Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação Sheila SILVEIRA BIBLIOTECAS ESPECIAIS: INFORMAR, ACOLHER E HUMANIZAR São Paulo 2014 FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Sheila SILVEIRA BIBLIOTECAS ESPECIAIS: INFORMAR, ACOLHER E HUMANIZAR Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Evanda Verri Paulino São Paulo 2014 S587b Silveira, Sheila Bibliotecas especiais: informar, acolher e humanizar / Sheila Silveira. -- 2014. 140 f., il. Orientadora: Profª Evanda Verri Paulino Coordenadora: Profª Dra. Maria Ignês Carlos Magno Trabalho de Conclusão de Curso (bacharelado) - Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação - FESPSP - Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. 1. Bibliotecas Especiais 2. Consumidores de Informação em Saúde 3. Fontes de Informação para Pacientes I. Paulino, Evanda Verri II. Magno, Maria Ignês Carlos III. Título CDD – 027.662 Autora: Sheila SILVEIRA BIBLIOTECAS ESPECIAIS: INFORMAR, ACOLHER E HUMANIZAR Conceito: Professora Orientadora: Evanda Verri Paulino Assinatura: Banca examinadora: Professora: Maria Rosa Crespo Assinatura: Professor: Ivan Russeff Assinatura: Data da aprovação: ___ / ___ / ___ Este trabalho é dedicado aos meus amados pais e irmã, Wilson, Senir e Thailla Silveira, com todo o meu amor, respeito e admiração incondicionais. Dedico também a você, consumidor de informação em saúde, leigo ou especialista que, em sua humanidade, um dia provavelmente precisou e não soube onde localizar a informação de que precisava. AGRADECIMENTOS Meu primeiro e maior agradecimento é a Deus, que em seu infinito amor e bondade me deu forças para prosseguir com este trabalho sem fraquejar. Obrigada pela luz e por muitas vezes colocar coisas e pessoas no meu caminho. Aos meus pais e irmã que me apoiam incondicionalmente e não medem esforços para me incentivar e ajudar. Obrigada por aguentarem meus momentos de estresse e chatice agudos! À professora Evanda Verri Paulino, pelo incrível acompanhamento. Não poderia ter sido mais feliz nas orientações deste trabalho. À equipe do Sistema Einstein Integrado de Bibliotecas; à Edna T. Rother, pelo acompanhamento; Adriana Meneguelo e Priscila Nascimento pela constante ajuda e injeções de ânimo; à Kioko Oliveira pelas dicas; a José Belém por indicações ao desenvolvimento do trabalho e pela força quando surgiram os “terecotecos” com o inglês; à Regiane pelo suporte técnico e força que me deu. Agradeço também a Fran e Janaina, da Revista Einstein, por serem grandes ouvintes dessa jornada com o TCC. Ao amigo Everton, por me suportar e ter, por tantas vezes, lido voluntariamente (ou não) o trabalho. À Erika Hayashi Nakayama, que tão gentilmente colaborou não apenas respondendo ao questionário, mas compartilhando sua tese de mestrado, tão pertinente ao assunto aqui tratado. À minha irmã Thailla, que me auxiliou ao longo de todo o trabalho. A todos que responderam ao questionário aplicado. Não imaginava tamanho movimento e retorno. Obrigada pela participação e disposição em colaborar, vocês foram incríveis! No Egito, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De fato, é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras. (Jacques Bossuet) RESUMO Uma considerável quantidade de instituições de saúde contempla bibliotecas especializadas com foco em ensino e pesquisa, entretanto o público se restringe apenas ao corpo clínico e demais profissionais de saúde. Infelizmente, pacientes e cuidadores frequentemente contam apenas com a informação que lhes é dada diretamente de seus prestadores de serviços em saúde. Este grupo de pacientes, familiares, amigos e cuidadores podem ser classificados como consumidores de informação em saúde. A relação entre paciente e médico é historicamente vinculada a um sentimento de confiança, contudo, por questões sociais e políticas, esta relação de confiança tem sido diluída, e o paciente devido à falta de informações, irá buscá-las em fontes nem sempre fidedignas ou claras, o que pode afetar o estado emocional do paciente de forma negativa e causar estresse. A informação é um elemento que garante direitos e dignidade a todo cidadão, portanto, uma unidade de informação em ambiente hospitalar com foco em consumidores de informação em saúde faz-se importante: ao passo que humaniza o tratamento, proporciona alívio da tensão emocional e educa esses consumidores de informação quanto à prevenção de eventuais enfermidades. Deve-se compreender que não é necessário estar doente para buscar informação em saúde. Todo cidadão é um potencial consumidor de informação em saúde, à medida que se busca bem-estar e qualidade de vida. Pretende-se, neste trabalho, contextualizar o consumo de informação em saúde, apresentar a importância e os benefícios proporcionados pelo acesso à informação clara e segura e propor um modelo de unidade de informação que contemple não apenas o acesso à informação, mas também um ambiente integrativo e acolhedor que proporcione aos visitantes uma estada amenizada no ambiente hospitalar. Palavras-chave: Bibliotecas especiais. Consumo de informação em saúde. Serviços especiais para pacientes. ABSTRACT A considerable amount of health institutions include specialized libraries focused on teaching and research, however the target audience of these libraries is restricted to clinical staff and other health professionals. Unfortunately, patients and caregivers often count only with information that is given directly from their healthcare providers. This group of patients, families, friends and caregivers can be classified as consumers of health information. The relationship between patient and physician is historically linked to a feeling of confidence, however, because of social and political issues this trust has been weakened, and the patient, due to lack of information, attempt to search information at sources that is not always clear and reliable, which may impact patient’s emotional state negatively and cause stress. Information is an element that ensures rights and dignity to every individual, for this reason, to establish a unit of information in the hospital environment focused on consumer of health information is important to promote a humanizing treatment, relieve stress and educate consumers of information regarding prevention of diseases. It should be highlight that an individual seeks health information not only when he/she is sick. In addition, every person is a potential consumer of health information, because he/she seeks welfare and quality of life. This study aimed to determine the use health information, show the importance and benefits provided by the access to clear and reliable information, and propose a model of unit of information that includes not only access to information, but also an integrative and welcoming environment that can make hospital stay a more pleasant experience. Keywords: Special libraries. Health information consumption. Special services for patients. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Cena do filme O óleo de Lorenzo................................................................24 Figura 2: Arranjo alfabético das informações em saúde na biblioteca online da University of Iowa Hospitals and Clinics......................................................45 Figura 3: Patient Information…………........................................................................47 Figura 4: Patient Education........................................................................................48 Figura 5: Tela principal do aplicativo MedlinePlus.....................................................49 Figura 6: Homepage MedlinePlus..............................................................................51 Figura 7: Guia Health Topics......................................................................................52 Figura 8: Destaque da Homepage Doctoralia............................................................54 Figura 9: Busca por especialidade.............................................................................56 Figura 10: Mapa de hospitais e clínicas.....................................................................56 Figura 11: Busca por especialista..............................................................................56 Figura 12: Destaque da agenda de consultas............................................................56 Figura 13: Termos mais utilizados no questionário – Respostas de São Paulo........62 Figura 14: Mesas infantis...........................................................................................76 Figura 15: Modelo de mesa para estudo....................................................................76 Figura 16: Exemplo de mesa adaptada......................................................................77 Figura 17: Cadeira estofada com apoio.....................................................................78 Figura 18: Cadeira plástica com rodas.......................................................................78 Figura 19: Modelo de Estante na Biblioteca de São Paulo........................................78 Figura 20: Estante para seção infantil........................................................................79 Figura 21: Modelo de estante.....................................................................................79 Figura 22: Bancos em formato de livro.......................................................................79 Figura 23: Poltrona em formato de livros...................................................................79 Figura 24: Móvel para área infantil.............................................................................80 Figura 25: Modelo de balcão adaptado......................................................................80 Figura 26: Modelos de poltronas................................................................................80 Figura 27: Sinalização especial..................................................................................80 Figura 28: Material em braile......................................................................................81 Figura 29: Lente de aumento digital...........................................................................81 Figura 30: Children’s Library – Estados Unidos da América......................................84 Figura 31: Patient Library – Estados Unidos da América...........................................84 Figura 32: Patient Health Library – Estados Unidos da América...............................84 Figura 33: Planetree Health Resource Center – Estados Unidos da América...........84 Figura 34: Patients’s Library – Estados Unidos da América......................................85 Figura 35: Patient Resource Library – Estados Unidos da América..........................85 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ALA – American Library Association AMB – Associação Médica Brasileira CDC – Center for Disease Control and Prevention CHI – Consumer Health Information CIS – Consumidores de Informação em Saúde EUA – Estados Unidos da América IFLA – International Federation of Library Association and Institutions MBE – Medicina Baseada em Evidências MLA – Medical Library Association NASPEC – Núcleo de Assistência para Pessoas com Câncer NCHM - National Center for Health Marketing NLM – National Library of Medicine PNHAH – Plano Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar SBIBAE – Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação USP – Universidade de São Paulo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 15 2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 15 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 15 3 METODOLOGIA .............................................................................................. 16 4 CONSUMO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE ................................................... 18 4.1 A Importância do Acesso à Informação Segura .......................................... 22 4.2 Benefícios da Educação de Pacientes ......................................................... 25 5 O PACIENTE E A INFORMAÇÃO ................................................................... 32 5. 1 Tipos de Bibliotecas em Saúde ..................................................................... 37 5.2 Fontes de Informação para Pacientes .......................................................... 41 5.2.1 MedlinePlus .................................................................................................... 48 5.2.2 Doctoralia ........................................................................................................ 54 5.3 Serviços Especiais: Amostra no Estado de São Paulo............................... 57 5.3.1 Análise de Questionário ................................................................................ 58 5.4 O Profissional da Informação........................................................................ 65 6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE BIBLIOTECAS ESPECIAIS ....................................................................................................... 71 6.1 Missão e Objetivos ......................................................................................... 71 6.2 Localização, Entrada e Ambiente.................................................................. 72 6.3 Capacidade ..................................................................................................... 72 6.4 Disposição Espacial ....................................................................................... 73 6.4.1 Área de Leitura e Estudo ............................................................................... 73 6.4.2 Espaço Audiovisual e Área de Informática .................................................. 73 6.4.3 Seção de Circulação de Materiais e Processamento Técnico.................... 74 6.4.4 Espaço de Convivência e Toaletes ............................................................... 74 6.4.5 Seção Infantil .................................................................................................. 74 6.5 Iluminação....................................................................................................... 75 6.6 Mobiliário ........................................................................................................ 76 6.6.1 Mesas .............................................................................................................. 76 6.6.2 Cadeiras .......................................................................................................... 77 6.6.3 Estantes e Prateleiras .................................................................................... 78 6.6.4 Outros Modelos de Móveis para Bibliotecas Especiais .............................. 79 6.7 Equipamentos ................................................................................................. 80 6.8 Acervo ............................................................................................................. 81 6.9 Programas e Serviços .................................................................................... 83 6.10 Exemplos de Bibliotecas Especiais no Exterior ........................................... 83 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88 Anexo A – Exemplos da Publicação Einstein Saúde ................................... 96 Anexo B – Sistema de Classificação Planetree.......................................... 102 Anexo C – Diretrizes para Propostas de Atividades .................................. 104 Apêndice A – Sugestão para Composição de Acervo. Lista de Referências ........................................................................................................................ 107 Apêndice B – Questionário Aplicado .......................................................... 138 Apêndice C – Croqui de Biblioteca Especial .............................................. 140 14 1 INTRODUÇÃO Os constantes avanços tecnológicos interferem e influenciam diretamente a Medicina. Do prontuário, ao diagnóstico e tratamento, existem ferramentas que auxiliam a relação entre médico e paciente que vive hoje um novo perfil. Há atualmente uma grande gama de fontes de informação disponíveis e a necessidade de informações confiáveis é cada vez mais crescente. Com relação ao universo de médicos e pacientes pode-se afirmar que não há uma grande variedade de fontes de informação que atendam às necessidades do paciente que busca conhecer sua enfermidade e tratamento, e as informações localizadas devem ser avaliadas e selecionadas por um profissional que saiba eleger as informações pertinentes ao paciente e seus familiares. Cabe ao bibliotecário esta tarefa de avaliar e selecionar informação segura ao paciente. Deve tornar-se canal de comunicação e, mais do que isso, prover ao paciente uma unidade de informação com ambiente capaz de proporcionar informação e bem-estar, de forma que seu tratamento se torne mais humanizado. São necessárias unidades de informação dentro de ambientes hospitalares, que interajam com o corpo clínico, pensando sempre em seu cliente final: o consumidor de informação em saúde, que é tanto o paciente, quanto seus familiares e amigos. Propõe-se com isso um novo cenário de biblioteca, não a especializada focada em pesquisas que atendam aos estudos do corpo clínico, mas uma Biblioteca Especial, focada nos consumidores de informação em saúde. Nesta Biblioteca Especial, além de uma proposta informacional, técnica e arquitetônica, é preciso um quadro de funcionários psico-emocionalmente capazes de lidar e tratar sem distinções as pessoas que passam pelas mais diversas enfermidades, tornando concreto o anseio de humanizar tratamentos e promover interação entre pacientes através da informação. 15 2 OBJETIVOS Com vista à carência de bibliotecas com foco em pacientes, busca-se propor um modelo de unidade de informação que disponibilize informações seguras e de linguagem compreensível a todos os públicos. Desta forma, essa unidade de informação poderá ser gerenciada por profissional apto a desenvolver programas, ações e seleção de informação de maneira que não distinga, exclua ou discrimine nenhum paciente em consequência de sua enfermidade. 2.1 Objetivo Geral Propor um modelo de serviço de informação para atender as necessidades de consumidores de informação em saúde, proporcionando um ambiente dinâmico de interação. 2.2 Objetivos Específicos Apresentar benefícios do acesso à informação segura; Identificar fontes de informação a consumidores de informação em saúde; Localizar unidades de informação que ofereçam serviços a pacientes e acompanhantes em ambientes hospitalares; Propor um modelo de ambiente acolhedor que propicie a interação entre os pacientes e seu bem-estar, de forma a tornar mais agradável sua permanência na unidade hospitalar. 