LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: MAPAS CONCEITUAIS SÃO PAULO 2014 i UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: MAPAS CONCEITUAIS Dissertação apresentada, como exigência para obtenção do título de Mestre em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo/UNICID, sob orientação da Profa. Dra. Sandra Lúcia Ferreira. SÃO PAULO 2014 ii LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO MAPAS COGNITIVOS APLICADOS AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ________________________________________ Profa. Dra. Sandra Lúcia Ferreira ______________________________________ Profa. Dra..Adelina Novaes ______________________________________ Profa Dra.Marialva Rossi Tavares COMISSÃO JULGADORA iii AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos à Profa. Sandra Lúcia Ferreira, que me proporcionou um verdadeiro processo de aprendizagem significativa com sua valorosa colaboração para a conclusão deste trabalho. Também agradeço à Universidade Cidade de São Paulo/UNICID pela contribuição à minha formação pessoal e profissional. Agradeço à minha família, principalmente minha esposa e filho, pela paciência e apoio durante minhas ausências. iv Dedico este trabalho a Celuse, Suzy e Henrique. v Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fernando Pessoa vi RESUMO Este trabalho discute a teoria cognitiva da aprendizagem significativa desenvolvida por David Ausubel, onde se pretende explicar o processamento cognitivo interno que ocorre na aprendizagem. Novas informações são processadas e conceitos são ancorados, de forma relevante, durante o processo de aquisição do conhecimento. Assim, este trabalho enfatiza o papel da estrutura cognitiva do aluno na aquisição de novas informações através da utilização de mapas conceituais. A teoria de David Ausubel propõe que a experiência presente é sempre montada no que o aluno já sabe, e ressalta que a estrutura cognitiva existente, que é a organização, a estabilidade de um indivíduo, a clareza de conhecimento em um campo determinado e em determinado momento é o principal fator que influencia a aprendizagem e a retenção significativa de um novo material. A estrutura cognitiva que é clara e bem organizada facilita a aprendizagem e a retenção desses conhecimentos. Assim, um mapa conceitual proporciona uma visão idiossincrática do criador sobre o fato a que se alude, ideia desenvolvida por Joseph Novak (2010). Quando o sujeito concebe um mapa, ele expressa a sua visão madura e clara sobre um tema. Dessa forma, quando um aluno ou professor constrói o seu mapa cognitivo, ele amplia e experimenta a sua capacidade de apreender as generalidades e distinções do ponto escolhido. Ele pode construir uma hierarquia conceitual, desde as características mais gerais até as mais específicas, tornando visível a diferenciação progressiva. Dessa forma, a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e a elaboração de mapas conceituais de Novak tornam-se um estudo de referência no campo da aprendizagem e da inteligência, que formam a base da integração de pensamentos construtivos, sentimentos e ações. Palavras-chave: Aprendizagem significativa; Mapas conceituais; Estruturas cognitivas; Assimilação. vii ABSTRACT This paper discusses the cognitive theory of meaningful learning developed by David Ausubel where to clarify the internal cognitive processing that occurs in learning. New information is processed and concepts are anchored in a significant way during the process of knowledge acquisition. This work emphasizes the role of cognitive structure of the student in the acquisition of new information through the use of conceptual maps. David Ausubel's theory proposes that this experience is always mounted on what the student already knows, and points out that the existing cognitive structure, which is the organization, the stability of an individual, the clarity of knowledge in a particular field and at some point is the main factor influencing the learning and retention of meaningful new material. The cognitive structure that is clear and well organized facilitates learning and retention of this knowledge. Thus, a concept map provides an idiosyncratic view of the creator of the fact alluded to. When a guy sees a map he expresses his mature and simple view on a topic, developed idea by Joseph Novak (2010). Thus, when a student or teacher builds your cognitive map zooms in and experiences their ability to grasp the generalities and distinctions of the chosen point. It can build a conceptual hierarchy, beginning with the more general to more specific features, making clear the progressive differentiation. Thus, the theory of meaningful learning Ausubel and the elaboration of conceptual maps Novak becomes a landmark study in the field of learning and intelligence and that form the basis of the integration of constructive thoughts, feelings and actions. Keywords: Meaningful Assimilation. learning; Concept maps; Cognitive structures; viii SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................. 01 1- ESTUDO DOS PROCESSOS COGNITIVOS ............................... 05 1.1- A cognição humana .............................................................05 1.2- Cognição, memória e aprendizagem .................................. 17 2- APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ............................................. 25 2.1- O processo de ensino-aprendizagem ................................. 25 2.2- A teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel .. 28 3- OS MAPAS CONCEITUAIS ......................................................... 44 3.1- Estudos sobre os mapas conceituais ................................. 44 3.2- As representações imaginárias e os mapas conceituais .... 47 4- MAPAS CONCEITUAIS APLICADOS AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ......................................................................... 52 4.1- Mapas conceituais e aprendizagem ................................... 52 4.2- A utilização dos mapas conceituais no processo de aprendizagem significativa ............................................................ 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 67 REFERÊNCIAS ............................................................................ 71 ix INTRODUÇÃO Uma abordagem cognitiva para o estudo da aprendizagem envolve compreensão das interações entre os processos cognitivos do aluno e a utilização de instrução e materiais. A evolução da teoria e da pesquisa sobre aprendizagem significativa concentra-se nos processos cognitivos de aquisição, retenção, recuperação e transferência de novas aprendizagens, áreas de fundamental importância para o processo de aprendizagem escolar. O objetivo principal da teoria da aprendizagem significativa é delinear e elucidar como a informação torna-se significativa e memorável para o aluno. David Ausubel desenvolveu essa teoria, e se propõe a responder a estas questões. O modelo de Ausubel parece ser cuidadosamente construído e logicamente coerente. A teoria descreve o processamento cognitivo das informações. O modelo também prevê formas específicas para projetar instruções e materiais adicionais para reforçar os laços entre a informação assimilativa que o aluno já tem e o material relacionado a ser aprendido. A implementação desses pressupostos, presumivelmente, podem prolongar no aluno a retenção do conhecimento por longos períodos, e aumentar a capacidade de reconhecer novos materiais aprendidos. Ausubel tem sido principalmente preocupado com a demonstração dos efeitos da facilitação de organizadores avançados sobre a aprendizagem, e a investigação sobre esses organizadores é uma das suas técnicas pedagógicas. 1 Os mapas conceituais foram desenvolvidos em 1972 por Joseph Novak, num programa de pesquisa” na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ele procurou acompanhar e entender as mudanças no conhecimento de crianças no estudo de ciências (Novak, 1991). Durante esse estudo, a equipe de Novak fez grande número de entrevistas, e encontrou dificuldade para identificar alterações específicas na compreensão das crianças sobre conceitos de ciência por meio de exame de transcrições de entrevistas. Este programa foi baseado na psicologia da aprendizagem, de David Ausubel (2003). Sua ideia fundamental, na psicologia cognitiva, é que a aprendizagem do aluno ocorre pela assimilação de novos conceitos, e pela realização de proposições em conceitos e estruturas existentes. Esta estrutura de conhecimento realizada pelo aluno também é referida como estrutura cognitiva do indivíduo. Além da necessidade de encontrar uma melhor forma de representar o entendimento conceitual das crianças, surgiu a ideia de representar esse conhecimento na forma de um mapa conceitual. Assim nasceu uma nova ferramenta, não só para utilização nessa investigação, mas também em muitas outras. A elaboração deste trabalho está diretamente relacionada à minha própria trajetória de vida. Minha formação profissional, no campo da psicologia, levou-me a estudar no programa de pós-graduação em educação especial na Universidade Federal de Alagoas, logo após a conclusão de minha graduação, tendo como ênfase o estudo do desenvolvimento cognitivo em crianças com deficiência auditiva. Nesse contexto, me candidatei a uma bolsa de estudos pela Fundação de Amparo à Pesquisa, do estado de Alagoas, após aprovação no mestrado em Estudos Cognitivos da Canterbury University, no Reino Unido. 