NECESSIDADES NUTRICIONAIS PARA FILHOTES Os cães constituem, entre as espécies animais, aqueles que apresentam maior variação no peso adulto (raças miniaturas até raças gigantes). Esta variação ocasiona dificuldades em se estabelecer a correta necessidade em nutrientes, os quais oscilam grandemente, indo desde gastos em manutenção basal até o crescimento. Os filhotes, por apresentarem uma velocidade de crescimento grande e variável, são ainda suscetíveis a condições de estresse que ocorrem no decorrer de seu desenvolvimento. Dentre estas merecem atenção a fase de transição de alimentação (líquida para sólida), condição física da mãe na fase de aleitamento envolvendo a produção de leite, desmame, vacinações, erupção dentária, mudança de ambiente, etc. A somatória desta série de fatores levam o filhote a perdas na capacidade de reagir a agressões, tornando-os susceptíveis a doenças infecto-contagiosas. As necessidades proteica e energética dos filhotes são superiores aos de cães adultos. O teor de energia é em torno de 50% maior, e a proteína cerca de duas vezes mais, sendo que para filhotes deve-se prover pelo menos 25% da energia, a partir de uma proteína de qualidade (McGINNIS, 1991; POFFENBARGER et al, 1990). É indispensável que na dieta oferecida aos filhotes, haja níveis ideais de aminoácidos essenciais (arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilanina, treonina, triptofano e valina), pois são responsáveis pelo desenvolvimento dos filhotes, buscando sustentação do desenvolvimento de novos tecidos, principalmente o muscular, e também aporte suficiente de nitrogênio para a síntese endógena dos aminoácidos não essenciais e outros compostos dependentes desse elemento químico (JOHNSON, 1993). Caso isso não aconteça, o filhote precisa de uma suplementação. O requerimento de cada nutriente varia de acordo com a idade, estado físico e modo de vida do filhote. Dependendo da idade do filhote, essa suplementação pode ser feita em mamadeira ou em vasilhas rasas. O filhote come várias vezes por dia e vai diminuindo o número de refeições à medida que vai crescendo. Um animal alimentado com nutrientes equilibrados e de qualidade adquire um desenvolvimento saudável associado à longevidade. Contaminação ambiental Aleitamento materno ou artificial Genética Sistema imune Microbiota intestinal Estresse Uso de medicação/vacinação Saúde intestinal (Puppy) Tipo de parto Fatores que ajudam a manter o equilíbrio intestinal e saúde animal AMINOÁCIDOS E PROTEÍNA IDEAL No século XIX, acreditava-se que a contração muscular destruia uma parte do conteudo proteico dos músculos para proporcionar energia. Recomendava-se uma dieta rica em proteínas para preservar a estrutura muscular e suprir os gastos energéticos. Atualmente é sabido que o tecido muscular não aumenta simplesmente graças ao consumo de alimentos ricos em proteínas. Na verdade, a proteína extra ingerida pode ser convertida em componentes de outras moléculas (assim, proteína em excesso pode aumentar o porcentual de gordura), bem como induzir efeitos colaterais, particularmente uma sobrecarga para as funções hepática e renal, em virtude da eliminação da uréia e de outros compostos (McARDLE et al., 2003). A principal contribuição das proteínas da dieta consiste em fornecer aminoácidos para os vários processos realizados no organismo animal. O organismo animal necessita de aminoácidos diferentes, sendo alguns “não-essenciais” (produzidos pelo próprio organismo) e os restantes “essenciais” (como não são sintetizados pelo organismo, tem de advir da alimentação); são aminoácidos essenciais: valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, metionina, treonina, lisina, triptofano e histidina (McARDLE et al., 2003). Os aminoácidos são elementos estruturais e podem ser consumidos como energia participando da conversão da energia do piruvato que ocorre no fígado. Com o esforço moderado, os aminoácidos como, por exemplo, os de cadeia ramificada atingem