2.1 Interface entre critérios de seleção e precificação (valuation) e a
RBV
As operações de capital de risco pressupõem a aceitação de um elevado
risco, em troca da perspectiva de um alto retorno no futuro. No entanto, existem
meios de minimizar o risco envolvido nestas operações. A seleção criteriosa das
empresas que serão investidas é um dos principais instrumentos utilizados na
mitigação deste risco.
A pesquisa conduzida por Hill e Power (2001), com investidores de risco
americanos, identifica os critérios mais importantes na avaliação de oportunidades
de investimento em empresas nascentes. Nela, os investidores foram solicitados a
pontuar, com uma nota de 1 a 5, os critérios que, nas suas visões, eram os mais
importantes para a seleção de oportunidades de investimentos em empresas
nascentes. A importância relativa dos principais critérios está descrita no Quadro 5.
46
Critério
Pontos
Qualidade de gestão
4,5
Tamanho do mercado
3,8
Qualidades do produto
3,7
Taxa de crescimento do mercado
3,5
Competição
3,5
Barreiras de entrada
3,4
Estágio de desenvolvimento da empresa
3,2
Indústria da qual a empresa faz parte
3,0
QUADRO 5 – Importância relativa dos principais critérios de seleção de
oportunidades de investimentos em empresas nascentes
Fone: Adaptado a partir de Hill e Power (2001)
Da análise do Quadro 5, pode-se observar que três dos principais critérios
de seleção estão relacionados com recursos intangíveis das empresas, são eles: (a)
qualidade da gestão; (b) qualidade dos produtos; e (c) estágio de desenvolvimento
da empresa. Em outras palavras, estão relacionados com a Teoria da Visão
Baseada em Recursos (Resources Based View Theory).
Dado que a RBV define a empresa como um conjunto de recursos
valiosos e salienta a importância dos recursos específicos de cada empresa e de
suas capacidades organizacionais como fatores que ajudam a prever o desempenho
da empresa (PENROSE, 1959), espera-se que critérios relacionados com esta teoria
estejam presentes na seleção de oportunidades de investimentos em empresas
nascentes.
Como estes critérios são utilizados na seleção de oportunidades de
investimento, pode-se imaginar que eles também influenciem na precificação
(valuation) dos empreendimentos-alvo. Contudo, analisando o Quadro 6, pode-se
notar que todos os principais métodos de precificação de empresas são baseados
em indicadores econômico-financeiros, e não consideram os critérios listados
anteriormente.
O Quadro 6 apresenta os principais métodos de precificação utilizados
pela indústria de VC/PE.
47
Método
Descrição
Múltiplos
Este método estima o valor da empresa com base em múltiplos de receitas,
lucros ou fluxos de caixa. Os múltiplos são baseados em empresas que
possuam características comparáveis a empresa alvo, tais como: risco,
taxa de crescimento, estrutura de capital e fluxo de caixa.
Valor Presente
Líquido (VPL)
Valor Presente
Ajustado
Este método calcula o valor de uma empresa-alvo com base no valor atual
do fluxo de caixa projetado para o empreendimento, que consiste na soma
algébrica de todos os recebimentos e pagamentos atualizados com base
em uma taxa de desconto que equivale ao custo de oportunidade do capital
investido.
Este método é uma variação do (VPL) e é usado, preferencialmente, em
situações onde a estrutura de capital da empresa alvo não é constante.
Este método é utilizado por alguns gestores da indústria de VC/PE e
consiste em calcular o valor da empresa-alvo baseado no fluxo de caixa
projetado pelos empreendedores, descontado para o valor presente com
Capital de Risco uma alta taxa de desconto (entre 40% e 75%). Esta alta taxa de desconto é
utilizada para diluir o risco provocado pela incerteza em relação às
projeções dos empreendedores e é manipulada para que o valor final atinja
patamares esperados pelos investidores.
Este método é mais flexível que os métodos de VPL e VPA, pois abre a
possibilidade do investidor exercer ou não o direito de investir, ao longo do
tempo, a um preço pré-determinado, que é calculado com base no fluxo de
Opções
caixa projetado. Este método é utilizado pelos investidores para diminuir
sua exposição a riscos e para incentivar os empreendedores a
conseguirem bons resultados para “ganharem” mais investimento.
QUADRO 6 – Principais métodos de precificação (valuation) de empresas
Fonte: Elaborado a partir de Lerner e Willinge (1998) e Rieche e Santos (2006)
Os métodos de precificação de empresas baseados apenas em critérios
econômico-financeiros podem não ser totalmente adequados para a valoração de
empresas emergentes de base tecnológica, pois: (a) a incerteza relacionada aos
resultados das empresas emergentes, sobretudo as de base tecnológica, é muito
alta (TITERICZ, 2003); (b) o principal ativo das empresas intensivas em tecnologia é
intangível,
relacionado
com
conhecimento
e
vantagens
comportamentais
(GORGULHO, 1996); e (c) Estudo realizado por Shaikh (2004 citado por Thom; Greif,
2008) sugere que entre 50% e 90% do valor de uma companhia é decorrente,
prioritariamente, do gerenciamento de seus ativos intangíveis, bem mais do que dos
ativos tradicionais e tangíveis.
Somando-se a isto, estudo conduzido por Galbreath (2005, citado por
Thom; Greif, 2008), que trata da relação dos ativos tangíveis e intangíveis com a
performance das empresas enfatiza que os ativos intangíveis influenciam mais a
performance superior do que os ativos tangíveis.
48
Neste sentido, Deutscher (2008) alerta que a economia baseada em
conhecimento necessita de novos instrumentos de avaliação, que levem em conta
os capitais intangíveis e viabilizem o financiamento das empresas intensivas neste
tipo de capital. Ainda segundo o autor, alguns bancos de investimento começam a
se dar conta deste fato, como é o caso do BNDES, que já passou a utilizar dois
instrumentos relacionados a capitais intangíveis para a avaliação de algumas
empresas de sua carteira, são eles: Relatório dos Capitais Intangíveis (CI) e Rating
(Métricas) de Capitais Intangíveis.
Desta forma, parece conseqüente que os planos de negócios elaborados
com o objetivo de captar financiamento de venture capital devam incluir, além das
tradicionais informações sobre indicadores econômico-financeiros e ativos tangíveis
do projeto, elementos que demonstrem a qualidade de seus recursos e capacidades
intangíveis.
49
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, são descritos os aspectos metodológicos do estudo,
tratando, entre outras coisas, da caracterização da pesquisa, do universo amostral,
dos procedimentos de coleta de dados e das ferramentas utilizadas.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Pesquisas acadêmicas podem ser classificadas de diversas formas. Para
Silva e Menezes (2001), as formas clássicas de classificação consideram os
seguintes pontos de vista: (a) natureza da pesquisa; (b) objetivos; (c) procedimentos
técnicos utilizados; e (d) abordagem metodológica do problema. Desta forma, nas
próximas seções, será realizada a caracterização da pesquisa segundo estes
critérios.
3.1.1 Natureza da pesquisa
As pesquisas aplicadas têm como objetivo a geração de conhecimentos,
que serão utilizados em aplicações práticas e na solução de problemas específicos
(SILVA; MENEZES, 2001). Desta forma, em relação à sua natureza, considera-se
que este estudo classifica-se como pesquisa aplicada, pois pretende-se gerar
conhecimento relevante, com possíveis aplicações práticas para diversos atores da
indústria nacional de VC/PE.
3.1.2 Objetivos
O objetivo das pesquisas descritivas é, a partir de amostras, caracterizar
uma população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
Além disso, envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 2009).
Sendo assim, considera-se este estudo como descritivo, pois o mesmo visa a
descrição sistemática das características da demanda por venture capital no âmbito
50
do FMIEE Criatec, utilizando, para tanto, métodos estatísticos para a análise do
fenômeno.
Por outro lado, ainda conforme Gil (2009), as pesquisas exploratórias
visam proporcionar um maior entendimento de um dado problema com o objetivo de
torná-lo explícito ou de construir hipóteses, para tanto, utiliza-se análise de exemplos
que estimulem o entendimento. Desta forma, também se considera este estudo
como exploratório, pois, por via da análise qualitativa dos planos de negócios das
oportunidades aprovadas para investimento pelo FMIEE Criatec, pretende-se
evidenciar quais elementos devem estar contidos em um plano de negócios para
que as chances de obtenção de financiamento via capital de risco sejam
maximizadas.
O fato de o estudo ser, ao mesmo tempo, descritivo e exploratório não
deve causar espécie, pois, segundo Selltiz (1974 citado por Titericz, 2003), os
diferentes tipos de estudos nem sempre são nitidamente separáveis, e qualquer
pesquisa pode conter elementos de duas ou mais funções descritivas como
características de diferentes tipos de estudo.
3.1.3 Procedimentos técnicos
Os estudos de caso envolvem a análise profunda e minuciosa de poucos
objetos, de forma que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Quando
se estuda uma população, pode-se aprimorar o conhecimento sobre o universo ao
qual pertencem e, sendo assim, tem-se um estudo de caso coletivo (GIL, 2009).
Esta pesquisa pretende entender melhor as características da demanda
por venture capital no Brasil por via do estudo pormenorizado da demanda por este
tipo de investimento no âmbito do FMIEE Criatec. Desta forma, sob esta ótica,
classifica-se este estudo como um estudo de caso coletivo, onde a unidade de caso
é o conjunto de planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec.
51
3.1.4 Abordagem metodológica
A escolha da abordagem metodológica está ligada ao tipo de estudo e
aos objetivos que se pretende alcançar. Utiliza-se os métodos quantitativos, entre
outras coisas, para descobrir e classificar relações entre variáveis, bem como, para
investigar relações de causa e efeito entre fenômenos. Por outro lado, utiliza-se os
métodos qualitativos, entre outros motivos, quando deseja-se alcançar um maior
nível de entendimento do fenômeno. Os dois métodos não são mutuamente
excludentes, podendo haver complementaridade dos métodos no planejamento, na
coleta e na análise dos dados da pesquisa (RICHARDSON, 2008).
Sendo assim, do ponto de vista de abordagem metodológica, pode-se
classificar este estudo como uma pesquisa quali-quantitativa ou mista, pois serão
utilizados métodos estatísticos de análise de dados para identificar as características
da demanda por venture capital no Brasil e métodos qualitativos, sobretudo análise
de conteúdo, para tentar evidenciar quais elementos devem estar contidos em um
plano de negócios para que as chances de obtenção de financiamento via capital de
risco sejam maximizadas.
Os métodos utilizados para a análise dos dados variam conforme os
objetivos específicos, como detalhado no Quadro 7.
Objetivos específicos
Fonte de dados
Método de análise
1 - Identificar as características principais da Planos de negócios Análise quantitativa, com a utilização de
demanda por venture capital no Brasil.
enviados para o recursos e técnicas de estatística
FMIEE Criatec.
descritiva e associativa.
2 - Analisar a qualidade da demanda por Planos de negócios Análise quantitativa, com a utilização de
venture capital no Brasil.
analisados
pelo recursos e técnicas de estatística
FMIEE Criatec.
descritiva e associativa.
3 - Estudar a influência dos critérios de Planos de negócios Análise quantitativa, com a utilização de
seleção da escolha de uma determinada analisados
pelo recursos e técnicas de estatística
oportunidade de investimento.
FMIEE Criatec.
descritiva e associativa.
4 - Analisar, à luz da Teoria da Visão Planos de negócios Análise qualitativa, com a utilização da
Baseada em Recursos (Resources Based aprovados
pelo técnica de análise de conteúdo.
View Theory), os planos de negócios das FMIEE Criatec.
oportunidades aprovadas para investimento.
5 – Propor as diretrizes para a elaboração de Não aplicável.
planos de negócios com chances elevadas
de aprovação.
Não aplicável.
QUADRO 7 – Objetivos específicos, fonte de dados, método de análise
Fonte: Elaboração própria
52
3.2 AMOSTRA
O universo amostral da pesquisa será composto por todos os planos de
negócios enviados para o FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009. Os planos de
negócios submetidos ao Fundo estão armazenados em banco de dados e podem ter
um dos seguintes estados: (a) enviados e ainda não analisados; (b) enviados e já
analisados; e (c) enviados, analisados e aprovados.
O universo amostral vai variar conforme o objetivo específico que estará
sendo estudado. As amostras serão não probabilísticas e escolhidas por tipicidade.
Segundo Vergara (2009), as amostras escolhidas por tipicidade são constituídas de
elementos que o pesquisador considere que são representativos da população-alvo.
Desta forma, as amostras utilizadas para o estudo de cada um dos
objetivos específicos estão descritas no Quadro 8.
Objetivos específicos
Amostra
1 - Identificar as características principais da demanda por Todos os planos de negócios enviados para o
venture capital no Brasil.
FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009.
2 - Analisar a qualidade da demanda por venture capital Todos os planos de negócios enviados
no Brasil.
FMIEE Criatec e já analisados até
31/12/2009.
3 - Estudar a influência dos critérios de seleção da Todos os planos de negócios enviados
escolha de uma determinada
oportunidade de FMIEE Criatec e já analisados até
investimento.
31/12/2009.
para o
o dia
para o
o dia
4 - Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Todos os planos de negócios aprovados pelo
Recursos (Resources Based View Theory), os planos de FMIEE Criatec até o dia 31/12/2009.
negócios das oportunidades aprovadas para investimento.
5 – Propor as diretrizes para a elaboração de planos de Não aplicável.
negócios com chances elevadas de aprovação.
QUADRO 8 – Objetivos específicos e universo amostral
Fonte: Elaboração própria
53
3.3 COLETA DE DADOS
Os dados necessários para o estudo foram coletados, primariamente, ao
longo de pouco mais de dois anos, no período compreendido entre a data em que o
site do Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes Criatec foi ao ar,
em outubro de 2007, até o dia 31/12/2009, data escolhida para limitar o universo da
pesquisa.
Como instrumento de coleta primária de dados, utilizou-se o formulário
contendo as seções do plano de negócios padrão do FMIEE Criatec (detalhado no
Anexo 1). Tal formulário foi preenchido por cada um dos empreendedores
interessados em submeter suas oportunidades de negócios ao Fundo. Os
formulários preenchidos foram arquivados no banco de dados da instituição para
posterior análise por parte de seus gestores.
A coleta primária dos dados não tinha como objetivo a realização deste
trabalho, sendo focada, apenas, no armazenamento de informações relevantes para
o FMIEE Criatec. Desta forma, as informações armazenadas não estavam prontas
para serem utilizadas nas ferramentas de análise dos dados (Microsoft Excel

e

SPSS ) utilizadas nesta dissertação.
Sendo assim, para a elaboração deste trabalho, foi necessária uma coleta
secundária dos dados, que consistiu nos seguintes passos: a) exportação dos dados
contidos na base de dados do FMIEE Criatec; b) codificação destes dados; e c)
importação dos dados codificados para Microsoft Excel