2 Lá me deparei com várias pesquisas na área de mapas cognitivos que me interessaram consideravelmente, devido à possibilidade de utilização nas mais diversas áreas. Com meu retorno ao Brasil, começo minha carreira como docente da Universidade Federal de Alagoas, lotado no Departamento de Psicologia. Anos mais tarde, assumi a coordenação do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário CESMAC, atividade que desenvolvo até o presente momento. Esse trabalho na área da gestão acadêmica levou-me a uma necessidade de maior aperfeiçoamento, conduzindo-me ao doutoramento em administração na Universidade Federal de Missões. Com a necessidade capacitar-me na área de educação, devido à função como gestor universitário, e a necessidade eminente de compreender o processo de ensino-aprendizagem, me submeti à seleção do programa de mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo/UNICID, com o principal objetivo de aprender como ocorrem os processos de aprendizagem e a formação de professores. Aprendizagem que será bastante útil na minha vivência cotidiana no ambiente universitário. Dessa forma, o presente trabalho foi motivado, em parte, pelo meu interesse em estudar as estruturas cognitivas voltadas para o processo de aprendizagem significativa, principalmente utilizando a concepção de mapas conceituais. O conceito mapa supõe representar esse processo de aprendizagem, mas não é capaz de representar uma das nossas maiores formas do conhecimento, como as leis da física, que são expressas em equações matemáticas. O objetivo desta pesquisa é duplo: primeiro, salientar que os mapas conceituias são um conhecimento útil como ferramenta de aprendizagem. Em segundo lugar, compreender como os mapas conceituais 3 contribuem para o processo da aprendizagem significativa. Assim, este trabalho concentra-se em entender como os mapas conceituais contribuem para o processo de aprendizagem significativa. No primeiro capítulo, apresento uma discussão sobre os processos cognitivos, abordando os estudos desenvolvidos sobre a cognição e o papel da memória para o processo de aprendizagem. Posteriormente, no segundo capítulo, debato sobre a teoria cognitiva da aprendizagem de David Ausubel e como ocorre a aprendizagem significativa. Na sequência apresento, no terceiro capítulo, uma teorização sobre a elaboração dos mapas conceituais, enfatizando a perspectiva de Novak. Finalizando, o quarto capítulo debate a utilização dos mapas conceituais no processo de aprendizagem significativa. 4 1- ESTUDO DOS PROCESSOS COGNITIVOS 1.1 A cognição humana Na história dos séculos XIX e XX, os estudos sobre a cognição humana são, em muitos aspectos, a história de dois paradigmas: a cognição pura, na ausência de contexto, contra a cognição que ocorre dentro de um contexto definido. Representantes do paradigma anterior podem rastrear a origem do seu trabalho, para a investigação psicológica mais antiga, na memória e na percepção, com pesquisas nos primeiros laboratórios de psicologia da Alemanha, executados por Wundt (1866), Fechner (1878) e Ebbinghaus (1885). Uma das primeiras dialéticas na história da Psicologia ocorreu entre o Estruturalismo e o Funcionalismo. O Estruturalismo foi a primeira grande escola de pensamento na Psicologia, que busca entender a estrutura (configuração dos elementos) da mente e suas percepções pela análise dessas percepções em seus componentes constitutivos. (STERNBERG, 2010, p. 4) Estes pioneiros, com apenas algumas exceções, notavam o estudo da cognição humana como uma forma de ciência pura, enraizada no mesmo tipo de princípios universais como a física clássica. Sua busca de leis universais da aprendizagem resultou em pesquisas sobre o pensamento e raciocínio, que foram destacadas do contexto do cotidiano em que as pessoas viviam. Tal abordagem foi valiosa de duas maneiras. Primeira: ela gerou informação aplicável e apreciada na época em que a pesquisa foi realizada, ou seja, o desenvolvimento de teorias cognitivas e dos testes cognitivos. De outra 5 [r1] Comentário: Não seriam os séculos XIX e XX? Ou somente o XX? Ou já inclui o XXI mesmo? forma, forneceu a base para o desenvolvimento de uma abordagem teórica contrastante, que analisou a diferenciação contextual do que muitos acreditavam que eram as leis universais ou gerais de aprendizagem. Os adeptos do segundo paradigma estudaram a cognição incorporada no contexto de conhecimentos e experiências anteriores. Esta tradição, originada na virada dos séculos XIX-XX (Baddeley, 1998), não teve grande atenção até o início da década de 1930, cujas pesquisas de Bartlett (1932) foram relevantes. O autor enfatizou a importância de estudar a cognição em seu contexto material e social. Por quase duas décadas a contribuição teórica de Bartlett permaneceu desconsiderada pelos seus próprios estudantes, e seu poder científico foi largamente ignorado. Apenas no final dos anos 1960 experimentou um renascimento, como visto na obra de Neisser (1981). Desde aquela época, o papel fundamental do contexto no desenvolvimento cognitivo tem recebido atenção crescente na teoria e no trabalho empírico. Os investigadores usaram o termo contexto em dois sentidos diferentes. Foi aplicado pela primeira vez para a estrutura mental que as pessoas utilizam para realizar uma tarefa. Cada indivíduo argumenta, percebe e entende os fenômenos por meio de representações estruturadas de seu conhecimento relevante. Ou seja, um fenômeno é assimilado por um aspecto pré-existente no quadro de conhecimento, por vezes referido como esquema ou representações, ou então se refere a um quadro que deve ser criado ou alterado para acomodar o que está sendo experimentado. Quanto mais se sabe sobre um domínio específico, e o conhecimento mais integrado é domínio do indivíduo, mais elaborada será sua representação 6 [r2] Comentário: Correto? mental. Por exemplo, o conhecimento de um técnico de jogo de futebol é um tipo de contexto mental. A maneira pela qual os indivíduos representam conhecimentos de um domínio, como o futebol, exerce uma poderosa influência sobre a sua capacidade de resolução de problemas nesse domínio, tais como as regras, passes de bola, dribles, pênaltis, etc. Contexto também tem sido utilizado para se referir a um aspecto do ambiente, físico ou social, que é externo ao organismo (Robert Sternberg, 2010) e que influencia a cognição. Neste ponto, no entanto, chamamos a atenção para os dois sentidos que contexto têm em comum, ou seja, ambos envolvem e levam em conta o quadro mental e ambiental em que a cognição ocorre. É através da interação com pessoas e objetos que os indivíduos desenvolvem representações de contextos mentais e ambientais. Além disso, através da experiência, as representações mentais tornam-se cada vez mais elaboradas e integradas, para que o indivíduo consiga perpetrar mais distinções e classificações que ajudem no processo de cognição. A representação e o processamento do conhecimento foram investigados por pesquisadores de diversas disciplinas. Entre esses pesquisadores encontram-se psicólogos cognitivos, cientistas da computação que estudam inteligência artificial (tentativas para programar máquinas que possam desempenhar de maneira inteligente) e neuropsicólogos. Seus métodos distintos de pesquisa da representação do conhecimento promovem a exploração de uma ampla gama de fenômenos. Também incentivam perspectivas múltiplas de fenômenos similares. Oferece, finalmente, a vantagem de operações convergentes - o uso de diversos métodos e técnicas para equacionar um problema (STERNBERG, 2010, p. 268) Por volta da virada do século (anos XXXX-XXXX), um grupo de pesquisadores começou a desafiar a visão de que a cognição poderia ser estudada adequadamente fora de contexto (Henderson, 1903; Whipple, 1915). 