Compreensão psicanalítica dos Transtornos Alimentares

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TRANSTORNOS
ALIMENTARES
JANE BISCAIA HARTMANN
Psicóloga Especialista em
Psicologia Hospitalar
Saúde Coletiva
Gerontologia
Mestre em Saúde Coletiva-UEL
Psicóloga Hospitalar HUM/UEM
Docente CESUMAR
DEFINIÇÃO
Transtornos alimentares caracterizam-se por severas
perturbações no comportamento alimentar humano.

Esse comportamento alimentar perturbado serve a
multiplas funções, podendo ser compreendido como
defesa contra afetos e sentimentos intoleráveis.

O transtorno serve ou funciona como uma espécie de
padrão de contenção psicológica ou para manter um
status quo.

A mudanca drástica no padrão alimentar demonstra que o
individuo se encontra num tormento psicológico, sendo
incapaz de resolve-lo de outra forma. A sintomatologia
desenvolve-se para preservar um estado psicológico frágil.

Sob o título de transtornos alimentares, duas síndromes
importantes e bem definidas são descritas: anorexia
nervosa e bulimia nervosa.
Acredita-se que a etiologia do T.A seja principalmente
psicossocial.

TRANSTORNOS ALIMENTARES


Pessoas com transtornos alimentares elegem o corpo como
um espaço privilegiado de refúgio de um mundo que não se
sentem em condições de
enfrentar... Estas “doenças”,
ligadas à alimentação (obesidade, bulimia e anorexia)
são manifestações esmagadoramente maiores nas mulheres
(cerca de 90%)!
Por Que Aparece?
O transtorno alimentar surge como uma concha
protetora onde a pessoa busca se abrigar: como todos
nós, em algum momento da vida gostaríamos de fazer,pois
se expusermos nossa verdadeira identidade o tempo todo,
ficaríamos tão vulneráveis que a vida poderia se tornar
insuportável de sustentar.
QUAIS OS TIPOS DE TRANSTORNOS ALIMENTARES?
Essa busca obsessiva da perfeição do corpo tem várias formas de se
manifestar e, algumas delas, diferem notavelmente entre si.
Existem os Transtornos Alimentares mais tradicionais :
Anorexia e Bulimia nervosas
Outros:
Síndrome do Gourmet
Obesidade Mórbida
 Transtorno Alimentar Noturno
 Pica )
 Comedores Compulsivos
 Síndrome de Prader-Willy

se estimulam
se desenvolvem na
"cultura do esbelto“
FOME FISIOLÓGICA
*ELA ATACA QUANDO SEU ESTÔMAGO FICA VAZIO DE VERDADE
ESTÔMAGO VAZIO
“BAIXA DE COMBUSTÍVEL”
(GLICOSE)
MENSAGEM AO CÉREBRO
“NECESSIDADE DE ALIMENTO”
MENSAGEM AO APARELHO DIGESTIVO
“FOME”
MENSAGEM AO CÉREBRO
“SACIEDADE / TAXA DE GLICOSE NORMAL”
FOME PSICOLÓGICA
*ELA ATACA QUANDO SEU CORAÇÃO FICA VAZIO DE DOER
PROBLEMAS EMOCIONAIS
DEPRESSÃO
AUMENTO DA INGESTÃO
(CARBOIDRATOS)
AUMENTO DA
PRODUÇÃO DE
SEROTONINA
SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR
AUMENTO DA
INGESTÃO
CALÓRICA
GANHO DE PESO
DIAGNÓSTICO PSICODINÂMICO
E
DIAGNÓSTICO NOSOLÓGICO - CRITÉRIOS

Diagnóstico Psicodinâmico






Angústia predominante
Tipos de defesas
Pautas de relacionamento objetal –
modalidades de vinculo familiar
Grau de desenvolvimento libidinal
Relação com a realidade
Diagnóstico nosológico



