PROFILAXIA ANTIBiÓTICA EM CARDIOLOGIA Pedro Diniz de Araújo Franco, Karla Costa Rodrigues. Thales Ribeiro de Magalhães, Carfos Afberto Toscano da Graça, Moisés Gamarski, Alexandre Soares Sar.tos. Rio de Janeiro RESUMO Os autores discorrem a respeito da profilaxia antimicrobiana em pacientes cardiol6gicos, especificam sua: indicações em condições de risco (prolapso mitral, procedimentos odontológicos, qastroenterolóqicos, genitourinário e do trato respiratório: cirurgia cardíaca: cardiopatia na gravidez), discutem os esquemas de tratamento e fazer uma revisão da literatura internacional sobre o assunto. Consideram que o esquema profilático não pode evitar toda as endocardites infecciosas (EI), que a mesma deve ser diferenciada da antibioticoterapia curativa e que represent apenas um dos elementos na prevenção das EI. Concluem enfatizando que a protilaxia antibiótica merece revisá permanente, sendo necessário maior número de pesquisas para atingir-se um consenso no estabelecimento ds condutas. Palavras-chave: profilaxia antibiótica. endocardite, fatores de risco. SUMMARY - ANTIBIOTIC PROPHYLAXIS IN CARDIOLOGY Authors report about antibiotic prophylaxis for cardiologic patients, particularizing recommendations for r conditions (mitral-valve, prolapse; dental, gastrointestinal, genitouronary and respiratory tract procedures; card surgery: heart disease in pregnancy). They discuss about antibiotic regimens and make a literature review on 1 subject. They consider that endocarditis m ay occur despite antim Icrobiaí propnylaxís, which have to be differentia trom curative treatment. Prophilaxis ís only one step on the prevention of endocarditis. Finaly, emphasis is dons theneed 01 controlled trials to show the effectiveness 01 antibiotic prophylaxis for infective endocarditis anc determine the better management. Key-words: antibiotic prophylaxis, endocarditis, risk tactors. Hospital Universitário Gaffré-e-Guinle, UNI-Rio Endereço para correspondência Dr. Pedro Diniz de Araújo Franco Rua Prot. Valadares, 284 Grajaú, CEP 20561-020 Rio de Janeiro, RJ Recebido: Aceito: 10/3/1994 30/3/1994 Rev SOCERJ Vai VII N21 Jan/Fev/Mar 'T 34 INTROfuçÃO A profila~ia antibiótica em geral vem sendo reestudada, visto que, na maioria das antigas indicações, servia apenas para selecionar a flora, propiciando por conseguinte infecções mais graves. Portanto o risco/ benefício lhe era desfavorável. Em cardiologia, face à possibilidade da ocorrência de endocardite infecciosa (EI), a profilaxia antibiótica ainda se impõe, todavia, com critérios mais rigorosos, onde sempre risco/ benefício são comparados. Apesar do estabelecimento de novos critérios, que variam de estudo para estudo, ainda não se atingiu um perfeito consenso e percebe-se que um número maior de pesquisas deve ser realizado. Assim é que Braunwald' abre o capítulo afirm ando que: "Em bora ainda não haja dados estatísticamente válidos para determinar-se a eficácia da quim ioprofilaxia na endocardite infecciosa, experiências anedóticas são suficientes para sustentar a conduta. Entre as dúvidas quanto à necessidade de realizar profilaxia antim icrobiana na área cardiológica, ressaltam-se as relacionadas aos prolapsos de válvula mitral, considerando que os critérios ecocardiográficos vêm d.e ser alterados", bem como revisto o risco (maior)! benefício (menor) da referida profilaxia, quando não há regurgitação mitral, ou espessamento da válvula. Se fossemos levar em conta apenas a prevalência da endocardite infecciosa, relevando a morbidade e a mortalidade desta enfermidade, a importância do tema seria secundário, visto que, para exemplo, na França a prevalência da endocardite infecciosa