7 [r3] Comentário: Essa visão foi mais completa e sistemática quando estabelecida por Bartlett (1932). Hoje em dia, um grande número de investigadores segue a tradição de Bartlett: estudar a memória em vários contextos mentais e físicos (Fivush & Hudson, 1990; Neisser, 1992). Um exemplo típico deste gênero é a demonstração de Baddeley (1988), que partiu da visão mecanicista da memória humana e propôs que a ela era dinâmica, um processo no qual as crenças anteriores, valores, experiências e conhecimentos foram usados para dar sentido a estímulos recebidos. Ele referiu-se a este processo como "esforço de significação", onde afirma que os seres humanos tentam dar sentido ao que eles enfrentam numa tarefa de memória, tais como a implantação de suas crenças e o conhecimento no contexto da representação mental do mundo. Tomamos como exemplo os indivíduos pesquisados por Bartlett. Foram apresentadas histórias sobre eventos anômalos, e depois solicitou-se que eles as contassem numa narrativa. O mais famoso desses contos, "A guerra dos fantasmas", descreve dois jovens índios que, durante uma canoagem, se depararam com um grupo de outros índios em guerra, que os convidam a participar da luta. Um dos jovens índios na canoa declina, mas seu companheiro se junta e é ferido em uma subsequente batalha. Ele é levado de volta para sua casa à noite, onde morre ao nascer do sol. No curso da história, uma série de coisas incomuns tiveram pouco significado para os sujeitos britânicos de Bartlett. Na verdade, esses eventos foram completamente incompreensíveis para suas mentes ocidentais, porque insinuavam fantasmas e desconhecido simbolismo. Dessa forma, o autor supracitado descobriu que, quando seus sujeitos procuraram recordar "A guerra dos fantasmas", reconstruíram a trama para 8 torná-la adequada às suas próprias crenças. Através de tais descobertas, Bartlett desafiou toda a tradição de Ebbinghaus (1885), afirmando que a memória não é um sistema mecânico input-output, mas um processo altamente dinâmico que frequentemente distorce o que é apresentado para ajustá-lo às suas crenças preexistentes e à representação do conhecimento. Assim, a memória não pode ser separada do resto da experiência cognitiva e social, que influencia os contextos relevantes (Anderson, 2010, p. 231). A ciência cognitiva é, portanto, uma ciência de processamento de informações. Vista como tal, podemos identificar as principais questões experimentais e áreas clássicas de estudo: como a informação adquirida (sensação) é interpretada para conferir significado (percepção e reconhecimento), armazenada ou modificada (aprendizagem e memória), usada para elaborar (pensamento e consciência), para prever o estado futuro do meio ambiente e as consequências da ação (tomada de decisão), para orientar o comportamento (controle motor no caso da neurociência cognitiva), e para comunicar (linguagem). Estas questões são, obviamente, fundamentais na ciência cognitiva em geral. A ciência cognitiva, o estudo das relações cérebrocomportamento, são historicamente velhos em sua tentativa de mapear o cérebro. Como uma disciplina que está florescendo, com um número crescente de estudos de neuroimagem funcional que aparecem na literatura científica. Ao contrário de biologia e psicologia, mesmo as neurociências cognitivas só recentemente começaram a aplicar a teoria e os métodos de evolução. Aproximando-se a neurociência cognitiva de uma perspectiva evolucionária, permite-se aos cientistas aplicar uma orientação teórica sólida para as suas investigações, que podem ser realizadas tanto em animais humanos e não humanos (PLATEK, KEENAN & SHACKELFORD, 2007, p. 12). 9 O campo da ciência cognitiva foi fundado com base na distinção entre o conteúdo da cognição e o físico, por exemplo, o cérebro, no qual os processos cognitivos são implementados. A relação entre ciência cognitiva e a grande área que chamamos neurociência moderna é mais simples e menos conflituosa do que possamos imaginar. Enquanto a primeira é, claramente, uma subdivisão da última, as questões da neurociência cognitiva estão na raiz da neurociência. Onde as distinções são feitas frequentemente, elas surgem a partir do fato de que a ciência cognitiva é uma parte funcional da neurociência, que apresenta estruturas particulares, e onde os sinais do sistema nervoso são de interesse na medida em que eles podem ser usados para explicar as funções cognitivas. O desafio-chave do campo de competências da ciência cognitiva tem sido de identificar as relações entre os diferentes níveis cognitivos e a relação com a causalidade. Em certos domínios limitados, este desafio resultou em espetacular sucesso, e em outros, é claro que os conceitos relevantes apenas começaram a tomar forma, e as ferramentas necessárias e experimentais estão muito atrás (Fiori, 2006). Usando exemplos tirados de áreas bem desenvolvidas de pesquisa, tais como visão, memória e linguagem, ilustração de conceitos, abordagens experimentais, os princípios gerais que têm emergido, como o trabalho, têm respondido muitas das questões do processamento acima identificado. Nossa visão contemporânea da ciência cognitiva deve muito aos conceitos descobertos pelos precursores da psicologia cognitiva. 10 Segundo Albright e Neville (2009, p. 52), “o termo neurociência cognitiva foi cunhado por George A. Miller, considerado o pai da psicologia cognitiva moderna, no final de 1970”. Na verdade, essa identificação das estruturas biológicas e eventos que representam a nossa capacidade de adquirir, armazenar e utilizar o conhecimento do mundo foi um dos primeiros objetivos da ciência empírica. O surgimento do campo interdisciplinar da ciência cognitiva, que sabemos hoje que fica exatamente no coração da neurociência do século XXI, pode, assim, ser traçado a partir de um fluxo comum na antiguidade, com muitos afluentes convergindo no tempo, com novos conceitos e técnicas que evoluíram. O ponto focal dos primeiros debates sobre o tema é um assunto que tem permanecido como peça central na ciência cognitiva até o presente momento: a localização das funções psicológicas. Os estudiosos da antiguidade identificaram corretamente o cérebro como a sede do intelecto. Relativamente pouco esforço foi feito para localizar funções mentais específicas em regiões cerebrais particulares até a última parte do século XVIII, quando o anatomista Franz Josef Gall (1758-1828) desencadeou a ciência da frenologia. Embora falho em suas instalações, e elogiado por charlatães, a frenologia teve seu papel na época (Sternberg, 2010). Desde o surgimento da ciência cognitiva, muitas questões permanecem sem resposta; no entanto, as aplicações de novas técnicas experimentais muitas vezes levantaram mais questões do que responderam. Entre os objetivos principais da pesquisa do próximo século está o de elucidar a forma como estes sistemas cognitivos altamente diferenciados surgem na ontogenia, o grau no qual eles são maturados, bem como a natureza e a temporização do 11 papel de entrada a partir do ambiente no desenvolvimento neural. Esta é uma área onde a pesquisa está apenas começando, um campo ainda em desenvolvimento, que une a neurociência e a cognição (Pinker, 2012). É evidente que existem fortes sujeições genéticas sobre o padrão global de diferentes domínios dentro do sistema nervoso em desenvolvimento. Além disso, a mesma classe de genes especifica a segmentação aproximada dos sistemas nervosos de ambos os vertebrados e invertebrados. No entanto, a informação necessária para especificar a diferenciação mútua e a conectividade dentro do córtex excede aquela disponível no genoma. Em vez disso, um processo de estabilização seletiva de ligações redundantes transitoriamente permite diferenças individuais em atividade e experiência para organizar o desenvolvimento de sistemas corticais (Maturana, 2001). Outros circuitos cerebrais mantêm a capacidade de mudar sob estimulação externa ao longo da vida, e essa capacidade, que agora parece mais onipresente e de longa duração do que inicialmente imaginado, é certamente um substrato para a recuperação de educação de adultos que perderam a função após lesão cerebral. O sistema nervoso recolhe, capta, recebe informações e atributos provenientes do meio e seus objetos. A mente funciona como um espelho da natureza, considerando geralmente que essas entradas são ou refletem certas características ou qualidades do ambiente, absorvidas pelo sistema nervoso como matéria bruta que, em seguida, é trabalhada no interior. Sucintamente, o sistema nervoso funcionaria a partir de um conteúdo informativo de instruções que provêm do ambiente, elaborando uma representação operacional desse meio. 12 Dessa forma, o sistema nervoso funciona como um sistema operacionalmente fechado, determinado por sua estrutura, sem entradas ou saídas, sistema autônomo com coerência interna. Os resultados das operações do sistema são as suas próprias operações. É este processo, que constitui um mundo, faz nascer, dá luz a um mundo experiencial (Maturana, 2001). Um grande desafio para as futuras gerações de cientistas cognitivos será caracterizar e diferenciar as extensões e o curso lógico das restrições biológicas e as experiências dependentes da modificabilidade do cérebro humano em desenvolvimento. considerando que a consciência e a mente pertençam ao domínio da dependência social. Este é o locus da sua dinâmica. Para contextualizarmos os estudos atuais dos processos