Verificação do estado mental
Manuais internacionais de classificação
diagnóstica: CID-10 (Classificação
Internacional de doenças) e DSM IVTR (Associação Psiquiátrica Americana)
Descrição, intensidade e freqüência dos
sintomas
DIFERENÇAS E RELAÇÕES ENTRE DIAGNÓSTICO
DESCRITIVO E O DIAGNÓSTICO ESTRUTURAL /DINÂMICO
PROPOSTA:
Dois objetivos: chegar a um diagnóstico descritivo
e a um diagnóstico psicodinâmico
A partir da descrição dos sintomas: chegar a um
estudo das operações defensivas do paciente
Diagnóstico descritivo: planejamento da medicação
Diagnóstico dinâmico: sentido da medicação/
problemas na adesão
Diagnóstico dinâmico: importante não só para
psicoterapia ( mas em todo o planejamento
terapêutico)
DIFERENÇAS E RELAÇÕES ENTRE DIAGNÓSTICO
DESCRITIVO NOSOLÓGICO E O DIAGNÓSTICO
ESTRUTURAL /DINÂMICO
DESCRITIVO – modelo fenomenológico
Curso linear
•Ênfase no diagnóstico – distinção nítida entre diagnóstico
e tratamento
•Seleção de material relevante: interesse no sintoma e
diagnóstico (interrupção quando chega a uma categoria)
ESTRUTURAL / PSICODINÂMICO
•Curso não linear (dado pelo paciente em entrevista
clínica por associação livre que investiga a relação da
história do paciente com seus sintomas)
•Ênfase na relação: não tão nítida a distinção entre
diagnóstico e tratamento
•Vida intra-psíquica: parte fundamental dos dados
•Transferência e contratransferência
ESTRUTURAS DE PERSONALIDADE
Definição :
Modo de organização permanente mais
profundo do indivíduo, aquele a partir do qual
desenrolam-se os ordenamentos funcionais
ditos “normais” bem como, os aspectos da
morbidade.
Sintomatologia : funcionamento mórbido de uma
estrutura quando esta se descompensa.
Cada estrutura é produto do alcance e da
realização de determinadas etapas do
desenvolvimento psico-emocional.
Diz respeito a angústias, defesas e fantasias
não diretamente acessíveis à consciência.
DIFERENTES ORGANIZAÇÕES ESTRUTURAIS DE
PERSONALIDADE
CRITÉRIO ESTRUTURAL
NEURÓTICA
BORDERLINE
PSICÓTICA
Representação do self e do objeto são claramente delimitadas
INTEGRAÇÃO
IDENTIDADE
Difusão de identidade aspectos contraditórios do self e dos outros
são mal-integrados e mantidos separados
DA
Representações do self e do
objeto sãomal-delimitadas ou
então há uma identidade
delirante
Recalcamento de defesas de
alto nível formação reativa
anulação,
racionalização,
intelectualização.
OPERAÇÕES
DEFENSIVAS
. As defesas protegem o paciente do conflito intrapsíquico. A
interpretação melhora o funcionamento
Principalmente a clivagem e as defesas de baixo nível idealização
primitiva, identificação projetiva , denegação, onipotência,
desvalorização.
As defesas protegem o paciente
da desintegração e da fusão
self-objeto. A interpretação leva
à regressão
Capacidade de testar a realidade é preservada , as origens
intrapsiquicas e as externas das percepções e estímulos.
Alterações ocorrem na relação com a realidade e nos sentimentos
sobre a realidade.
TESTE DA REALIDADE
Existe capacidade de avaliar o
self e os outros realisticamente
e em profundidade.
A capacidade de
realidade é perdida
testar
a
RELAÇÕES: ÍNDICES DE NEUROTISMO E
PSICOTISMO - Defesas

NEUROSES










Projeção
Repressão – recalque
Deslocamento
Regressão parcial
Introjeção
Isolamento
Inibição
Formação reativa
Sublimação
Negação (denegação)

