UNIVERSIDADE TIRADENTES CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM CAROLYNE MORAIS DE JESUS HORTÊNCIA DE GOIS SANTOS IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DO EXAME DOS PÉS EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA PREVENÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA Aracaju 2015 2 CAROLYNE MORAIS DE JESUS HORTÊNCIA DE GOIS SANTOS IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DO EXAME DOS PÉS EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA PREVENÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA Trabalho de Conclusão de Curso – TCC 2, apresentado à Coordenação de Enfermagem da Universidade Tiradentes – UNIT, como um dos pré-requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª Esp. Carvalho Vieira Martins Aracaju 2015 Manuela de 3 CAROLYNE MORAIS DE JESUS HORTÊNCIA DE GOIS SANTOS IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DO EXAME DOS PÉS EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA PREVENÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA Trabalho de Conclusão de Curso – TCC 2, apresentado à Coordenação de Enfermagem da Universidade Tiradentes – UNIT, como um dos pré-requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª Esp. Carvalho Vieira Martins Manuela Data de Aprovação: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA: _________________________________________ Orientadora: Profª. Esp. Manuela de Carvalho Vieira Martins _________________________________________ Enfª Elenalda Ferreira dos Santos __________________________________________ Profª Fernanda Dantas Barros Aracaju/SE 2015 de 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 9 2 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................................11 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................................12 4 CONCLUSÃO.......................................................................................................................18 REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 19 ANEXO....................................................................................................................................20 5 IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DO EXAME DOS PÉS EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS NA PREVENÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA Carolyne Morais de Jesus¹ Hortência de Góis Santos² Manuela Vieira Carvalho Martins³ RESUMO O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, devido a uma disfunção na ação da insulina. Uma das complicações diante do descontrole da DM é a neuropatia diabética, destacando a neuropatia periférica, que é o principal fator para o aparecimento das lesões nos pés. Este estudo teve como objetivo verificar a eficácia das intervenções e orientações aplicadas no exame do pé diabético no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju em um período de 1 ano. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, retrospectivo e de natureza quantitativa, a coleta de dados foi realizada através de prontuários e formulários do SISPED (sistema de informação do pé diabético) de pacientes diabéticos acompanhados e submetidos ao exame do pé. Foi analisada uma amostra simples de 180 prontuários, a partir do programa SPSS 15.0. De acordo com as informações coletadas foi observado que os usuários eram em sua maioria do sexo feminino, aposentadas, e maiores de 60 anos, possuíam DM tipo 2, tempo de doença maior que 5 anos, e a base do tratamento eram os hipoglicemiantes orais. As principais pré-lesões encontradas durante a primeira avaliação do pé, foram: pés descamativos (93,75%), calçado inadequado (97,5%), rachaduras (71,25%), pulsos diminuídos (43,75%), micose interdigital (25%), joanetes e outras deformidades (25%), palidez à elevação (31,25%), calos (43,75%), onicomicose (18,75%), e limiar de proteção alterado (18,75%), normal (6,25%). As orientações do enfermeiro durante a primeira avaliação foram: hidratar os pés (93,75%), trocar calçado (97,5%), utilizar pedra pomes (71,25%), fazer caminhadas (43,75%), tratar micoses (43,75%), retornar com 6 meses (100%), evitar andar descalço (18,75%), encaminhar ao especialista ––––––––––––––––––––––––– ¹ ²Graduanda do Curso de Enfermagem da Univeridade Tiradentes ³ Docente de Curso de Enfermagem da Univeridade Tiradentes 6 (43,75%) e cadastrar no grupo de educação (81,25%). Durante o retorno para a avaliação dos pés as pré-lesões que permaneceram, foram: pulsos diminuídos (31,25%), calçado inadequado (43,75%), pés descamativos (43,75%), joanetes e outras deformidades (18,75%), rachaduras (37,5%), micose interdigital (8,75%), calos (12,5%), palidez à elevação (12,5%), limiar de proteção alterado (8,75%), onicomicose (6,25%), normal (37,8%). E as orientações do enfermeiro foram: hidratar os pés (43,75%), trocar calçado (43,75%), encaminhar ao especialista (25%), utilizar pedra pomes (37,5%), tratar micose (15%). Em relação a classificação do SISPED, observou-se que 37,5% dos usuários progrediram, 43,75% permaneceram e 18,75% regrediram. Com isso, verificamos que as intervenções e orientações de enfermagem implementadas durante o exame clínico dos pés possuem uma grande importância para a prevenção, diminuição e desaparecimento das pré-lesões encontradas. Comprovando a sensibilização dos usuários quanto ao autocuidado em relação aos pés e controle da doença. Palavras-chaves: Neuropatias Diabéticas; Diabetes Mellitus; Pé diabético. 7 EXAM PERFORMANCE OF IMPORTANCE OF FEET IN DIABETES MELLITUS PATIENTS IN THE PREVENTION OF PERIPHERAL NEUROPATHY Carolyne Morais de Jesus Hortência de Góis Santos Manuela Carvalho Vieira Martins ABSTRACT Diabetes Mellitus (DM) is a metabolic syndrome characterized by an increase in blood glucose due to a malfunction in insulin action. One of the complications before the MD is uncontrolled diabetic neuropathy, highlighting peripheral neuropathy, which is the main factor for the onset of foot injuries. This study aimed to determine the effectiveness of interventions and guidelines applied in the examination of the diabetic foot in the Medical Specialties Center of Aracaju in a period of 1 year. It is a cross-sectional, descriptive, retrospective and quantitative, data collection was done through medical charts and forms SISPED (information system of diabetic foot) monitored and submitted to examination of the foot diabetic patients. A simple sample of 180 medical records was analyzed from the SPSS 15.0 program. According to the found users were mostly female, retired, and over 60 years old, had type 2 diabetes, disease duration greater than five years, and the mainstay of treatment were the oral hypoglycemic agents. The pre-lesions found during the first evaluation of the foot, were scaly feet (93.75%), inappropriate footwear (97.5%), cracks (71.25%), decreased pulses (43.75%), ringworm Interdigital (25%), bunions and other deformities (25%), pallor to high (31.25%), corns (43.75%), onychomycosis (18.75%), and altered protection threshold (18.75 %). , Normal (6.25%). The nurse's guidance during the first evaluation were: moisturize the feet (93.75%), changing footwear (97.5%), use pumice stone (71.25%), hiking (43.75%), treat mycoses (43.75%), return with 6 months (100%), avoid walking barefoot (18.75%), forwards the expert (43.75%), registering in the education group (81.25%). During the return legs for the evaluation of the pre-lesions that remain, were diminished pulses (31.25%), inappropriate footwear (43.75%), scaly feet (43.75%), bunions and other deformities (18 75%), cracks (37.5%), interdigital mycosis (8.75%), corns (12.5%), pallor to high (12.5%), as amended protection threshold (8.75%) , onychomycosis 8 (6.25%), average (37.8%). And the nurse's directions were: moisturize the feet (43.75%), changing footwear (43.75%), referral to specialists (25%), use pumice stone (37.5%), treating ringworm (15%). Regarding classification of SISPED, it was observed that 37.5% of users have progressed, 43.75% and 18.75% remained regressed. Thus, we see that interventions and nursing guidelines implemented during the clinical examination of the feet have a great importance for the prevention, reduction and