a mitocôndria, participando da síntese de glutamina, a qual segue para os tecidos para a formação de glutamato. Enfim, observa-se que o consumo de aminoácidos de cadeia ramificada visa à manutenção da funcionalidade do Ciclo de Krebs, e tanto a síntese de alanina quanto a de glutamina são a forma encontrada para remover da musculatura os grupos amínicos tóxicos resultantes da degradação celular (LANCHA JUNIOR, 2004). Os aminoácidos de cadeia ramificada podem substituir a glicose nas vias de energia (SIZER e WHITNEY, 2003). No fim da década de 70, os aminoácidos foram sugeridos como o terceiro combustível para a musculatura esquelética, principalmente em indivíduos caquéticos sendo utilizados já após os carboidratos e as gorduras (GLEESON, 2005). Muitas funções são atribuidas aos aminoácidos, dentre elas, é possível destacar aumento da síntese de proteínas musculares e redução da sua degradação, encurtamento do tempo de recuperação, aumento da resistência muscular, diminuição da fadiga muscular, fonte de energia durante dieta e preservação do glicogênio muscular. São encontrados aminoácidos em todas as fontes de proteína animal. A Proteína Ideal é um conceito proposto por Mitchell (1964) para otimizar a utilização da proteína da dieta (relação entre retenção e consumo de proteína) e minimizar a excreção de nitrogênio. Estabeleceu-se que é uma mistura de aminoácidos ou proteínas com completa disponibilidade na digestão e no metabolismo e cuja composição deve ser idêntica às exigências do animal. Todos os aminoácidos devem estar presentes na dieta exatamente nos níveis exigidos para o máximo ganho em proteína e mantença, e a relação entre eles deve ser preservada. Os aminoácidos digestíveis, principalmente os aminoácidos essenciais, são limitantes na Organnact | Informativo Técnico | PUPPY | 39.0160 CONSTRUÇÃO REPRODUÇÃOE REGENERAÇAO MUSCULAR CANINA mesma proporção. Isso significa que nenhum aminoácido está em excesso em comparação com os outros. Como consequência, a retenção de proteína é máxima e a excreção de nitrogênio é mínima. Isso é possível através de uma adequada combinação de concentrados protéicos e aminoácidos sintéticos suplementados na dieta (LECLERCQ, 1998). Como proposta, para uso na alimentação de monogástricos, todos os aminoácidos indispensáveis são expressos como relações ideais ou porcentagem em função de um aminoácido referência. De modo geral se estabelece a lisina como aminoácido de referência por ser um aminoácido limitante na maioria das dietas, estando diretamente ligado ao aumento da massa corporal e crescimento. Segundo HACKENHAAR e LEMME (2005), a lisina é usada como aminoácido de referência devido aos tres argumentos a seguir: • É usada quase que exclusivamente para deposição de proteína corporal e, portanto, as exigências sofrem pouca influência de outras funções metabólicas (exigência de mantença); • Não há interações metabólicas entre a lisina e os outros aminoácidos; • Da perspectiva analítica, é mais fácil analisar lisina do que a metionina e, especialmente, cistina. A redução de nitrogênio consumido e consequente redução de nitrogênio excretado, não só melhora o aproveitamento de aminoácidos, em geral, como da energia. A menor excreção de nitrogênio também resulta em uma menor produção de calor para catabolizar aminoácidos, pois eles estarão na dieta em menor quantidade e de forma balanceada (PENZ, 2002). MINERAIS As funções bioquímicas do zinco podem ser refletidas pelo seu envolvimento na atividade de mais de 300 enzimas (McCALL, 2000). Apesar das baixas concentrações de zinco na maioria dos órgãos, as metaloenzimas dependentes deste mineral estão distribuidas em todos os tecidos do organismo, desempenhando processos fisiológicos importantes. Dentre as principais funções do zinco, destacam-se a participação na síntese e degradação dos carboidratos, lipídeos e proteínas, na manutenção do crescimento e do desenvolvimento normais, no funcionamento adequado do