PSICOSES






Identificação projetiva
Divisão (ego)
Renegação (forclusão
realidade
E parte do ego)
Regressão total
Identificação introjetival
Diagnóstico estrutural – clínico – psicodinâmico
dos Transtornos Alimentares

Patologia de cruzamento:
não pode ser assimilada a
nenhum dos grandes tipos
de funcionamento psíquico
ou de estrutura,
aproximando-se conforme o
caso de um ou de outro:
neurótico, psicótico,
perverso ou psicossomático.
Campos de Intersecção da compreensão dos TA







Modelo psicossomático
Modelo aditivo
Transtorno de imagem
corporal
Manifestações clínicas
do narcisismo
Patologias do vazio
Patologias de borda
Depressão
A complexidade do sintoma alimentar



Sintoma esteriotipado, de caráter
repetitivo, empobrecedor da
personalidade
O que está por traz deste sintoma
que pende ora para uma recusa
quase total do alimento, ora para
uma ingestão desmesurada?
A psicoterapia incentiva a busca de
significados que permitam ao
paciente sair da fixidez determinada
pelo sintoma
Os paradoxos dos Transtornos Alimentares





Alternância entre uma grande voracidade por
relacionamentos em oposição a capacidade
de isolamento e abandono dos mesmos
Dificuldades em encontrar uma distância
suficientemente boa do outro
Os pacientes apresentam viradas violentas
em suas vidas: oscilam rapidamente de
relações extremamente idealizadas à
rupturas radicais
Reagem com hostilidade à decepções e
frustrações
Apresentam ansiedade decorrente do medo
de separação, mas também pelo medo da
intrusão
Os paradoxos dos Transtornos Alimentares

Os pacientes
reproduzem nos
relacionamentos
afetivos a mesma
relação que mantém
com os alimentos,
caracterizada por afetos
turbulentos e
paradoxais
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Os paradoxos dos Transtornos Alimentares

É tarefa da psicoterapia o desenvolvimento da
capacidade de dar-se conta deste tipo de repetição e
de que o paciente possa refletir sobre o que o leva a
ter uma relação tão passional com seus objetos de
amor/alimento
Hilde Bruch: psicanalista precursora da compreensão
psicodinâmica dos TA


A problemática central da anorexia
compreendia deficiências egóicas de
personalidade
Transtorno da imagem corporal, transtorno
da percepção ou interpretação dos
estímulos corporais e sentimentos de
impotência e falta de autonomia
ANOREXIA NERVOSA
Neurose
obsessiva
Melancolia/
Narcisismo
Histeria
Anorexia
Psicosso
mática
Perversão
Psicose
ANOREXIA - RECUPERAÇÃO

80% das anoréxicas, depois de 4
anos tratadas por equipe
especializada deixam de
apresentar sintomatologia
alimentar importante, mas 50%
seguem padecendo de quadros
depressivos, fóbicos ou
hipocondríacos
RELAÇÃO MÃE E FILHA




Intrusão sedutora, um “olho indecente” da
parte da mãe, que expressa a ausência de
limites entre ela e a filha
Relação de caráter narcisista/indiferenciado
Há um excesso de presença materna, isso
gera uma impossibilidade da filha construir
uma representação psíquica própria
O corpo erógeno, a sexualidade, a intimidade
não é propriedade privada da filha, é algo
compartilhado com a mãe
CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DA ANOREXIA




Equívoco: tentativa de dominar uma fragilidade
narcisica através do domínio do corpo e das
sensações
O sintoma constrói uma espécie de neo-identidade,
através da qual, a paciente vive seu virtuoso triunfo
A alimentação torna-se, ilusoriamente, a única
variável controlável de suas vidas
Opção radical por arriscar a vida na tentativa de
expressão do próprio desejo – não quer viver às
custas do desejo do outro
BULIMIA NERVOSA


