ANAIS UM ESTUDO COMPARATIVO DAS TÉCNICAS DE PERT/CPM COM A SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO, UMA FERRAMENTA NO GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS ROBERTO CAPPARELLI MARÇAL ( [email protected] , [email protected] ) PUC GOIÁS - PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS RESUMO No gerenciamento de projetos os prazos de execução se caracterizam como uma significativa restrição. Inúmeras situações e atividades que possuem um certo grau de variabilidade impactam no cumprimento de um cronograma previamente estabelecido. Atrasos podem significar em grandes perdas financeiras, por isto é necessário que o planejador tenha disponível ferramentas adequadas para poder qualificar e quantificar os riscos envolvidos. Este trabalho compara a simulação de Monte Carlo como uma ferramenta com mais recursos que a conhecida técnica de planejamento PERT/CPM no gerenciamento da variável tempo de execução do projeto cronogramas com múltiplas atividades interdependentes e variabilidades de um projeto hipotético. Palavras-Chave: PERT/CPM, gerenciamento de riscos em projetos, simulação Monte Carlo. 1 INTRODUÇÃO Para atender as demandas de maneira eficaz, em um ambiente caracterizado pela velocidade das mudanças, torna-se indispensável um modelo de gestão ou gerencia de projetos baseado no foco em prioridades e objetivos. Hoje por mais que tenhamos evoluído tecnicamente, deparamo-nos com um ambiente que evolui muitas vezes mais rápido ou seja, hoje somos muito mais capazes que no passado, porém esse aumento de capacidade é cada vez menos comparado com o aumento na dinâmica do ambiente, portanto é necessário desenvolver mecanismos que reduzam essa diferença entre o homem e o ambiente. Pode-se destacar como parte integrante fundamental para a execução de qualquer projeto, o planejamento que, segundo Limmer (1997) é o processo pelo qual os objetivos do projeto e os procedimentos necessários à obtenção dos mesmos são estabelecidos, as expectativas de ocorrência de situações previstas são discutidas e as informações são veiculadas entre as pessoas, unidades de trabalho, departamentos e até mesmo as empresas. Além disso, conforme Chiavenatto e Sapiro (2003), o planejamento deve minimizar as deficiências utilizando princípios de maior eficiência, eficácia e efetividade. Neste planejamento as possibilidades de ocorrência e de não ocorrência das situações previstas podemos denominar de gerenciamento do risco. Na maioria dos projetos, os riscos associados com grandes empreendimentos tem merecido uma atenção especial dos gerentes 1/17 ANAIS de projeto devido não só pelas grandes somas de recursos que estão em suas mãos mas também pela reputação do time e dos financiadores do projeto. A sobrevivência de qualquer empreendimento atualmente está intimamente vinculada ao conceito de aproveitar as oportunidades dentro de um espectro de incertezas. O que torna a gestão de riscos tão importante são fatoresdiversos, como o avanço da competitividade, o avanço tecnológico e as condições econômicas que fazem com que os riscos assumam proporções muitas vezes incontroláveis. A grande maioria dos projetos tem como principal característica a fixação dos recursos no momento da sua contratação além disso, a distribuição destes recursos é atrelada à determinadas atividades e liberados de acordo com cada etapa pré-definida no cronograma do projeto aprovado. Os desembolsos de recursos são regulamentados e acompanhados em muitos dos casos, tendo que ser apresentado obrigatoriamente a prestação de contas de cada etapa cumprida, no qual, pode ser auditado pelo agente financiador. Estes fatores delimitadores exigem uma sincronia entre os trabalhos técnicos e os recursos financeiros disponíveis, uma vez que seja verificado o não cumprimento adequado de um destes, pode resultar em inadimplência e gerar sanções para o empreendedor tomador do financiamento. Com o exposto acima, nota-se a importância de se empregar uma metodologia como ferramenta de gerenciamento principalmente ao planejamento e controle das atividades pois o desafio de qualquer projeto é adequar e criar o equilíbrio entre os objetivos estabelecidos e o procedimento dos trabalhos, determinar quais são pontos conflitantes durante a execução do empreendimento. Dadas as limitações, as técnicas comuns de estimativa de estabelecimento do prazo irão definir as metas e a quantidade do trabalho, quem irá realizar este trabalho, quando ele será completado e por fim, quanto ele irá custar. Algumas técnicas para planejar