e SPSS . Este processo
iniciou-se no dia 10/03/2010 e foi finalizado, com os dados estando prontos para
análise, no dia 15/04/2010.
54
3.4 ANÁLISE QUALITATIVA
Esta seção descreve os aspectos metodológicos relacionados com a
análise qualitativa dos dados, cujo resultado será detalhado na seção 5.4 deste
trabalho.
Para a análise qualitativa dos dados, utilizou-se a técnica de análise de
conteúdo, que pressupõe algumas etapas, conforme Bardin (2002): (a) pré-análise;
(b) exploração do material ou codificação; e (c) tratamento dos resultados, inferência
e interpretação dos resultados. Ainda segundo o autor, sua realização pode ser
resumida por via dos seguintes passos principais: (a) definição do corpus de análise;
(b) leitura flutuante dos documentos; (c) definição da unidade de registro; (d)
definição das categorias analíticas; (e) análise categorial dos textos; e (f) tratamento
e apresentação dos dados.
Optou-se pela utilização do tema como unidade de registro, pois,
conforme observado por Richardson (2008), o tema tem sido bastante utilizado para
o estudo crenças, atitudes, opiniões e motivações, entre outros. Do ponto de vista
operacional, ainda segundo este autor, o tema é uma frase simples ou composta, da
qual podem-se formular observações.
Utilizou-se o modelo fechado para a definição das categorias. Neste
modelo, segundo Bardin (2002), o pesquisador decide, a priori, as categorias que
serão utilizadas, apoiando-se em um ponto de vista teórico.
Definiu-se o corpus da análise como sendo os 23 planos de negócios
aprovados, disponíveis no banco de dados do FMIEE Criatec. Após esta definição,
realizou-se a leitura flutuante destes planos de negócios.
No caso deste trabalho, escolheu-se as categorias analíticas com base no
Rating de Capitais Intangíveis sugerido no trabalho de Deutscher (2008), que reflete
os vários tipos de capitais intangíveis e seus ativos.
55
3.5 FERRAMENTAS
Nesta pesquisa, utilizou-se algumas ferramentas para auxiliar no
armazenamento, organização e análise dos dados.
Para a análise quantitativa dos dados, utilizou-se o software SPSS

em sua
versão 15, que é uma ferramenta para análises estatísticas extensamente utilizada
no meio acadêmico e empresarial. Esta ferramenta oferece, entre outras coisas,
diferentes possibilidades de análises de dados, testes de hipóteses, geração de
tabelas e gráficos. Utilizou-se, também, o Microsoft Excel

para a elaboração de
alguns gráficos e tabelas.