Ato bulímico: cisão entre representações e afetos
Na clínica a bulimia aparece como a busca por um
gozo impossível, um tormento, um sofrimento, uma
doença. Inicialmente aceita, até mesmo escolhida e
procurada, esta conduta quando passa a ser
repetida, se torna fonte de angústia e causa de
alienação: o sujeito se sente obrigado a realizar atos
que o despojam de si mesmo.
A PSICODINÂMICA DA BULIMIA

O fracasso da elaboração mental favorece a
resposta pela atuação, que oferece uma
possibilidade de domínio sobre o objeto
necessário (ou seus substitutos) e reverte a
situação de passividade em papel ativo,
recriando as condições de uma identidade
reencontrada.
A PSICODINÂMICA DA BULIMIA



Propensão a sobreinvestir todo domínio das
sensações ligadas à exterioridade em detrimento das
emoções, trocas afetivas e internalizações de
vínculos
Busca pelas sensações parece proteger o sujeito do
risco de perder o objeto
Incapacidade de estar só/ sentimento de solidão
Impotência e submissão






“Percebi que não sou ninguém, penso que vou parar
de fazer, mas não consigo”
Masoquismo primário
Auto-depreciação associada à repetição do ciclo
bulímico
Constante sensação de fracasso, de ter se submetido
ao objeto de tentação
Vergonha do pecado e segredo sobre o mesmo
Dificuldade de nomear o ato bulímico
Impulsividade









“Fui direto pro crime. Era como se estivesse possuída, me senti
como um animal”
Agressividade contra o objeto que se volta contra sí
Busca por uma descarga pulsional que dê conta da intensa
excitação interna
A fonte de excitação interna normalmente advêm de alguma
angústia experimentada pelo paciente
Dificuldade de contenção dos afetos
Presença de actings
Equivalência entre voracidade alimentar e voracidade nas
relações
Atração por situações de risco e promiscuidade
Baixa tolerância a frustração
A AMBIVALÊNCIA




“Comi como uma louca ontem a noite. Foi-se de uma vez só,
um pote de sorvete que deveria durar uma semana. Tem que
ser assim, eu não consigo comer só folhinhas de alface sem
tempero”
A desmedida é e não é reconhecida pelo paciente
Funcionamento psíquico dicotômico – tudo ou nada
Presença de polaridades: incorpora/vômita, cheio e vazio,
dependência e independência do objeto
Compulsão alimentar periódica
Teorias psicogênicas da obesidade






Abraham: fixação/regressão a fase oral
Hilde Bruch: confusão no reconhecimento de diferentes
estados emocionais, instalada na primeira infância por
uma relação perturbada com a figura materna, que não
reconhece demandas diferenciadas
Escola psicossomática de Paris: pensamento operatório
Nemiah e Sifineos: alexitimia
Zukerfeld: obesidade primária e secundária, submissão
a figura materna, indiferenciação, imaturidade
psicosexual
Comorbidades: depressão e ansiedade
FUNÇÕES DO SINTOMA COMPULSIVO




Função defensiva da gordura: separação, sexualidade, lidar
com aquisições
Forma de lidar com solidão, frustração e raiva
Mecanismo de incorporação como forma de idar com perdas
não elaboradas
Perda de limites/narcisismo
PSICOTERAPIA
PSICODINÂMICA DOS
TRANSTORNOS
ALIMENTARES
TRATAMENTO PSICOTERÁPICO DA ANOREXIA NERVOSA







A psicoterapia psicodinâmica individual é o
tratamento eletivo para casos de An.
Objetivos:
recuperação do peso;
cessação dos comportamentos para perda de peso;
melhoria nos comportamentos alimentares;
desenvolvimento psicológico e emocional.
Integração de abordagens cognitivocomportamentais e psicodinâmicas, visando o manejo
dos sintomas, controle do risco de vida e saúde do
paciente, a resolução de conflitos inconscientes a
serviço da reestruturação, reorganização e o
desenvolvimento da personalidade.
Primeira fase