é mil e trezentos casos por ano, com mortalidade de 20%3. Logo após a introdução dos antibióticos no arsenal terapêutico, houve um decréscim o no número de endocardites, mas nas últimas duas décadas a história da EI vem sendo reescrita, evidencindo-se aumento de prevalência: modificação nos microorganismo desencadeantes da EI; do tipo de válvula cardíaca acometida, com aumento percentual em válvulas do coração direito, sobretudo em toxicômanos; nas normas para a indicação de antibioticoterapia profilática em doenças cardiológicas, além de que determinados procedimentos em cardiopatas passaram a merecer antibióticos em esquema profilático. INDICAções PARA PROFILAXIA Procedimentos odontológicos Tais condutas em pacientes de risco para EI merecem um estudp especial, até porque, em nosso meio, não são .aindalseguidos determinados preceitos protllátlcos. Assim é 9u~ os tratamentos dos condutos radiculares nestes pacientes só devem ser realizados em três condíçõess: 1Q.) quando há campos operatórios Rev SOCERJ Vai VII N!! 1 estanques, usando o isolamento absoluto (dique); 2°. ) quando o tratamento endodôntico é de fácil acesso; 32.) quando pode ser feito em uma única sessão. Caso não se atinja qualquer destas três condições, será indicada a extração dentária, com antibioticoterapia profilática. Esta profilaxia deve ser usada tam bém nos pacientes de risco que forem submetidos a extrações dentárias, tratamento das pulpopatias e procedimentos periodontais. São desaconselháveis nestes pacientes implantes, cirurgias periodontais, prótesessobre dentes a desvitalizar, preparações protéticas supragengivais sobre dentes desvitalizados, sendo indicada a extração dos dentes implicados. Portanto, excecutando-se o tratmento de cáries superficiais, preparações protéticas supragengivais sobre dentes vitalizados, os demais atos odontológicos merecem antibioticoterapia profilática, com rigorosa assepsia local pré-operatória. Somente serão conservados os dentes pulpados ou que apresentem um tratamento endodôntico perfeito, sem alteração gengival, feito há pelo menos um ano e com periodonto intacto. Os procedimentos peridontais superficiais (tartarotomia) são aconselháveis. Enfatizamos que, quando vai ocorrer cirurgia para troca de válvula cardí aca- e exitem dentes desvitalizados com tratamentos incompletos, dentes nos quaís o suporte periodontal é patológico, ou há raizes ou ápices persistentes, está indicada a retirada destes dentes, ou restos dentários, ao menos quinze dias antes da cirurgia cardí aca e com os cuidados profiláticos preconizados. Quando estas intervenções na cavidade bucal são repetidas e ocorrem com prazo maior que sete dias entre as mesmas, deve-se variar o esquema de antibiótico profilático. Para valorizar estes preceitos, vale referir que, na França", 10 a 12,3% das EI ocorrem após intervenções na cavidade bucal e com mortalidade de 23%. Procedimentos Gastroenterológlcos Apenas seis casos de EI, até 1985, apareceram na literatura após procedimentos gastroenterológicos e ainda assim a documentação não era a desejada', Para a maioria destes procedimentos, o índice de bacteremia é baixo, cerca de 5%, exceto nas dilatações esofageanas e na terapêutica esclerosante de varizes do esôfago, onde ocorre em 50% dos casos, mas a maioria dos microorganismos responsáveis pela bacteremia, com realce para enterococos, não costuma produzir endocardites. Assim, em pacientes com prolapso de válvula mitral submetidos a procedimentos gastroenterológicos, é opcional fazer a profilaxia com antibióticos. Entretanto, se um paciente com válvula aórtica bicúspide, CIV, PCA, Fallot, erdocardite prévia, valvulopatia reumática, ou