sistema imunológico, na defesa antioxidante, na função neurosensorial, e, também, na transcrição e tradução de polinucleotídios (SALGUEIRO, 2000). Nos últimos anos, a deficiência de zinco tornou-se um problema nutricional presente em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Esta abrange inúmeras anormalidades no metabolismo, tendo como causas a ingestão dietética inadequada, diminuição na absorção ou aumento na excreção urinária, presença de agentes na dieta que comprometem sua absorção, cirurgias do intestino, síndromes de má-absorção, lesões oculares e de pele, inclusive acne, unhas quebradiças, perda de apetite, perda de peso, doenças renais, doença crônica do fígado, nutrição parenteral total sem adição de zinco e, ainda, problemas genéticos (PRASAD, 1996). Além de outras manifestações clínicas da deficiência deste mineral, ressaltam-se o retardo no crescimento, hipogonadismo, alteração da resposta imune, dificuldade de cicatrização, aumento do risco de aborto, diarréia, anorexia, perda de peso, alopecia, e a prematuridade na gestação (SALGUEIRO, 2000). Os parâmetros mais utilizados para avaliação do estado nutricional relativo ao zinco e, consequentemente, detecção de sua deficiência, são as medidas deste mineral no plasma, em componentes celulares do sangue (eritrócitos, monócitos, plaquetas, neutrófilos), no cabelo (a atividade de enzimas dependentes de zinco), bem como na excreção urinária. Normalmente, é utilizado mais de um marcador biológico para avaliação do zinco no organismo, devido às baixas concentrações nos tecidos, e ao efetivo mecanismo homeostático para manutenção das concentrações plasmáticas e teciduais (HAMBIDGE, 2003). Setenta por cento do ferro no organismo animal está sob forma de hemoglobina e 30% encontra-se no fígado, baço e medula óssea. A hemoglobina é o composto de eleição para diagnóstico da deficiência de ferro. Em termos de pesquisa, é possível que o ferro deva ser um motivo mais de preocupação em relação ao seu potencial tóxico que de deficiência. Pode causar deficiência condicionada a outros elementos essenciais (cobre e zinco) pelo efeito antagônico no processo de absorção no duodeno. A deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais frequente no mundo, produzindo anemia em animais, homens, mulheres e crianças. Uma alimentação inadequada, bem como as hemorragias, que provocam uma perda de ferro, levam a uma deficiência que se deve tratar com suplementos do mineral. É provável que esta deficiência se verifique durante a prenhes devido à necessidade da gata ter de fornecer uma grande quantidade de ferro ao feto em desenvolvimento. Os animais para transportar o ferro dentro do corpo empregam proteínas (transferrinas). Para armazená-lo empregam a ferritina e a hemosiderina. O ferro entra no organismo absorvido no intestino delgado e é transportado e armazenado no fígado. A maior parte do ferro é reutilizada e um pouco é excretado. Tanto o excesso como a deficiência de ferro podem causar problemas no organismo. O envenenamento por ferro é chamado de hemocromatose enquanto que a sua deficência é conhecida popularmente como anemia. A palavra anemia, apesar de estar popularmente associada à carência de ferro no organismo, não é utilizada unicamente para ela. Para a carência de ferro no organismo, cabe o nome específico de anemia ferropriva. Nas transfusões de sangue são usados ligantes que formam com o ferro complexos de alta estabilidade, evitando que ocorra uma queda demasiada de ferro livre. Estes ligantes são conhecidos como sideróforos. Muitos organismos empregam estes sideróforos para captar o ferro que necessitam. Também podem ser empregados como antibióticos, pois não permitem ferro livre disponível. O cobre é um mineral traço cuja essencialidade foi primeiramente reconhecida em 1928 ao ser evidenciado em experimento com ratos. Este micronutriente juntamente com o ferro tinha uma função importante na prevenção da anemia (Hart et al., 1928). A