Escuta analítica
Estabelecimento do vínculo
Evitar confronto de forças
Promover a conscientização da paciente sobre sua enfermidade
Auxiliar a paciente a se colocar como co-responsável por seu
tratamento
A comunicação da paciente nesta primeira fase é concreta e
comportamental
O psicoterapeuta deve ser cauteloso em não responder ao
paciente em linguagem simbólica muito elaborada
Manter postura ativa, mas não intrusiva
Segunda fase



Auxiliar e acompanhar o paciente na elaboração
psíquica de conflitos referentes à expressão de
desejos, sexualidade e autonomia
Buscar junto ao paciente, alternativas às
condutas atuadas e patológicas
Favorecer a tradução de sensações corporais em
estados emocionais
Segunda fase



Favorecer a construção de uma representação
interna independente da imago materna
Trabalhar afetos transferenciais e
contratransferenciais (impotência, hostilidade,
sensação de invasão)
Trabalhar a tirania do ideal de magreza, de
perfeição, de um corpo sem falhas
Tratamento psicoterápico da
Bulimia e TCAP






Possibiltar a construção de uma história do sintoma
Incentivar a busca por um sentido para o sintoma
bulímico
Ampliação da capacidade de reconhecimento dos
estados afetivos
Desenvolvimento da capacidade de responder a
momentos de angustia com soluções menos atuadas
Holding e interpretação por parte do psicoterapeuta
Análise da tranferência narcisista: paciente incorpora
vorazmente, exige cura mágica e depois vomita o
psicoterapeuta e fica melancólico: estar atento a
este ciclo na relação terapêutica
Objetivos




eliminação do ciclo compulsãopurgação;
estabelecimento de um padrão
alimentar adequado;
modificação de atitudes para com o
alimento e o peso;
melhoria no estado psicológico e
emocional.
Grupos

Diferentes modalidades grupais: auto
ajuda e psicoterápicos (grupo operativo
reflexivo com base psicanalítica,
psicodrama, cognitivo comportamental,
interdisciplinar-psicoeducacional ou
temático, de tempo determinado ou
indeterminado)

Zonas de trabalho do grupo
autoajuda
Educa
cional
Tera
pêutica
Grupo e teoria psicanalítica




Em todo o grupo coexistem forças que tendem à sua coesão
e desintegração
Dois panos de funcionamento (Bion): o da intencionalidade
9grupo de trabalho) e outro de atuação de fatores
inconscientes (grupo de supostos básicos)
Presença permanente da dualidade pulsional (erótica,
agressiva ou narcisica) e de ansiedades
Mecanismos de defesa contra a ansiedade



A dinâmica estrutural grupal evidencia
conflitos entre id, ego e superego
Desempenho de papéis esteriotipados
na configuração vincular
O grupo tem ressonância em seus
membros
Grupo psicoeducacional





Sessões dirigidas focais orientadas por temas préselecionados para cada sessão
Primeira fase: fornece informações sobre a sintomatologia e
aspectos associados ao Ta
Segunda fase: elege-se focos de atenção do coordenador do
grupo
Pose ser interdisciplinar
Objetivos: orientar, promover reflexão e melhora do
comportamento alimentar, preparar para psicoterapia
profunda (individual ou grupal)
Passos para a formação do grupo:


Seleção realizada através de entrevista individual e de acordo
com formulário, levando-se em conta aspectos clínicos,
nutricionais e psicológicos. Estes dados são fundamentais
não só como avaliação dos pré-requisitos para ingresso no
grupo, como também para o seu correto encaminhamento e
posterior avaliação dos resultados.
Exemplo: grupamento por homogeneidade em grupos
abertos. Número de participantes: De 4 a 12 Freqüência:
semanal Duração: 1h
Indicações para grupo



