Banrisul Professor Jonas Barbosa Cenários Economicos MARKETING “Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.” (KOTLER) “Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado.” ( AMA - American Marketing Association) Os dois conceitos mostram que o processo de marketing envolve a criação, a oferta, a livre negociação e a entrega de valor para o cliente. E o que é valor? Valor para o cliente é a diferença por ele percebida entre os benefícios obtidos com a troca e os custos envolvidos nesse processo. Os benefícios se classificam em funcionais (concernentes à função desempenhada pelo bem adquirido) e emocionais (relativos aos efeitos psicológicos que o bem causa em quem o está adquirindo). Os custos para o cliente não se referem somente ao aspecto financeiro, mas incluem também o dispêndio de tempo, de energia e o desgaste psicológico decorrente da aquisição do bem (estresse resultante de uma compra malfeita, percepção de risco etc.). MARKETING – Venda e propaganda? Muitas pessoas confundem marketing com vendas e/ou propaganda. No entanto, a venda consiste apenas no fechamento da livre negociação mencionada no conceito de Kotler, sendo, portanto, uma das atividades de marketing. As demais atividades auxiliam a concretização de uma boa venda. Da mesma forma, a propaganda é um importante item do processo de marketing, o qual vai muito além das ações relacionadas com essa ferramenta. Marketing é, principalmente, satisfazer as necessidades do cliente. Tornar a venda supérflua – conhecer e compreender o cliente tão bem que o produto ou serviço sirva e venda por si próprio. MIX DE MARKETING OU COMPOSTO MERCADOLÓGICO – conjunto de ferramentas que trabalham juntas para atingir o mercado. – 4 Ps. Produto – combinação de bens e serviços oferecidos ao mercado alvo. Preço – quanto os clientes devem pagar pelo produto. Praça – onde está disponível o produto/serviço. Promoção – comunicação. Persuasão aos consumidores-alvos a adquirir o produto/serviço. MARKETING DE RELACIONAMENTO E AS INSTITUIÇÕES Marketing de Relacionamento é: "um conjunto de ações, de responsabilidade dos profissionais que atendem, direta ou indiretamente, os clientes, de forma criativa e rentável, capaz de AGREGAR VALOR aos CLIENTES EXTERNOS" e resultados para a organização. Atualizada Dezembro/2009 Para que uma organização se mantenha competitiva, notadamente em se tratando de prestadora de serviços, já não é suficiente medir seu sucesso pela participação de seus produtos no mercado. É preciso, principalmente, estabelecer um relacionamento de longo prazo com o consumidor de seus produtos, para que se mantenha fiel e se torne fonte segura de renda, à medida que esse relacionamento contribua para o aumento de sua participação nas transações e nos contatos realizados com a organização. É mais fácil e barato manter um cliente do que conquistar um novo. E mais difícil do que conquistar um novo cliente é reconquistar um que já perdemos para a concorrência. O que é Marketing de Relacionamento? O marketing de relacionamento consiste na construção, ao longo do tempo, de relações satisfatórias e duradouras com as partes-chave para a atuação da empresa (cliente finais, funcionários e fornecedores) e com os demais envolvidos e interessados no negócio: acionistas, distribuidores, varejistas, agências de propaganda, legisladores, pesquisadores e cientistas universitários, imprensa, formadores de opinião em geral, etc. São chamados de stakeholders. Marketing de Relacionamento e o Mercado Bancário Ao falarmos sobre bancos, sempre frisamos que estes sobrevivem graças a confiabilidade que transmitem. Eles têm que passar uma imagem de solidez para o público em geral, pois o relacionamento com futuros clientes começa nessa imagem que é transmitida. O desafio para o mercado bancário é justamente construir esta imagem e fazer com que o público entenda. A confiabilidade que um cliente espera de um banco está calcada no princípio do relacionamento, que é diferente do relacionamento com outras empresas. Ao abrir uma conta corrente em um banco, está implícito que o relacionamento não estará limitado apenas à conta-corrente. A reboque outros produtos serão oferecidos e, provavelmente, agregados e, na maioria das vezes, já no primeiro contato, seja através do uma conta com limite (cheque especial), seja através de cartão de crédito, seguros, previdência privado e por aí afora. Assim, enquanto o dono de uma loja qualquer, que venda um produto ou preste um serviço, não sabe se um cliente realizará um segundo negócio com ele, por melhor que seja o produto ou serviço vendido, bem como o atendimento prestado, no caso de um banco, a primeira transação presume a existência de outras posteriores. Isso porque, no caso de uma loja qualquer, o cliente pode ter realizado uma compra por impulso, mas, no caso de um banco, ninguém abre uma conta corrente por impulso; o cliente, seja ele uma pessoa jurídica ou física, analisa muito antes de decidir qual banco receberá e cuidará de seus recursos. A decisão não ocorre de forma emocional e outros negócios só não acontecerão se ocorrer algo fortemente impeditivo entre as parte. Isto que é visto como vantagem tem seu lado desvantajoso: o cliente, não podendo mudar com facilidade de instituição financeira, torna-se mais exigente, atentando para o que lhe é ofertado e cobrado. O mercado bancário tem outra peculiaridade: a diversificação de clientes, tanto pessoas jurídicas como pessoas físicas. As empresas são de vários portes e Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 1 Banrisul Professor Jonas Barbosa ramos, e as pessoas físicas de várias classes sociais e ramos de atuação. Quanto á competitividade, temos que observar que não existe uma diferença muito grande em preços e tipo de produtos oferecidos. O mais evidente é a poupança. Verifica-se, ainda, que o mercado bancário está saturado, tanto na oferta quanto na demanda. Há muitos bancos disputando os mesmos clientes rentáveis, que são poucos, considerando a população economicamente ativa do país, além da má distribuição de renda existente, tornando a manutenção dos clientes interessantes já conquistados ainda mais importante. O princípio do relacionamento Muitas vezes o esforço despendido na conquista de um cliente nem sempre é proporcional aos esforços destinados a quem já é cliente. Não se leva em consideração uma máxima do mercado, que já citamos anteriormente: “É mais fácil e barato manter um cliente do que conquistar um novo. E mais difícil do que conquistar um novo cliente é reconquistar um que já perdemos para a concorrência.” Não raro, a dedicação ao cliente e o conhecimento do que ele necessita e deseja fiam congelados ao momento do primeiro negócio, neste caso, da abertura da conta. O conhecimento dos clientes, portanto, é o primeiro passo para que o relacionamento se desenvolva no período pós-venda. É importante que se entenda que é impossível oferecer o que o cliente deseja sem conhecêlo. Além do conhecimento do cliente é preciso que se mencione que o Marketing de Relacionamento refere-se a um conjunto de ações de longo prazo – o que se traduz por investir hoje para obter retorno futuro. Para isso acontecer é necessário uma mudança de cultura, começando pelo abandono do imediatismo e alocando recursos para a manutenção dos clientes. Uma das ferramentas utilizadas para se conhecer o cliente é o CRM. CRM – Customer Relationship Management Com o avanço da tecnologia de marketing de relacionamento e o progresso das tecnologias de informação e comunicação surgiu, no início da década de 1990, o termo “gerência de relacionamento com o cliente” ou Customer Relationship Managemente (CRM). CRM é um conjunto de estratégias fundamentadas no marketing de relacionamento, aplicadas nas organizações como suporte das tecnologias de informação e comunicação. O papel da tecnologia no CRM é: • capturar os dados do cliente existentes em toda a organização; • consolidar todos os dados capturados interna e externamente em um banco de dados central; • analisar os dados consolidados; • distribuir os resultados dessa análise aos vários pontos de contato com o cliente; • utilizar essa informação ao interagir com o cliente por qualquer ponto de contato deste com a organização (exemplo: pelo atendimento telefônico, internet, caixa eletrônico, atendimento pessoal na agência, etc.). O projeto de CRM é por definição um projeto corporativo, que envolve todas as áreas da organização. Isso porque, 2 Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos em uma organização focada no cliente, a responsabilidade pela sua satisfação é de todos os colaboradores. No quadro que se segue, alguns benefícios do CRM para a organização e para o cliente: DIMENSÃO Conhecimento Diferenciação Vendas Fidelização Benefícios para a Organização Prever e influenciar o comportamento dos clientes. Potencializar e difundir o conhecimento dos clientes por toda a organização. Atingir novos segmentos de mercado de forma eficaz. Criar ou melhorar produtos ou serviços com os desejados níveis de qualidade do ponto de vista do cliente. Realizar investimentos focalizados no