Capítulo 4: Função Planeamento (planning) 4.1 Estratégia e

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Capítulo 4: Função Planeamento (planning)
Conteúdo Temático
4.1
Estratégia e Planeamento – Gestão Estratégica
4.2
Estratégia: Formulação e Implementação
4.1
Estratégia e Planeamento – Gestão Estratégica
A função planeamento, no sentido lato, inclui a definição de metas (goal setting) estratégicas,
tácticas e operacionais e os planos que lhes estão associados – gestão estratégica. Uma das
responsabilidades fundamentais dos gestores é decidir para onde a organização deve ir e como lá chegar,
pressupõe a necessidade de decidir uma visão, constituída pela missão, metas e planeamento.
A missão é a
declaração da razão da existência da organização, é, essencialmente, a mensagem para o exterior da
empresa. As metas são os estádios futuros que a empresa procura atingir. O planeamento corresponde ao
processo de determinação das metas e definição dos meios (plano) para as atingir.
A declaração de missão procura a legitimação externa da organização junto das entidades: clientes,
investidores, fornecedores, estado, cidadãos, etc. A mensagem interna visa a legitimação interna, com os
seguintes benefícios: é fonte de motivação e empenho, ajuda à afectação de recursos, é um guia de acções,
fornece a lógica (rationale) das decisões e define critérios de avaliação de desempenho.
Tipos de planos

Planos estratégicos: conjunto coerente de acções através das quais uma organização procura
alcançar as metas estratégicas (strategic goals), a longo prazo.

Planos tácticos: conjunto coerente de acções visando concretizas os planos estratégicos em
cada parte da organização (divisões), possuem um horizonte temporal mais curto (nível
funcional).

Planos operacionais: conjunto coerente de acções (muito) detalhadas – programação de
produção diária, semanal, mensal, etc – de horizonte temporal de muito curto prazo (nível
funcional).
Tipos de planeamento

Gestão por objectivos (MBO): método através do qual gestores e empregados definem
metas/objectivos para cada departamento, projecto e indíviduo, usados para monitorizar o seu
desempenho; em síntese, implica definir metas, desenvolver planos de acção, rever
periodicamente o progresso, acções correctivas e uma avaliação global permanente.
o Projectos: planos para atingir metas/objectivos que não se deverão repetir.
o Planos guia: planos para actividades/tarefas repetitivas ou contínuas.

Planos de contingência: definem as respostas/reacção da empresa em situações de
emergência, contratempos ou situações inesperadas, podem ser planos simples, cenários ou
planos de gestão de crises (prevenção, preparação, contenção).
Abordagens ao planeamento

Centralizado: num orgão, o qual é composto por diferentes especialistas, as informações são
reportadas directamente à administração/direcção da empresa. É, essencialmente, uma
abordagem top-down. Embora ainda em uso, é considerado menos adequado às alterações na
envolvente.

Descentralizado: nos principais orgãos da empresa, direcções ou departamentos. Permite
uma resposta melhor às alterações na envolvente, requer linhas claras de orientação e
coordenação de topo.
4.2
Estratégia: Formulação e Implementação
O que é a estratégia?
“É o plano da gestão para fazer crescer o negócio, atrair e deixar satisfeitos os clientes, competir com
sucesso, conduzir as operações, e atingir determinados objectivos de desempenho organizacional”
(Thompson et al., 2007).
“É o plano de acção que determina a alocação de recursos e outras actividades que ajudam a
organização a atingir os seus objectivos. A estratégia centra-se nas “core competencies”, no
desenvolvimento de sinergias e em criar valor para os clientes” (Daft, 2003).
Processo de formulação e execução da estratégia:
A visão preocupase com o futuro: para onde vamos, que mercados perseguir, quais os produtos,
tecnologia e clientes onde nos iremos focar e o tipo de empresa que pretendemos criar. A declaração de
missão de uma empresa centra-se no negócio actual: quem somos e o que fazemos, produtos e serviços
oferecidos actualmente, área geográfica onde a empresa actua, necessidades dos clientes que estão a ser
servidas e capacidades que a empresa possui.
Os objectivos convertem a visão em alvos de desempenho específicos e permitem monitorar o
desempenho da organização. São necessários a todos os níveis. Objectivos bem definidos são quantificáveis,
mensuráveis e incluem um prazo para serem atingidos. Existem vários tipos de objectivos: financeiros e
estratégicos, de curto prazo (inferior a um ano), médio prazo (entre dois a três anos) e de longo prazo (entre
três e cinco ou mais anos).
Formulação da Estratégia
As três grandes perguntas estratégicas a fazer são: (1) qual a situação actual da empresa?, (2) para
onde precisamos de ir a partir de onde estamos? e (3) como vamos lá chegar?. A resposta da empresa a esta
última pergunta é a sua estratégia.
Existem os seguintes níveis estratégicos nas organizações (entre cada nível a influencia é recíproca):