Para a análise qualitativa dos dados, utilizou-se a ferramenta Atlas.ti ,
que permite, entre outras coisas, o armazenamento de documentos, codificação de
dados qualitativos e uma análise mais sistemática destes dados. Trata-se de
software extensivamente utilizado em pesquisas acadêmicas e empresariais.
3.6 TESTES ESTATÍSTICOS
Neste trabalho, utilizou-se dois tipos de testes estatísticos, visando
aumentar a compreensão sobre a associação e correlação de variáveis.
O teste Chi-square, ou Qui-quadrado, é um teste de associação entre
variáveis independentes e cujas observações são discretas (escala nominal e
ordinal). O seu objetivo é verificar se a distribuição das freqüências observadas se
desvia significativamente das freqüências esperadas. O Qui-quadrado testa a
associação entre variáveis, mas não permite obter qualquer evidência quanto a força
ou sentido dessa inter-relação. Para que a associação entre duas variáveis seja
significativa, o nível de significância obtido com o teste deve ser menor ou igual a 5%.
Por sua vez, o teste Kendall Tau-b é uma estatística não paramétrica
utilizada para medir o grau de associação de duas variáveis ordinais em uma
56
tabulação cruzada. Seus valores podem variar de -1 (associação 100% negativa, ou
inversão perfeita) a 1 (associação 100% positiva, ou concordância perfeita). Um
valor zero indica a ausência de associação. Esta estatística fornece, ainda, a
possibilidade de verificar se as variáveis são estatisticamente dependentes ou não,
por meio do valor do teste 2-tailed. Se o valor do teste 2-tailed estiver abaixo do nível
de aceitação (no caso deste trabalho, 5%), as variáveis analisadas são dependentes,
caso contrário, são independentes.
57
4 O FMIEE CRIATEC
É oportuno ressaltar que, salvo registro específico, as informações
analisadas a seguir são resultante da consulta ao site do FMIEE Criatec (disponível
em
http://www.fundocriatec.com.br,
acesso
em
08/Abr/2010)
e
da
própria
experiência como protagonista do autor do projeto.
O FMIEE Criatec estabeleceu-se a partir da iniciativa do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e entrou em operação em
novembro de 2007, regido pela Instrução CVM 209, com um patrimônio de R$ 100
milhões, cujas cotas foram subscritas pelo BNDESpar e pelo BNB (CGEE, 2008).
O Quadro 9 resume as principais características do Fundo Mútuo de
Investimento em Empresas Emergentes Criatec.
O objetivo do FMIEE Criatec é investir em micro e pequenas empresas
inovadoras em estágio inicial e com grande potencial de crescimento,
para obter ganhos de capital no longo prazo. Este retorno ocorre no
Objetivo
momento da venda da participação do Fundo para um investidor
estratégico ou financeiro. A venda da participação do FMIEE Criatec
acontece em um período que pode variar 2 a 10 anos após o
investimento.
Duração
Dez anos, com um período de investimentos de quatro anos.
O foco do Fundo são as empresas que atuam nas áreas de tecnologia
da informação, biotecnologia, novos materiais, mecânica de precisão,
Foco
nanotecnologia e tecnologias inovadoras para o agronegócio. Podem
ser apoiadas empresas com faturamento líquido de, no máximo, R$ 6
milhões, no ano imediatamente anterior à capitalização do Fundo.
Características do
O aporte inicial é de até R$ 1,5 milhões, podendo ter um segundo
Investimento
aporte de até R$ 3,5 milhões.
As empresas interessadas devem cadastrar suas oportunidades de
investimento no site do FMIEE Criatec (www.fundocriatec.com.br). O
Forma de acesso das Cadastro consiste no preenchimento, por parte dos empreendedores,
empresas ao Fundo de um Plano de Negócios da oportunidade, contendo informações
sobre a empresa, os empreendedores, as tecnologias, seus
diferenciais, informações financeiras e de mercado, entre outras
informações relevantes para a análise.
O FMIEE Criatec é gerido por um consórcio da Antera Gestão de
Gestão do Fundo
Recursos e do Instituto de Inovação.
QUADRO 9 – Características do FMIEE Criatec
Fonte: Elaborado a partir de CGEE (2008) e Criatec (2010)
Deve-se ressaltar que o modelo de funcionamento do Fundo prevê uma
atuação nacional. Para tanto, além dos gestores nacionais, foram contratados
gestores regionais, que atuam nos principais pólos inovadores do país e são
58
responsáveis pela prospecção e análise das oportunidades e pelo acompanhamento
das empresas investidas pelo Fundo. As regionais estão situadas em sete cidades:
Florianópolis, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Belém
(CGEE, 2008).
A expectativa é de que o Fundo invista em até 50 empresas emergentes
inovadoras, das quais 24 já foram aprovadas até 31/12/2009.
Além do investimento, o FMIEE Criatec participa ativamente da gestão
das empresas, dando suporte estratégico e gerencial ao empreendedor, ajudando
na seleção e formação da equipe, definindo metas e acompanhando os resultados.
4.1 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DO FMIEE CRIATEC
Os critérios de seleção do FMIEE Criatec estão formalizados no
Regulamento do Fundo e leva em conta vários fatores, entre eles tamanho e
localização geográfica do empreendimento.
Com relação ao tamanho do empreendimento, o FMIEE Criatec é focado
em dois tipos de oportunidades: (a) empresas inovadoras com faturamento de até
R$ 6 milhões/ano, com projeção de elevado retorno; e (b) pesquisadores
empreendedores, que tenham tecnologias nas fases de Pesquisa Finalizada ou
Protótipo/Planta Piloto, com alto potencial de mercado, e que tenham a intenção de
criar empresas para colocá-las no mercado.
Em relação ao critério de localização geográfica, como o FMIEE Criatec
participa ativamente da gestão de suas investidas, as oportunidades que serão
submetidas ao processo seletivo devem estar situadas próximas a uma das
regionais do Fundo.
Além dos fatores já mencionados, a seleção de oportunidades é realizada
com base nos seguintes critérios: (a) perfil do empreendedor e de sua equipe; (b)
diferencial tecnológico e/ou competitivo; (c) potencial de mercado; (d) resultados
financeiros projetados; (e) necessidade de capital; e (f) possibilidade de saída
59
(desinvestimento). Após avaliar cada um destes critérios, os gestores e suas equipes
fazem uma avaliação final, recomendando o descarte, acompanhamento para
posterior decisão ou o investimento na oportunidade alvo da análise.
Como mencionado anteriormente, o FMIEE Criatec aporta, em uma
primeira rodada de investimento, recursos de até R$ 1,5 milhões. Existe ainda a
possibilidade de um segundo investimento de até R$ 3,5 milhões, para as empresas
que
obtiverem
sucesso
significativo
no
primeiro
investimento.
Logo,
empreendimentos que necessitem de valores mais elevados para sua realização
como negócio precisam buscar outras fontes complementares de recursos.
Em relação ao perfil dos empreendedores, o Fundo busca pessoas bem
qualificadas, motivadas, conscientes dos desafios e obstáculos para criação de uma
grande empresa, preparadas para trabalhar em equipe, compartilhar decisões e
assumir riscos, e, principalmente, dispostas a dedicar-se prioritariamente ao
empreendimento.
As habilidades que porventura faltem ao empreendedor e a sua equipe
atual, inclusive habilidades comerciais, administrativas ou gerenciais, são supridas
por via de contratações previstas no plano de investimento, que será elaborado junto
com a equipe do Fundo. Isto permite com que os pesquisadores que queiram
permanecer no campo da pesquisa e desenvolvimento de novos produtos possam
delegar a administração da empresa a pessoas de mercado selecionadas pelo
FMIEE Criatec e pelo empreendedor.
4.1.1 Processo seletivo
O processo seletivo é criterioso e muito competitivo, tendo como objetivo
saber se a oportunidade se enquadra nos pré-requisitos do Fundo. Construído na
forma de filtros sucessivos para poupar tempo do empreendedor e da equipe do
FMIEE Criatec, o processo seletivo exige pouco esforço de formalização e
elaboração de textos por parte dos empreendedores.
60
O conhecimento recíproco entre o FMIEE Criatec e o empreendedor
acontece principalmente por meio da interação pessoal, face a face. À medida que a
oportunidade evolui no processo, a dedicação do empreendedor em passar
informações, tirar dúvidas e analisar as possibilidades aumenta e precisa ser
prioritária para que o processo seja rápido.
O processo seletivo, que contempla eventuais feedbacks, é resumido da
seguinte forma, conforme Figura 11.
61
FIGURA 11 – Resumo do processo seletivo do Criatec
Cadastro da oportunidade
Preenchimento no site, pelo empreendedor, de formulário resumo descrevendo a oportunidade de
investimento com ênfase no mérito e diferencial.
Diligência
Conversa pessoal com a equipe Criatec de sua região para entendimento e análise da oportunidade.
Finalização do Plano de Negócios
Finalização do plano de negócio e de investimento.
Valuation
Valoração da empresa, com base em uma metodologia baseada em intangíveis
Negociação
Negociação da estrutura societária e do valor do investimento.
Aprovação Interna
Aprovação da equipe interna do Criatec.
Aprovação
Aprovação pelo Comitê de Investimentos do Criatec.
Due Diligence
Diligência contábil, tributária, jurídica e de propriedade intelectual.
Fonte: Elaboração própria
Este processo possui duração variada em função da qualidade e
velocidade das informações prestadas à equipe do FMIEE Criatec. Estima-se que o
período de mútuo conhecimento e formalização do investimento, para as
oportunidades que sejam selecionadas, seja entre três e seis meses.
62
5 ANÁLISE DOS DADOS
O Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes Criatec
começou a operar em novembro de 2007, no entanto, no mês anterior, ocorreu o
lançamento do seu site. Desta data até o dia 31/12/2009, foram enviados 1.153
planos de negócios para serem analisados.
Destes 1.153 planos de negócios enviados, verifica-se que, até o dia
10/03/2010, data em que a amostra foi extraída do banco de dados do FMIEE
Criatec, 1.061 planos de negócios foram avaliados, ou seja, receberam a nota final
por parte dos gestores regionais. Destes 1.061 planos de negócios que foram
avaliados, 23 foram aprovados.
Nas próximas seções, sempre que se referenciar aos planos de negócios
enviados ou submetidos, tratar-se-ão de todos os 1.153 planos de negócios
enviados. Quando se referenciar aos planos de negócios avaliados ou analisados,
tratar-se-ão dos 1.061. Por fim, quando se referenciar aos planos de negócios
aprovados, tratar-se-ão dos 23.
5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA POR VENTURE
CAPITAL NO BRASIL
Nesta seção, serão analisadas as seguintes características da demanda
por capital de risco no âmbito do FMIEE Criatec, todas elas decorrentes dos planos
de negócios submetidos ao Fundo, por via do formulário padrão disponível em seu
site: (a) estados de origem dos empreendimentos; (b) regiões de origem dos
empreendimentos; (c) regionais responsáveis pela análise dos planos de negócios;
(d) titulação máxima dos principais pesquisadores das empresas demandantes; (e)
categorias das tecnologias apresentadas; (f) existência de patentes; (g) estágios de
desenvolvimento dos empreendimentos; (h) percepção de inovação; (i) intenções da
busca por capital; (j) necessidades de capital no primeiro ano; (k) necessidades de
capital do ano 2 ao ano 5; e (l) necessidades de capital após o ano 5.
63
Além disso, serão realizados cruzamentos de informações entre algumas
destas características, visando aprofundar o entendimento sobre os aspectos
relevantes da demanda.
Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 1: Identificar as
características principais da demanda por venture capital no Brasil.
5.1.1 Planos de Negócios por Estado
Os planos de negócios analisados vieram de 21 estados do Brasil, do
Distrito Federal e até mesmo dos EUA. O Gráfico 1 apresenta a distribuição de
freqüência relativa de planos de negócios por estado da federação. O estado de São
Paulo é responsável por 36,5% dos planos de negócios, seguido do Rio de Janeiro
com 14,2% e Minas Gerais com 13,4%, demonstrando uma enorme concentração
nos estados de SP, RJ e MG (totalizando 64,1%), superior, inclusive, a distribuição
econômica do país, conforme a Tabela 1, referente aos PIB‟s dos estados brasileiros.
36,5%
SP
RJ
14,2%
13,4%
MG
06,3%
05,2%
04,5%
03,9%
03,0%
03,1%
02,8%
02,9%
02,9%
01,1%
Não informado
SC
RS
PR
Demais estados
BA
CE
PE
PA
DF
00,0%
10,0%
20,0%
GRÁFICO 1 – Planos de Negócios por Estado
Fonte: Elaboração própria
30,0%
40,0%
64
A Tabela 1 apresenta a participação dos estados no PIB Brasileiro,
conforme dados, de 2007, fornecidos pelo IBGE.
TABELA 1 – Participação das Unidades da Federação no PIB
Unidades da Federação
Participação
no PIB (em
2007)
São Paulo
33,92%
Rio de Janeiro
11,15%
Minas Gerais
9,07%
Santa Catarina
3,93%
Rio Grande do Sul
6,64%
Paraná
6,07%
Bahia
4,12%
Ceará
1,89%
Pernambuco
2,34%
Pará
1,86%
Distrito Federal
3,76%
Demais Estados
15,25%
Fonte: Elaborado a partir de IBGE (2010)
A Tabela 2 apresenta uma comparação entre a participação dos estados
no PIB Brasileiro e a participação dos mesmos na composição da base de dados de
planos de negócios do FMIEE Criatec, levando em conta, apenas, os planos de
negócio cuja informação sobre o estado estava preenchida.
65
TABELA 2 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e na base de
dados do FMIEE Criatec
Unidades da Federação
Participação
Participação
no PIB (em
no Criatec
2007)
Diferença
Relativa
São Paulo
33,92%
39,0%
15,03%
Rio de Janeiro
11,15%
15,2%
36,32%
Minas Gerais
9,07%
14,4%
58,38%
Santa Catarina
3,93%
5,6%
41,49%
Rio Grande do Sul
6,64%
4,8%
-27,42%
Paraná
6,07%
4,2%
-31,29%
Bahia
4,12%
3,3%
-19,02%
Ceará
1,89%
3,0%
56,92%
Pernambuco
2,34%
3,1%
30,70%
Pará
1,86%
3,1%
64,43%
Distrito Federal
3,76%
1,2%
-67,96%
Demais Estados
15,25%
3,2%
-78,73%
Fonte: Elaboração própria
Analisando o Gráfico 2, que apresenta a diferença relativa das
participações dos estados no PIB brasileiro e na composição da base de dados do
FMIEE Criatec, observa-se que: (a) os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Santa Catarina, Ceará, Pernambuco e Pará têm maior representatividade
proporcional na base de dados do Fundo do que na composição do PIB Brasileiro; e
(b) os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, bem como, o Distrito Federal e
os demais estados, possuem uma menor representatividade proporcional na base de
dados do FMIEE Criatec do que na composição do PIB Brasileiro.
Os estados que possuem mais representatividade na base do FMIEE
Criatec do que no PIB brasileiro são, justamente, aqueles onde estão instaladas as
regionais do Fundo, podendo significar que estas diferenças ocorrem devido ao
poder indutor da presença da regional na prospecção de oportunidades de
investimento no estado.
Por outro lado, este achado também pode significar que estes estados
foram escolhidos para sediar as regionais do Fundo, exatamente, por seu potencial
de geração de oportunidades acima da média. Os dois fatores não são mutuamente
excludentes.
66
80,00%
MG
60,00%
20,00%
SC
RJ
40,00%
PA
CE
PE
SP
0,00%
-20,00%
BA
RS
-40,00%
PR
-60,00%
DF
Demais estados
-80,00%
-100,00%
GRÁFICO 2 – Diferenças Relativas das Participações das Unidades da Federação no PIB e
na base de dados do FMIEE Criatec
Fonte: Elaboração própria
5.1.2 Planos de Negócios por Região Geográfica
Conforme evidenciado no Gráfico 3, a região Sudeste é responsável por
64,4% dos planos de negócios, seguida da região Sul com 13,6%, Nordeste com
10,1%, Norte com 3,5% e Centro-Oeste com 2%. Deve-se salientar que 6,3% dos
Planos de Negócios não continham a informação sobre qual o estado de origem e
0,2% dos Planos de Negócios são dos EUA.
70,0%
64,4%
60,0%
Sudeste
50,0%
Sul
40,0%
Nordeste
30,0%
Não informado
20,0%
10,0%
13,6%
10,1%
6,3% 3,5%
2,0% 0,2%
0,0%
GRÁFICO 3 – Planos de Negócios por Região Geográfica
Fonte: Elaboração própria
Norte
Centro-Oeste
67
5.1.3 Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE Criatec
O Gráfico 4 apresenta a distribuição de freqüência relativa de planos de
negócios analisados por cada uma das regionais do FMIEE Criatec. A regional
Campinas realizou a análise de mais de um terço de todos os planos de negócios
(38,6%), seguida pelas regionais do Rio de Janeiro (17,2%), Belo Horizonte (15,2%)
Florianópolis (13,8%), Recife (8,1%), Belém (4,2%) e Fortaleza (2,9%).
Embora o estado de Pernambuco responda por 2,34% dos planos de
negócios, a regional Recife, auxiliada, em alguns casos, por seu posto avançado em
Salvador, realizou 8,1% das análises, ficando responsável pela maioria dos planos
de negócios enviados por empreendedores dos estados da Região Nordeste, com
exceção para os planos de negócios dos empreendedores cearenses, que foram
analisados pela regional Fortaleza.
50,0%
40,0%
Campinas
38,6%
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
30,0%
Florianópolis
20,0%
10,0%
17,2%
15,2%13,8%
Recife
8,1%
4,2% 2,9%
Belem
Fortaleza
0,0%
GRÁFICO 4 – Planos de Negócios Analisados por Regional do FMIEE
Criatec
Fonte: Elaboração própria
5.1.4 Planos de Negócios por Titulação Máxima do Principal
Pesquisador