e-commerce. Racionalizar o uso dos canais de comunicação e distribuição. Dispor de previsão de vendas mais rigorosa. Aumentar eficácia comercial pela utilização da automação como instrumento da força de vendas. Integrar todos os contatos da organização com os clientes. Acompanhar e dirigir pedidos, reclamações e demais informações para o cliente em tempo real. Entregar serviço de alta qualidade. Outros benefícios do CRM são: ¾ facilita a customização em massa, já que possui interface inteligente com o usuário via, por exemplo, internet, sendo capaz de capturar preferências e sincronizá-las com o processo de produção do serviço; ¾ permite visualização antecipada da perda de clientes, para que decisões preventivas sejam tomadas; ¾ possibilita maiores receitas e menores custos. As receitas advêm da oferta mais adequada de produtos e serviços, que vão ao encontro das necessidades dos clientes (ou se antecipam a elas), facilitando a fidelização. A redução de custos se origina do fato de que ações mais bem planejadas e mais focadas tendem a evitar a dispersão ou o desperdício de recursos. ¾ possibilita a manutenção de relacionamento à distância, principalmente no setor bancário, em que os clientes freqüentam cada vez menos a agência; ¾ identifica com que freqüência os clientes utilizam o cartão de crédito, cheques, aplicações e demais produtos, revelando os clientes mais valiosos e/ou rentáveis; Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa ¾ ¾ ¾ possibilita o acompanhamento da satisfação do cliente; facilita o planejamento de campanhas publicitárias e aumenta o índice de respostas a essas campanhas; possibilita a segmentação de clientes. SEGMENTAÇÃO DE MERCADO A segmentação de mercado é um processo que consiste na identificação e análise do mercado como um todo, na divisão desse mercado segundo variáveis consideradas relevantes, no agrupamento dos integrantes atuais e potenciais desse mercado e na descrição do perfil de cada segmento identificado. Um segmento de mercado refere-se a um grupo de pessoas ou organizações que reagem de maneira similar a um dado estímulo de marketing, referente às variáveis do mix de marketing (produto, preço, praça e promoção). Trata-se de processo apoiado em pesquisas de marketing que se justifica pelas seguintes razões: permite melhor observação do mercado; possibilita melhor ajuste do produto às necessidades dos clientes; permite melhor controle sobre os programas de marketing implementados, já que se têm melhores informações sobre um grupo de clientes do que de toda a população. Benefícios de segmentação A segmentação de mercado começa pela caracterização de grupos de clientes que tenham algum ou alguns pontos em comum. A segmentação de mercado é a subdivisão de um mercado em subconjuntos distintos de clientes que pode ser selecionado como um objetivo de mercado. O gestor de vendas que considera as diferentes necessidades dos diferentes segmentos de mercado poderá aproveitar as oportunidades de três maneiras. Primeiramente, pode examinar as necessidades de cada segmento em confronto com as ofertas atuais dos concorrentes e determinar o grau de satisfação dos consumidores. Os segmentos com níveis relativamente baixos de satisfação das ofertas atuais podem representar excelentes oportunidades de venda. Em segundo lugar, poderá fazer melhores ajustes de seu produto. Em vez de um programa de marketing dirigido a todos os compradores em potencial o vendedor pode criar programas separados para satisfazer as necessidades de diferentes consumidores. Em terceiro lugar, o vendedor pode desenvolver programas, orçamentos e planos de venda baseados numa idéia mais clara sobre as características de segmentos específicos de mercado. Poderá distribuir recursos de forma mais eficaz, a fim de conseguir os efeitos desejados em diferentes partes do mercado. A prática da segmentação recomenda que se opte por segmentos com os seguintes critérios: 1º) RELEVANTE: o segmento necessita da sua especialidade ou oferta. 2º) NUMEROSO: o segmento é numeroso (o tamanho e o potencial de compras) o suficiente para manter sua empresa ocupada. 3º) ACESSÏVEL: a sua empresa tem meios para alcançar o segmento.com seus esforços de marketing e de vendas. 4º) RENTÁVEL: o segmento tem a capacidade de pagar pelo que procura. Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos 5º) FOCO: o segmento dá maior objetividade à sua busca de negócios, pois você constrói oferta específica para cada segmento Tipos de segmentação. Segmentação demográfica utiliza variáveis demográficas para identificar possíveis grupos homogêneos de indivíduos. Representa o processo mais simples e usual de segmentação, principalmente na obtenção das informações. Exemplos desse tipo de segmentação: • utilização de níveis de renda para concessão de limite de cheque especial – segmentação por níveis de renda ou classe social; • preços diferenciados para mulheres em empresas seguradoras de automóveis – segmentação por sexo; • produtos específicos para pessoas acima dos 70 anos – segmentação por faixa etária. O IBGE é uma fonte importante de informações para esse tipo de segmentação. Variáveis desse tipo de segmentação: o Idade; o Sexo; o Renda; o Profissão; o Instrução ou ocupação; o Religião; o Raça; o Nacionalidade; o Classe social. Segmentação geográfica é a divisão do mercado em grupos, de acordo com a localização, densidade populacional ou clima. O mercado é dividido em unidades espaciais distintas, tais como cidades, estados, países, ou, dependendo da disponibilidade de informações, em bairros ou mesmo ruas ou microrregiões. A segmentação geográfica pode: • revelar mudanças na população, como quais regiões, estados ou cidades têm alcançado maior crescimento populacional; • comparar desejos, necessidades e hábitos das diferentes regiões; • identificar variações climáticas que podem interferir na demanda por produtos. Um exemplo de segmentação geográfica é o Google, que possui o Google Brasil, devido ao fato de as necessidades dos brasileiros serem diferentes das de outros países, não somente pela língua, mas por outros fatores, como cultura e hábitos de consumo. Variáveis desse tipo de segmentação: Por região; o Tamanho do município; o Tamanho da cidade; o Densidade populacional; o Clima. Segmentação psicográfica: nesse processo de segmentação, o mercado é dividido com base no que as pessoas pensam de si mesmas (auto imagem) e em suas personalidades, valores, estilos de vida, interesses e opiniões e propensão à compra e ao consumo. Diversas organizações utilizam pesquisas para proceder à segmentação psicográfica do mercado consumidor, eventualmente associando características socioeconômicas ou demográficas. Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 3 Banrisul Professor Jonas Barbosa Variáveis desse tipo de segmentação: o Estilo de vida; o Personalidade; o Propensão ao consumo. Segmentação comportamental baseia-se nas diferentes atitudes dos consumidores, verificando-se seus comportamentos de consumo (não se pergunta ao indivíduo como ele se percebe ou se comporta). Os principais tipos de segmentação comportamental são: ¾ Por ocasião – os compradores podem ser agrupados de acordo com as ocasiões em que decidem pela compra, quando realizam a compra de fato e quando utilizam o produto comprado. No caso de bancos, por exemplo, clientes potenciais de previdência privada podem ser segmentados de acordo com a faixa etária em que decidem pelo produto: se antes dos 30 anos, entre 30 e 40 anos, etc. ¾ Por benefícios – baseia-se nos tipos de benefício esperado com a utilização do produto. Os benefícios podem ser de natureza: 9 Racional – o consumidor avalia as características funcionais do produto e pondera sobre seus possíveis benefícios e vantagens relativas de sua aquisição. No caso de um automóvel, uma avaliação racional contemplaria, por exemplo, sua potência, espaço interno, custo de manutenção e preço em relação a outros automóveis; 9 Psicológica – refere-se a como o consumidor percebe a capacidade de um produto preencher suas necessidades e desejos. No caso de um automóvel, benefícios de natureza psicológica incluiriam, por exemplo, status social e apreciação pela família. ¾ Por status de usuário – os mercados podem ser segmentados em grupos de: não usuários, usuários potenciais, usuários iniciantes e usuários reguladores de um produto. Bancos podem, por exemplo, agrupar clientes não conforme a sua renda, mas de acordo com o volume de recursos em aplicações, o saldo médio da conta corrente ou o quanto gastam, em média, no cartão de crédito. Por status de fidelidade – clientes podem ter níveis diferentes de fidelidade a marcas de produtos e a organizações: pouco fiéis, muito fiéis e estão deixando a marca. Por exemplo, uma organização que identifica um segmento de clientes pouco fiéis a suas marcas pode detectar quais marcas concorrem com as suas. Examinando os clientes que estão deixando sua marca, a organização também pode aprender sobre seus pontos fracos de marketing. ¾ Pelo índice de utilização do produto (freqüência de uso) – os mercados também podem ser segmentados em: pequenos, médios e grandes usuários. Grupo de clientes de um banco que usam freqüentemente o Internet Banking pode ter características distintas (mais inovadores, menos sociáveis etc.), que podem gerar informações para adaptação do mix de marketing, como a comunicação. Variáveis desse tipo de segmentação: 4 Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos Ocasiões de compras ou uso do produto; o Benefícios; o Status do usuário; o Status de fidelidade; o Índice de utilização (freqüência de uso). Falhas e recuperação de serviços Os clientes têm dois níveis de expectativas – o adequado e o desejado -, que estão separados por uma zona de tolerância. Os níveis podem mudar entre os clientes e entre os encontros de serviço, em razão de fatores pessoais e ambientais. De maneira geral, as falhas são mais identificadas quando os clientes voluntariamente reclamam porque o atendimento está abaixo da zona de tolerância – adequado à situação. Alguns autores estudaram as falhas e recuperação de serviços em bancos de varejo e mediante Técnica do Incidente Crítico – TIC (que será explicado logo a seguir) identificaram cinco categorias com 11 tipos de falhas e sete categorias para as estratégias de recuperação de serviços bancários. Falhas 1. Procedimentos bancários burocracia e vagarosidade; e falhas em manter o cliente totalmente informado de sua situação bancária. 2. Enganos 3. Comportamento de funcionário e treinamento empregado ignorante quanto a certos procedimentos bancários, e empregado sem vontade ou vagaroso em ajudar o cliente. 4. Falhas técnicas/funcionais filas longas ou desorganizadas; caixas eletrônicos fora de serviço; rede de caixas eletrônicos limitada; rede de agências limitada; e cláusulas incompreensíveis em contas, termos de empréstimos, convenções etc. 5. Ações ou omissões do banco que são contra um senso comercial justo Recuperação Estratégias de Recuperação 1. Correções – fazer o certo, eliminar a causa da insatisfação inicial; 2. Tratamento excepcional ao cliente reclamante; 3. Explicações – relacionadas ao que o banco fez de errado, o que fez de correto ou o que o cliente deve fazer para evitar o mesmo problema novamente. 4. Desculpas – de um funcionário ou gerente; 5. Compensação – monetária ou de outro tipo; 6. Redirecionamento da reclamação a outro funcionário ou nível gerencial mais alto. 7. Nada – em resposta à reclamação. A pesquisa revelou que algumas estratégias de recuperação são mais adequadas do que outras para certos tipos de falhas. Por exemplo: correções se aplicam com mais propriedade às falhas de vagarosidade na aprovação de empréstimos, funcionário ignorante, fila Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa longa, funcionário com pouca vontade em atender o cliente, cláusulas incompreensíveis, comunicação e altas taxas. Já para extrato errado e caixa fora de serviço, uma compensação é mais apropriada. A recuperação de serviço com sucesso depende de: 1. Reconhecimento pela Alta Direção de que falhas nos serviços, apesar de não desejadas, são normais e podem ocorrer; 2. Desenvolvimento de estratégias de recuperação de serviço de forma padronizada e adequada aos tipos de falhas; 3. Realização de investimentos em treinamento de funcionários; 4. Encorajamento da delegação de poderes aos funcionários que levem a interações interpessoais significativas com clientes; 5. Estabelecimento de programas de reconhecimento aos funcionários compromissados com a excelência dos serviços a clientes. Técnica do incidente crítico – TIC A técnica do incidente crítico (TIC) foi amplamente utilizada durante a Segunda Guerra Mundial para desenvolver procedimentos na seleção e classificação de candidatos a piloto de avião. Essa técnica permitiu identificar os componentes críticos para um desempenho eficaz dos pilotos quando em ação. Desde então, a TIC tem sido utilizada na gestão de pessoas e, recentemente, na gestão de serviços. Em serviços, a TIC tem sido largamente empregada para compreender com os clientes ou funcionários percebem as falhas ou sucessos relacionados à entrega do serviço. A TIC pode ser descrita como “um conjunto de procedimentos para coleta, por observação direta, de comportamentos humanos de maneira que facilite sua utilidade potencial na solução de problemas práticos”. Essas observações são coletadas de incidentes específicos. Estes últimos são considerados críticos quando existem três critérios: 1. As ações dos participantes são completas o suficiente para se realizar inferências e predições sobre os participantes; 2. Os intentos das ações dos participantes são claros; 3. As conseqüências das ações são suficientemente seguras, sem deixar dúvidas quanto a seus efeitos. A realização de uma análise desse tipo de pesquisa possibilita o mapeamento dos incidentes que ocorrem durante a entrega de serviço e poder ser significativos para determinar se os clientes estão satisfeitos ou não. A TIC não consiste em um conjunto rígido de procedimentos para se coletar informações. Pelo contrário, trata-se de um conjunto flexível de procedimentos que deve ser modificado e adaptado às situações específicas. Assim, da observação direta passou-se à utilização de depoimentos dos envolvimentos nas interações, tornando a técnica menos onerosa. Em termos práticos, a TIC compreende dois estágios. No primeiro estágio buscam-se os dados específicos sobre o objeto de interesse a ser analisado. Os dados são obtidos diretamente dos envolvidos no encontro de serviço, sejam eles clientes ou funcionários que os atendem. No segundo estágio, os incidentes críticos descritos, organizados a partir dos dados coletados classificados em grupos que tratem de refletir características do objeto de interesse. Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos O estágio da coleta de informações compreende cinco passos: 1. Determinação do objetivo geral de uma atividade; 2. Desenvolvimento de um plano para coleta dos dados; 3. Coleta dos dados; 4. Análise dos dados; 5. Interpretação dos resultados. Encontro de serviços são as interações pessoais entre clientes e empregados das empresas de serviço durante determinado tempo e as interações entre os clientes e equipamentos de auto-atendimento ou instalações físicas também podem ser considerados como encontros. MARKETING DE SERVIÇOS Serviço adequado: é aquele que se espera encontrar o mínimo aceitável. Não deixa o cliente insatisfeito. A percepção é relativa. Em um lugar que não possui um serviço com alto padrão de qualidade, o mínimo pode ser o adequado. Conforme o esperado pelo cliente, sua exigência padrão aumenta ou diminui. Serviço desejado: é o serviço que encanta. O cliente teve suas expectativas excedidas. Conceito de Serviços: Um serviço é qualquer ato ou desempenho essencialmente intangível que uma parte pode oferecer a outra e que não tem como resultado a propriedade de algo. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um bem. O marketing de serviços é a aplicação da filosofia do marketing às peculiaridades dos serviços. O marketing de serviços tem como foco as seguintes dimensões: ¾ os clientes atuais e potenciais; ¾ os funcionários; ¾ a interação cliente-prestador de serviço (o chamado “encontro do serviço”, em que há a interação entre o provedor ou prestador de serviço e o cliente). Além dos elementos do mix de marketing tradicional, o mix de marketing de serviços considera outros três P’s: Pessoas – atributos relacionados aos participantes do processo (o colaborador da organização e o próprio cliente); Processos – atributos relacionados aos processos do serviço; Evidências físicas (Physical evidence, em inglês) – atributos relacionados às evidências físicas que envolvem a prestação de serviços. As principais características dos serviços são: intangibilidade, perecibilidade, inseparabilidade e variabilidade. Os programas de marketing são muito afetados por essas características. Intangibilidade Os bens são intangíveis quando não podem ser vistos, sentidos ou provados antes de serem comprados. Dessa forma, um serviço é essencialmente intangível, pois é incapaz de ser tocado ou sentido da mesma maneira que os bens físicos. As implicações decorrentes da intangibilidade são: Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 5 Banrisul Professor Jonas Barbosa falta de proteção de patentes – serviços não podem ser patenteados. Esse é um dos problemas na estratégia de diferenciação de uma organização de serviços, pois esses podem ser facilmente copiados; dificuldade para a comunicação – os atributos do serviço são difíceis de ser identificados pelo mercado-alvo. Um exemplo é o seguro, que pode ser pago por anos e o beneficiário não vir a fazer uso dele. Se ele não experimenta o produto, não tem como avaliá-lo; daí a dificuldade do provedor de serviços em comunicar os atributos do produto; estabelecimento do preço – o preço de venda de um bem tem por base, entre outros fatores, o custo da produção e o lucro. No caso dos serviços, como calcular o preço se não há um custo tradicional de produção? Por isso, nos serviços o conceito de valor para o cliente é particularmente útil para embasar o valor