Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer * Graduado em Gestão Desportiva e de Lazer (IFCE)/Cursando Educação Especial e Inclusiva (IEC)/Cursando Deficiência de Intelecto e Atendimento Educacional Especializado (Creace). ** Graduanda em Gestão Desportiva e de Lazer (IFCE) *** Graduando em Educação Física (UECE) **** Professor do Curso de Gestão Desportiva e de Lazer (IFCE) Natureza e finalidade do desporto à luz da Lei n° 9615/98 na cidade de Fortaleza (CE), gestão Fortaleza Bela Daniel da Silva Tavares,* Pamella Domingos Paulino,** Alan Raymison Tavares Rabelo,*** Eduardo Melo**** Resumo O artigo relata o desenvolvimento das práticas do desporto educacional sobre a luz da Lei nº 9615/98 dentro do município de Fortaleza na Gestão Fortaleza Bela, analisando os programas e projetos da Secretaria de Esporte e Lazer (Secel) referentes ao desporto educacional, averiguando seu funcionamento e verificando se os programas e os projetos estão de acordo com a referida lei. Este trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e documental e estudo de campo de modo exploratório com abordagem qualitativa, onde foram registrados depoimentos e pensamentos dos gestores e coordenadores dos programas e projetos, como forma de entendimento das ações desenvolvidas pela Secel. Por fim, concluindo a importância do esporte para a comunidade e ressalvando críticas para uma maior acessibilidade às políticas públicas para sua promoção. Palavras-chave: Desporto educacional. Políticas públicas. Legislação. Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer Introdução Desporto: pressupostos teóricos O esporte é expressão da mais eficiente performance humana, dos ideais de beleza, daquele que não é perdedor. Os feitos dos atletas superam a condição individual, sendo por vezes considerados conquistas da humanidade. Uma cultura que celebra os grandes números, que procura o mais rápido, o mais forte, o melhor, e esportiviza a política, a sexualidade, a arte e outras esferas sociais, fazendo o esporte representar a consagração do rendimento e da mensuração. Os seres humanos, desde seu longínquo antepassado, viram-se da necessidade de se exercitar por questão de sobrevivência; correr provavelmente deve ter sido o primeiro exercício dos antepassados dos humanos, fugindo das feras do passado. Tubino nos relata a história do esporte, as civilizações antigas passam por diversas evidências importantes, mas de registros imprecisos. Civilizações como a dos chineses, maias, incas, egípcios, japoneses, astecas, hindus e outros povos deixaram vestígios de jogos praticados com o caráter esportivo, e que permitiram diversas especulações sobre a verdadeira origem do esporte (TUBINO, 1987). O esporte como o lazer é fundamental para a vida social dos seres humanos. Apesar de poucos conhecerem seu real significado, é direito constitucional, então todos devem usufruir deste direito. À luz da lei, “natureza e finalidade do desporto, Lei n° 9615/98” (BRASIL, 1988), esse direito deve ser assegurado a todos de maneira igualitária, sem qualquer distinção, pois o esporte é uma ferramenta para a sociabilidade humana. O objetivo geral da pesquisa foca-se nos pressupostos da Lei n° 9615/98 na Gestão Fortaleza Bela, analisando os programas e projetos da Secretaria de Esporte e Lazer (Secel) referentes ao desporto educacional, averiguando seu funcionamento e verificando se os programas e os projetos estão de acordo com a referida lei. Metodologia Este trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica, utilizando como base autores como Minayo (2007) e Gil (1988), especialista na área. Também foram utilizados documentos oficiais dos programas e projetos que nortearam o estudo comparativo como parte integrante da pesquisa, como um estudo de campo de modo exploratório com abordagem qualitativa, onde foram registrados depoimentos e pensamentos dos gestores e coordenadores dos programas e projetos, como forma de entendimento das ações desenvolvidas pela (Secel). Para o desenvolvimento deste trabalho foram feitas duas visitas no intuito de coletar dados e também depoimentos. Existem artefatos e estruturas que sugerem que os chineses envolviam-se em atividades desportivas por volta de 2000 a.C. A ginástica parece ter sido um desporto popular no passado antigo da China. Monumentos aos faraós indicam que uma série de desportos, incluindo natação e pesca, eram bem desenvolvidos e regulados há vários milhares de anos atrás no Antigo Egito. Outros desportos egípcios incluíam arremesso de dardo, salto em altura e wrestling. Os antigos desportos pérsicos, como a arte marcial tradicional iraniana de Zourkhaneh, tinham uma ligação estreita com as habilidades de guerra. Entre outros desportos com origem na antiga Pérsia