O Gráfico 5 evidencia a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios segmentados pela titulação máxima do principal pesquisador da empresa.
O gráfico demonstra que 39,4% dos planos de negócios foram enviados por
empresas que possuem pesquisadores cuja titulação máxima é a graduação,
enquanto que em 16,3% dos casos a titulação máxima é o mestrado, em 12,7% a
titulação máxima é o doutorado e em 8,4% é o pós-doutorado.
68
Destaca-se o grande número de empresas que não forneceram esta
informação (21,4%), podendo indicar que não possuem pesquisadores em seus
quadros. Outro fator interessante é a baixíssima incidência (1,8%) de pesquisadores
cuja titulação máxima é a especialização.
Assim, pode-se afirmar que cerca de dois em cada cinco planos de
negócios submetidos têm como pesquisador principal profissionais com pósgraduação, caracterizando qualificação elevada.
1,8%
Graduação
8,4%
Não informado
12,7%
39,4%
Mestrado
Doutorado
16,3%
Pós-doc
21,4%
Especialização
GRÁFICO 5 – Planos de Negócios por Titulação Máxima
do Pesquisador
Fonte: Elaboração própria
5.1.5 Planos de Negócios por Setor Tecnológico
O Gráfico 6 apresenta a distribuição de freqüência relativa de planos de
negócios por setor tecnológico. O destaque é o elevado número de planos de
negócios relacionados com Tecnologia da Informação (39,4%), o que sugere uma
maior cultura deste setor em relação à busca de recursos de venture capital ou
mesmo a facilidade de montagem de um negócio neste setor tecnológico, pois o
mesmo não demanda investimentos elevados em laboratórios, maquinários ou infraestrutura física.
Em seguida, surgem as tecnologias voltadas para o agronegócio (10,8%),
e as engenharias mecânica (10,7%) e eletrônica (10,3%). Por fim, aparecem setores
emergentes como novos materiais (9%), biotecnologia (7,8%) e nanotecnologia
(1,5%).
69
45,0%
40,0%
39,4%
Tecnologia da Informação
Agronegócio
35,0%
Mecânica
30,0%
Eletrônica
25,0%
Novos Materiais
20,0%
15,0%
Biotecnologia
10,8% 10,7% 10,3%
10,0%
9,8%
9,0% 7,8%
5,0%
Nanotecnologia
Outros
1,5% 0,7%
Não informado
0,0%
GRÁFICO 6 – Planos de Negócios por Tecnologia
Fonte: Elaboração própria
5.1.6 Planos de Negócios por Situação da Patente
O Gráfico 7 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pela situação do patenteamento da tecnologia apresentada pela empresa
ao FMIEE Criatec. Um número significativo de empresas (48%) não possui patente
da tecnologia, enquanto que 17,8% das empresas estão com suas patentes em fase
de elaboração, 17,8% já depositaram os pedidos de patente e, apenas, 6,6% já
possuem patente. Evidenciando-se assim pouca tradição, mesmo em se tratando de
empresas de base tecnológica, dos empreendedores em ter iniciativa de proteção às
suas idéias e inventos, e a criação de ativo valioso de propriedade intelectual.
17,8%
17,8%
Não patenteado
Em elaboração
6,6%
9,8%
48,0%
Pedido Depositado
Patente Concedida
Não informado
GRÁFICO 7 – Planos de Negócios por Situação da Patente
Fonte: Elaboração própria
70
5.1.7 Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do Produto
O Gráfico 8 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pelo estágio de desenvolvimento do produto apresentado. Cerca de um
terço dos planos de negócios (32%) são de empresas que estão com os produtos
para o início da produção em larga escala, 8,8% das empresas já possuem plantas
piloto instaladas, enquanto que 20% das empresas possuem, apenas, protótipos de
seus produtos.
É relevante notar que, embora o FMIEE Criatec enfatize que não investe
em oportunidades nestes estágios, 11,4% dos planos de negócios são baseados,
apenas, em idéias e 8,8% são baseados em projetos de pesquisa. Em ambos os
casos, não existindo protótipos ou produtos finalizados. Estando em estágio
embrionário, tais oportunidades seriam melhor consideradas para a obtenção de
crédito, a fundo perdido, em linhas de fomento à inovação, usualmente oferecidas
pelas Fundações de Apoio à Pesquisa estaduais ou à FINEP.
De forma similar, é grande o número de planos de negócios que não
informaram o estágio de desenvolvimento tecnológico (12,7%).
8,8%
11,4%
8,8%
Produto/Processo Final
Protótipo
Idéia
20,0%
12,7%
Projeto de pesquisa
Planta piloto
6,2%
Não informado
Escala laboratorial
32,0%
GRÁFICO 8 – Planos de Negócios por Estágio de Desenvolvimento do
Produto
Fonte: Elaboração própria
71
5.1.8 Planos de Negócios por Percepção de Inovação
O Gráfico 9 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pela percepção da inovação por parte dos empreendedores e analistas. A
grande maioria dos planos de negócios (74,3%) apresenta tecnologias ou produtos
que são percebidos como inovadores. Este alto percentual pode sugerir um viés na
informação, pois, embora possa ser posteriormente alterada pelos analistas, a
informação sobre a percepção ou não de inovação é dada originalmente pelo
empreendedor que está submetendo o plano de negócios para análise do FMIEE
Criatec.
16,7%
77,2%
6,1%
Sim
Não
Não informado
GRÁFICO 9 – Planos de Negócios por Percepção da Inovação
Fonte: Elaboração própria
5.1.9 Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital
O Gráfico 10 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pela intenção de busca por capital. Este gráfico evidencia que a maioria
das empresas (52,4%) busca capital para o custeio de suas operações, enquanto
que, apenas, 10,8% faz este movimento em busca de um parceiro estratégico. Para
as empresas que buscam apenas capital, a visão do Fundo como um provedor de
recursos sobrepuja a visão do Fundo como um sócio que agrega conhecimento,
gestão, governança e contatos, o que talvez seja a sua contribuição mais valiosa.
72
Captação de recursos para
a empresa
Busca de parceiro
estratégico
25,8%
Captação de recursos para
finalizar pesquisas
1,4%
52,4%
4,2%
5,6%
10,8%
Captação de recursos para
montar laboratório
Licenciamento de
tecnologia
Não informado
GRÁFICO 10 – Planos de Negócios por Intenção da Busca por Capital
Fonte: Elaboração própria
5.1.10
Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 1
A distribuição de freqüência relativa dos planos de negócios pela
necessidade de capital no primeiro ano do empreendimento é apresentada no
Gráfico 11. Demonstra-se que aproximadamente a metade das empresas (48,8%)
necessita de um montante de recursos de até R$ 1.500.000,00 no primeiro ano,
faixa que pode ser coberta com um primeiro aporte do FMIEE Criatec.
Além disso, outras empresas (8,3%) necessitam de investimentos que
alcancem o montante de R$ 1.500.000,00 até R$ 5.000.000,00 no primeiro ano.
Estes valores poderiam ser cobertos por investimentos do FMIEE Criatec, se
somados os dois aportes possíveis (um primeiro de R$ 1,5M e um segundo de
R$ 3,5M).
Por outro lado, 6,2% das empresas necessitam de valores superiores a
R$ 5.000.000,00. Esta faixa de investimento não pode ser coberta pelo FMIEE
Criatec individualmente, mas, em alguns casos, o FMIEE Criatec pode se associar a
um outro investidor para um co-investimento em uma oportunidade nesta situação.
Causa espécie o grande número de empresas (36,7%) que não
informaram sua necessidade de capital no primeiro ano, informação fundamental
73
para a análise de um possível investimento. Tal evidência pode demonstrar um
despreparo técnico com as questões empresariais do investimento.
Evidencia-se, ao todo, a necessidade de recursos na ordem de um bilhão
e meio de reais (R$ 1.464.750.000,00) para cobrir as necessidades de capital no
primeiro ano de todos os projetos que forneceram esta informação. O investimento
médio por projeto seria cerca de dois milhões de reais (R$ 2.006.921,98).
Estes números foram estimados a partir das classes médias de
investimentos apresentadas. Para os cálculos, houve a exclusão dos 36,7% dos
planos de negócios que não informaram os valores pleiteados. Desta forma, o total é
ainda maior.
7,6%
Até R$ 500 mil
De R$ 500 a R$ 1.000 mil
36,7%
23,1%
De R$ 1000 a R$ 1.500 mil
De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil
De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil
Acima de R$ 10.000 mil
18,1%
4,8%
Não informado
8,3%
1,4%
GRÁFICO 11 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital no Ano 1
Fonte: Elaboração própria
5.1.11
Planos de Negócios por Necessidade de Capital - Ano 2 ao 5
O Gráfico 12 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pela necessidade de capital entre o segundo e o quinto ano do
empreendimento. Este gráfico evidencia que 20,3% das empresas precisam de até
R$ 500.000,00 neste período, enquanto que 7,8% necessitam valores entre
R$ 500.000,00 e R$ 1M, 3,9% necessitam de valores entre R$ 1M e R$ 1,5M e 3,1%
74
necessitam de valores entre R$ 1,5M e R$ 5M. Apenas 3,2% das empresas
necessitam de valores acima dos R$ 5M.
O número de empresas que não informaram sua necessidade de capital
no período entre o segundo e o quinto ano foi bastante alto (61,7%), mas, neste
caso, isto pode significar que a empresa não tem necessidade de capital neste
período.
Até R$ 500 mil
20,3%
De R$ 500 a R$ 1.000 mil
De R$ 1000 a R$ 1.500 mil
7,8%
61,7%
De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil
3,9%
De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil
Acima de R$ 10.000 mil
3,1%
Não informado
2,9%
0,3%
GRÁFICO 12 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital do Ano 2 ao 5
Fonte: Elaboração própria
5.1.12
Planos de Negócios por Necessidade de Capital após o Ano 5
O Gráfico 13 mostra a distribuição de freqüência relativa dos planos de
negócios pela necessidade de capital após o quinto ano do empreendimento. Este
gráfico evidencia que 15,9% das empresas precisam de até R$ 500.000,00 neste
período, enquanto que, apenas, 7,8% necessitam valores maiores que este.
O número de empresas que não informaram sua necessidade de capital
após o quinto ano também foi bastante alto (75,5%), mas, assim como no gráfico
anterior, neste caso, isto pode significar que a empresa não tem necessidade de
capital neste período.
75
15,9%
2,3%
1,8%
Até R$ 500 mil
1,1%
De R$ 500 a R$ 1.000 mil
1,5% 1,1%
De R$ 1000 a R$ 1.500 mil
De R$ 1.500 a R$ 5.000 mil
De R$ 5.000 a R$ 10.000 mil
Acima de R$ 10.000 mil
75,5%
Não informado
GRÁFICO 13 – Planos de Negócios por Necessidade de Capital Após o Ano 5
Fonte: Elaboração própria
5.1.13
Regional X Titulação Máxima do Pesquisador
Conforme evidencia-se na Tabela 3, o cruzamento dos dados das
Regionais do FMIEE Criatec com a Titulação Máxima do Pesquisador revelou alguns
achados, os principais são: (a) mais da metade das oportunidades enviadas para as
regionais de Recife (59,2%), Rio de Janeiro (56,1%) e Belo Horizonte (52,9%) possui
pesquisadores pós-graduados (especialização, mestrado, doutorado ou pósdoutorado); (b) existe uma forte incidência de oportunidades cujos pesquisadores
possuem mestrado nas regionais de Recife (36,8%) e Rio de Janeiro (31,6%); (c)
existe uma alta incidência de oportunidades cujos pesquisadores possuem
doutorado nas regionais de Belém (25%), Fortaleza (22,6%) e Belo Horizonte
(22,1%).
Por sua vez, evidenciou-se associação significativa (nível de significância
Chi-Square <= 1%) entre as dimensões. Pode-se afirmar, por exemplo, que as
regionais de Recife e do Rio de Janeiro têm uma maior probabilidade de receber
planos de negócios nos quais os pesquisados tenham pós-graduação.
76
TABELA 3 – Regional X Titulação do Pesquisador
Regional * Formação do pesquisador Crosstabulation
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Graduação
178
52,8%
68
43,9%
64
47,1%
77
58,8%
31
40,8%
20
50,0%
16
51,6%
454
50,1%
Formação do pesquisador
Especiali
zação
Mestrado
Doutorado
7
51
54
2,1%
15,1%
16,0%
6
49
18
3,9%
31,6%
11,6%
1
23
30
,7%
16,9%
22,1%
2
27
16
1,5%
20,6%
12,2%
2
28
11
2,6%
36,8%
14,5%
1
5
10
2,5%
12,5%
25,0%
2
5
7
6,5%
16,1%
22,6%
21
188
146
2,3%
20,8%
16,1%
Pós
Doutorado
47
13,9%
14
9,0%
18
13,2%
9
6,9%
4
5,3%
4
10,0%
1
3,2%
97
10,7%
Total
337
100,0%
155
100,0%
136
100,0%
131
100,0%
76
100,0%
40
100,0%
31
100,0%
906
100,0%
Nível de significância Chi-Square <= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.1.14
Regional X Setor Tecnológico
A Tabela 4, apresenta o cruzamento dos dados das regionais do FMIEE
Criatec com os setores tecnológicos dos planos de negócios. Pode-se observar que
mais da metade das oportunidades das regionais Recife e Rio de Janeiro são
relacionadas com Tecnologia da Informação, respectivamente 57,3% e 56,1% das
oportunidades daquelas regionais. No caso de Recife, esta alta incidência evidencia
o resultado positivo do trabalho de instituições como o Centro de Informática da
UFPE, C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife e Porto
Digital na formação de empreendedores e empresas de TI.
Além das oportunidades relacionadas com Tecnologia da Informação, que
são as de maior incidência em todas as regionais, evidencia-se também uma
importante presença de: (a) oportunidades de Agronegócio nas regionais de Belo
Horizonte (20,1%), Belém (19,6%) e Fortaleza (17,6%); (b) oportunidades
relacionadas com Mecânica nas regionais de Belém (17,4%), Campinas (13,4%) e
Florianópolis (13,3%); (c) oportunidades relacionadas com Eletrônica nas regionais
de Florianópolis (16,1%) e Campinas (14,1%); (d) oportunidades relacionadas com
77
novos materiais na Regional de Belém (15,2%); e (e) oportunidades relacionadas
com Biotecnologia em Belém (15,2%), Fortaleza (14,7%) e Belo Horizonte (13,2%).
Neste caso, também evidencia-se associação significativa (nível de
significância Chi-Square <= 1%) entre as dimensões. Desta forma, pode-se afirmar,
por exemplo, que as regionais do Recife e do Rio de Janeiro têm uma maior
probabilidade de receber planos de negócios originários do setor de TI, por outro
lado, os planos de negócios originários do setor de Agronegócios são mais
prováveis na regional de Belo Horizonte.
TABELA 4 – Regional X Setor Tecnológico
Regional * Categoria da tecnologia Crosstabulation
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Tecnologia da
informação
161
39,3%
97
56,1%
60
37,7%
64
44,8%
43
57,3%
15
32,6%
14
41,2%
454
43,7%
Agronegócio
44
10,7%
13
7,5%
32
20,1%
13
9,1%
8
10,7%
9
19,6%
6
17,6%
125
12,0%
Mecânica
55
13,4%
15
8,7%
19
11,9%
19
13,3%
5
6,7%
8
17,4%
2
5,9%
123
11,8%
Categoria da tecnologia
Novos
Eletrônica
materiais
58
47
14,1%
11,5%
20
15
11,6%
8,7%
11
13
6,9%
8,2%
23
11
16,1%
7,7%
5
8
6,7%
10,7%
0
7
,0%
15,2%
2
3
5,9%
8,8%
119
104
11,4%
10,0%
Biotecnologia
36
8,8%
7
4,0%
21
13,2%
9
6,3%
5
6,7%
7
15,2%
5
14,7%
90
8,7%
Nanotecn
ologia
9
2,2%
4
2,3%
1
,6%
3
2,1%
0
,0%
0
,0%
0
,0%
17
1,6%
Outros
0
,0%
2
1,2%
2
1,3%
1
,7%
1
1,3%
0
,0%
2
5,9%
8
,8%
Total
410
100,0%
173
100,0%
159
100,0%
143
100,0%
75
100,0%
46
100,0%
34
100,0%
1040
100,0%
Nível de significância Chi-Square <= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.1.15
Regional X Situação da Patente
A Tabela 5, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do
FMIEE Criatec com a situação das patentes das tecnologias apresentadas nos
planos de negócios. A associação entre as dimensões, todavia, não se apresenta
significativa.
No geral, observa-se um pequeno número de planos de negócios com
tecnologias patenteadas. O destaque fica por conta da regional de Belém, onde 37%
dos planos de negócios tratam de tecnologias não patenteadas, 23,9% estão em
processo de elaboração, 28,3% estão com o pedido depositado e 10,9% já tiveram
as patentes concedidas.
78
TABELA 5 – Regional X Situação da Patente
Crosstab
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Não
patenteado
216
52,7%
100
57,8%
75
47,2%
87
60,8%
39
52,0%
17
37,0%
20
58,8%
554
53,3%
Existência de patente
Em
Pedido
elaboração
depositado
85
82
20,7%
20,0%
30
29
17,3%
16,8%
30
38
18,9%
23,9%
27
20
18,9%
14,0%
17
15
22,7%
20,0%
11
13
23,9%
28,3%
5
8
14,7%
23,5%
205
205
19,7%
19,7%
Patente
concedida
27
6,6%
14
8,1%
16
10,1%
9
6,3%
4
5,3%
5
10,9%
1
2,9%
76
7,3%
Total
410
100,0%
173
100,0%
159
100,0%
143
100,0%
75
100,0%
46
100,0%
34
100,0%
1040
100,0%
Nível de significância Chi-Square >= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.1.16
Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto
A Tabela 6, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do
FMIEE Criatec com o estágio de desenvolvimento dos produtos apresentados nos
planos de negócios, não possuindo a associação significativa entre as dimensões. O
que evidencia a inexistência de tendência significativa de concentração em qualquer
regional no que diz respeito ao estágio de desenvolvimento do produto.
79
TABELA 6 – Regional X Estágio de Desenvolvimento do Produto
Crosstab
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Produto
finalizado
131
33,1%
71
41,3%
62
41,9%
51
36,2%
25
34,7%
18
40,0%
11
34,4%
369
36,7%
Estágio de desenvolvimento da tecnologia/negócio
Apenas
Projeto de
Protótipo
uma idéia
pesquisa
Planta piloto
100
56
45
37
25,3%
14,1%
11,4%
9,3%
30
25
16
15
17,4%
14,5%
9,3%
8,7%
34
18
15
9
23,0%
12,2%
10,1%
6,1%
37
17
11
18
26,2%
12,1%
7,8%
12,8%
13
6
10
12
18,1%
8,3%
13,9%
16,7%
11
4
1
8
24,4%
8,9%
2,2%
17,8%
6
5
4
3
18,8%
15,6%
12,5%
9,4%
231
131
102
102
23,0%
13,0%
10,1%
10,1%
Escala
laboratorial
27
6,8%
15
8,7%
10
6,8%
7
5,0%
6
