revista do Hospital São Vicente de Paulo Ano 4 • Número 13 • Mar/Abril 2014 Centro Avançado de Urologia Serviço é referência no tratamento do cálculo renal e de doenças da próstata Catarata Conheça os sintomas e os tratamentos para o problema, que pode levar à perda progressiva da visão Medicina do Esporte Evite lesões graves na prática de exercícios Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo Fernando Boigues, presidente do SINDHRio – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde do Município do Rio de Janeiro Serviço de Urologia: Mais um importante Centro de Referência para você! Dizem que, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval, mas, para nós, do Hospital São Vicente de Paulo, 2014 já despontou a todo o vapor logo nos primeiros dias do ano. Nosso Serviço de Urologia, que já era uma referência de qualidade e bom atendimento para o mercado, passa agora a se chamar Centro Avançado de Urologia do HSVP. Essa iniciativa segue a nossa política empresarial de dar destaque a algumas especialidades consideradas vocação médica no hospital e também reflete o reconhecimento ao excelente trabalho desempenhado pela equipe médica da Urologia, que, em maioria, atua nesse hospital desde a sua inauguração, há quase 40 anos. Um exemplo de tradição e dedicação. Se, por um lado, temos a tradição como um valor importante para a nossa assistência médica, temos, por outro, na modernidade tecnológica, um grande referencial de qualidade. Nesta edição, você confere os novos equipamentos cirúrgicos e de diagnóstico que chegam ao hospital para trazer ainda mais segurança para médicos e pacientes. É o caso do novo aparelho da Hemodinâmica, top de linha da marca Philips, o qual permite fazer procedimentos cardíacos e vasculares com ainda maior precisão e visualização em 3D. Na Oftalmologia, outros importantes equipamentos abrem a possibilidade de realização de novos exames. Para o cuidado da sua saúde, trazemos informações importantes sobre os cálculos renais e a catarata. Para quem se animou com eventos esportivos mundiais que vêm pela frente e decidiu iniciar ou reforçar o treinamento, nosso ortopedista especialista em medicina do exercício e do esporte, Alfredo Villardi, dá dicas para evitar lesões. A delicada relação entre hospitais e planos de saúde P or que os pacientes encontram dificuldades para atendimento médico mesmo na rede privada? Por que o credenciamento de médicos e hospitais nos planos de saúde é tão instável? O Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde do Município do Rio de Janeiro (SINDHRio) iniciou um levantamento, o Programa Farol, para traçar um cenário mais realista a respeito da saúde na rede privada do Rio de Janeiro e agora se prepara para consolidar esses dados. A intenção é ampliar o diálogo e auxiliar as instituições a encontrarem caminhos que contribuam para melhorar a qualidade da assistência médica e o relacionamento entre hospitais e operadoras de saúde. O presidente do SINDHRio, Fernando Boigues, conversou com a Revista do HSVP e conta um pouco do que vem observando no panorama da saúde privada. Boa leitura! Ir. Marinete Tibério – CEO do HSVP SUMÁRIO 3 Qualidade – Educação permanente é a chave para a qualidade 4 O verdadeiro sentido da Páscoa 5 Marcio Neves tem como meta ampliar atendimento do hospital 6, 7 Cálculo renal: tire essa pedra do seu caminho 8, 9 Novo Centro Avançado de Urologia 10, 11 Para uma visão cristalina, atenção à catarata 12, 13 Novos equipamentos incluem recurso em 3D 14, 15 Entrevista – Munir Murad, cardiologista 16,17 Medicina do Esporte dribla “fim de carreira” precoce 18 Agenda – eventos abertos ao público 19 Personalidade – Fernando Boigues, presidente do SINDHRio EXPEDIENTE Hospital São Vicente de Paulo - Rua Dr. Satamini, 333 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: 21 2563-2121. FUNDADO EM 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Diretoria Médica: Marcio Neves (CRM: RJ-577755). Conselho Administrativo: Ir. Marinete Tiberio, Ir. Custódia Gomes de Queiroz, Ir. Maria das Dores da Silva e Ir. Ercília de Jesus Bendine. Conselho Editorial: Irmã Custódia Gomes de Queiroz Diretora de Enfermagem; Irmã Ercília de Jesus Bendine - Diretora da Qualidade; Eliane Castelo Branco - Diretora Médica; Irmã Marinete Tibério - CEO do HSVP; Martha Lima - Gerente de Hospitalidade; Olga Oliveira - Gerente de Suprimentos; Vanderlei Timbó - Coordenador de Qualidade. Edição: Simone Beja. TEXTOS: Cristiane Crelier. Projeto gráfico e DIAGRAMAÇÃO: SB Comunicação. APOIO EDITORIAL: Wilson Agostinho e Ana Paula Gama. Impressão: Arte Criação Revista do HSVP: Quais são os principais desafios que a saúde privada enfrenta no país atualmente? Fernando Boigues: Basicamente, temos aumento no número de usuários, dificuldades nas relações comerciais com operadoras de planos de saúde, inchaço nas redes de atendimento pelo aumento do número de clientes e, ainda, o envelhecimento da população, que gera também um aumento das doenças crônicas. Não nos planejamos para essa mudança de cenário, embora soubéssemos que a pirâmide populacional iria se inverter algum dia. O grande desafio que vejo hoje, para os prestadores (hospitais, clínicas e consultórios), é que eles consigam conhecer seus custos e equalizá-los diante dessas transformações. Para que alcancemos a sustentabilidade, claro, precisamos que se construa uma relação de maior confiança e equilíbrio entre prestadores e fontes pagadoras. Revista do HSVP: Como está a situação no Rio de Janeiro? FB: No Rio de Janeiro, a exemplo de outros Estados, a saúde suplementar (planos de saúde) já representa 50% do atendimento. Assim, o setor vive uma dicotomia: o número de clientes cresce, mas a rede de prestadores (hospitais, clínicas e consultórios) não consegue acompanhar a demanda. Daí os cenários que vemos, vez ou outra, principalmente em épocas sazonais de gripe e outras doenças endêmicas, de filas em prontos-socorros particulares. Esse, no entanto, não é um problema exclusivo do Brasil. Por outro lado, enfrentamos dificuldades junto às fontes pagadoras (planos de saúde), que jogam duro nas negociações de valores a serem pagos aos médicos e hospitais. Os prestadores sofrem porque têm de lidar com a alta inflação médica