importância biológica, funcional e estrutural do cobre em animais e humanos está relacionada com as funções metabólicas de enzimas cobre-dependentes - cuproenzimas, como por exemplo: citocromo c oxidase, superóxido dismutase citosólica, lisil oxidase, tirosinase, ceruloplasmina e dopamina-hidroxilase. Estas catalisam reações fisiológicas importantes relacionadas com fosforilação oxidativa, inativação de radicais livres, biossíntese de colágeno e elastina, formação de melanina, coagulação sanguínea, metabolismo de ferro e síntese de catecolaminas (DANKS, 1988). No trato digestório do animal, a inter-relação entre os vários elementos minerais pode ser tanto sinérgica quanto antagônica. Os íons minerais podem interferir entre eles entrando em competição seletiva a respeito dos sítios de absorção. Sabe-se hoje que existem íons minerais capazes de reduzir a biodisponibilidade de um ou mais íons de outra natureza; para alguns íons esta interferência é recíproca. Com relação a este complexo fenômeno, a grande parte dos casos relacionados com a capacidade de inibição dos micro-elementos minerais foram quantificados. A competição é especialmente acirrada entre os íons minerais Cu, Zn, e Fe, que disputam a mesma via de absorção. Deste modo, uma dieta com altos níveis de cobre pode bloquear a absorção do Zn e do Fe, levando a deficiências destes últimos. O cobalto participa junto com o cobre e o ferro na hematopoiese. O selênio (Se) é um elemento não metálico relacionado ao enxofre(S) e embora seja tóxico, é um micronutriente essencial para os animais. Está distribuido irregularmente pelo solo, é encontrado nas rochas sedimentares das regiões mais secas em todo o mundo. O selênio tem ação fundamental na nutrição humana e animal como um fator importante na proteção de oxidação dos tecidos. Protege o tecido celular dos danos causados pelo oxigênio é também importante para o crescimento e para assegurar um metabolismo adequado. Apresenta um papel ativo no sistema imunológico e reduz o risco de infecções por vírus. O seu uso regular melhora a contagem de espermatozóides. Pesquisas tem atribuido ao Se uma ação no retardo do avanço do câncer. Organnact | Informativo Técnico | PUPPY | 39.0160 CONSTRUÇÃO REPRODUÇÃOE REGENERAÇAO MUSCULAR CANINA Como um micronutriente é exigido em microgramas e, portanto, a sua ingestão excessiva, acima de 50-150 mg ao dia, pode causar problemas de saúde. De um modo geral, sua carência resulta em atraso no crescimento, estados patológicos e até morte, enquanto sua toxicidade se traduz por perda do apetite, atrofia do coração e óbito. O selênio na forma orgânica é rapidamente absorvido pela mucosa intestinal. Sua eliminação se produz pelos rins, intestino e pulmões, sendo, neste caso, característico um odor aliáceo no ar expirado por animais que ingeriram doses relativamente altas do elemento. O selênio faz parte de uma enzima a glutation-peroxidase (GPS-Px) que praticamente complementa a ação da vitamina E, esta enzima destrói os lipoperóxidos formados pelos radicais livres. A deficiência de vitamina E e/ou Se podem determinar redução da reação do linfócito T, redução na função fagocitária com redução na reação imunológica. As demais funções do selênio são: • Antioxidante: o selênio (Se) absorvido é rapidamente convertido a Se-cisteína (via seleneto), e esta é incorporada às várias seleno-enzimas do organismo; seleno-cisteína não é substituida por cisteína e não é armazenada, havendo necessidade de suprimento constante de Se; GPS-Px representa 30 a 40% do Se do organismo; há 4 GPS-Px reconhecidas, a mais abundante é a do citoplasma de todas as células, que reduz hidroperóxidos do metabolismo celular a água; a segunda localiza-se nas células intestinais, onde hidroperóxidos absorvidos são reduzidos; a terceira é secretada pelo fígado e rins e ocorre no fluido extracelular e plasma, e reduz hidroperóxidos livres ou esterificados a fosfolipídeos; a quarta reduz hidroperóxidos de