e controlar projetos são o PERT ( Program Evaluation and Review Technique) e o CPM (Critical Path Method), as quais são especialmente úteis em situações onde os gerentes ou responsáveis pelo acompanhamento do projeto tem a responsabilidade pelo planejamento, programação e controle de um projeto contendo múltiplas atividades. Todo gerente de projetos entende que riscos são inerentes aos projetos.Nenhum planejamento por melhor que seja, pode sobrepujar os riscos, ou a inabilidade de controlar eventos inesperados. Rovai (2005) afirma que, com certa dose de exagero, que muitos projetos no Brasil, senão quase totalidade são desenvolvidos sem que haja adequado uso de metodologias e ou modelos de gerenciamento de risco o que tem causado inúmeras perdas financeiras e de recursos com intensidade e impacto variáveis porem significativos. O objetivo geral deste trabalho é propor um estudo comparativo dos resultados obtidos de uma análise da variável prazo de duração de um determinado projeto hipotético, composto de uma série de atividades dependentes, representadas por um Diagrama de redes utilizando as técnicas PERT e CPM. Posteriormente comparar estes resultados obtidos com os resultados pela simulação desta mesma rede utilizando o software @RISK. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Conceito de projeto 2/17 ANAIS O projeto é um empreendimento não repetitivo caracterizado por uma seqüência clara e lógica de eventos com início, meio e fim que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custo e recursos envolvidos e qualidade. Maximiano(2002) conceitua projeto como um empreendimento temporário, ou uma seqüência de atividades com um começo, meio e fim programado, tem por objetivo oferecer um produto singular dentro de restrições orçamentárias. Segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (2000), um projeto é um processo único provido de um grupo de atividades coordenadas e controladas com início e término identificados empreendido para o atendimento de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo e recursos financeiros. O Project Management Body of Knowledge- PMBOK (PMI,2004) define “projeto” como um esforço temporário empreendido para criar um produto, um serviço ou um resultado exclusivo. 2.2 As técnicas de planejamento PERT e CPM São as duas técnicas mais conhecidas para planejar e coordenar projetos e grande escala especialmente úteis em situações onde os gerentes tem a responsabilidade pelo planejamento, programação e controle de grandes projetos contendo atividades levada a cabo por diferentes pessoas, de diferentes habilidades. O PERT (Program Evaluation and Review Techique) foi desenvolvido em 1958, graças a esforços conjuntos da marinha norte-americana, da Lockheed Aircraft e da empresa de consultoria Booz,Allen&Hamilton. O problema que se punha à época era o desenvolvimento do submarino atômico Polaris, cujo projeto envolvia milhares de operações a cargo de 3000 empreiteiros e subempreiteiros. Hoje em dia o PERT é usado tipicamente em projetos cujas estimativas de tempo não podem ser previstas com certeza obrigando ao uso de conceitos estatísticos. O CPM foi desenvolvido em 1957, quando consultores da Remington Rand Univac (Divisão as Sperry Rand Corporation) receberam por parte da Du Pont Corporation, a tarefa de criar uma técnica de programação para construção, manutenção e desativação de fábricas de processos químicos. O CPM é usado para projetos cujos tempos de operação podem ser considerados determinísticos, ou seja, conhecidos com certeza. O planejamento com métodos PERT/CPM é realizado através de uma rede, apresentando uma sequência lógica do planejamento, com as interdependências entre as operações, a fim de alcançar um determinado objetivo. São colocadas na rede as durações das tarefas para permitir uma análise de otimização das tarefas e ou de custo e programação. As operações que participam de um projeto, consumindo tempo e recursos, são denominadas atividades e a ordem em que são efetuadas é denominado Diagrama de Rede. No Diagrama de Rede, cada atividade possui início e um fim, que são pontos no tempo. Esses pontos no tempo são conhecidos como eventos. As atividades são representadas por setas e os eventos-ponto inicial e final- por círculos (chamado também por nós).A seta aponta para o círculo que representa o evento final, para dar uma ideia de progressão no tempo. As atividades são representadas por números ou letras e os círculos são enumerados em ordem crescente da esquerda para direita. 