estão o polo e a justa. Uma grande variedade de desportos já estava estabelecida na época da Grécia Antiga e a cultura militar e o desenvolvimento do desporto na Grécia influenciaram consideravelmente uns aos outros. O desporto tornou-se uma parte tão importante da sua cultura que os gregos criaram os Jogos Olímpicos do ano 881 a 394 a.C. (TUBINO 1987), que nos tempos antigos eram realizados a cada quatro anos numa pequena aldeia no Peloponeso chamada Olímpia. O esporte não é um sistema à parte, mas de diversas formas interligado com o desenvolvimento social, cuja origem está na sociedade burguesa e capitalista. Embora constitua um espaço específico de ação social, o esporte permanece em interdependência com a totalidade do processo social, que o impregna com suas marcas fundamentais: disciplina, autoridade, competição, rendimento, racionalidade instrumental, organização administrativa, burocratização, apenas para citar alguns elementos. Na sociedade industrial, formas específicas de trabalho e produção tornaram-se tão dominantes como modelo, que até o Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer chamado tempo livre influenciaram normativamente (RIGAUER, 1969 p. 7). A palavra desporto vem do português europeu, já o desporto (esporte) vem do português oriundo do Brasil. Numa visão geral, são todas formas de atividades físicas que, através de participação ocasional ou organizada, visam a usar, manter ou melhorar a aptidão física e proporcionar entretenimento aos participantes. O esporte conhecido como é hoje, ou o esporte moderno, toma forma nas escolas da Inglaterra do século XVIII, berço do capitalismo. Cercados pela influência do capitalismo, o qual prega a ordem, o racionalismo, a competição e a iniciativa individual, os alunos das escolas inglesas desenvolvem um novo formato para os jogos populares de então, dando origem ao esporte. Surgem os campeonatos entre as escolas, os clubes e depois as confederações, instrumentos que paulatinamente vão legitimando a prática esportiva. Se o corpo pode ser “melhorado”, nada mais razoável que compará-lo às máquinas, em processo constante de avanço. Isso se torna mais decisivo no caso do esporte porque se relaciona, dentro de suas normas, ao instrumento técnico por excelência, o próprio corpo (Vaz, 2001, p. 92). No esporte o instrumento técnico por natureza é o próprio corpo, de forma que é ele que deve ser dominado, treinado e funcionalizado para os fins que se procuram. Se os instrumentos técnicos devem facilitar o domínio da natureza que nos circunda, o corpo tornado instrumento técnico é ele próprio expressão da natureza dominada. Por fim, o esporte teria ainda uma função ideológica: reproduzir a ordem da sociedade burguesa no que se refere às relações sociais marcadas pela disciplina, obediência, hierarquia; propagar a organização esportiva no que diz respeito aos recordes, competições, e rendimento; transmitir os temas da ideologia burguesa, como sucesso, eficiência, mitos heróicos etc. (BROHM, 1978). O esporte ainda ganhou uma característica muito importante, que é sua interdisciplinaridade, ligado a diversas áreas como, por exemplo, saúde, educação, turismo, psicologia e outros. Tubino (1987) fala do esporte moderno, da sua institucionalização “[…] o esporte, na sua conceituação e revisão histórica, independente da educação física, isto é com forma institucionalizada, foi recriado no século XIX na Inglaterra por Thomas Arnold”. Não é demais lembrar que o esporte “é um fenômeno profundamente humano, de visível relevância social na história da humanidade e intimamente ligado ao processo cultural de cada época” (TUBINO, 1987, p. 12). Com o tempo surgirão várias denominações para o que seja esporte. Cada teórico intitula uma função para ao esporte; para Cazorla Prieto (1979), “[…] o esporte é por natureza uma atividade finalística, isto é, com um fim em si mesmo”. O mesmo autor conceitua esporte numa visão individual: Do ponto de vista individual, como uma atividade humana predominantemente física, que se pratica isolada ou coletivamente e em cuja realização pode-se encontrar a autossatisfação ou um meio de alcançar outras aspirações (CAZORLA PRIETO apud TUBINO, 1987, p. 30). Para Cagical (1958) o esporte é um fenômeno antropológico e que tem suas divisões de acordo com a necessidade do povo, ele pode ser o esporte-espetáculo, são espetacularidades e organização progressiva, e o esporte práxis, são normas higiênicas, educativas, ocasionais, lúdicas e de espontânea relação social. O esporte na visão de Guima pode ser classificado com fenômeno social ou de massa: Trata-se de uma atitude pessoal, uma forma de admitir a vida, que se consegue pela reiteração de exercícios físicos, que se concretiza em conhecer-se e aceitar-se e aos