cognitivos, devemos estabelecer uma base conceitual com as representações mentais para que possamos compreender o processo de formação dos mapas cognitivos. Dessa forma, entendemos representação como algo que concebe alguma coisa. As palavras de qualquer língua humana são exemplos de uma forma de representação, porque elas representam objetos, eventos e ideias. As palavras são uma representação abstrata, pois a relação entre a palavra e o objeto ou a ideia do que ele representa é arbitrária. Segundo a definição de Sternberg (2010, p. 257), os estudos são baseados naquilo que percebemos olhando e, em seguida, imaginando estímulos visuais. Outras pesquisas indicam que podemos formar mapas que contenham imagens com base unicamente em nossas interações físicas e relacionamentos com nosso ambiente físico. Isto é válido mesmo quando nunca temos uma oportunidade de “ver todo o quadro”, como é possível com uma fotografia aérea ou um mapa. Mapas cognitivos são 13 representações internas de nosso ambiente físico, centrados particularmente em relações espaciais. Mapas cognitivos parecem oferecer representações internas que estimulam características espaciais específicas de nosso ambiente externo. Assim, palavras de outras línguas podem se referir aos mesmos objetos e ideias, e, com poucas exceções, o indicativo de uma palavra não pode ser previsto a partir de sua forma auditiva ou visual. A representação mental é uma estrutura na mente que preserva informações sobre objetos ou eventos no mundo. Por exemplo, você tem uma representação mental e a disposição espacial de seu quarto, e esta representação mantém posições relativas dos objetos no espaço. Esta representação mental suporta um número de habilidades, e, imaginando o quarto a partir de diferentes pontos de vista, você pode estimar distâncias a partir da memória. Há muitas razões para postular a existência de representações mentais. Uma das mais importantes é que o comportamento humano e a cognição não podem ser explicados sem que especifiquemos como os indivíduos representam o mundo para si. Assim, conceito de representação mental é fundamental para as ciências cognitivas, pois estas têm a ver com a forma como a informação é representada, se os diferentes tipos de informação, visual e verbal, estão representados em formas diferentes, e se as teorias possuem coerência entre si. Poucos teóricos cognitivos hoje discordam da afirmação de que os processos cognitivos estão relacionados com o funcionamento do cérebro. O assunto da ciência cognitiva tem sido a estrutura e organização do conhecimento. Ao longo dos anos, pesquisadores que estudam a cognição têm proposto modelos de como as funções mentais, como a linguagem, atenção, 14 percepção, memória e inteligência são organizados. A primeira ferramenta disponível para a psicologia, com o objetivo de descobrir a estrutura da cognição, tem sido observar o comportamento em ambientes controlados. Através de observação da causa e efeito entre estímulos e comportamentos ou a correlação entre diversos comportamentos, cientistas cognitivos são capazes de identificar alguns dos componentes mentais e suas funções, proporcionando assim uma visão sobre a sua estrutura (Anderson, 1985, p. 145). Por exemplo: vários estudos iniciais demonstraram que, quando as informações são apresentadas brevemente com um conjunto de estímulos e requeremos ao sujeito para relatá-los de volta, eles geralmente podem recordar pedaços dessas informações, que indicam uma memória de curto prazo com a consequente capacidade limitada (Miller, 1956). A duração desta memória de curto prazo mostrou ser inferior a 18 segundos sem ensaio (Brown, 1958; Peterson & Peterson, 1959). Num estudo clássico, George Sperling (1960) foi capaz de mostrar que, para além desta capacidade da memória de curto prazo, também temos uma memória sensorial ainda mais curta, cuja capacidade é ainda mais limitada. Sperling apresentou brevemente a alguns indivíduos um conjunto de doze cartas, em três fileiras de quatro letras, e pediu-lhes para relatar as letras de volta, após a tela ter sido removida. Quando foram solicitados a relatar todas as letras, esperava-se que informassem cinco ou seis itens, de acordo com a memória de curto prazo com limitada capacidade. Quando foram solicitados a relatar uma única fileira de letras, após cerca de meio segundo de tempo de exposição, logo sendo seguido do deslocamento da matriz, estes muitas vezes 15 não conseguiam relatar com precisão toda a linha, o que sugere que a duração desta memória sensorial era inferior a um segundo. Dados os resultados com este procedimento, Sperling propõe que, além de uma memória de curto prazo e de capacidade limitada, há também um brevíssimo armazenamento sensorial, que chamamos de memória ícone, cuja capacidade pode ser ilimitada. O campo dos estudos cognitivos, principalmente no que se refere à memória, continua a se desenvolver com uma onda de otimismo acerca de novas ferramentas experimentais e conceitos de eletrofisiologia (particularmente de uma única célula), imagiologia cerebral funcional, manipulações genéticas moleculares e neuronal-computação, e do acesso que têm oferecido as operações neuronais subjacentes à cognição. Atualmente, esses estudos e sua promessa de riquezas inexploradas podem ser resumidos através de um levantamento dos processos envolvidos na aquisição, armazenamento e uso de informações pelo sistema nervoso: sensação, percepção, formação de decisão, controle motor, linguagem, memória, emoções e consciência. Nós adquirimos conhecimento do mundo através de nossos sentidos. Não surpreendentemente, os processos sensoriais estão sendo intensamente estudados pela neurociência cognitiva. Sistemáticas explorações destes processos são originadas em dois domínios. O primeiro consistiu de investigações sobre a natureza física dos estímulos sensoriais em questão, como a natureza ondulatória da luz e do som. Isaac Newton (1642-1727) é um exemplo desta abordagem. O segundo constitui-se de estudos atuais envolvendo a anatomia do neurônio periférico responsável pelos órgãos dos 16 [r4] Comentário: Essa memória é ilimitada mesmo? Ou limitada? sentidos, com atenção para a maneira de como suas características anatômicas são preparadas para traduzir o estímulo físico em sensorial. Dessa forma, segundo Sternberg (2010), nossa compreensão atual das bases neuronais da sensação, estudo primordial da cognição, foi ainda ativada por três grandes tópicos: (1) estabelecimento da doutrina do neurônio, com estudos anatômicos e fisiológicos, (2) sistematização de estudos comportamentais de sensação, se possível através do desenvolvimento de psicofísica, e (3) o avanço das teorias sofisticadas da função neuronal, incorporada pela disciplina de neurociência computacional. 1.2 Cognição, memória e aprendizagem As teorias mais populares entre os estudos cognitivos são as que argumentam que as memórias explícita e implícita refletem o funcionamento dos sistemas de memória em separado, por módulos mentais que têm seus substratos biológicos em sistemas cerebrais distintos. Por exemplo, Tulving e Schacter (1990) argumentam que a memória implícita é baseada em vários sistemas de percepção de representação, que armazenam as representações da estrutura perceptual, mas não o significado de um estímulo. A memória explícita é baseada em outros sistemas que servem a memória semântica e episódica. A melhor evidência favorecendo a visão é fornecida pelo fracasso repetido para encontrar evidências de priming em projeções, figuras bidimensionais impossíveis de ser construídas no espaço tridimensional. Por outro lado, Squire (1995) argumentou que a memória explícita é baseada em um sistema de memória do lobo medial-temporal, consistindo do hipocampo e outras estruturas vizinhas. 