disappearance of found pre-injury. Proving the awareness of users and self-care in relation to foot and disease control. Key words: Diabetic Neuropathies; Diabetes Mellitus; diabetic foot 9 1 INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, devido a uma disfunção na ação da insulina. É uma doença crônica, e sua prevalência vem aumentando a cada ano no Brasil e no mundo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2011). Os dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2011, mostraram que a prevalência de diabetes autorreferida na população brasileira acima de 18 anos aumentou de 5,3% para 5,6%, entre 2006 e 2011. Existem dois principais tipos de diabetes, o tipo 1, que abrange cerca de 8% da população, e seu tratamento é exclusivamente através da aplicação da insulina, e o tipo 2, que acomete cerca de 90% dos brasileiros diabéticos, e como um dos principais fatores de risco é o sedentarismo, a mudança do estilo de vida é o primeiro tratamento, mas não se descarta a possibilidade da inclusão de medicamentos, como: hipoglicemiantes orais e insulina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2011). Devido ao mau controle da doença e outros fatores associados, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, sedentarismo, obesidade e tabagismo, exames laboratoriais alterados, algumas complicações podem ocorrer, entre elas problemas no pé do diabético, que tem como principal manifestação a Neuropatia Diabética (ND) (BRASIL, 2013). A ND compromete várias partes do sistema nervoso e sistema vascular, sendo a mais frequente a Neuropatia Periférica (NP). Esta alteração é caracterizada pela insensibilidade, deformidade e trauma, o que favorece o aparecimento de úlceras nos pés (PEDROSA, 2013). Essas úlceras, por sua vez, necessitam de tratamentos específicos – realizados em instituições de saúde – gerando custos elevados (OLIVEIRA et al., 2014). Entretanto, para evitar o aparecimento das úlceras e, como consequência, as amputações, existe o exame clínico dos pés, onde o profissional de saúde deverá rastrear o pé em risco. Esse tipo de prevenção pode diminuir cerca de 50% das lesões no pé (CUBAS et al., 2013). No entanto, para que aconteça a prevenção de forma adequada, o exame deve estar associado às devidas intervenções, principalmente as do enfermeiro, que 10 tem como uma das responsabilidades as ações educativas. Os acompanhamentos devem ser trimestral, semestral ou anual, dependendo da classificação de risco do pé do paciente no formulário do SISPED (Sistema de Informação do Pé Diabético). Esse acompanhamento deve envolver também o planejamento terapêutico e abordagem interdisciplinar (PEREIRA, 2013). A função da equipe multidisciplinar na prevenção do pé diabético é de extrema importância, pois ela irá atuar, desde o controle da glicemia, até o tratamento das diversas complicações crônicas. Além disso, essa mesma equipe deve ser responsável pela prevenção das diversas deformidades (PEDROSA, 2013). Dessa forma, por se tratar de uma doença crônica com inúmeras complicações – se não for tratada – é preciso discutir o tema e divulgar à população sobre as principais maneiras de preveni-las. Afinal, uma das formas mais eficazes de prevenção é a educação em saúde, através de orientações durante a consulta, em especial na avaliação do pé diabético, dando importância à sensibilização do paciente quanto ao autocuidado. Este estudo teve como objetivo principal verificar a eficácia das intervenções e orientações aplicadas no exame do pé diabético em um serviço especializado de Aracaju/SE em um período de 1 ano. Além disso, objetivou-se caracterizar o perfil dos pacientes portadores de diabetes acompanhados por um serviço especializado, quanto à faixa etária, gênero, profissão, tipo de diabetes, tempo de ocorrência da doença e tipo de tratamento utilizado, descrever as condições gerais do pé diabético no início da avaliação e após um período de 1 ano e identificar as orientações realizadas pelo profissional de saúde. 