Habilidade de inter-relação pessoal
Suportar tensão grupal
Aceitação
Modalidade de grupo para
obesos

Grupo Operativo de Reflexão paralelo a atendimento
em equipe interdisciplinar. Esta modalidade de grupo
tem como característica operar numa determinada
tarefa objetiva, neste caso, o emagrecimento, suas
dificuldades e fantasias a respeito do que representa
para os pacientes, desenvolvendo a atitude de refletir
sobre a experiência do próprio grupo enquanto
grupo. Com isto, busca-se desenvolver a capacidade
de pensar a respeito da experiência compartilhada
num grupo com objetivos comuns. (BION, W., 1970;
RIVIÈRE, 1988; ZIMERMAN, D. E OSÓRIO, L. C.,
1997).
Objetivos do grupo:

Auxiliar no processo de emagrecimento dos pacientes obesos
através da aquisição de atitudes internas que possibilitem
mudanças nos hábitos e condutas. Para tanto, busca-se a
criação de um grupo que funcione como um holding, dando
suporte, e possibilitando um espaço de troca de vivência e
conscientização de conflitos e sentimentos que impedem o
emagrecimento e induzem à obesidade. Desta forma esperase alcançar também o desenvolvimento da capacidade para
pensar os próprios pensamentos.
Anorexia




Indicação para psicoterapia individual
Competição: acirramento do sintoma,
forças destrutivas grupais intensas
Necessidade de uma relação dual
Pacientes muito regredidas, narcisistas
Bulimia e TCAP


Vantagens: possibilita no grupo homogêneo o
estabelecimento dos processos de indentificação.
Riscos: a gravidade dos aspectos afetivos que
emergem (predominância do processo primário,
ocorrência de abuso sexual na infância, ou a
presença de relações abusivas e conteúdos
invejosos) pode desintegrar o grupo.
Os paradoxos dos Transtornos
Alimentares





Alternância entre uma grande voracidade por
relacionamentos em oposição a capacidade de isolamento e
abandono dos mesmos
Dificuldades em encontrar uma distância suficientemente boa
do outro
Os pacientes apresentam viradas violentas em suas vidas:
oscilam rapidamente de relações extremamente idealizadas à
rupturas radicais
Reagem com hostilidade à decepções e frustrações
Apresentam ansiedade decorrente do medo de separação,
mas também pelo medo da intrusão
Os paradoxos dos Transtornos
Alimentares

Os pacientes
reproduzem nos
relacionamentos
afetivos a mesma
relação que mantém
com os alimentos,
caracterizada por
afetos turbulentos e
paradoxais
90
80
70
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50
40
30
20
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1
Tri
OS PARADOXOS DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

É tarefa da psicoterapia o
desenvolvimento da
capacidade de dar-se conta
deste tipo de repetição e de
que o paciente possa
refletir sobre o que o leva a
ter uma relação tão
passional com seus objetos
de amor/alimento
Hilde Bruch: psicanalista precursora da
compreensão psicodinâmica dos TA


A problemática central da anorexia
compreendia deficiências egóicas de
personalidade
Transtorno da imagem corporal,
transtorno da percepção ou interpretação
dos estímulos corporais e sentimentos de
impotência e falta de autonomia
Anorexia Nervosa
Neurose
obsessiva
Melancolia/
Narcisismo
Histeria
Anorexia
Psicosso
mática
Perversão
Psicose
Anorexia - recuperação

80% das anoréxicas, depois de 4 anos
tratadas por equipe especializada
deixam de apresentar sintomatologia
alimentar importante, mas 50% seguem
padecendo de quadros depressivos,
fóbicos ou hipocondríacos
Relação mãe e filha