e com o paciente, que bate à porta e exige acesso à medicina de qualidade. Trabalhamos com insegurança jurídica e uma grande fragilidade nas relações comerciais, ao mesmo tempo que enfrentamos uma série de exigências normativas de toda ordem. Mas nós temos medicina de qualidade, sem dúvida nenhuma. Revista do HSVP: A Agência Nacional de Saúde (ANS) abriu um diálogo a respeito de boas práticas entre planos de saúde e hospitais, por meio de uma consulta pública. Que fatores provocaram esse debate? FB: Existem muitas dificuldades nesse relacionamento. Resultados preliminares do Programa Farol nos mostraram, por exemplo, que as glosas (contas médicas rejeitadas pelos planos) são constantes e com tendência à elevação. Em 2010, quando o índice passou a ser monitorado, cerca de 5% das faturas mensais dos hospitais eram glosadas. A média, no entanto, tem crescido, ultrapassando 7%, no segundo semestre de 2011, e 6%, ao longo de 2012. Somos a única atividade econômica que presta um serviço e não sabe se receberá por ele, já que nem sempre se consegue recuperar os valores glosados. A maioria dos valores negados é improcedente (sem justificativa). Outro problema é o prazo médio de pagamento pelos convênios. O período, que no contrato é de 30 dias, pode passar de 50, com a agravante de que hospital paga os impostos referentes ao valor da nota, mas pode não receber integralmente em razão da existência de glosas. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 3 O verdadeiro sentido da Páscoa Educação permanente é a chave para a qualidade S incronia, qualidade e segurança: essa é a máxima que norteia as ações no HSVP. E é com essa preocupação que a instituição investe no contínuo treinamento e atualização de seus profissionais. Médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros participam de programas de Educação Continuada e outros projetos, tanto de capacitação quanto de troca de conhecimentos. Para 2014, o hospital fechou, inclusive, mais uma parceria com a Berkeley, uma das empresas mais conceituadas em treinamento e simulação na área de saúde, para um curso de emergências cardiológicas (Advanced Cardiac Life Support), destinado a todos os médicos que fazem plantões do hospital, em todas as áreas. “Esses cursos fazem parte de uma cultura antiga do hospital de educação continuada. Além de ser uma exigência dos órgãos acreditadores, isso é uma demanda básica de um hospital de alta complexidade”, comenta Marcio Neves, diretor médico do HSVP. De acordo com Carmelita de Moura, coordenadora de Desenvolvimento de Capital Humano, esse curso é realizado a cada dois anos e é a garantia de que os profissionais que vão prestar assistência inicial e imediata no caso de uma emergência estão capacitados e atualizados, independentemente de sua especialidade. “Quando o paciente busca uma tratamento de rotina, é atendido pelo profissional de determinada espe- cialidade, que estará atuando na área dele, onde ele já tem seus procedimentos. Porém, quando se trata de uma emergência, qualquer profissional tem que estar capacitado para identificar e prestar o socorro imediato necessário”, acrescenta Fátima Maciel, gerente de Capital Humano. A Enfermagem também recebe educação permanente. “Realizamos treinamento de novos colaboradores de enfermagem sempre que são admitidos na instituição; curso de suporte básico de vida para todos os trabalhadores de enfermagem a cada dois anos; curso de primeiros socorros para brigadistas anualmente e curso de primeiros socorros para profissionais de segurança patrimonial”, lista Raquel Cunha, enfermeira responsável pelo setor de Educação Continuada. O hospital também incentiva seus profissionais a buscarem capacitação e especialização, por meio de convênios com universidades e outras instituições de ensino, promovendo congressos internos “Em paralelo à nossa formação acadêmica, temos que buscar sempre o aprimoramento. Na assistência à saúde, isso é essencial, pois é um setor muito dinâmico”, conclui a Irmã Josefa Coissi, diretora de Enfermagem. Profissionais passam por treinamento e simulação na área de saúde, para um curso de emergências cardiológicas (Advanced Cardiac Life Support). Hospital São Vicente de Paulo - pág. 4 R essurreição é uma palavra que, para os profissionais que trabalham na área de saúde, tem um significado mais do que especial. Muitas vezes, observamos uma cura surpreendente e inesperada por intermédio da fé e, para uma entidade católica como o Hospital São Vicente de Paulo, é muito gratificante ser esse instrumento que atua tanto pela ciência quanto pela religião para a recuperação dos pacientes. E, nesta época de Páscoa, voltamos nossos pensamentos à ressurreição daquele que tornou tudo isso possível. Mas qual é o verdadeiro sentido dessa celebração? Na tradição católica cristã, a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”, a “solenidade das solenidades” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 1169-1170). Mas essa data festiva, por conta de outro evento sagrado, também era comemorada pelos judeus muito antes de Cristo, celebrando a passagem do Mar Vermelho. Jesus Também festejava a Páscoa: “Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos no que chamamos de Santa Ceia, que é a quinta-feira santa”, ressalta Padre Renato, responsável pela Pastoral da Saúde do Hospital São Vicente de Paulo. A palavra Páscoa provém da tradição judaica do Peseach, que significa “passagem”. A história conta que Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, libertando-o da escravidão. “Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó, teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou”, comenta o sacerdote. Mas o memorial da Páscoa de Cristo não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, é principalmente a proclamação das maravilhas que Deus fez pela humanidade. Em sua mensagem de Páscoa em 2013, o Papa Francisco resumiu o significado dessa celebração: “É o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem”. E o que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? “Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração”, disse o Papa Francisco. A data escolhida para a celebração da ressurreição de Cristo foi definida pelo concílio universal