16 3 METODOLOGIA A escolha do tema para o presente trabalho deu-se pela observação da ausência de unidades de informação em centros hospitalares com foco na educação de pacientes e humanização da estada hospitalar. A pesquisa teve início com levantamento bibliográfico em bases de dados e repositórios nacionais e internacionais como Scielo, PubMed, Cinahl e Google Scholar para a localização de artigos científicos, livros e trabalhos acadêmicos. Recursos bibliográficos impressos também foram utilizados, sendo recolhidos no acervo da Biblioteca Central Lieselotte Adler Z’L, biblioteca especializada em Medicina e Enfermagem com foco em ensino e pesquisa. A busca de experiências no exterior foi recorrente para ilustrar a proposta do trabalho, visto que tais práticas são comuns no cenário internacional. Sobre o consumo de informação em saúde, sua importância e benefícios, destacam-se os autores M. Sandra Wood, J. C. Ismael, e Mario Alfredo De Marco; dos quais todos são profissionais envolvidos com a área da saúde e a área da informação. Os principais descritores utilizados para tratar dos aspectos de humanização foram bibliotecas para pacientes, bibliotecas especiais, tratamento centrado no paciente, humanização e bibliotecas hospitalares. Foram também utilizadas obras da área de hotelaria hospitalar, psicologia médica e biblioterapia. Para tratar sobre o paciente e a informação foi utilizada literatura da área de comunicação para discorrer sobre a ansiedade de informação e a relação das pessoas com as Tecnologias de Comunicação e Informação. Literatura da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação foi utilizada para discorrer sobre os tipos de bibliotecas em saúde e, sobre Bibliotecas Especiais, foram utilizados livros e artigos científicos recuperados por meio de pesquisa no buscador eletrônico Google Scholar e na base de dados PubMed com os descritores patient libraries, patient education, e consumer health information. Foram também analisadas Bibliotecas Especiais estrangeiras; as bibliotecas analisadas foram localizadas através de pesquisa online no buscador Google, utilizando o descritor patient library. Para o capítulo sobre o paciente e a informação, foi elaborado um questionário a fim de identificar serviços especiais para pacientes no Estado de São Paulo. O questionário, constituído de 7 questões, foi enviado a unidades de saúde 17 públicas e privadas específicas, totalizando 5 unidades de informação, contudo, em função da disseminação realizada entre os respondentes, o questionário foi também respondido em outros Estados Brasileiros. Apesar do compartilhamento, apenas as respostas recebidas de São Paulo foram analisadas, entretanto, sem desprezar as demais respostas, que foram apresentadas de modo expositivo. O questionário esteve disponível para recebimento de respostas entre os meses de julho e outubro do atual ano. Também foi tratado sobre o profissional bibliotecário, suas habilidades e competências, bem como aspectos do serviço de referência. Para esta seção foram utilizados autores como Silva, Azevedo, Beneduzi e Grogan. Por fim, o documento Guidelines for libraries serving hospital patients and the elderly and disabled in long-term care facilities, da International Federation of Library Association and Institutions (IFLA) foi utilizado para dar sugestões a uma proposta de Biblioteca Especial. Figuras de algumas empresas especializadas em móveis para bibliotecas foram utilizadas para demonstrar parte do que pode compor o mobiliário. Também foram apresentadas imagens de Bibliotecas Especiais no exterior para ilustrar sua estrutura e decoração. 18 4 CONSUMO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Devido à diversidade de fontes de informação proporcionadas pelo avanço tecnológico, atualmente o paciente tem um perfil questionador pela facilidade em localizar informações sobre determinada enfermidade. Em sua publicação, Einstein Saúde (2013) chama a atenção para a veracidade dos dados disponibilizados na internet, assim como a dificuldade que os profissionais médicos e da informação têm encontrado para lidar com este tipo de paciente que, frequentemente faz uso de informações provenientes de fontes nem sempre confiáveis. O acesso à informação sofreu uma verdadeira revolução com o advento da internet. De Marco (2012) discorre sobre a internet como um fenômeno de alcance global que repercute diretamente em nosso dia a dia. Esta ferramenta-fenômeno, de exponencial crescimento, possibilita uma gama variada de interação e acesso instantâneo a conteúdos dos mais diversos segmentos, como educação, bem-estar, lazer, cultura e saúde. Uma das premissas básicas da internet é o seu princípio de rede colaborativa, sobre a qual não há autoridade competente oficial para fiscalizar e controlar as informações adicionadas à rede. Dessa forma, um grande montante de informações passa a ser acumulado e a estar ao alcance do público mundial. Além de ter-se tornado o principal canal para a realização de atividades rotineiras, sejam elas de trabalho, estudo ou lazer, a internet é também o principal meio utilizado na comunicação e na busca por informações. Segundo um estudo realizado em 2010 por Sechrest, citado por De Marco (2012), 61% do público adulto norte-americano que utilizam a internet, usam-na na busca por informações de saúde até 3 vezes ao mês, em média. Isso indica que, a internet está se tornando opção de busca para a compreensão de enfermidades diversas e opções de tratamento. Cline e Haynes afirmam sobre a informação em saúde na internet que os críticos, em geral, questionam a qualidade das informações de saúde. Pesquisas limitadas indicam que muito desse conhecimento é inacurado e que a maior parte é caracterizada como especulativa e constituída de apresentações básicas de “como fazer”. (CLINE; HAYNES, apud DE MARCO, 2012, p. 77, grifo do autor) Um levantamento realizado em 2006, nos Estados Unidos da América (EUA), sobre buscas de informações em saúde na internet, apontou que três quartos 19 dos participantes do levantamento “nunca”, “raramente”, ou “às vezes” verificam a fonte e a data de publicação das informações localizadas. Isso implica ao paciente, dificuldades de contextualização da informação localizada com sua situação clínica, já que cada quadro contempla particularidades (DE MARCO, 2012). Ainda citando o autor, este menciona que a internet tem oferecido ao público mais informação em saúde do que os meios impressos tradicionais de comunicação, tanto pelo montante de informações, quanto pela facilidade no acesso, além de oferecer também informações de bem-estar, apoio às decisões de saúde e o contato em redes sociais com pessoas que compartilham da mesma situação. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) têm influenciado a relação entre médicos e pacientes, alterando o perfil dos chamados consumidores de informação em saúde (CIS) que têm, portanto, a oportunidade de melhor interagir com seu médico, e assim, questioná-lo. Este aspecto tornou-se objeto de análise à medida que se buscou descobrir se os profissionais da área da saúde desejam pacientes bem informados. A análise realizada por Shaw e Baker, em 2004, foi também relatada por De Marco (2012), apontando que, na Inglaterra, por exemplo, existe resistência por parte dos profissionais, sobre programas de educação de pacientes, sob a justificativa de que esse perfil de paciente demandaria mais tempo despendido nas consultas médicas com discussões sobre tratamentos e medicação. O autor justifica que este perfil de paciente deve ser visto pela perspectiva de alguém que adquiriu confiança e habilidades para desenvolver uma relação de parceria com os profissionais da saúde ao longo de seu tratamento, e assim, melhorar sua qualidade de vida a partir dos conhecimentos que adquiriu de fontes seguras de informação. Ainda sobre a relação entre médicos e pacientes, uma revisão elaborada por Dedding e colaboradores apontou cinco mudanças positivas e negativas nessa relação, a partir do uso da busca de informações de saúde na internet. São elas: 1. 2. 3. Tornar-se substituto para a consulta face a face; Suplementar as relações e as formas de cuidado existentes; Criar circunstâncias favoráveis para o aumento e o fortalecimento da participação dos pacientes; 4. Perturbar as relações; 5. Forçar ou demandar participação mais intensa e frequente do _____paciente. (DEDDING et al., 2011 apud DE MARCO, 2012, p. 79) Com relação à confiabilidade e segurança das informações contidas na internet, De Marco (2012) indica que é possível que o consumidor de informação em 20 saúde localize informação confiável a partir da avaliação de outros usuários de sites na internet, contudo, estas informações podem não ser seguras do ponto de vista clínico-científico. Reginaldo de Albuquerque afirma que reconhecer e poder avaliar um site de informação em saúde com vistas à qualidade da informação é uma necessidade para qualquer cidadão e sugere algumas precauções para que o leigo avalie as informações de saúde disponíveis na internet. A avaliação do site deve ser resultado das seguintes observações indicadas pelo autor: Quem ou qual é a organização responsável pela informação? Como se pode contatá-los? Via internet ou por telefone? De onde vêm os recursos para a manutenção do site? De onde vêm as informações que são veiculadas no site? Como o conteúdo é selecionado? A informação é revisada e aprovada por especialistas identificados? O site está atualizado e as informações devidamente referenciadas? O site evita divulgação de material essencialmente promocional ou que não tenha credibilidade? O site pede suas informações pessoais e explica como pretende utilizá-las? Você tem confiança que essas informações serão utilizadas de forma adequada? (ALBUQUERQUE, 201-?) Depoimentos ou avaliações de outros pacientes em sites podem ser mal interpretados, pois, podem desconsiderar fatos relevantes sobre resultados clínicos e medicamentosos, ou, apresentar dados estatísticos de validade duvidosa (LO; PARHAM, 2010 apud DE MARCO, 2012). Ethevaldo Siqueira (2010) afirma que “o paciente mal informado é vítima de fontes de informação pouco confiáveis, até porque, em sua maioria, a população não tem capacidade crítica, nem critério de aferição da qualidade das informações que recebe”. Acrescenta ainda que, o mais grave dos problemas da má informação está nas promessas de sites desonestos que fazem afirmações e propagandas mirabolantes no intuito de atrair a população, visando apenas ao lucro nas vendas de medicamentos e tratamentos. Este panorama reforça a necessidade da atuação de um profissional com habilidades no trato com o ser humano, ao passo que o auxilia a desvendar suas dúvidas sobre saúde de forma precisa, selecionando materiais cujas fontes são verídicas. O bibliotecário tem em sua formação acadêmica e vivência profissional, a experiência do serviço de referência e do levantamento bibliográfico, e com o auxílio 21 de especialistas da área da saúde, conhecimento de bancos de dados especializados e o estudo de usuário, está apto a desenvolver este trabalho de educação e formação continuada junto ao consumidor de informação em saúde. Sobre o consumo de informação em saúde (Consumer Health Information CHI), este tem sido denominado como o uso de “qualquer informação que capacite os indivíduos a compreenderem e tomar decisões relacionadas à sua saúde e de sua família” 1 (BAKER, 2002 apud SMITH, 2008). A Medical Library Association (MLA) afirma que os bibliotecários têm um importante papel nos domínios do consumo de informação em saúde e da educação de pacientes, e uma das razões para tal é a promoção da mudança bem-sucedida de comportamento deste consumidor. (MEDICAL LIBRARY ASSOCIATION, 1996 apud SMITH, 2008) O consumo de informação em saúde não diz respeito apenas à educação de pacientes, mas também na seleção e disponibilização de informações. Assim como afirma Lawrence (1998 apud SMITH, 2008), a principal questão é compreender o papel do profissional da informação que deve ajudar os indivíduos, sejam eles pacientes, amigos ou familiares, a manterem o controle, psicológico e emocional, por meio de informação segura. Existem discussões acerca do termo que melhor defina o leigo que busca informações em saúde. Os termos em uso mais frequentes são consumidor e paciente. Smith (2008) afirma que ambos os termos, embora muito utilizados, não são sinônimos, entretanto o primeiro compreende o segundo, já que o “consumidor” não precisa, necessariamente, ser o paciente, mas também sua família e amigos, além do público em geral. A autora relata ainda que, a origem do termo consumidor está relacionada à economia, e no contexto de cuidados médicos, passou a ser amplamente utilizado nos anos 1930, quando um plano de saúde para trabalhadores foi criado. Os trabalhadores eram denominados consumidores porque adquiriam os serviços prestados pelo plano antes mesmo de necessitarem de cuidados médicos. 1 ”...Any information that enables individuals to understand their health and make health-related decisions for themselves and their families”. 22 White (2002 apud SMITH, 2008) afirma que consumidores de informação em saúde podem tomar decisões mais sabiamente, discutir condições médicas ou tratamentos mais inteligentemente, educar a si mesmos sobre boas práticas de cuidados com a saúde e aprender sobre o sistema de saúde em geral. Conforme De Marco (2012), é importante desconstruir o conceito de que o paciente informado é sinônimo de consumidor insatisfeito. Obviamente são diversas as razões que levam um indivíduo a buscar informação em saúde; alguns dos motivos podem ser o desejo de participar ativamente do processo de seus cuidados, a chance de desafiar a autoridade médica, mera curiosidade ou mesmo sentimentos hipocondríacos, e assim como são vários os motivos, vários também são os perfis destes pacientes. Os profissionais médicos e da informação devem ter senso de observação acurado para notar o conhecimento prévio do consumidor de informação em saúde, bem como suas reações frente às informações recebidas. Torna-se, portanto, necessária uma via de comunicação eficiente entre consumidores de informação em saúde e a equipe multidisciplinar de profissionais da saúde e profissionais da informação. Via esta em que o profissional da informação não subestime a capacidade de assimilação da informação por parte de quem a busca e que não quebre a autoridade do corpo clínico na tomada de decisão sobre o tratamento. 4.1 A Importância do Acesso à Informação Segura As TICs não impactam apenas a rotina dos consumidores de informação em saúde. Os profissionais da saúde também sentem este impacto desde o início de sua formação acadêmica. Galvão (2012) afirma que os profissionais dos diversos segmentos da saúde, como, por exemplo, fisioterapia, pediatria ou cardiologia, não estão plenamente capacitados a lidar com as TICs no dia a dia clínico. Para fins expositivos, a autora menciona um estudo realizado por Shaw, em 2010, no Canadá, em que conclui que os médicos sentem grandes dificuldades no uso do prontuário dos pacientes em suporte eletrônico. O mesmo panorama de dificuldades no uso da tecnologia, de acordo com a autora, é encontrado nos Estados Unidos da América e 23 na Austrália, onde há um déficit de trabalhadores em saúde habilitados a trabalhar com as TICs. No Brasil, a autora cita os esforços realizados nos cursos de graduação em Informática Biomédica e Ciências da Informação oferecidos pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto que, a partir de 2002, passaram a dar ênfase em sistemas de informação em saúde. É sabido que, independentemente da área de concentração, as TICs auxiliam no uso eficaz de dados e informações, gerando novos conhecimentos. Contudo, conforme afirma Albuquerque (201-?), “informação nem sempre é conhecimento. Conhecimento é a informação trabalhada, analisada e criticada”. Dessa forma, se os próprios profissionais da saúde, embora conheçam as fontes seguras de informação técnica, tenham dificuldades no uso das TICs para a seleção de informações pertinentes, o mesmo acontece com os consumidores de informação em saúde que contam ainda com o agravante da dificuldade na seleção e averiguação das informações. O consumidor de informação em saúde, enquanto paciente, tem o direito de ser informado e, o médico, o dever de informar. A falta de informações pode afetar o estado emocional tanto quanto seu excesso ou a forma inadequada de transmissão. Assim, o mediador da informação, seja ele médico ou bibliotecário, deve trabalhar de forma que a informação transmitida seja instrumento de conscientização sobre a responsabilidade do indivíduo pelos cuidados com sua saúde. Um aspecto importante a ser considerado é em relação ao nível da informação localizada para o consumidor de informação em saúde. A informação médica geralmente é complexa e escrita em linguagem técnica. Os bibliotecários devem avaliar o nível da informação médica a fim de que esta esteja de acordo com as necessidades de seus usuários, pois, apesar de a internet estar contribuindo para a disponibilização de informações, os consumidores de informação em saúde continuam necessitando de auxílio para a seleção de material pertinente às suas dúvidas (CHOBOT, 2010). Nakayama, Maia e Matos (2005) realizaram um trabalho com usuários potenciais de informação em saúde para identificar suas preferências e a maneira 24 com que pesquisariam as informações desejadas. O resultado do estudo apontou que, dentre as fontes de pesquisa, destacaram-se a internet, livros, artigos científicos, e revistas especializadas. Estes mesmos usuários potenciais afirmaram, de acordo com a pesquisa, que utilizariam os serviços prestados por uma unidade de informação, em razão do auxílio prestado pelo bibliotecário durante as pesquisas. Um aspecto interessante indicado pelos autores trata ainda da linguagem utilizada nos possíveis materiais disponíveis. A preferência de consulta recairia sobre livros e panfletos, contudo, em função da tecnicidade da linguagem, não dispensariam o uso de um dicionário de termos médicos para auxiliar na compreensão dos materiais localizados. Semelhante constatação foi retratada pela indústria cinematográfica no início da década de 1990. Em “O óleo de Lorenzo” (Lorenzo’s oil), o diretor George Miller retrata a história real de um casal que, ao descobrir que seu jovem filho é portador de uma rara doença neurológica, passa a realizar intensos estudos na biblioteca pública da cidade para tentar compreender a enfermidade do filho. Apesar da raridade da doença e da escassez de estudos sobre a recém-descoberta afecção, os pais do garoto conseguem compreendê-la e descobrem um óleo capaz de retardar os seus sintomas (Figura 1). Nota-se, na obra, a dificuldade encontrada tanto pela bibliotecária de referência quanto pelos pais. A primeira, devido à complexidade e especificidade do assunto para a localização de materiais, e o segundo, pelos problemas na compreensão da linguagem técnica. Este exemplo reforça a importante contribuição que o acesso à informação seletiva proporciona ao consumidor de informação em saúde que busca melhor compreender as informações fornecidas por seu prestador de serviços de saúde. Figura 1: Cena do filme O óleo de Lorenzo Fonte: JONES, 2000, p.569 apud NAKAYAMA, 2004, p. 2. 