do trabalho de um profissional, que dependerá do prestador e de parâmetros que podem ser percebidos como caros para uns e baratos para outros, como os custos da entrega. Um consultor, por exemplo, poderá cobrar um preço que só será aceito se o contratante conseguir perceber o valor do trabalho que será apresentado. A intangibilidade, como as outras características dos serviços, apresenta implicações desvantajosas para o provedor de serviços. Por isso, o desafio para profissionais que trabalham com marketing de serviços é minimizá-la por meio de evidências físicas, criando tangibilidade para o cliente. Um ortodontista pode mostrar ao usuário de aparelho corretivo, por computador, como sua arcada dentária ficará após o tratamento. Um banco pode tentar tangibilizar a rapidez de atendimento usando agências com layout inteligente, fila única, etc. Observemos alguns aspectos que podem ser trabalhados para tornar o serviço tangível: 9 ambiente – decoração e arrumação; 9 pessoas – apresentação, número, idade e perfil em relação a público-alvo do serviço; 9 equipamento – computadores e mobiliário; 9 materiais de comunicação – qualidade dos impressos, cartões, cartazes e do texto; 9 símbolos – nome e logomarca (com alusão ao que se quer transmitir); 9 preços – níveis e formas de pagamento explícitos; garantias para redução da percepção do risco; 9 imagem organizacional – a percepção da organização construída ao longo dos anos influencia diretamente a percepção de risco por parte dos clientes potenciais. Perecibilidade A perecibilidade está relacionada com o fato de que os serviços não podem ser guardados ou estocados. Em conseqüência, a capacidade de serviços não-utilizada não pode ser recuperada. Além disso, não existe separação entre o setor de produção e a área de vendas, pois não há o que estocar e entregar. Não há, por exemplo, como o cabeleireiro estocar cortes de cabelo e nem como o cliente devolver um corte de cabelo mal feito. As implicações decorrentes da perecebilidade são: 6 Atualizada Dezembro/2009 9 9 Cenários Economicos dificuldade em sincronizar a oferta e a demanda em serviços(não há estoques) – há períodos de ociosidade nas organizações de serviço e períodos em que a demanda é maior do que a capacidade de atendimento. Por exemplo: hotéis ficam normalmente lotados nos períodos de férias e vazios em outras épocas do ano (na baixa temporada), obrigando a dispensa de profissionais competentes e treinados. É necessário montar uma estratégia de equilíbrio entre a demanda e a oferta; não há devolução ou revenda em serviços – serviços mal feitos ou que não agradam o cliente não podem ser devolvidos. Diferentemente de um bem, como um sapato,não se pode, após sua conclusão, trocar um serviço (como uma sessão de fisioterapia, por exemplo) mesmo que o cliente não esteja satisfeito. Entretanto, algumas estratégias podem minimizar as desvantagens da perecibilidade. São elas: 9 diferenciação de preço – para deslocar a demanda dos períodos de pico para os de baixo movimento. Por exemplo, preços especiais de cinema em determinadas sessões ou determinados dias da semana; 9 incentivos à demanda no período de baixa – pode-se usar o tempo de inatividade atendendo outro segmento de mercado. Por exemplo, a indústria de fast food começou a oferecer serviço de café da manhã, horário em que geralmente seus serviços não eram demandados e hotéis oferecem vantagens para empresas que queiram realizar convenções em seus espaços durante a semana, diluindo seu custo fixo; 9 oferta de serviços durante a espera – podem ser serviços complementares (como no caso de restaurantes que criam bares para servir aperitivos aos clientes enquanto esses aguardam a desocupação de mesas) ou serviços que adiantem a prestação do serviço principal quando esse for ocorrer, como a tiragem de pedidos, o recebimento antecipado do pagamento, o preenchimento prévio de formulários etc; 9 sistema de reservas – os clientes antecipam suas solicitações de serviço em determinado horário, dia ou período, minimizando as flutuações de demanda e permitindo a adequada alocação dos recursos envolvidos no atendimento; 9 contratação de mão-de-obra temporária – é o caso de hotéis e restaurantes de regiões de turismo, que contratam pessoas para trabalhar somente nos fins de semana; 9 rotinas distintas em horários de pico – os funcionários são treinados para atuar em diversos setores e deslocados para o setor que se encontra em horário de pico; 9 incentivos à participação do cliente – o cliente torna-se um agente ativo, providenciando ele própria a “entrega” do serviço. Bancos utilizam terminais de auto-serviço (autoatendimento) e restaurantes usam o sistema de self-service; Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa 9 9 9 serviços compartilhados – quando não se pode conter a demanda, tem-se a opção de aumentar a oferta pelo uso de serviço de terceiros para prestar o serviço ao cliente. E quando a demanda é reduzida a ponto de não proporcionar o retorno financeiro mínimo desejável para que se possam utilizar os recursos humanos e materiais necessários, pode-se valer da oferta de outros para que o cliente seja atendido. Empresas de transporte aéreo utilizam agentes de viagem para expandir seus serviços e vôos compartilhados com outras empresas quando a demanda é pequena em uma rota; previsões para expansão – adota-se um planejamento de longo prazo em que se tenta antecipar as possibilidades de crescimento da demanda, podendo-se, assim, prever a necessidade de expansões futuras das instalações físicas e providenciá-las; uso da tecnologia – consiste em “estocar”, de certa forma, o atendimento por meio de um atendimento prévio prestado por meios eletrônicos, como a secretária eletrônica e a internet. No caso do internet banking, o cliente tem o atendimento bancário disponível 24 horas por dia, como se o serviço oferecido pelo banco estivesse “estocado” para pronto uso. Inseparabilidade A maior parte dos serviços é primeiramente vendida e, então produzida e consumida simultaneamente. Além disso, a pessoa que presta serviço é parte dele. E, se o cliente também está presente durante a prestação do serviço, ele também afeta os resultados, sendo sua interação como prestador do serviço mais uma faceta da inseparabilidade. As principais implicações decorrentes da inseparabilidade são: 9 clientes participam e interferem na transação – os clientes interferem no resultado do serviço à medida que não conseguem expor corretamente suas expectativas em relação ao serviço desejado. Num corte de cabelo, por exemplo, o cliente participa do processo de entrega do serviço, que fica prejudicado se ele não fornecer suas expectativas e informações corretas. Quando há dependência da presença do cliente e, portanto, de disponibilidade em sua agenda, às vezes torna-se difícil para o prestado do serviço cumprir sua própria agenda; 9 clientes se afetam mutuamente – cliente se afetam à medida que têm uma experiência compartilhada, que pode ser negativa ou positiva. Se em um restaurante um cliente, ao lado de outro, faz uma reclamação, a avaliação do restaurante pelo segundo pode vir a ser afetada pela manifestação do primeiro. Os participantes da platéia de um teatro influenciam-se mutuamente para a experiência da peça teatral em si. Aplausos e vaias são contagiantes; 9 funcionários afetam o serviço prestado – o desempenho de um serviço corresponde ao desempenho da pessoa que o presta e a satisfação do cliente depende de sua impressão sobre essa pessoa; Atualizada Dezembro/2009 9 Cenários Economicos limitações para a produção em massa – uma das formas de minimizar custos dos bens é a produção em escala. Em serviços, isso é difícil de ocorrer. Um caixa de banco não tem como atender cinco clientes de uma só vez. Alguns serviços podem minimizar essa característica, embora não completamente. Em um curso, é possível colocar 30 alunos em uma turma, mas será inviável prestar a mesma qualidade de serviço para uma turma de 200 alunos. Em relação à inseparabilidade, há também estratégias que podem ser utilizadas para minimizar suas desvantagens: atender a grupos maiores. Por exemplo, um psicólogo pode incrementar a terapia fazendo-a em grupo; reduzir o tempo de atendimento, o que, no entanto, embora possa aumentar o número de clientes atendidos, pode também reduzir a qualidade do serviço; diminuir a ocorrência de problemas de serviços, pelo provimento de treinamento e de incentivos para os funcionários, mantendo-os satisfeitos. dar atenção especial ao “cliente-problema”, ou seja, aquele que interrompe a prestação do processo do serviço, para que a satisfação dos demais clientes não seja afetada. Variabilidade Trata-se da variação na constância e na qualidade de uma transação de serviço em relação à seguinte. Um serviço prestado a um cliente não é exatamente o mesmo serviço prestado ao próximo cliente ou ao mesmo cliente, em uma outra ocasião. Ou seja, um atendimento é realizado por pessoas, que podem mudar sua atuação de um momento para outro, dependendo da situação, de seu humor, da interação com o cliente, da habilidade do cliente em expressar