·. TORCIDA PELA I NOVAÇAO - que empreende Para o gaúcho Clovis Meurer, a melhor tradução do termo Private Equity & Venture Capital não é Capital de Risco, e, sim, CapitalEmpreendedor; Como-mais de 30 anos de experiência no setor, o economista desenvolvimento acompanhou dessa indústria no pais e hoje atua para que ela consiga crescer ainda mais 6 o '.1 ENTREVISTA> quena cidade de Horizontina (RS) - presenciou moeda, uma lenta redução de juros, a queda da inflação, ou seja, um ambiente macroeconômico mais favorável a investimentos de médio e longo prazo. o desenvolvimento do setor no país. Oesde o início da década de 7980, trabalha na CRPCompanhia de Participações, da qual hoje é diretor. vestidor, para considerar o retorno a médio e A empresa, localizada em Porto Alegre (RS), foi longo prazo? A história de Clovis Meurer e a da indústria de Private Equity & Venture Capital (PENe) no Brasil O economista - natural da pe- se confundem uma das primeiras gestoras de fundo de PENC a serem criadas no Brasil.No último dia 9 de março, Meurer assumiu a presidência da As Brasi ma Private ui i ç;-o otu e.Üm ta AB \/G:fl.2), instituição que fomenta investimentos de longo prazo 00 Brasil - e que integra o Conselho Consultivo da Anprotec Com três décadas de experiência na área, ele acredita no potencial da indústria de PENC para o desenvolvimento do país e da inovação, tendo como uma das metas de seu mandato, que segue até 2074, a aproximação entre gestores de fundos e investidores de empresas inovadoras. E como ocorreu a mudança de cultura do in- A mudança aconteceu ao longo do tempo, à medida em que ocorria a estabilizaçãoda economia. Outro fator importante para esse processo foi que, em meados da década de 1990, houve um movimento muito forte das incubadoras e parques tecnológicos, que geraram novos negócios. A Anprotec trabalhou muito em vários estados, reunindo lideranças, fazendo seminários. Nós, da indústria de PENC, íamos a esses eventos para explicar como essa indústria podia apoiar empresas incubadas. Surgiram vários empreendimentos que foram apoiados - de uma maneira muito modesta no início, mas que foi '-'crescendo. LOCUS> O senhor entrou na indústria de Priva- te Equity & Venture Capital no início da década de 1980, uma época em que essa área dava os vestidores estrangeiros ao país. Como esses in- primeiros passos no Brasil. Como esse ramo se vestidores veem o Brasil? desenvolveu no país? Há a percepção de que os fundamentos da economia brasileira estão cada vez mais sólidos. Tem um crescimento de demanda, as classes C e D foram para uma faixa maior de consumo, o país vai receber eventos como Copa e Olimpíadas, que requerem investimentos. A descoberta do pré-sal reforçou as oportunidades na área de energia. Isso tudo atrai investidores mundiais ao país - o que é fantástico, pois eles trazem para o Brasil sua experiência de investimentos já feitos, um network com empresas globais. Muitas vezes, aplicam seus recursos aqui em um setor no qual têm investimentos em outra região do mundo, o que propicia uma troca de informações importante, abrindo mercados para empresas brasileiras. E o mais importante é que trazem capitais para um série de ações que temos a fazer no BrasiLSão recursos que geram renda, empregos e tecnologias, ou seja, aceleram o crescimento do Brasil. Quando criamos a CRP, em 1982, não existia no país nem associação, nem legislação que regulasse essa indústria de PEI Vc. A primeira instrução da Comissão de Valores Monetários (CVM)é de 2004, ou seja, trabalhamos os primeiros 15 anos sem ter legislação específica para investir nessa área. Naquela época, fazíamos investimentos através de uma holding, empresa criada especificamente para colocar recursos em outros negócios. Diria que os primeiros 15 anos foram muito iniciais. Uma época de inflação muito alta, muita instabilidade. Todos os investimentos que fazíamos eram de curto prazo. Isso não rendia ganhos, simplesmente atualizava o valor do investimento. Nesse cenário, qualquer investimento de private equity era difícil de ser executado. A partir de meados dos anos 1990, com o Plano Real, passamos a ter uma estabilidade maior na Clovis Meurer > Clovis Meurer ENTREVISTA> Clovis Meurer A CRP é de Porto Alegre, mas essa indústria de empregos. Não é um investimento Private Equity & Venture Capital sempre esteve especulativo. meramente concentrada no eixo Rio-São Paulo. Como está E como essa indústria contribui com o desenvol- hoje esse cenário no país? O forte dos gestores, investidores e admi- vimento da inovação? nistradores da indústria de PENC se concentra Todo negócio inovador, que se diferencia no eixo Rio-São Paulo, .rnas a indústria tem se de outro tradicional, descentralizado. teressante. No Sul, temos escritórios de outros gestores. No Nordeste há fundos especí- é, em princípio, mais in- As empresas inovadoras têm uma chance maior de retorno, normalmente. Então, ficos. No Norte, fundos ligados ao meio ambien- a indústria de PENC, por natureza, direciona te, que investem na exploração sustentável dos seus investimentos recursos Dentro da ABVCAP,especificamente, ; naturais da Floresta Amazônica. No para negócios inovadores. Centro-Oeste, em razão dos empreendimentos Comitê de Empreendedorismo, agroindustriais, pital Semente