17 Em contraste com as teorias dos múltiplos sistemas de Tulving, Schacter, e Squire (1995), outras teorias assumiram que as memórias explícita e implícita refletem a operação de um sistema de memória única; a diferença entre estas duas expressões de memória, é que fazem exigências diferentes em um único sistema. A memória implícita é o produto de ativação e integração, enquanto a memória explícita é o produto de elaboração. A memória implícita é um processo continuo de codificação da experiência vivenciada pelo indivíduo e isso implica na formação de uma nova representação de cada uma dessas experiências. As tarefas de memória mais explícitas são conceitualmente conduzidas, enquanto que a maioria das tarefas de memória implícita é perceptivamente orientada. De acordo com Jacoby (1991, p. 68) “as tarefas de memória mais implícita exigem apenas o processamento automático, enquanto que as tarefas de memória mais explícitas requerem processamento consciente também”. Um dos aspectos mais notáveis do comportamento de um animal é a capacidade de modificar o comportamento de aprendizagem, uma habilidade que atinge sua forma mais elevada nos seres humanos. Para Kandel (2009), a aprendizagem e a memória provaram ser processos mentais infinitamente fascinantes porque abordam uma das características fundamentais da atividade humana, a nossa capacidade para adquirir novas ideias a partir da experiência e reter essas ideias ao longo do tempo na memória. O estudo da memória explícita do espaço no camundongo me atraiu inelutavelmente para as questões maiores que haviam motivado meu interesse pela psicanálise no início de minha carreira. Eu estava começando a pensar sobre a natureza da atenção e da consciência, estados mentais não associados a ações reflexas simples, mas a processos psicológicos complexos. Minha intenção era abordar o problema de como o espaço – o 18 ambiente interno no qual o camundongo navegava – é representado no cérebro, e de que modo essa representação é modificada pela atenção. (KANDEL 2009, p. 323) Além disso, ao contrário de outros processos mentais, como pensamento, linguagem e consciência, a aprendizagem aparecia desde o início das pesquisas de Kandel por ser mais facilmente acessível para análise molecular e celular. Atualmente os estudos sobre memória e aprendizagem giram em torno das seguintes questões: o que muda no cérebro quando aprendemos? E, uma vez que algo é aprendido, como é que a informação é retida no cérebro? Kandel tentou abordar estas questões através de uma abordagem reducionista que permitisse investigar formas elementares de aprendizagem e memória em nível celular, como atividades moleculares específicas dentro das células nervosas identificadas. Assim, descobriu-se que as células do hipocampo estão envolvidas no armazenamento de memória, fundamentalmente diferente de outros neurônios do cérebro. Com esse estudo, tornou-se claro que todas as células nervosas, incluindo as células piramidais do hipocampo, têm características próprias. Portanto, a devida sinalização intrínseca e vínculos de neurônios que nos dão informações importantes sobre o armazenamento de memória. As funções únicas do hipocampo sugerem que existe um padrão de interligações funcionais dessas células, e como as interconexões são afetadas pelo processo de aprendizagem. Para resolver esse problema necessitava-se saber como as informações sensoriais agiam sobre a aprendizagem. Entre 1950 e 1960, muitos biólogos e a maioria dos psicólogos acreditava que a aprendizagem era uma área da biologia, em que o uso de modelos animais simples, especialmente invertebrados, era comum. Dessa 19 forma, era menos provável que tivessem sucesso. Eles argumentaram que os animais mais elevados apresentam formas de aprendizagem e que estas formas exigiam que as organizações neuronais e os mecanismos neuronais fossem qualitativamente diferentes daqueles encontrados em animais simples. Quando você consegue relembrar o contexto da experiência de aprendizado, existe maior ativação do hipocampo (Eldridge et al, 2000). Eventos que envolvem estímulos emocionais também produzem maior ativação na amígdala. Esta ativação conduz a um aumento da memória explícita (Milner, Squire, Kandel, 1998; Roberson-Nay et al, 2006). De modo interessante, a estimulação elétrica do hipocampo ou da amígdala pôde resultar em rememoração ou até mesmo alucinações de memórias autobiográficas. (STERNBERG, 2010, p. 217) Kandel (2009, p. 343) descobriu que “há fases na memória que são codificadas com mudanças na força sináptica e que se correlacionam com as fases comportamentais de memória de curto e longo prazo”. As mudanças sinápticas de curto prazo envolvem a consequente modificação de proteínas pré-existentes, enquanto a memória de longo prazo envolve mudanças na ativação do gene de expressão, nova síntese proteica, e a formação de novas conexões. Outro processo significativo para que ocorra a aprendizagem é a memória de trabalho. Usamos o termo memória de trabalho para descrever a capacidade que temos para guardar na mente e manipular mentalmente a informação durante curtos períodos de tempo. E que, como veremos nos capítulos posteriores, é de extrema importância para a formulação dos mapas conceituais. A memória de trabalho é muitas vezes pensada como um espaço de trabalho mental que nós podemos usar para armazenar informações importantes no decorrer de nossas atividades intelectuais. 20 Um bom exemplo de atividade que utiliza memória de trabalho é a aritmética mental. Imagine-se, por exemplo, a tentativa de se multiplicar 43 e 27 em conjunto, e dito por outra pessoa, sem poder usar uma caneta e papel ou uma calculadora. Primeiro de tudo, você precisa manter os dois números na memória de trabalho. O próximo passo seria a utilização de regras de multiplicação aprendidas para calcular os produtos de pares sucessivos de números, somando-se a memória de trabalho dos novos produtos à medida que avançar. Finalmente, você precisa somar os produtos realizados na memória de trabalho, resultando na solução correta. Sem memória de trabalho, não seria possível realizar-se este tipo de complexa atividade mental, que necessitamos para manter em mente algumas informações enquanto há processamento de outro material (Novak, 2000). Logicamente que a aritmética mental é apenas um exemplo de atividade que depende de trabalho da memória. Outros exemplos da vida cotidiana incluem: lembrar de um novo número de telefone, endereço da internet ou o número da placa do veículo, enquanto estamos tentando encontrar uma caneta e papel para anotar ou usar de alguma outra forma. Usamos quando seguimos as instruções faladas, como: pegue a segunda à esquerda e o prédio está à direita, em frente ao estádio de futebol. No cálculo de quanto pagaremos em um caixa de supermercado pelos itens que temos em nosso carrinho de compras. É verdade que a memória de trabalho é limitada em inúmeras maneiras, e pode facilmente deixar-nos quando precisamos dela. Em particular, é necessário continuar a prestar atenção no que está sendo realizado na memória de trabalho para que se mantenha no mesmo curto período de tempo. 21 Existem estão algumas situações que muitas vezes levam à perda de informação da memória de trabalho. Primeiro, podemos afirmar que há um limite para a quantidade de informação que pode ser guardada na memória de trabalho. Por exemplo, a maioria de nós não seria bem sucedida na tentativa de multiplicar os números 739 e 891 em nossas cabeças, simplesmente porque a quantidade de informação que tem de ser armazenada no decurso deste cálculo excede a capacidade da memória de trabalho da maior parte das pessoas. Há um limite pessoal para a memória de trabalho, com cada indivíduo tendo uma capacidade relativamente fixa, que pode ser maior ou menor do que a do outro. Assim, uma determinada atividade pode estar dentro da capacidade de uma pessoa, mas exceda a do outro. Trabalhar a capacidade da memória faz com que ela aumente com a idade. desde a infância. Crianças normalmente têm pequenas capacidades, que aumentam gradualmente até a adolescência, e quando a capacidade adulta é atingida, chega a ser mais do que o dobro da de crianças de quatro anos de idade. Diferenças na capacidade de memória de trabalho entre crianças da mesma idade podem ser de fato muito grande. Apesar de aumentarem com a idade, suas capacidades de memória de trabalho não crescem na mesma velocidade que outros indivíduos, de modo que, à medida que o tempo passa, algumas ficam para trás no processo de desenvolvimento da memória de trabalho. Muitas das atividades de aprendizagem das crianças acontecem na sala de aula, e relacionam-se com a leitura, matemática, ciências, ou outras áreas do currículo, impondo cargas bastante consideráveis na memória de trabalho, 22 exigindo muitas vezes que a criança mantenha em mente algumas informações (por exemplo, uma sentença para ser escrita) ao fazer algo que para ela é mentalmente desafiador (como soletrar as palavras na frase). Estes são os tipos de atividades que algumas crianças com má memória de trabalho muitas vezes não conseguem concluir corretamente, porque perderam as informações cruciais necessárias para orientar suas ações. Como resultado, as crianças não conseguem aprender com sucesso e completar uma atividade, e isso retarda seu ritmo de aprendizagem. Com falta de memória de trabalho, também têm problemas após longas instruções para fazer uma coisa depois da outra, porque se esquecem da orientação antes de toda a sequência de ações ser concluída. Como consequência, a criança muitas vezes não vai se envolver corretamente com o ritmo normal do curso das atividades de sala de aula. Muitas vezes parece que não tenha prestado atenção, quando na verdade ela simplesmente esqueceu o que é que teria de fazer. A memória de trabalho também é necessária para nos ajudar a lembrar quando é que temos uma atividade mental complicada. Considere o caso de uma criança, com baixa capacidade de memória de trabalho, tentando seguir as instruções do professor para anotar uma frase que ele acabou de falar. Ela não só precisa segurar a sentença na memória de trabalho por um tempo suficientemente longo para orientar suas tentativas de escrever cada palavra, mas precisa se lembrar delas e encontrar a próxima na memória de trabalho. Esta parece ser uma tarefa fácil, mas crianças com má capacidade de memória de trabalho considera esta tarefa extremamente difícil, e muitas vezes quer saltar ou repetir palavras e letra e como perdem o seu lugar nesta atividade mental exigente. 