da Igreja em meados do ano de 325 e foi proposta de acordo com o equinócio de primavera no hemisfério Norte. Por conta das incorreções dos calendários utilizados na época, essa definição passou por alguns imbróglios. Para nós, do hemisfério sul, é celebrada sempre no primeiro domingo, após a primeira lua cheia, entre os dias 20 e 25 de março, início do outono. Para os cristãos, a Páscoa deve ser uma época de reflexão, por isso o intervalo de cerca de 47 dias entre esse evento e o feriado do Carnaval. Padre Renato sugere que os católicos vivam a Páscoa nas dimensões mais profundas do amor. “Partilho do desejo do Papa Francisco, de que acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo. Deixando-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixando-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos dessa misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz. Jesus ressuscitado transforma a morte em vida. Assim, peçamos a Ele para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz”, propõe o sacerdote. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 5 Crescer e aperfeiçoar Novo diretor médico, Marcio Neves, tem como meta ampliar a capacidade de atendimento do hospital Marcio Neves, diretor médico do HSVP C om a aposentadoria de Eliane Castelo Branco, médica que ocupou o cargo de diretora médica por quase 20 anos, o Hospital São Vicente de Paulo entrou em 2014 com mudanças. Marcio Neves, clínico e intensivista, é o novo diretor médico da instituição. Casado e pai de duas filhas, ele tem 21 anos de profissão e ampla experiência em cargos de gestão, tendo passado por importantes instituições cariocas de saúde e consultoria médica. Para o HSVP, Marcio Neves tem planos de aumentar a capacidade e a estrutura de atendimento, além de aprimorar alguns serviços e setores. Sempre com o foco no cumprimento dos padrões de qualidade e segurança do paciente que norteiam os processos do hospital desde sua criação. Revista do HSVP: Apesar de ter apenas 44 anos, você acumula uma vasta experiência em sua carreira. Como foi essa trajetória? Marcio Neves: Cursei medicina na Universidade Gama Filho e me formei em junho de 1993. Fiz residência médica de clínica no Hospital Souza Aguiar e me especializei em terapia Hospital São Vicente de Paulo - pág. 6 intensiva. Sou membro titular da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Fui chefe de CTI e diretor médico de grandes hospitais. Tenho MBA na área de Gestão em Saúde e MBA executivo em Gestão de Negócios. Revista do HSVP: Como você vê o HSVP no cenário da saúde? MN: Com o crescimento populacional e, portanto, o aumento progressivo da demanda, a saúde hoje precisa cada vez mais de hospitais como o São Vicente de Paulo, terciário, que tem todo um parque de imagem, exames laboratorais, hemodinâmica, ressonância e CTI, preparado para atender os casos de alta complexidade, tanto no âmbito clínico quanto cirúrgico. E já não há espaço para a negligência, para o descaso com as questões de segurança do paciente. Até mesmo o governo agora demonstra uma preocupação maior com essa pauta, através da criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) por meio do Ministério da Saúde. A acreditação também é um caminho, pois ajuda a criar padrões e outros sistemas para evitar os er- ros e melhorar a eficiência do atendimento, mas no Brasil essa cultura ainda não está muito enraizada, já que apenas cerca de 3% das instituições de saúde são acreditadas. Mas também é preciso lembrar que um selo de acreditação é o resultado de uma postura. Revista do HSVP: Historicamente, quais os maiores acertos que você apontaria a respeito da gestão do Hospital São Vicente de Paulo? MN: O foco em segurança e a preocupação com a melhoria constante. É um hospital que tem muito mais acertos do que erros. É uma instituição sempre vista como uma ilha de excelência e uma das poucas no Rio de Janeiro que têm acreditação internacional. Os principais pontos positivos são a qualidade da assistência e do corpo clínico e o fato de a instituição estar sempre se atualizando, seja em tecnologia, seja em capacitação. Revista do HSVP: O que você acha que tem espaço para melhorar? MN: Temos um bom atendimento, mas sempre há espaço para melhorar, e isso é prioridade minha e da irmandade. De imediato, o que estamos trabalhando para aprimorar é o espaço do hospital. Apesar de sermos uma grande instituição, podemos ser ainda maiores. Além disso, algumas estruturas, principalmente as que dizem respeito ao acolhimento dos pacientes (recepções, hotelaria), também estão no foco das nossas atenções. temos a filosofia da Irmandade São Vicente de Paulo, que é a de acolhimento e humanização cada vez maior do atendimento. Revista do HSVP: O que o senhor pretende mudar como diretor médico? MN: Pretendo aprimorar a eficiência logística e a pontualidade nos atendimentos. Quanto mais eficiência, maiores as possibilidades de crescer e manter a excelência dos serviços. Revista do HSVP: Quais são os projetos para 2014? MN: Mais que dobrar a capacidade do CTI (serão inaugurados 20 leitos) e iniciar obras de ampliação estrutural. Um pouco mais para a frente, a ideia é ampliar o centro cirúrgico e, portanto, a capacidade de atendimento nesse setor. Para 2014, pretendemos crescer também em qualificação e qualidade de assistência. Além disso, estamos fazendo um trabalho de gestão por indicadores, que visa otimizar a utilização da estrutura. Já foram criados indicadores por área – de eficiência, de ocupação de qualidade e todos os sentidos técnicos, administrativos e financeiros – e a gente já acompanhou alguns desses resultados em 2013. Agora, vamos utilizar esses dados para implementar melhorias. Revista do HSVP: E como é visto o paciente nessa equação? MN: O paciente é a base de tudo. Foi por ele que empreendemos esforços para alcançar a acreditação internacional, que vemos como uma forma de mostrar ao paciente que nos importamos com ele e, em nome dessa relação, buscamos a excelência. O HSVP não abre mão de qualidade e segurança, e a gente busca de forma até mesmo obsessiva esses controles. Temos comissões de Óbitos, de Ética, de Revisão de Prontuário, de Transplantes, de Transfusão e diversas outras, que se reúnem periodicamente