fosfolipídeos intracelulares e se localiza adjacente às membranas subcelulares, protegendo-as. • A riboflavina é requerida para a síntese de glutationa peroxidase, pela glutationa redutase; logo, deficiência de riboflavina pode resultar em baixa atividade de GPS-Px. • A atividade de GPS-Px reflete suplementação de Se até nível normal de atividade, níveis superiores na dieta não elevam a atividade de GPS-Px. • A GPS-Px junto com as vitaminas E, C compõe o sistema antioxidante do organismo. • A selenocisteína também participa de duas enzimas iodotironina deiodinases, na conversão de T4 para a sua forma mais ativa de T3; logo a deficiência de Se exacerba a de iodo e vice-versa. (Estima-se que existam mais de 30 selenoproteínas no organismo, muitas ainda não identificadas.) • Função imune: evidências demonstram que o selênio e a vitamina E aumentam a imunocompetência, obtidas pela medida da geração de imunoglobulinas, possivelmente estimulando a biossíntese da coenzima Q10 (ANDRIGUETTO et al., 1988). O selênio geralmente é ingerido sob diversas formas: seleneometionina (das fontes vegetais), seleneocisteína (das fontes animais) e como selênio inorgânico. As duas primeiras formas são geralmente bem absorvidas, enquanto a forma inorgânica do mineral é influenciada por fatores intestinais. Nas dietas atuais industrializadas e ricas em óleos, a suplementação de selênio se faz necessária complementando a ação da vitamina E como um fator protetor de tecidos contra radicais livres e processos oxidativos. O manganês é ativador de uma série de enzimas incluindo arginase, tiaminase, enolase etc. É necessário ao desenvolvimento da matriz proteica dos ossos, à fosforilação oxidativa na mitocôndria, à síntese de ácidos graxos e está envolvido no metabolismo dos aminoácidos (ANDRIGUETTO et al., 1988). O iodo é necessário à síntese da tiroxina e da triiodotironina que são essenciais ao crescimento, ao desenvolvimento e a maturação físico-mental. A função principal da tiroxina é aquela de controlar a intensidade do metabolismo, determinando o nível do metabolismo basal (ANDRIGUETTO et al., 1988). IMPORTÂNCIA DAS VITAMINAS As vitaminas são moléculas orgânicas (contém carbono), que funcionam principalmente como catalisadores para as reações dentro do corpo. Os catalisadores são substâncias que permitem que uma reação química ocorra usando menos energia e menos tempo do que precisaria em condições normais. Se estiverem em falta, como no caso de deficiência vitamínica, as funções normais do corpo podem falhar, deixando o animal suscetível a doenças. As vitaminas não podem ser sintetizadas pelos animais e podem ser classificadas como hidrossolúveis (complexo B e vitamina C) e lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K). A vitamina E é um dos antioxidantes mais aclamados, pois demonstra ter efeitos contra a deterioração das células e contra o envelhecimento. Normalmente encontrada em multivitamínicos e fórmulas antioxidantes, a forma natural (d-alfa-tocoferol) é notavelmente a melhor. A vitamina E age na proteção e defesa das membranas celulares do corpo contra o estresse oxidativo e, por isso promove uma melhora da saúde do sistema imunológico. Com a idade, o sistema imunológico se torna menos eficiente no combate a bactérias e vírus. Parte deste declínio deve-se a baixos níveis de vitamina E na corrente sanguínea. Alguns estudos demonstraram melhoras nas respostas imunes em animais mais velhos que eram suplementados com vitamina E. A vitamina E pode também diminuir os efeitos do envelhecimento por promover proteção das células dos danos dos radicais livres. Em estudos recentes, sugere-se que a vitamina E pode prevenir a formação de coágulos no sangue e minimizar o processo inflamatório envolvido no desenvolvimento de doenças do coração. Apenas quando o LDL é danificado é que o colesterol parece levar à doença cardíaca e a vitamina E é um importante antioxidante protetor do LDL. Nos últimos dez anos as funções