23 Dessa forma, a memória de trabalho é importante, pois fornece um espaço de trabalho mental no qual podemos armazenar informações enquanto a mente está ocupada em outra atividade relevante. A capacidade de fazer isso é crucial para a aprendizagem na sala de aula. As crianças muitas vezes têm de manter informações na mente enquanto estão engajadas em outra atividade. As informações podem ser lembradas, por exemplo, a frase que o indivíduo pretende escrever ao tentar soletrar as palavras. Também poderia ser a lista de instruções dadas pelo professor enquanto realiza as etapas individuais da tarefa. Crianças com capacidade de memória de trabalho sobrecarregada vão pelejar nessas atividades, simplesmente porque são incapazes de manter na mente informações suficientes para permitir-las completar a tarefa. Perder informações cruciais da memória de trabalho fará com que esqueçam muitas coisas: as instruções que estão tentando seguir, os detalhes do que estão fazendo, quando é que teriam de iniciar uma tarefa complicada, e assim por diante. Elas falham em muitas atividades diferentes em muitas ocasiões, devido ao acúmulo de informações na memória de trabalho, e são susceptíveis de perder a luta para alcançar taxas normais de aprendizagem, e tão tipicamente será pobre o seu progresso geral acadêmico. 24 2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 2.1- O processo de ensino-aprendizagem Houve enorme avanço na compreensão da aprendizagem humana, nas últimas três décadas, e também avanços importantes em nossa compreensão da natureza do conhecimento e sobre o processo de criação de novos conhecimentos. Quando combinados com o aumento do desenvolvimento da Internet e de outras tecnologias, permitiram progressos nas práticas educativas. A ferramenta mapa conceitual mostra-se eficaz tanto na promoção de uma aprendizagem significativa como na avaliação dos resultados de aprendizagem. Estratégias de mapeamento de conceito também estão se mostrando poderosas, por provocar aquisição e arquivamento de conhecimentos específicos e organizá-los cognitivamente (Novak, 2000). Existe uma enorme diferença entre o que sabemos agora para melhorar a aprendizagem e a utilização do conhecimento e as práticas atualmente em vigor na maioria das escolas. Existem projetos promissores em andamento que podem ajudar a alcançar os avanços acelerados na área da cognição humana. Estes incluem projetos em escolas de todos os níveis de ensino, incluindo projetos na Colômbia, Costa Rica, Itália, Espanha e Reino Unido, e projetos em colaboração com organizações empresariais e projetos de ensino a distância (Mintzes, Wandersee & Novak, 1998). Nos últimos trinta anos, têm sido muito significativos os progressos em nossa compreensão de como os seres humanos aprendem. O princípio 25 fundamental da aprendizagem é que cada aluno deve construir o seu padrão de conhecimento dos conceitos, relacionamentos e procedimentos. Enquanto colegas e professores podem ajudar o aluno no processo de aprendizagem, a construção de significados e compreensão, muitas vezes junto de habilidades e sentimentos positivos é fundamental para um processo idiossincrático, que só cada aluno pode escolher atingir. Tomamos como aporte para este trabalho a teoria cognitiva da aprendizagem significativa de David Ausubel, desenvolvida na década de 1960. Segundo ele (2003), os professores podem encorajar a aprendizagem significativa usando tarefas que envolvam os estudantes, na busca de relações deles, e seus conhecimentos existentes, com os novos conhecimentos, por meio de estratégias de avaliação que galardoem significativamente essa aprendizagem. Tal como acontece em qualquer campo de pesquisa, novos estudos têm frequentemente levado ao desenvolvimento de novos métodos, para a criação de eventos educacionais e para fazer a observação e aquisição de uma aprendizagem, bem ou mal sucedida, por ações dos indivíduos. Por exemplo, a pesquisa da Universidade de Cornell (Novak, 1999) levou ao desenvolvimento de uma ferramenta que Novak chamou de mapas conceituais, que o permitiu observar e registrar as mudanças de entendimentos de um indivíduo ao longo do tempo. Nesse contexto, uma das ideias mais importantes é a concepção da teoria da assimilação, conhecida como subsunção, que para Ausubel (2002) é a distinção entre aprendizagem mecânica e significativa. Segundo o autor, a 26 aprendizagem ocorre quando o aluno faz pouco ou nenhum esforço para relacionar novas informações aos conhecimentos relevantes que possui, ou quando tem pouco conhecimento relevante organizado. Em contraste, a aprendizagem significativa ocorre quando ele deliberadamente procura relacionar e incorporar as novas informações na estrutura de conhecimento relevante que já possui. Isso se deve aos fatores-chave que são: a força do compromisso do aluno para aprender significativamente, e a quantidade e qualidade da organização de seu conhecimento. Entretanto, o professor pode influenciar a escolha de aprender significativamente, pelo tipo e organização das informações apresentadas, sequenciando-as, e empregando estratégias de ensino. Também muito importante é a escolha do professor pelo tipo de avaliação empregada. As avaliações que contemplam questões de múltiplas escolhas comuns ou testes de verdadeiro ou falso geralmente incentivam a aprendizagem mecânica e não a aprendizagem significativa. Usando mapas conceituais no ensino e na avaliação, podemos fortemente apoiar e incentivar a aprendizagem significativa. Outras estratégias de ensino alternativas, e estratégias de avaliação podem encorajar a aprendizagem significativa e a compreensão mais profunda de qualquer assunto (Mintzes et al, 1998). Não é possível para o aluno alcançar altos níveis de aprendizagem significativa antes de as estruturas de conhecimento serem construídas e, portanto, a aprendizagem deve ser um processo interativo ao longo do tempo para construir expertise em qualquer domínio do conhecimento. A 27 aprendizagem mecânica realmente é possível com quase nenhum conhecimento. Já a significativa envolve a assimilação de novas informações quando o aluno se lembra literalmente das estruturas existentes, e isso pode ser mais difícil que a aplicação da informação para uso nos novos contextos. Então, por que é que a maioria dos alunos opta por aprender mecanicamente a maior parte do tempo? Muitas vezes eles têm pouco conhecimento funcional relevante, e com muita frequência as avaliações escolares exigem pouco mais do que a repetição literal das informações apresentadas. Também é fato que a maioria possui pelo menos alguns equívocos ou concepções erradas em praticamente todos os temas que o professor procura ensinar (Novak, 2002). 2.2- A teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel A linguagem da educação está repleta de falas sobre o ensino de habilidades, de pensamentos de ordem superior. O que são exatamente essas habilidades? E como podem ser ensinados de maneira mais eficiente? Estas são questões importantes, perguntas difíceis. Com demasiada frequência, educadores optaram por tomar o caminho mais fácil, preferindo que os alunos apenas decorem. Se as crianças devem aprender a pensar com clareza e de forma convincente, o que deve ser fornecido com a instrução apropriada? Em 1950, Ausubel aceitou uma posição no Bureau of Educational Research na Universidade de Illinois. Ele permaneceu com o Bureau nos dezesseis anos seguintes. Enquanto esteve na universidade, publicou extensivamente sobre psicologia cognitiva. Deixou a universidade em 1966, a 28 fim de aceitar uma posição no Departamento de Psicologia Aplicada do Instituto de Estudos em Educação, em Ontário, e posteriormente mudou-se para se tornar professor e chefe do Departamento de Psicologia da Educação na Universidade de Nova York, onde atuou até sua aposentadoria em 1975 (American Psychological Association, 1977, p. 52). Conforme demonstra Ontoria (2006, p. 25) “a primeira formulação da teoria da assimilação de Ausubel foi feita em 1938 como um termo papel para a psicologia da aprendizagem, em curso na Universidade da Pensilvânia”. Em 1949, ele revisa e amplia suas idéias em um trabalho desenvolvido no curso ministrado por Robert Thorndike em Teachers College, da Universidade de [r5] Comentário: O que é “termo papel”? texto repetido... universidade da Pensilvânia,Columbia, “papel do termo”... Columbia. Deve-se lembrar de que o final de 1950 para o início dos anos 1960, quando Ausubel estava formulando suas ideias, também foi o auge da psicologia comportamental. Não só no campo da psicologia em geral, mas também na psicologia da educação, o behaviorismo foi o paradigma esmagadoramente dominante, e, junto com ele, a epistemologia positivista também esteve fortemente no controle. Os pontos de vista que Ausubel apresentou no início de 1960 foram fortemente em desacordo com as ideias behavioristas prevalecentes, e ele experimentou considerável dificuldade em encontrar saídas para suas publicações em revistas respeitáveis de psicologia ou psicologia educacional. Devemos lembrar também que Kuhn (1998) publicou o livro A estrutura das revoluções científicas em 1962, e o movimento em direção às mais recentes epistemologias foi apenas em sua infância, no tempo em que surgiu o trabalho de Ausubel. 