25 4.2 Benefícios da Educação de Pacientes “Ninguém quer ficar doente. [...] Ninguém quer ser paciente”. É o que afirma o cancerologista Jerome Groopman em entrevista à revista Atlantic Monthly, em 2000, citada por Ismael (2002). A condição de paciente afeta diretamente, além dos aspectos físicos e biológicos, os aspectos psicológicos e emocionais do enfermo e daqueles com quem convive. Ainda na mesma entrevista, Groopman dá ênfase à necessidade de o paciente recorrer a uma segunda opinião profissional acerca de sua enfermidade, e que muitas vezes não o faz no receio de ferir o ego do profissional que primeiro o atendeu. Em sua obra, Ismael (2002) apresenta alguns relatos de médicos que fazem críticas sobre a formação em Medicina e sobre o tratamento que os médicos conferem aos seus pacientes. Muitos dos casos de críticas relatados são de médicos que se viram na situação de paciente e que passaram por más experiências, sejam elas por negligência, frieza e demora no diagnóstico e tratamento ou por iatrogenia (na qual o óbito é causado pelo tratamento a que o paciente foi submetido). Dentre os relatos citados, podemos mencionar a do médico cirurgião Ed Rosenbaum, que foi diagnosticado com câncer e friamente tratado pelo colega de profissão com quem se tratava; o dermatologista David Biro, que sofreu com atraso no diagnóstico de uma mutação genética nas células da medula que quase o levou a óbito; e também o médico brasileiro Alex Botsaris, que perdeu prematuramente o filho sem que os devidos esclarecimentos lhe fossem dados. Todos esses casos relatados pelo autor têm em comum a posterior mudança comportamental resultada pela reflexão sobre suas experiências. A partir delas, esses profissionais passaram a tratar de forma mais humana seus pacientes e a fazer também críticas aos sistemas de saúde e sistemas educacionais de Medicina. Essa mudança de atitude é reiterada quando nos apropriamos do conceito de saúde, expresso por Miller (2003): “Saúde – estado relativo no qual alguém é capaz de funcionar bem, física, mental, social e espiritualmente para expressar a extensão completa de suas potencialidades exclusivas dentro do ambiente em que vive”. Groopman (apud ISMAEL, 2002) afirma que lidar com uma enfermidade, requer uma série de escolhas e decisões, tanto por parte do enfermo, quanto por 26 parte do médico, sejam elas com relação a diagnóstico ou tratamento. Com essa situação, a angústia e o sofrimento por lidar com uma doença podem ser agravados, e para melhor lidar com a situação, e por que não afirmar, superá-la, faz-se necessário que o paciente, e aqueles que com ele estão envolvidos, munam-se de informações e que procurem por profissionais dispostos ao diálogo e que estejam aptos a ouvirem e entenderem as questões emocionais que giram em torno da situação em questão. Mais ainda, encontrar profissionais que possam orientá-los com serenidade e firmeza, pois, segundo afirmação do autor “não há nada na medicina que seja tão esotérico que não possa ser explicado e entendido para o leigo”. Ratton (1975 apud CAVALCANTE; PEREIRA, 2013) indica uma série de benefícios proporcionados pela leitura e, dentre eles, estão o alívio do estresse, diminuição da sensação de isolamento, aumento da autoestima e auxílio na adaptação e humanização de espaços. Uma prática que tem se popularizado nos últimos anos é a biblioterapia, que consiste em uma terapia através da leitura. De acordo com Rosa (2006 apud CAVALCANTI; PEREIRA, 2013) um dos componentes terapêuticos da biblioterapia é a catarse, e segundo definição da Grande Enciclopédia Larousse Cultural (1998), para Aristóteles, a catarse consistia num efeito de purificação ou alívio produzido sobre os espectadores por uma representação dramática. Essa representação dramática pode ser considerada não apenas como representação teatral, mas também como literatura, seja ela de ficção e/ou técnica que, quando corretamente direcionada ao leitor, proporcionará a ele a chamada purificação em forma de alívio, força e conforto. Embora não seja o objetivo tratar aqui sobre a biblioterapia, é importante conhecê-la e saber que já existem ações propostas em instituições hospitalares e corporativas a fim de contribuir na reabilitação dos pacientes. O Art. 5, inc. XXXIII da Constituição Federal de 1988 declara que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo”; geralmente as informações disponibilizadas pelo corpo clínico das diversas instituições de saúde, públicas ou privadas, são de linguagem não clara ao paciente, e este precisa de um ambiente que lhe proporcione as informações desejadas de forma segura, clara e precisa. Dessa forma, uma unidade de 27 informação com foco em consumidores de informação em saúde, deve ter como um de seus objetivos, a correta seleção de materiais, para um efetivo programa de educação deste consumidor. Em uma publicação do Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (NASPEC), da qual não é informada a data de publicação, encontra-se a afirmação de que “a falta de informação pode afetar o estado emocional do paciente tanto quanto o seu excesso ou a forma inadequada de transmiti-la”. Ashton e Oermann (2014) apontam que a educação de pacientes, ou educação terapêutica de pacientes, também é entendida como auxílio ao paciente para que este adquira as competências necessárias ao seu cuidado com autonomia. As orientações dadas por especialistas da área médica visam tornar o paciente um parceiro ao longo do processo de tratamento, e os materiais indicados devem ser avaliados de acordo com as necessidades individuais de cada enfermo. O desenvolvimento de ações envolvendo a leitura e a educação de pacientes proporciona a estes uma atitude diferenciada quando em situação hospitalar, pois lhe confere conforto e apoio emocional e psicológico, além de uma atitude mais racional ao longo de seu tratamento. A informação correta torna o paciente mais autônomo, pois permite o exercício da reflexão e da tomada de decisões, trazendo liberdade e amplitude de perspectiva. Sendo a conscientização um dos principais benefícios do acesso à informação segura, o conceito do médico com autoridade suprema é desconstruído pela consequente participação ativa do paciente. Isso se mostra ainda no crescente número de publicações sobre saúde em revistas de generalidades que levam ao público leigo informações de saúde e bem-estar em linguagem clara e usualmente editada por especialistas em saúde (ALBUQUERQUE, 201-?). Considerando, pois, que o consumidor de informação em saúde não se restringe apenas ao paciente, os serviços prestados devem contemplar a todos os públicos que, como afirma Coulter, serão beneficiados por: Entender o que está errado; Ter senso realístico do prognóstico; Obter o máximo de benefícios nas consultas com seus prestadores de cuidados à saúde; Entender os exames médicos, procedimentos e resultados; Serem parceiros ativos do corpo clínico quanto aos seus cuidados; 28 Aprender mais sobre recursos e fontes de ajuda disponíveis, incluindo grupos de apoio; Serem tranquilizados e fortalecidos para enfrentar determinado diagnóstico e tratamento; Ajudarem aos outros a entender seu diagnóstico; Aprenderem a prevenir enfermidades futuras. (COULTER, 1999 apud SMITH, 2008, p. 430, tradução nossa) Todos estes benefícios são elementos de humanização. Esta, conforme Oliveira e Macedo (apud ANDREOLI; ERLICHMAN, 2008), é discutida desde a década de 1970. Segundo Boeger (2011), a humanização é resultado da equação entre hospitalidade, humanismo e acolhimento. É considerada também como fator estratégico dentro das instituições, pois influencia em questões como a relação médico e paciente, comunicação e acesso à informação. Todos estes fatores estão ligados ao processo terapêutico e impactam na humanização do cuidado. Embora esteja claro que humanização esteja associada aos termos “humano” e “humanidade”, não há consenso estabelecido sobre sua definição. Lima (apud, BOEGER, 2008), afirma que a humanização “depende da capacidade de falar, ouvir e de expressar os sentimentos das pessoas envolvidas”. A autora faz um levantamento do conceito de humanização entre diversos autores e conclui que a humanização visa ao aprimoramento das relações humanas sem distinção de níveis hierárquicos ou de formação, e que o processo de humanização não resolve o problema da dor ou do medo, mas “ajuda a diluir este sentimento”, portanto está ligado a modificações comportamentais, requerendo aprendizagem por parte do prestador de serviços, uma vez que este estará em constante interação com o consumidor de serviços em saúde. Beresin, citado por Boeger, afirma que na humanização [...] é primordial considerar a essência do ser, o respeito à individualidade e a necessidade de se construir nas instituições um espaço que legitime a humanização das pessoas envolvidas. Dessa forma, a prioridade em todo o atendimento humanizado é favorecer e estimular que a pessoa vulnerabilizada enfrente positivamente os seus desafios. (BERESIN, apud, BOEGER, 2008, p. 53) Conclui-se, pois, que humanização é respeitar alguém em situação fragilizada, com naturalidade, respeito e igualdade, adquirindo atos sociais polidos e 29 afáveis, garantindo que a dignidade e os direitos dos envolvidos sejam garantidos (VIEGAS, 2007). Partindo desta premissa, faz-se claro que a humanização é uma prática possível de ser realizada em qualquer contexto de prestação de serviços. Assim, já que humanizar é garantir dignidade e direitos numa relação mais próxima entre os envolvidos, uma unidade de informação é sim, uma ferramenta de humanização, até mesmo em um ambiente de cuidados centrados no paciente, como é o caso de unidades de saúde, pois o acesso à informação permitirá a consequente geração de conhecimentos, o alívio do estresse hospitalar e a compreensão do seu quadro de saúde, amenizando seu tratamento. No Brasil, já existe, desde 2001, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). De acordo com o documento, produzido pelo Ministério da Saúde, O PNHAH tem o objetivo de Difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar pública brasileira; Melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários dos hospitais públicos no Brasil; Capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de assistência à saúde que valorize a vida humana e a cidadania; Conceber e implantar novas iniciativas de humanização dos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; Fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública; Estimular a realização de parcerias e intercâmbio de conhecimentos e experiências nesta área; Desenvolver um conjunto de indicadores de resultados e sistema de incentivos ao tratamento humanizado; Modernizar as relações de trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar a imagem pública dessas instituições junto à comunidade. (SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE, 2001, p.14) Observa-se que a humanização é tratada também como modelo de gestão. Embora na esfera pública o Programa não tenha tamanha força por diversas razões políticas, algumas instituições privadas têm criado diversas ferramentas de humanização, seja com brinquedotecas, humanização de partos, ou com atividades que envolvam manifestações artísticas. A humanização do cuidado é uma constante nas instituições de saúde no exterior, inclusive através do acesso à informação. Nos Estados Unidos da América, 30 existem projetos bem sucedidos de bibliotecas com foco em consumidores de informação em saúde. Nelas, além dos recursos bibliográficos, são agregados elementos artísticos, objetos de decoração, arquitetura e design diferenciados, a fim de que o visitante tenha um ambiente tranquilo que lhe proporcione, além do bemestar, a oportunidade de sair do ambiente hospitalar tradicional. Um dos exemplos mais bem sucedidos é o do programa Planetree, criado em 1978, nos Estados Unidos da América, por uma paciente que, após receber tratamento frio e distanciado durante uma fase de internação, resolveu criar um programa de cuidados centrados no paciente. Este programa visa ao cuidado com o corpo, mente e espírito e tem por missão prover educação e informação de pacientes em colaboração com outras organizações de saúde, de forma a tornar os pacientes mais ativos no processo de tratamento e recuperação (SMITH, 2008). A filosofia Planetree está baseada nos componentes de dignidade e escolha do paciente, apoio social, acesso à informação, bem-estar, nutrição saudável, programas artísticos e espiritualidade. Todos com foco nos anseios, expectativas e necessidades dos pacientes. Sobre o pilar de acesso à informação, foi criada uma biblioteca com foco nas necessidades individuais dos pacientes, de forma a conscientizá-los e educá-los sobre prevenção e tratamento das mais diversas enfermidades. Ford e Gilpin (2003) relatam que nesta biblioteca, os pacientes poderiam acessar fontes de informação com linguagem não-técnica, de forma que seria possível compreender de maneira clara e objetiva a sua enfermidade. O projeto tornou-se tão grandioso que se espalhou por todo os Estados Unidos da América, criando uma rede de bibliotecas, ou centro de informação em saúde, como também são chamados e, para atender as demandas do projeto, foi necessário que se desenvolvesse um sistema de classificação especial, de forma a facilitar aos visitantes, a localização dos recursos bibliográficos. O sucesso da filosofia Planetree foi tanto que diversas outras instituições, no desejo de implantar processos de humanização em suas rotinas, passaram a receber instrução e certificação Planetree. Com a certificação Planetree as instituições credenciadas passaram a absorver e incorporar as convicções dessa filosofia, ampliando o cuidado centrado no paciente. As convicções da filosofia Planetree são: 31 Somos seres-humanos cuidando de outros seres-humanos; Somos todos cuidadores; Os cuidados podem ser melhor realizados através de gentileza e compaixão; Atendimento seguro, acessível e de alta qualidade é essencial; Deve atender as necessidades do corpo, da mente e do espírito; A família e os amigos são essenciais para o processo de cura; O acesso a informações compreensíveis pode aumentar a participação das pessoas em busca de melhor saúde; Ter oportunidade para fazer escolhas pessoais relacionadas à sua saúde é essencial; Os ambientes físicos podem melhorar a cura, a saúde e o bem-estar; A doença pode ser uma experiência transformadora para os pacientes, seus familiares e os cuidadores. (FORD; GILPIN, 2003, p. 32) Desprende-se daí que existe a necessidade de um profissional que possa levar a quem procura informação clara e de fácil entendimento. Informação esta que seja segura e que não substitua a opinião do corpo clínico, mas sim que a esclareça e complemente. Ismael (2002) aponta que as escolas de Medicina crescem visivelmente em número, contudo nem sempre em qualidade, e que as novas tecnologias, embora sejam sempre bem-vindas para ajudar a salvar vidas, têm mecanizado os médicos a ponto de, em parte, desumanizá-los. Afirma ainda que nas escolas de Medicina, pouco se trata, ou pelo menos não de maneira adequada, das relações humanas com o paciente. Menciona também que muitos médicos, com relação à sua profissão, enxergam a si próprios como pessoas diferenciadas e superiores das demais, e essa sensação de superioridade interfere diretamente no relacionamento com os pacientes, sendo expresso, por exemplo, na maioria das vezes, pela caligrafia de difícil interpretação. Os bibliotecários são profissionais que podem, além de atender ao corpo clínico em Bibliotecas Especializadas, atender aos pacientes, proporcionando-lhes ambiente integrativo, atendimento acolhedor e informação seletiva. É possível tornar-se mediador e fonte de referência entre médicos e consumidores de informação em saúde. 32 5 O PACIENTE E A INFORMAÇÃO Já se esclareceu a importância e os benefícios que o acesso à informação proporciona aos consumidores de informação em saúde. Sabe-se ainda que, nem todo e qualquer tipo de informação é adequado a esses consumidores. Diversos fatores, como as condições físicas, emocionais e psicológicas e o nível de conhecimento prévio do indivíduo sobre o assunto devem ser levados em conta. Hannah Arendt, citada por Augusto (2004), afirmou que “a educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele”. A informação é o combustível da educação, e aquele que não recebe informação não é capaz de assumir responsabilidades, enquanto que aquele que recebe não pode deixar de assumi-las, principalmente ao se tratar de saúde, na qual a responsabilidade deve ser conjunta entre pacientes e cuidadores. Disponibilizar e selecionar informações a consumidores de informação em saúde, além de humanizar, é torná-lo figura ativa em seu processo de cuidados. Sobre este aspecto, Maldonado e Canella afirmam que: A co-responsabilidade implica fundamentalmente, ao consumidor de informação em saúde, saber que a função do profissional é expor com honestidade e clareza os fatos, os prós e os contras, os riscos ou as consequências, ou as razões de uma indicação terapêutica; o profissional pode ainda acompanhar o processo de decisão do cliente, ajudando a pesar alternativas e levantando questionamentos. (MALDONADO; CANELLA, 2003, p. 15) Considerando que o público a utilizar os serviços de uma Biblioteca Especial é deveras diversificado, cada necessidade de informação é diferente, tornando necessário um serviço de disseminação seletiva de informação bem estruturado. Outro aspecto demasiado importante é a entrevista de referência realizada pelo bibliotecário da unidade de informação. Esta será ferramenta essencial para que o serviço de busca de informações seja eficaz e será um aspecto abordado posteriormente. Todavia, é essencial lembrar que a Biblioteca Especial dará aos consumidores de informação em saúde um quadro geral do assunto buscado, cabendo ao profissional de saúde informar e sanar com maior profundidade e detalhamento as dúvidas surgidas ao longo da consulta médica. Dessa forma, se reitera o conceito de que a Biblioteca Especial não é substituta da consulta, mas o primeiro passo ou o complemento na busca e seleção de informações. 33 É incontestável o fato de que diversas fontes de informação estão disponíveis a qualquer indivíduo com acesso a um dispositivo em rede online. O montante de informações cresce a cada dia e está a um clique de distância dos internautas. A viabilidade de acesso e compartilhamento de informações fascina os que utilizam a rede de computadores e seus recursos. A possibilidade de desvendar questionamentos instiga ainda mais a realização de novas buscas, não só pela facilidade, mas pela discrição na busca por informações de cunho pessoal e delicado. Diversas bases de dados, nas mais diversas áreas existem hoje, contudo, a terminologia técnica ou o idioma estrangeiro se tornam barreiras para o leigo que, por conta disso, se aventura por outras fontes muitas vezes não certificadas ou, caso prossiga na busca pelas bases de dados, poderá interpretar erroneamente as informações em função da não familiaridade com a terminologia empregada. O relacionamento da população com a internet interfere em sua rotina e em suas características. Sobre isso, Blattmann e Fragoso comentam que: O acesso à informação, o saber localizar, avaliar e usar a informação para interagir na sociedade está conduzindo a humanidade para um novo momento histórico, a era do conhecimento online. [...] A importância da descoberta da informação e seus processos repercutem no crescimento do ser humano que navega em oceanos de informação. Trata-se de fomentar novos horizontes e soluções para situações do cotidiano. O envolvimento com a informação, os conhecimentos, os novos saberes e essa constante interação colaboram intensamente na formação humana em diferentes dimensões. (BLATTMANN; FRAGOSO, 2003, p. 9) O montante de informações disponíveis em rede não afeta apenas a rotina da população. Em virtude das numerosas possibilidades de fontes de informação, as necessidades tornam-se mais seletivas e refinadas, e o risco de localizar e utilizar as informações de maneira indevida, visto que não há fiscalização dos conteúdos publicados na rede, torna-se alto. A experiência de estar diante deste acúmulo de informações não verificadas afeta o sentido psicológico do consumidor de informação em saúde, que se vê diante de um quadro de ansiedade de informação. Wurman contextualiza a ansiedade de informação, afirmando que esta é causada pela distância cada vez maior entre o que aprendemos e o que achamos que deveríamos compreender. É o buraco negro existente entre os dados e o conhecimento, que aparece quando a informação não diz o que queremos saber. (WURMAN, 2005, p. 14) 34 O autor cita Shedroff (199-?) ao esclarecer que, a ansiedade de informação não acontece apenas quando estamos diante de informações que não dizem o que queremos saber, ela assume várias formas, dentre as quais podemos mencionar a frustração pela incapacidade de nos inteirarmos por completo do montante de dados que nos são expostos diariamente, frustração por estar diante da qualidade daquilo que nos é oferecido e não compreendido e o sentimento de culpa por não estarmos mais informados e não sermos capazes de acompanhar o volume de dados considerados informação. Podemos afirmar então que este é um dos males sofridos pela sociedade da informação e se a ansiedade de informação é um de seus males, o antídoto a este mal é o acesso. Todavia, não basta simplificar o processo de acesso à informação; é preciso esclarecê-lo acerca de seus benefícios e infortúnios. Wurman (2005) discorre que “se o produto da Era Digital é a informação, a internet é seu meio de transporte, o que significa mais desinformação, porque a informação errada pode ser transmitida tão facilmente quanto a certa”. Também sobre este assunto, Blattmann e Fragoso (2003) afirmam que cresce o número de pessoas que “varrem” a internet em busca de informações sobre saúde, exigindo cada vez mais clareza e qualidade, e diante deste panorama de informações não verificadas na internet, médicos e consumidores de informação em saúde são beneficiados quando dispõem de um bibliotecário como mediador da informação. Alguns profissionais da área médica alcunham informação em saúde para leigos como “informação corretiva”. Este conceito é exposto por Maldonado e Canella (2003) e torna-se sinônimo de reasseguramento, que consiste num estado de alívio de tensões e angústias por meio de informações transmitidas de forma clara e objetiva, trazendo de volta o anterior estado de equilíbrio e harmonia emocional, favorecendo mudanças de ordem cognitiva e perceptual. Nakayama (2004) contextualiza também a disponibilidade de informações em saúde em países avançados por meio de programas e-health, que consiste na disponibilização de conteúdos sobre temas de saúde em redes eletrônicas de informação, e e-care, referente a cuidados de saúde através da internet em que 35 tornam os indivíduos mais conscientes sobre seus direitos ao utilizar serviços de saúde. O interesse sobre informações em saúde não é necessidade exclusiva daquele que sofre de alguma enfermidade. Informações sobre bem-estar, estética e nutrição também são amplamente pesquisados. Um estudo realizado em 2011 no Estado de São Paulo divulgado pela Revista da Associação Médica Brasileira (AMB), em 2012, indicou que mais de 65% da amostra do estudo, realiza buscas sobre saúde em sites de buscadores como Google, Yahoo e Bing. Foi também pesquisado o grau de confiança em diversas fontes de informação. Os maiores índices foram expressos em fontes de informação primária impressa e no diálogo com especialistas, como é possível observar na tabela a seguir. Tabela 1: Nível de confiança da população sobre fontes de informação em saúde Fonte de informação Nível de confiança (%) Opinião de médicos, profissionais de saúde ou especialistas 76 Livros sobre saúde 55 Artigos de revistas científicas 52 Sites de sociedades médicas ou outros sites especializados Portais de saúde como: Minha Vida, ABC da Saúde, Boa Saúde, etc. Bibliotecas virtuais especializadas ou sites relacionados a universidades Jornais e revistas online ou sites como Folha, Estado, UOL, Terra, etc. Televisão ou rádio 51 47 45 20 18 Revistas ou jornais não especializados como: Veja, Isto é, 16 Época, etc. Sites gerados por buscadores eletrônicos como Google, Yahoo, etc. Blogs de saúde Fonte: Revista da Associação Médica Brasileira. v. 58, n. 6, 2012. 