8,3%
3
6,7%
3
9,4%
71
7,1%
Total
396
100,0%
172
100,0%
148
100,0%
141
100,0%
72
100,0%
45
100,0%
32
100,0%
1006
100,0%
Nível de significância Chi-Square >= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.1.17
Regional X Percepção da Inovação
A Tabela 7, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do
FMIEE Criatec com a situação das patentes das tecnologias apresentadas nos
planos de negócios, evidenciando alguns achados interessantes.
Os
destaques
são
a
altíssima
incidência
de
oportunidades
de
investimento inovadoras em Florianópolis (95%) e, no outro extremo, a relativamente
baixa incidência de oportunidades inovadoras em Recife (58,7%). Como evidenciase associação significativa (nível de significância Chi-Square <= 1%) entre as
dimensões, pode-se afirmar, por exemplo, que a probabilidade de encontrar uma
oportunidade de investimento inovadora em Florianópolis é quase o dobro do que a
probabilidade de encontrá-la em Recife. Estas diferenças acentuadas podem
decorrer de particularidades locais ou de diferenças de critério de avaliação desta
característica.
80
TABELA 7 – Regional X Percepção da Inovação
Crosstab
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Percepção de
inovação
Sim
Não
330
80
80,5%
19,5%
146
26
84,9%
15,1%
142
14
91,0%
9,0%
134
7
95,0%
5,0%
44
31
58,7%
41,3%
37
9
80,4%
19,6%
24
10
70,6%
29,4%
857
177
82,9%
17,1%
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Total
410
100,0%
172
100,0%
156
100,0%
141
100,0%
75
100,0%
46
100,0%
34
100,0%
1034
100,0%
Nível de significância Chi-Square <= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.1.18
Regional X Intenção da Busca por Capital
A Tabela 8, que apresenta o cruzamento dos dados das regionais do
FMIEE Criatec com a intenção na busca por capital, não possuindo associação
significativa entre as dimensões. Pode-se concluir, portanto, que a intenção da
busca por capital independe da regional.
TABELA 8 – Regional X Intenção na Busca por Capital
Crosstab
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Busca
parceiro
estratégico
49
14,5%
10
6,7%
33
24,6%
15
12,3%
8
17,8%
5
13,2%
4
13,8%
124
14,5%
Nível de significância Chi-Square >= 1%
Fonte: Elaboração própria
Intenção na busca de capital
Captação de
Captação
recursos
de recursos
para finalizar
para montar
pesquisa
laboratório
36
22
10,7%
6,5%
5
10
3,3%
6,7%
8
5
6,0%
3,7%
9
5
7,4%
4,1%
5
2
11,1%
4,4%
0
3
,0%
7,9%
1
1
3,4%
3,4%
64
48
7,5%
5,6%
Captação de
recursos para
empresa
223
66,0%
121
80,7%
87
64,9%
92
75,4%
29
64,4%
29
76,3%
23
79,3%
604
70,6%
Licenciam
ento de
tecnologia
8
2,4%
4
2,7%
1
,7%
1
,8%
1
2,2%
1
2,6%
0
,0%
16
1,9%
Total
338
100,0%
150
100,0%
134
100,0%
122
100,0%
45
100,0%
38
100,0%
29
100,0%
856
100,0%
81
5.1.19
Regional X Necessidade de Capital no Ano 1
A Tabela 9 apresenta o cruzamento dos dados das regionais do FMIEE
Criatec com a necessidade de capital no primeiro ano do empreendimento proposto
e possui associação significativa (nível de significância Chi-Square <= 1%) entre as
dimensões.
Pode-se afirmar, por exemplo, que as regionais de Campinas, Belo
Horizonte, Florianópolis, Belém e Fortaleza têm uma maior probabilidade de receber
planos de negócios com demandas na faixa que varia entre R$ 500.000,00 e
R$ 1.000.000,00, enquanto que nas regionais de Recife e do Rio de Janeiro, a maior
probabilidade é de demandas na faixa entre R$ 1.000.000,00 e R$ 1.500.000,00.
TABELA 9 – Regional X Necessidade de Capital no Ano 1
Crosstab
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Count
% within Regional
Até R$
500 mil
48
15,2%
3
2,7%
8
7,0%
16
18,0%
4
10,3%
5
14,7%
4
16,0%
88
12,1%
De R$ 500
mil a R$ 1
milhão
108
34,2%
37
33,0%
46
40,0%
37
41,6%
9
23,1%
19
55,9%
10
40,0%
266
36,4%
Necssidade de capital ano 1
De R$ 1
De R$ 1,5
De R$ 5
milhão a R$
milhão a R$
milhões a R$
1,5 milhão
5 milhões
10 milhões
78
52
9
24,7%
16,5%
2,8%
41
14
6
36,6%
12,5%
5,4%
38
15
0
33,0%
13,0%
,0%
21
8
1
23,6%
9,0%
1,1%
18
2
0
46,2%
5,1%
,0%
7
1
0
20,6%
2,9%
,0%
6
4
0
24,0%
16,0%
,0%
209
96
16
28,6%
13,2%
2,2%
Acima de R$
10 milhões
21
6,6%
11
9,8%
8
7,0%
6
6,7%
6
15,4%
2
5,9%
1
4,0%
55
7,5%
Total
316
100,0%
112
100,0%
115
100,0%
89
100,0%
39
100,0%
34
100,0%
25
100,0%
730
100,0%
Nível de significância Chi-Square <= 1%
Fonte: Elaboração própria
Com base nas análises realizadas ao longo desta seção, conclui-se que
as características principais da demanda por venture capital no Brasil são: (a) existe
uma forte concentração de oportunidades na região Sudeste; (b) os estados que
possuem mais representatividade na base do FMIEE Criatec do que no PIB
brasileiro são, justamente, aqueles onde estão instaladas as regionais do Fundo; (c)
cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec têm
como pesquisador principal profissionais com pós-graduação; (d) cerca de dois em
82
cada cinco planos de negócios submetidos ao FMIEE Criatec estão relacionados
com Tecnologia da Informação; (e) cerca da metade das empresas não possui
patente da tecnologia; (f) cerca de um terço dos planos de negócios é de empresas
que estão com os produtos prontos para o início da produção em escala industrial; (g)
cerca de três quartos dos planos de negócios trazem tecnologias ou produtos que
são percebidos como inovadores, mas esta percepção não se confirma após a
análise das oportunidades, pois, apenas, cerca de um quinto é avaliado como
possuidor de diferenciais em termos de tecnologia ou produto; (h) mais da metade
das empresas busca capital para o custeio de suas operações, enquanto que,
apenas, cerca de um em cada dez faz este movimento em busca de um parceiro
estratégico; e (i) aproximadamente a metade das empresas necessita de um
montante de recursos de até R$ 1,5M no primeiro ano.
5.2 QUALIDADE DA DEMANDA POR VENTURE CAPITAL NO BRASIL
Conforme comentado anteriormente, os planos de negócios enviados ao
FMIEE Criatec sofrem uma análise baseada nos seguintes critérios: (a) perfil do
empreendedor e de sua equipe; (b) diferencial tecnológico ou competitivo; (c)
potencial de mercado; (d) resultados financeiros projetados; (e) necessidade de
capital; e (f) possibilidade de saída (desinvestimento).
Ademais, após a avaliação total ou parcial destes critérios, os gestores e
suas equipes atribuem uma nota final ao plano de negócios. Esta nota final equivale
a uma recomendação dos gestores e analistas para o descarte, acompanhamento
para posterior decisão ou o investimento na oportunidade alvo da análise.
Nesta seção, no intuito de traçar um perfil da qualidade da demanda por
capital, serão analisadas as notas atribuídas nos seis critérios de avaliação, bem
como, a nota final atribuída a cada um dos 1.153 planos de negócios.
Serão realizados também alguns cruzamentos de informações entre
características relevantes e as notas obtidas nas avaliações, visando aprofundar o
entendimento sobre a qualidade da demanda.
83
Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 2: Analisar a qualidade
da demanda por venture capital no Brasil.
5.2.1 Avaliação da Equipe
O Gráfico 14 mostra a distribuição de freqüência relativa das notas
atribuídas à equipe empreendedora. O gráfico demonstra que: (a) 24,1% das
equipes empreendedoras foram consideradas sem diferencial técnico, motivacional
ou gerencial e / ou de difícil relacionamento; (b) 21,4% das equipes foram
consideradas com grande diferencial, mas não empreendedoras, o que pode
evidenciar que sejam equipes compostas, sobretudo, por técnicos e pesquisadores;
(c) 31,9% das equipes foram consideradas com grande diferencial e abertas a
compartilhar a gestão da empresa, característica apreciada pelo Fundo; (d) 14,7%
das equipes foram consideradas com grande diferencial e ótimo relacionamento,
obtendo a melhor nota neste critério; e (e) por fim, 7,9% das oportunidades não
foram avaliadas com relação a este critério.
O quadro geral que emerge dos dados, indica que quase metade das
equipes foram consideradas empreendedoras e com grande diferencial (46,60%)
demonstrando a boa qualidade das equipes empreendedoras envolvidas nos planos
de negócios avaliados e, também, demonstrando que este fator não é um dos
limitadores do número de planos de negócios passíveis de investimento.
84
1 - Equipe sem diferencial
(técnico, motivacional ou
gerencial) e/ou de difícil
relacionamento.
35,0%
31,9%
30,0%
25,0%
2 - Equipe com grande
diferencial, mas não
empreendedora.
24,1%
21,4%
20,0%
3 - Equipe empreendedora,
com grande diferencial e
aberto a compartilhar a
gestão.
14,7%
15,0%
10,0%
7,9%
5,0%
4 - Equipe empreendedora,
com grande diferencial e
ótimo relacionamento.
Não avaliado.
0,0%
GRÁFICO 14 – Avaliação da Equipe
Fonte: Elaboração própria
5.2.2 Avaliação do Diferencial da Tecnologia
O Gráfico 15 demonstra a distribuição de freqüência relativa das notas
atribuídas ao diferencial tecnológico apresentado nos planos de negócios.
O gráfico demonstra que: (a) 28,8% das tecnologias não apresentaram
bases científicas sólidas, além de serem facilmente copiáveis ou se assemelharem
muito às tecnologias utilizadas pelos concorrentes; (b) 35,6% das tecnologias
possuíam bases científicas, mas eram facilmente copiáveis ou ofereciam, apenas,
diferenciais incrementais em relação aos concorrentes; (c) 17,4% das tecnologias
possuíam bases científicas e não eram facilmente copiáveis, apesar de oferecerem
um diferencial incremental em relação aos concorrentes, podendo representar uma
vantagem competitiva para a empresa; (d) apenas 4,8% das tecnologias possuíam
bases científicas, não eram facilmente copiáveis e apresentavam diferenciais
radicais em relação aos concorrentes, podendo representar uma vantagem
competitiva sustentável no longo prazo para as empresas possuidoras; e (e) por fim,
13,4% das oportunidades não foram avaliadas com relação a este critério.
85
Assim, pode-se concluir que, aproximadamente, um em cada quatro
planos de negócios (22,60%) avaliados conta com tecnologias diferenciadas, com
diferenciais incrementais ou radicais em relação à concorrência (notas 3 e 4),
evidenciando assim uma boa qualidade da demanda sob aspecto tecnológico.
1 - A tecnologia não tem bases
científicas sólidas; é facilmente
copiável ou muito semelhante
aos concorrentes.
40,0%
35,6%
35,0%
30,0%
2 - A tecnologia possui bases
científicas; é facilmente copiável
ou oferece diferencial
incremental em relação aos
concorrentes.
28,8%
25,0%
20,0%
17,4%
15,0%
13,4%
10,0%
5,0%
4,8%
3 - A tecnologia possui bases
científicas, não é facilmente
copiável; oferece diferencial
incremental em relação aos
concorrentes.
4 - A tecnologia possui bases
científicas, não é facilmente
copiável e oferece diferenças
radicais em relação aos
concorrentes.
Não avaliado.
0,0%
GRÁFICO 15 – Avaliação do Diferencial da Tecnologia
Fonte: Elaboração própria
5.2.3 Avaliação do Potencial de Mercado
O Gráfico 16 apresenta a distribuição de freqüência das notas atribuídas
ao potencial de mercado demonstrado pelos planos de negócios.
O gráfico demonstra que: (a) em 19,2% dos planos de negócios, não está
claro o problema que a tecnologia resolve ou o mercado de atuação é difuso ou
altamente competitivo; (b) em 27,1% dos planos de negócios, não está claro o
problema que a tecnologia resolve, mas o mercado de atuação é crescente e / ou
consistente; (c) em 23% dos planos de negócios, a tecnologia resolve um problema
86
claro e o mercado de atuação é difuso ou altamente competitivo; (d) em 9,7% dos
planos de negócios, a tecnologia resolve um problema claro e o mercado é
crescente e / ou consistente; e (e) por fim, 21,1% das oportunidades não foram
avaliadas com relação a este critério.
Desta forma, conclui-se que, apenas, cerca de um em cada dez
empreendimentos (9,7%) demonstra que seu produto ou tecnologia resolve um
problema claro e pode ser inserido em um mercado crescente ou consistente. Desta
forma, evidencia-se que limitações em termos de mercado podem ser um empecilho
para grande parte dos empreendimentos.
30,0%
27,1%
25,0%
23,0%
21,1%
20,0%
19,2%
15,0%
10,0%
9,7%
1 - Não está claro que problema a e
tecnologia resolve e o mercado de
atuação é difuso ou altamente
competitivo.
2 - Não está claro que problema a
tecnologia resolve (foco de atuação),
mas o mercado de atuação é
crescente e/ou consistente.
3 - A tecnologia resolve um problema
claro e o mercado de atuação é difuso
ou altamente competitivo.
4 - A tecnologia resolve um problema
claro e o mercado é crescente e/ou
consistente.
Não avaliado.
5,0%
0,0%
GRÁFICO 16 – Avaliação do Potencial de Mercado
Fonte: Elaboração própria
5.2.4 Avaliação do Resultado Financeiro Projetado
O Gráfico 17 evidencia a distribuição de freqüência das notas atribuídas
aos resultados financeiros projetados pelos planos de negócios.
O gráfico demonstra que: (a) 24,4% dos planos de negócios projetam um
EBITDA abaixo de 15% para os próximos 5 anos; (b) 24,6% dos planos de negócios
87
projetam um EBITDA de até 30% e um faturamento de até R$ 5 milhões em cinco
anos; (c) 8,8% dos planos de negócios estimam que, em cinco anos, atingirão um
faturamento superior a R$ 15 milhões com EBITDA superior a 30%; (d) apenas 2,8%
dos planos de negócios apresentam fortes indícios de que, em cinco anos, terão
faturamento superior a R$ 15 milhões e EBITDA acima de 30%; e (e) por fim, 39,4%
das oportunidades não foram avaliadas com relação a este critério, podendo sugerir
que estes planos de negócios já haviam recebido notas baixas em outros critérios,
que inviabilizariam suas aprovações, não sendo produtivo gastar tempo com uma
análise detalhada deste critério.
Conclui-se assim que, apenas 11,60% dos planos de negócios avaliados
conseguem projetar resultados financeiros considerados atrativos (notas 3 ou 4),
sendo este um dos maiores empecilhos para a aprovação de um maior número de
investimentos. Vale salientar que não é suficiente que o empreendedor projete
grandes resultados em termos de faturamento e EBITDA, mas é necessário,
sobretudo, que, além de atrativos, os números projetados sejam coerentes e críveis.
45,0%
39,4%
40,0%
2 - Estimativa em até 30% e
faturamento acima de R$ 5
milhões.
35,0%
30,0%
25,0%
24,4% 24,6%
3 - Estimativa de ebitda acima
de 30% e faturamento
superior a R$ 15 milhões em 5
anos.
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
1 - Ebtida baixo (parâmetro
inicial: estimado abaixo de
15%).
4 - Indícios fortes de ebitda
acima de 30% e faturamento
superior a R$ 15 milhões em 5
anos.
8,8%
2,8%
0,0%
GRÁFICO 17 – Avaliação do Resultado Financeiro Projetado
Fonte: Elaboração própria
Não avaliado.
88
5.2.5 Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento
O Gráfico 18 demonstra a distribuição de freqüência das notas atribuídas
aos planos de negócios, relacionadas com o critério de possibilidade de
desinvestimento (saída) por parte do Fundo.
O gráfico demonstra que: (a) 23,2% dos planos de negócios descrevem
negócios de difícil saída, onde o Fundo, provavelmente, teria dificuldade de, no
futuro, vender a sua participação; (b) 24,9% dos planos de negócios apresentam
oportunidades com potencial para que a saída do Fundo seja realizada por via de
uma venda para um investidor financeiro, como, por exemplo, um outro fundo de
investimentos; (c) um grande número de planos de negócios (39,4%) apresentam
oportunidades com potencial para que a saída do Fundo seja realizada por via de
uma venda para um investidor estratégico, como, por exemplo, uma empresa líder
no setor da oportunidade analisada; (d) apenas 1,5% dos planos de negócios
apresentam oportunidades de investimento em empreendimentos onde já existam
potenciais compradores interessados; e (e) por fim, 11,1% das oportunidades não
foram avaliadas com relação a este critério.
Cerca de dois em cada três planos de negócios analisados (65,74%)
demonstram alguma possibilidade de desinvestimento (notas 2, 3 e 4), evidenciando
que este critério não é uma forte barreira para as oportunidades que buscam o
investimento do Fundo, pois, qualquer uma das possibilidades de saída é vista com
bons olhos.
89
45,0%
1 - Negócio de difícil saída,
mesmo se for
significativamente lucrativo.
39,4%
40,0%
35,0%
2 - Potenciais investidores
financeiros.
30,0%
25,0%
23,2%
24,9%
3 - Potenciais investidores
estratégicos.
20,0%
15,0%
11,1%
4 - Já há interessado em
comprar o negócio.
10,0%
Não avaliado.
5,0%
1,5%
0,0%
GRÁFICO 18 – Avaliação da Possibilidade de Desinvestimento
Fonte: Elaboração própria
5.2.6 Avaliação da Necessidade de Capital
O Gráfico 19 mostra a distribuição de freqüência das notas atribuídas à
necessidade de capital projetada pelos planos de negócios.
O gráfico demonstra que: (a) 16,0% dos planos de negócios descrevem
negócios que são intensivos na utilização de capital, necessitando de mais de R$ 10
milhões até que a saída do Fundo seja viabilizada; (b) 15,2% dos planos de
negócios apresentam oportunidades que, além da primeira rodada de investimentos,
que pode chegar a até R$ 1,5 milhões, a oportunidade necessitará de uma segunda
rodada de investimentos superior a R$ 2,5 milhões, mas, após esta segunda rodada,
o valor da empresa será significativamente maior; (c) 13,4% dos planos de negócios