corretamente suas necessidades e da habilidade do funcionário para interpretá-las e atender corretamente as expectativas do cliente. Além disso, mesmo que o atendente se esforce por prestar um serviço padronizado, cada cliente terá percepções distintas do serviço prestado. A principais implicações da variabilidade são: 9 a dependência das ações dos funcionários para a prestação do serviço; 9 a dificuldade de exercer controle da qualidade do serviço prestado. Algumas estratégias para combater a variabilidade são: estabelecer padrões de atendimento que devem ser observados por todos os prestadores de serviços da organização; promover cuidadosa seleção de pessoal, de acordo como perfil do público-alvo. Por exemplo, em locadoras de filmes, os atendentes dever ser interessados em cinema e conhecer os produtos ofertados; treinar intensivamente o pessoal, adaptando a prestação dos serviços às peculiaridades locais ou aos perfis dos clientes. Muitas vezes, suprimir características locais pode trazer mais problemas, ao invés de contribuir para melhorar a qualidade do serviço. Assim, é comum encontrarmos no Nordeste do Brasil hotéis de cadeias internacionais que adotam trajes típicos como uniformes para seus atendentes e mantêm linguagem local no atendimento aos clientes, sem perder a qualidade do serviço. substituir parte do trabalho do atendente por máquinas, como por exemplo o auto-atendimento em bancos, o atendimento pelo telefone com sistema de Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 7 Banrisul Professor Jonas Barbosa resposta audível e a internet. Contudo, dependendo do segmento de mercado, muitos clientes podem se desinteressar pelo serviço quando o atendimento é muito automatizado; promover a customização do serviço, tirando vantagem da variação inerente ao serviço e desenvolvendo-o para satisfazer às exatas especificações de cada cliente. Trata-se de prestar um serviço diferenciado (e o cliente pode, inclusive, estar disposto a pagar mais por isso). FATORES DE SATISFAÇÃO Conceito de Satisfação De maneira geral, pode-se definir satisfação como um estado psicológico resultante do processo de compra e de consumo. Outra definição: “The evoluation rendered that the experience was at least as good as it was supposed to be.” Tradução: A avaliação mostrou que a experiência era tão boa quanto a esperada. Essa definição inclui três elementos características do conceito de satisfação: estado psicológico, posterior à compra (experiência) e relativo. A natureza do estado psicológico opõe-se àqueles que enfatizam o cognitivo ou o afetivo. A definição sugere já uma síntese entre estes dois pontos de vistas extremos: trata-se de um julgamento avaliativo e integrante de elementos afetivos; trata-se da avaliação de uma emoção e não a emoção por si mesma. A natureza da experiência, referida pelo julgamento de satisfação, é o conjunto da experiência de consumo. Em certos casos, os estudos sobre a satisfação foram centrados sobre as partes deste processo, tais como o próprio ato de compra ou o consumo ou o uso do produto ou serviço. Em todos os casos, trata-se de um julgamento posterior à compra. A natureza do caráter relativo da satisfação traduz o fato de que a avaliação é um processo comparativo entre a experiência subjetiva vivida pelo consumidor e uma base de referência inicial, isto é, anterior a compra. De acordo com os etimologistas, satisfação deriva do latim satis (suficiente) e facere (fazer). Assim, produtos e serviços satisfatórios têm a capacidade de prover o que está sendo procurado a ponto de ser suficiente. Duas palavras relacionadas são saciação, que de qualquer maneira significa suficiente a ponto excesso, e saciedade, que pode significar um excesso ou muito mais do que suficiente, como se fosse dizer que muito é necessariamente indesejável. Estes termos ilustram o ponto que satisfação, implica suprir abundantemente (filling) e satisfazer (fulfilling), talvez até o limiar de efeitos indesejáveis. A satisfação dos clientes e a qualidade do atendimento e serviços nunca podem ser consideradas como definitivas, e sim um processo dinâmico e inacabado. A partir do momento que se disponibiliza a melhor tecnologia, o melhor modus operandi do atendimento, torna-se o processo de atendimento público da empresa e, portanto, passível de imitações e inovações que tornarão este mesmo processo, até então excelente, em algo possível de cópia pela concorrência. Alerta-se para as armadilhas da diferenciação, evidenciando que “o fato de uma empresa ser singular em alguma coisa não significa necessariamente que ela é diferenciada. A singularidade não resulta em diferenciação, a menos que reduza o custo do comprador e eleve o seu desempenho”. 8 Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos É evidente que o preço-prêmio decorrente da diferenciação é uma função do valor da diferenciação e de sua sustentabilidade. Um concorrente diferenciado será abandonado pelos compradores caso o preço atinja cifras demasiadamente altas. Se uma empresa mantiver seus custos mais ou menos iguais aos da concorrência, o preço-prêmio pode ultrapassar os níveis sustentáveis, mesmo que a diferenciação seja mantida. Dimensão da satisfação Recentemente propôs-se uma classificação de cinco categorias, para a variação semântica da palavra “satisfação”, fundamentadas sobre uma tipologia das reações afetivas. Apresenta a satisfação como modalidades alternativas que podem ocorrer, segundo as características do consumidor, do produto ou situação de consumo. a) contentamento – correspondente à ausência de insatisfação e se produz em situação de fraca implicação; b) prazer – resultante de uma reação, principalmente afetiva, à aquisição do produto; c) alívio – produzido quando se evita ou elimina um estado negativo; essa categoria pertence, como a procedente, à classe mais geral das “satisfações de reforço”; d) novidade – correspondente aos produtos ou situações em que o consumidor procura deliberadamente ser confrontado com uma experiência nova; e) surpresa – pertencente, como na categoria anterior, à classe do não esperado, mas se distingue desta última pelo fato de que ele se produz sem que o consumidor a espere ou a pesquise. Governança Corporativa Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.” Na primeira metade dos anos 90, em um movimento iniciado principalmente nos Estados Unidos, acionistas despertaram para a necessidade de novas regras que os protegessem dos abusos da diretoria executiva das empresas, da inércia de conselhos de administração inoperantes e das omissões das auditorias externas. Conceitualmente, a Governança Corporativa surgiu para superar o "conflito de agência", decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Nesta situação, o proprietário (acionista) delega a um agente especializado (executivo) o poder de decisão sobre sua propriedade. No entanto, os interesses do gestor nem sempre estarão alinhados com os do proprietário, resultando em um conflito de agência ou conflito agenteprincipal. A preocupação da Governança Corporativa é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. A boa Governança proporciona aos proprietários (acionistas ou cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a monitoração da direção executiva. As principais ferramentas que asseguram o controle da propriedade sobre a gestão são o conselho de administração, a auditoria independente e o conselho fiscal. A empresa que opta pelas boas práticas de Governança Corporativa adota como linhas mestras a transparência, a prestação de contas, a equidade e a responsabilidade corporativa. Para tanto, o conselho de administração deve exercer seu papel, estabelecendo estratégias para a empresa, elegendo e destituindo o principal executivo, fiscalizando e avaliando o desempenho da gestão e escolhendo a auditoria independente. A ausência de conselheiros qualificados e de bons sistemas de Governança Corporativa tem levado empresas a fracassos decorrentes de: - Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre terceiros); - Erros estratégicos (resultado de muito poder concentrado no executivo principal); - Fraudes (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de interesses). Governança no Brasil No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes surgiram em resposta ao movimento pelas boas práticas de Governança Corporativa e à necessidade das empresas modernizarem sua alta gestão, visando tornarem-se mais atraentes para o mercado. O fenômeno foi acelerado pelos processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia, que resultaram em um ambiente corporativo mais competitivo. Oligopólios, empresas exclusivamente de controle e gestão familiar com alta concentração do capital, acionistas minoritários passivos e conselhos de administração figurativos passaram a dar lugar a investidores institucionais mais ativos, maior dispersão do controle acionário, maior foco na eficiência econômica e transparência da gestão. As privatizações ensejaram as primeiras experiências de controle compartilhado no Brasil, formalizado por meio de acordo de acionistas. Nessas