3/17 ANAIS Chama-se de duração de um caminho à soma das durações de todas as atividades que compõe. Em um Diagrama de Rede, o caminho com maior duração é denominado “Caminho Crítico” e governa o tempo de término do projeto: o tempo de término de um projeto é igual a duração de seu caminho crítico. Qualquer atraso neste caminho, automaticamente determinará um atraso no projeto. As atividades do caminho crítico são denominadas “Atividades Críticas”. O PERT é quase idêntico ao método do caminho crítico (CPM), exceto por presumir que a duração de cada atividade tem uma faixa que segue uma distribuição estatística e usa três estimativas de tempo para cada atividade: - Estimativa Otimista (a): é uma estimativa do tempo mínimo que uma atividade pode tomar, considerando condições totalmente favoráveis na execução da atividade. - Estimativa Mais Provável (m): é uma estimativa do tempo normal que uma atividade deve tomar. É o resultado que ocorreria mais frequentemente se a atividade fosse feita um grande número de vezes. - Estimativa Pessimista (b): é uma estimativa de tempo máximo que uma atividade pode durar. Só ocorre em condições totalmente adversas. Basicamente, isso significa que a duração de cada atividade pode variar de um tempo otimista a um tempo pessimista, e a média ponderada pode ser calculada para cada atividade. Uma hipótese que se faz é que os tempos de atividades são distribuídos segundo a distribuição beta, onde a estimativa mais provável é dada por m. A distribuição do projeto representa a soma das médias ponderadas das atividades no(s) caminho(s) critico(s). Assumida a distribuição beta, a duração esperada de uma atividade qualquer i pode ser calculada aproximadamente por: = em que: ( ) (1.0) = média ponderada do tempo de atividade a = tempo otimista da atividade b = tempo pessimista da atividade m = tempo mais provável para atividade Uma hipótese adicional que se faz é de que o desvio padrão σ da duração de uma atividade qualquer i é dado por: = (2.0) A duração média do projeto ( ) é a soma de todos tempos médios da atividade ao longo do caminho crítico ( soma de ) e segue uma distribuição normal. ∑ (3.0) A equação a seguir é usada para calcular o valor de “Z” encontrado nas tabelas estatísticas, que por sua vez, irá fornecer a probabilidade de terminar o projeto em um determinado tempo especificado(Ts): 4/17 ANAIS = (4.0) ∑ A variabilidade do tempo esperado de duração do projeto é dada pela seguinte equação: ∑ (5.0) 2.3 Risco e o gerenciamento de riscos Risco é inabilidade de ver o futuro, indica um grau de incerteza, e na maioria são subjetivos e a sua análise é fundamental para apoiar os sistemas de apoio a decisão. Para Schuyler (2004), risco é o efeito acumulativo da probabilidade de incerteza que pode afetar positivamente (oportunidade) ou negativamente (ameaça) ao projeto. Em um sentido mais amplo o gerenciamento de riscos em projetos é qualquer método qualitativo e quantitativo para avaliar os impactos do risco em situação de decisão. Este assunto tem se tornado uma disciplina de intenso interesse aos executivos e aos administradores de empresas principalmente devido às influencias ocorridas pela crise econômica mundial de 2008. Neste sentido uma das principais preocupações dos profissionais de projetos tem sido, especificamente, com a sua gestão, e em particular, com a efetividade do gerenciamento de riscos (AKINTOVE; MacLEOD,1997). A preocupação com gerenciamento de riscos tornou-se mais evidente, para a comunidade de gerenciamento de projetos, após a publicação da pesquisa de Ibbs e Kwak (2000), em que foi reconhecida esta área de conhecimento como sendo a mais carente em termos gerenciais, examinados em três dos quatro setores econômicos estudados (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2011; SALLES JUNIOR et al., 2009). Diversos autores têm buscado relacionar a gestão de riscos com o sucesso ou fracasso de um projeto especialmente na área de TI (BAKKER; BOONSTRA; WORTMANN,2010; JIANG et al.. 2009). Na linha dos estudos da natureza dos riscos e seus aspectos conceituais, destacam-se os trabalhos de Wideman (1992), Bernstein(1998), Meyer,Loch e Pich (2002) e Perminova, Gustafsson e Wilkstrom (2008). Fundamentalmente, eles tratam dos aspectos do risco e as relações com incertezas, dos efeitos e suas implicações para os resultados do projeto, das ambiguidades e variabilidades, entre outros assuntos que constituem as bases do conhecimento e os alicerces deste tema. 2.4 Simulação e Simulação por Monte Carlo Inserida no campo de conhecimento da