A influência da drenagem linfática manual no pós- operatório imediato de cirurgia vascular de membros inferiores Tatiana Priscila de Alencar1 Dayana Priscila Maia Meja ² [email protected] Pós-graduação em Fisioterapia Dermato Funcional – Faculdade Ávila Resumo A drenagem linfática pode ser definida como uma técnica de massagem especializada, representada por um conjunto de manobras que visam drenar o excesso de líquido acumulado no interstício. Este estudo teve como propósito analisar a intervenção fisioterapêutica com utilização da drenagem linfática no pós-operatório imediato de cirurgia vascular de membros inferiores a fim de provar a efetividade do tratamento demonstrando que a mesma não deve ser lembrada somente para fins estéticos, e também, para prevenção e tratamento de patologias, melhorando assim a circulação sanguínea, nutrição tecidual e defesa do sistema linfático. Dado o exposto, este estudo teve como objetivo geral demonstrar os benefícios da drenagem linfática no pós-operatório imediato de cirurgia vascular de membros inferiores; e os objetivos específicos revisar a anatomia e fisiologia do sistema linfático, verificar o efeito da Drenagem linfática na diminuição ou abolição da dor e analisar os efeitos da drenagem linfática no edema. Como procedimento metodológico foi aplicado a técnica de drenagem linfática manual em sete atendimentos com 45 minutos de duração. Os resultados mostraram que a drenagem linfática é eficaz no tratamento de patologias do sistema vascular, mantendo o equilíbrio das pressões tissulares e hidrostáticas atuando na prevenção das complicações provenientes do processo cirúrgico. Palavras-chave: Fisioterapia; Drenagem linfática; Cirurgia vascular. 1. Introdução A fisioterapia dermato-funcional é uma área nova que se encontra em constante evolução. Tendo por principal objetivo a apresentação de diversos recursos destacando-se dentre eles a drenagem linfática manual (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Segundo Godoy e Godoy (1999), a drenagem linfática manual é uma técnica de massagem específica representada por um conjunto de manobras especificas que seguem o trajeto do sistema linfático visando drenar o excesso de líquido do interstício celular, restaurando o equilíbrio e a capacidade de transporte do sistema linfático. Essa técnica foi desenvolvida em 1932 pelo dinamarquês Vodder e sua esposa, utilizada inicialmente em pacientes com infecções de vias aéreas superiores que se encontravam com os gânglios da região cervical edemaciados e duros. De acordo com Guirro e Guirro (2002), a drenagem linfática manual vem sendo representada por duas técnicas: a de LEDUC e a de VODDER. Ambas baseadas no trajeto do sistema linfático, associado a três categorias de manobras: a captação realizada no segmento edemaciado, onde haverá aumento da captação de linfa pelos capilares linfáticos; reabsorção 1 Pós-graduando em fisioterapia Dermato-Funcional. ² Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde da Mulher. 1 onde as manobras se dão nos pré-coletores e coletores linfáticos responsáveis pelo transporte da linfa capitada anteriormente pelos capilares linfáticos e a evacuação que ocorrerá nos linfonodos provocando escoamento de linfa proveniente dos coletores linfáticos. A drenagem linfática possui um conjunto de manobras específicas e complexas devendo ser realizadas de maneira suave e superficial obedecendo a pressão cujo valor sugerido é de 30 a 40 mmHg e respeitando a trajetória do sistema linfático para que não haja colapso linfático (GODOY; GODOY, 1999). Segundo Lacerda (2007), uma drenagem linfática bem feita é capaz de alcançar os mais diversos resultados que vão de estéticos como cura anti-estresse, anti-celulite, antienvelhecimento, pré e pós-parto a terapêuticos como otimização dos resultados pósoperatórios, tratamentos e preparação para todas as cirurgias estéticas, tratamento de cicatrizes recentes, retenção de líquido, linfedema, má circulação e dismenorreia. Ainda