12 10 36 Como é possível observar, a confiabilidade da população sobre essas fontes está concentrada principalmente nos meios tradicionais de informação e comunicação, sendo em materiais impressos e editados por entidades competentes ou, por meio do diálogo com profissionais da área. Embora a internet tenha evoluído como veículo de informação, existe consciência por parte da população de que, este veículo não é totalmente fidedigno naquilo que transmite. Ao se tratar de informação, confiança na fonte não significa necessariamente, acesso a ela. No atual momento que vivemos não se torna absurdo afirmar que são grandes as chances de as pessoas terem mais possibilidades de acesso à informação online do que impressas ou oriundas do diálogo com profissionais da área. Assim, seria necessária uma reconfiguração dos pólos de informação online, nas mais diversas áreas. A construção e divulgação de bases de dados com terminologia não técnica, bem como sua divulgação entre a população, contribuiriam vertiginosamente para a expansão de informações, e consequentemente auxiliaria na formação de seus consulentes. As unidades de informação têm, nesse sentido, função essencial na seleção e localização destas fontes, ofertando ao usuário a possibilidade de encontrar a informação desejada in loco em formato impresso e remotamente, ao oferecer endereços eletrônicos de informação em saúde, embora nem sempre exista a possibilidade de oferecer acesso gratuito. À Biblioteca Especial, cabe conhecer o público de sua instituição mantenedora e buscar traçar um plano geral das principais necessidades de informação que podem ser buscadas pelo seu público, pois, assim como afirma Milanesi (2013) “a maior parte da população tem, como uma de suas características mais nítidas, ser desinformado. [...] As pessoas não sabem o que desejam saber, e muito menos, sabem do que precisam saber”. Isto ocorre ainda mais fortemente no contexto da saúde, na qual a fragilidade do momento interfere no raciocínio lógico e na busca e localização de informações objetivas e de fácil compreensão. O campo da saúde é de singular especificidade, e uma vez que todos necessitam de saúde para realizar suas rotinas, o conhecimento da área é de constante atualização, mas ainda com público segmentado. Assim também o são as bibliotecas da área, com público, localização e objetivos distintos. 37 5. 1 Tipos de Bibliotecas em Saúde Bibliotecas são amplamente conhecidas como unidades utilizadas para repositório de coleções de livros. Estes repositórios passaram a indicar o grau de riqueza e desenvolvimento de uma sociedade e seu tamanho indicava a finalidade do acervo, caso fosse de preservação da memória ou de integração dos jovens aos conhecimentos humanos essenciais. A ideia de biblioteca amplia-se à medida que deve atender, de forma organizada, a todas as demandas de informação de um grupo social, e enquanto concentra os esforços de ordenação da produção intelectual do homem, continua sendo fator de desenvolvimento humano. (MILANESI, 2013). Por definição, Cunha e Cavalcanti conceituam-na como: Coleção de material impresso ou manuscrito, ordenado e organizado com o propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral ou ambos. Muitas bibliotecas também incluem coleções de filmes, microfilmes, discos, vídeos e semelhantes que escapam à expressão “material manuscrito ou impresso”. (CUNHA, CAVALCANTI, 2008 apud HENN, 2011) De acordo com Henn (2011), existem basicamente cinco tipos de bibliotecas, a saber: escolar, universitária, especializada, pública e nacional. O autor define Biblioteca Especializada como “aquela que foca em alguma área ou público específico”. Embora as Bibliotecas Especiais também se caracterizem pelo público e tipo de informação que oferecem, estas se diferenciam das Bibliotecas Especializadas pelo nível da informação disponibilizada. Em geral, as informações de Bibliotecas Especializadas são técnicas e têm como público profissionais qualificados, cujos objetivos de pesquisa são técnicos. Já as especiais visam ao público leigo, disponibilizando informações não técnicas. Bibliotecas são entendidas como sistemas de informação que visam servir aos usuários de forma que se tornem parte integrante do trabalho de educação e desenvolvimento da comunidade onde estão inseridas. As Bibliotecas Especiais podem ser consideradas especializadas em uma determinada área por fazerem parte de uma organização cujas características demandem literatura e serviços personalizados dessa unidade de informação aos seus clientes. (BENEDUZI, 2004). 38 Embora na literatura os conceitos possam se confundir, na área da saúde, se pode considerar a existência de três tipos distintos de bibliotecas. Considera-se, pois, Biblioteca Universitária, Biblioteca Especializada e Biblioteca Especial. As Bibliotecas Universitárias constituem-se em unidades de informação com literatura técnica voltadas a ensino e pesquisa e podem, ou não, disponibilizar acervo multidisciplinar. Já a Biblioteca Especializada tem vistas a profissionais que sejam especialistas em uma determinada área e têm por objetivo fundamental a busca de informações altamente específicas. A missão deste tipo de biblioteca é prover as informações necessárias ao desenvolvimento de uma atividade destinada a um seleto grupo de usuários e, na área da saúde, isso se aplica de forma que os profissionais da área possam desenvolver seus estudos e investigações. Quando no segmento da saúde, este tipo de unidade de informação também é chamado de Biblioteca Hospitalar. Estas estão geralmente localizadas em hospitais, asilos e clínicas, além de serem mantidas por instituições de saúde para suprir as necessidades informacionais de seu quadro de funcionários e pacientes de forma que o corpo clínico tenha acesso a dados que o auxilie nas pesquisas e atendimento aos pacientes, e aos leigos estarão disponíveis informações sobre as mais diversas enfermidades, além de informações de saúde em âmbito geral. Assim, pode-se considerar que a Biblioteca Especializada é uma unidade de informação setorial, em virtude da organização em que está inserida e pela temática de seu acervo. Já sobre a Biblioteca Especial, Arteaga-Fernández (2001 apud BENEDUZI, 2004) afirma que, tanto sua localização, seus usuários e sua coleção têm características especiais. Este tipo de biblioteca, além de disponibilizar informações seletivas, como em Bibliotecas Especializadas, visa proporcionar bem-estar aos pacientes e demais consumidores de informação em saúde, de forma a tornar mais agradável a estada no ambiente hospitalar. Também citado por Beneduzi, Soper busca uma definição mais precisa sobre Bibliotecas Especiais: Uma biblioteca é especial quando: sua coleção é de uma natureza especializada, serve a um determinado corpo de usuários, tem um grupo qualificado de pessoas com treinamento especializado em um assunto ou metodologia, ou oferece usualmente serviços especiais personalizados. (SOPER, 1990 apud BENEDUZI, 2004, p. 21) 39 Mais ainda, Beneduzi localiza e traduz a definição de bibliotecas para pacientes encontrada no glossário elaborado pela American Library Association (ALA), de 1988. Este a define como [...] biblioteca mantida por um hospital, ou alguma outra instituição que tem pessoas a seu cuidado devido a padecimentos físicos ou mentais, com o fim de proporcionar material educativo, recreativo e terapêutico que ajude a reabilitação dos pacientes ou a adaptação destes à sua condição ou enfermidade. (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1988 apud BENEDUZI, 2004, p. 29) Este tipo de biblioteca não se restringe apenas a ambientes hospitalares, pois, conforme observado, estas se caracterizam pelo público a que atende e pelos serviços que oferece. Desta maneira, existem algumas características que diferenciam as Bibliotecas Especiais de Bibliotecas Especializadas, conforme Mota e Lobato indicam: 1. 2. 3. 4. 5. O local onde estão situadas: hospitais, asilos, presídios; As limitações do campo a que se dedicam: voltadas aos pacientes, idosos ou presidiários; Tamanho: pequenas em relação ao espaço que ocupam. Número de bibliotecários e coleção reduzida; Ênfase na função lúdica/educativa: o ludismo e a educação são tradicionalmente os objetivos mais importantes da Biblioteca Especial. (MOTA; LOBATO, 1974, apud BENEDUZI, 2004, p. 21) Deve-se salientar que, as Bibliotecas Especiais para consumidores de informação em saúde não devem ser confundidas com as Bibliotecas Universitárias e Especializadas. Assim afirma Vellosillo (1996) também citado por Beneduzi (2004), ressaltando que as Bibliotecas Universitárias e Especializadas se apropriam da literatura sobre um determinado campo, e as Bibliotecas Especiais visam ao bemestar, a humanização e educação dos consumidores de informação em saúde. Também a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA), reconhece a existência de diferentes denominações e conceitos acerca de bibliotecas com foco em consumidores de informação em saúde, e em consonância com os diferentes conceitos localizados, denomina biblioteca para pacientes a unidade de informação cujas coleções agreguem recursos bibliográficos de lazer e de saúde. No ano 2000, a IFLA publicou um documento denominado Guidelines for libraries serving hospital patients and the elderly and disabled in long-term care facilities; este documento trata e dá diretrizes sobre bibliotecas para pacientes. De 40 acordo com o documento, a missão da biblioteca para pacientes é estar de acordo com a missão da instituição mantenedora, com o fim de proporcionar aos pacientes o maior número possível de materiais e serviços bibliotecários. Já quanto aos objetivos, a IFLA indica que as bibliotecas para pacientes devem: Favorecer o bem-estar e a recuperação de pacientes mediante: A aquisição, organização, conservação e/ou fornecimento de materiais e serviços bibliotecários que podem, conforme as necessidades de cada paciente, resultar em meios de lazer, terapia, cultura e educação; Fornecimento de informações acerca da saúde, bem-estar, enfermidades específicas, transtornos ou outros problemas relacionados com a saúde que, incluem a etiologia, diagnóstico e tratamento. Trabalhar em conjunto com outros serviços da instituição _____________mantenedora com vistas ao cuidado ao paciente; Promover a ideia de que: Os materiais bibliográficos são os únicos meios em que os pacientes têm de neutralizar o estranho e, para alguns, apavorante, ambiente hospitalar; A leitura é um dos poucos (e talvez um dos melhores) apoios com que contam as pessoas em hospitais. Encorajar a noção de que, no conceito de um completo atendimento centrado no paciente, as bibliotecas e seus serviços devem ser parte fundamental de qualquer instituição que preste cuidados a pacientes a longo ou curto prazo. (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, 2000, p. 7, tradução nossa) As recomendações do documento tratam também sobre os usuários que incluem os pacientes e acompanhantes, bem como os funcionários do hospital, ou seja, todo usuário em potencial, denominado como consumidor de informação em saúde. Contudo, é afirmado ainda que, cabe à biblioteca determinar seu tipo de usuário a partir das necessidades que buscar atender, ou seja, pode-se priorizar o atendimento a pacientes oncológicos, pediátricos, com mobilidade reduzida, ou apenas para acompanhantes. Todavia, independente do público a que a biblioteca irá atender, esta deverá proporcionar um ambiente de integração, onde os usuários poderão interagir entre si, permitindo um fortalecimento das relações sociais. Assim, relacionando-se com outras pessoas em situação hospitalar semelhante ou não, a permanência na unidade de cuidados à saúde se torna mais amena, e o posterior regresso à rotina e convívio social será retomado de forma mais natural. Para vislumbrar e alcançar este modelo de unidade de informação, as Bibliotecas Especiais deverão contemplar uma proposta que agregue fontes de informação confiáveis em veículos impresso e eletrônico, atividades que promovam 41 a educação de pacientes e ambiente que estimule o relaxamento das tensões emocionais e propicie a interação com outros consumidores de informação em saúde, para assim, alcançar o seu objetivo de humanização. 5.2 Fontes de Informação para Pacientes De acordo com Tähkä (1988), o princípio central em informar o consumidor de informação em saúde é evitar causar o seu mal, e sobre a mediação da informação, afirma que [...] como regra geral, o paciente deve ser informado a respeito de sua doença e seu curso provável de maneira realista e veraz, sem onerá-lo com diversas possibilidades de evoluções desfavoráveis, a menos que existam razões especiais para isso. [...] Nada de positivo se obtém deixando-se a possibilidade de diversos desenvolvimentos adversos lançarem sombra sobre os períodos livres de sintomas da vida do paciente e manterem-no num estado de constante ansiedade e insegurança. (TÄHKÄ, 1988, p. 132) Já quanto ao nível de complexidade do teor da mensagem, há algumas precauções, também mencionadas pelo autor, que devem ser tomadas visando à compreensão do receptor: Deve-se tentar alcançar a máxima clareza e compreensibilidade ao se informar o paciente. Frases simples e sucintas comunicam melhor o sentido do que explicações verbosamente pormenorizadas. É importante escolher palavras que tenham probabilidade de serem entendidas pelo paciente. O uso de termos científicos ou profissionais, em particular, deve ser evitado. (TÄHKÄ, 1988, p. 132) O fragmento acima nos remonta ao movimento Plain Language, desenvolvido especialmente nos Estados Unidos da América. Plain language, ou traduzindo literalmente, “linguagem simples” consiste em uma linguagem de fácil compreensão ao público leigo em geral. O portal do governo norte-americano para o desenvolvimento de plain language, plainlanguage.gov, a define como “uma forma de comunicação com o público de maneira que este possa compreender a mensagem logo na primeira vez que lerem ou ouvirem-na”2 (tradução nossa). Segundo o portal, através dos materiais desenvolvidos em plain language, o público 2 “Plain language is communication your audience can understand the first time they read or hear it.” 42 pode encontrar facilmente o que precisa, entender o que foi encontrado, e usar o que foi localizado para atender suas necessidades. Concordando com o conteúdo do portal, nenhuma técnica define plain language, contudo, esta se define por seus resultados: fácil de ler, entender e usar. Ainda assim, para seu desenvolvimento, algumas técnicas de escrita são recomendadas pela equipe desenvolvedora do portal. São elas: Organização lógica, tendo o leitor em mente; Uso de “você” e outros pronomes; Voz ativa; Frases curtas; Uso de palavras do cotidiano Ilustrações de fácil interpretação. (PLAIN LANGUAGE ACTION AND INFORMATION NETWORK, 2011) O movimento Plain Language busca contemplar diversas áreas cujos termos técnicos dificultem a interpretação dos conteúdos publicados, e na área da saúde auxilia na compreensão do problema a ser enfrentado bem como os procedimentos tomados e sua importância. Em 2007, a National Center for Health Marketing (NCHM) em conjunto com o Center for Disease Control and Prevention (CDC) desenvolveram o chamado “Plain language: thesaurus for health communications”, tesauro construído com termos médicos equivalentes aos de uso cotidiano como auxílio ao desenvolvimento de materiais no formato plain language. O tesauro está disponível online, gratuitamente, e pode ser consultado na página da Universidade de Washington3. Um exemplo do uso do formato plain language para o desenvolvimento de materiais para consumidores de informação em saúde é encontrado na Suécia. Foi realizado um contato por e-mail e solicitado ao responsável um relato do trabalho, cuja resposta é apresentada abaixo na íntegra: Hey Sheila, como vai? Meu trabalho, na maior parte do tempo, consiste em ouvir as gravações dos médicos conversando em reuniões científicas referidas a um determinado paciente, e é meu trabalho transcrever estes dados em documentos separados por paciente. Todo registro, desde documentos de operações a telefonemas são, em sua maioria, linguagem médica avançada e é 3 NATIONAL CENTER FOR HEALTH MARKETING (Estados Unidos da América). Centers For Disease Control And Prevention. Plain language: thesaurus for health communication. 2007. Disponível em: <https://depts.washington.edu/respcare/public/info/Plain_Language_Thesaurus_for_Health_Commu nications.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2014. 