descrevem oportunidades que necessitam de duas rodadas de investimento, que,
em conjunto, chegam até a R$ 4 milhões e são suficientes para viabilizar a saída do
Fundo no longo prazo; (d) pouco mais de um quarto dos planos de negócios (26,3%)
descrevem oportunidades que necessitam de, apenas, uma rodada de investimentos
de até R$ 1,5 milhões para que o Fundo consiga viabilizar sua saída no longo prazo;
e (e) por fim, 29,1% das oportunidades não foram avaliadas com relação a este
90
critério, podendo sugerir que estes planos de negócios já haviam recebido notas
baixas em outros critérios, que inviabilizariam suas aprovações.
Pouco mais da metade dos planos de negócios avaliados (54,9%)
necessitam de um volume de capital compatível com os objetivos do FMIEE Criatec
(notas 2, 3 e 4), desta forma, evidencia-se que esta não é uma barreira importante
para a aprovação de um maior número de oportunidades.
35,0%
29,1%
30,0%
26,3%
25,0%
20,0%
2 - Precisa de um 2º round (+ de R$
2,5 milhões), mas valor da empresa
será significativo maior no 2º Aporte.
3 - Com 2 rounds quem soma até R$ 4
milhões chega-se até a saída.
16,0% 15,2%
15,0%
1 - Capital intensivo (parâmetro
inicial: necessidade de mais de R$ 10
milhões até a saída).
13,4%
4 - Com apenas 1 round de até R$ 1,5
milhões chega-se até a saída.
10,0%
Não avaliado.
5,0%
0,0%
GRÁFICO 19 – Avaliação da Necessidade de Capital
Fonte: Elaboração própria
5.2.7 Regional X Avaliação Final
A Tabela 10 apresenta o resultado do cruzamento de dados entre as
regionais do FMIEE Criatec e as avaliações finais dos planos de negócios. O teste
estatístico Chi-Square apresentou-se significativo no nível de 1% e a tabela
demonstra que: (a) na média, 70,8% dos planos de negócios recebem nota final
igual a 1; (b) 20,1% recebem nota final igual a 2; (c) 5,6% recebem bota final igual a
3; e (d) apenas 3,6% recebem nota final igual a 4.
Os destaques são a relativamente alta incidência de oportunidades com
nota 4 na avaliação final na regional de Fortaleza (14,3%) e, por outro lado, a
relativamente baixa incidência de oportunidades com nota 4 na avaliação final na
91
regional Campinas (2,2%). Estas diferenças acentuadas podem decorrer de
particularidades locais ou de diferenças de critério de avaliação desta característica.
TABELA 10 – Regional X Avaliação Final
Crosstab
% within Regional
Regional
Campinas
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Florianópolis
Recife
Belém
Fortaleza
Total
Descartar
87,9%
59,6%
79,1%
36,9%
53,2%
73,8%
67,9%
70,8%
Avaliação final do gestor
Ruim
Acompanhar
6,8%
3,1%
30,3%
5,9%
11,7%
6,7%
51,0%
9,4%
36,4%
3,9%
9,5%
7,1%
3,6%
14,3%
20,1%
5,6%
Investir
2,2%
4,3%
2,5%
2,7%
6,5%
9,5%
14,3%
3,6%
Total
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Nível de significância Chi-Square <= 1%
Fonte: Elaboração própria
5.2.8 Avaliação Final
O Gráfico 20 demonstra que, até o dia 10/03/2010, data em que a
amostra foi extraída do banco de dados do FMIEE Criatec, 1.061 planos de negócios
haviam sido avaliados, ou seja, haviam recebido a nota final por parte dos gestores
regionais e de suas equipes, o que corresponde a um percentual de 92% do total
submetido. Os 8% restante continuavam no processo de análise, junto com os
outros planos de negócios que continuaram a ser cadastrados no banco de dados
do Fundo após o dia 31/12/2009.
92
92
Avaliado
Não Avaliado
1061
GRÁFICO 20 – Planos de Negócio por Status da Avaliação
Fonte: Elaboração própria
É importante ressaltar que, em alguns casos, sobretudo naqueles onde o
descarte da oportunidade é recomendado, não é necessária a análise de todos os
critérios para se chegar à nota final. Desta forma, alguns planos de negócios
possuem uma nota final, mas não possuem nota em um ou mais critérios.
O Gráfico 21 demonstra a distribuição de freqüência relativa das notas
finais atribuídas aos 1.061 planos de negócios avaliados. Estas notas finais levam
em consideração a avaliação dos seis critérios, mas permite um grau de
subjetividade dos gestores regionais e de suas equipes.
A nota final atribuída a um plano de negócios corresponde à sugestão do
gestor regional responsável pela análise em relação ao encaminhamento que deve
ser dado a esta oportunidade. As notas 1 e 2 correspondem a uma sugestão de
destarte da oportunidade. A nota 3 corresponde a sugestão de continuar
acompanhando a oportunidade, pois a mesma é atrativa, mas ainda não tem
evidências suficientes que apontem para a viabilidade do investimento. Por fim, a
nota 4 corresponde à sugestão de investir na oportunidade.
O Gráfico 21 demonstra que: (a) a grande maioria dos planos de negócios
(90,9%) não foi considerada atrativa pelos gestores regionais e suas equipes, sendo
indicado o descarte dos mesmos; (b) 5,6% dos planos de negócios apresentam
oportunidades que foram consideradas atrativas, mas ainda necessitam de algum
tipo de análise antes de se tomar a decisão sobre o investimento ou o descarte; e (c)
93
por fim, 3,6% das oportunidades foram consideradas atrativas e receberam
recomendação para o investimento.
100,0%
90,9%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
Não investir (notas 1 e 2)
50,0%
Acompanhar (nota 3)
40,0%
Investir (nota 4)
30,0%
20,0%
10,0%
5,6%
3,6%
0,0%
GRÁFICO 21 – Distribuição de Freqüência das Notas Finais
Fonte: Elaboração própria
Os 3,6% de oportunidades que receberam nota 4 e obtiveram a indicação
para o investimento, por parte dos gestores regionais, seguiram para os próximos
passos do processo de avaliação que inclui, entre outras coisas, a apresentação da
oportunidade para o Comitê de Investimentos e, se aprovada pelo Comitê, a
realização de uma Due Diligence, conforme o processo seletivo do FMIEE Criatec
representado na Figura 11.
É interessante notar que, se utilizado o valor médio de investimento
calculado
anteriormente
(R$
2.006.921,98),
seria
necessário
mais
de
R$ 76.000.000,00 para investir em todas as oportunidades que receberam nota 4 e
outros
R$ 118.000.000,00 para investir nas oportunidades com nota 3. Vale
salientar que estes valores são resultados das oportunidades analisadas até
31/12/2009 e que o período de investimento do Fundo se encerra em novembro de
2011, portanto, os valores finais devem ser significativamente maiores.
Demonstrando assim que, no âmbito do FMIEE Criatec, existem
oportunidades de investimentos atrativas em maior número do que o capital do
94
Fundo permitirá investir, sinalizando a oportunidade de criação de outros fundos com
o mesmo perfil do FMIEE Criatec.
5.2.9 Investimentos Aprovados
A Tabela 11 demonstra que, dos 1061 planos de negócios que foram
avaliados, até o dia 31/12/2009: (a) vinte e três haviam sido aprovados pelo Comitê
de Investimentos; (b) dois aguardavam o parecer do Comitê de Investimentos; (c)
três tinham sido reprovados pelo Comitê de Investimentos; (d) sessenta e nove,
apesar de terem recebido notas 3 ou 4, ainda não haviam sido levados para o
Comitê de Investimentos; e (e) novecentos e sessenta e quatro tinham sido
descartados, pois haviam recebido notas 1 ou 2.
Embora possa parecer pequeno, o percentual de oportunidades
aprovadas até o momento (2,17%) é mais do que o dobro do que o percentual de
investimentos da indústria brasileira em relação ao total de planos de negócios
avaliados, que é de 1%, conforme verificado por Carvalho et. al. (2006), podendo
chegar a um percentual ainda maior. O resultado evidencia que o Fundo tem sido
diligente na condução de suas atividades.
É importante salientar que, a rigor, 24 oportunidades haviam sido
aprovadas até 31/12/2009, mas uma delas, a primeira a ser aprovada, não está
cadastrada no banco de dados do Fundo e, por isso, não fez parte de nenhuma das
estatísticas contidas neste estudo.
TABELA 11 – Status dos Planos de Negócios com Relação ao Investimento
Status dos Planos de Negócios
Número
Percentual
Investimento aprovado pelo Comitê
23
2,17%
Aguardando o parecer do Comitê
3
0,28%
Investimento reprovado pelo Comitê
2
0,19%
Ainda não apresentados ao Comitê
10
0,94%
Para acompanhamento (nota 3)
59
5,56%
Descartados (notas 1 e 2)
964
90,86%
Fonte: Elaboração própria
95
5.2.10
Investimentos Aprovados por Estado
A Tabela 12 apresenta a distribuição de freqüência relativa dos
investimentos aprovados por estado. A tabela demonstra que: (a) o estado de São
Paulo possui 34,78% das oportunidades aprovadas; (b) o estado de Minas Gerais
possui 17,39% das oportunidades aprovadas; (c) os estados do Rio de Janeiro,
Pernambuco e Santa Catarina possuem, cada um, 13,04% das oportunidades
aprovadas; e (d) os estados do Ceará e do Pará, possuem, cada um, 4,35% das
oportunidades aprovadas.
TABELA 12 – Investimentos Aprovados por Estado
Estado
Número
Percentual
São Paulo
8
34,78%
Minas Gerais
4
17,39%
Rio de Janeiro
3
13,04%
Pernambuco
3
13,04%
Santa Catarina
3
13,04%
Ceará
1
4,35%
Pará
1
4,35%
Total
23
100%
Fonte: Elaboração própria
Por outro lado, a Tabela 13 apresenta a comparação entre a participação
dos estados no PIB brasileiro e a participação na quantidade de aprovações do
Criatec.
TABELA 13 – Comparativo da Participação das Unidades da Federação no PIB e nas
aprovações do Criatec
Participação
no PIB
(2007)
%
aprovação
Criatec
Diferença
Relativa
São Paulo
33,92%
34,78%
2,54%
Rio de Janeiro
11,15%
13,04%
16,95%
Minas Gerais
9,07%
17,39%
91,73%
Santa Catarina
3,93%
13,04%
231,81%
Ceará
1,89%
4,35%
130,16%
Pernambuco
2,34%
13,04%
457,26%
Pará
1,86%
4,35%
133,87%
Unidades da Federação
Fonte:Elaboração própria
Analisando o Gráfico 22, que apresenta a comparação das participações
dos estados no PIB brasileiro de 2007 e no universo de empresas aprovadas para
96
investimento pelo FMIEE Criatec, observa-se que: (a) os estados de São Paulo e Rio
de Janeiro possuem participações no universo de empresas aprovadas para
investimento do Fundo similares às suas participações no PIB; (b) Minas Gerais,
Ceará e Pará, participam significativamente mais no universo de empresas
aprovadas para investimento do FMIEE Criatec do que no PIB; e (c) Santa Catarina
(231,81%) e, sobretudo, Pernambuco (457,26%) possuem participação muito maior
no universo de empresas aprovadas no Fundo do que no PIB de 2007.
500,00%
450,00%
400,00%
São Paulo
350,00%
Rio de Janeiro
300,00%
Minas Gerais
250,00%
Ceará
200,00%
Pará
150,00%
Santa Catarina
100,00%
Pernambuco
50,00%
0,00%
GRÁFICO 22 – Comparativo participação no universo de empresas aprovadas no
Criatec / Participação no PIB
Fonte: Elaboração própria
O quadro geral que emerge da análise da qualidade da demanda por
venture capital no Brasil indica que: (a) quase metade dos planos de negócios
avaliados traz equipes que foram consideradas empreendedoras e com grande
diferencial; (b) aproximadamente um em cada quatro planos de negócios avaliados
conta com tecnologias diferenciadas; (c) apenas cerca de um em cada dez planos
de negócios avaliados consegue demonstrar que seus produtos resolvem problemas
claros e que podem ser inseridos em mercados crescentes ou consistentes; (d) um
número reduzido de planos de negócios avaliados conseguem projetar resultados
financeiros considerados atrativos; (e) cerca de dois de cada três planos de negócios
analisados demonstram alguma possibilidade de desinvestimento; e (f) pouco mais
97
da metade dos planos de negócios avaliados necessitam de um volume de capital
compatível com os objetivos do FMIEE Criatec.
5.3 FATORES QUE INFLUENCIAM A APROVAÇÃO
Conforme comentado na seção anteriormente, os planos de negócios
enviados ao FMIEE Criatec sofrem uma análise baseada nos seguintes critérios: (a)
perfil do empreendedor e de sua equipe; (b) diferencial tecnológico ou competitivo; (c)
potencial de mercado; (d) resultados financeiros projetados; (e) necessidade de
capital; e (f) possibilidade de saída (desinvestimento). Por fim, após a avaliação total
ou parcial destes critérios, os gestores e suas equipes atribuem uma nota final ao
plano de negócios.
Nesta seção, visando verificar quais os critérios que mais influenciam na
nota final e conseqüente aprovação dos planos de negócios, realizou-se o teste
Kendall Tau-b na correlação entre os seis critérios de avaliação e a avaliação final
da oportunidade de investimento.
A Tabela 14 apresenta o resultado deste teste, indicando correlação
significativa de todos os critérios, no nível de 1%, denotando consistência no modelo
de avaliação. Por sua vez, os critérios de Diferencial da Tecnologia, Resultados
Financeiros Projetados, Mercado e Equipe são, na ordem, os quatro critérios que
mais explicam a Avaliação Final. Enquanto que a Possibilidade de Desinvestimento
e a Necessidade de Capital seriam os que menos explicam.
98
TABELA 14 – Correlação Entre os Critérios de Avaliação e a Avaliação Final
Correlations
Kendall' s tau_b
Avaliação da equipe
Avaliação da tecnologia
Avaliação do mercado
Avaliação do resultado
financeiro
Avaliação da
necessidade de capital
Avaliação da
possibilidade de
desinvestimento
Avaliação final do gestor
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Correlation Coefficient
Sig. (2-tailed)
N
Avaliação
Avaliação da
da equipe
tecnologia
1,000
,359**
.
,000
1062
996
,359**
1,000
,000
.
996
998
,345**
,444**
,000
,000
910
909
,338**
,471**
,000
,000
699
698
,172**
,146**
,000
,000
817
816
,330**
,308**
,000
,000
1025
959
,296**
,439**
,000
,000
1059
998
Avaliação
do mercado
,345**
,000
910
,444**
,000
909
1,000
.
910
,483**
,000
698
,180**
,000
816
,319**
,000
874
,394**
,000
910
Avaliação do
resultado
financeiro
,338**
,000
699
,471**
,000
698
,483**
,000
698
1,000
.
699
,116**
,000
691
,318**
,000
697
,401**
,000
699
Avaliação da
necessidade
de capital
,172**
,000
817
,146**
,000
816
,180**
,000
816
,116**
,000
691
1,000
.
817
,209**
,000
782
,147**
,000
817
Avaliação da
possibilidad
e de
desinvestim
Avaliação final
ento
do gestor
,330**
,296**
,000
,000
1025
1059
,308**
,439**
,000
,000
959
998
,319**
,394**
,000
,000
874
910
,318**
,401**
,000
,000
697
699
,209**
,147**
,000
,000
782
817
1,000
,232**
.
,000
1025
1022
,232**
1,000
,000
.
1022
1061
**. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Fonte: Elaboração própria
Desta forma, alcança-se o Objetivo 3: Estudar a influência dos critérios de
seleção na escolha de um determinado investimento.
5.4 ANÁLISE
QUALITATIVA
DOS
PLANOS
DE
NEGÓCIOS
APROVADOS
As pesquisas que utilizam a metodologia qualitativa podem descrever as
complexidades de alguns problemas e analisar a interação de determinadas
variáveis, proporcionando, em maior nível de profundidade, o entendimento do
fenômeno estudado (RICHARDSON, 2008).
Desta forma, visando evidenciar quais elementos devem estar contidos
em um plano de negócios para que as chances de obtenção de financiamento via
capital de risco sejam maximizadas, nesta seção, serão analisados, à luz da Teoria
da Visão Baseada em Recursos, os conteúdos dos 23 planos de negócios
aprovados, disponíveis no banco de dados do FMIEE Criatec. Para tanto, será
utilizada a técnica de análise de conteúdo.
99
Ao final desta
seção
ter-se-á
atingido o
Objetivo
4:
Analisar,
qualitativamente, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based
View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para
investimento.
5.4.1 Resultados da análise dos dados qualitativos
Conforme já comentado, escolheu-se as categorias analíticas com base
no Rating de Capitais Intangíveis sugerido por Deutscher (2008). As categorias
analíticas escolhidas estão representadas no Quadro 10.
100
Categoria (Capitais)
Sub-categoria (Ativos)
1.1 Competência em Monitorar o Mercado
1. Estratégico
1.2 Competência em Formular, Implementar e Acompanhar a
Estratégia
2.1 Sistema de Financiamento
2.2 Ambiente Regulatório
2. Ambiental
2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo
2.4 Infra-estrutura e logística
3.1 Carteira de Clientes / Contratos
3.2 Fornecedores
3. Relacionamento
3.3 Marca – Reputação
3.4 Rede - Fornecedores e Clientes
3.5 Inserção no Mercado
4.1 Sistema de Governança Corporativa
4. Estrutural
4.2 Processos
4.3 Capacidade de Inovação
5.1 Gestores
5. Humano
5.2 Operadores
6.1 Confiabilidade do Administrador
6. Financeiro
6.2 Administração Estratégica do Risco
6.3 Inteligência Financeira
QUADRO 10 – Rating de Capitais Intangíveis
Fonte: Deutscher (2008)
Após a definição das categorias analíticas, realizou-se a categorização
dos 23 planos de negócios, visando encontrar evidências da presença dos ativos
intangíveis, que estão representados pelas sub-categorias, em cada um dos planos
de negócios. A Tabela 15 apresenta o resultado da categorização, onde o valor 1
significa a presença de evidências da existência do ativo e o valor 0 significa
ausência.
101
TABELA 15 – Evidências da Presença de Ativos Intangíveis
Sub-categoria
(Ativos)
1.1 Competência em
Monitorar o Mercado
1.2 Competência em
Formular,
Implementar
e
Acompanhar
a
Estratégia
2.1
Sistema
de
Financiamento
2.2
Ambiente
Regulatório
2.3
Ambiente
de
Inovação
e
Empreendedorismo
2.4 Infra-estrutura e
logística
3.1
Carteira
de
Clientes / Contratos
3.2 Fornecedores
3.3
Marca
Reputação
3.4
Rede
Fornecedores
e
Clientes
3.5
Inserção
no
Mercado
4.1
Sistema
de
Governança
Corporativa
4.2 Processos