Estratégia ao nível corporativo: (corporate-level strategy) em que negócios estamos ou
queremos estar?
A estratégia a nível corporativo define se a empresa se deve concentrar num único negócio ou
diversificar, se a diversificação deve ser relacionada ou não relacionada, e como capturar sinergias entre as
várias áreas de negócios, por exemplo, estabelecendo prioridades de investimentos e alocação de recursos da
companhia aos negócios mais promissores. A formulação da estratégia ao nível coorporativo é da
responsabilidade do CEO e dos gestores de topo.
Matriz BCG:

Estratégia ao nível do negócio: (business-level strategy) como devemos competir? como
construir uma vantagem competitiva sustentável?
A estratégia ao nível do negócio preocupa-se em como conseguir um desempenho bem sucedido num
negócio específico e o que fazer para construir uma vantagem competitiva sustentável, por exemplo, se se
deve ou não unificar as actividades estratégicas das áreas funcionais de uma empresa. É necessário
conseguir a aprovação da estratégia ao nível do negócio pelos gestores de topo, a nível corporativo. A
formulação da estratégia ao nível do negócio é da responsabilidade dos gestores das unidades de negócio.

Estratégia ao nível funcional: (functional-level strategy) como deve, em detalhe, cada área
funcional apoiar a estratégia ao nível do negócio?
A estratégia ao nível funcional define como apoiar a estratégia ao nível do negócio. É o plano para a
função, actividade ou processo de negócio relevante do ponto de vista estratégico. Indica em detalhe como
actividades chave devem ser geridas e especifica como os objectivos funcionais vão ser atingidos. A
formulação da estratégia ao nível funcional é da responsabilidade dos gestores ao nível funcional. Esta
estratégia influencia e é influenciada pelo nível operacional.
Implementação e execução da estratégia
A implementação e execução de uma estratégia é uma tarefa mais difícil e demorada do que a sua
formulação. É uma actividade orientada para as operações que visa que as actividades chave do negócio
sejam desempenhadas de modo a apoiarem a estratégia. Envolve a ciração de strong-fits entre a estratégia
escolhida e a organização, em aspectos como liderança, desenho da estrutura organizacional, sistemas de
informação e controlo e recursos humanos. Ao implementar uma estratégia é necessária a monitorização dos
desenvolvimentos da sua execução e a avaliação do desempenho para fazer as correcções necessárias.
As tarefas de formular e implementar a estratégia não são um exercício único por várias razões: as
condiºões competitivas mudam, as necessidades e quereres dos consumidores alteram-se, novas
oportunidades aparecem, novas ideias surgem e alguns aspectos da implementação da estratégia podem não
estar a correr como o previsto. Torna-se necessário tomar medidas correctivas.
Análise de SWOT
É necessário avaliar a envolvente externa da empresa, de modo a compreender quais as princiapais
oportunidades e ameaças que a empresa enfrente, opportunities e threats. A envolvente externa da empresa
é contituída pela macroenvolvente, que inclui as componentes político-legal, económica, social e
tecnológica, e pela envolvente imediata (task), que inclui os concorrentes, fornecedores, distribuidores,
clientes e os outros stakeholders da empresa. É também necessário avaliar internamente a empresa de modo
a compreender quais as principais forças e fraquezas da empresa relativamente aos principais concorrentes,
strenghts e weaknesses. O resultado desta análise é depois sintetizado num quadro ou matriz de SWOT.
Modelo das cinco forças competitivas (Michael Porter, 1980)
1. Identificar as causas específicas associadas a cada uma das 5 forças competitivas.
2. Avaliar a intensidade de cada força competitiva (muito forte, forte, moderada ou fraca).
3. Determinar se a força colectiva das 5 forças competitivas sugere se se está perante uma indústria
que possibilita a obtenção de lucros atractivos, normalmente, uma maior competição interna resulta
em menores lucros e uma maior facilidade de entrada de firmas de outras indústrias, assim como
a disponibilidade de produtos substitutos, resulta em preços mais baixos e menores lucros.
o A existência de um pequeno e importante grupo de fornecedores e clientes tende a
fazer subir os custos dos inputs e a baixar os preços e, por consequência, a fazer
descer os lucros na indústria.
Análise da cadeia de Valor (Michael Porter)
A análise da cadeia de valor é uma análise aos recursos, o que a empresa tem, às capacidades da
empresa para integrar os seus recursos de forma a atingir os seus objectivos, e às competências centrais
(core competencies), o que a empresa faz com valor estratégico, ou seja, o que faz com que uma organização
seja única na sua capacidade para acrescentar valor aos seus clientes. A análise da cadeia de valor permite
então identificar capacidades e recursos que podem acrescentar valor.
Cadeia de valor representativa para uma indústria:
Estratégias genéricas competitivas
Porter sugere que as empresas devem escolher uma entre as quatro estratégias genéricas ao nível do
negócio, de modo a obterem vantagens competitivas: (1) estratégia de baixo-custo, (2) estratégia de
diferenciação, wstratégia de nicho ou foco (apenas um segmento de mercado) de (3) baixo-custo ou de (4)
diferenciação. A tentativa de perseguir ao mesmo tempo uma estratégia de diferenciação e de baixo-custo
não permitiria obter vantagem competitiva sustentável e a empresa acabaria por ficar stuck in the middle.