para observar importantes. também existem investimentos A m está com um trabalho criamos o Inovação e Caémpresas inova- doras de tecnología, que, na maioria das vezes, forte para levar essa indústria a todos os can- são tos do país. Outro aspecto interessante sem recursos. Esse comitê procura fazer com investimentos são os em fundos setoriais. Há fundos, empreendimentos menores, nascentes, que a indústria de PENC invista nesses emmuitas vezes incubados. E tem por exemplo, para investir só no Nordeste ou preendimentos, só na região SuL Assim como há os fundos seto- trabalhado, também, com gestores e investido- riais, focados só em óleo e gás ou em florestas, res, mostrando por exemplo' Imagine que; se-eu tenho um fun- deia de inovação. Não adianta termos apenas do florestal, não poderei investir na cidade de empresas grandes. A empresa grande tem que para eles a importãncia da ca- São Paulo, pois lá não há floresta alguma. Vou comprar de uma empresa média. A média, da ter que investir em outros estados, em áreas pequena. O grande empreendimento apropriadas para essa atividade. o pequeno inove para que possa agregar valor quer que ao seu serviço. "A INDÚSTRIA DE PE/VC OFERECEUM Um estudo realizado pelo World Economic Fo- CAPITAL DIRECIONADO A INVESTIMENTOS pela indústria de PE!VC conseguem melhorar rum em 2008, revelou que empresas investidas NA ECONOMIA REAL, QUE GERA RENDA seus processos de inovação. A que se deve isso? É simples. Uma empresa apoiada por Ven- E EMPREGOS. NÃO É UM INVESTIMENTO ture Capital, por ser menor, precisa ter produ- MERAMENTE ESPECULATIVO" tidor avalia esse tipo de empresa, definindo o tos e processos diferenciados. volume de dinheiro necessário Quando o invespara a indus- trialização e comercialização, já estima quanto Como está o crescimentoda indústria de PE!VCein relação ao PIBdo país? Desenvolvimento. Essa indústria tem crescido constantemente e, por conseguinte, _.deve ser alocado em atividades de Pesquisa e a participação no PIB É lógico que aí há um risco maior. Várias inovações não dão certo. Então, o investidor, olhando um negócio consolidado, tem crescido. Hoje chega a quase 5% do PIB. pode ter um risco menor. Mas olhando um ne- Existe muito espaço para crescer e essa indús- gócio menor, na área de Venture e Seed Mo- tria oferece um capital direcionado para inves- ney, pode ter um risco maior, mas um retorno timentos na economia real, que gera renda e também maior. ENTREVISTA> Clovis Meurer Sobre essa questão do risco, existem muitas pessoas que criticam a tradução do termo Venture Capital por Capital de Risco. Para muitas, o termo correto seria algo como Capital Empreendedor. Qual sua opinião sobre isso? A própria VCAP no início se chamava Associação Brasileira de Capital de Risco. Essa tradução não é bem certa. É que o "Venture" dava ideia de aventura, de arriscar. Mas a tradução mais apropriada é a de Capital Empre- endedor. Risco há em tudo. Nos negócios não é muito apropriado Risco porque dizer que é um Capital de se poderia pensar nisso como uma maneira de perder dinheiro. Trata-se, foortanto, de um Capital Empreendedor, para mos- trar que alguém está empreendendo um negó- cio, que pode dar certo, mas tem seus riscos. Como está esse segmento de Seed Money no Brasil? Temos vários fundos, algunsapoíados pela··· Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Fínep), em empresas com potencial de sucesso. Nesse outros pelo Banco Nacional de Desenvolvimen- sentido, entendo que a participação da to Econômico e Social (BNDES),além de gesto- no Conselho Consultivo da Anprotec é extre- res especíalízados mamente importante. É uma maneira de unir os nessa área. Eu entendo que é uma área para maior atuação de órgãos governamentais. Isso porque a probabilidade M C interesses e culturas de ambas as associações. de sucesso no Seed Money é grande, assim como Agora que o senhor é presidente da ABVCAP, é grande a possibilidade de que esses negócios além de dar continuidade não avancem, por serem muito embrionários, do feito, quais serão suas principais metas? em fase de pesquisa. Não são empresas, mas ao que já vinha sen- Temos uma preocupação sim ideias, muito ligadas a universidade e insti- convênios tutos de pesquisa, que normalmente de Promoção de Exportações têm apoio de cumprir os que temos, da Agência Brasileira e Investimentos (Apex) e do Fundo Multilateral de Investimen- governamental. tos (Fumín), que possuem o objetivo de divulNo ano passado a ABVCAP passou a fazer parte gar a indústria do Conselho Consultivo da Anprotec. Quàis são também a preocupação os objetivos dessa aproximação? dústria de PE/VC do eixo Rio-São Paulo. Que- Nós investimos em empresas incubadas. no pais e no exterior. Temos de descentralizar remos, além disso, promover a integração Então, temos interesses comuns. Ambos quere- grandes fundos e investidores mos investir no mundo empresarial e pequenos A Anprotec defendendo brasileiro. o desenvolvimento de a in- nacionais e internacionais. car, junto a autoridades dos com os médios E bus-' do governo, regras e incubadoras, parques tecnológicos e empreen- normas para que a indústria possa trabalhar dimentos inovadores, e a A'BVCAP investindo de uma maneira competitiva. 4) Meurer: ABVCAPe Anprotec possuem interesses em comum