43 necessário transcrevê-la em linguagem simples, assim os pacientes e seus familiares poderão entendê-los. Tudo que se refere a um paciente é considerada informação médica, como raios-x e testes. Tudo é transcrito eletronicamente em um banco de dados com os registros dos pacientes. Você precisa ter um cartão e dados de login para acessar a base, que é protegida por leis de privacidade e integridade. Então não posso simplesmente ler qualquer registro de pacientes que quiser. Os pacientes podem solicitar cópias de seus registros e por lei o devem receber dentro de uma semana. Exceções existem em casos de pacientes mentalmente instáveis. Espero ter respondido sua pergunta ☺ (MAGNUS, 2014, mensagem 4 pessoal, tradução nossa) No Brasil, um exemplo da prática de elaboração de conteúdos em formato plain language pode ser observado nas publicações dos folhetos Einstein Saúde. Nestas publicações, diversas enfermidades são abordadas em linguagem simples, com layout limpo e claro. Alguns exemplos das publicações Einstein Saúde podem ser observados no Anexo A5. Alves (2001 apud BLATMANN; FRAGOSO, 2003) afirma que As novas tecnologias da informação, especialmente a internet, estão mudando, definitivamente, o modo como as pessoas aprendem, como ensinam, como se relacionam, como divulgam, como acessam, como estocam e como recuperam a informação. (2001 apud BLATTMANN; F RAGOSO, 2003, p. 55) Tendo a internet mudado a forma de relação e interação social, e tendo em vista a afirmativa de Milanesi (2013) de que as pessoas, em geral, não sabem do que precisam saber, as Bibliotecas Especiais devem disponibilizar recursos, nos mais diferentes meios e de preferência que se enquadrem na proposta plain language. Não apenas recursos bibliográficos impressos podem ser disponibilizados, mas também recursos multimídia como filmes e palestras em DVDs. 4 “Hey Sheila, what’s up?! My job consists for the most part of listening to recordings of doctors talking about a patient in a meeting, and it's my job to write it down into separate patient journal. Everything between an operation to telephone calls and letters is mostly medically advanced lingo and it’s necessary to write it down in plain language, so patients and their relatives can understand it. Everything concerning a patient is considered medical journal information, like X-rays and tests. Everything is written electronically into a journal database. You gotta have an access card and login information to access it, and it's protected by laws of privacy and integrity. So I can't just go read any patient journal I want. Patients can request copies of their own journal and they are legally supposed to get it within a week. Exceptions exist in cases of mentally unstable patients and such. I hope I answered a little bit at least :)” 5 Material utilizado em anexo mediante autorização institucional. 44 Existem ainda fontes de informação eletrônicas que disponibilizam informação em saúde para leigos em formato plain language. Diversas instituições no exterior já têm em prática, projetos de bibliotecas digitais para consumidores de informação em saúde. Diferentemente do Brasil, esta tem sido uma forte tendência norte-americana, especialmente nos Estados Unidos da América. Para fins comparativos, foi realizada uma busca na internet utilizando-se a expressão “biblioteca para pacientes”; os resultados obtidos remeteram apenas a projetos de fomento à leitura e ações de biblioterapia em hospitais enquanto que, utilizando-se a expressão inglesa equivalente “patient library”, foram localizados diversos endereços de bibliotecas digitais com foco em educação de pacientes e com conteúdo estruturado e revisado por especialistas da saúde. Dentre os resultados localizados, foram selecionados 10 endereços de diferentes tipos de instituições para serem analisados. Os sites são suportados pelas instituições mantenedoras, geralmente universidades, hospitais ou clínicas especializadas e, apesar das diferentes interfaces, a estrutura das informações mantém um padrão semelhante. Foram consultados os sites das seguintes instituições: 1. University of Iowa Hospital & Clinics; 2. NYU Langone Medical Center; 3. Hamilton Health Sciences; 4. University of California San Francisco Medical Center; 5. American Academy of Orthopaedic Surgeons (Orthoinfo); 6. Lister Hill Library at University Hospital; 7. Memorial Sloan Kettering Cancer Center; 8. UHN Princess Margaret Cancer Centre; 9. Texa’s Children Hospital; 10. ECRI Institute; Observa-se nestas bibliotecas, que há uma tendência na estruturação das informações em formato de índice por arranjo alfabético ou por especialidade. O site da University of Iowa Hospitals and Clinics, por exemplo, apresenta ao consumidor de informação em saúde um arranjo alfabético e uma listagem com todos os tópicos disponíveis para consulta. É possível pesquisar pelo índice alfabético, pelos tópicos em lista ou por meio das categorias disponíveis no menu, que também estão 45 organizadas alfabeticamente (Figura 2). As categorias, em geral, apresentam informações sobre os mais diversos tópicos em saúde. O layout básico de apresentação das informações contempla os dados de definição do tópico, nomes alternativos, causas e sintomas, testes e exames, tratamento, auxílio em grupo, prognóstico, possíveis complicações, prevenção, ressalvas médicas, ilustrações e indicações de quando contatar um profissional de saúde. Eventualmente, categorias de dados adicionais podem ser inclusas em função das especificidades das diversas enfermidades. Figura 2: Arranjo alfabético das informações em saúde na biblioteca online da University of Iowa Hospitals and Clinics Fonte: Página da biblioteca em saúde para pacientes da Universidade de Iowa Além desta estrutura básica, algumas bibliotecas disponibilizam o serviço Ask a librarian, que consiste na formulação de um pacote informacional a partir de questões pré-definidas com o objetivo de conhecer as necessidades e preferências informacionais do consulente. Em alguns outros casos, a pesquisa pode ser feita por meio de um buscador, como os comumente encontrados na internet. Existem páginas, onde o conteúdo é temático, e a seleção de informações é realizada com base na especialidade de atendimento da instituição mantenedora, 46 como nutrição, oncologia, ou ortopedia por exemplo. Contudo, embora o layout da página varie de acordo com a instituição, algumas informações se tornam essenciais e presentes em todas as páginas analisadas, com o intuito de reiterar os fundamentos das informações divulgadas. Estas informações giram em torno dos dados de localização da biblioteca, bem como seus serviços e informações da instituição responsável pela certificação das informações. Por outro lado, existem também bases de dados especializadas em saúde com espaços especiais para informação para pacientes. Exemplo disso são as áreas Patient Information e Patient Education disponíveis na base Up-to-date e ClinicalKey, respectivamente. Up-to-date é uma base de dados que fornece informações sobre Medicina Baseada em Evidências (MBE), ou seja, informações altamente precisas que, assim como afirmado pelo Centro Cochrane do Brasil (online), promovem “a integração da experiência clínica às melhores evidências disponíveis, considerando a segurança nas intervenções e a ética na totalidade das ações”. Embora o foco seja o público especialista, a base de dados contempla uma área cujo foco é a informação para pacientes. Este espaço está dividido em “básico” e “além do básico” (The Basics e Beyond The Basics). As informações estão agrupadas alfabeticamente por tipos de doenças, e dentro de cada tópico é possível encontrar informações que definem a enfermidade, bem como informações de como mensurar a necessidade de quando buscar um especialista, quais as causas da enfermidade, se existe algum tipo de tratamento que possa ser feito sem acompanhamento médico e como é o tratamento clínico (Figura 3). Esta base é bastante interessante, pois, além de fornecer as informações, fornece ainda as referências das informações apresentadas, dando ao consulente, maior segurança quanto à veracidade das informações que está consultando. Já as guias “além do básico” apresentam também informações de sintomas, dados medicamentosos e informações de diagnóstico. É importante frisar que, a própria página indica que, as informações “além do básico” são recomendadas para pessoas que tenham o mínimo de conhecimento em jargões médicos. 47 Figura 3: Patient Information Fonte: Up-to-date A plataforma ClinicalKey também tem foco em profissionais da área da saúde, e assim como o Up-to-date proporciona informações em saúde para leigos, mediante assinatura. O diferencial do ClinicalKey está na possibilidade de busca por organizações de saúde e busca por especialidade, além da disponibilidade de alguns conteúdos em espanhol. Os temas desenvolvidos para pacientes apresentam informações acerca de exames e significado de testes, bem como preparar-se para eles, e entender os resultados obtidos a partir das indicações do grau do normalidade esperado nos exames. Uma série de atividades são também sugeridas numa tentativa de conscientizar os consulentes sobre hábitos saudáveis e perda de peso. A plataforma não dispõe de muitas imagens ou recursos de vídeo, mas também contempla interface intuitiva e de fácil navegação (Figura 4). 48 Figura 4: Patient Education Fonte: ClinicalKey As vantagens de bases como Up-to-date e ClinicalKey são a confiabilidade das informações, a segurança da fonte das informações, a facilidade de compreensão dos dados e o dinamismo das interfaces. Tem como desvantagem a dependência de uma assinatura para acesso aos conteúdos. 5.2.1 MedlinePlus Em função da demanda por buscas de informação detectadas pela National Library of Medicine (NLM), foi criado em, 1998, o MedlinePlus, um site com uma interface simples com base na frequência de pesquisa de alguns termos no site da National Library of Medicine. Até o final do ano de sua criação, foram adicionados mais de 40 tópicos de informação em saúde em formato plain language, e em função do bem-sucedido resultado do desenvolvimento e divulgação do site, a partir 49 de 2002 foram adicionados tópicos também em espanhol, a fim de que as informações pudessem alcançar maior número de internautas. Em razão da qualidade das informações oferecidas e do alto número de acessos, a página ganhou visibilidade na imprensa e em portais na internet como The Wall Street Journal e PC World, passando a ser conhecido como um dos melhores sites de informação em saúde na internet. (SMITH, apud WOOD, 2008). Em sua última atualização, em 2012, foi criada uma versão mobile do site (Figura 5). Mais de 500 downloads do aplicativo já foram feitos pela loja de aplicativos playstore, contudo não é uma ferramenta gratuita. O aplicativo recebe a seguinte descrição: Informações seguras para consumidores de informação em saúde da MelinePlus.gov em um aplicativo móvel otimizado que inclui resumos de mais de 800 doenças, condições de saúde e tópicos de bem-estar, bem como as mais recentes notícias de saúde, uma enciclopédia médica ilustrada e informações sobre medicamentos que não necessitam de 6 prescrição médica (tradução nossa). Embora não tenha sido possível acessar o aplicativo, foi possível observar sua interface e verificar que, também nessa versão existe a possibilidade de consulta em espanhol. Figura 5: Tela principal do aplicativo MedlinePlus Fonte: Playstore 6 Authoritative consumer health information from the website in a mobile-optimized app that includes summaries for over 800 diseases, conditions and wellness topics as well as the latest health news, an illustrated medical encyclopedia, and information on prescription and over-the-counter medications. 50 É possível também cadastrar-se no site para receber atualizações e comunicar-se com o canal por meio de e-mail ou redes sociais. As atualizações enviadas por e-mail são feitas mediante as preferências do usuário; dentre uma lista com diversos assuntos de saúde é necessário que os tópicos de interesse sejam assinalados para que as atualizações sejam recebidas. No site, a descrição para o visitante esclarece que: Você pode utilizar o MedlinePlus para aprender sobre os últimos tratamentos, buscar informações sobre drogas e suplementos, descobrir o significado de termos médicos, assistir vídeos ou ver ilustrações. Você também poderá encontrar links sobre as últimas pesquisas realizadas sobre seu tópico de interesse ou descobrir testes clínicos que estão sendo desenvolvidos (NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE, 2013, tradução 7 nossa). Atualmente o site, cuja homepage está representada na Figura 6, oferece uma caixa de busca para pesquisa, além de contar com um banner rotativo com as últimas atualizações. O site também conta com: 7 Dicionário médico; Pesquisas mais populares; Menu com os principais tópicos segmentados; Notícias em saúde; Opção de subscrição; Diretórios médicos; Lista de organizações que oferecem informação em saúde; Enciclopédia médica; Tópicos gerais em saúde; Informações medicamentosas e sobre suplementos; Vídeos e ferramentas interativas; Jogos sobre saúde; Opção de página em espanhol. “You can use MedlinePlus to learn about the latest treatments, look up information on a drug or supplement, find out the meanings of words, or view medical videos or illustrations. You can also get links to the latest medical research on your topic or find out about clinical trials on a disease or condition.” 51 Figura 6: Homepage MedlinePlus Fonte: Portal MedlinePlus da National Library of Medicine A guia Health Topics (Figura 7) apresenta um arranjo alfabético para pesquisa, bem como categorias que abrangem mais de 900 tópicos segmentados em “Corpo, desordens, diagnóstico e terapia, grupos demográficos, saúde e bemestar”, conforme indicado na figura a seguir: 52 Figura 7: Guia Health Topics Fonte: Portal MedlinePlus da National Library of Medicine Nota-se mais uma vez a tendência na estrutura alfabética, indicando ser provavelmente a mais funcional no provimento de informações a consumidores de informação em saúde. A interatividade, interface intuitiva, qualidade das informações ofertadas a objetividade e informalidade terminológica, tornaram o MedlinePlus um portal de grande notoriedade, alcançando altos níveis de acesso e consulta, como expresso no gráfico a seguir: 53 Gráfico 1: Estatística de uso do site Fonte: Portal MedlinePlus da National Library of Medicine Fica evidente a utilidade de um portal desta magnitude, de qualidade e com conteúdo gratuito. Embora esteja disponível na rede e com a possibilidade de consultá-lo em espanhol, facilitando a compreensão dos conteúdos oferecidos, tornar-se-ia pertinente a criação de um portal semelhante, ou mesmo a adaptação do portal MedlinePlus para o português, visto que a lusofonia tem se expandido por diversas comunidades ao redor do mundo. Esta ação contribuiria de singular maneira na educação e formação em saúde da população. Pensando em aspectos políticos, independentemente do sistema de saúde, seja privado ou público, o acesso à informação pode não melhorar nem piorar a estrutura física e atendimento médicos, contudo, colabora na conscientização geral, e influencia os hábitos culturais de maneira que os indivíduos se tornem mais responsáveis sobre seus cuidados. 54 5.2.2 Doctoralia Outro canal que tem ganhado visibilidade é o Doctoralia. Embora sua finalidade não seja a de prover informações a consumidores de informação em saúde, tem se tornado um meio para que dúvidas sejam sanadas diretamente com especialistas. O Doctoralia (Figura 8) é um portal que foi criado em 2007 por profissionais do mercado da saúde e da internet, e sua missão é se tornar referência global na localização por profissionais e clínicas de saúde. Figura 8: Destaque da Homepage Doctoralia Fonte: Site Doctoralia 55 Não foi possível identificar o país de origem do projeto Doctoralia, contudo já são 21 países participantes, incluindo o Brasil, e de acordo com informações do site, já são mais de 312.400 profissionais e 55.000 centros médicos cadastrados, 173.520 opiniões de especialistas e 14.460 perguntas de pacientes respondidas. Qualquer cidadão também pode se cadastrar no site e deixar sua pergunta para que algum profissional de saúde responda, contudo, é importante lembrar que o objetivo do site é o de localização de profissionais e instituições de saúde, e não de ser fonte de informações clínicas. A área destinada a perguntas é aberta para que qualquer profissional possa responder, não há seleção de especialista. O usuário que fez a pergunta poderá depois avaliar a resposta e classificá-la com uma ou até cinco estrelas. O mesmo sistema de classificação servirá para as clínicas. Os usuários também podem localizar os perfis de médicos e discorrer comentários acerca do atendimento e esclarecimento de dúvidas. Além destas possibilidades, o Doctoralia também está disponível para dispositivos mobile. Com mais de 100.000 downloads, é um aplicativo gratuito. Após a sua instalação é necessário selecionar seu país para que um mapa seja exibido na tela do dispositivo com as clínicas e hospitais mais próximos de sua localização. Os filtros disponíveis giram em torno da especialidade e do plano de saúde e disponibiliza também uma agenda para controle de suas consultas marcadas. Essas funcionalidades podem ser observadas nas figuras de 9 a 12. A finalidade do Doctoralia pode não ser de educação de consumidores de informação em saúde, contudo torna-se interessante pela interação entre profissionais e pacientes, num espaço onde se podem sanar dúvidas mais frequentes. Isso também não substitui a consulta presencial com um especialista, reiterado na constante indicação dos profissionais de que as respostas finais às perguntas feitas por meio do site sejam obtidas diretamente com o especialista que esteja acompanhando o caso. 56 Figura 9:: Busca por especialidade Figura 10: Mapa de hospitais e clínicas Fonte: Doctoralia mobile Fonte: Doctoralia móbile Figura 11: Busca por especialista Figura 12: Destaque da agenda de consultas Fonte: Doctoralia mobile Fonte: Doctoralia mobile 57 5.3 Serviços Especiais: Amostra no Estado de São Paulo Para bem analisar o cenário das unidades de cuidados paliativos que contemplam bibliotecas, foi elaborado um questionário a fim de identificar serviços especiais para pacientes. O levantamento aborda a opinião dos profissionais respondentes acerca da importância de espaços de informação em saúde voltados ao público leigo. O questionário foi construído com seis questões e foi distribuído a bibliotecas em unidades de cuidados paliativos específicas no Estado de São Paulo, onde se pretende delimitar a análise. Foram encaminhados e-mails para 5 instituições de saúde privadas e 1 instituição pública do Estado de São Paulo solicitando contribuição com respostas ao questionário. Estas instituições não serão aqui nomeadas, pois um dos critérios do questionário foi de que não seria necessário identificar-se ou identificar a instituição. A coleta de respostas foi iniciada em julho do atual ano, e após aproximadamente um mês aberto, apenas 3 pessoas o responderam. Em função deste retorno, a autora entrou em contato com o grupo Bibliotecários no Google Groups8, para localizar outros bibliotecários no Estado de São Paulo que atuassem em instituições de saúde e que pudessem contribuir com o questionário. Apesar de o foco recair sobre o Estado de São Paulo, os próprios respondentes compartilharam entre si o questionário, que se expandiu para outros Estados Brasileiros. Tal fato ocorreu principalmente após o questionário ter sido compartilhado por integrantes do já mencionado grupo Bibliotecários. Em função de tal movimento e crescente número de respostas, acrescentou-se ao questionário um campo para que fosse identificado de que Estado era o respondente. Assim, decidiu-se por manter o foco da análise nas respostas de São Paulo, contudo sem desprezar a grandiosa e valiosa contribuição dos profissionais de outros Estados. O questionário foi fechado na primeira quinzena de outubro, num total de 23 respostas com contribuições oriundas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Pará e Bahia. O layout do questionário pode ser 8 [email protected] 58 verificado no Apêndice B e as questões, bem como seus resultados e análises serão apresentadas a seguir. 5.3.1 Análise de Questionário Serão apresentadas e analisadas as respostas recebidas de São Paulo, visto que este foi o recorte geográfico proposto, entretanto, serão apresentadas de maneira geral e expositiva, as respostas recebidas de outros Estados. Ao longo do questionário não foi empregada a expressão “consumidores de informação em saúde” em razão da possibilidade de ser desconhecida por alguns profissionais. Para esta menção foram alcunhados por “pacientes e acompanhantes”. 