para avaliar índices de qualidade e eventos sentinela (qualquer evento imprevisto que possa resultar em dano para o cliente) – embora não tenhamos nenhum registrado até hoje. E, acima de tudo, Hospital São Vicente de Paulo - pág. 7 Cálculo Renal: tire essa pedra do seu caminho D e acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 8% das mulheres e 15% dos homens vão apresentar cálculo renal em algum momento da vida. As pedras nos rins ou em qualquer outra parte do trato urinário são resultado do excesso de algumas substâncias na urina, como cálcio, oxalato, ácido úrico, fosfato, estruvita ou cistina. No tratamento, nem sempre é necessária uma intervenção cirúrgica. Na verdade, a maioria dos casos é tratada de forma conservadora. “A escolha do método com o qual iremos tratar o cálculo depende de inúmeros fatores, entre os quais a localização, a densidade e o tamanho do cálculo, bem como a existência de dor ou febre. Avaliamos também outros aspectos do paciente, como presença de alguma má-formação congênita ou adquirida, como escoliose, Hospital São Vicente de Paulo - pág. 8 cirurgias prévias e obesidade”, explica o urologista Pablo Cerante, do Centro Avançado de Urologia do Hospital São Vicente de Paulo. No caso de cálculos pequenos e que não estejam atrapalhando a passagem da urina, normalmente é indicada a terapia médica expulsiva, em que se espera que o cálculo é eliminado espontaneamente, sem tratamento invasivo. Pablo Cerante esclarece que podem ser usadas medicações que acelerem a eliminação e que amenizem os sintomas, já que é um processo doloroso para o paciente. O médico faz uma vigilância com exames de imagem de forma periódica para verificar se o cálculo foi expelido ou se houve algum deslocamento. “O período seguro para aguardar é de aproximadamente 30 dias, desde que não haja sinais de complicações, como febre, sangramento, dor recorrente ou sobrecarga dos rins. Após 30 dias, as chances Hidratação é a melhor prevenção O paciente que sofre do problema deve passar por uma avaliação médica para determinar as causas dele e tratá-las. Cerca de 40% dos pacientes voltam a apresentar cálculos em um período de até cinco anos. Obesidade, hipertensão e diabetes podem ser alguns fatores de risco para desenvolver pedras no trato urinário. Hábitos que incluem a baixa ingestão de líquido, muito sódio na alimentação e alta ingestão de carne vermelha também podem contribuir para a ocorrência do problema. Para prevenir a incidência de cálculos, redução do sal nas refeições e hidratação adequada são as melhores medidas. Produtos industrializados e embutidos devem ser evitados, pois, em geral, contêm muito sódio, que, além de ser um composto do sal de cozinha, é usado na indústria alimentícia, até mesmo em bebidas e doces com outras funções além do sabor. A ingestão suficiente de líquidos é importante para aumentar o volume de urina e reduzir a concentração de substâncias em excesso no trato urinário. Dois a três litros de água por dia podem ajudar a manter esse sistema mais saudável, mas, para saber se está de fato hidratado, é preciso observar a coloração e o odor da urina: quanto mais clara e inodora, melhor. de eliminação espontânea do cálculo reduzem-se bastante, e isso pode levar a prejuízo da função renal”, alerta Cerante. Caso seja um cálculo que necessite de intervenção, o médico pode optar por uma litotripsia que visa à fragmentação dos cálculos urinários para que diminuam de tamanho e, consequentemente, possam ser eliminados espontaneamente. “Esse é um tratamento bastante eficaz e seguro para certos tipos de cálculo. É menos invasivo quando comparado a outros métodos intervencionistas. Cabe ressaltar, no entanto, que, como qualquer tipo de tratamento, não é isento de riscos e complicações”, comenta o urologista Pablo Cerante. Alguns cálculos, porém, demandam tratamento cirúrgico. Nesse caso, o médico poderá optar por procedimentos endourológicos, videolaparoscópicos ou pela cirurgia convencional. No primeiro caso, são métodos endoscópicos em que se utilizam minicâmeras que são introduzidas através do trato urinário para acesso ao local onde estão os cálculos. “Para a fragmen- tação dos cálculos, usamos dispositivos a laser, ultrasônicos ou pneumáticos. Os fragmentos dos cálculos são retirados durante o mesmo procedimento, logo após sua fragmentação”, informa Cerante, acrescentando que as cirurgias endourologicas são consideradas atualmente os métodos mais modernos e eficazes para a maioria dos cálculos urinários. “Têm alta taxa de sucesso e baixa taxa de complicações”, ressalta. Outra possibilidade pouco invasiva é a cirurgia videolaparoscópica. Tem rápida recuperação e menos dor para o paciente no pós-operatório. As cirurgias abertas, atualmente, são pouco indicadas. Entretanto, esse procedimento é importante em determinadas situações, como grandes cálculos renais e alterações da anatomia renal que inviabilizem a utilização dos métodos menos invasivos. “Devido ao avanço dos demais métodos, esse tipo de cirurgia, que necessita de incisão abdominal, é cada vez menos realizada, mas, quando bem indicada, ainda pode ser a melhor opção”, conclui o urologista Pablo Cerante. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 9 (ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.), ao Laboratório de Patologia, à Oncologia e outras áreas afins. Essa integração de serviços de excelência garante ainda mais segurança e um desempenho excelente para os tratamentos propostos”, explica Américo Pascoa Martins. De acordo com a diretora executiva do HSVP, Irmã Marinete Tibério, novos equipamentos e instrumentais estão sendo adquiridos para ampliar a capacidade e a qualidade de atendimento do setor. “Também trabalhamos para a ampliação da equipe de Urologia e o treinamento de todos os demais profissionais que fazem plantão na Emergência Geral do hospital, inclusive a Enfermagem, para que estejam capacitados para triagem, diagnóstico e condutas específicas relacionadas”, informa Irmã Marinete. novo Centro Avançado de Urologia E m atividade desde a inauguração do HSVP, há 36 anos, o Serviço de Urologia passa, a partir de março, a funcionar como Centro Avançado de Urologia. Seu principal diferencial está na tradição e na capacitação de