11 2 MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa transversal, descritiva, retrospectiva e de natureza quantitativa, sobre a importância da realização do exame dos pés em portadores de diabetes mellitus na prevenção da neuropatia periférica, no Ambulatório de Endocrinologia do Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR). Os dados foram coletados nos meses de Abril e Maio/2015, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo A). Foram avaliados os prontuários e os formulários do SISPED de todos os pacientes que iniciaram a avaliação do pé diabético em 2013 no serviço e retornaram, no máximo, em um ano. Foram critérios para inclusão os prontuários dos pacientes que possuíam DM tipo 1 e tipo 2, pacientes – de ambos os gêneros - que iniciaram o exame clínico dos pés em 2013 e retornaram em um período de 1 ano. Foram excluídos da pesquisa, os prontuários de pacientes que não iniciaram o exame clínico dos pés em 2013, os que iniciaram, mas não retornaram no tempo determinado (1 ano), como também os prontuários que não apresentaram registros das devidas orientações. A análise descritiva dos dados foi feita através do programa SPSS 15.0, e os resultados foram apresentados através de gráficos e tabelas. 12 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os dados foram coletados no período de 2 meses – abril e maio de 2015 – e foi possível observar 180 prontuários. Destes, foram excluídos 100 prontuários por não atenderem aos critérios de inclusão da pesquisa (55 não iniciaram a avaliação do pé em 2013, 35 não retornaram em um período de 1 ano e 10 não possuíam os registros com as devidas orientações). Em relação à caracterização da amostra, observou-se que existe um predomínio do sexo feminino (56,25%). A respeito da faixa etária, pôde-se notar que 4,96% se encontram da faixa de <40 anos, 33,3% entre 40 a 60 anos e 61,9% entre 61 a 90 anos (figura 1). Quanto à ocupação dos usuários, 37,5% são aposentados, 25% são donas de casa, 12,5% estudantes e outros serviços gerais 20%. Em relação à doença, a grande maioria (75%) possui o DM tipo 2 e 56,5% apresentam a patologia há mais de 5 anos. Figura 1: Faixa etária dos pacientes acompanhados do Ambulatório de Endocrinologia do CEMAR no ano de 2013/2014. Faixa etária 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% Faixa etária 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% <40 anos 40 a 60 anos 61a 90 anos Fonte: Prontuários do Ambulatório de Endocrinologia, CEMAR. 13 O estudo de ERZINGER et al. (2013), tambem comprova que o sexo feminino é maioria na classe de diabéticos, isto se deve pelo fato, das mulheres procurarem mais os serviços de saúde. Quanto ao tipo de tratamento realizado pelos usuários, foram observados que: 27,5% fazem uso exclusivo da insulina, 57,5% utilizam droga oral, 8,75% associam a droga oral com dieta e 6,25% fazem uso da insulina associada. Valores semelhantes foram encontrados na pesquisa de Santos et al. (2005), em que também foi visualizado um maior número de pacientes em uso de hipoglicemiantes orais (61,7%). Em relação às pré-lesões encontradas durante a primeira avaliação do pé, pôde-se perceber a predominância de calçado inadequado (97,5%), pés descamativos (93,75%) e rachaduras (71,25%). Porém, também foram visualizadas outras lesões em menor proporção: pulsos diminuídos e calos (ambos com 43,75%), palidez à elevação (31,25%), micose interdigital e joanetes/outras deformidades (ambos com 25%), onicomicose (18,75%), limiar de proteção alterado (18,75%). Apenas 6,25% dos prontuários avaliados não apresentavam nenhuma pré-lesão, ou seja, estavam normais (Figura 2). Durante o retorno, para nova avaliação dos pés, foi possível observar melhora em todas as pré-lesões (Figura 2). As pré-lesões que permaneceram, foram: pulsos diminuídos (31,25%), calçado inadequado (43,75%), pés descamativos (43,75%), joanetes e outras deformidades (18,75%), rachaduras (37,5%), micose interdigital (8,75%), calos (12,5%), palidez à elevação (12,5%), limiar de proteção alterado (8,75%), onicomicose (6,25%), normal (37,5%)( Figura 2). 