hipertrofia septal assimétrica vai realizar procedimentos esofageanos (escleroterapia, Jan/Fev!Mar 1994 35 dilatação), endoscopia retrógrada com colangiopancreatografia e endoscopia com biópsia, está indicada a realização de antibioticoterapia profilática. Durak e COIS4.5 mostraram que em 52 pacientes, não obstante a profilaxia antibiótica, ocorreu EI, sendo que em 92% dos casos havia acontecido um procedimento odontológico e em 75% o agente etiológico foi o S. viridans ( S. aureus causoi 4% das EI). Também 75% destes pacientes usaram a penicilina na profilaxia, e 17 destes 52 pacientes apresentavam como motivação para a profilaxia prolapso de válvula mitral (PVM). Em 63% destes 52 pacientes o antibiótico seria o indicado para o agente estabelecido na cultura. Durak" comenta que esta série também confirma a crescente impressão de que o PVM determina uma proporção considerável de endocardites bacterianas subagudas. Este autor coloca uma tabela" na qual estabelece as doenças cardíacas onde há riscos alto (A), intermediário (B) e muito baixo ou negligenciável (C) para endocardites, que estão lista dos nos quadros 1,11e 111. Explana o autor' a hip6stese de ocorrer uma "endocardites dlatnesls", onde determinados indivíduos manifestariam bacteremias mais frequentes provenientes do orofaringe secundárias, provavelmente, às condições de dentes e gengivas. QUADRO IV 1- Buco-dentárlos 11- O1orrlnolarlngol6glcos e vias aéreas · Amigdalectomias, adenoidectomias · lntubaçóes naso-traqueais · Cirurgias ou biópsias de mucosa respiratória · Broncoscopia feita com broncoscópio rígido · Incisão e drenagem de tecidos infectados 111- Gastro-Intestlnals , Dilatações esofagianas · Tratamentosendoesolageanos porlaser · Esclerose de varizes esotageanas · Colonoscopias e retossigmoidoscopias em caso de lesões cancer sas · Intervenções digestivas executadas sobre um 6rgão potenciahner · infectado (colecistectomia, colectomia) I/Is - Colanglografla r,tr6grlldll" · Colonoscopias e retossigmoicloscopias* IV - Urogenltals · Manobras instrumentais ureteropielocaliciais, de próstata e vias urinárias · Histerectomia vaginal intervenções e bi6ps IVs - L1totrlpslss" v - Cutâneas QUADRO I - Condiçôes · · · · · · · · · · Procedimentos de Alto Risco para EI Válvulas cardí acas protéticas Cardiopatias congênitas cianóticas. Doença valvulares aórticas Endocardites infecciosas prévias linsuficiênciamitral Persistência do canal arterial Coartação da aorta Síndormede Marfan Shunts ventrículo cerebral - átrio D - para correção de hidrocefalia QUADRO 11- Condições de Risco Intermediário para EI · Prolapso deválvulamitral, com regurgitação valvarou espessamento de folheto · Estenose mitral pura · Doenças das válvulas tricúspide e pulmonar · Cardiomiopatia hipertrófica , Esclerose calcificada da aorta · Colocação de catéteres no coração direito · Colocação de catéteres na artéria pulmonar , Implantes prostéticos intracardíacos não valvulares Cardlacas • Apenas nas cardiopatias de alto risco No PVM - O risco de ocorrer anafilaxia grave na vigênl do emprego de penicilina para antioticoterapia profilátir principalmente parenteral, é maior do que o risco paciente vir a ter EI7 Clemens' calcula que nas pesso com PVM a EI é 5 a 8 vezes mais frequentes do que população geral. Marks", revendo 456 casos portadores desta anomalia, constatou que o subgru de pacientes com a forma clássica (espessamente redundância de folhetos) apresentou uma prevalêru de endocardite muito maior do que o subgrupo pacientes com a forma não clássica (3,5 VS, O~ Verificou ainda que todos os pacientes com EI tinhl regurgitação, concluindo que apenas o primeiro subgru merecia profilaxia