sua equipe médica, formada, em maioria, pelos mesmos profissionais que inauguraram o serviço. “É muito raro um hospital manter a mesma equipe por tanto tempo. Estamos sempre em busca de novidades e em constante processo de atualização. Trocamos conhecimentos entre nós e temos a oportunidade de discutir casos mais complexos com especialistas de outras áreas associadas ao problema” explica o urologista Alex Rizkalla Nogueira, que divide a coordenação do Centro com o Dr. Américo Pascoa Martins. Emergência 24 horas O Centro Avançado de Urologia oferece atendimento ambulatorial e Emergência 24 horas sendo referência para o tratamento do cálculo Hospital São Vicente de Paulo - pág. 10 renal e de doenças da próstata. “Uma das áreas da urologia que evoluiu muito nos últimos anos foi o tratamento do cálculo renal. Além das diversas formas de abordagem que temos hoje em dia, contamos com o ureteroscópio, que é um aparelho que nos permite, por via endoscópica, eliminar a cirurgia aberta, na grande maioria dos casos”, ressalta Alex, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia. A segurança de um hospital geral Todos os procedimentos cirúrgicos do Centro Avançado de Urologia, como litotripsia intracorpórea, cirurgia a laser, videolaparoscopia, ressecção endoscópica da próstata, cistoscopia, ureteroscopia, biópsia endoscópica ou dirigida por ultrassonografia e penioscopia, são realizados dentro do HSVP, que está preparado para atender a qualquer tipo de intercorrência e equipado para cirurgias de alta complexidade. “O Centro Avançado de Urologia está integrado ao Setor de Imagens Equipe médica Alex Rizkalla Nogueira Americo Pascoa Martins Paulo Roberto Soares Tavares Carlos Henrique Liquori Renato Faria Pablo Cerante O tratamento de câncer de próstata, de infecções do trato urinário, distúrbios geniturinários, disfunção miccional, cistite e disfunção erétil e a correção de anomalias congênitas serão também os focos do Centro Avançado. Terceiro serviço especializado Desde 2012, o HSVP iniciou um processo de investimentos no sentido de concentrar cada vez mais serviços especializados dentro de sua vocação médica. “O modelo de centros especializados tem sido positivo tanto para os pacientes, que podem contar com a excelência na prestação dos serviços setorizados, como para a nossa instituição, que agrega mais eficiência e qualidade nos serviços prestados”, destaca a Irmã Marinete Tibério. Prostatite atinge metade da população masculina Uma das doenças que mais levam os homens ao consultório do urologista é a prostatite, ou seja, a infecção da próstata. De acordo com dados da Fundação Americana de Doenças Urológicas, estima-se que 50% dos homens apresentem o problema em alguma fase da vida. Apesar da alta incidência, a doença continua sendo pouco conhecida pela sociedade. Normalmente causada por bactérias, a prostatite também pode ser consequência de vírus ou fungos e ocorrer de forma aguda ou crônica. Os principais sintomas são ardência ou dor para urinar somados a uma vontade mais frequente de fazer xixi, Além de febre, cansaço, dor no períneo e secreção pela uretra. É preciso lembrar que o câncer de próstata é uma das doenças que mais matam homens no mundo. Portanto, a próstata é um órgão que merece atenção rotineira, principalmente depois dos 50 anos. E, quanto mais cedo o diagnóstico, melhores as chances de cura. Horário de funcionamento Emergência 24 horas | Atendimento ambulatorial De segunda a sexta, das 8h às 18h. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 11 Para uma visão cristalina, atenção à catarata A pesar de ser bem mais comum em pessoas com idade avançada, a catarata não é uma doença que atinge apenas os idosos. Alguns distúrbios metabólicos e até mesmo certos tipos de medicamento podem acelerar o processo em pessoas mais jovens, além de haver casos em que a doença é congênita. Quanto mais cedo diagnosticada, mais seguro é o tratamento cirúrgico e melhor é o prognóstico do paciente quanto à recuperação plena da visão. Com o passar dos anos, ocorre, de forma natural, a perda progressiva de transparência do cristalino, que é uma lente situada no interior do olho, cuja função é focalizar as imagens na retina. A oftalmologista Renata Rezende, do Centro Avançado de Oftalmologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), explica que o cristalino vai crescendo e ganhando mais camadas e que nem sempre ocorre a opacidade, mas haverá, com o envelhecimento, uma mudança de sua coloração. O cristalino de um adulto de 50 anos geralmente apresenta coloração mais acinzentada ou amarelada, diferente de um cristalino de 18 anos. “Essa perda de transparência do cristalino, seja por alteração de coloração ou por opacidade, caracteriza a catarata. Como é uma doença provocada por desgaste, é mais comum em idosos. Porém, algumas doenças metabólicas, principalmente o diabetes, pode provocar uma catarata precoce e de evolução mais rápida. Medicamentos à base de corticoides, até mesmo pomada, quando utilizados com uma regularidade importante, também podem desencadear uma aceleração do processo”, esclarece a oftalmologista. De acordo com a médica, são as oscilações metabólicas dentro do olho que ocasionam as alterações da transparência. “No caso do diabetes, a glicose em excesso entra no cristalino passivamente, por osmose, e o faz inchar. Quando a glicose se normaliza, o cristalino se desincha; e assim sucessivamente. E esse ‘efeito sanfona’ desgasta o cristalino muito rápido”, diz Renata Rezende. Ela Hospital São Vicente de Paulo - pág. 12 ressalta, ainda, que, diferentemente do que ocorre com os idosos, que têm uma progressão lenta da mudança de cor e podem ter ou não opacidade associada, a catarata dos mais jovens já começa com a opacidade e precisa ser tratada rapidamente. A opacidade geralmente está associada a maior redução da acuidade visual enquanto a alteração da coloração reduz de forma mais sutil a quantidade de visão. A superexposição aos raios ultravioleta do sol também é um fator de risco. Por isso, quem trabalha na rua, muito exposto ao sol, deve sempre usar óculos escuros. Traumas, como pancadas e cortes, também podem induzir catarata em qualquer idade. Tratamento é sempre cirúrgico Não existe medicamento para