segundo Lacerda (2007), todas as pessoas deveriam se submeter a aplicação da técnica de drenagem linfática manual regularmente a fim de promover prevenção de patologias no sistema imunológico, entretanto há algumas contra- indicações na aplicação desta técnica tais como todo tipo de processos inflamatórios, trombose venosa profunda , descompensação circulatória, erupções de pele, extremos de idade, neurites, na vigência de infecções ou ferimentos , doenças malignas e etc. Este estudo teve como propósito analisar a intervenção fisioterapêutica com utilização da técnica de drenagem linfática no pós-operatório imediato de cirurgia vascular de membros inferiores a fim de provar a efetividade do tratamento demonstrando que a mesma não deve ser lembrada somente para fins estéticos, e também para prevenção e tratamento de patologias, melhorando a circulação sanguínea, nutrição tecidual e defesa do sistema linfático. Fonte: Alencar, 2011 Figura-1: Aplicação da técnica da drenagem linfática 2. Sistema circulatório Para que haja melhor compreensão da drenagem linfática manual, é necessário ter noções sobre o sistema linfático e circulatório já que ambos estão ligados. Segundo Guyton e Hall (2006), a circulação é de suma importância para o organismo, desempenhando um grande papel, sendo responsável por suprir as necessidades dos tecidos corporais, propiciando o transporte de nutrientes necessários à vida, eliminado os resíduos 2 metabólicos e levando hormônios de uma parte a outra, melhorando o ambiente para seu funcionamento. O coração é um órgão cardiovascular, localizado centralmente no mediastino, entre os dois pulmões (MADY; IANNI; ARTEAGA, 1999). Ele funciona como uma bomba capaz de se contrair aproximadamente três bilhões de vezes, impulsionando cerca de cinco a seis litros de sangue de uma maneira estável e unidirecional por todo o organismo, garantindo o suprimento para todas as células (GUYTON; HALL, 2006). O sistema circulatório é um circuito fechado formado por diversas estruturas, todas de tamanhos variados, a fim de garantir a realização de suas funções (GODOY; GODOY, 1999). Compreende-se em duas circulações: a pequena circulação ou circulação pulmonar que corresponde à saída do sangue venoso, do coração pela artéria pulmonar em direção aos pulmões e a grande circulação ou circulação sistêmica, que corresponde à saída de sangue arterial dos pulmões pela veia pulmonar em direção ao coração, e em seguida, o sangue é ejetado do coração pela artéria aorta em direção a todos os órgãos e tecidos (GARDNER; GRAY; O’RATILLY, 1988). 3. Sistema linfático Segundo Moore (1994), intimamente ligado ao sistema circulatório, há o sistema linfático, que é um sistema de baixa pressão formado por uma extensa rede de capilares, linfonodos, troncos, ductos linfáticos e tecidos linfóides cuja função é referente à drenagem do excesso de líquido dos tecidos corporais e defesa do organismo contra microorganismos patogênicos, substâncias invasoras e condução da linfa como parte do sistema circulatório. A linfa do organismo é um líquido semelhante ao plasma sanguíneo, exceto pela sua baixa concentração proteica. Ela é altamente enriquecida por anticorpos e que serão responsáveis não somente por resistir à invasão de corpos estranhos, como também os identificando e destruindo (GUYTON; HALL, 2006). A inicialização do sistema linfático se dá nos capilares linfáticos também conhecidos como capilares iniciais. São descritos como os menores vasos condutores de linfa do sistema, apresentando-se com fundo de saco, formados por uma única camada de células com extremidades alargadas permitindo que esse sistema seja unidirecional (GARTNER; HIATT, 2003). Os capilares confabulam-se para formar vasos ainda maiores conhecidos como coletores linfáticos (GODOY; GODOY, 1999). Os pré-coletores apresentam basicamente a mesma estrutura dos capilares, são intimamente revertidos, elementos elásticos e musculares, que são a sede das contrações dos vasos (LEDUC; LEDUC, 2000). Os coletores linfáticos são compostos de três camadas distintas: a túnica íntima, que é a camada mais interna onde a disposição longitudinalmente de fibras elásticas, túnica média que compõe a maior parte da parede do coletor, formada por músculos lisos, espiralados acompanhando a contratilidade do vaso e a túnica adventícia camada mais externa e espessa formada por colágeno disposto em direção longitudinal (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Segundo Godoy (1999), a junção dos vasos linfáticos forma os troncos linfáticos, que saíram de grupos de linfonodos para formar os troncos linfáticos correspondentes. Ao todo são no numero de onze e cada tronco é responsável pela drenagem de uma área especifica do corpo. Esses troncos drenam o liquido intersticial para os vasos de maior calibre, denominados de ducto linfático direito e ducto torácico. Segundo Guirro e Guirro (2002), o ducto torácico recebe a linfa dos membros inferiores, do hemicorpo esquerdo, região da cervical e cabeça. Ela se origina no abdome, na extremidade 3 superior denominada cisterna do quilo, que é um saco alongado localizado na região anterior da segunda vértebra lombar. O ducto linfático direito recebe a linfa do membro superior direito, hemitórax direito, região cervical e cabeça. Esse ducto é formado pela junção de tronco subclávio, jugular e broncomediastinal direito. Ambos os ductos conduziram a linfa para o sistema venoso, para que dessa forma, possa percorrer por todo o organismo através dos vasos sanguíneos. O tecido linfático consiste em linfócitos de tamanhos variados, sustentados por fibras, células reticulares, colágenas, elásticas e lisas. Dentre esses tecidos estão os linfonodos, timo e baço (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1988). Os linfonodos ou nodos linfáticos são estruturas em forma de feijão, encapsulados, constituídos por tecidos linfóides que se localizam no trajeto dos vasos linfáticos onde filtra a linfa do organismo. Os principais grupos linfonodais localizam-se no pescoço, na axila, na virilha e zonas juncionais, onde há repouso anatômico (DIDIO, 2002). O timo é um órgão achatado, localizado no mediastino, posteriormente ao esterno, ele possui dois lobos que são envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso. Sua função esta relacionada com a resposta imunológica do organismo, resistindo a invasão de microrganismos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). O baço consiste em grande parte do tecido linfático, é único órgão interposto ao sistema sanguíneo, sendo o mais responsável pela filtração de sangue do que a linfa (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1988). 4. Veias varicosas As doenças vasculares estão intimamente relacionadas com alterações do sistema venoso, acredita-se que mais de 24 milhões de pessoas sofram de veias varicosas. As veias varicosas são atribuídas à perda de elasticidade e enfraquecimento de suas paredes gerando uma incompetência das válvulas, que provocam uma pressão maior nas veias causando o seu estiramento excessivo abaixo da pele, particularmente nos membros inferiores. A principal causa dessa patologia esta relacionada com o fator hereditário e a ocupações que exijam permanecer em uma posição por muito tempo. Gravidez e obesidade também contribuem para o problema (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). Fonte: Alencar,2011 Figura-2: Veias varicosas 4 Segundo HAID (1999), as principais queixas relacionadas com a presença das veias varicosas são a sensação de peso, cansaço, tensões, cãibras e dores referidas nos membros inferiores independente da extensão das mesmas. As varizes não possuem cura e sua tendência com o passar do tempo é aumentar. Neste contexto entende-se que para eliminar esse mal é necessário a utilização de intervenção cirúrgica (HAID, 1999) 5. Intervenção cirúrgica As cirurgias são definidas como um processo onde o cirurgião tem como principal objetivo corrigir as alterações ou imperfeições de um paciente, sendo ela por razões médicas ou por razões estéticas. (LOPES, 2009) Segundo Gomes (2002), as intervenções cirúrgicas de varizes estão cada vez mais modernas eficazes e menos prejudiciais para os pacientes, possibilitando assim que os mesmos retornem para suas atividades de vida diária mais rapidamente. Segundo Lopes (2009), a escolha do tipo de cirurgia dependerá das veias atingidas, e apenas um cirurgião vascular poderá indicar o melhor método. Fonte: Alencar, 2011 Figura-3: Cirurgia vascular Uma das técnicas mais utilizadas para a retirada das varizes é a micro-cirurgia, que é indicada apenas para os pacientes que possuem varizes de pequeno calibre, é um procedimento cirúrgico simples, que pode ser feito no próprio consultório médico e que consiste na aplicação de anestesia local apenas no trajeto da variz a ser retirada, o cirurgião faz uma pequena incisão com uma agulha sob a região anestesiada, com dois micro-instrumentos, o cirurgião localiza as veias e com um pequeno micro-gancho (agulha de crochet) a variz é retirada (FRANCISCHELLI, 1998). 5 6. Edema De acordo com Lacerda (2007), o sistema linfático é frágil e quando submetido a qualquer tipo de intervenção cirúrgica tem seu funcionamento alterado ou comprometido. Segundo Guirro e Guirro (2002), em estados fisiológicos a pressão hidrostática e oncótica do liquido intersticial são relativamente constantes, quando o volume de líquido intersticial excede a capacidade de drenagem dos linfonodos, haverá um excesso de líquido intersticial nos tecidos subcutâneos sendo denominado edema. O edema pode se subdividir em dois tipos distintos onde o primeiro está relacionado com o excesso da quantidade de líquido que é proveniente de uma alteração no processo de drenagem natural do organismo, este é de origem vascular apresentando-se juntamente com o ninal de godjet. O segundo tem origem a partir de uma alteração no processo fisiológico de evacuação, enquanto que o processo de filtração ocorre de maneira normal, essa patologia recebe o nome de linfedema (LEDUC; LEDUC, 2000). O excesso de líquido no interstício promoverá um aumento da pressão intersticial de modo a promover compressão das estruturas adjacentes. Neste contexto haverá afastamento dos capilares, distensão das células endoteliais e dos espaços intercelulares ocasionando uma dilatação anormal das válvulas. Parte deste líquido será drenado pelas veias, no entanto as proteínas de maior peso molecular não conseguiram retornar aos vasos e acumularam-se no interstício. Esse excesso de proteína estimulará a formação dos fibroblastos e determinará a formação de fibrose (GODOY; GODOY, 1999) 7. Materiais e Métodos Este estudo de caso se caracteriza por ser descritivo, comparativo e com abordagem terapêutica. Os atendimentos foram realizados em uma freqüência de seis vezes por semana, durando em média quarenta e cinco minutos por atendimento, realizando-se nas dependências da clínica Art’s corpo no período de outubro de 2009, com uma paciente do sexo feminino, 45 anos em pós-operatório imediato de cirurgia vascular. Foram excluídos do estudo pacientes do sexo masculino e os que apresentaram alguma contra-indicação da técnica de drenagem linfática, tais como carcinomas, processos inflamatórios, trombose venosa profunda, entre outros. Inicialmente, a paciente foi submetida à leitura e explicação do termo de consentimento livre e esclarecido, onde ficou a par de sua participação no estudo. Após assinatura do mesmo, foi realizada uma avaliação fisioterapêutica adaptada ao pós-operatório de cirurgia vascular contendo perguntas subjetivas e objetivas onde foi colhido os dados pessoais da paciente, história clínica, história da doença atual, história da doença pregressa e um questionário de perguntas fechadas relacionadas a aplicação da técnica de drenagem linfática. O estudo foi realizado em um local calmo e silencioso, onde a paciente foi orientada a utilização de um vestuário correto