1. No exercício de suas atividades, em que Estado brasileiro atuou no segmento da saúde? O questionário aplicado visava apenas ao Estado de São Paulo, contudo, conforme a já relatada disseminação feita pelos respondentes, outros Estados Brasileiros participaram do levantamento, resultando num montante de 23 respostas, dispostas entre os seguintes Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas, Pará, Bahia e Santa Catarina. A quantidade de respostas por Estado pode ser observada no Gráfico 2, representado a seguir: 59 Gráfico 2: Panorama Quantitativo Nacional de Respostas Recebidas Fonte: Elaborado pela autora com base nas respostas recebidas. Observa-se que o maior número de respostas provém da região sudeste do país. Interessante ainda observar que, embora em menor quantidade, todas as regiões brasileiras foram representadas no questionário, com exceção da região centro-oeste. Isso sinaliza o interesse dos profissionais da informação que atuam no segmento da saúde de ampliar os seus serviços e recursos aos consumidores de informação em saúde. As manifestações são aqui referidas como interesse, pois a existência de ações concretas, ou não, será analisadas nas próximas questões. 2. Como você definiria a biblioteca de sua instituição? Os respondentes foram convidados a indicar o tipo de biblioteca em que atuam. Foram dadas as seguintes opções: Especializada, voltada aos profissionais, mas com acesso liberado e alguns serviços prestados a pacientes; Universitária, apenas para profissionais, com vista ao ensino e pesquisa; Especial para pacientes, com informação seletiva e ambiente acolhedor. Das 10 respostas recebidas do Estado de São Paulo, 6 foram definidas como Especializadas e 4 definidas como Universitárias. Reitere-se que foram 60 consideradas como especializadas as bibliotecas que geralmente estão localizadas em hospitais, asilos e demais unidades de informação mantidas por instituições de saúde, com foco em profissionais e abertura de serviços e recursos para consumidores de informação em saúde. Já as Bibliotecas Universitárias são definidas como aquelas que são mantidas por instituições de nível superior, com foco em ensino e pesquisa. Não foram registradas respostas de Bibliotecas Especiais para pacientes. Para bem representar este cenário, o gráfico 3, a seguir, ilustra a distribuição desta classificação. Gráfico 3: Classificação das bibliotecas em saúde que participaram do questionário 0% 40% Especializada Universitária Especial 60% Fonte: Elaborado pela autora com base nas respostas recebidas. Em âmbito nacional, o mesmo cenário foi observado, na qual 07 bibliotecas foram definidas como Especializadas, 06 como Universitárias e nenhuma foi classificada como Especial. 3. Com relação aos serviços oferecidos, há algum que se destaque como exclusivo para pacientes e acompanhantes? Apenas dois respondentes indicaram serviços que se destacam exclusivamente para pacientes. Não serão aqui identificados para que o anonimato 61 seja mantido, contudo, de acordo com a descrição dos serviços, trata-se de atividades de mediação de leitura, especialmente nos setores de pediatria das instituições de saúde. Em função de o foco deste trabalho pairar sobre fontes seguras, seletividade das informações e o acolhimento como fatores de humanização, as iniciativas apontadas no questionário não foram consideradas por não se enquadrarem nos objetivos e características de serviços e recursos aqui propostos. Algumas respostas indicaram que os consumidores de informação em saúde podem utilizar os serviços de wi-fi e fotocópia. Chamou a atenção também um dos relatos que descreveu a existência de “atendimento de balcão”, contudo sem serviço de empréstimo por motivo de risco de infecção aos visitantes e profissionais. Nos demais Estados Brasileiros participantes do questionário também não foram identificados serviços especiais para pacientes. As poucas ações localizadas são referentes a empréstimo de livros e orientações sobre o uso da biblioteca, contudo não são exclusivos para pacientes, são praticados também com os demais funcionários das instituições. De maneira geral, foi observado que o acesso é irrestrito a todos os públicos, mas que não existem ações exclusivamente realizadas para pacientes. 4. Existe na biblioteca, ou fora dela, um espaço voltado à interação entre pacientes, com atividades de leitura e recreação? Em São Paulo foi apontada a existência de espaços de leitura e salas de espera, brinquedoteca, espaço para idosos, palestras e orientações realizadas por equipes de outros setores alheios à biblioteca e também uma escola infantil para as crianças em tratamento, além das respostas que indicaram não haver espaços que promovam a interação entre pacientes. O mesmo ocorre nos outros Estados. Foram identificadas respostas que sinalizaram como inexistentes estes espaços de interação, contudo foi recorrente a menção a departamentos de humanização que realizam atividades nas instalações das instituições. Foram observados trabalhos multidisciplinares, alguns em conjunto com a biblioteca, inclusive na prática de biblioterapia. 62 5. Na sua opinião, além das habilidades técnicas, quais as competências necessárias para que o bibliotecário atue junto a pacientes? Grande parte dos respondentes aponta que é importante uma especialização no âmbito das ciências da saúde. Além disso, apontam que são essenciais a preservação do respeito, da hospitalidade, humanização e das técnicas de busca e pesquisa. Proatividade e boa comunicação também foram destacadas. Estão indicados, na Figura 13, os termos mais recorrentes nas respostas recebidas de São Paulo. Nos demais Estados foram destacados também a ética profissional, equilíbrio emocional e abordagem junto ao público. Parte das respostas pode não se enquadrar como habilidade ou competência, como respeito e paciência, já que estas podem ser consideradas como virtudes ou qualidades, contudo, são essenciais para que o relacionamento com os consumidores de informação em saúde seja satisfatório. Figura 13: Termos mais utilizados no questionário – Respostas de São Paulo Fonte: Elaborado pela autora com base nas respostas recebidas. 63 Vale lembrar que Azevedo (2009) indica as principais competências informacionais do bibliotecário que atua no segmento da saúde. Estas indicações feitas pelo autor estão no documento da Medical Library Association (MLA), publicado em 1992, entitulado Platform for change: the educational policy statement of the Medical Library Association. São elas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Conhecimento em ciência da saúde, bem como das políticas de saúde vigentes, problemas e tendências que impactam o ambiente da biblioteca; Compreender a liderança, finanças, comunicação e técnicas de gestão; Compreender os princípios e práticas relacionadas com o fornecimento de serviços de informação que satisfaçam as necessidades dos usuários; Ter a capacidade de gerenciar a informação sobre saúde; Compreender e utilizar tecnologias e sistemas para gerenciar todas as formas de informações; Entender o quadro curricular de seus usuários e ter a capacidade de ensinar as formas de acesso, organização e utilização de informações; Compreender os métodos de investigação científica e ter a capacidade de analisar e filtrar literatura pesquisada em bases de dados. (MEDICAL LIBRARY ASSOCIATION, 1992 apud AZEVEDO, 2009, p. 33) Percebe-se que as competências indicadas melhor se enquadram no contexto de Bibliotecas Universitárias e Especializadas, entretanto, aliadas às indicações recebidas no questionário, formam um cenário do perfil do Bibliotecário Especial, que precisará de habilidades técnicas, administrativas e sociais para bem desempenhar o seu trabalho. 6. Existe participação do corpo clínico no desenvolvimento do acervo e serviços da biblioteca? Em São Paulo, todos os participantes deram respostas positivas com relação a participação do corpo clínico na formação de acervos. Independente de ser uma participação ativa ou parcial, o trabalho em conjunto do corpo clínico com os profissionais da informação existe. Nos casos em que a participação é reduzida, isso se dá pelo fato de serem utilizados recursos eletrônicos que são levantados pelos profissionais da informação e indicados ao corpo clínico como ferramenta de busca e pesquisa. Em outros Estados, apenas uma resposta foi negativa. A participação se dá em forma de indicação de livros e periódicos para aquisição e, em alguns casos, a biblioteca faz um levantamento em cada 64 departamento clínico a fim de investigar e levantar melhorias para o acervo e serviços. 7. Você considera importante um espaço destinado a pacientes e acompanhantes, que propicie informação seletiva em saúde e ambiente acolhedor? No Estado de São Paulo apenas um respondente não considera importante a existência de espaços com ambiente acolhedor e com provimento de informação seletiva em saúde destinados a pacientes e acompanhantes. Para todos os demais, este seria de vital importância, visto que contribuiria como referência de fonte de informações para este público, além de se tornar uma opção de lazer e distração durante a estada na unidade de cuidados paliativos. Um ambiente bem projetado, com informações adequadas, é mais do que um espaço reservado ao ócio, é um espaço de formação, interação, integração e alívio de tensões. Assim, a Biblioteca Especial é responsável por informar, acolher e humanizar. Uma das respostas recebidas de São Paulo, expressa bem a necessidade e a intenção de Bibliotecas Especiais: [...] Considero importante esse espaço mesmo porque os acompanhantes ficam ociosos enquanto acompanham seus familiares internados passando por momentos difíceis com alguma enfermidade séria. Se existir um espaço com ambiente acolhedor e que propicie a informação seletiva em saúde, isto vai ajudar muito essas pessoas a passar o tempo, ocupar a mente com outras coisas e até quem sabe amenizar a dor. Nos demais Estados que participaram do questionário, todos sinalizaram como importante este espaço. Mais uma resposta se destaca, agora considerando as bibliotecas, num aspecto geral. Ainda assim reflete alguns dos compromissos da Biblioteca Especial que, assim como as demais, tem o dever de informar e promover a cultura entre seu público: Entendo a Biblioteca do século XXI como espaço acolhedor, onde o usuário, independentemente do seu nível e necessidade de informação, possa reconhecer este espaço com um ponto de referência e encontro, não só para questões de ensino, pesquisa e assistência, assim como na atenção às necessidades de cultura, informação e lazer da comunidade em geral. 65 Após observar e analisar as respostas recebidas pode-se afirmar que não existem Bibliotecas Especiais em São Paulo. As ações identificadas enquadram-se como atividades de mediação de leitura, embora sejam ocasionalmente realizadas em parceria com os departamentos de humanização e ação social. Nenhum dos participantes relatou serviços oferecidos exclusivamente para consumidores de informação em saúde ou mesmo a existência de um espaço destinado a interação deste público em que houvesse participação ativa da biblioteca nas atividades realizadas. Além disso, não foram identificadas ações de disseminação seletiva da informação voltadas ao público leigo, embora, ocasionalmente sejam realizadas oficinas e palestras para os pacientes. Nenhuma resposta foi enquadrada no modelo de uma unidade de informação que informe com linguagem adequada e fontes de informação específicas ao público leigo ou que realize trabalhos de hospitalidade e humanização no sentido de acolhimento e tratamento pessoal. A afirmação de que não existem Bibliotecas Especiais para consumidores de informação em saúde é, portanto, declarada e reafirmada pelos próprios respondentes que não classificaram dessa forma as unidades de informação em que atuam. Estas foram classificadas como Bibliotecas Universitárias ou Especializadas, contemplando assim, acervo técnico e público especializado, não querendo dizer que o público leigo seja impedido de ter acesso as unidades ou mesmo de usufruir de serviços gerais da biblioteca, como uso de terminais de computadores, impressão e fotocópia de documentos. 5.4 O Profissional da Informação De modo geral, no Brasil os bibliotecários da área médica não atuam diretamente com consumidores leigos em informação em saúde, contudo auxilia os profissionais da área, trabalhando em conjunto para obter informações pertinentes ao corpo clínico e, consequentemente, melhorando o atendimento por eles prestado durante as consultas médicas. Todavia, de acordo com Silva (2005), é também função do bibliotecário da área médica levar informações sobre saúde à população por meio de diferentes canais, seja por meio da internet ou com recursos bibliográficos impressos disponíveis no acervo. Dessa forma, seria interessante que 66 as unidades de informação em saúde contemplassem, além do acervo técnico, recursos bibliográficos voltados aos consumidores de informação em saúde. O processo de seleção destes materiais deverá ser realizado pelo bibliotecário, considerando a opinião dos profissionais da área da saúde. O autor ainda destaca as iniciativas dos Estados Unidos da América na formação de bibliotecários na área da saúde. Registros apontam que, em 1939, o bibliotecário foi reconhecido como profissional com especialização na área médica e, deste momento em diante, diversas organizações e associações de bibliotecários em saúde foram criadas. Num panorama nacional, o autor afirma: No Brasil, sem vínculo com a formação acadêmica, os profissionais com atuação em áreas comuns se reúnem em grupos ou associações de bibliotecários, a fim de compartilhar experiências e trocar conhecimento sobre ferramentas de busca da informação especializada na área médica. (SILVA, 2005, p. 102) O fato de não necessariamente atuar em contato direto com consumidores de informação em saúde, não quer dizer que o profissional que atue em unidades especializadas de saúde não deva se preocupar com o púbico leigo, pois, mais do que um profissional com competências para lidar com informações científicas, existe também o prisma social da profissão, expressa inclusive nas tarefas atribuídas pela Medical Library Association aos bibliotecários da área médica. Entre outras atribuições definidas por esta associação encontram-se: Desenhar, desenvolver, navegar e manter sites; Localizar recursos impressos e eletrônicos; Criar e administrar produtos e serviços que proporcionam informação facilmente; Selecionar e comprar livros, revistas e vídeos (em formato impresso e eletrônico); Organizar livros, revistas e recursos eletrônicos para o uso rápido e fácil; Ensinar os outros a utilizar os computadores, a web, e outros sistemas a fim de encontrar a informação que necessitam; Realizar empréstimos entre diferentes unidades de informação da área da saúde; Servir à sociedade, mediante a localização da informação para melhorar o serviço a população. (AZEVEDO, 2009, p. 16, grifo nosso) 67 Embora trabalhe com informação, não se deve esquecer que o bibliotecário é também mediador. Lidar com pessoas requer um olhar e sensibilidade acurados para notar as singularidades de cada indivíduo. Ainda mais cuidados devem ser tomados ao atuar em uma Biblioteca Especial, onde, além de ter dedicação e motivação, deve também saber ouvir e conduzir a comunicação estabelecida com as pessoas em estado físico e emocional fragilizados. Oferecer atividades culturais, de lazer e de orientação à saúde também são oportunidades de se estreitar os laços da Biblioteca Especial com os consumidores de informação em saúde, uma vez que estas ações contribuirão na recuperação da saúde e da auto-estima dos visitantes, que enxergarão a biblioteca como unidade acolhedora e prestadora de serviços. (TÄHKÄ, 1988) Os valores morais, em especial, são de extrema importância no cenário desta unidade de informação. O respeito e a preservação da dignidade humana devem ser valores não apenas da biblioteca, mas também os princípios básicos de atendimento aos visitantes. Embora seja alto o nível de especificidade das temáticas em saúde, o profissional da informação, assim como os demais profissionais, não têm a obrigatoriedade de serem exímios conhecedores da área, embora deva existir o compromisso de constante atualização e aprimoramento profissional. Beneduzi (2004) assinala que conhecimentos na língua inglesa e nas ferramentas básicas de computação são fundamentais para a prática profissional, além de habilidades humanas de comunicação. A autora frisa que “quanto à especialização, tempo e vivência no trabalho contribuem para uma melhor definição das qualificações necessárias a este profissional”, visto que são poucas as iniciativas de especialização biblioteconômica na área da saúde. A formação em Biblioteconomia, ao abordar as práticas do serviço de referência, permeia as ideias de Grogan que, conforme citado por Timbó (2002), afirma que, o serviço de referência é “uma atividade essencialmente humana, que atende a uma das necessidades mais profundamente arraigadas da espécie, que é o desejo de conhecer e compreender”. Segundo Grogan, o processo de referência envolve oito etapas, a saber: 68 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Problema; Percepção da necessidade de informação; Questão inicial; Questão negociada; Estratégia de busca; Processo de busca; Resposta; Solução (GROGAN 1995 apud VULPES, VULPES 201-?) Destes oito passos, entende-se entende se por problema a demanda informacional; questão inicial sendo aquela identificada com o auxílio do bibliotecário; questão negociada como as possibilidades de fonte de pesquisa; estratégia de busca trata-se trata do conhecimento prévio o ou lógica booleana; resposta como verificação da utilidade da informação localizada, localizada e solução como a aprovação do solicitante frente ao resultado obtido. se afirmar que o processo de referência é ininterrupto, visto que após Pode-se chegar à solução de uma demanda, pressupõe-se se que novos problemas surgirão, reiniciando o processo. O serviço de referência será representado de acordo com o Gráfico 4: Gráfico 4: Oito passos do serviço de referência segundo Grogan Solução Problema Resposta Percepção Processo de busca Questão inicial Estratégia de busca Questão negociada Fonte: A autora, com base em Grogan (apud VULPES, 201-?) 69 Em qualquer unidade de informação é fundamental a existência de um serviço de referência estruturado, ainda mais em uma Biblioteca Especial, onde são utilizadas linguagens, informações e fontes especializadas com um público também especial. Kenneth Whitaker afirma ainda que: A finalidade do serviço de referência e informação é permitir que as informações fluam eficientemente entre as fontes de informação e quem precisa de informações. Sem que o bibliotecário aproxime a fonte do usuário, esse fluxo jamais existirá ou só existirá de forma ineficiente. (WHITAKER, 1977 apud EIRÃO, 2011, p. 23) Esta afirmação reflete de maneira clara e reafirma que, num contexto de Bibliotecas Especiais, o profissional bibliotecário deve fazer a disseminação seletiva da informação, ou seja, compartilhá-la de forma personalizada, de acordo com o problema informacional do solicitante. Para bem atendê-lo deverá elaborar a entrevista de referência partindo do pressuposto de que serão atendidos usuários que minimamente sabem de que precisam, mas ainda não sabem como expressar sua necessidade, e usuários que ainda não têm certeza do que precisam. Conhecendo o seu usuário e as suas necessidades, será possível criar um pacote informacional que atenda plenamente as suas necessidades e, caso isso não se concretize, retornar-se-á ao primeiro passo do serviço de referência expresso por Grogan. (SOUZA, 2014)9 Assim como existem diferentes segmentos de bibliotecas no ramo da saúde, os profissionais bibliotecários também recebem diferentes denominações de acordo com o local de atuação. De maneira geral, os profissionais que atuam na área médica são denominados “bibliotecários em ciências da saúde”, contudo, Azevedo (2009) destaca as nomenclaturas bibliotecário-médico, bibliotecário-clínico e informacionista clínico. O bibliotecário-médico corresponde ao profissional cuja atuação se dá nas Bibliotecas Universitárias em Faculdades de Medicina, auxiliando docentes e discentes na localização de informações. O bibliotecário-clínico é o profissional que atua junto às equipes de profissionais de saúde, como médicos e especialistas; este tem atuação em Bibliotecas Especializadas, também conhecidas como Bibliotecas Hospitalares, como visto anteriormente. Já o informacionista clínico diferencia-se dos demais por atuar na indústria da saúde, geralmente no mercado 9 Conteúdo exposto durante as aulas de Serviços de Referência e Informação. Prof. M. Adriana Maria de Souza. Biblioteconomia e Ciência a Informação da FESPSP. 70 farmacêutico, pois trabalha com dados estatísticos e levantamento das mais novas e relevantes informações de medicina baseada em evidências. Não foram localizadas indicações de nomenclatura para bibliotecários atuantes em Bibliotecas Especiais, contudo, ser bibliotecário é uma profissão especial por sua natureza, dessa forma por que não denominar Bibliotecários Especiais os profissionais que atuam neste tipo de biblioteca? Independente da nomenclatura recebida o bibliotecário atuante no contexto da saúde deve ser mediador de informações entre médicos e pacientes, contribuindo para o bem-estar dos consumidores de informação em saúde e colocando em prática a questão social de sua profissão à medida que colabora para uma efetiva educação de pacientes. Deve-se frisar que, além dos atributos profissionais, todo prestador de serviços deve ter atributos pessoais como simpatia, criatividade, confiança, atenção e boa comunicação. Assim, os bibliotecários que, prestando um bom atendimento e realizando sua missão de levar a informação a quem precisa, principalmente aos consumidores de informação a saúde, não podem ser considerados meros mediadores de informação, mas sim, referências de respeito e acolhimento. 71 6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE BIBLIOTECAS ESPECIAIS As recomendações para o planejamento de Bibliotecas Especiais aqui apresentadas se baseiam nas diretrizes expressas pela IFLA em 2000. O documento entitulado Guidelines for libraries serving hospital patients and the elderly and disabled in long-term care facilities (Diretrizes para bibliotecas que atendem a pacientes de hospital, idosos e deficientes em instalações de cuidados de longa duração) é o quarto documento da Federação com recomendações para bibliotecas para pacientes. Originalmente publicado em 1984 e revisado e compilado em 2000, o documento não tem pretensão de ser um padrão internacional estipulado a ser seguido, mas sim um agrupamento de sugestões que poderão ser postas em prática de acordo com o cenário da instituição, visto que cada uma delas tem suas necessidades, recursos, cultura e características particulares. De acordo com o tópico a ser abordado, outras fontes poderão ser utilizadas para fins expositivos e discursivos. 6.1 Missão e Objetivos De acordo com a IFLA (2000), a missão das bibliotecas voltadas ao público leigo em saúde deve estar alinhada com a missão da instituição mantenedora, de forma que amplie os recursos e serviços tanto quanto forem possíveis. Conforme já mencionado anteriormente, os objetivos de Bibliotecas Especiais de maneira geral devem ser: Nutrir o bem-estar e a recuperação dos pacientes através de disseminação e tratamento da informação; Trabalhar colaborativamente com os outros serviços de cuidados com o paciente da instituição; Promover a compreensão da importância da leitura e acesso à informação; Encorajar o reconhecimento de que as bibliotecas e seus serviços devem ser considerados partes fundamentais das instituições de cuidados de saúde a curto ou longo prazo. (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATION, 2000, p. 7) 72 É importante lembrar que estes não são objetivos impostos, mas sugestões que deverão ser adaptadas ao contexto da unidade de informação e sua instituição mantenedora. 6.2 Localização, Entrada e Ambiente A biblioteca deverá estar localizada em uma área central do hospital, de maneira visível e de fácil acesso aos consumidores de informação em saúde e também aos funcionários da instituição. Quando não for viável a localização de fácil acesso, deve-se assegurar que haja sinalização clara e suficiente para indicar a todos a existência e localização da biblioteca. A entrada deve ser livre de soleiras elevadas ou degraus e deve ser ampla o bastante para a passagem de cadeiras de rodas ou, eventualmente, macas. As portas devem ser fáceis de abrir ou mesmo contar com mecanismos que as mantenham abertas ou que as abram automaticamente. Em caso de portas de vidro, estas devem contar com sinalização para que acidentes sejam evitados. Deve-se evitar que o ambiente da biblioteca seja compartilhado com outros departamentos ou serviços, evitando ruídos alheios aos próprios da biblioteca para que se preserve o ambiente sempre limpo, confortável e convidativo. 6.3 Capacidade É importante que a Biblioteca Especial seja projetada com dimensões e capacidade maiores do que as bibliotecas convencionais, visto que poderão receber visitantes acamados, em cadeiras de rodas, muletas ou andadores. Com relação à capacidade, devem estar disponíveis assentos suficientes para visitantes individuais e em grupos, numa proporção de aproximadamente 10% dos leitos disponíveis em 73 instituições de pequeno porte. Já em grandes instituições este percentual deve ser de aproximadamente 20%. 6.4 Disposição Espacial A disposição do espaço dependerá do tamanho e tipo da instituição. 6.4.1 Área de Leitura e Estudo Deve ser uma área tranquila, afastada da entrada principal e ser confortável. O espaço mínimo recomendado é de 2,5m2 para cada espaço de leitura e 4m2 para cada sala de estudo. 6.4.2 Espaço Audiovisual e Área de Informática Este espaço deve ser planejado de acordo com os recursos que serão oferecidos. CDs, DVDs e slides podem ser disponibilizados para consulta com fones de ouvido, se necessário e solicitado. Recomenda-se uma área mínima de 4m2 que disponha de tomadas e materiais desinfectantes para as mãos e aparelhos eletrônicos. A área de informática deve estar alocada de maneira que a equipe da biblioteca possa facilmente prestar assistência. Os computadores devem conter instruções de uso, e espaço suficiente para papeis e outros materiais, além de estarem conectados a uma impressora, cujo serviço de impressão pode ter um valor de custo simbólico. 74 6.4.3 Seção de Circulação de Materiais e Processamento Técnico Deve ser posicionada de modo que permita a visualização de todo o ambiente da biblioteca. O espaço deve ser suficiente para acomodar ao menos 2 pessoas. É recomendável a existência de uma sala para o processamento técnico dos materiais bibliográficos e estoque de materiais de escritório, por exemplo. A sala deve dispor de lavatório, mesa, arquivos e estantes para tratamento e alocação dos materiais antes de serem disponibilizados para consulta e empréstimo. 6.4.4 Espaço de Convivência e Toaletes Reconhecendo a função social da biblioteca, é indicada a criação de um espaço destinado à convivência entre os consumidores de informação em saúde. Uma área que não seja restrita à prática do estudo e da leitura, mas onde se possa reconhecer um ambiente agradável para relaxamento e diálogo, com poltronas, almofadas, luz adequada e com decoração e pintura harmoniosas que propiciem relaxamento. Neste espaço podem ser realizadas atividades com os visitantes, como apresentações musicais, palestras, oficinas e demais atividades culturais, formativas e sócio-recreativas. Os toaletes devem estar perto da entrada da biblioteca. Serem amplos e adaptados para receber pessoas com mobilidade reduzida. 6.4.5 Seção Infantil Parte da biblioteca deve estar reservada para o público infantil, não apenas àqueles em condição de paciente, mas aos possíveis acompanhantes ou familiares. O tamanho e organização da área dependerão de seu propósito, pois poderá ser um 75 espaço apenas para recreação ou também uma extensão do ambiente escolar para as crianças cuja permanência na unidade será extensa. Esta deve ser uma seção colorida, com móveis confortáveis e adaptados e, além de oferecer livros infantis, atividades culturais podem ser promovidas com as crianças. 6.5 Iluminação A iluminação, tanto natural quanto artificial, é o componente mais importante em ambientes interiores, pois a adequada exposição à luz natural é essencial para a saúde biológica e correto funcionamento do relógio biológico (ULRICH, 2004 apud MALKIN, 2008), assim, deve-se utilizar a luz natural tanto quanto for possível; contudo, é importante atentar-se ao acervo para que seja preservado de possíveis efeitos nocivos da luz solar. A luz artificial deve ser utilizada como um suplemento à luz natural, tendo seu uso mais amplo quando for inviável o aproveitamento de luz natural. A norma brasileira NBR ISO/CIE 8995-1:2013 tem objetivo de apresentar os valores mínimos de iluminância artificial para interiores. Os níveis de iluminância para bibliotecas, indicados pela norma, variam de 200 a 500 que se enquadram entre as categorias A e B que representam “iluminação geral para áreas usadas interruptamente ou com tarefas visuais simples” e “iluminação geral para área de trabalho”, respectivamente. (NBR ISSO/CIE, 2013). A qualidade e boa disposição das lâmpadas propiciam um ambiente agradável e convidativo. Caso sejam utilizadas com efeito decorativo, deve-se assegurar ainda mais uma fixação firme para que acidentes sejam evitados. O tipo de lâmpada deverá ser escolhido de acordo com o padrão da instituição mantenedora e deverão ser distribuídas de forma que todo o ambiente seja contemplado com luz. 76 6.6 Mobiliário A mobília para a biblioteca deverá ser escolhida pensando nas necessidades dos visitantes que a utilizarão, entretanto, não se deve esquecer que tudo deverá estar nos padrões da instituição mantenedora em questões de segurança e manutenção. Seguindo ainda as recomendações da IFLA, as recomendações a seguir são norteadoras na escolha da mobília adequada. 6.6.1 Mesas As dimensões para escolha das mesas não são muito precisas devido às diferentes necessidades dos visitantes com mobilidade reduzida. Tendo em mente os visitantes em cadeiras de rodas, com muletas e pensando também nas crianças, a melhor opção é a pesquisa junto a empresas especializadas em móveis adaptados, porém, independente das dimensões do móvel, este deve ser forte e pesado o suficiente para não cair sobre um visitante, caso um eventual acidente ocorra. As figuras de 14 a 16 ilustram alguns dos modelos que podem ser utilizados. Figura 14: Mesas infantis Fonte: Biccateca Figura 15: Modelo de mesa para estudo Fonte: Biccateca 77 Figura 16: Exemplo de mesa adaptada Fonte: Biblioteca de São Paulo 6.6.2 Cadeiras Devem ser confortáveis, duráveis, resistentes e seguras para suportarem tensão adicional provocada por visitantes com mobilidade reduzida. É recomendável que as cadeiras tenham apoio para os braços a fim de facilitar o ato de sentar-se e levantar-se e devem ser levemente mais altas do que as cadeiras comuns para que visitantes em cadeiras de rodas e pessoas mais fracas possam se movimentar mais facilmente. Havendo espaço disponível, pode-se disponibilizar cadeiras e poltronas com design diferenciado nas salas de leitura e no espaço de convivência. Ademais, cadeiras com encosto verticais e assentos acolchoados são recomendadas também para as salas de leitura e estudo. As Figuras 17 e 18 ilustram exemplos de cadeiras. 78 Figura 17: Cadeira estofada com apoio Fonte: Biccateca Figura 18: Cadeira plástica com rodas Fonte: Biccateca 6.6.3 Estantes e Prateleiras Para a escolha das estantes, deve-se considerar as limitações dos visitantes. A distância entre prateleiras deve ser de 1,80 metro, de acordo com as especificações da norma 9050, de 2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Esta dimensão leva em consideração o deslocamento de duas pessoas em cadeiras de rodas em linha reta. A altura das prateleiras também deve ser diferenciada para proporcionar maior autonomia ao visitante durante sua consulta aos materiais disponíveis. A recomendação da IFLA é de que as estantes contenham até 5 prateleiras. As Figuras de 19 a 21 nos trazem algumas opções. Figura 19: Modelo de Estante na Biblioteca de São Paulo Fonte: Site da Biblioteca de São Paulo 79 Figura 20: Estante para seção infantil Figura 21: Modelo de estante Fonte: Biccateca Fonte: Biccateca 6.6.4 Outros Modelos de Móveis para Bibliotecas Especiais As figuras de 22 a 27 ilustram algumas das possibilidades de móveis que podem ser utilizados em Bibliotecas Especiais tanto pela sua disposição no ambiente quanto pelo seu design, que pode ser um atrativo ao espaço. Figura 22: Bancos em formato de livro Figura 23: Poltrona em formato de livros Fonte: Big Cozy Books Fonte: Big Cozy Books 80 Figura 24: Móvel para área infantil Figura 25: Modelo de balcão adaptado Fonte: Big Cozy Books Fonte: Inter Offices Figura 26: Modelos de poltronas Figura 27: Sinalização especial Fonte: Biblioteca de São Paulo Fonte: Unicap 6.7 Equipamentos Os equipamentos a serem utilizados dependerão dos serviços que serão oferecidos e terão variantes de acordo com a política e cultura organizacional da instituição mantenedora. De maneira geral, serão necessários telefones, fotocopiadoras, carrinhos para transporte de livros, bibliocantos, bancos, puffs, computadores, laptops, tablets, notebooks, CD player, fones de ouvidos, DVD player e televisores, além de recursos e ferramentas que assistam aos visitantes, como lente de aumento digital, recursos em braile e audiobooks (Figuras 28 e 29). 81 Figura 28: Material em braile Figura 29: Lente de aumento digital Fonte: Biblioteca de São Paulo Fonte: Biblioteca de São Paulo 6.8 Acervo A quantidade de livros no acervo dependerá das condições espaciais do local. Deve-se lembrar que a área da biblioteca será calculada com base nas dimensões e capacidade de leitos da instituição mantenedora. O mesmo ocorrerá com a quantificação do acervo, que poderá seguir estas sugestões: Tabela 2: Quantificação de acervo Quantidade de leitos Livros x Leitos Até 300 8 300 – 500 7 500 ou mais 6 Fonte: IFLA, 2000 Outro aspecto que deve ser lembrado é com relação à idade do acervo, que não poderá exceder 8 anos, a fim de que se evitem contaminações por fungos e bactérias que possam afetar aos visitantes. Por meio de um levantamento realizado no banco de dados das bibliotecas Lieselotte Adler Z’L e da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein, recomendações de livros classificados como consumer health books identificados em buscas na internet, e consultas a catálogos de livrarias online na categoria de saúde, foram localizados títulos que podem nortear a construção de um acervo. O levantamento é composto por títulos de livros, filmes e séries. Para estes 82 títulos foi criada uma lista organizada alfabeticamente com as referências bibliográficas. A lista de livros é composta por títulos de literatura, auto-ajuda, saúde e bem-estar, e a lista de filmes e séries contempla títulos de diversos gêneros, porém todos tratam de forma sucinta ou direta de temas de saúde e superação. Pode-se criar um catálogo com estrutura por títulos com vistas aos usuários finais, que podem ter alguma dificuldade na compreensão de referências bibliográficas. Além disso, no caso de busca por um assunto específico, a identificação dos resultados ocorrerá de forma mais rápida e simples, já que, em geral, os títulos apresentam de forma explícita o assunto principal. As referências bibliográficas, por conterem diversas outras informações sobre a obra, podem confundir o usuário, e a lista simples de título ajudará na rápida localização do assunto desejado, como pode ser observado nos títulos abaixo: Aonde Foi Parar o Cabelo de Mamãe?: a jornada de uma família no combate ao câncer Doutor, eu tenho... Piolho! Em tempos de AIDS Quimioterapia e Beleza Xixi na cama nunca mais!: saiba o que é mito e o que é verdade e aprenda a lidar com a enurese Após o levantamento, foi construída uma lista com sugestões para a formação de um acervo. As sugestões podem ser consultadas no Apêndice A. Além do acervo adquirido por processo de compra, deve-se incentivar o desenvolvimento de material informativo pelos membros da própria instituição mantenedora. Este material, que pode ser elaborado em formato de panfleto ou livreto, pode ser distribuído pela instituição tendo alguns exemplares disponíveis na biblioteca, que poderá construir um catálogo especial para estas publicações. É essencial que a organização do acervo seja simplificada, assim o paciente poderá mais facilmente localizar as obras desejadas. Pode-se criar um sistema de classificação próprio ou utilizar um modelo já existente, como o Sistema de Classificação Planetree, onde é possível observar uma versão simplificada, utilizada no West Park Hospital, no Anexo B. 83 6.9 Programas e Serviços A Biblioteca Especial não deve ser um local reservado apenas a consulta e empréstimo de livros. Uma série de atividades e serviços podem ser oferecidos para promover a cultura, lazer e formação dos visitantes. Além de oferecer serviços básicos como acesso à internet, fotocópia e impressão, a Biblioteca Especial poderá promover atividades como encontros com especialistas, serviço de orientação básica a esportistas profissionais e iniciantes, rodas de conversa para compartilhamento de experiências, hora da leitura, dramatizações e brincadeiras com as crianças. É importante que o catálogo da biblioteca esteja disponível online, e que programas de biblioterapia e musicoterapia possam ser realizados. Um modelo de atividades e serviços pode ser consultado no Anexo C10. A segurança e praticidade devem ser prioridades ao se planejar atividades e serviços, contudo não se esquecendo de prezar pela hospitalidade e respeito que devem ser constantes; assim, o horário de funcionamento e prestação de serviços deverá ser estabelecido de acordo com a instituição mantenedora. Tendo em vista que as unidades de cuidados paliativos funcionam 24 horas por dia, um estudo de usuário poderá ser realizado para descobrir se há, por exemplo, a necessidade de abertura da biblioteca em tempo integral. 6.10 Exemplos de Bibliotecas Especiais no Exterior Para bem ilustrar as diferentes possibilidades para ambientes de Bibliotecas Especiais, as figuras de números 30 a 35 representam bibliotecas para consumidores de informação em saúde nos Estados Unidos da América. Nota-se que não há um padrão; embora existam as recomendações da IFLA, as unidades são adaptadas ao seu contexto e da instituição mantenedora. 10 Material cedido pela bibliotecária Edna T. Rother CRB8/866 84 Figura 30: Children’s Library Figura 31: Patient Library Fonte: Buffalo’s University Fonte: Dr. Rodney K. Jones Figura 32: Patient Health Library Fonte: UCSF Medical Center Figura 33: Planetree Health Resource Center Fonte: Park County Library 85 Figura 34: Patients’s Library Fonte: Mayo Clinic Hospital Figura 35: Patient Resource Library Fonte: Middlesex Hospital Tendo visto as recomendações propostas pela IFLA, e observando os exemplos de Bibliotecas Especiais nos Estados Unidos, foi gerado um croqui de como poderia ser uma Biblioteca Especial com algumas das indicações propostas pela Federação. Este croqui, que apresenta integração com um jardim, é uma mera ilustração, sem considerar medidas e proporções reais, e pode ser visualizado no Apêndice C. 86 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A ideia de que bibliotecas são especiais por sua natureza é certa. A possibilidade de oferecer informação, cultura, lazer e educação de forma agregada é uma chance de poucos. Isso se torna ainda mais relevante no contexto de prestação de serviços à saúde, onde serão atendidos visitantes em estado físico, mental ou emocional fragilizados. A Biblioteca Especial para consumidores de informação em saúde fugirá dos padrões, formalidades e tecnicidade das Bibliotecas Universitárias e Especializadas em saúde. Deverá estar preparada nos aspectos de estrutura e equipe para acolher aquele que está em busca de refúgio, alívio de tensões e informação compreensível que o ajude a melhor lidar com o seu momento carregado de dúvidas e incertezas. A internet é frequentemente a fonte de informação mais viável ao consumidor de informação em saúde em virtude do montante de dados disponíveis e pelo errôneo senso de que “se não está no Google, não existe”. O buscador é uma ferramenta prática, contudo, nem sempre trará respostas corretas e pertinentes. Apresentará dados que não serão contextualizados às necessidades do consulente. O bibliotecário especial será o “buscador humanizado”, pois além de dominar as técnicas de busca e conhecer fontes de informação confiáveis, agrega o fator humano de poder ouvir o consulente e adaptar sua busca para atender de forma pontual os problemas levantados. Assim, o acesso à informação segura, mediada pelo bibliotecário, auxiliará o consulente a melhor lidar com o momento pelo qual está passando, além de melhorar o relacionamento com seus prestadores de serviços médicos na medida em que poderá melhor discutir as questões relativas a sua saúde e também proporcionar mais autonomia em seus cuidados mesmo após a alta hospitalar. É direito de todo cidadão ter acesso à informação, saúde e educação. Quando esses elementos são agregados, atinge-se o objetivo de tratamento humanizado. Iniciativas de humanização de tratamentos por meio do acesso à informação já são observados no exterior onde Bibliotecas Especiais para consumidores de informação em saúde são localizadas em hospitais e clínicas com literatura em formato plain language. 