annmlcrootana _Cirurgia Cardlaca QUADRO 11I- Condições de Baixo Risco para EI · Comunicaçãointeratrial · Placas de Arteriosclerose Cardiopatia isquêmica · Sífilis aórtica , Marcapassoartificial , Correções cirúrgicas cardíacas sem implantes prostéticos,após meses da cirurgia, VI- Cirurgias cutâneos executados sobre tecido infectado seis Como a mobidade e a mortalidade .por, EI são ali nestes casos, íncíca-se- fazer o-máximo esforço sentido de prevenç~. o. incluindo a profllai antibacteriana, As reco . endações da American He Association (AHA) p(lr .:çs~ai)acjoo,es. $ul:>metidos cirurgia cardíaca são {frigidos Primariamente con j Rev SOCERJ Vol VII N21 Jan/Fev/Maf 1994~ ~ estafiloc cos, consistindo geralmente na administração de penicilinas resistentes à penicilina ou cefalosporinas de prime1irageração, iniciadas imediatamente antes do procedi,.,ento e continuadas por não mais de 48 horas. Entretanto, a maioria das cepas de S. epidermidis, que são a causa mais comum de endocardites dentro dos dois mes~\s de pós-operatório. são resistentes àquelas droqas". Portanto, o agente de escolha seria a vancorniéina, na dose recomendada no quadro V. E importante considerar, contudo, que a escolha do antíbíótícó deve ser influenciada pelos dados de infecção hospítals] de cada instituição em particular. QUADRO V - Esquemas 1. Pen V 2g v.o. 1h antes, seguida de 19 v.o. 6h após o procedimento. 2. Alergia a penicilina (ou febre reumática em uso da mesma): Eritromic na 1,Sg 2h antes e SOOmg 6h após o procedimento. 3. pacientelfm focos altamente infectados ou história prévia de EI: Amoxicili 3g v.o. 1h antes do procedimento. 3a. Parenter I:AmpiciJina 1·21Mou EV + gentamicina 1,S mg/kg 1Mou EV 30 mi~utos antes do procedimento, seguidas de Pen V 19 V.o. 6h depois. Alternativamente. repete-se o esquema parenteral 1hapós. I e Genltourlnárlos 4. Baixo risco: Amoxicilina 3g v.o. 1h antes e 1,5g 3h após o procedimento. 5. Ampicilina2g ImM ou EV + Gentamicina 1,5 mg/kg 30 a 60 minutos antes do procedimento. Repetição opcional da dose 8h depois. 6. Alergia a Pr~icilina: Vancomicina 19 EV durante 1h .• Gentamicina 1,Smg/kg ou EV dados 1 h antes. Pode repetir a dose 8 a 12h após o procedimento. II~ 111-Cutâneos 7. Os regime merecem ser individualizados, mas na maioria das ocasióes devem incluir antibióticos efetivos contra o S. aureus (Vancomicina 19 EV - correr em 60 minutos· 1h antes do procedimento, dose única). IV· Cirurgia cardiaca, CAADIOPATlA5 Procedimentos I 11 111 IlIa IV IVa V VI Alto Risco 1,2,3,3a 1,2,3,3a 4,5,6 4,S,6 4,S,6 4,5,6 6,7 8,9 Risco Intermediário 1,2,3,3a 1,2,3,3a 4,5,6 Baixo Risco 4,5,6 6,7 8,9 . Cardiopatia na Gravidez I· OdontOló~IICOS e Otorrinolaringol6gicos 11-Gastrolnt~tinals QUADAOVI Incluindo Implantação de prótese valvular 8. Cefazolina 2g EV na indução da anestesia, repetida 8 e 16h mais tarde. 9. Vancomicina lSmgJkg EV pré-operatória, seguida de 1OmgJkg logo após a ciurgia de bypass cárdio-putmonar em pacientes com função ren,al norm~ + Gentamicina 1,7 mgJkg EV 1h antes da cirurgia e 8h apos a mesra. Braunwald' assinala 0,03 a 0,14 casos de EI em 1000 partos na população geral. Entretanto, em puérperas com cardiopatia prévia os números sobem para 5,5 a 9 por 1000, asseverando a importância da prevenção nestas situações, Exigem profilaxia antibiótica por ocasião do parto as pacientes portadores das seguintes lesões: a) estenose aórtica; b) comunicação interventricular; c) persistência do canal arterial (é frequente a semeadura bacteriana); d) síndrome de Eisenmenger. Segundo a nteratura-, no caso da insuficiência mitral, as pacientes com história de endocardite vegetativa sobre lesão valvular, exigem