e posicionada adequadamente de maneira confortável na maca. A técnica de drenagem linfática utilizada foi a de LEDUC, que consistiu em cinco movimentos que, combinados entre si, formam seu sistema de massagem: drenagem de linfonodos, círculo com os dedos, círculo com o polegar, movimentos combinados e pressão de bracelete obedecendo à direção do fluxo linfático e venoso. Para avaliação da dor foi utilizado uma escala visual analógica (EVA) que quantificou a dor de maneira mais fidedigna a partir de uma escala de zero a dez, cujo zero refere-se em não sentir dor e dez a dor insuportável; para avaliar a perimetria e edema de membros inferiores (MMII) foi utilizada uma fita métrica que é um instrumento simples e flexível que possui uma graduação utilizada para medição; óleo para facilitação no deslizamento no momento da aplicação da drenagem linfática manual e uso de uma máquina fotográfica Panasonic Lumix 6 para obtenção de imagem da paciente no início e ao final do tratamento a fim de evidenciar uma evolução mais fidedigna do tratamento. Os dados foram obtidos a partir da analise dos dados através do Microsoft Office Excel 2007 e serão expostos e discutidos a seguir em gráficos. 8. Resultados e Discussão O gráfico- 1 mostra a comparação da cirtometria do pré-operatório imediato e a cirtometria do último atendimento após a aplicação da técnica de drenagem linfática onde se observou que a paciente encontrava-se no pré-operatório com 22 cm na região de tornozelo em MMII, 34 cm na região de gastrocnêmico em membro inferior direito (MID) e 35 cm no membro inferior esquerdo (MIE), 34 cm na região infra patelar em MMII, 37 cm na região supra patelar em MID e 38 cm em MIE, 45,5 cm na região da diáfise do fêmur no MID e 47 cm no MIE, 52 cm na região superior da coxa em MID e 56 cm no MIE. Após a técnica de drenagem linfática a paciente encontrava-se com 20,5 cm na região de tornozelo em MMII, 31 cm na região de gastrocnêmico em MMII, 31 cm na região infra patelar em MID e 32 cm em MIE, 35 cm na região supra patelar em MID e 37 cm em MIE, 43 cm na região da diáfise do fêmur no MID e 45 cm no MIE, 48,5 cm na região superior da coxa em MID e 53,5 cm no MIE. Cirtometria no Pré-Operatório e Último atendimento 60 50 Cm 40 30 20 10 0 Região do Gastrocne Tornozelo meo Infra patelar Supra patela Região Diáfise do Superior fêmur da coxa Direito I 22 34 34 37 45,5 52 Esquerdo I 22 35 34 38 47 56 Direito F 20,5 31 31 35 43 48,5 Esquerdo F 20,5 31 32 37 45 53,5 Gráfico-1: Distribuição em cm das regiões analisadas pela cirtometria no Pré-Operatório e Último atendimento Fonte: Alencar, 2011 A escala visual análoga foi utilizada para estimar a intensidade da dor, segundo a paciente, no início e no final das sete sessões, onde a mesma referiu dor 0 em todas as sessões, tanto no início quanto ao término de cada sessão. 7 Fonte: Alencar, 2011 Figura-4: Escala visual analógica Segundo Guirro e Guirro (2002), muitos cirurgiões mantêm os pacientes com enfaixamento compressivo pelo menos 24 horas, com objetivo de diminuir as complicações provenientes do processo cirúrgico, como mostra a figura 4. Fonte: Alencar, 2011 Figura-5: Enfaixamento compressivo A aplicação da técnica de drenagem linfática manual foi realizada por critério médico 72 horas após o processo cirúrgico. As manobras foram realizadas com cautela, de maneira suave, pela extrema sensibilidade da região operada a fim de evitar o aumento das lesões teciduais já instaladas, foram evitadas apenas as manobras de deslizamento visto que, as mesmas tornam-se inadequadas para a fase de reparo contribuindo negativamente para a cicatrização (GUIRRO; GUIRRO 2002). Após os sete atendimentos propostos no início do tratamento, observou-se que, além da técnica ter atenuado a formação do edema, a mesma recuperou um aspecto mais saudável e normal da pele decorrente do transporte do líquido de volta para a circulação sanguínea, promovendo a melhora na oxigenação e nutrição celular diminuído os hematomas provenientes do processo cirúrgico (figura 5, 6 e 7). A drenagem linfática também desempenhou um papel importante na reparação das incisões, dando origem a uma barreira protetora das lesões favorecendo ainda mais o processo de cicatrização (GODOY; GODOY, 1999). 8 Fonte: Alencar, 2011 Figura -6: Hematoma do 1 dia Fonte: Alencar, 2011 Figura-6:Hematoma do 3 dia Fonte: Alencar, 2011 Figura-8:Hematoma do 7 dia 9 9. Conclusão Entre os vários recursos encontrados na área da dermato-funcional, um dos recursos que mais se destaca é a drenagem linfática manual, devido a sua variedade de técnicas, diversas formas de aplicações e os mais diferenciados resultados. Entretanto, a drenagem linfática manual desse ser utilizada com cautela, seguindo todos os parâmetros necessários para um bom tratamento. Quando se fala em drenagem linfática é necessário seguir algumas condições básicas em que o profissional fisioterapeuta tenha um amplo conhecimento sobre a anatomia, histologia e fisiologia do sistema linfático, conhecimento profundo de todas as técnicas e manobras a serem executadas, conhecimento da patologia a ser tratada, aplicabilidade da técnica, contraindicação e os fundamentos básicos de uma drenagem linfática que são direção sempre a favor do sistema linfático, pressão de 25 - 40mmHg, ritmo constante e velocidade lenta. O sistema linfático como qualquer outro sistema do nosso organismo é extremamente frágil devido sua localização superficial e complexibilidade de suas estruturas, quando ele é submetido a qualquer tipo de intervenção cirúrgica, sendo ela de caráter invasivo ou nãoinvasivo, indiscutivelmente leva o organismo a produzir uma série de alterações teciduais, que desencadeiam reações locais de grande ou pequeno porte, gerando assim alterações em todo o funcionamento normal, fazendo com que o sistema linfático torne-se comprometido decorrente de sucessivas lesões em suas estruturas. A intervenção fisioterapêutica é extremamente importante para que o processo cirúrgico seja mais rápido e que haja resultados satisfatórios. Ela deve ter início logo no pré-operatório, período que antecede o processo cirúrgico com o principal intuito de evitar as principais complicações decorrentes do processo cirúrgico, tais como formação de linfedema, fibroses, seromas, hematomas, necrose, cicatrizes hipertróficas ou queloideana, ou sofrimento cutâneo devido a supressão do aporte sanguíneo no local entre outros. Deve-se realizar uma avaliação minuciosa de maneira que possamos ter parâmetros para continuar o tratamento na fase pós-operatória. O tratamento pós-operatório deve ser aplicado em todos os pacientes que se submetem a tratamentos cirúrgicos, sendo estéticos ou não. O principal objetivo de um tratamento pós- cirúrgico é reforçar as funções do sistema linfático reestabelecendo o equilíbrio dos líquidos, facilitando o processo de cicatrização e prevenindo toda e qualquer complicação proveniente do processo cirúrgico. Neste contexto a fisioterapia dermato-funcional com utilização da técnica de drenagem linfática manual torna-se extremamente importante, pois, quando a drenagem linfática manual realizada por um fisioterapeuta é bem executada, ela é capaz de alcançar os mais diversos resultados, reduzindo substancialmente o período de recuperação pós-cirúrgica, reduzindo os riscos de alterações cutâneas de modo a otimizar o resultado final do processo cirúrgico promovendo uma prevenção de patologias do sistema imunológico e reduzindo assim o risco de insatisfações provenientes a resultados insatisfatórios. 10. Referencias Bibliográficas DEITOS, Patrícia Marquetti. Drenagem Linfática Manual Realizada em Apenas um Hemicorpo como forma para Redução de Medidas no Membro Contra- leteral. Projeto de Monografia apresentado ao curso de fisioterapia da faculdade Assis Gurgacz. Cascavel: [s.n], 2005. DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Cortez, 1991. 10 DIDIO, Liberato J. A. 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