pesquisa operacional, a simulação é uma representação da operação de um processo ou sistema real, num dado período de tempo que envolve a geração de uma história artificial desse sistema e a observação desta para fazer inferências relativas às características do processo real (BANKS; CARSON; NELSON, 1996), Hillier e Liberman (1995) indicam que a realização de uma simulação inicia-se com o desenvolvimento de um modelo que represente o sistema a ser investigado, modelo este que, no entendimento de Pidd (1996), consiste em uma representação explícita e externa de um extrato parcial da realidade vista pela pessoa que deseja usar o modelo para entender, mudar, gerenciar, indicar políticas e controlar parte daquela realidade. A simulação tem sido utilizada 5/17 ANAIS na engenharia para tratar situações em que se tenta compreender características de um sistema pelo conhecimento de outro que lhe é similar (PRADO, 2004), sendo especialmente útil em situações que envolvem análise de riscos (LUSTOSA; PONTE; DOMINAS, 2004). A simulação possui dependência com o tipo de variável a ser considerada no modelo e existem dois tipos de simulação, a de eventos discretos e a de eventos contínuos. Sakurada e Myake (2009) argumentam que a simulação de eventos discretos abrange o estudo de modelos de simulação cujas variáveis mudam de estado instantaneamente em pontos específicos de tempo, em contraste ao que ocorre com modelos contínuos cujas variáveis podem mudar de estado continuamente no decorrer do tempo. Buffa (1973) e Winston (1994) sugerem que uma forma de simular um sistema, considerando o comportamento do tipo de variáveis que se pretende analisar, é através do desenvolvimento de um modelo de simulação, utilizando distribuições de frequência de eventos discretos conhecido como método de simulação de Monte Carlo apresentado a seguir. 2.5 Simulação de Monte Carlo A simulação de Monte Carlo (SMC) envolve o uso de números aleatórios e probabilidades para analisar e resolver problemas. Esse método surgiu no Projeto Manhattan no laboratório de armas nucleares Los Alamos, Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolvido pelos cientistas John Von Newmann e Stanislaw Ulam. A denominação “Monte Carlo” foi atribuída em referência aos jogos de azar que fazem uso constante de sorteios e de dados, uma atração popular na cidade de Monte Carlo,Mônaco. No entendimento de Lustosa, Ponte e Dominas (2004, p. 251), a simulação de Monte Carlo consiste no método que utiliza a geração de números aleatórios para atribuir valores às variáveis do sistema que se deseja investigar. Os números são obtidos de artifícios aleatórios (por exemplo: tabelas, roletas, sorteios), ou diretamente de softwares, através de funções específicas – para obter mais detalhes sobre métodos de obtenção de números aleatórios, consultar Gentle (2003).A cada interação, o resultado é armazenado e, ao final de todas as repetições, a sequência de resultados é transformada em uma distribuição de frequência que possibilita calcular estatísticas descritivas, como média (valor esperado), valor mínimo, valor máximo e desvio-padrão, cabendo ainda ao executor das simulações a prerrogativa de projetar cenários futuros de operação do sistema em análise. O método de simulação de Monte Carlo pode ser aplicado em problemas de tomada de decisão a qual envolva risco e incerteza, ou seja situações nas quais os comportamentos das variáveis envolvidas com o problema não é de natureza determinística. Para operacionalizar a SMC, deve-se seguir os seguintes passos: - Definir as variáveis envolvidas no sistema em análise com base em dados passados ou estimativas subjetivas dos administradores. - Construir as distribuições de frequência (absoluta, relativa e acumulada) para cada uma das variáveis definidas. -Definir para cada variável considerada, os intervalos de classe/de incidência dos números aleatórios, com base nas distribuições de frequência acumulada projetadas - Gerar números aleatórios. - Incidir números aleatórios gerados nos intervalos de cada classe de cada nível - Simular os experimentos. 