da vitamina E nas células tem sido ainda mais esclarecidas. Além de suas funções antioxidantes, a vitamina E é agora conhecida por agir por meio de outros mecanismos, incluindo efeitos diretos na inflamação, regulação das células do sangue, crescimento do tecido de conectividade e controle genético da divisão celular. O complexo B compreende diversas substâncias que apresentam as características de se diferenciarem em sua estrutura química, em suas ações biológicas e terapêuticas e no teor de suas necessidades nutricionais. As vitaminas do complexo B ajudam a manter a saúde dos nervos, pele, olhos, cabelos, fígado e boca, assim como a tonicidade muscular do aparelho gastrintestinal. As vitaminas do complexo B são coenzimas envolvidas na produção de energia e podem ser úteis nos casos de depressão e ansiedade. As vitaminas do complexo B devem sempre ser ingeridas juntas, mas uma determinada vitamina B poder ser consumida de duas a tres vezes mais do que outra no tratamento de um determinado problema. A tiamina (B1) atua na forma de carboxilase e no metabolismo dos glicídios. Assim, quando as dietas forem ricas nos mesmos, a presença de tiamina se faz necessária a níveis mais altos do que quando a energia provem dos lipídios. Os sintomas de deficiência se traduzem por anorexia, convulsões e decréscimo na ação reflexa, principalmente (ANDRIGUETTO, 1988). A riboflavina (B2) é necessária para a formação de hemácias, produção de anticorpos, respiração celular e crescimento. É importante na prevenção e tratamento da catarata. Atua no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. A niacina é o termo genérico para a nicotinamida, ácido nicotínico ou vitamina B3. Sua absorção ocorre no intestino delgado e um pequeno armazenamento ocorre no organismo. Qualquer excesso é eliminado através da urina. Está presente em coenzimas essenciais para as reações de oxidação-redução envolvidas na liberação de energia por carboidratos, gorduras e proteínas. A niacina tem propriedades hipolipemiantes, influencia a formação de colágeno e a pigmentação. No cérebro, a niacina age na formação de substâncias mensageiras, Organnact | Informativo Técnico | PUPPY | 39.0160 CONSTRUÇÃO E REPRODUÇÃO REGENERAÇAO MUSCULAR CANINA carboidratos, gorduras e proteínas. A niacina tem propriedades hipolipemiantes, influencia a formação de colágeno e a pigmentação. No cérebro, a niacina age na formação de substâncias mensageiras, como a adrenalina, influenciando a atividade nervosa. Na sua avitaminose a língua pode apresentar coloração avermelhada até negra, ulcerações e edema. Este quadro é acompanhado de salivação excessiva e aumento das glândulas salivares. Podem aparecer dermatites parecidas com queimaduras de pele, diarréia, esteatorreia, náuseas e vômitos. No sistema nervoso, aparecem manifestações como cefaleia, tonturas, insônia, depressão, perda de memória e, nos casos mais severos, alucinações, demência e alterações motoras e neurológicas com períodos de ausência e desordens nervosas generalizadas. O estresse emocional pode induzir um aumento dos níveis de ácidos graxos, da frequência cardíaca e da pressão diastólica, bem como a uma elevação dos níveis de adrenalina e de noradrenalina no sangue. A niacina participa nos mecanismos de oxidação celular, intervem no metabolismo dos aminoácidos e enxofre. Possibilita o metabolismo das gorduras e carboidratos, participando na redução dos níveis de colesterol do plasma. É componente de coenzimas e enzimas respiratórias e vasodilatadoras, age estimulando a circulação com redução na hipertensão. Tem importante função na revitalização da pele, manutenção do sistema nervoso e do aparelho digestório. A colina (B4) é necessária a transmissão nervosa, regulação biliar e funcionamento do fígado e formação de lecetina. Minimiza o excesso de gordura no fígado, com a sua ação lipotrópica, ajuda a produção de hormônio e é necessária ao metabolismo de lipídeos e colesterol. Sem colina o funcionamento