tratar ou retardar o processo da catarata. A abordagem é sempre cirúrgica. Entretanto, nem todo paciente precisa fazer a cirurgia imediatamente após o diagnóstico. O problema, em estágio inicial, pode apenas ser acompanhado pelo oftalmologista em regime clínico. Quando ocorre a opacidade do cristalino, é importante fazer a operação – e quanto mais cedo, melhor. Cirurgia de remoção de catarata Oftalmologia agora tem exame de córnea “Quanto mais se espera para operar, a catarata fica mais densa, mais rígida. O cristalino fica localizado atrás da íris e o líquido de dentro do olho, que se renova o tempo todo, é drenado na parte da frente da íris. Se a pessoa tiver uma catarata muito densa, isso empurra a íris para a frente, podendo causar uma hipertensão ocular. Além disso, a cirurgia se torna mais complicada e o paciente corre o risco de não recuperar 100% da sua visão”, alerta Renata Rezende. A cirurgia é muito delicada, realizada com o auxílio de microscópio cirúrgico de altíssima qualidade óptica e de equipamentos de alta tecnologia, porém não é uma cirurgia demorada, durando cerca de 30 minutos (o tempo varia conforme a densidade da catarata e doenças coexistentes) e não causa desconforto ao paciente. É feita a substituição de todo o cristalino por uma prótese intraocular, que funciona como um cristalino artificial. O paciente recebe uma sedação leve e uma anestesia local e permanece acordado durante o procedimento. A cirurgia é feita em ambiente de centro cirúrgico, mas não é preciso ficar internado – o paciente vai para casa no mesmo dia. A anestesia pode ser feita por injeção em volta do olho (bloqueio peribulbar) – nesse caso, o olho e as pálpebras ficam parados – ou com colírio (anestesia tópica) – nesse caso, o paciente precisa cooperar durante a cirurgia. A oftalmologista conta que o procedimento evoluiu muito nas últimas décadas. O avanço tecnológico permitiu que a incisão cirúrgica que era de 8 mm, fosse reduzida para 2,2 mm, diminuindo a inflamação no pós-operatório e acelerando a recuperação visual. As lentes intraoculares proporcionam hoje maior qualidade visual. O Centro Avançado de Oftalmologia do Hospital São Vicente de Paulo passou por uma atualização neste início de 2014 e agora conta com três novas tecnologias de ponta: um microscópio especular da córnea, um microscópio cirúrgico Leica de última geração e um vitreófago Constellation, que também é um dos mais recentes e modernos de sua classe. As novas aquisições, um investimento de cerca de R$ 350 mil, tornam o serviço ainda mais eficaz, possibilitando a realização de novos procedimentos e exames que antes não eram realizados no hospital. O microscópio especular faz a avaliação da córnea no pré-operatório, que é uma avaliação obrigatória antes da cirurgia de catarata e de qualquer procedimento intraocular. Era o único exame que não era oferecido no serviço de oftalmologia do HSVP; agora já é. O aparelho faz a avaliação da quantidade e da qualidade das células da córnea e também é indicado para o acompanhamento de casos de distrofia e doenças genéticas da córnea, como para quem usa lentes de contato. Já os demais aparelhos, o hospital os possuía, mas em versões antigas. Os novos possibilitam fazer até os procedimentos oftalmológicos mais modernos. “O diferencial do microscópio cirúrgico Leica, por exemplo, é a qualidade ótica e a intensidade de iluminação, que permitem a visão de detalhes incríveis, melhorando a segurança dos procedimentos cirúrgicos”, destaca a oftalmologista Renata Rezende. O vitreófago Constellation, que faz vitrectomia e cirurgias de retina, além de oferecer visão de detalhes, faz um número de cortes muito maior que outros aparelhos – quanto maior o número de cortes, maior a eficiência e menor o risco de tração ou descolamento da retina. Com esse aparelho, o Centro Avançado de Oftalmologia agora também realiza cirurgias de membrana epirretiniana e buraco de mácula. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 13 Novos equipamentos incluem recurso em 3D Hospital investe em novos equipamentos de imagem e procedimentos, além de bisturi de última geração O Hospital São Vicente de Paulo iniciou o ano com grandes novidades em seu parque tecnológico. Com investimentos de quase R$ 3,4 milhões, os setores de Radiologia, Endoscopia, Hemodinâmica e Oftalmologia receberam os equipamentos, de última geração, que permitem melhor qualidade para exames e outros procedimentos. Um dos mais revolucionários é o Allura Xper FD20, da Hemodinâmica, que permite realizar uma grande variedade de intervenções cardíacas e vasculares com ferramentas avançadas e imagem em 3D. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 14 De acordo com Cyro Vargues, cardiologista e coordenador da Hemodinâmica do HSVP, as vantagens tecnológicas do equipamento geram maior segurança para o paciente e maior precisão nos resultados médicos. “Entre as características que se destacam no aparelho estão o maior campo de visão; o detector plano de alta resolução que gera imagens em 3D dos vasos cerebrais, dos periféricos e das estruturas ósseas; e um aplicativo para as artérias do coração que permite a visualização dos stents coronários e sua relação com o diâmetro das artérias em tempo real durante as intervenções terapêuticas e diagnósticas”, ressalta o médico. Henrique Salas, radiologista intervencionista do HSVP e membro titular da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), acrescenta que os pacientes também se beneficiam de uma menor dosagem de raios X. “Isso torna o procedimento mais seguro também para a equipe de sala. E a evolução no processamento das imagens possibilita reconstruções tomográficas e reconstruções 3D dos vasos, facilitando os procedimentos pela melhor compreensão da anatomia e da relação entre as estruturas. Além disso, melhora a possibilidade de avaliar uma complicação hemorrágica durante um procedimento”, comenta o médico. Na neurorradiologia, os avanços são ainda mais significativos. “Além das técnicas de aquisição de imagem em 3D possibilitarem melhor avaliação das lesões vasculares dentro do crânio, o road mapping (mapeamento) em 3D torna a navegação endovascular mais segura até segmentos distais dos ramos cerebrais”, diz o médico