empresas, os investidores integrantes do bloco de controle passaram a dividir o comando da empresa, estabelecendo contratualmente regras. Os investidores institucionais - seguradoras, fundos de pensão e fundos de investimentos, entre outros assumiram uma postura ativa, passando a comparecer nas assembleias gerais, a exercer os direitos de voto de suas ações e a fiscalizar de modo mais próximo a gestão das companhias investidas. A abertura e consequente modificação na estrutura societária das empresas também ocorreram no mercado financeiro. Houve aumento de investimentos de estrangeiros no mercado de capitais, o que reforçou a necessidade das empresas se adaptarem às exigências e padrões internacionais. Em resumo, as práticas de Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos Governança Corporativa tornaram-se prioridade e fonte de pressão por parte dos investidores. Como resultado da necessidade de adoção das boas práticas de Governança, foi publicado em 1999 o primeiro código sobre governança corporativa, elaborado pelo IBGC. O código trouxe inicialmente informações sobre o conselho de administração e sua conduta esperada. Em versões posteriores, os quatro princípios básicos da boa governança foram detalhados e aprofundados. Quatro princípios básicos da governança: transparência, eqüidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa. A definição de Governança Corporativa para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é: governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho e administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. Em 2001, foi reformulada a Lei das Sociedades Anônimas e, em 2002, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lançou sua cartilha sobre o tema Governança. Documento focado nos administradores, conselheiros, acionistas controladores e minoritários e auditores independentes, a Cartilha visa orientar sobre as questões que afetam o relacionamento entre os já citados. Outra contribuição à aplicabilidade das práticas de Governança partiu da Bolsa de Valores de São Paulo, ao criar segmentos especiais de listagem destinados a empresas com padrões superiores de Governança Corporativa. Além do mercado tradicional, passaram a existir três segmentos diferenciados de Governança: Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado. O objetivo foi o de estimular o interesse dos investidores e a valorização das empresas listadas. Basicamente, o segmento de Nível 1 caracteriza-se por exigir práticas adicionais de liquidez das ações e disclosure. Enquanto o Nível 2 tem por obrigação práticas adicionais relativas aos direitos dos acionistas e conselho de administração. O Novo Mercado, por fim, diferenciase do Nível 2 pela exigência para emissão exclusiva de ações com direito a voto. Estes dois últimos apresentam como resultado esperado a redução das incertezas no processo de avaliação, investimento e de risco, o aumento de investidores interessados e, conseqüentemente, o fortalecimento do mercado acionário. Resultados que trazem benefícios para investidores, empresa, mercado e Brasil. Glossário de Governança Corporativa Ação ordinária: ação que confere a seu titular os direitos de voto nas instâncias decisórias da sociedade, além do direito de participar dos resultados da companhia. A cada ação ordinária corresponde um voto nas deliberações da Assembleia Geral. Ação preferencial: classe de ações que confere aos seus detentores determinadas vantagens de natureza financeira ou política em troca de restrições parciais ou totais no exercício do poder de voto. As vantagens podem incluir prioridades na distribuição de dividendo e/ou reembolso de capital, tag along, dividendos 10% superiores aos das ações ordinárias, dentre outros. O Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 9 Banrisul Professor Jonas Barbosa estatuto deve definir as situações nas quais as ações preferenciais têm direito de voto. Acionista majoritário: pessoa física ou jurídica, ou grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) seja titular de direitos de sócio que lhe assegurem a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; b) use efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Acionista minoritário: proprietário de ações, cujo total não lhe permite participar do controle da companhia. Auditoria independente: órgão externo à organização e isento de conflito de interesses, que tem a atribuição básica de verificar se as demonstrações financeiras refletem adequadamente a realidade da organização. Código de conduta: manual elaborado pela diretoria de acordo com os princípios e políticas definidos pelo conselho de administração, visando orientar administradores e funcionários na sua forma de conduta profissional cotidiana. O código de conduta deve também definir responsabilidades sociais e ambientais. Comitê de auditoria: órgão estatutário formado por conselheiros de administração, e que se reporta ao colegiado integral do conselho de administração, para tratar dos assuntos relacionados às normas a serem cumpridas pelos auditores independentes contratados por essas instituições. O comitê é instituído para analisar as demonstrações financeiras, promover a supervisão e a responsabilização da área financeira, garantir que a diretoria desenvolva controles internos confiáveis e que a auditoria interna desempenhe a contento o seu papel, selecionar, fixar a remuneração, acompanhar o trabalho e, sendo o caso, decidir pela destituição dos auditores independentes, zelando para que estes façam uma correta revisão das práticas da diretoria e da auditoria interna. Conflito de interesses: há conflito de interesses quando alguém não é independente em relação à matéria em discussão e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses distintos daqueles da organização. Free float (Ações em Circulação): quantidade de ações de uma empresa disponível para negociação livre em mercado de capitais, ou seja, são todas as ações de emissão da companhia exceto aquelas: (i) de titularidade do acionista controlador, de seu cônjuge, companheiro(a) e dependentes incluídos na declaração anual de imposto de renda; (ii) em tesouraria; (iii) de titularidade de controladas e coligadas da companhia, assim como de outras sociedades que com qualquer dessas integre um mesmo grupo de fato ou de direito; (iv) de titularidade de controladas e coligadas do acionista controlador, assim como de outras sociedades que com qualquer dessas integre um mesmo grupo de fato ou de direito; e (v) preferenciais de classe especial que tenham por fim garantir direitos políticos diferenciados, sejam intransferíveis e de propriedade exclusiva do ente desestatizante. Cenários Economicos regras que explicita as responsabilidades, atribuições, funcionamento, rotinas de trabalho e interação entre os principais órgãos da empresa, entre eles o conselho de administração, seus comitês, diretoria, conselho fiscal e conselho consultivo, se existente, prevenindo situações de conflito, notadamente com o executivo principal (CEO). Sessão Executiva: parte da reunião do conselho de administração na qual o executivo principal ou integrantes da diretoria não participam. Stakeholders (Partes interessadas): indivíduos ou entidades que assumam algum tipo de risco, direto ou indireto, em face da sociedade. São elas, além dos acionistas, os empregados, clientes, fornecedores, credores, governos, entre outros. Tag along: é a extensão parcial ou total, a todos os demais sócios das empresas, das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle de uma sociedade. PROPAGANDA Propaganda: do latim propagare “coisas que devem ser propagadas”. Conceito – Pode ser definida como: a manipulação planejada da comunicação visando, pela persuasão, promover comportamentos em benefício do anunciante que a utiliza. Geralmente, cabe à propaganda, informar e despertar interesse de compra/uso de produtos/serviços, nos consumidores, em benefício de um anunciante (empresa, pessoa ou entidade que se utiliza da propaganda). Função da propaganda: Mudar hábitos, recuperar uma economia, criar imagem, promover o consumo, vender produtos, informar o consumidor. A propaganda é vital para os principais produtos de consumo, que são mais vendidos quando mais anunciados. Mesmo que o produto seja muito superior aos concorrentes, o consumidor precisa saber disso. É fato incontestável que todos os integrantes das modernas sociedades de consumo são influenciáveis pela propaganda. Não há como escapar de sua influência. Nem querendo. A propaganda seduz nossos sentidos, mexe com nossos desejos, revolve nossas aspirações, fala com nosso inconsciente, nos propõe novas experiências, novas atitudes, novas ações. Por ser um instrumento de ação muito poderosa, capaz de proporcionar inúmeros benefícios para quem utiliza, a propaganda traz em si o grande perigo de sem mal empregada. Isso porque seu mecanismo de funcionamento parece simples e seu poder de fogo à prova de qualquer defesa ou contra ataque. Nada mais enganoso. A propaganda é hoje uma atividade bastante complexa, que conta com alta tecnologia, muita experiência