29 O domínio predominante behaviorista não só criou um clima hostil para muitas das Idéias de Ausubel, como também ajudou a evitar uma ampla aceitação das de Piaget, que foram formuladas desde 1920, em Genebra, Suíça. Na verdade, pode-se dizer que Piaget não foi descoberto no país até meados dos anos 1960 (Novak, 1999). Não surpreendentemente, as ideias de Ausubel sobre a aprendizagem tiveram um lento avanço na década de 1960, embora tivesse havido um reconhecimento, relativamente imediato, da importância de seu trabalho em alguns círculos, e o início de uma aceitação mundial substancial de suas ideias fora da América do Norte. No entanto, a psicologia comportamental não conseguiu dominar o pensamento na maioria dos países europeus e orientais. Trabalhando inicialmente com um modelo de processamento de informações de aprendizagem, Novak, em 1958, assumiu que a resolução de problemas era uma função de dois traços independentes: conhecimento armazenado na mente e capacidade de processamento de informação. O que sugere a teoria de Ausubel é que esses dois processos são confundidos no processo de nova aprendizagem, sendo função tanto da quantidade quanto da qualidade da organização da estrutura cognitiva (Novak, 1999). Na sua teoria da aprendizagem significativa, Ausubel (2002) vê o conhecimento como representação de um sistema integrado. As ideias são ligadas entre si de uma forma ordenada. A mente humana segue regras lógicas para organização da informação em respectivas categorias. Assim, metaforicamente a mente é como uma caixa de quebra-cabeças. Todas as ideias e conceitos estão escondidos dentro de uma caixa maior. 30 A propósito da estrutura cognitiva, Ausubel (2003, p. 76) afirma que "é organizada hierarquicamente em termos de conceitos altamente ligados, nos quais estão subsumidos subconceitos menos inclusivos e dados informativos". Dessa forma, compreendemos subsunção como a ideia central que atravessa toda a teoria da aprendizagem de Ausubel. As grandes caixas na pirâmide mental conseguem subsumir as pequenas caixas. Subsunções constituem as categorias gerais em torno das quais organizamos nosso pensamento. Subsunção nos permite absorver novas informações em nossas estruturas cognitivas. Ensino e aprendizagem, portanto, são, em grande parte, questões de alçar estruturas cognitivas (andaimes) para conter novas informações. Ao colocar a informação em caixas apropriadas, estamos mais capazes de retê-la para uso futuro. Da mesma forma, o esquecimento ocorre quando as caixas menores, elaboradas de um material cognitivo menos durável, desmoronam e tornam-se incorporadas às caixas maiores. Ausubel (2002, p. 217) enfatiza o papel da estrutura cognitiva do aluno na aquisição de novas informações. Diz que a experiência presente é sempre montada no que o aluno já sabe, e ressalta que a estrutura cognitiva existente, que é a organização, a estabilidade de um indivíduo, e a clareza de conhecimento em um campo de determinado assunto, em algum momento é o principal fator que influencia a aprendizagem e a retenção de novo material significativo. A estrutura cognitiva que é clara e bem organizada facilita a aprendizagem e a retenção de novas informações. A estrutura cognitiva que é 31 confusa e desordenada, por outro lado, inibe a aprendizagem e a retenção da aprendizagem, podendo ser melhorada através do reforço dos aspectos relevantes desta estrutura. Colocar a mente em ordem é um dos principais objetivos de toda a educação, para que se tenha uma estrutura cognitiva clara e bem organizada. A questão é compreendermos como o conhecimento é organizado. Segundo Ausubel (2003), aprendizagem pressupõe a existência de uma estrutura hierárquica de conhecimento. Campos de investigação são organizados como pirâmides, com as ideias mais gerais, que são mais abrangentes formando a base, e as ideias mais particulares e detalhes específicos reunidos no topo da pirâmide, onde ficam as ideias dominantes e mais duradouras. Elas possuem uma vida útil mais longa na memória do que fatos especiais ou detalhes específicos, que caem na base da pirâmide. A aprendizagem é o material potencialmente significativo entre o domínio cognitivo, e interage com um sistema conceitual relevante e mais inclusivo. Assim, novas informações são organizadas em conceitos de nível superior já existente na mente do aluno. A teoria da aprendizagem de Ausubel (2003) é construída em torno do conceito de subsunção. Em seus escritos posteriores, ele chegou a preferir a palavra assimilação. Quando uma nova ideia que entra na consciência é processada e classificada em um ou mais conceitos, inclusive já existentes na estrutura cognitiva do aluno, pequenas caixas, metaforicamente, organizam-se em caixas maiores. Novo material significativo se incorpora em estrutura cognitiva na medida em que é relevante, sob os conceitos existentes. 32 As subsunções fornecem uma estrutura básica em torno da qual a informação é organizada. Elas são os sustentáculos intelectuais que prendem o sistema em conjunto. Para Ausubel, subsunção pode ser descrita como a facilitação de aprendizagem e a sua consequente retenção. Os principais conceitos, subsunções, na estrutura cognitiva atuam como postos de ancoragem para novas informações. A disponibilidade de ideias de ancoragem facilita a aprendizagem significativa. A aprendizagem anterior geralmente executa esta função. Se este andaime ideacional é claro, estável e bem organizado, é razoável supor que ele fornece melhor ancoragem para a nova aprendizagem e retenção do que se for incerto, instável e mal organizado. A estabilidade cognitiva fornecida por ancorar ideias ajuda a explicar por que, na aprendizagem significativa, o conteúdo é retido por mais tempo do que na aprendizagem mecânica. Neste contexto, a aprendizagem significativa é ancorada; aprendizagem mecânica não é. Ausubel (2002) trabalha com a ideia de organizadores, que são conceitos abstratos apresentados antes da aula. Eles representam um nível mais alto de abstração, generalidade e abrangência do que o material novo, e podem ser utilizados para ajudar aos alunos a assimilar novas informações. Os organizadores ajudam a preencher a lacuna entre o que já é conhecido e o que deve ser aprendido. São particularmente úteis quando os alunos não possuem os conceitos relevantes necessários para integrar novas informações em seus sistemas cognitivos. Como Ausubel vê o conhecimento como representação de um sistema integrado, as ideias são ligadas entre si de 33 uma forma ordenada. A mente humana segue regras lógicas para organizar informações nas respectivas categorias. A mente, metaforicamente, é como uma caixa de quebra-cabeças chinês. Todas as caixas menores, ideias e conceitos, estão escondidos dentro da caixa maior. Ausubel (2006, p. 267) afirma que "a informação é organizada hierarquicamente em termos de conceitos altamente inclusivos, nos quais estão subsumidos subconceitos menos inclusivos e dados informativos". A subsunção é a ideia central que atravessa toda a teoria da aprendizagem de Ausubel. As grandes caixas na pirâmide mental conseguem subsumir as pequenas caixas. Subsunções constituem as categorias gerais em torno das quais organizamos nosso pensamento. A subsunção nos permite absorver novas informações em nossas estruturas cognitivas. Ensinar e aprender são, portanto, em grande parte, questões de erguer estruturas cognitivas (andaimes) para manter novas informações. Ao colocar a informação em sua caixa apropriada, estamos mais capazes de retê-la para uso futuro. Da mesma forma, o esquecimento ocorre quando as caixas menores, sendo feitas de material cognitivo menos durável, desmoronam e se tornam incorporadas pelas [r6] Comentário: Texto repetido p. 41/42. caixas maiores. Tendo uma estrutura cognitiva clara e bem organizada, Ausubel (2006, p. 132) acredita que "também está em seu próprio direito a mais significativa e independente variável que influencia a capacidade do aluno para a aquisição de novos conhecimentos no mesmo campo". 