Guilherme Abrão, do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista do HSVP. O HSVP também adquiriu um novo tomógrafo de última geração. “Nós já tínhamos dois, inclusive um muito bom, mas o segundo era um pouco antiquado. Então, decidimos substituí-lo também por um equipamento de última geração. A medida faz parte da nossa política de aperfeiçoamento do parque tecnológico e também segue os padrões e elementos de mensuração do capítulo de Gerenciamento e Segurança das Instalações (FMS) do Manual de Acreditação”, comenta Martha Lima, gerente de Hospitalidade e membro da Comissão de Qualidade do HSVP. Novo bisturi de argônio Outra aquisição importante é o bisturi de argônio, que acrescenta a possibilidade de se realizarem novos procedimentos em endoscopia. “É um recurso para a rápida coagulação de sangramentos, para o estancamento de hemorragias. Trata-se de um método térmico, sem contato, que utiliza o gás argônio para distribuir energia térmica em tecidos adjacentes. A penetração é superficial (de 2 a 3 mm) e assim se pode controlar melhor a profundidade do efeito nos tecidos. É um método muito mais seguro”, relata a médica endoscopista e responsável pelo Serviço de Endoscopia Digestiva do HSVP. O bisturi de argônio possibilita procedimentos para problemas como esôfago de Barrett, varizes esofágicas, úlceras sangrantes, malformações arteriovenosas e tumores gástricos, entre outros. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 15 munir murad - cardiologista um coração que bate pela medicina É um dom, é uma certa magia a sua relação com a medicina e, assim como a Maria de Milton Nascimento e Fernando Brant, Munir Murad, cardiologista do Hospital São Vicente de Paulo desde 1970, tem a “estranha mania de ter fé na vida”. Com 58 anos de profissão, o médico conta que não tem planos de se aposentar e que, até hoje, o que o faz perder o sono é quando tem um paciente a quem não consegue encontrar um modo de salvar. Casado há mais de 50 anos, pai de dois filhos e avô de dois netos, Munir Murad tem por seus pacientes o mesmo zelo que tem por sua família. Seu coração bate pela cardiologia e, se pudesse voltar no tempo, a única coisa que faria diferente seria se especializar ainda mais nessa área. Revista do HSVP: Como foi que o senhor se tornou cardiologista? Munir Murad: Desde criança eu sabia que queria ser médico e, quando tive minha primeira aula sobre circulação, no primeiro ano da escola, eu soube que queria ser cardiologista. Eu me formei pela antiga Faculdade Nacional de Medicina, a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1956. Depois, fiz doutorado em cardiologia. Trabalhei no Hospital do Câncer, na Santa Casa e até em uma ambulância. Em 1970, cheguei ao Hospital São Vicente de Paulo pela indicação de um colega do Hospital do Câncer. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 16 Revista do HSVP: Do que mais se orgulha em sua carreira? MM: De poder ensinar e aprender. Um grande momento para mim foi quando passei no concurso para docente na UFRJ. Fui professor do curso de pós-graduação em cardiologia da UFRJ, diretor de um curso de cardiologia nos áureos tempos da Santa Casa e, ainda, professor da Universidade Souza Marques, no curso de graduação. Mas, ao mesmo tempo, nunca deixei de ser também um estudante. Dos anos 50, quando comecei, até os dias de hoje, a medicina evoluiu muito e eu, é claro, tive que evoluir também. Conforme foram surgindo novos tratamentos e novos exames, eu estava sempre me atualizando, além de aprender na prática. Houve, inclusive, cursos que fiz e que depois acabei me tornando professor neles. Revista do HSVP: Como era o exercício da medicina naquela época? MM: A gente não tinha recurso nenhum naquela época. O tratamento era praticamente empírico. Não havia controle de qualidade dos medicamentos, não era possível fazer um acompanhamento sério dos pacientes e o diagnóstico era um pouco genérico. Na cardiologia, a gente fazia o que podia fazer. Havia uns quatro ou cinco remédios, alguns nem funcionavam. Tinha remédio para insuficiência cardíaca, para arritmia, anticoagulantes e diuréticos injetáveis. De exames, dispúnhamos do eletrocardiograma e sangue, com algu- mas dosagens apenas. Revista do HSVP: E qual foi a grande evolução no tratamento clínico das cardiopatias? MM: A evolução começou com o ecocardiograma. Foi a primeira coisa que fez diferença, pois se podiam ver a estrutura do coração, a anatomia, o coração batendo, a contração. Essa foi uma tecnologia que se difundiu rapidamente e melhorou tudo. E depois veio a cinecoronariografia. O conhecimento de doenças foi ampliado e passamos a ter muito mais maneiras de avaliar o tratamento. No campo farmacêutico, o progresso também foi imenso. O uso de betabloqueadores para o tratamento da insuficiência cardíaca, por exemplo, era contraindicado – hoje em dia, é o mais indicado. Outro medicamento que ajudou muito foi a estatina, para a redução do colesterol. Revista do HSVP: Houve alguma história de paciente que o marcou durante a carreira? MM: As histórias que nos marcam são muitas, infelizmente nem todas são felizes. Ainda me lembro de um dos meus primeiros pacientes que foi diagnosticado com a Doença de Chagas. Naquela época, não havia muito o que podia ser feito por um paciente com essa condição, então a família quis saber quanto tempo ele viveria. É claro que não havia recursos para fazer previsão nenhuma naquela época, mas, por insistência da família, fiz uma estimativa de seis meses e me surpreendi quando ele veio a falecer exatamente no final desse período. Mas também me lembro de fatos engraçados, como o caso de um paciente que realizou no meu consultório um exame de eletrocardiograma e, alguns meses depois, retornou pedindo mais daquela “aplicação”, alegando que havia feito maravilhas pela saúde dele. Revista do HSVP: O senhor é muito próximo dos seus pacientes. Como reage quando tem um diagnóstico ruim? MM: Uma coisa que eu nunca aceitei bem é o prognóstico de morte de um paciente. Pesquiso, discuto o caso com outros especialistas, estudo e não fico analisando para ver se há algo mais que eu possa fazer. Muitas vezes, perdi o sono pensando se eu havia feito tudo o que poderia ser feito. Estou sempre questionando. Para