acumulada e requer talentos específicos para manipulá-la da forma mais convincente. Da mesma forma que pode ser responsável pelo estrondoso sucesso de uma empresa, marca ou produto, a propaganda também pode ser absolutamente inútil, ou, Regimento interno do Conselho: conjunto de normas e 10 Atualizada Dezembro/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa o que é pior – mas acontece – até acabar trabalhando contra. É preciso, portanto, usar a propaganda com muita cautela, bom senso e cuidando com atenção de cada um de seus muitos detalhes. Porque se faz propaganda? Muitas são as razões que levam os anunciantes a fazerem propaganda, mas essas podem ser divididas em dois grandes grupos: a propaganda com objetivos promocionais (de venda) bem explícitos e definidos e a propaganda institucional. A propaganda com objetivos promocionais, ou de produtos, é aquela cuja função básica é a venda de produtos ou serviços de uma empresa. Pode ser direta, como é o caso de um anúncio sobre a liquidação de uma loja, ou indireta, como no caso em que se anunciam as virtudes – ou simplesmente o nome – de determinada marca de produto ou serviço. A propaganda, nesse caso, é feita porque as pessoas tendem a comprar (ou usar) os produtos (e serviços) que mais conhecem, nos quais acreditam mais e sobre os quais estão melhor informadas. Assim, a propaganda adquire importância fundamental no processo econômico, uma vez, que, de um lado, funciona como elemento vital para que as empresas conquistem mais consumidores e expandam suas atividades, e, de outro, para que os consumidores estejam melhor informados e possam escolher adequadamente o que consumir. As principais tarefas da propaganda como instrumento de promoção de vendas e negócios (venda de produtos) são: ¾ Divulgação da marca ou empresa para torná-la mais íntima dos consumidores que já conhecem ou faze-la conhecida pelos que não a conheçam; ¾ Promoção da marca ou empresa para seus consumidores visando aumentar sua presença entre eles ou ressaltando seus aspectos mais competitivos em relação ao que existe no mercado e é oferecido pela concorrência; ¾ Criação do mercado para a marca ou empresa através da conquista de consumidores; ¾ Expansão do mercado através da conquista de mais consumidores; ¾ Correção do mercado, quando a imagem da marca ou empresa não estiver sendo percebida de maneira adequada pelos consumidores ou quando estes não estiverem corretamente informados das características e vantagens do produto ou serviço do anunciante; ¾ Educação do mercado, quando o consumo depender da formação de uma atitude ou hábito do consumidor; ¾ Consolidação do mercado, quando o importante for solidificar uma posição conquistada, através da reafirmação das qualidades da marca ou empresa; ¾ Manutenção do mercado, através da constante reafirmação das características e vantagens da marca ou empresa e da ação de resposta aos ataques e esforços da concorrência. Quanto à propaganda de caráter institucional, seu objetivo final também acaba por ter um sentido promocional, uma vez que os consumidores tendem a Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos dar a preferência às empresas mais conhecidas e com melhor imagem. A propaganda institucional mais comumente realizada é a que explica a filosofia, os objetivos e as ações das organizações (públicas e privadas), com o teor eminentemente informativo. Outros gêneros válidos de propaganda institucional e também empregues são os que atendem, de forma indireta, a um objetivo institucional. Ou seja, geram simpatia e ajudam a construir uma boa imagem das empresas anunciantes sem que, para isso, a propaganda fale especificamente sobre elas. Podem se encaixar nesse caso, a propaganda comunitária (em prol de alguma causa social), de fundo cultural (promovendo algum tipo de expressão artística), de utilidade pública (incentivando comportamento úteis, pessoal e socialmente), de caráter beneficente, de fundo cívico (destacando datas e eventos) e outras características e objetivos semelhantes. Sobre a propaganda dos bancos. Este estudo é baseado no livro de Alexandre Las Casas, chamado Marketing Bancário. Foram analisadas as propagandas de bancos que circularam na mídia, principalmente na televisão, entre 1995 e 2005. De acordo com o estudo, o mercado de atuação dos bancos pode ser dividido em segmentos, gerando uma classificação em quatro grandes categorias, a saber: Bancos de Investimentos – que se caracterizam pelo baixo volume de atividades comerciais de empréstimos, mas são muito fortes em ajudar empresas com problemas de capital. Atuam intensamente na área de trading, como a compra e venda de ativos financeiros, tanto em nível nacional, como internacional. Asset Management – bancos que fazem a gestão de fundos de pensão e de ativos, tanto de pessoas físicas, como jurídicas. Não trabalham com crédito, sendo sua única atividade a administração de recursos. Grandes bancos de varejo – banco que vendem de tudo, para qualquer um, em qualquer lugar. Full Banks – bancos que vendem de tudo, só que para alguns clientes, procurando targets mais específicos e operando em alguns lugares. . Ex: Bank Boston. No que se chama de mensagens institucionais, apresentavam diversos direcionamentos, tais como: • A comemoração do aniversário da instituição, como 50, 60, 70 ou 75 anos; • Votos de Feliz Ano Novo, em comerciais veiculados nos meses de dezembro; • Menções a ações culturais, educativas, esportivas e artísticas apoiadas pelas organizações; • Para o patrocínio de programas; • Lançamento da instituição no mercado e abertura de agências; • Notícia de fusão ou compra de outro banco; • Construção da imagem da marca e do banco; • A dimensão ou grandeza do banco; • A internacionalização da instituição; • A capacidade em trazer resultados para os clientes; • A agilidade, solidez, segurança, rentabilidade e ao atendimento personalizado; • O profundo conhecimento das necessidades de cada região brasileira; Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 11 Banrisul Professor Jonas Barbosa • • • • • A oferta de ampla gama de serviços; A intenção de ajudar os clientes a realizar seus sonhos; Esperança no futuro, otimismo e progresso pessoal; Saber orientar melhor no momento dos investimentos ou compra de planos. Resumo: os argumentos utilizados nas campanhas transitaram em torno dos seguintes tópicos: agilidade, atendimento/orientação, bons resultados, conhecimento/know-how, consciência social, dimensão/grandeza, internacionalidade, longevidade ou tradição, simpatia, variedade de produtos e serviços. Com respeito à propaganda de produtos, as mensagens das instituições bancárias apregoavam as seguintes vantagens: • Facilidade para o correntista via cartão de crédito, pagamento de contas, cheques enviados pelo correio e aplicações financeiras; • Fácil aceite do cartão em qualquer estabelecimento; • Oferta de cartão de crédito para ser usado exclusivamente via internet, com anuidade gratuita; • Estímulo ao uso do cartão de crédito com oferta de juros decrescentes em função do seu maior uso; • Crédito pré-aprovado; • Vantagens para o uso do cheque especial por um período de tempo sem juros; • Descontos nas tarifas em função de maior uso do banco; • Aplicação do saldo da conta em poupança; • Parcelamento no pagamento com cheques; • Proteção dos planos de seguros e de previdência ofertados pelos bancos; • Melhor orientação para a aquisição de planos de previdência; • Garantia de rentabilidade nas aplicações financeiras,menores taxas e isenção de tributação; • Notícia de site para atendimento ao cliente; • Banco via internet; • Agilidade no atendimento ao cliente e diversidade de produtos como financiamento da habitação, conta corrente on-line, cheque especial, crédito facilitado; • Convite para abertura de conta corrente; • Convite para abertura de conta corrente para aposentados; • Investimento em longo prazo em favor dos filhos; • Estímulo para investir em fundos, CDBs e caderneta de poupança; • Estímulo para a tomada de empréstimos para pagamento de despesas domésticas; • Aconselhamento sobre o uso consciente do crédito; • Linha de crédito ao pequeno agricultor; • O cuidado do banco para com as finanças dos clientes especiais; • Apoio dado aos clientes; • Comunicação da data de sorteios da Megasena; • Estímulo a participar de loteria. 