4.3 Capacidade de
Inovação
5.1 Gestores
5.2 Operadores
6.1 Confiabilidade do
Administrador
6.2
Administração
Estratégica do Risco
6.3
Inteligência
Financeira
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
P9
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P22
P23
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
1
1
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1
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1
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1
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1
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0
0
1
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0
0
1
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1
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0
1
0
1
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1
1
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1
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1
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1
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0
1
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1
0
1
1
1
1
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0
1
0
0
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1
1
1
1
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
1
0
1
1
1
1
1
0
0
0
1
0
1
1
0
0
0
0
0
0
1
1
1
1
Fonte: Elaboração própria
102
O Gráfico 23 apresenta a freqüência relativa dos diversos tipos de ativos
intangíveis nos planos de negócios aprovados pelo FMIEE Criatec.
No primeiro quartil (incidência > 75%), pode-se verificar a presença dos
seguintes ativos intangíveis: (a) a qualificação dos gestores; (b) a competência em
monitorar o mercado; (c) a qualificação dos operadores; (d) a capacidade de
inovação; e (e) ambiente de inovação e empreendedorismo.
No segundo quartil (incidência entre 50% e 75%), pode-se observar a
presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) inteligência financeira; (b) inserção no
mercado; (c) carteira de clientes / contratos; e (d) sistema de financiamento.
No terceiro quartil (incidência entre 25% e 50%), pode-se observar a
presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) processos; (b) marca e reputação; (c)
rede de fornecedores e clientes; (d) ambiente regulatório; e (e) administração
estratégica do risco.
Por fim, no quarto quartil (incidência entre 0% e 25%), pode-se observar a
presença dos seguintes ativos intangíveis: (a) inteligência financeira; (b) inserção no
mercado; (c) carteira de clientes / contratos; e (d) sistema de financiamento.
Estes achados são compatíveis com o tipo de empreendimento alvo do
FMIEE Criatec, que são as empresas emergentes de base tecnológica, que,
notadamente, possuem empreendedores e equipes bem qualificadas, com
capacidade de inovar, inseridas em ambientes que estimulam o empreendedorismo
e inovação. Tais empreendedores atuam por oportunidade e, por isso, precisam ter
capacidade de monitorar o mercado.
As empresas neste estágio não possuem um sistema sólido de
governança, não desfrutam de uma infra-estrutura adequada e ainda não criaram
uma rede de fornecedores. Seus gestores, embora capacitados, ainda não possuem
credibilidade no mercado e, devido à inexperiência, possuem uma baixa capacidade
de formular, implementar e acompanhar estratégias.
103
5.1 Gestores
86,96%
86,96%
1.1 Competência em Monitorar o
Mercado
5.2 Operadores
78,26%
4.3 Capacidade de Inovação
78,26%
2.3 Ambiente de Inovação e
Empreendedorismo
78,26%
52,17%
6.3 Inteligência Financeira
52,17%
3.5 Inserção no Mercado
52,17%
3.1 Carteira de Clientes / Contratos
52,17%
2.1 Sistema de Financiamento
43,48%
4.2 Processos
43,48%
3.3 Marca - Reputação
39,13%
3.4 Rede - Fornecedores e Clientes
34,78%
2.2 Ambiente Regulatório
26,09%
6.2 Administração Estratégica do Risco
21,74%
1.2 Competência em Formular,
Implementar e Acompanhar Estratégia
17,39%
6.1 Confiabilidade do Administrador
17,39%
4.1 Sistema de Governança Corporativa
13,04%
2.4 Infra-estrutura e logística
4,35%
3.2 Fornecedores
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
GRÁFICO 23 – Freqüência relativa dos Capitais Intangíveis
Fonte: Elaboração própria
104
5.5 DIRETRIZES
PARA
A
ELABORAÇÃO
DE
PLANOS
DE
NEGÓCIOS COM CHANCES AUMENTADAS DE APROVAÇÃO
Ao final desta seção ter-se-á atingido o Objetivo 5: Propor as diretrizes
para a elaboração de planos de negócios com chances aumentadas de aprovação.
Os seguintes elementos são considerados na proposta de diretrizes para
a elaboração de planos de negócios com chances aumentadas de aprovação: (a) os
critérios de avaliação do FMIEE Criatec e suas influências na decisão pelo
investimento (Tabela 14); (b) os ativos tangíveis existentes no empreendimento; (c)
os ativos intangíveis existentes no empreendimento e os achados em relação às
suas freqüências nas oportunidades aprovadas pelo Fundo (Gráfico 23); e (c) a
forma com que as informações devem ser organizadas e apresentadas, pois o
FMIEE Criatec possui um modelo predeterminado de plano de negócios. A Figura
12 ilustra o processo de criação da proposta de diretrizes.
Ativos
Tangíveis
Critérios de
Seleção
Ativos
Intangíveis e
capacidades
Diretrizes para a
elaboração de
planos de negócios
com chances
aumentadas de
aprovação
Formato do
Plano de
Negócios
FIGURA 12 – Composição do Modelo com Chances Aumentadas de Aprovação
Fonte: Elaboração própria
Por sua vez, a Métrica dos Capitais Intangíveis, ou Rating de CI, sugerido
por Deutscher (2008), é uma ferramenta que permite aos investidores avaliar o
posicionamento competitivo dos empreendimentos com relação ao mercado. Desta
105
forma, quanto mais ativos intangíveis estiverem presentes no empreendimento, mais
bem posicionado ele estará.
Por outro lado, à luz da RBV, entende-se que, além dos recursos
intangíveis e capacidades, a empresa também necessita dos ativos tangíveis para
alcançar o sucesso.
Considera-se ainda que o modelo padrão de plano de negócios do FMIEE
Criatec está dividido em oito seções, quais sejam: (a) Cadastro; (b) Equipe; (c)
Tecnologia / Negócios; (d) Mercado; (e) Resultado Financeiro; (f) Necessidade de
Capital; (g) Desinvestimento; e (h) Conclusão.
É notório, por sua própria natureza, que o registro da presença de ativos
tangíveis em um empreendimento é mais fácil do que o registro da presença dos
intangíveis, mas como o FMIEE Criatec utiliza uma ferramenta de avaliação de
oportunidades
que
também
leva
em
consideração
ativos
intangíveis,
o
preenchimento das informações solicitadas nas seções do plano de negócios do
FMIEE Criatec deve, sempre que possível, evidenciar o maior número possível de
capitais e ativos intangíveis que estejam presentes no empreendimento, pois assim,
a percepção de valor do mesmo tenderá a ser maior.
106
O Quadro 11 evidencia o peso de cada um dos ativos intangíveis na
composição do Rating de CI para pequenas empresas, indicando que quanto maior
o peso, mais valioso o ativo.
Categoria (Capitais)
1. Estratégico
2. Ambiental
3. Relacionamento
4. Estrutural
5. Humano
6. Financeiro
Peso dos
Ativos
Sub-categoria (Ativos)
1.1 Competência em Monitorar o Mercado
1.2 Competência em Formular, Implementar
Acompanhar a Estratégia
2.1 Sistema de Financiamento
2.2 Ambiente Regulatório
2.3 Ambiente de Inovação e Empreendedorismo
2.4 Infra-estrutura e logística
3.1 Carteira de Clientes / Contratos
3.2 Fornecedores
3.3 Marca – Reputação
3.4 Rede - Fornecedores e Clientes
3.5 Inserção no Mercado
4.1 Sistema de Governança Corporativa
4.2 Processos
4.3 Capacidade de Inovação
5.1 Gestores
5.2 Operadores
6.1 Confiabilidade do Administrador
6.2 Administração Estratégica do Risco
6.3 Inteligência Financeira
e
12,50%
12,50%
4,50%
3,00%
3,00%
4,50%
3,00%
3,00%
3,00%
3,00%
3,00%
4,50%
5,25%
5,25%
12,50%
12,50%
1,50%
1,75%
1,75%
QUADRO 11 – Peso dos Ativos Intangíveis para Pequenas Empresas
Fonte: Desenvolvido a partir de Deutscher (2008)
Além disso, o preenchimento correto das informações é de fundamental
importância para que o empreendimento tenha chances elevadas de receber
investimento, pois o plano de negócios é o insumo inicial da análise da oportunidade
e um mau preenchimento deste formulário pode levar a um entendimento incompleto
ou incorreto da oportunidade e a um eventual descarte da mesma.
5.5.1 Proposta de Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios
com Chances Aumentadas de Aprovação
Nesta seção, serão descritas as diretrizes para o preenchimento correto
do plano de negócios, com vistas ao recebimento de investimentos do FMIEE
Criatec.
107
5.5.1.1 Cadastro
Nesta seção do plano de negócios, devem ser preenchidos os dados
cadastrais do projeto. Deve-se atentar para o preenchimento correto da regional
mais próxima, bem como, de todas as outras informações requeridas.
5.5.1.2 Equipe
Nesta seção do plano de negócios, os empreendedores deverão fornecer
informações sobre o pesquisador principal da empresa, se houver, e sua titulação
máxima. Além disso, devem registrar os outros membros, as principais conquistas
da equipe e seus objetivos profissionais.
Pode-se utilizar esta seção do plano de negócios, entre outras coisas,
para evidenciar, além dos ativos tangíveis, a presença no empreendimento de, pelo
menos, os seguintes ativos intangíveis: (a) competência em formular, implementar e
acompanhar a estratégia; (b) qualidade da equipe de gestão; (c) qualidade da
equipe de operações; (d) confiabilidade dos administradores; e (e) presença de um
sistema de governança corporativa na empresa.
Estes ativos intangíveis
correspondem a 43,5% do Rating de CI, evidenciando, assim, a grande importância
desta seção.
5.5.1.3 Tecnologia / Negócios
A nota atribuída pelos gestores ao critério de Diferencial da Tecnologia é
a que mais explica o sucesso ou fracasso na Avaliação Final, desta forma, deve-se
preencher esta seção do plano de negócios com bastante esmero.
Nesta seção do plano de negócios, deve-se fornecer informações sobre a
categoria e sub-categoria da tecnologia apresentada, bem como, sobre o estágio de
desenvolvimento da tecnologia ou produto, o seu grau de inovação e a existência de
patente.
Além disso, os empreendedores devem prover uma descrição sumarizada
da tecnologia apresentada, devem, também, justificar sua resposta em relação à
108
presença ou não de inovação e, por fim, devem descrever os diferenciais do seu
produto ou tecnologia quando comparados aos similares ou concorrentes.
Nesta seção do plano de negócios, os empreendedores têm a
oportunidade de registrar, além dos ativos tangíveis, caso existam, as evidências da
presença dos seguintes ativos intangíveis em seus empreendimentos: (a) inserção
em um ambiente de inovação e empreendedorismo; e (b) capacidade de inovar da
empresa. Estes ativos intangíveis correspondem a 8,25% do Rating de CI.
5.5.1.4 Mercado
A nota atribuída ao critério de Mercado também é a terceira que mais
influencia a nota da Avaliação Final. Nesta seção, os empreendedores devem
informar sobre as aplicações das tecnologias / produtos que estão sendo propostos,
quais os problemas que estas tecnologias / produtos resolvem, quem são os clientes
atuais e potenciais e qual a estimativa de tamanho do mercado.
Nesta seção o empreendedor tem a oportunidade de registrar, além dos
ativos tangíveis, caso existam, as evidências da presença dos seguintes ativos
intangíveis em seus empreendimentos: (a) competência em monitorar o mercado; (b)
carteira de clientes / contratos; e (c) inserção no mercado. Estes ativos intangíveis
correspondem a 18,5% do Rating de CI.
5.5.1.5 Resultado Financeiro
Este critério é o segundo que mais influencia a Avaliação Final. Nesta
seção o empreendedor deve argumentar sobre a capacidade do empreendimento de
gerar um alto retorno.
Nesta seção do plano de negócios, o empreendedor tem a oportunidade
de registrar, além dos ativos tangíveis, caso existam, as evidências da presença dos
seguintes ativos intangíveis em seus empreendimentos: (a) inteligência financeira; e
(b) administração estratégica do risco financeiro. Estes ativos intangíveis
correspondem a 3,5% do Rating de CI.
109
É importante notar que não é suficiente que o empreendedor projete
grandes resultados em termos de faturamento e EBITDA, mas é necessário,
sobretudo, que, além de atrativos, os números projetados sejam coerentes e críveis,
pois isso demonstrará inteligência financeira da equipe.
5.5.1.6 Necessidade de Capital
Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve informar a sua
intenção na busca por capital, suas necessidades de capital no primeiro ano do
empreendimento, do segundo ao quinto ano e após o quinto ano. Deve também
detalhar por que e para que o capital será utilizado.
Vale salientar que é de fundamental importância que, pelo menos, a
necessidade de capital no primeiro ano seja informada.
5.5.1.7 Desinvestimento
Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve informar, no
futuro, quais seriam os potenciais compradores da participação do Fundo, caso o
FMIEE Criatec viesse a investir na oportunidade.
5.5.1.8 Conclusão
Nesta seção do plano de negócios o empreendedor deve argumentar
sobre por que o Fundo deveria investir em seu empreendimento. Aqui, o
empreendedor tem a oportunidade de registrar, caso existam e sejam relevantes, as
evidências da presença de todos os outros ativos intangíveis que não foram
registrados nas outras seções, quais sejam: (a) sistema de financiamento; (b)
ambiente regulatório; (c) infra-estrutura e logística; (d) fornecedores; (e) marca e
reputação; (f) rede (fornecedores e clientes); e (g) processos. Estes ativos
intangíveis correspondem a 26,25% do Rating de CI.
110
5.5.2 Considerações sobre as Diretrizes para a Elaboração de Planos de
Negócios com Chances Aumentadas de Aprovação
É importante salientar que: (a) o guia sugere uma forma de organização e
registro das informações, mas não tem a pretensão de substituir a opinião do
empreendedor ou de especialistas; e (b) o guia proposto é, apenas, um modelo
teórico-empírico e não garante, na prática, nenhuma vantagem para os que
desejarem adotá-lo.
111
6 CONCLUSÕES
Esta dissertação analisou detalhadamente a operação do Fundo Mútuo
de Investimentos em Empresas Emergentes Criatec, para identificar as principais
características da demanda por venture capital no âmbito do Fundo, analisar a
qualidade desta demanda e verificar quais os critérios que influenciam na seleção
dos investimentos.
O trabalho respondeu as seguintes perguntas de pesquisa: (a) Quais as
características da demanda por venture capital no Brasil? e (b) Que elementos
devem estar contidos em um plano de negócios para que as chances de obtenção
de financiamento via venture capital sejam maximizadas?
Desta forma, atingiu seus objetivos gerais: (a) Identificar as características
da demanda por venture capital no Brasil; e (b) Evidenciar quais elementos devem
estar contidos em um plano de negócios para que as chances de obtenção de
financiamento, via venture capital, sejam maximizadas.
Como também, atingiu seus objetivos específicos: (a) Identificar as
características principais da demanda por venture capital no Brasil; (b) Analisar a
qualidade da demanda por venture capital no Brasil; (c) Estudar a influência dos
critérios de seleção na escolha de uma determinada oportunidade de investimento;
(d) Analisar, à luz da Teoria da Visão Baseada em Recursos (Resources Based
View Theory), os planos de negócios das oportunidades aprovadas para
investimento; e (e) Propor as diretrizes para a elaboração de planos de negócios
com chances elevadas de aprovação.
Uma das principais contribuições da dissertação refere-se à evidência de
que, se utilizado o valor médio de investimento calculado anteriormente, seria
necessário mais de R$ 76M para investir em todas as oportunidades que receberam
a avaliação máxima e outros
R$ 118M, estes valores são limitados às
oportunidades analisadas até 31/12/2009. Demonstrando assim que, no âmbito do
FMIEE Criatec, existem oportunidades de investimentos interessantes em maior
112
número do que o capital do Fundo permitirá investir, sinalizando a oportunidade de
criação de outros fundos com o mesmo perfil do FMIEE Criatec.
Outra contribuição importante está relacionada com a evidência de que o
percentual de oportunidades aprovadas no FMIEE Criatec é mais do que o dobro do
que o percentual de investimentos da indústria brasileira em relação ao total de
planos de negócios avaliados. Este resultado evidencia que o Fundo tem sido
diligente na condução de suas atividades.
Ademais, as principais contribuições deste trabalho são: (a) gerar
conhecimentos relevantes sobre a demanda de venture capital no Brasil; (b) fornecer
insumo para elaboração de estratégias dos gestores de fundos de investimento de
venture capital; (c) oferecer inputs para novas políticas públicas voltadas para o
setor; e (d) prover orientações para os empreendedores interessados em obter
financiamento por via de fundos de venture capital.
As contribuições mais relevantes sobre as características da demanda por
venture capital no âmbito do FMIEE Criatec apontados por esta pesquisa são:

