Guidelines para a Prevenção da Endocardite Bacteriana (AHA 2007) • Uma condição dentária e/ou periodontal deficiente está associada à ocorrência diária de bacterémias que poderão ter repercussões sistémicas como por exemplo o aparecimento duma Endocardite Bacteriana (EB). Estas bacterémias têm origem em actos como escovar os dentes, passar o fio dentário, usar o water pick ou palitos, comer, etc., e pela sua frequência, natureza e duração têm um impacto mais nefasto do que qualquer tratamento dentário. • A toma profiláctica de antibiótico antes do procedimento dentário reduz a quantidade de bactérias activas em circulação após o tratamento, no entanto, não impede que ocorra uma bacterémia. • Apesar da controvérsia quanto à eficácia do uso de anti-sépticos após os procedimentos dentários, a maior parte dos estudos concluem que os anti-sépticos não trazem benefícios relativamente à prevenção da EB (de referir que estes só penetram até 3mm nas bolsas periodontais pelo que não atingem as zonas ulceradas onde ocorre a penetração bacteriana na corrente sanguínea). • A AHA deixou assim de recomendar a profilaxia da EB em grande parte dos pacientes, restringindo-a apenas aos pacientes em que a ocorrência de EB para além de ser provável teria consequências mais nefastas. • Patologias que já não devem ser sujeitas a profilaxia EB: a) prolapso da válvula mitral, b) febre reumática, c) doença da válvula bicúspide, d) estenose aórtica calcificada, e) condições cardíacas congénitas como defeito do septo ventral, defeito do septo atrial, cardiomiopatia hipertrófica. A AHA CONSIDERA MAIS IMPORTANTE PARA A PREVENÇÃO DA EB A MANUTENÇÃO DA SAÚDE ORAL DO QUE A PROFILAXIA ANTIBACTERIANA. Silvia Costa Martins Página 1 28-07-2009 CONDIÇÕES CARDÍACAS EM QUE A PROFILAXIA É ACONSELHÁVEL: 1. Prótese valvular cardíaca ou material protético usado para reparar válvulas cardíacas 2. EB prévia 3. Cardiopatias congénitas (CC - ex: ventrículo único, transposição dos grandes vasos, tetralogia de Fallot)*: - CC cianótica não corrigida (incluindo shunts paliativos e condutos) - CC corrigida com material protético ou aparelho nos primeiros 6meses após o procedimento - CC corrigida com defeitos residuais que inibam a endotelização 4. Transplante cardíaco com valvulopatia cardíaca * A profilaxia da EB deverá ser feita apenas nas situações descritas (dada a variabilidade das cardiopatias congénitas é aconselhável em caso de dúvida a confirmação com o cardiologista sobre a necessidade de realizar profilaxia) TRATAMENTOS DENTÁRIOS EM QUE É RECOMENDADA A PROFILAXIA: Æ Todos os procedimentos dentários que envolvam a manipulação dos tecidos gengivais, da região periapical ou a perfuração da mucosa oral. REGIME ANTIBACTERIANO Æ Administração única 30-60min antes da intervenção Agente Adulto Criança Oral Situação Amoxicilina 2g PO 50mg/kg PO Incapazes de tomar via oral Ampicilina OU Cefazolina 2g IV/IM 50mg/kg IV/IM 1g IV/IM 50mg/kg IV/IM 2g PO 50mg/kg PO 600mg PO 20mg/kg PO 500mg PO 1g IV/IM 15mg/kg PO 50mg/kg IV/IM 600mg IV/IM 20mg/kg IV/IM Alérgicos Penicilina à Cefalexina* OU Clindamicina OU Azitromicina/Claritromicina Alérgicos à Cefazolina Penicilina e OU Incapazes de Clindamicina tomar via oral * As cefalosporinas não devem ser administradas em pacientes com antecedentes de anafiláxia, angioedema ou urticária às penicilinas ou ampicilinas. NOTAS: - Em pacientes que estão a tomar cronicamente antibióticos (p.e. para prevenção da recorrência da febre reumática aguda) é aconselhada a escolha de antibióticos de outro grupo aquando da profilaxia da EB. - Em casos de toma prolongada de antibióticos é preferível adiar o procedimento dentário para 10 dias após o término do tratamento antibacteriano de forma a que se restabeleça a flora oral. Silvia Costa Martins Página 2 28-07-2009