do cérebro e memória ficam prejudicados. O ácido pantotênico (B5) é necessário ao metabolismo glicídico e lipídico. Através da CoA, participa da transferência das cadeias dicarbonadas e da utilização dos acetatos ativos, condicionando assim, a realização do ciclo cítrico, a partir da condensação do ácido oxaloacético e de um radical acetilado. O nível de CoA no fígado parece ser influenciado por fontes de sulfatos orgânicos ou inorgânicos. Tanto a metionina como o sulfato de cálcio, suplementados na proporção de 1,0% em dietas à base de milho-soja, aumentam a concentração hepática de CoA. A deficiência de ácido pantotênico retarda o crescimento e pode provocar o aparecimento de dermatite característica, que afeta os pés, a boca e as pálpebras. Os níveis suplementares parecem estar relacionados, também, com fatores genéticos. Apesar de, quimicamente, ser encontrado em grande variedade de matérias-primas, o ácido pantotênico parece estar nelas em forma pouco disponível. Frente à instabilidade da forma ácida, esta vitamina é suplementada na forma de sais, principalmente de cálcio, como o pantotenato de cálcio. A piridoxina (B6) participa de mais funções orgânicas do que qualquer outro nutriente isolado, é representada por tres substâncias com estruturas diferentes: a piridoxina, um álcool primário, o seu correspondente aldeído, o piridoxal e a piridoxamina, do grupo aminoetil. No organismo dos animais, para serem aproveitados, todos os tres devem ser convertidos, no fígado, à forma ativa da vitamina, o fosfato de piridoxal (DRI, 1998). Como outras vitaminas do complexo B, a atuação da B6 é na forma de coenzima participante de uma série de reações metabólicas e transformações de aminoácidos, sendo muito importante no metabolismo do triptofano. O fosfato de piridoxal atua como co-fator, no caso uma coenzima essencial para a ação de enzimas envolvidas no metabolismo dos aminoácidos, como as transaminases, as sintetazes e as hidroxilases; a vitamina tem importância especial no metabolismo da glicina, da serina, do triptofano, do glutamato e dos aminoácidos sulfurados (contendo enxofre na fórmula). Atua na descarboxilação do 5-hidroxitriptofano, portanto, na síntese do neurotransmissor serotonina que entre outras ações, está associada com a atenção, com a energia e com a motivação. Não poderia deixar de citar o outro neurotransmissor, a noradrenalina, que influencia a impulsividade, a libido e o apetite (DRI, 1998). A vitamina B6 atua no metabolismo dos ácidos graxos e do glicogênio. O fosfato de piridoxal é coenzima para duas enzimas importantes para o metabolismo cerebral, a transaminase ácida gama-aminobutírica e a adecarboxilase glutâmica. O fosfato de piridoxal também funciona como quelato de metais, participa da síntese do ácido aracdônico (a partir do ácido linolêico), entre outras ações, atua decisivamente nos processos inflamatórios e participa no transporte ativo de aminoácidos através das membranas celulares. O fosfato de piridoxal é essencial para a síntese do ácido gama-aminolevulínico, precursor do heme (o heme é uma porfirina que contém ferro e que, unido à globina, forma a hemoglobina; o heme também faz parte de vários pigmentos respiratórios de muita células, tanto vegetais como animais); embora ainda seja nebuloso, o fosfato de piridoxal parece ter parte na excitabilidade dos neurônios, possivelmente por sua ação no metabolismo do ácido gama-aminobutírico (GABA). Os sinais da deficiência são: A- Na pele: lesões seborreicas acima dos olhos, boca e nariz, inflamação da língua (glossite) e estomatite; B- Sistema nervoso: convulsão, neurite periférica, irritabilidade e C- Sangue: anemia microcítica (com hemácias pequenas). Há outros sinais atribuidos à falta da vitamina B6, como os cálculos urinários de oxalatos, a hiperglicemia e a diminuição da síntese de anticorpos (DUTRA, 1998). A vitamina B12 ou cianocobalamina é necessária para prevenir anemia. Auxilia a formação e longevidade das células. Essa vitamina também é necessária à digestão apropriada, absorção dos alimentos, síntese de proteínas e metabolismo de carboidratos e lipídeos. Além disso, a vitamina B12 previne danos aos nervos, mantém a fertilidade e promove o crescimento e desenvolvimento normais. A biotina (vitamina B8) é absorvida no intestino delgado por transporte ativo, em baixas concentrações e por difusão passiva em altas concentrações. Ajuda no crescimento celular, produção de ácidos graxos, metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas e utilização das vitaminas do complexo B. Quantidades suficientes são necessárias para a saúde dos pelos, pele e cascos (tecidos queratinizados). Considerado um alimento para o cérebro, o ácido fólico (vitamina B9) é necessário à produção de energia e a interação com a vitamina B12 é indispensável para a proliferação dos glóbulos sanguíneos (eritrócitos). A falta deste ácido causa uma anemia macrocítica idêntica a da falta de B12. Há perda de apetite, o que faz piorar as condições nutricionais, por hipótese, já carente. A ciência médica veterinária tem investido na busca de terapias e de substâncias, por meio de produtos naturais e derivados de plantas, que auxiliem no crescimento e, sobretudo, no desenvolvimento dos animais. Uma série de doenças sistêmicas como infecções bacterianas e virais, endo e ectoparasitoses, ou mesmo intoxicações, podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de um quadro clínico de anemia. A vitamina A exerce inúmeras funções no organismo. Dentre estas funções, destacam-se por sua relevância, a visão, o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção do tecido epitelial, da função imunológica e da reprodução. Cada uma dessas funções pode ser satisfeita por ingestão de carotenóides pró-vitamina A, ésteres de retinil, retinol ou retinal que, posteriormente, restituir-se-ão em formas funcionais de retinol, retinal e ácido retinóico. A deficiência da vitamina A é descrita por hiperqueratinização das superfícies epiteliais, hiperqueratose de ductos de glândulas sebáceas, erupções papulares, alopecia e descamação cutânea e uma suscetibilidade aumentada à infecção bacteriana. Os níveis de vitamina D dependem em parte da relação cálcio e fósforo da dieta bem como a disponibilidade deste último. A deficiência desta vitamina se traduz nos cães jovens por raquitismo, ossos arqueados, os dentes são irregulares e demoram a eruptar. A hiperavitaminose D pode levar a calcificação dos tecidos moles, excessiva mineralização dos ossos e deformação dos dentes. Pode haver anorexia, poliúria e diarréia de sangue. Os distúrbios referidos para a deficiência de vitamina D podem estar também relacionados com a falha de hormônios paratireoideos (ANDRIGUETTO et al., 1988). Os cães parecem sintetizar no intestino a vitamina K para atender suas necessidades. Salvo a presença de fatores antivitamina K na dieta (dicumarol), ou quando da aplicação terapêutica prolongada de antibióticos de largo espectro, não há necessidade de suplementação (ANDRIGUETTO et al., 1988). Organnact | Informativo Técnico | PUPPY | 39.0160 REFERÊNCIAS ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; GEMAEL, A.; FLEMMING, J.S.; SOUZA, G.A.; FILHO, A.B. Nutrição animal, as bases e os fundamentos da nutrição animal. Nobel. 4a Ed, 1988. LCLERCQ, B. El concepto de proteína ideal y el uso de aminoácidos sintéticos: estudio comparativo entre pollos y cerdos. In: Avances en Nutrición y Alimentación Animal. INRA – França. 1998. ARAÚJO, K.V.; LIMA, J.A. de F.; TEIXEIRA, J.C.; FIALHO, E.T.; OLIVEIRA, A.I.J.; QUEIROZ, A.C. de. Determinação da digestibilidade aparente dos nutrientes de alguns concentrados e volumosos para eqüinos, pela técnica de saco de náilon móvel. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 25, n.5, p.944-956, set./out. 1996. McARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. BOBÁNY, D.M. 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