Intrusão sedutora, um “olho indecente” da parte
da mãe, que expressa a ausência de limites entre
ela e a filha
Relação de caráter narcisista/indiferenciado
Há um excesso de presença materna, isso gera
uma impossibilidade da filha construir uma
representação psíquica própria
O corpo erógeno, a sexualidade, a intimidade
não é propriedade privada da filha, é algo
compartilhado com a mãe
CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DA ANOREXIA




Equívoco: tentativa de dominar uma fragilidade
narcisica através do domínio do corpo e das
sensações
O sintoma constrói uma espécie de neo-identidade,
através da qual, a paciente vive seu virtuoso triunfo
A alimentação torna-se, ilusoriamente, a única
variável controlável de suas vidas
Opção radical por arriscar a vida na tentativa de
expressão do próprio desejo – não quer viver às
custas do desejo do outro
BULIMIA NERVOSA


Ato bulímico: cisão entre representações e
afetos
Na clínica a bulimia aparece como a busca
por um gozo impossível, um tormento, um
sofrimento, uma doença. Inicialmente aceita,
até mesmo escolhida e procurada, esta
conduta quando passa a ser repetida, se
torna fonte de angústia e causa de alienação:
o sujeito se sente obrigado a realizar atos
que o despojam de si mesmo.
A PSICODINÂMICA DA BULIMIA

O fracasso da elaboração
mental favorece a resposta
pela atuação, que oferece
uma possibilidade de
domínio sobre o objeto
necessário (ou seus
substitutos) e reverte a
situação de passividade em
papel ativo, recriando as
condições de uma
identidade reencontrada.
A PSICODINÂMICA DA BULIMIA



Propensão a sobre investir todo domínio das
sensações ligadas à exterioridade em
detrimento das emoções, trocas afetivas e
internalizações de vínculos
Busca pelas sensações parece proteger o
sujeito do risco de perder o objeto
Incapacidade de estar só/ sentimento de
solidão
Impotência e submissão





“Percebi que não sou ninguém, penso
que vou parar de fazer, mas não
consigo”
Masoquismo primário
Auto-depreciação associada à repetição
do ciclo bulímico
Constante sensação de fracasso, de ter
se submetido ao objeto de tentação
Vergonha do pecado e segredo sobre o
mesmo
Impulsividade









“Fui direto pro crime. Era como se estivesse possuída, me
senti como um animal”
Agressividade contra o objeto que se volta contra sí
Busca por uma descarga pulsional que dê conta da intensa
excitação interna
A fonte de excitação interna normalmente advêm de alguma
angústia experimentada pelo paciente
Dificuldade de contenção dos afetos
Presença de actings
Equivalência entre voracidade alimentar e voracidade nas
relações
Atração por situações de risco e promiscuidade
Baixa tolerância a frustração
A Ambivalência




“Comi como uma louca ontem a noite. Foi-se de
uma vez só, um pote de sorvete que deveria
durar uma semana. Tem que ser assim, eu não
consigo comer só folhinhas de alface sem
tempero”
A desmedida é e não é reconhecida pelo paciente
Funcionamento psíquico dicotômico – tudo ou
nada
Presença de polaridades: incorpora/vômita, cheio
e vazio, dependência e independência do objeto
Compulsão alimentar periódica
Teorias psicogênicas da obesidade






Abraham: fixação/regressão a fase oral
Hilde Bruch: confusão no reconhecimento de
diferentes estados emocionais, instalada na
primeira infância por uma relação perturbada
com a figura materna, que não reconhece
demandas diferenciadas
Escola psicossomática de Paris: pensamento
operatório
Nemiah e Sifineos: alexitimia
Zukerfeld: obesidade primária e secundária,
submissão a figura materna, indiferenciação,
imaturidade psicosexual
Comorbidades: depressão e ansiedade
Funções do sintoma
compulsivo




Função defensiva da gordura:
separação, sexualidade, lidar com
aquisições
Forma de lidar com solidão, frustração e
raiva
Mecanismo de incorporação como
forma de idar com perdas não
elaboradas
Perda de limites/narcisismo
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