14 Figura 2: Pré-lesões e problemas encontrados nos pés diabéticos dos pacientes do Ambulatório de Endocrinologia do CEMAR no ano de 2013/2014. Pré-lesões e problemas Normal Onicomicose Micose interdigital Limiar e proteção alterado Palidez à elevação Joanetes e outras deformidades Calos 37,50% 6,25% 6,25% 18,75% 8,75% 25% 8,75% 18,75% 12,50% 31,25% 18,75% 25% 2º avaliação 12,50% Calçado inadequado 43,75% Pulsos diminuídos 31,25% 43,75% Pé descamativo 43,75% Rachaduras 1º avaliação 43,75% 97,50% 93,75% 37,50% 71,25% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% 120,0% Título do Eixo Fonte: Prontuários do Ambulatório de Endocrinologia, CEMAR. Almeida e Capirunga (2013), relatam que durante o exame dos pés é recomendado que a anamnese e a coleta de dados abordem questionamentos diretos, relacionados aos sinais e sintomas, além da inspeção criteriosa dos pés com o paciente deitado e em pé. A educação terapêutica também é um dos momentos da avaliação o qual tem como objetivo sensibilizar o paciente para a tomada de novas decisões e medidas de prevenção. Quanto às orientações dadas pelo enfermeiro, foi visualizado que durante a primeira avaliação foi realizado aconselhamento sobre: troca de calçado (97,5%), hidratação dos pés diariamente (93,75%), realização do cadastramento em grupo de educação (orientação relacionada a buscar grupos específicos nas unidades básicas) (81,25%), utilização de pedra pomes (71,25%), realizar caminhadas e tratar micose (ambos com 43,75%) e evitar andar descalço (18,75%). Além disso, 43,75% 15 dos pacientes foram encaminhados ao especialista. Foi observado que todos os pacientes foram orientados quanto à necessidade de retorno para nova avaliação (Figura 3). Notou-se, no retorno dos pacientes, uma diminuição das orientações sobre os cuidados dos pés realizadas pelo enfermeiro. Esse decréscimo pode estar relacionado à boa evolução apresentada pelos pacientes (melhora das pré-lesões). Dessa forma, não há necessidade do enfermeiro permanecer com algumas orientações. O progresso dos pacientes também pode ser visto na redução da necessidade de encaminhamento para o especialista. Apesar da melhora dos pacientes, os enfermeiros informaram sobre necessidade de retorno para acompanhamento a todos os pacientes (Figura 3). Figura 3: Orientações encontradas nos prontuários dos pacientes diabéticos do Ambulatório de Endocrinologia do CEMAR no ano de 2013/2014. 100% 100% Retorno 30% Cadastrar no grupo de educação 37,50% Utilizar pedra pomes Encaminhar ao especialista 25% Não andar descalço 8,75% 18,75% Tratar micose 81,25% 15% 71,25% 43,75% 2º avaliação 1º avaliação 43,75% Trocar calçado 43,70% Fazer caminhadas 31,25% 43,75% Hidratar os pés 43,75% 97,50% 93,75% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%100,00%120,00% Fonte: Prontuários do Ambulatório de Endocrinologia, CEMAR. A utilização da educação em saúde como medida preventiva deve ter o objetivo voltado para a motivação e a habilidade dos pacientes em reconhecer problemas e ações a serem adotadas. É de extrema importância que seja realizada uma avaliação minuciosa dos pés e ações educativas para a prevenção de agravos, como também a implantação de um programa educativo com enfoque no exame dos 16 pés associado à educação em saúde, colaborando assim para a redução das taxas de amputações dos membros inferiores (NETO et al., 2013). Quanto a evolução dos usuários na classificação do SISPED, foi observado que 18,75% regrediram clinicamente (passaram do risco 0 para risco 1), 37,5% progrediram clinicamente (passaram do risco 1 para risco 0) e 43,75% permaneceram na mesma classificação (Figura 4). Figura 4:Quantificativo de pacientes quanto a evolução na classificação do SISPED do Ambulatório de Endocrinologia do CEMAR no ano de 2013/2014 Classificação no SISPED 50,00% 45,00% 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% Classificação no SISPED 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% RISCO 0 -1 RISCO 1 -1 RISCO 1-0 Fonte: Prontuários do Ambulatório de Endocrinologia, CEMAR. Foi identificado que o número de pacientes que progrediu clinicamente e permaneceu estável foi maior em relação àqueles que regrediram clinicamente. Essa situação pode estar relacionada ao fato dos pacientes receberem orientações dos