mim, é muito difícil ter que desistir de um paciente, embora haja vezes em que não tem jeito mesmo. Revista do HSVP: Tem planos de se aposentar? MM: Não. Pretendo trabalhar até o último dia em que eu puder. E o Hospital São Vicente de Paulo é o lugar em que trabalho há mais tempo e o último do qual pretendo sair. Além de ser muito bem equipado, oferecendo conforto para os profissionais trabalharem, tem a vantagem de ser um hospital de clínicas e, portanto, a gente aprende muito com os médicos das especialidades diversas. Estou sempre em contato com urologistas, nefrologistas, endocrinologistas. Vou aprendendo sobre muitas doenças clínicas no contato com esses médicos. Revista do HSVP: Mudaria alguma coisa na sua vida se pudesse voltar no tempo? MM: A única coisa de que me arrependo é de não ter me especializado em procedimentos cirúrgicos. É uma maravilha tudo que a tecnologia possibilitou nesse campo. Eu escolheria algum procedimento na área de cardiologia para me especializar. Hospital São Vicente de Paulo - pág. 17 Medicina do Esporte dribla “fim de carreira” precoce Aumento no número de lesões e traumas nos treinos esportivos O futebol jogado na década de 70 não exigia o mesmo vigor físico do atleta e o nível de treinamento que exige hoje; a velocidade dos jogos era muito menor. O mesmo vale para outros esportes: cresce o número de praticantes e o nível de competitividade. Por outro lado, a Medicina do Exercício e do Esporte também evoluiu bastante, de modo que a carreira de um atleta, hoje em dia, pode se prolongar por muito mais tempo. Mas todos esses fatores contribuem também para o aumento das lesões e dos traumas mais graves no esporte. Seja um atleta de nível competitivo ou amador, é preciso prevenir e, se ocorrer um trauma, tratar da forma correta. O ortopedista Alfredo Villardi, do Centro Avançado de Traumatologia e Ortopedia do Hospital São Vicente de Paulo, destaca a importância dos equipamentos de segurança e da dosagem do exercício. “A velocidade atingida em algumas modalidades desportivas atualmente é tanta que nem sempre os equipamentos de proteção do atleta dão conta de dissipar toda a força do impacto. No entanto, é preciso lembrar que, sem a proteção, é muito pior, pois não há a atenuação e distribuição da força, e o corpo recebe todo o impacto”, comenta o especialista. Além disso, também é importante ter orientação profissional. “Antes de começar a praticar qualquer exercício, a pessoa deve se submeter a uma avaliação médica, para detectar possíveis problemas, evitar riscos como o de morte súbita e para uma orientação sobre a melhor atividade a praticar. Uma pessoa que tem artrose de joelho, por exemplo, deve evitar a prática de corridas e saltos, devido ao impacto, sendo mais recomendadas as atividades na água, promovendo forta- Hospital São Vicente de Paulo - pág. 18 lecimento muscular e melhora da capacidade funcional da articulação”, explica Alfredo Villardi. As lesões mais comuns na prática de esportes são as musculares, as produzidas por contato e as decorrentes de esforço repetitivo. Hoje, hámuito mais recursos para promover o retorno rápido do atleta às suas atividades e também para resolver problemas que antes determinavam o final de uma carreira. “Com as técnicas de reconstruções ligamentares, de tratamento de lesões meniscais e até mesmo a evolução no tratamento de fraturas, o atleta pode se recuperar e voltar à sua atividade sem perda de rendimento”, diz Villardi. O especialista afirma que a fisioterapia é fundamental nesse processo, pois atua na reabilitação da articulação e do segmento afetado. “Ela restitui as perdas que o paciente teve não só pela lesão, mas também pelo trauma cirúrgico”, esclarece, lembrando que também é necessário que o paciente respeite os prazos dessa reabilitação. “É necessário dar um tempo para que o processo biológico de recuperação do osso seja feito”, alerta. O Centro Avançado de Traumatologia e Ortopedia do HSVP tem profissionais com formação e capacitação na Medicina do Exercício e do Esporte. Além disso, a estrutura do hospital oferece uma vasta gama de exames complementares e os melhores e mais modernos tratamentos, inclusive cirúrgicos. O Hospital São Vicente de Paulo tem a preocupação constante em manter suas equipes de profissionais atualizadas a respeito dos mais diversos temas de saúde e também o compromisso social de promover ações de conscientização e prevenção para a população. Por isso, durante todo o ano, promove uma intensa agenda de eventos que têm por objetivo principal a troca de conhecimentos. Todas as atividades se desenvolvem no auditório do Centro de Convenções Irmã Mathilde, no HSVP, e têm entrada franca. Confira o calendário para os próximos meses. Palestras para Médicos e Profissionais de Saúde Maio Semana de Enfermagem 2014 O evento é realizado anualmente em comemoração do Dia do Enfermeiro (12 de maio). Serão realizados debates de casos clínicos e sorteio de brindes. Dias: 12,13 e 14 de maio. Horário: das 14h às 17h. Eventos abertos ao público Março Mulher, Saúde Íntima Para celebrar o Mês da Mulher, o Serviço de Ginecologia esclarece dúvidas sobre a saúde feminina. Maio Envelhecimento Ativo: O Que Você Deve Saber sobre os Seus Olhos Organizado pelo Serviço de Oftalmologia, a palestra dá esclarecimento sobre prevenção e cuidados com os olhos. Julho Detecção e Controle do Diabetes Palestra ministrada pelo Serviço de Endocrinologia, que vai abordar formas de diagnóstico, tratamento e prevenção. Junho Jornada de Ortopedia 2014 Evento científico organizado pelo Serviço de Ortopedia, que reunirá importantes nomes da ortopedia para debate sobre traumatologia do Esporte (especialidade médica relacionada com as lesões esportivas, apresentando características próprias de cada esporte, com a finalidade de prevenir, tratar e reabilitar. Agosto Jornada Multidisciplinar de Fonoaudiologia Um dia inteiro de atividades cientiíficas organizado pelo Serviço de Fonoaudiologia. A programação contemplará os principais temas relevantes para a prática da fonoaudiologia nos atendimentos clínicos e nas unidades de terapia intensiva. Se você deseja participar desses eventos ou obter mais informações, entre em contato. Telefone: 2563-2147 E-mail: [email protected]