6/17 ANAIS Para uma correta operacionalização da SMC, Lustosa, Ponte, Dominas (2004) indicam que a simulação seja replicada mais de cem vezes para que se obtenha uma amostra representativa. No entanto, não há recomendação quanto ao número máximo de simulações a serem realizadas. Como instrução básica deve-se aplicar o maior número possíveis levando em consideração o poder de processamento do equipamento a ser utilizado, pois o equilíbrio entre a precisão e o tempo de computação é uma característica importante das simulações baseadas em SMC. 2.6 Risco e o software de simulação @RISK Risco é a inabilidade de se ver e prever o futuro, indica um grau de incerteza e na maioria das vezes são subjetivos e a sua análise é fundamental para apoiar os sistemas de tomada de decisão. Em várias aplicações, a avaliação dos riscos envolvidos em uma determinada atividade em gerenciamento de projetos e análise de cenários. Quantificar o risco, significa determinar os possíveis valores que uma determinada variável possa assumir e as possibilidades relativas a cada valor, isto demanda conhecimentos específicos de um profissional especialista. Nas situações reais, nem sempre é possível fazer experimentos do cálculo do risco objetivo, não há fórmulas matemáticas e o risco deve ser estimado usando a melhor informação possível, e isto envolve um julgamento subjetivo deste risco avaliado. Para que se melhore este julgamento pela subjetividade, novas informações são necessárias, mas para isto, deve ser levado em consideração de quanto recurso deverá ser dispendido para obtê-las e o quanto esta informação seria significativa e afetaria os resultados da situação que está sendo analisada. O software @RISK, é uma ferramenta de modelagem e análise de risco, desenvolvido pela Palisade Corporation para uso com o Microsoft Excell, e que utiliza a simulação por Monte Carlo. 3 METODOLOGIA Como objeto deste estudo comparativo foi utilizada um projeto hipotético constituído por diversas atividades interdependentes representadas esquematicamente em um Diagrama de Rede (figura 1). Cada atividade proposta possui suas características específicas e seu prazo de duração definido também deforma subjetiva, com interferência de um especialista quando são determinadas as estimativas deste prazo de duração de cada atividade (tabela 1). Construído o Diagrama de Rede é necessário determinar a variável tempo de duração de cada atividade, para determinar o caminho crítico, calcular a duração do projeto e a folga de cada atividade em particular. No caso do CPM, estas estimativas de tempo são bem acuradas e só tem uma medida (determinística) e já no PERT o tempo destas atividades têm uma certa imprecisão na duração e convencionalmente foram feiras três estimativas de tempo para cada atividade: a estimativa OTIMISTA, a estimativa MAIS PROVÁVEL e por fim a estimativa PESSIMISTA. Determinado o caminho crítico do projeto posteriormente é determinado o tempo do projeto (Ti) e feitas inferências estatísticas para se determinar alguma condição específica, 7/17 ANAIS como determinar por exemplo, a probabilidade que certo evento ocorra em um determinado tempo. Em uma rede PERT a hipótese que se faz é a de que os prazos de duração das atividades (ti) são variáveis distribuídas segundo uma distribuição beta e o tempo total de duração do projeto (Ti) se distribui segundo uma distribuição normal. Quando um projeto apresenta uma quantidade pequena de variáveis, de interdependências e correlações entre elas, é possível de se determinar o tempo de duração do projeto (Ti) de forma analítica. Quando este número de atividades é muito grande, muitas interdependências e correlações, fica bastante complexo este cálculo, por esta razão e neste caso, será utilizado a simulação para a estimativa desta variável. Para a simulação da variável duração do projeto (Ti) será utilizado o software @RISK onde serão implementadas as atividades do Diagrama de redes e realizada uma simulação com 10.000 iterações, e os resultados obtidos comparados com os resultados obtidos através do PERT. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS O projeto objeto de estudo deste estudo, é um projeto hipotético que possui a relação de atividades e os prazos de duração descritos conforme a tabela 1: Tabela 1 – Tabela dos prazos de duração das atividades (em semanas) Onde as atividades hipotéticas estão representadas na primeira coluna pelas letras de A-P e na segunda coluna, a representação da interdependência destas atividades. Os valores de ti e σti foram obtidos a partir dos dados informados das estimativas Otimista, Provável e Pessimista através da aplicação direta das equações (1.0) e (2.0) 8/17 ANAIS De acordo com as atividades, e as suas interdependências, foi construída o Diagrama de Rede conforme a figura 2. Figura 1 – Diagrama de Rede Onde cada atividade possui um início e um fim, que são pontos no tempo. Estes pontos no tempo são os eventos - ponto inicial e final – por círculos (chamados de