demais sem que se produza outro benefício para sociedade (GUIMA apud TUBINO, 1987, p. 32). Após a consolidação do capitalismo e sua dispersão por todo o mundo, a instituição esportiva, antes restrita ao mundo europeu, vai ganhando espaço nos outros continentes. Seguindo a mesma lógica da voracidade capitalista, o esporte imiscui-se às culturas e toma o espaço de práticas populares, veiculando a ideologia capitalista mundialmente. Entre outros fatores, pelo seu potencial catártico, que possibilita ao espectador um bem-estar através do processo de transferência de seus próprios problemas ao ambiente de jogo, o esporte passa a ser um grande aglutinador de massas. Aproveitando essa potencialidade do fenômeno, empresários apropriam-se das diferentes esferas relacionadas ao esporte: vestimentas, clubes, acessórios, redes de televisão, entre outros. E por sua vez, o Estado também passa a usar o esporte em busca de popularidade e projeção internacional. Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer Mas o esporte ampliou o seu conceito quando finalmente, em 1978, a Unesco publicou a Carta Internacional de Educação Física e Esporte, que , no seu primeiro artigo, estabelecia que a atividade física ou prática esportiva era um direito de todos, assim como a educação e a saúde. Esse documento atualmente serve como referência em todos os países do mundo, e já provocou modificações profundas no papel do Estado diante do esporte, possibilitando até a inclusão do tema nos textos constitucionais, como aconteceu no Brasil, na Constituição de 1988 (TUBINO, 1987, p. 22). Depois da publicação desse documento o mundo passou a ver o esporte com um novo olhar. O esporte como direito de todos. Assim, o esporte, como um direito de todos, pode ser entendido atualmente pela abrangência das suas três manifestações: o esporte-educação, o esporte-lazer e o esporte de desempenho. Essas manifestações representam as dimensões sociais do esporte (TUBINO, 1987, p. 23). Unido à mídia corporativa, interessada em mais espaço e lucro para seus patrocinadores, o esporte sofre intensas transformações, sobretudo na forma como é transmitido. Acentua-se o caráter espetacular das competições, o que se torna visível através da presença de telões nos estádios, existência de canais de televisão especializados no assunto, aumento da prática de “esportes da moda” e extrema valorização e influência social dos atletas mais bem-sucedidos. Conceituando essa nova fase do esporte, surge a expressão “esporte espetáculo”, modelo atual do fenômeno. Embora tenha vida própria, o esporte não está fechado sobre si mesmo e, como qualquer outra atividade humana, implica uma série de funções: políticas, econômicas, psicológica, educacionais, militares etc. Na antiga Grécia, o esporte encerrava inclusive claras vinculações religiosas. Enfim, como produto de cultura, o esporte expressa os valores culturais e sociais nela vigentes. A completa sociedade moderna comporta a prática dos mais diferentes esportes. A maior ou menor popularidade de determinado esporte depende da parcela da população que com ele se identifica. Seguindo a “linha” de desenvolvimento dos conceitos relacionados às manifestações desportivas, encontramos as leis, consubstanciadas na compreensão desse desenvolvimento conceitual, contribuindo para o fomento do desporto. Dentre elas, a lei Pelé, nº 9.615, de 24 de março de 1998. Nesta lei, sobre a natureza e a finalidade do desporto, diz-se que o mesmo pode ser compreendido em quaisquer dessas seguintes manifestações: esporte educação, esporte participação ou esporte popular, esporte performance ou de rendimento. Esporte educação é praticado nos sistemas de ensino, no entanto de forma assistemática de educação, ou seja, sem a necessidade de um rigoroso sistema esportivo educativo. Com a finalidade promover o desenvolvimento integral do homem e sua formação para o exercício da cidadania e a prática de lazer. Para Mascarenhas (2004) o lazer é um direito social que quando apresentado numa perspectiva diferenciada se fundamenta na possibilidade de defesa de um lazer socialmente referenciado e, mais do que isso, que possa ter como objetivo a emancipação do sujeito. Natureza e finalidade do desporto conforme a Lei Pelé Para o homem dedicar-se ao esporte é necessário que a sociedade a qual pertence esteja organizada de maneira a permitir o lazer. A própria cultura, com suas normas, valores e padrões de comportamento, determinará o tipo dessa atividade. A cultura, o meio geográfico e as circunstâncias materiais explicam por que alguns esportes, tão populares em determinados lugares, não têm nenhuma penetração em outras sociedades, ou em outras camadas da mesma sociedade. Fazendo um paralelo entre o espaço destinado ao lazer e ao