uma profilaxia antibiótica prolongada durante toda a gravidez, com penicilína ou eritromicina, visto que a endocardite é uma complicação comum. A mesma conduta se aplica às próteses cardíacas mecânicas, acrescentando-se nestes casos aanticoagulação. O risco de aparecimento de EI nas pacientes portadoras de comunicação é baixo, não se justificando a profilaxia antibiótica durante o parto. Nos pacientes suscetíveis, a profilaxia antimicrobiana está indicada também para os procedimentos cirúrgicos sobre quaisquer tecidos infectados ou contaminados, incluindo incisão e drenagem de abscessos. Nestas circunstâncias, os regimes devem ser individualizados, mas em geral devem incluir drogas efetivas contra o Staphylococcus aureus=. DISCUSSÃO · · · · · · · Ampicilina SOmgJkg/dose Eritromicina 20 mg/kg na primeira dose e depois 10 mgJkg Gentamicina 2 mgJkg/dose Penicilina V • Maior que 27 kg: DOSE DO ADULTO Menor que 27 kg: METADE DA DOSE DO ADULTO Vancem icina 20 mg/kg/dose Amoxicilina 50 mg/kg/dose Rev SOCERJ Vol VII N21 Durak" propõe os seguintes parâmetros para a realização de antibioticoterapia profilática: 1. O antibiótico escolhido deve apresentar um amplo espectro de atividade contra as bactérias que causem a maioria das infecções pós-operatórias, com destaque especial para os estafilococus: Jan/Fev/Mar 1994 I 2. Simplicidade de administração, não tóxico e não oneroso; 3. Não deve predispor a superinfecções com organism os resistentes, inclusive Candida sp.; 4. Deve ser atuante sobre uma bactéria que venha causando um número significativo de infecções naquele hospital. Faz-se necessário considerar ainda que o esquema protltátíco'. a) Não pode evitar todas as EI que podem ocorrer quando o risco da doença do paciente se soma ao risco do procedimento; b) Deve ser bem diferenciado da antibioticoterapia curativa dos episódios infecciosos e dos focos sépticos, indicada nas doenças de risco para EI; c) Não se aplica às pós-cirúrgicas precoces, quando o tratamento curativo é indicado; d) Representa apenas um elemento na prevenção das EI. CONCLUSÕES 1. Os imunodeprimidos, com qualquer tipo cardiopatia, listada nos quadros I, 11 e 111, ao se submetidos aos procedimentos assinalados no que IV, devem fazer antibioticoterapia profilática. : necessários estudos individualizados na determina do esquema profilático mais adequado a cada cas 2. Na anamnese dos pacientes com cardíopatías risco para EI deve-se dar destaque a qualquer anafil prévia com antibióticos. 3. O entrosamento entre médico e dentista é impres dível, quando do acompanhamento de pacientes cardiopatias de risco para EI. A profilaxia antimicrob nos procedimentos dentários e cirúrgicos deve realizada nos pacientes com história préviadocumen de EI, mesmo na ausência de cardiopatia clinicam detectável. 4. As mulheres grávidas com qualquertipo de carotoi De conformidade com Kays", muitos casos de de risco, devem realizar a antibioticoterapia profií, endocardite ocorrem não obstante a profilaxia quando do parto. antibacteriana. Cerca de metade dos pacientes que s. Os pacientes com prolapso mitral clássico, desenvolvem EI não tem lesão cardíaca predisponente merecem profilaxia, não podem ser distinguidos daqi diagnosticada, para a qual a profilaxia seria com a forma não clássica (que constituem a rnak recomendada. Além disso, é provável que menos de com base apenas em critérios de exame clínico. Te 25% dos pacientes com EI por estreptococos de origem se necessário lançar mão da ecodopplercardiog oral e aproximadamente 40% daqueles com EI por para separá-tos. enterococos desenvolvam endocardite em associação 6. Quando um paciente, submetido a esqu com um