nós) a seta aponta para o círculo que representa o evento final. As atividades estão representadas por letras de AP e os círculos enumerados em ordem crescente da direita para a esquerda conforme a progressão do tempo. Construído o diagrama de redes e com base nos valores de duração de cada atividade (ti), é possível determinar o caminho crítico e as atividades críticas e o tempo de duração do projeto conforme a tabela 2: Tabela 2-Tabela de cálculo do tempo de projeto e folgas CPM 9/17 ANAIS Onde: DTI é a data mais atrasada em que uma atividade pode começar. DCI é a data mais próxima em que uma atividade pode começar, assumindo que todas as atividades predecessoras começam tão cedo quanto possível. DTT é a última data em que a atividade pode terminar sem que atrase o projeto. DCT é a data mais próxima em que uma atividade pode terminar. DCT=DCI+ti DTI= DTT-ti Folga= DTI-DCI (coluna 5), Folga=DTT-DCT (coluna 8) O caminho crítico é determinado pela sequência das atividades que apresentam folga zero B-E-G-K-N-O-P, e o caminho C-J-H-G-K-N-O-P, ambos apresentam folga zero. O tempo de projeto (Ti), é determinado pela soma dos tempos médios das atividades que compõe o caminho crítico conforme aplicação da equação (3.0). Ti (B-E-G-K-N-O-P) = 53,332 semanas Ti (C-J-H-G-K-N-O-P) = 53,332 semanas Os dois caminhos críticos apresentaram, pelos cálculos CPM, o mesmo tempo de duração de projeto. Nesta rede PERT, as atividades experimentam certa variabilidade em sua duração, a qual é assumida como distribuindo-se segundo uma distribuição beta, e a duração do projeto sofre a influência dessa variabilidade, variando dentro de certos limites. Este cálculo destas variabilidades é particularmente importante para aquelas que compõe o caminho crítico, pois a sua avaliação pode determinar um novo caminho crítico. Calculando os desvios padrões, conforme aplicação das equações (2.0), valores de σti, (conforme tabela 1) e σTi aplicando a equação (5.0) temos: 10/17 ANAIS σTi (B-E-G-K-N-O-P ) = 4,027 σTi(C-J-H-G-K-N-O-P)= 4,034 Apesar dos valores dos desvios padrão apresentados estarem muito próximos, o maior valor desvio pode apresentar maior variabilidade no tempo de duração do projeto, portanto o caminho critico adotado é determinado pela sequência das atividades críticas C-J-H-G-K-NO-P. O tempo estimado de duração do projeto, utilizando PERT é: Ti = 53,332 semanas e desvio padrão σTi = 4,034 Para utilização do software de simulação @RISK foi implementado no software Excel o Diagrama de Redes. Para as atividades de A-P, que na rede PERT se distribuem conforme uma distribuição beta, foram assumidas as distribuições triangulares para as atividades de AP, muito similares a distribuição beta Tysiak e Sereseanu (2010). Utilizando a função @RISK “Definir Distribuições” (Figura 2) e os dados das atividades informados na Tabela 1, obtémse as variáveis de entrada conforme a Tabela 3: Figura 2 – Barra de comando @RISK – Definir Distribuições 11/17 ANAIS Tabela 3 – Distribuições de probabilidades das atividades e Lógica da Rede Utilizando a barra de comandos do software @RISK na função “Adicionar Output”(Figura 3) , foi nomeada a célula C-55 da Tabela 3 como variável de saída, representando a variável “Tempo de duração do Projeto” que é variável a ser simulada. Figura 3 – Barra de comando @RISK – Adicionar Output Definidas as variáveis de entrada e saída, o número de simulações em 1 simulação com 10.000 iterações, tipo de amostragem “Monte Carlo” e o gerador de número aleatórios fornecido pelo @RISK denominado “Mersenne Twister”, na barra de comando do @RISK, “Iniciar Simulação”. 12/17 ANAIS Figura 4 – Barra de comando @RISK – Iniciar Simulação Realizada a simulação, e após 10.000 iterações, os resultados obtidos estão representados na Figura 5 a seguir: Figura 5 - Resultado simulação @ RISK após 10.000 iterações Após as 10.000 iterações o determinado para o tempo de duração do projeto Ti foi: Ti = 56,255 semanas com desvio padrão σTi = 4,751 Como o tempo de duração do projeto (Ti) é a soma de todos os tempos médios das atividades críticas ao longo do caminho crítico e segue uma distribuição normal foi utilizando a função “Ajuste de distribuição” do software de simulação @RISK foi realizado um ajuste da simulação para a distribuição normal com o resultado de novos parâmetros obtidos conforme a figura 6: 13/17 ANAIS Figura 6 – Ajuste simulação para a distribuição Normal O tempo de duração do projeto ajustado de acordo com uma distribuição Normal obtido pela simulação no @RISK é: Ti = 56,242 com desvio padrão σTi = 4,805 Para o PERT/CPM e a simulação podemos obter informações através de inferências estatísticas e por exemplo determinar qual seria a probabilidade da duração do projeto estar entre 50 e 65 semanas. Aplicando a equação (4.0) e tabelas de estatísticas para a distribuição normal temos para a simulação PERT: P≈0,792 i,é 79,2 % de probabilidade do projeto ter duração entre 50 e 65 semanas. Através da observação dos valores encontrados na figura 3 acima, obtida pela simulação no software @ RISK temos para o mesmo intervalo: P≈0,869 i,é 86,9% de probabilidade do projeto ter duração entre 50 e 65 semanas. 