enfermeiros em seus atendimentos. Dessa forma, o usuário torna-se mais consciente sobre seu quadro clínico e assim, há maior aderência ao autocuidado com os pés. Deve-se também levar em consideração, que muitos pacientes que permaneceram na mesma classificação encontravam–se com pré-lesões as quais não tinham como retroceder tão rapididamente, mais especificamente, no período de 1 ano. São as pré-lesões que envolvem o sistema vascular, elas precisam de um tempo mais prolongado para que haja uma melhora, pois necessita de 17 acompanhamento de outros especialistas, o que muitas das vezes é dificultado pelo sistema de saúde. Os pacientes que regrediram estão relacionados a alguns fatores que influenciam a não adesão ao autocuidado, como no estudo de ALMEIDA e CAPIRUNGA, 2013, o qual afirma que a idade avançada, o estilo de vida e a baixa escolaridade podem ser barreiras para as ações educativas a partir do momento que limita o entendimento das informações transmitidas ao paciente. Sendo assim, necessário adaptar medidas para que se tornem acessíveis a todos, com finalidade de contribuir para a redução de complicações futuras. 18 4 CONCLUSÃO Este estudo comprova que o exame clínico dos pés acompanhado das orientações de enfermagem colabora na prevenção, diminuição e desaparecimento das pré-lesões encontradas, a curto, médio e longo prazo, a depender da classificação de risco que o paciente se encontra. Estas orientações necessariamente precisam estar associadas às ações educativas, buscando transmitir um maior conhecimento para o usuário sobre os cuidados com os pés e consequentemente uma maior adesão ao autocuidado. O usuário com DM tende a não realizar seu tratamento corretamente, necessitando de um apoio mais intensivo, de forma que este possa desenvolver interiormente motivação para o autocuidado. Portanto, a melhor forma do usuário adquirir isto é através das orientações de enfermagem e/ou outros profissionais, realizadas principalmente após o exame clínico dos pés. É notória que uma das causas da falta do interesse do paciente em se cuidar provém da qualidade de como essa orientação é transmitida do profissional para o paciente, por isso a importância da capacitação deste. Também, foi evidenciado a importância de uma equipe multidisciplinar atuante, para o controle do DM, destacando o papel do enfermeiro nessa assistência, por ser o profissional que mais se envolve na realização do exame do pé, orientações e intervenções. E desta forma, evita-se que o paciente apresente qualquer tipo de lesão e posteriormente maiores complicações como a amputação dos membros inferiores. 19 REFERÊNCIAS ALMEIDA. O.;CAPIRUNGA J.; SANTOS G.Pé diabético: Condutas do Enfermeiro. Revista Enfermagem Comteporânea. Dez. 2013. BRASIL. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica-Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica. Brasília. 2013. CUBAS et al.,Pé diabético: orientações e conhecimento sobre cuidados preventivos.Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 3, p. 647-655, jul./set. 2013. ERZINGER et al.,Pé diabético: orientações e conhecimentos sobre cuidados preventivos. Fisioter Mov.jul/set, 2013. OLIVEIRA et al.,Estimativa do custo de tratar o pé diabético,comoprevinir e economizar custos. Ciênc. saúde coletiva vol.19 n.6 Rio de Janeiro Jun. 2014. PEDROSA, H. C.; VILAR,L.; BOULTON, A.J.M. Neuropatias e Pé Diabético. 1ª ed. ACF. 2013. PEREIRA, A. M. V; SANTOS, Aarão Carajás Dias; OSCANO, Paulo Martins. Resolutividade no atendimento dos pacientes com fatores de risco para o pé diabético. Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013. NETO et al., O cuidado da enfermagem ao portador do pé diabético: Revisão Intregrativa da Literatura. Cadernos de graduação- Ciências Biológicas e da Saúde. v. 1.n. 2. Recife. Nov. 2013. . SANTOS et al.,Pé diabético: Aspectos Clínicos. J Vasc Br. Vol 4. Nº 1.2005. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Tratamento e Acompanhamento do Diabetes Mellitus- Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro: Diagraphic Editora; 2011. 20 ANEXO-PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA