VIROSES DE TRANSMISSÃO PARENTERAL Hepatites Virais Hepatites Inflamação do fígado Alteração em enzimas hepáticas (alaminotransferase aspartatoaminotransferase e gamaglutamiltransferase – ALT AST e GGT Sinais clínicos: Náuseas, dor abdominal, icterícia fadiga Os vírus das hepatites Vírus da hepatite A (HAV) Transmissão entérica Fam. Picornaviridae Vírus da hepatite E (HEV) Fam. Hepeviridae Vírus da hepatite B (HBV) Fam. Hepadnaviridae Transmissão parenteral Vírus da hepatite C (HCV) Fam. Flaviviridae Hepatite B Virus da Hepatite B (HBV) HBcAg (core) DNA fd parcialmente duplo + TR HBsAg (envelope) Capsídeo icosaédrico: HBcAg DNA Envelope: HBsAg TR Genoma: 3.200 pb 4 genes sobrepostos: 7 proteínas HBcAg HBeAg TIPOS DE PARTÍCULAS DO HBV Partícula completa L + M + S = HBsAg Middle (M) Partículas incompletas Large (L) Small (S) HBcAg HBsAg DNA DNA Polimerase tubular esférica - Partícula de Dane - esféricas e tubulares - diâmetro de 42 nm - diâmetro de 22 nm 9 - concentração de 10 partículas/ml - concentração de 1013 partículas/ml Antígenos presentes no vírus da Hepatite B Ag superfície: HBsAg Presente no envelope viral, induz a síntese de Ac neutralizantes Ag de centro estrutural (core) HBcAg Vias de transmissão do HBV • Sexual (DST) • Parenteral • Vertical • Intrafamiliar Evolução da infecção pelo HBV de acordo com a idade 100 100 80 80 60 Infecção crônica 60 40 40 20 20 Infecção Sintomática 0 0 0 meses 1-6 meses 7-12 meses 1-4 anos Idade da infecção Adolescentes e adultos Forma ictérica: 30% Forma crônica: 90% em RN 5% a 10% > 5 anos Curso clínico da hepatite B em adultos Hepatite B aguda 90% Resolução 9% 1% Hepatite fulminante Hepatite B crônica Persistente Ativa Cirrose HCC Programa de Imunização - PNI/MS Vacinação ampla de recém nascidos desde 1998 sendo: 1ª dose ao nascer 2ª dose aos 6 meses Grupos de risco de qualquer faixa etária A partir de 2003: vacinação disponível para a população com idade até 20 anos Etapas da Produção da Vacina HBsAg + Vetor de expressão DNA recombinante Transfecção e cultivo celular Purificação protéica Inoculação Diagnóstico: Marcadores sorológicos da infecção pelo HBV Hepatite B aguda e Cura Definição: Infecção prévia pelo HBV sem evidências virológicas, bioquímicas ou infecção viral ativa ou doença histológicas Perfil sorológico: anti-HBc e anti-HBs +/HBsAg negativo HBV-DNA indetectável no soro Níveis normais de ALT de Infecção aguda Hepatite B crônica Definição: Doença necroinflamatória do fígado causada pela infecção crônica pelo HBV Perfil sorológico e histológico: HBsAg positivo por mais de 6 meses. HBeAg positivo ou negativo HBV-DNA no soro >105 cópias /ml. Elevação persistente ou intermitente de ALT/AST Biópsia hepática compatível com hepatite crônica ativa com grau > 4 Infecção crônica Distribuição da hepatite B no mundo Interpretação dos marcadores sorológicos Interpretação Suscetível Incubação ou vacinação recente Fase aguda Fase crônica Resposta vacinal Infecção passada resolvida (cura) DNA HBV HbsAg Anti HBc-Ag AntiHBsAg Hepatite C Vírus da Hepatite C (HCV) Classificação Família Flaviviridae - Flavivirus Gênero - Pestivirus - Hepacivirus Vírus da Hepatite C (HCV) Epidemiologia Epidemia silenciosa do novo milênio 170 milhões de indivíduos infectados no mundo Prevalência ~1-2% Europa, AN e AS (até 10-20% regiões África e no Egito) Alto índice de cronicidade (> 80%) Principal causa de transplante hepático Genotipos, Subtipos e quasispecies Termo Genotipo Definição Heterogeneidade entre % homologia de nucleotídeos 66 a 69 diferentes vírus HCV Subtipos: Vírus estreitamente 77 a 80 relacionados dentro de cada genótipo Quasispecies Complexa população de vírus dentro de um mesmo indivíduo 91 a 99 Genótipos do HCV Quasispecies na hepatite C Acúmulo de mutações Amplo espectro de variantes infectando um mesmo hospedeiro Dificulta a resposta imune Resistência a antivirais Dificuldade na produção de vacinas História natural da hepatite C Período de incubação: 3-12 semanas Infecção normalmente assintomática (75%) Aspecto clínico mais importante: alto índice de progressão a cronicidade (70-80%) Cerca de 20% dos pacientes crônicos desenvolvem cirrose em cerca de 20 anos História natural da hepatite C Após estabelecida a cirrose, a taxa de desenvolvimento de HCC é de 1-4% ao ano. HCC: resultado de alterações genéticas devido ao constante processo de regeneração celular. Fatores que podem interferir na evolução: Virais: volume do inóculo, genótipo Hospedeiro: idade no momento da infecção, sexo, coinfecção com HBV ou HIV e consumo de álcool. História natural da hepatite C Hepatite C aguda Hepatite C crônica Fatores de risco associados a transmissão do HCV Transmissão parenteral Transfusão ou transplante a partir de doador infectado Uso de drogas injetáveis Hemodiálise (anos de tratamento) Acidente com material pérfuro-cortante (agulhas/lancetas) Transmissão perinatal Nascimento de mãe infectada pelo HCV Diangóstico Hepatite C Testes moleculares Detecção de HCV RNA detectado 1-2 sms p.i. e 4-6 sms antes a-HCV Anticorpo inicialmente detectado 8-10 semanas permanece presente na hepatite C crônica após a infecção Marcador não relacionado Marcador de viremia ao curso da infecção RT-PCR 1. ELISA(Triagem inicial) Teste qualitativo 2. Imunoblot (confirmatório) Teste quantitativo Testes sorológicos Detecção de anti-HCV Prevenção da Hepatite C Não existem vacinas disponíveis Seleção de doadores de tecido, órgão e sangue Modificação de comportamento de alto risco Precauções com sangue e fluidos corpóreos Síndrome da imunodeficiência adquirida, doença infecciosa crônica e progressiva que leva a destruição do sistema imunológico. Caracterizada por alta carga viral e diminuição do número de linfócitos T CD4+ O que causa SIDA (AIDS) O vírus da imunodeficiência humana (HIV) Perfil dos pacientes HIV positivos no Brasil Vírus da Imunodeficiência Humana Histórico O HIV veio do Vírus da imunodeficiência do símio (SIV) através dos chimpanzés Subfamília Orthoretrovirinae Gênero Lentivirus HIV-1 M - principal (9 subtipos A - K) Grupos N – (nem M, nem O) O – outlier HIV-2 5 subtipos (A - E) Garber,DA. 2004. Lancet infect Dis., 4: 397–413 Classificação www.cellscience.com FAMÍLIA: RETROVIRIDAE SU (superfície) Envelope: TM (transmembrana) proteína da matriz (MA) proteína de capsídeo (CA) (simetria complexa) transcripase reversa (TR) integrase (IN) protease (PRO) proteína de ligação ao ácido nucleico (NC) genoma diplóide: 2 moléculas de RNA ss (+) Organização genômica dos Retrovírus GAG Ag grupoespecífico www.stanford.edu POL enzimas ENV proteínas do envelope Replicação Flores, Virologia Veterinária (2007) HIV - Características Gerais • Grande variabilidade genética: quasispecies • Alta taxa de “turn over” viral, alta capacidade mutagênica • Alto tropismo por células com receptores CD4+ • Alterações quantitativas e funcionais em diversas células do sistema imune Tropismo celular Células alvo do HIV: Linfócitos T CD4+ Macrófagos CD4 Outros alvos: células dendríticas (células apresentadoras de Ag) linfócitos B linfócitos T CD8 células natural Killer (NK) Curso clínico na infecção pelo HIV Possível quadro agudo Disseminação viral Estabelecimento em órgãos linfóides Período assintomático Início das infecções oportunistas Contagem de cels T CD4+ < 350 cels/mm3 Aumento do título viral Infecções oportunistas Manifestações Clínicas da Infecção pelo HIV Período de incubação 2 a 4 semanas Infecção aguda (assintomática ~70%) - Gripe a de “mononucleose-like” - Febre, fadiga, exantema, cefaléia, faringite, mialgia/artralgia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náusea, vômito, diarréia - Duração 2 a 3 semanas Manifestações Clínicas da Infecção pelo HIV Fase Assintomática ou Latência Clínica ~10 anos - Linfadenopatia generalizada aparece em algum momento desse período Fase Sintomática (intermediária e tardia) - sudorese noturno, cefaléia, mal-estar, fadiga - febre diária (até 38ºC) - perda de peso - diarréia por longos períodos, sinusite, bronquite - linfadenopatia nas axilas, pescoço e virilha até o óbito Infecções Oportunistas Infecções oportunistas Neoplasias (sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin) Debilitação / Caquexia Demência relacionada à AIDS Transmissão do HIV HIV - Diagnóstico Objetivos Investigação clínica Triagem de doador • Hemoderivados • Órgãos Programas de vigilância sorológica Considerações 4 - 6 semanas até detecção de anticorpos – JANELA IMUNOLÓGICA O diagnóstico pode ser feito mais cedo, pela detecção de antígeno viral, pro-DNA, e RNA. Mas, poucas situações justificam o diagnóstico precoce (diagnóstico de recém nascidos de mães infectadas. HIV - Diagnóstico Detecção de Anticorpo / Sorologia + comum Triagem: 100% sensibilidade ELISA – detecção de anticorpos-anti gp120 Confirmatórios: alta especificidade Imunofluorescência Indireta – usa Ag de superfície para detecção de anticorpos Western blot (padrão ouro) – cada Ag viral é usado para detecção dos diferentes Acs anti-HIV HIV - Diagnóstico Detecção do Antígeno p24 – Método ELISA – Pacientes em janela imunológica: Banco de sangue • Sensibilidade ~ 11 a 18% • Especificidade 100% HIV - Diagnóstico Detecção de Ácido Nucléico Qualitativo • Reação em cadeia da polimerase (PCR) • Pacientes em janela imunológica e crianças < 15 meses • Detecção de HIV-2 • Sensibilidade: – Não disponível amplamente, Especificidade: 98,6% Quantitativo – carga viral • PCR- Real Time Contagem de CD4+ HIV - Diagnóstico Acompanhamento terapêutico Uma vez que haja diagnóstico de infecção por HIV, o paciente deve ser monitorado regularmente para sinais de progressão da doença e resposta ao tratamento anti-viral (quando for o caso) Contagem de CD4+ Carga viral / Testes para detecção de antígeno ELISA p24 RNA viral – bom valor prognóstico Fluxograma para detecção de anticorpos anti-HIV em indivíduos com idade acima de 2 anos (Ministério da Saúde) Amostra (soro ou plasma) E (+ / -) ou (- / +) ou (- / I) ou (+ / I) ou (I / +) ou (I / I) (+/+) Teste 2 (-/-) Retestar em duplicata (+/+) (+ / -) ou (- / +) ou (- / I) ou (+ / I) ou (I / +) ou (I / I) (+) = resultado reagente (-) = resultado não reagente (I) = resultado indeterminado Imunofluorescência ou Western Blot (-/-) Amostra negativa para HIV Etapa I Teste 1 HIV - Prevenção DROGAS ANTI-HIV APROVADAS PELO FDA (Setembro/2005) A escolha do tratamento Como é feita a escolha do tratamento? Existem 20 drogas aprovadas pelo FDA A recomendação atual é fazer uso de combinação de pelo menos 3 drogas, num regime denominado Terapia Antiretroviral Altamente Ativa (HAART – highly active antiretroviral therapy) NÃO existe um regime de terapia ÚNICO ou MELHOR, a escolha é individual, entre médico e paciente Quando iniciar a terapia? Depende do estado de saúde, da carga viral e do sistema imune Pacientes sintomáticos – sempre Pacientes assintomáticos – complexo Acompanhar a progressão da infecção • • • Contagem de CD4 Avaliação da carga viral Contagem de células sanguineas totais; padrões bioquímicos; teste de outras DST; testes de outras infecções (hepatite, tuberculose,toxoplasmose) A carga viral deve ser avaliada a cada 3-4 meses e CD4, a cada 3-6 meses Parâmetros • • • Sintomas da doença – diagnóstico de AIDS Carga viral - > 1000 cópias/ml Contagem de CD4 - < 200 céls/mm3 (ou entre 200-350) Acompanhamento da Terapia CARGA VIRAL – deve ser reduzida a níveis indetectáveis Testar carga viral 2-8 semanas após início do tratamento e, então, a cada 3-4 meses NÚMERO DE CÉLULAS CD4+ - deve aumentar ou, pelo menos parar de diminuir Contagem de CD4 a cada 3-6 meses Efeitos colaterais: Diabete Lipodistrofia Colesterol Sangramento em pacientes com hemofilia Diminuição da densidade óssea Rash cutâneo Pancreatite Problemas nervosos Falhas do Tratamento com Anti-retrovirais Resistência às drogas: mutação, pressão seletiva, fitness 10 bilhões cepas virais/dia: todas as mutações possíveis são geradas diariamente Reservatórios Celulares: atualmente, está claro que mesmo os pacientes com níveis clinicamente indetectáveis de vírus na periferia, um pequeno nível de produção e replicação viral continua apesar da presença de drogas antivirais. Uma vez que baixos níveis de viremia podem permitir a evolução viral e o desenvolvimento de resistência, estratégias mais potentes são necessárias.