Nicho ou foco: envolve concentrar a atenção da empresa num pequeno segmento do mercado
e servir os clientes desse nicho melhor do que os rivais.

Liderança de baixo-custo: o objectivo é agressivamente conseguir custos mais baixos do
que a concorrência (custos totais; não apenas custos de produção), de preferência utilizando
abordagens que sejam difíceis de igualar ou copiar pelos rivais.

Diferenciação: envolve uma tentativa de distinguir os produtos/ serviços da firma dos da
concorrência de modo a captar a preferência dos clientes para a oferta da empresa.
Estratégia de Integração Vertical
A estratégia de integração vertical visa a criação de valor através da produção própria dos inputs
necessários (backward vertical integration) e/ou da distribuição própria dos produtos produzidos pela
empresa (forward vertical integration). Este tipo de estratégia tem como vantagens, por exemplo, reduzir
custos (e.g. custos das matérias primas e custos com o canal de distribuição), diminuir a dependência de
fornecedores ou de distribuidores, e aumentar a visibilidade da empresa junto ao cliente final. Como
possíveis desvantagens associadas às estratégias de integração vertical, referem-se, por exemplo, uma maior
necessidade de recursos, a existência de fornecedores fixos que podem significar melhor flexibilidade para
lidar com novas necessidades dos clientes, e uma maior necessidade de coordenação resultante da nova
cadeia de valor.
Gestão Estratégica
A gestão estratégica segue o modelo de planeamento estratégico de longo prazo, já abordado
anteriormente, mas acrescenta, ou diferencia-se, do planeamento estratégico em três componentes:
1. É da responsabilidade dos gestores executivos, enquanto no planeamento tal era feito
por um órgão de planeamento e não pela gestão, embora apoiada por um staff de
planeamento.
2. Tem em conta os comportamentos e as respectivas mudanças.
3. Está sempre em curso um processo de replaneamento.
O conceito foi desenvolvido em 1972 por Igor Ansoff e utiliza duas vias:
1. Gestão do posicionamento estratégico da empresa e determinação dos caminhos
futuros: o que é que a empresa quer ser no futuro, tendo em conta o seu posicionamento
estratégico?
2. Gestão em cima do acontecimento: reconhecendo que num mundo turbulento é cada vez
mais difícil prever o futuro, desenvolve um espírito de constante vigilância do contexto e
uma capacidade de resposta rápida aos principais problemas com que se defrontará a
empresa.
Assim, a gestão estratégica das empresas deverá (1) ser um estado de epírito do gestor que o torne
sensível às alterações no contexto, não o deixando cegar por sucessos passados e mantendo-o aberto à
mudança, (2) proporcionar uma atitude sistemática de sensibilizaçãi da empresa, identificando os desafios,
relacionando e pondo em prática respostas, (3) constituir uma ferramenta útil para o empreendedor e de
forma alguma um substituto para a capacidade de empreender, e (4) possibilitar uma maior flexibilidade,
rapidez de resposta, garantia de continuidade e de melhores resultados no futuro. É um conceito evolutivo do
planeamento estratégico, mais dinâmico, em ajuste constante à envolvente e às mudanças comportamentais.
A envolvente às organizações é, cada vez mais, complexa, variada e dinâmica. Gera, por isso, um
ambiente de incerteza a que a gestão da empresa tem que responder através de adaptação e, dentro de certos
limites, da modificação desse ambiente.

Através do (re)desenho da arquitectura organizacional (estrutura e funcionamento), no
qual se inclui a criação ou redefinição de um conjunto de actividades que alarguem os limites
da sua actuação (boundary-spanning):
o Ao nível estratégico que assegure a representação dos interesses fundamentais da
organização – Gestão de topo.
o Ao nível de recolha e processamento de informação (competitive intelligence) –
tecnologia, mercados, fornecedores, legislação, concorrência, etc.

Estabelecendo parcerias com outras organizações: através de mudanças de paradigmas de
competição pura (confrontacional) para cooperação, estabelecendo parcerias bilaterais,
multilaterais ou em rede, ou partilhando recursos e alinhando estratégias. Em alguns casos,
assume
formas
de
competição-cooperação
–
caso
da
indústria
electrónica,
no
desenvolvimento de componentes, ou da indústri automóvel, no desenvolvimento de motores
– noutros casos estabelecem-se parcerias entre a organização e os seus fornecedores – a
Autoeuropa, por exemplo, é cliente de várias empresas.

Fusões, Aquisições, Joint Ventures:
o Fusão: duas ou mais empresas fundem-se numa só (Bencos, Indústria Farmacêutica,
etc.).
o Aquisição: uma ou mais empresas são compradas por outra podendo manter alguma
autonomia – integração num grupo económico (holding).
o Joint Ventures: entre organizações, para projectos ou actividades complexos e/ou
dispendiosos, pode ser vista como uma parceria em que o âmbito é mais alargado.
Todas, mas em particular as fusões e aquisições, influenciam e são influenciadas pela cultura
da empresa.

Alienações, Separações: operações contrárias às anteriores.
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