esporte e sua função social, Bracht (2003) observa que: “Parece claro que no conjunto das ações governamentais o fenômeno esportivo situa-se antes numa posição marginal e com ele vai o lazer frente a setores como o da economia, da saúde, da educação, da habitação”. A não ser por razões corporativas, considerando o quadro brasileiro, poder-se-ia reivindicar para o esporte o status de prioridade das ações governamentais. Esse cenário desenhado é preocupante, em especial quando se considera o esporte e o lazer como um direito de segunda categoria, isto é, numa escala de prioridades de uma sociedade que se pauta no modelo capitalista e neoliberal, Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer o direito, tanto da classe trabalhadora como de crianças e adolescentes, ao sendo executados, o que não acontece com os projetos, por questões do orça- esporte e ao lazer é visto como menos importante, tendo em vista o mapa da mento da Prefeitura. desigualdade social do Brasil, por meio de índices como os de exclusão so- Foram analisados seis projetos de acordos com os critérios que a Secel leva em cial, escolaridade, alfabetização, pobreza, violência, entre outros (POCHMANN; consideração e que variam de acordo com os editais. Depois, a coordenação AMORIN, 2003). junto com a área pedagógica e técnica analisam os currículos e chamam para As questões dos espaços das cidades são por demais importantes, por isso não poderiam ficar à mercê de uns poucos tecnocratas e políticos profissionais entrevista. Finalmente, são oferecidas aulas práticas para os profissionais selecionados e o programa entra em ação. inescrupulosos, ou no mínimo, mal informados. A população teria que intervir A maioria dos programas acontece em áreas de IDH (Índice Desenvolvimento Hu- organizadamente nessa questão. Cabe destacar a importância que o lazer e o mano) muito baixo. Os projetos ocorrem habitualmente em torno de seis cada esporte têm para a cidade, em sua parcela menor que são os bairros, onde ele ano, dependendo da adequação orçamentária. Os programas não são de autor- está associado a vários aspectos do desenvolvimento humano, como a educa- rendimento, a secretaria trabalha na área educacional e de lazer. Os projetos ção e o controle da criminalidade e ainda sua aproximação com temas como e programas estão completamente ligados à Lei Orgânica Municipal e visam qualidade de vida, incentivo à atividade física e valorização da cultura. acima de tudo o lazer, a educação, a prevenção da saúde. Os programas e projetos: Resultados e discussões Seguindo a “linha” de desenvolvimento dos conceitos relacionados às mani- Esporte e Lazer na Cidade (Pelc) festações desportivas e de lazer, encontramos as leis, consubstanciadas na Desde julho de 2009, a Secretaria de Esporte e Lazer (Secel), em parceria com o compreensão desse desenvolvimento conceitual, contribuindo para o fomento Ministério do Esporte, vem desenvolvendo o Programa Esporte e Lazer da Cida- do desporto em conjunto com o lazer. Entre elas, a lei Pelé, n° 9.615, de 24 de de (Pelc). A iniciativa beneficia 12 comunidades da capital. março de 1998. Nesta lei, sobre a natureza e a finalidade do desporto, diz-se O programa visa proporcionar o acesso a atividades físicas e brincadeiras, envol- que o mesmo pode ser compreendido em quaisquer dessas seguintes mani- vendo todas as faixas etárias e pessoas com deficiência, estimulando a convi- festações: desporto educacional, desporto de participação e desporto de ren- vência social. Pretende atender a cerca de 60 mil pessoas. dimento. Três dimensões sociais do esporte: esporte educação, esporte participação ou esporte popular, esporte performance ou de rendimento. Assim, a responsável pelas políticas públicas no âmbito do desporto e lazer, na esfera da Prefeitura Municipal de Fortaleza é a Secretaria de Esporte e Lazer (Secel), Um dos objetivos do Pelc é suprir a demanda da população por esporte, recreação e lazer, sobretudo daquela em situação de vulnerabilidade social e econômica. criada em março de 2008. Os funcionários que trabalham na Secretaria são Salão de Tabuleiro terceirizados e a organização é composta por: secretário, gabinete, secretário Salão de Tabuleiro é um projeto itinerante da Secretaria de Esporte e Lazer de executivo, coordenações (administração, financeiro, jurídico, equipamentos, Fortaleza que garante o acesso ao lazer à classe trabalhadora através de jogos transportes, etc.). A prioridade da Secel são os programas, não os projetos de tabuleiro tradicionais nas comunidades, praças e terminais de ônibus; traba- (processo de licitação pela prefeitura). Atualmente, todos os programas estão lhando a cultura corporal e a criticidade através da prática de jogos. Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer Programa Jogada de Mestre Academia na comunidade O programa Jogada de Mestre oferece aulas gratuitas de xadrez para crianças e jovens em 30 escolas da rede municipal de ensino e seis centros de cidadania da Capital. A expectativa da prefeitura é atender a mais de 6 mil pessoas. O Programa Academia na Comunidade (AnC) é uma iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer de Fortaleza (Secel) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atuando intersetorialmente e potencializando através de atividades da cultura corporal a melhoria da qualidade de vida da população em geral. Rua da Criança O projeto Rua da Criança leva lazer às ruas da cidade, através de brincadeiras, palhaços, oficinas, pintura de rosto e apresentações teatrais. A programação é voltada para crianças e adolescentes de bairros da periferia que apresentam um baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Todo sábado, das 8h às 12h, o Rua da Criança visita uma comunidade de Fortaleza. A cada nova ação, cerca de mil jovens são beneficiados. Programa Espaço Oriental O programa Espaço Oriental é uma iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer de Fortaleza (Secel) que visa à democratização da prática orientada do Tai Chi Chuan, uma milenar arte marcial chinesa. As aulas são abertas e voltadas para todos os públicos, sem contraindicação. O objetivo é estimular um estilo de vida mais saudável. Além de contribuir com a qualidade de vida da população, as aulas proporcionam espaços de socialização e a revitalização de espaços públicos. O Espaço Oriental está presente em dez núcleos espalhados por Fortaleza. Esporte na Comunidade O programa leva aulas sistematizadas de esporte às comunidades de Fortaleza, tratando a prática como ferramenta pedagógica na socialização de conhecimentos tanto do universo esportivo como da sociedade contemporânea. O objetivo geral do programa é contribuir para a formação de uma sociedade mais crítica por meio dos elementos da cultura corporal, desenvolvendo, assim, uma maior fundamentação acerca da consciência de classes, assim como a participação popular junto aos processos de política pública de esporte e lazer na cidade de Fortaleza. Considerações finais O esporte é um meio de desenvolvimento para a formação do cidadão. Uma lei que o incentive faz com que diminuam as mazelas sociais que atingem a sociedade. O esporte, em conjunto com as atividades de lazer, parece ser de fundamental importância para aqueles que desejam compreender o processo atual de espetacularização, sua influência para os milhares de expectadores, atletas e professores das mais diversas áreas. Como se apresentou, os discursos sobre essas teorias não são de modo nenhum equívocos, mas sim encerram contradições que estão presentes em todo fenômeno social. O esporte é um destes e nesse caso merece atenção especial por levantar tantas dúvidas e discussões. Assim, alia-se ao lazer como ferramenta para a sua disseminação na comunidade ou localidade, que beneficia para uma promoção social. Considera-se o esporte um objeto fundamental para promoção do lazer e o desenvolvimento da educação, aliada e proporcionada pelos órgãos públicos, incentivando e promovendo políticas públicas que envolvam todos numa corrente de bem-estar e melhoria da população. O trabalho relatou como é desenvolvida esta promoção social do esporte na luz da Lei nº 9615/98 pela Prefeitura de Fortaleza, dentro do município. Com sua metodologia explícita e abrangente, mostra como é realizado cada passo dos projetos e programas ligados à Secretária de Esporte e Lazer, com a crítica de não abranger todos os bairros da metrópole de Fortaleza, pois as politicas públicas trabalham com a questão da demanda local. Concluindo, o artigo serve de porta de entrada para um estudo mais aprofundado das políticas de esporte e lazer desenvolvidas na Secretária de Esporte e Lazer da cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, ou mesmo para referências de outros estudos com a mesma temática. Sesc | Serviço Social do Comércio Anais do Encontro Nacional de Recreação e Lazer Referências BRACHT, Vater. Sociologia critica do esporte. 2. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003. BROHM, J. M. (Org). Deporte, cultura y represión. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. CAGICAL, J. M. Cultura intelectual y cultura física. Buenos Aires: Kapelusz, 1958. CAVALCANTI, K. B. A função cultural do esporte e suas ambiguidades sociais. In: COSTA, L. P. da. Teoria e prática do esporte comunitário e de massa. São Paulo: Palestra, 1982. CAZORLA PRIETO, L. M. Deporte y estado. Madrid: Editoral Labor, 1979. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 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