12 Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos As mensagens analisadas estão calcadas em dois eixos: 1) na sua dimensão, no seu porte, se é ou não um grande banco; 2) na sua nacionalidade, se é um banco nacional ou internacional. Apesar da classificação apontar para alguma direção, a identificação dos bancos por nacionalidade e tamanho não é suficiente para conferir um diferencial competitivo, uma vez que vários se encontram no mesmo quadrante. Em busca de diferenciais mais específicos, foi possível, então, identificar quatro outras dimensões nas mensagens das diferentes campanhas de propaganda das instituições analisadas. Cada uma a seu modo, incorporava: 1) Valores sociais – instituindo programas assistenciais ou de apoio às comunidades e atividades sociais, esportivas, culturais, ambientais e outras do gênero; 2) Valores pessoais – procurando mostrar que o banco se interessa em facilitar a vida das pessoas, orientando e oferecendo produtos que venham a melhorar a qualidade de vida de cada uma; 3) Confiabilidade – demonstrando o conhecimento que a entidade possui sobre os mercados e colocando esse know-how à disposição dos clientes, ao mesmo tempo em que comunica a sua dimensão financeira avançada tecnologia; 4) Eficiência nos serviços prestados – propiciando rentabilidade nas aplicações financeiras, flexibilidade para atender às necessidades dos correntistas, orientação nos empréstimos e planos de previdência, além de produtos específicos a determinados segmentos de usuários. Chega-se à conclusão de que a diferença entre as mensagens dos bancos está na sua especificidade e não baseada em um conceito, já que as abordagens são muito semelhantes dentro daquelas quatro dimensões (valores sociais, valores pessoais, confiabilidade e eficiência nos serviços). Sob esse aspecto, escolhendo somente os bancos que tiveram maior número de comerciais registrados no período analisado da pesquisa, de 1995 a 2005, é possível fazer o seguinte resumo, separando as instituições privadas das que são estatais: Instituições privadas: • O Bradesco, apresentando-se desde 2005 como um banco completo, destaca ser um banco tradicional, responsável, que está disposto a ajudar os clientes por acreditar no valor das pessoas, colocando-as sempre em primeiro lugar. • O HSBC traduz nas suas mensagens a intenção de consolidar a marca internacional no Brasil, apresentando-se como um banco sólido, eficiente e acessível; • O Itaú procura transmitir a sua tecnologia digital, facilidade e flexibilidade nos serviços, resumindo, no seu último slogan “feito para você”, a idéia de que é um banco que está pronto para atender as necessidades dos clientes; Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores Banrisul Professor Jonas Barbosa • • O Real apresenta-se como um banco que está cada vez melhor, que faz mais do que o possível para ajudar as pessoas a realizarem o que desejam para as suas vidas; O Unibanco, desde 2005 com o slogan “nem parece banco” e uma abordagem criativa baseada em desenho animado, possui uma comunicação bem diferenciada quanto à forma, mas, como os demais, apresenta-se como um grande banco, forte, tradicional e com um expressivo leque de produtos. Instituições estatais: • O Banco do Brasil, reconhecidamente gigante e estatal, procura se humanizar ao dizer que os seus valores são os mesmos das pessoas e, por isso, oferece serviços para tornar a vida mais fácil, ou como ele mesmo diz “levar a vida leve”. • A Caixa, outro banco federal, revivendo o seu famoso slogan “vem para a Caixa você também”, procura transmitir simpatia, segurança, facilidade de crédito, otimismo e esperança no futuro. • A Nossa Caixa, banco do Estado de São Paulo, enfatiza a sua regionalização, mostra agilidade, diversidade de produtos, bem como sua função social. (quando deste trabalho, o Banco do Brasil ainda não havia adquirido a Nossa Caixa). Pelo estudo realizado pode-se dizer que o conceito de posicionamento da marca, entendendo-se como sendo a imagem a ser construída na mente do público-alvo, parece não estar tendo a atenção devida por parte das instituições, uma vez que não tem sido mantida a continuidade de uma idéia central que transmita, ao longo do tempo, os atributos desejados para a marca da instituição. Nesse sentido, o maior foco nas mensagens institucionais procura conquistar a simpatia dos clientes por meio de ações sociais, esportivas, culturais, ambientais, etc., reforçada, ainda, pelos votos de prosperidade comuns nas viradas de ano, talvez não sejam suficientes para criar um diferencial competitivo. No lado dos produtos, percebe-se uma variação no direcionamento das mensagens, que em um momento, destacam as características dos produtos e, em outro, demonstra a preocupação em servir bem o cliente. No seu conjunto, as campanhas parecem não ter consistência e continuidade suficientes para identificar mais claramente o perfil de cada anunciante. Apesar das diferentes abordagens criativas das campanhas, e muitas foram de alto nível, o conteúdo das mensagens transmitidas tem sido muito parecido entre si devido à similaridade dos argumentos utilizados, o que provavelmente torna mais difícil a identificação da instituição ou do produto por parte do público. A alternância de enfoque dos slogans, ora anunciando as qualidades ou características da instituição e dos produtos, ora voltado para envolver o consumidor emocionalmente, parece indicar que a atenção dos anunciantes está voltada para determinados momentos do mercado e da atuação da concorrência, revelando uma postura reativa e mais de curto prazo. Constatou-se, também, a inconsistência do uso dos slogans, pois apenas 57.8% dos comerciais os utilizavam, prática não muito aconselhável em mercados muito competitivos como é o caso do setor bancário. As dimensões de nacionalidade e porte dos bancos, que são mais facilmente identificáveis por parte dos clientes, Atualizada Dezembro/2009 Cenários Economicos podem passar a noção de confiabilidade, expertise e segurança, características comuns a algumas instituições, entretanto, são insuficientes para diferenciar e dar exclusividade a cada uma delas. As outras dimensões identificadas – valores sociais, valores pessoais, confiabilidade e eficiência de serviços -, apresentam um pouco mais de especificidade do que as anteriores, mas, ainda assim, precisariam ser mais trabalhadas pelas instituições com a finalidade de eleger um atributo mais exclusivo e único, que possa conferir uma distinção ainda maior entre os concorrentes. Na consideração anterior, uma vez escolhido o diferencial competitivo, seria necessário adotar uma estratégia de comunicação de longo prazo, para que o conceito da marca tenha condições de criar raízes e consolidar-se. No entanto, pela análise feita nos 102 comerciais, a durabilidade das campanhas não chega a ultrapassar os dois ou três anos, prazo adequado quando se trata de uma instituição. Como foi apreciado no decorrer do texto, foi encontrada uma variação relativamente freqüente das abordagens de comunicação, ora focando as características da instituição, ora as expectativas dos seus clientes. A amostra revelou que a propaganda bancária brasileira é vibrante e criativa, muito bem produzida, adotando abordagens inteligentes e interessantes, mas as constantes mudanças nas mensagens, a sua pequena duração e falta de manutenção de conceitos básicos de imagem com diferenciais exclusivos, indicam que seria desejável a adoção de estratégias de marketing integradas às de comunicação que partissem de fundamentos mais duradouros. Diferenciação bancária para os clientes private Quando falamos sobre segmentação, trouxemos um dos conceitos: A segmentação de mercado é um processo que consiste na identificação e análise do mercado como um todo, na divisão desse mercado segundo variáveis consideradas relevantes, no agrupamento dos integrantes atuais e potenciais desse mercado e na descrição do perfil de cada segmento identificado. Há algum tempo as instituições bancárias no país têm trabalhado com três grupos distintos de clientes: clientes pessoas físicas, também chamado de consumer; clientes private ou chamados grandes fortunas; e clientes pessoa jurídica, muitas vezes chamados de corporate. Os clientes private, também conhecidos com grandes fortunas. Neste grupo, encaixa-se um seleto e reduzido número de pessoas físicas, cujos rendimentos são altíssimos. Geralmente, o que estes indivíduos procuram são aplicações que ofereçam alta rentabilidade, além de serviços exclusivos e individualizados. Para atender tal segmento, as instituições selecionam e preparam os melhores profissionais de suas equipes, passando desde treinamentos sobre produtos até modos comportamentais e discrição profissional. Quais os benefícios? Gerente Exclusivo; Atendimento preferencial; Privacidade no atendimento; Rede exclusiva de agências; Ambiente privativo para atendimento nas agências convencionais; Produtos de investimentos exclusivos; Taxa diferenciada de cheque especial; Descontos em tarifas; Pacotes de tarifas especiais; Internet banking exclusivo; Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores 13 Banrisul Professor Jonas Barbosa Cenários Economicos Call Center com especialistas em produtos de investimento; Extrato consolidado; Serviços de courrier em algumas praças Cartão de Crédito Personalizado; Cartão de débito, talão de cheques e extrato personalizado; Programa de relacionamento exclusivo. Hoje, os bancos do país competem ferozmente por clientes, em especial pelos que apresentam maior rentabilidade. Dessa forma, foi criado um nicho de mercado, através de um processo de segmentação, e busca atender uma camada diferenciada da população. Isso fez que com o atendimento bancário melhorasse, pelo menos para esse grupo privilegiado de clientes. Inovar é preciso. 14 Atualizada Dezembro/2009 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores