Drenagem na gravidez Essa técnica pode ser uma

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Drenagem na gravidez
Essa técnica pode ser uma aliada da gestante para aliviar o inchaço — mas só quando
feita da forma correta
Por Vanya Fernandes
Mulher é um bicho esquisito. Grávida então, nem se fala. Quando estamos no “estado
interessante”, nosso corpo tem um aumentodo volume sanguíneo que varia de 30% a
50%, e essa alteração é maior em volume plasmático. Ou seja, temos a capacidade de
reter em nosso organismo um volume de água até 8 litros acima do normal. O hormônio
progesterona é o responsável por essa situação. Somem-se a isso: bebê + placenta +
líquido amniótico e, é claro, algumas gordurinhas daquela fatia de bolo de chocolate à
qual você não resistiu. Pronto!
Dá-lhe desconforto, inchaço e sensação de peso nos pés e nas pernas. Uma alternativa
para aliviar o mal-estar é a drenagem linfática, técnica que estimula o sistema linfático
por meio de massagens, eliminando o excesso de líquidos e toxinas pela urina. Mas a
história não é tão simples assim. Como tudo que se faz durante a gravidez, com essa
massagem também precisa-se ter cautela.
Uma drenagem linfática mal executada pode estimular as contrações uterinas e causar
até a precipitação do parto a partir do sexto mês de gestação. Também pode
comprometer a circulação e causar hematomas. “Considero que nem 10% das drenagens
são realizadas de forma correta. Não existe nenhum estudo científico sobre o risco desse
tratamento. Mas, por precaução, prefiro que minhas pacientes optem por outras
atividades, como a hidroginástica”, afirma o coordenador do Pré-natal Personalizado da
Unifesp, Abner Lobão. “Acho temerário alterar o nível do sistema hídrico da gestante.
O volume de água e de sangue aumenta justamente para compensar a perda líquida na
hora do parto”, conclui.
A preocupação do médico tem fundamento. No consultório de outro colega, o também
obstetra Sang Cha, três pacientes entraram em trabalho de parto logo após sessões de
drenagem linfática. Mesmo assim, o médico é favorável a ela. “Acho a drenagem
benéfica porque propicia o relaxamento da gestante e drena o excesso de líquidos
quando o sistema linfático não é capaz de eliminar sozinho. Só não deve ser feita mais
que duas vezes por semana e apenas até o sexto mês.
O profissional deve conhecer a fisiologia do corpo e, principalmente, antes de iniciar
uma sessão perceber se o útero não está contraído”, explica Cha, que também é
responsável pelo Serviço de Medicina Fetal do Laboratório Fleury e especialista em
gestações de alto risco. Para não ter contratempos, procure um fisioterapeuta cadastrado
na Sociedade Brasileira de Medicina Estética para fazer a drenagem.
Mas também pôde comprovar a diferença entre uma drenagem feita em clínica de
estética e outra realizada por fisioterapeuta. “No início da gestação, soube que seria bom
fazer drenagem. Fiz várias sessões e, realmente, me sentia bem melhor. Mas percebi que
algo estava errado na pressão das mãos do massagista. Procurei uma fisioterapeuta e vi
a diferença. Os movimentos são bem mais leves e rítmicos. É imbatível a sensação de
relaxamento”, conta a psicóloga, que também faz ginástica para gestantes e RPG. Mãe
de João Pedro, de 1 mês, a empresária Georgiana Faria concorda: “Não sofri com dores
nas costas nem com inchaço nos pés e nas pernas. Além disso, tive um parto natural
maravilhoso e, coincidência ou não, fiz drenagem até o sétimo mês. Pretendo voltar a
fazer assim que o meu médico permitir”, afirma ela, que se submeteu à drenagem com
fisioterapeuta.
A fisioterapeuta do Setor de Pré-natal Personalizado da Unifesp,
Mirca Ocanhas, especialista em gestantes, explica os 5 pontos
principais que devem ser observados nessa massagem:
1- Independentemente de ser realizada em grávidas ou não, a
drenagem linfática tem de ser executada com movimentos
precisos,suaves e direcionados.
2- Não existe drenagem na qual se empregue força.É sempre de
forma delicada. Os vasos linfáticos encontram-se na primeira
camada da pele. Sendo assim, não há a menor necessidade de apertar
profundamente a pele.
3- Deve-se sempre começar de cima para baixo com movimentos de
varredura, retornando à região pélvica, onde está a virilha.Primeiro,
barriga, depois pernas e, em seguida,barriga novamente.
4- O profissional precisa ter conhecimento do sistema linfático
e,principalmente, de todas as mudanças fisiológicas que ocorrem no
organismo durante a gravidez.
5- À medida que a barriga da grávida cresce, o fisioterapeuta deve
colocar um travesseiro de criança embaixo das costas da paciente
para proteger a coluna.
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