Existe uma forte concentração de oportunidades na região Sudeste,
sobretudo nos estados de SP, RJ e MG. Esta concentração é
superior, inclusive, a distribuição econômica do país, conforme os
dados do PIB de 2007.

Os estados que possuem mais representatividade na base do
FMIEE Criatec do que no PIB brasileiro são, justamente, aqueles
onde estão instaladas as regionais do Fundo, podendo significar
que estas diferenças ocorrem, devido ao poder indutor da presença
da regional na prospecção de oportunidades de investimento no
estado.

Cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao
FMIEE Criatec têm como pesquisador principal profissionais com
pós-graduação, evidenciando elevada qualificação acadêmica.
113

Cerca de dois em cada cinco planos de negócios submetidos ao
FMIEE Criatec estão relacionados com Tecnologia da Informação,
o que sugere uma maior cultura deste setor em relação à busca de
recursos de venture capital ou mesmo a facilidade de montagem
de um negócio de TI, pois o setor não demanda investimentos
elevados em laboratórios, maquinários ou infra-estrutura física.

Mais da metade das oportunidades das regionais Recife e Rio de
Janeiro são relacionadas com Tecnologia da Informação. No caso
de Recife, esta alta incidência evidencia o resultado positivo do
trabalho de instituições como o Centro de Informática da UFPE,
C.E.S.A.R – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife e
Porto Digital na formação de empreendedores e empresas de TI.

Cerca da metade das empresas não possui patente da tecnologia,
evidenciando-se assim pouca tradição, mesmo em se tratando de
empresas de base tecnológica, dos empreendedores em ter
iniciativa de proteção às suas idéias e inventos, e a criação de
ativo valioso de propriedade intelectual.

Aproximadamente um terço dos planos de negócios são de
empresas que estão com os produtos prontos para o início da
produção em escala industrial.

Cerca de três quartos dos planos de negócios traz tecnologias ou
produtos que são percebidos como inovadores. Esta percepção
não se confirma após a análise das oportunidades, pois, apenas,
cerca de um quinto é avaliado como possuidor de diferenciais em
termos de tecnologia ou produto.

Mais da metade das empresas busca capital para o custeio de
suas operações, enquanto que, apenas, cerca de um em cada dez
faz este movimento em busca de um parceiro estratégico.
114

Aproximadamente a metade das empresas necessita de um
montante de recursos de até R$ 1,5M no primeiro ano, faixa que
pode ser coberta com um primeiro aporte do FMIEE Criatec.
No que diz respeito a qualidade da demanda por venture capital no
âmbito do FMIEE Criatec, evidencia-se que:

Quase metade dos planos de negócios avaliados traz equipes que
foram consideradas empreendedoras e com grande diferencial,
demonstrando a boa qualidade do material humano envolvido nos
planos de negócios avaliados e, também, demonstrando que este
fator não é uma barreira para o número de investimentos.

Aproximadamente um em cada quatro planos de negócios
avaliados
conta
com
tecnologias
diferenciadas,
seja
com
diferenciais incrementais ou com diferenciais radicais em relação à
concorrência, evidenciando assim uma boa qualidade da demanda,
sob este aspecto.

Apenas cerca de um em cada dez planos de negócios avaliados
consegue demonstrar que seus produtos resolvem problemas
claros e que podem ser inseridos em mercados crescentes ou
consistentes. Desta forma, evidencia-se que a viabilidade em
termos de mercado pode ser um empecilho para um grande
número de planos de negócios.

Um número reduzido de planos de negócios avaliados conseguem
projetar resultados financeiros considerados atrativos, sendo este,
um outro grande empecilho para a aprovação de um maior número
de investimentos.

Cerca de dois de cada três planos de negócios analisados
demonstram
alguma
possibilidade
de
desinvestimento,
evidenciando que este critério não é uma forte barreira para as
115
oportunidades que buscam o investimento do Fundo, pois,
qualquer uma das possibilidades de saída é vista com bons olhos.

Pouco mais da metade dos planos de negócios avaliados
necessitam de um volume de capital compatível com os objetivos
do FMIEE Criatec. Desta forma, evidencia-se que esta não é uma
barreira importante para a aprovação de um maior número de
oportunidades.
Os achados mais relevantes com relação aos fatores que mais
influenciam a aprovação são:

Existe correlação significativa entre os seis critérios de avaliação e
a avaliação final da oportunidade de investimento.

Os critérios de Diferencial da Tecnologia, Resultados Financeiros
Projetados e Mercado são, na ordem, os três critérios que mais
explicam a Avaliação Final. Enquanto que a Necessidade de
Capital é o que menos explica.
Em relação à análise qualitativa dos planos de negócios aprovados
apontados por este estudo evidencia-se que:

A qualificação dos gestores, a competência em monitorar o
mercado, a qualificação dos operadores, a capacidade de inovação
e o ambiente de inovação e empreendedorismo são os capitais
intangíveis mais presentes nos planos de negócios aprovados pelo
FMIEE Criatec.

Por outro lado, a competência em formular, implementar e
acompanhar estratégia, a confiabilidade do administrador, o
sistema de governança corporativa, a infra-estrutura e logística, e
os fornecedores são os capitais intangíveis menos freqüentemente
encontrados.
116
Por fim, as Diretrizes Para a Elaboração de Planos de Negócios com
Chances Aumentadas de Aprovação no FMIEE Criatec considera os seguintes
fatores: (a) os critérios de avaliação do Fundo e suas influências na decisão pelo
investimento; (b) os ativos tangíveis existentes no empreendimento; (c) os ativos
intangíveis existentes no empreendimento e os achados em relação às suas
freqüências nas oportunidades aprovadas pelo Fundo; e (d) a forma com que as
informações devem ser organizadas e apresentadas. Desta forma, traz orientações
para os empreendedores que buscam investimentos do FMIEE Criatec, que podem
auxiliá-los no sentido da elevação de suas chances de aprovação.
6.1 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS
A seguir são propostos alguns tópicos para pesquisas futuras:

Diferença de visão entre os empreendedores e os gestores de
fundos: os empreendedores queixam-se da falta de recursos para
investimentos e, por outro lado, investidores reclamam da falta de
oportunidades
de
qualidade
para
que
sejam
realizados
investimentos e afirmam que sobram recursos financeiros. Estudar
as origens destas diferentes visões ajudará o desenvolvimento da
indústria.

Impacto na economia brasileira gerado pelos investimentos de
venture capital: um estudo neste sentido seria interessante para
mensurar o impacto econômico e social da atividade de venture
capital no Brasil.

Censo da demanda por investimentos de VC/PE no Brasil:
expandir esta pesquisa para além das fronteiras do FMIEE Criatec
seria de grande valia para geração de conhecimento relevante para
a indústria.
117
6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A seguir são descritas as principais limitações desta pesquisa:

Uma das principais limitação da pesquisa se deve ao fato da
análise ter sido realizada, exclusivamente, com planos de negócios
submetidos ao FMIEE Criatec, não contendo características da
demanda por outros fundos de venture capital.

Outra limitação se deve ao fato de que, em alguns itens analisados,
existia um número excessivo de valores em branco (missing data),
impossibilitando assim, em alguns casos, uma análise mais
acurada.

A heterogeneidade de significados com relação à utilização, aqui
no Brasil, dos termos venture capital e capital de risco, também foi
um fator limitador, pois, em alguns momentos, dificultou o
entendimento preciso do contexto das informações.
118
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WERNERFELT, B. A Resource-based View of the Firm. Strategic Management Journal, v. 5, p. 171180, 1984.
122
ANEXO A – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS
Ferramenta Filtro de Oportunidade
a ser preenchida pelo pesquisador/empreendedor
Nome do Projeto
Instituição/Empresa
Regional
Cargo que ocupa
Email
Telefone profissional
Cadastro
Como ficou sabendo do Criatec?
Outros
Endereço profissional
Pesquisador/Empreendedor
Formação
Área de conhecimento
Outros membros da equipe
Legenda de cores
Equipe
múltipla escolha
descrição
alimentação automática
Principais conquistas da equipe
Objetivos profissionais da equipe
Categoria
Tecnologia/
Negócio
Sub-categoria
Patente
Estágio desenvolvimento
É uma inovação?
Descrição sumarizadada tecnologia/negócio
Por quê?
Diferencial em relação às tecnologias similares/concorrentes (ou à forma em que o problema é resolvido hoje)
Aplicação da tecnologia/produto
Problema que a tecnologia/produto resolve e seu potencial impacto
Mercado
Clientes (atuais e potenciais) e por quê compram (ou comprarão) a tecnologia/produto
Estimativa tamanho de mercado
Resultado
Financeiro
A oportunidade é capaz de gerar um retorno (receita menos custo) alto? Quais os fatos ou indícios que sustentam a resposta?
Intenção
Necessidade de
capital externo (não
gerado pela própria
empresa)
Ano I
Ano II ao V
Após Ano V
Necessidade
de Capital
Por quê / Para quê?
Caso o fundo invista na sua oportunidade, ele precisará, no futuro, vender a participação acionária adquirida. Quais seriam
Desinvestimento
Conclusão
Info.
Complem.
os potenciais compradores?
Por quê o fundo deveria investir no seu projeto?
permitir envio de anexos até 2 megas
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