5 CONLUSÃO O presente estudo de caso, propôs uma análise comparativa do uso das técnicas PERT/CPM que são amplamente utilizadas no estabelecimento de cronogramas em gerenciamento de projetos e a utilização do software de simulação @RISK para o estudo da variável tempo de duração do projeto em um projeto hipotético. 14/17 ANAIS Os desenvolvedores do PERT escolheram uma aproximação da distribuição beta para representar as atividades por ser uma distribuição flexível e que acomoda bem os dados empíricos que não seguem uma distribuição normal. Para os dados de entrada para as atividades que fazem parte do Diagrama de Rede, foi atribuído também um modelo de distribuição triangular para as atividades como parâmetro de entrada para o software de simulação @RISK. Em ambos os casos as distribuições de probabilidade das entradas foram previamente assumidas, e para um estudo mais acurado do comportamento destas variáveis seria recomendado uma inferência estatística na base de dados para um estudo do modelo de distribuição que melhor se ajuste a amostra. Outro fator é o caráter de subjetividade na avaliação e quantificação dos riscos, que dependem sensibilidade e experiência do analista refletindo nos prazos de duração do projeto e ao mesmo tempo, analistas sem experiência podem subestimar ou superestimar as variáveis analisadas que de uma forma ou de outra, isto pode representar em elevadas perdas financeiras. O cálculo das estatísticas PERT são determinadas somente após a definição do caminho crítico. O caminho crítico é obtido através de cálculos determinísticos pelo CPM, e calculadas sem levar em conta as possíveis variabilidades destas atividades, que dependendo deste valor, podem definir um outro caminho crítico. Neste estudo foi identificado dois caminhos críticos com o mesmo tempo total de duração do projeto, e a opção pelo adotada foi pelo caminho critico que apresentou uma maior variabilidade nas suas atividades. Outra desvantagem da utilização da técnica PERT é que quando aplicada para um pequeno número de atividades é satisfatória, mas torna-se inviável para o seu emprego em projetos mais sofisticados com alto grau de interdependência das atividades. Os resultados para os tempos de duração de projetos obtidos na técnica PERT/CPM (Ti=53,332 no caminho crítico) e o da tabela de inputs do @RISK, após implementada a lógica da rede (Ti=54,666) na figura 2, são muito próximos e após as 10.000 iterações, utilizando a simulação por Monte Carlo (Tí=56,255), diferenças estas atribuídas pelo gerador de números aleatórios no @RISK, e após o ajuste de distribuição para Normal (Ti=56,242). Identificadas as atividades críticas do projeto o software @RISK possui recursos que possam estabelecer prognósticos através de análise de sensibilidade, i.é, o impacto no tempo total do projeto na variabilidade de algumas das atividades críticas, o que a simulação como uma importante ferramenta para o gerenciamento de projetos. Portanto, este estudo comparativo demonstrou o uso da técnica PERT/CPM com a simulação por Monte Carlo, apresentando a aplicabilidade da simulação como uma ferramenta de apoio aos processos de gerenciamento de projetos, onde as atividades envolvidas possuem um certo grau de variabilidade, de risco, quer dizer, processos estocásticos. A avaliação destes riscos demanda a sensibilidade de um especialista para que possam ser qualificados e quantificados, principalmente pela sua natureza subjetiva, que no final se refletirá nos processos de tomada de decisão. REFERENCIAS AKINTOVE, A. S.; MacLEOD, M. J. Risk analysis and management in Construction. International Journal of Project Management, v. 15, n. 1, p. 31-38, 1997. http:// 15/17 ANAIS dx.doi.org/10.1016/S0263-863(96)00035-X BAKKER, K.; BOONSTRA, A.; WORTMANN, H. Does risk management contribute to IT project success? A meta-analysis of empirical evidence. 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