procedimento para o qual foi realizada a antibiótico profilático para febre reumática, for re. profilaxia. As recomendações da AHN determinam a um dos procedimentos assinalados no quadro IV, importância de aplicar-se a profilaxia em pacientes com necessário instituir um esquema profilático para EI, lesões de alto risco submetidos a procedimentos com que este é específico e diferenciado da frebre reurns alto risco de bacteremia. Todavia, com lesões de baixo 7. A profilaxia é recomendada com maior ênfase risco e procedimentos de baixo risco, o emprego da os pacientes com próteses valvulares cardí profilaxia deve ser opcional, ou mesmo evitado. (incluindo válvulas biossintéticas) e shunts pulmom Um aspecto frequentemente não valorizado é a sistêmicos construídos cirurgicamente, devido ac "degermação" por lavagem prévia da boca nos risco de endocardite e aos efeitos desastroso procedimentos dentários. O uso de antissépticos bucais infecção, particularmente nas válvulas prostéticas imediatamente antes da intervenção pode reduzir 8. O risco/benefício de uma antibioticoterapia profil sensivelmente a intensidade da bacteremia subsequente deve ser sempre aferido. e, portanto, o risco de endocarditev'<", Enfatizamos 9. A profilaxia com antibióticos é apenas uma que a lavagem bucal é apenas um método auxiliar, e não medidas necessárias, para se tentar evitar qUE um substituto da protilaxia antimicrobiana. paciente com cardiopatia de risco apresente EI. Pallasch' afirma que, dentre os paciente com PVM 10. Na escolha do esquema profilático ideal para aI clássico, os homens com idade igualou acima de 45 paciente cardiopata de risco para EI, a ser submel anos apresentariam risco para EI maior do que as procedimentos compatíveis com risco, será neces mulheres. conhecer as histórias das infecções dos agE Embora a literatura internacional recomende o uso de patogênicos e das EI naquele hospital. 3g de amoxicilina nos procedimentos gastrointestinais e 11. O uso repetido de profilaxia antibiótica pode re: genitourinários (quadro V), Oécourt" afirma que tal dose no surgimento de microorganismos resistente promoveria pertubações gastrointestinais, indicando a cavidade oral. A AHA recomenda um intervalo de associação de 1 g de amoxicilina com 1 g de probenecida. dias, pelo menos, entre os procedimentos. Caso s Esta última, entretanto, ainda não se encontra disponível necessários intervalos menores, há que se consto em nosso meio. alternância entre vários antibióticos diferentes. Os procedimentos de risco e esquemas antibióticos 12. A antibioticoterapia profilática na cardiologia é as encontram-se nos quadros IV, V e Vp·6.7.8.9.10.11.12.13. que merece permanente revisão. Ao estudar-se a hi Rev SOCERJ Vol VII NIl 1 JaI1/Fev/Ma, 19T 38 deste tipo de terapêutica, percebe-se que as normas vêm alterando-se constantemente e, só quando um maior número de pesquisas for realizado, atingir-se-á um consenso para estabelecer condutas que possam influir decisivamente na prevalência de EI. 7. Clemens JD; Horwitz RI; Jafre CC; Feinstein AR; Stanton BF - A controlled evaluation of the risk of bacterial endocarditis in persons with mitral valve prolapse. N Engl J Med, 1982; 307:776-781. 8. Kaye o - Prophy/axis for infective endocarditis: An update. An Int Medic, 1986; 104:419-423. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Braunwald, E. - Heart Disease. 4th ed. Philadelphia Saunders, 1992; 1079-1099. 2. Marks AR; Choong CY; Sanfilíppo MO; Ferre MS; Weyman AE - Identification of High-Risk and Low-Rísk Subgroups ot Patients wíth Mítral- Valve Prolapse. N Engl J Med, 1989; 320: 1031-1036. 3. 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