87 O mercado editorial brasileiro conta com uma quantidade considerável de publicações ao público leigo no âmbito da saúde, contudo não existem no cenário nacional Bibliotecas Especiais a este público. Por ser um tipo singular de unidade de informação, a literatura sobre Bibliotecas Especiais em Ciência da Informação em língua portuguesa é parca, e a ausência deste tipo de biblioteca no Brasil leva ao exercício de busca em modelos e literatura internacionais multidisciplinares. A experiência estrangeira destas unidades de informação mostra que, com seu público, fontes e disseminação seletiva da informação, ambiente e serviços, é um modelo que se faz necessário no cenário nacional brasileiro. Ao final da pesquisa, conclui-se que a Biblioteca Especial será, portanto, uma unidade de informação que deverá agregar fontes de informação segura, humanização, hospitalidade, cultura e lazer, contudo, sempre com foco na disseminação seletiva de informação. A informação, neste ambiente, deverá ser o combustível e principal produto a ser oferecido para auxiliar, integrar e tornar mais agradável a permanência no ambiente hospitalar, seja em condição de paciente ou de visitante. Sugere-se para futuros estudos, um aprofundamento das questões de construção, acessibilidade, arquitetura e design de Bibliotecas Especiais. Um projeto multidisciplinar pode ser elaborado para melhor ilustrar as possibilidades de ambientação deste espaço que se mostra tão necessário e útil na formação e educação em saúde da população. Sugere-se, também, a ampliação da sugestão bibliográfica para a construção de um acervo para Bibliotecas Especiais e das atividades e serviços passíveis de serem realizados. Além disso, pode-se realizar uma proposta de modelo de gestão de marketing para Bibliotecas Especiais que possam ser adequados aos padrões das instituições mantenedoras. Por fim, se expressa aqui a sugestão e desejo de que sejam elaborados cursos de especialização na área de informação em ciências da saúde pelas escolas de Biblioteconomia. Um curso de especialização seria de extrema importância para que os profissionais bibliotecários em ciências da saúde exerçam seus trabalhos de maneira aprimorada. 88 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, R. A internet como fonte de informação em saúde. In: Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba. Disponível em: <http://www.crmpb.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2188 5:a-internet-como-fonte-de-informacao-emsaude&catid=46:artigos&Itemid=483.>Acessoem: 21 abr. 2014. AMERICAN ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS. OrthoInfo. Disponível em: <http://orthoinfo.aaos.org/>. Acesso em: 14 ago. 2014. ANDREOLI, P. B. A.; ERLICHMAN, M. R. Psicologia e humanização: assistência aos pacientes graves. São Paulo: Atheneu, 2008. 375 p. ANZALONE, C. Children's psychiatric center and UB Team up for children's library. 2009. Disponível em: <http://www.buffalo.edu/news/releases/2009/12/10732.html>. Acesso em: 25 out. 2014. ASHTON, K.; OERMANN, M. H. Patient education in home care. 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Health Information Publicações desenvolvidas com especialistas. Pode-se criar um catálogo especial com as publicações. Tópicos - Temas por área de interesse (Desenvolvido por especialistas). Temas desenvolvidos respeitando os seguintes tópicos: + Informações básicas da doença; + Diagnosticando a doença; + Prevenção e controle; + Tratamentos; + Cuidados diários; + Como lidar com a situação; + Suportes básicos 2. Encontro com o especialista Especialista convidado uma vez por mês para tratar de temas da atualidade, avanços em saúde, tratamentos e medicamentos. 105 3. TV Saúde Materiais produzidos ou adquiridos para serem exibidos na biblioteca e disponibilizados para empréstimo. 4. Puzzles e Quiz Atividades para teste de conhecimento. Perguntas a serem assinaladas como “Verdadeiro” ou “Falso”, com links para orientação básica. Primeiros temas a serem tratados: Próstata; Infecções Mama; Medicamentos; Pele; Diabetes; Colesterol; Hipertensão Alcoolismo; Depressão; Alzheimer; Gravidez; Doenças Peso e massa corpórea; cardiovasculares; Deve-se também planejar atividades para o público infantil com jogos e brinquedos educativos. Podem ser realizadas atividades de mediação de leitura e dramatizações com as crianças. 5. Serviço de orientação básica Uma seção especial sobre fitness e bem-estar. Pode ser desenvolvida para orientar os visitantes que procuram uma mudança e melhoria na qualidade de vida por meio da prática esportiva. O material deve conter basicamente: 106 Informações básicas sobre exercícios; Artigos sobre saúde e exercício; Slide shows; Informações sobre cálculos de batimentos cardíacos; Dietas complementares; Lesões no esporte - Condicionamento e prevenção de lesões 6. Espaço Minha História Coletânea de depoimentos dos visitantes. Pode haver uma versão impressa e uma online, onde o visitante pode postar eletronicamente uma foto (se desejar) e sua história. 107 Apêndice A – Sugestão para Composição de Acervo. Lista de Referências Livros ABDO, E. I. No país dos carequinhas. São Paulo: Nippak Graphics, 2012. ADAMS, C. A. Deus nos criou um a um: Como identificar preconceitos e celebrar as diferenças. São Paulo: Paulus, 2011. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. ADAMS, C.; BUTCH, R. J. Gosto de ser como sou. São Paulo: Paulus, 2002. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. ADDOR, F. O Doce Vôo da Juventude. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 256 p. AGUSTONI, D. Harmonize Seu Sistema Craniossacral: toques suaves para a saúde e o bem-estar. São Paulo: Summus, 2013. 152 p. ALLEY, R. W. Como fazer de um dia chato algo espetacular: Um guia para as crianças enfrentarem o desânimo. São Paulo: Paulus, 2007. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. ALLEY, R. W. Irmãos ciumentos, irmãs egoístas: Dicas para enfrentar a rivalidade entre os irmãos. São Paulo: Paulus, 2007. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. ANDERSON, N. B. Longevidade emocional. Rio de Janeiro: Best Seller Ltda, 2005. 322 p. ARATANGY, L. R. Sexualidade: a difícil arte do reencontro. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001. 104 p. ASSIS, M. O Alienista: Conforme a Nova Ortografia. São Paulo: Saraiva, 2007. 108 p. ASSOCIAÇÃO PROTECTORA DOS DIABÉTICOS DE PORTUGAL. Pé diabético: caminhando para um futuro melhor. Lisboa: Lidel, 2010. 134 p. 108 AUER, J. Diga NÃO às drogas e ao álcool: Um guia para as crianças. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2008. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. AUER, J. Resistindo à pressão dos colegas: Um guia para ser você de verdade. São Paulo: Paulus, 2004. 32 p. Ilustrações de R. W. Alley. AZEVEDO, C. G. M. Laços de Amizade: as primaveras de uma vida. Rio de Janeiro: Multifoco, 2011. 210 p. BACCI, I. Livre-se Facilmente da Dor Crônica: técnicas simples de autocura da dor. São Paulo: Cultrix, 2007. 224 p. 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Morristown: Monarch Pictures, 1998. 1 DVD (127 min.), color. ANTES de partir. Diretor: Rob Reiner. Alpes-Maritimes: Warner Bross, 2008. 1 DVD (97 min.), color. BICHO de sete cabeças. Direção: Laís Bodanzky. Roteiro: Luiz Bolognesi. Produção: Sara Silveira, Caio Gullane, Fabiano Gullane, Luiz Bolognesi, Marco Müller. Intérpretes: Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kiss, Jairo Mattos, Caco Ciocler, Luís Miranda, Valéria Alencar, Altair Lima, Linneu Dias, Gero Camilo, Marcos Cesana. [S.l.]: Buriti Filmes, 2000. 1 DVD (80 min), letterbox, color. " BIUTIFUL. Alejandro González Iñárritu. Catalonia: Menageatroz, 2010. 1 DVD (148 min.), color. CASWELL, R. Um golpe do destino. [The doctor]. Direção: Randa Haines. Produção: Laura Ziskin. Roteiro: Robert Caswell. Intérpretes: William Hurt, Christine Lahti, Mandy Patinkin, Adam Arkin, Charlie Korsmo, Wendy Crewson, Bill Macy, J.E. Freeman, William Marquez, Kyle Secor, Nicole Orth-Pallavicini, Ping Wu, Tony Fields, Brian Markinson, Maria Tirabassi, Ken Lerner. [s.l.]: Touchstone Pictures, 1991. 1 DVD (123 min), color. Legendado em português. Baseado no livro "A taste of my own medicine" de Ed Rosenbaum. CIDADE dos anjos. [City of angels]. Direção: Brad Silberling. Produção: Dawn Steel, Charles Roven. Intérpretes: Nicolas Cage, Meg Ryan e outros. [S.l.]: Warner Bros., 1998. 1 DVD (122 min), color. CLUBE de Compras Dallas. Diretor: Jean-Marc Vallée. New Orleans: Truth Entertainment (II), 2013. 1 DVD (117 min.), color. COLEGAS. Diretor: Marcelo Galvao. Buenos Aires: Gatacine, 2012. 1 DVD (99 min.), color. 132 CORPO humano, O: a incrível jornada do homem - do nascimento à morte. Produção: BBC. Apresentação: Robert Winston. São Paulo: Abril, 2001. Disco 1. 1 DVD (50 min), color. (Super Interessante) CORRENTE do bem, A. [Pay it forward]. Direção: Mimi Leder. Produção: Steven Reuther, Peter Abrams e Robert L. Levy. Intérpretes: Kevin Spacey, Helen Hunt, Haley Joel Osment. Um filme de: Mimi Leder. [S.l.]: Warner Bros., 2000. 1 DVD (123 min), widescreen anamórfico, color. Baseado no livro de Catherine Ryan Hyde. CULPA é das Estrelas, A. Diretor: Josh Boone. Amsterdam: Temple Hill Entertainment, 2014. 1 DVD (126 min.), color. CURA, A. [The cure]. Direção: Peter Horton. Produção: Mark Burg e Eric Eisner. Roteiro de: Robert Kuhn. Intérpretes: Joseph Mazzello, Brad Renfro, Bruce Davison, Annabella Sciorra e Diana Scarwid. [S.l]: Universal Pictures, 1995. 1 DVD (110 min), color. DE PORTA em porta. [Door to door]. Direção: Steven Schachter. Produção: Warren Carr. Escrito por: William H. Macy e Steven Schachter. Intérpretes: William H. Macy, Kyra Sedgwick, Kathy Baker e Helen Mirren. [S.l.]: Rosemont Productions International, 2002. 1 DVD (91 min), fullscreen 4x3, color. Baseado em uma história real. DEATH of a superhero. Diretor: Ian Fitzgibbon. [S.l.]: Bavaria Pictures, 2011. 1 DVD (97 min.), color. DECISÕES Extremas. Diretor: Tom Vaughan. Alameda: CSB Films, 2010. 1 DVD (106 min.), color. DOCE Novembro. Director: Pat O'Connor. Daly City: Warner Bros., 2001. 1 DVD (119 min.), color. 133 DOUTORES da alegria: o filme. Um filme de: Mara Mourão. Escrito e dirigido por Mara Mourão. Produção: Fernando Dias. Com Wellington Nogueira e integrantes do grupo doutores da alegria. [S.l.]: Mamo Filmes, 2005. 1 DVD (97 min), letterbox 4x3, color. EM BUSCA de um milagre. Diretor: Michael McGowan. Cambridge: Alliance Atlantis Communications. 1 DVD (98 min.), color. ESTRANHO no ninho, Um. [One flew over the cuckoo's nest]. Produção: Saul Zaentz e Michael Douglas. Direção: Milos Forman. Intérpretes: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Willian Redfield. [S.l.]: Fantasy Films, 1975. 1 DVD (129 min), color. Baseado na novela de Ken Kesey. FILHO da noiva, O. [El hijo de la novia]. Direção: Juan Jose Campanella. Produção: Mariela Besuievsky. Intérpretes: Ricardo Darin, Hector Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco, Natalia Verbeke, Gimena Nobile, Claudia Fontan. [S.l.]: Tornasol Films S.A., 2001. 1 DVD (125 Min), Full Screen (4x3), Colorido. FORREST Gump: o contador de histórias. [Forrest Gump]. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Wendy Finerman, Steve Tisch, Steve Starkey. Intérpretes: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Mykelti Williamson e Sally Field. Um filme de: Robert Zemeckis. [S.l.]: Paramount Pictures, 1994. 1 DVD (142 min), anamorphic widescreen, color. Baseado no livro de: Winston Groom. GAROTAS do Calendário. Diretor: Nigel Cole. Buckden: Touchstone Pictures. 1 DVD (108 min.), color. GOLDBERG, G. D. Meu pai: uma lição de vida. [Dad]. Produção: Joseph Stern e Gary David Goldberg. Intérpretes: Jack Lemmon, Ted Danson, Olympia Dukakis, Kathy Baker, Kevin Spacey e Ethan Hawke. Um filme de Gary David Goldberg. [S.l.]: Universal City Studios, 1989. 1 DVD (118 min), color. Baseado no livro de William Wharton. GUERRA do arco-íris, A. Direção: Bob Rogers. Produção: Bob Rogers. Roteiro: Bob Rogers. Música: David Spear. [S.l.]: Pyramid Film, 1986. 1 DVD (22 min.), color. 134 HISTÓRIA de Florence, A. [Florence Nightingale]. Direção: Daryl Duke. Intérpretes: Jaclyn Smith, Claire Bloom, Timothy Dalton, Timothy West, Peter McEnery, Stephan Chase, Ann Thornton, Jeremy Brett. [s.l.]: [s.n.], 1985. 1 DVD (124 min), color. Legendado em Português. INTOCÁVEIS. Diretores: Olivier Nakache e Eric Toledano. Paris: Quad Productions, 2011 (112 min.), color. INVASÕES Bárbaras. Diretor: Denys Arcand. Baltimore: Pyramide Productions, 2003. 1 DVD (99 min.), color. JACK. Diretor: Francis Ford Coppola. Mare Island: American Zoetrope, 1996. 1 DVD (113 min.), color. LAÇOS de ternura. Diretor: James L. Brooks. Lincoln: Paramount Pictures, 1983.1 DVD (132 min.), color. LADO a lado. Diretor: Chris Columbus. Bedford: Tristar Pictures, 1998. 1 DVD (124 min.), color. LIÇÃO de vida, Uma. Diretor: Justin Chadwick. Kenya: BBC Films, 2010. 1 DVD (103 min.), color. LOUZEIRO, J. História de Ana Néri. Direção geral: Roberto Farias. Adaptação: Roberto Farias. Produção de elenco: Ciça Castello, Frida Richter. Assistente de direção: Luiz Pilar. Produção de engenharia: Marco Gesvaldi. Abertura: Hans Donner, Cesar Rocha, Rogério Abreu. Cenografia: Fernando Schimidt. Figurino: MAIZA Jacobina. Edição: Carlos Roberto Mendes. Intérpretes: Marília Pera, Lima Duarte, Antônio Grassi, Angelo Antônio, Elias Gleiser, Henrique Pagnoncellis. [s.l.]: Central Globo de Produção, 2002. 1 DVD (56 min), color. Gravação inclui comerciais. 135 MAR adentro. Direção: Alejandro Amenábar. Produção: Fernando Bovaira, Alejandro Amenábar. Intérpretes: Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas, Mabel Rivera, Celso Bugallo, Clara Segura. [S.l.]: Canal +, 2004. 1 DVD (125 min), widescreen anamórfico, color. MELHOR é impossível. [As Good As It Gets]. Direção: James L. Brooks. Produção: James L. Brooks, Bridget Johnson, Kristi Zea. Roteiro: Mark Andrus, James L. Brooks. Intérpretes: Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr. [S.l.]: Tristar Pictures, 1997. 1 DVD (139 min), color. MENINA de ouro. [Million dollar baby]. Produção: Albert S. Ruddy, Tom Rosenberg, Paul Haggis. Direção: Clint Eastwood. Intérpretes: Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman. [S.l.]: Malpaso Productions, 2004. 1 DVD (133 min), color. Baseado na história de "Rope burns" de F.X. Toole. MENTE brilhante, Uma. [A Beautiful Mind]. Direção: Ron Howard. Produção: Brian Grazer. Roteiro: Akiva Goldsman, baseado em livro de Sylvia Nasar. Fotografia: Roger Deakins. Intérpretes: Russel Crowe, Jennifer Connelly, Paul Bettany, Adam Goldberg, Judo Hirsch, Josh Lucas, Anthony Rapp, Christopher Plummer. [s.l.]: Imagine Entertainment, 2001. 1 DVD (135 min), widescreen anamórfico, color. MINHA vida sem mim. Diretor: Isabel Coixet. New Westminster: El Deseo, 2003. 1 DVD (106 min.), color. MINHA vida. [My life]. Direção: Bruce Joel Rubin. Produção: Jerry Zucker, Bruce Joel Rubin, Hunt Lowry. Intérpretes: Michael Keaton, Nicole Kidman, Bradley Whitford, Queen Latifah, Michael Constantine, Rebecca Schull e outros. Um filme de: Bruce Joel Rubin. [S.l.]: Columbia Pictures Corporation, 1993. 1 DVD (116 min), fullscreen 4x3, color. MR. Jones: impulsivo, irresponsável, irresistível. Direção: Mike Figgis. Produção: Alan Greisman, Debra Greenfield. Intérpretes: Richard Gere, Lena Olin e Anne Bancroft. Um filme de Mike Figgis. [S.l.]: Tristar Pictures, 1993. 1 DVD (114 min), color. 136 OBRIGADO por fumar. Diretor: Jason Reitman. Los Angeles: Room 9 Entertainment, 2005. 1 DVD (92 min.), color. ÓLEO de Lorenzo, O. [Lorenzo's Oil]. Direção: George Miller. Produção: Doug Mitchell e George Miller. Intérpretes: Nick Nolte, Susan Sarandon, Peter Ustinov, Kathleen Wilhoite. [s.l.]: Universal, 1992. 1 DVD (129 min), widescreen anamórfico, color. Baseado em uma história real. Inclui trailer. OUTRA margem, A. Diretor: Luís Filipe Rocha. Amarante: Clap Filmes, 2007. 1 DVD (106 min.), color. PATCH Adams: o amor é contagioso. [Patch Adams]. Direção: Tom Shadyac. Produção: Barry Kemp, Mike Farrel, Marvin Minoff, Charles Newirth. Intérpretes: Robin Williams; Monica Potter; Philip Seymour Hoffman; Bob Gunton; Daniel London e Peter Coyote. [s.l.]: Universal, 1998. 1 DVD (115 min), widescreen, color. Baseado em uma história real. PRÍNCIPE das marés, O. [The Prince of Tides]. Direção e produção: Barbra Streisand. Roteiro: Pat Conroy, Becky Johnston. Intérpretes: Nick Nolte, Blythe Danner, Barbra Streisand, Kate Nelligan, Jeroen Krabbe, Melinda Dillon, Nick Searcy. [S.l.]: Columbia Pictures, 1991. 1 DVD (132 min), color. Legendado. PRONTA para amar. Diretor: Nicole Kassell. Urbania: Davis Entertainment, 2011. 1 DVD (106 min.), color. PROVA de amor, Uma. [My sister's keeper]. Direção: Nick Cassavetes. Produção: Stephen Furst, Scott Goldman, Mark Johnson, Chuck Pacheco, Mendel Tropper. Roteiro: Nick Cassavetes, Jeremy Leven. Fotografia: Caleb Deschanel. Trilha Sonora: Aaron Zigman. Intérpretes: Cameron Diaz, Alec Baldwin, Abigail Breslin, Walter Raney, Sofia Vassilieva, Heather Wahlquist, Jason Patric, Evan Ellingson. [s.l.]: New Line Cinema, 2009. 1 DVD (109 min), 16 X 9 letterbox , color. Inclui extras. SE ENLOUQUECER, não se apaixone. Diretores: Anna Boden e Ryan Fleck. Brooklyn: Focus Features, 2010. 1 DVD (101 min.), color. 137 SEMPRE amigos. [The mighty]. Direção: Peter Chelsom. Produção: Jane Startz e Simon Fields. Intérpretes: Sharon Stone, Gena Rowlands, Harry Dean Staton, Kieran Culkin, Elden Henson e Gillian Anderson. [S.l.]: Miramax Filmes, 1998. 1 DVD (102 min), color. SESSÕES, As. Diretor: Ben Lewin. San Francisco: Fox Searchlight Pictures, 2012. 1 DVD (95 min.), color. SONHOS ao vento. [And then there was one]. Direção:David Jones. Produção: Angela Bromstad. Intérpretes: Amy Madigan, Dennis Boutsikaris, Jane Daly, Steven Flynn, Jennifer Hetrick, John Robinson, Martha Henry, Cameron Arnneth e Kenneth Welsh. [S.l.]: Mundial Filmes, 1993. 1 DVD (91 min), color. Baseado em fatos reais. TEMPO de despertar. [Awakenings]. Direção: Penny Marshall. Produção: Lawrence Lasker, Walter F. Parkes. Roteiro: Steven Zaillian. Intérpretes: Robert De Niro, Robin Williams, Julie Kavner, Ruth Nelson, John Heard, Penelope Ann Miller, Alice Drummond, Judith Malina, Barton Heyman, George Martin, Anne Meara, Richard Libertini, Laura Esterman, Dexter Gordon. [S.l.]: Columbia Pictures, 1990. 1 DVD (121 min), color. Legendado. Baseado em livro de Oliver Sacks. TUDO por amor. Diretor: Joel Schumacher. [S.l.]: Fogwood Films, 1991. 1 DVD (111 min.), color. WHY I Wore Lipstick to My Mastectomy. Diretor: Peter Werner. [S.l.]: Grossbart Kent Productions, 2006. 1 DVD, color. 138 Apêndice B – Questionário Aplicado 139 140 Apêndice C – Croqui de Biblioteca Especial 1 Balcão de Referência 2 Acervo 3 Acervo de Periódicos 4 Espaço de Leitura e Estudo 5 Espaço de Convivência 6 Espaço Infantil 7 Área de TV 8 Área de Informática 9 Guarda Volumes 10 Jardim Contato com a autora: Sheila Silveira [email protected] LinkedIn: br.linkedin.com/pub/sheila-silveira/48/445/b38/