34 Ausubel e Robinson (1969, p. 154) afirmam que o conhecimento é organizado de forma hierárquica. As ideias mais gerais, formando a base, e reunidos sobre ela as ideias mais particulares e detalhes específicos. A aprendizagem se dá quando o material potencialmente significativo entra na [r7] Comentário: Está correto? mente do aluno e interage com conceitos já subsumidos anteriormente. Dessa forma, Ausubel (2006) utiliza o conceito de subsunção para explicar a retenção e o esquecimento. Em primeiro lugar, a informação é mais efetivamente retida quando ele é instalado em um sistema de idéias de apoio mútuo. Indivíduos que têm um sistema cognitivo bem organizado tendem a reter informações de forma eficiente. A própria memória de trabalho facilita o processo de organização hierárquica das informações. Por outro lado, os alunos que têm sistemas cognitivos mal organizados tendem a esquecer-se rapidamente das informações. Conforme afirma Ausubel (2006, p. 128), "é em grande parte por meio do fortalecimento de aspectos relevantes da estrutura cognitiva que o novo aprendizado e a consequente retenção podem ser facilitados”. Em segundo lugar (também utilizando o conceito de subsunção), Ausubel (2003, p. 98) explica por que o esquecimento ocorre. A forma mais completa da informação é absorvida no seu conceito de ancoragem, mas ela tende a perder o próprio carácter distintivo. Assim, quando a informação é "reduzida para o menor denominador comum capaz de representá-lo, ou seja, a própria idéia de ancoragem", diz-se ter esquecido. Embora Ausubel, sendo psicólogo e não um cientista lógico, com sua teoria da aprendizagem represente muito uma abordagem lógica à instrução 35 [r8] Comentário: ? (ao contrário de Carl Rogers [1989], que iria deixar os alunos livres para experimentar coisas por conta própria), coloca como principal responsabilidade a do professor, para dirigir o processo de aprendizagem. Assim, as ideias de Ausubel são derivadas de um punhado de premissas básicas partindo do pressuposto de que o pensamento é uma atividade organizada; que o conhecimento é organizado em um padrão hierárquico; que conceitos de nível superior subsumem os de nível mais baixo; que a aprendizagem é, em grande parte, uma questão de encaixe de novas informações em uma estrutura cognitiva já existente; que a retenção e o esquecimento são dois aspectos diferentes do mesmo processo psicológico, a subsunção, tudo que se encaixa junto em um sistema logicamente compatível. Para Ausubel, o ensino segue uma ordem dedutiva. Educação pode ser disposta em uma sequência de cinco passos lógicos. No primeiro passo o professor verifica se o aluno já possui conceitos relevantes em sua estrutura cognitiva. No segundo, fornece organizadores avançados apropriados, os quais serão utilizados para ancorar o novo material dentro da estrutura cognitiva estabelecida. Posteriormente o professor apresentará o novo material em uma forma organizada, verificando se o aluno vai subsumir a nova informação sob os organizadores apropriados. No passo seguinte, proporciona-se o aprendizado suficiente, de modo que o material seja cuidadosamente aprendido, tornando-se parte integrante do sistema cognitivo do aluno. E, finalmente, o professor orienta o aluno em uma situação de resolução de problemas, que utiliza ordem superior e habilidades de pensamento. Se o professor for bem sucedido na execução de todas essas etapas, o aluno terá 36 um alicerce seguro para dar o próximo passo: implementar os poderes do pensamento de ordem superior em sua vida. Durante décadas, Ausubel expôs a teoria cognitiva da aprendizagem, e muitas mudanças ocorreram no campo da psicologia educacional e nos campos emergentes da ciência cognitiva e inteligência artificial. A situação atual da teoria de Ausubel encontra-se praticamente inalterada em termos de conceitos e princípios básicos, embora novas ideias epistemológicas, ideias recentes da ciência cognitiva e novas ferramentas metacognitivas tenham indicado novas perspectivas sobre o poder e valor da sua teoria. Assim, um paradigma de pesquisa enraizada nessa teoria pode assumir substantivamente novas características, com fortes implicações para o ensino e a aprendizagem. Os primeiros trabalhos de Ausubel sobre a aprendizagem cognitiva apresentaram descrições claras sobre suas ideias e princípios. Em primeiro lugar, e mais importante, foi a ênfase na aprendizagem significativa, que ele definiu como não exata e não arbitrária, com a incorporação substantiva de novas ideias simbolicamente expressas na estrutura cognitiva. O ponto aqui é que os alunos relacionam novas informações ou ideias com aspectos relevantes da sua atual estrutura de conhecimento de forma consciente. Para que a aprendizagem significativa ocorra, três requisitos devem ser cumpridos. Em primeiro lugar, o material a ser aprendido em si deve ter potencial significado. Por exemplo, sílabas sem sentido ou listas arbitrárias de palavras têm pouco significado e não podem ser incorporados na estrutura cognitiva. Em segundo, o aluno deve possuir conceitos e proposições relevantes, que servirão para ancorar a nova aprendizagem e assimilar novas ideias. Em terceiro lugar, ele deve escolher relacionar a nova informação para a sua 37 estrutura cognitiva de forma não literal. Se qualquer um desses três elementos é escasso, a aprendizagem significativa não pode ocorrer, pelo menos nos estágios iniciais de uma determinada sequência de aprendizagem. Ausubel define aprendizagem mecânica como a incorporação eventual, e não de novas ideias na estrutura cognitiva. A informação entra na estrutura cognitiva, mas sem relevância específica para o conceito proposicional existente. Em parte por este motivo, essa aprendizagem pode interferir na anterior (que também seria semelhante), e apresenta algumas das dificuldades nos padrões de recordação. Mais importante ainda, essa informação a memorizada tende a ser lembrada por apenas um curto período de tempo dias ou algumas semanas para materiais ensinados na sala de aula - e, uma vez esquecida, seus traços remanescentes conferem interferência para uma futura aprendizagem similar. A menos que o novo conceito seja repetidamente ensaiado para alcançar altos níveis de memorização, ele tende a ser mais prejudicial para a futura aprendizagem do que se não tivesse ocorrido nenhuma. O processo fundamental envolvido na aprendizagem significativa é a incorporação de novos conceitos e proposições em um quadro organizado hierarquicamente na estrutura cognitiva. Normalmente, esta incorporação envolve processos mais específicos, ideias menos inclusivas, sendo subsumidos sob conceitos e proposições em estruturas cognitivas mais inclusivas. A natureza idiossincrática da estrutura cognitiva levou Ausubel (2006) a considerar este processo de subsunção e reconhecer que aprendizagem significativa é uma aprendizagem altamente idiossincrática, que pode ser expressa em um mapa conceitual. No entanto, os alunos de uma dada cultura possuem estruturas conceituais semelhantes e, 38 portanto, é possível ter escolas onde as crianças são ensinadas em grupos e cada uma ainda pode se envolver em uma aprendizagem significativa única. Dois tipos de subsunção foram propostos por Ausubel: derivada e correlativa. Subsunção derivada ocorre quando novos conceitos ou proposições estão relacionados a conceitos ou proposições existentes, mas não alteram substancialmente o caráter ou o significado destes últimos. Por exemplo, os alunos reconhecem que as girafas e elefantes são tipos de animais, mas talvez os cães e gatos sejam mais familiares. A subsunção derivada destes novos significados ocorre sob o conceito de comparar os animais. Subsunção correlativa, por outro lado, expande o significado do conceito existente e confere novas características para o material assimilado. Por exemplo, animais unicelulares que apenas podem ser observados pelo microscópio são também reconhecidos como relacionados ao conceito de animal, e, mesmo sem poderem ser observados pela criança a olho nu, assumem substancialmente novo significado. Assim, subsunção derivada e correlativa ocorrem frequentemente e facilmente na maior parte da vida escolar. Outro tipo de aprendizagem descrita por Ausubel é a combinatória. Nesse tipo de aprendizagem, novos conceitos e proposições são vistos como relacionados com o conhecimento anterior da estrutura cognitiva, mas as ideias não são simplesmente subsumidas de conceitos ou proposições existentes. Por exemplo, o conceito de massa, força e energia pode ser visto como relacionado a conceitos da física, mas a aprendizagem inicial pode ser de natureza combinatória. Da mesma forma, as ideias de oferta e demanda de mercado podem, inicialmente, ser aprendidas de forma combinatória. No 39 [r9] Comentário: Explicar melhor... Seria por comparação, semelhança? entanto, como o desenvolvimento cognitivo e a diferenciação prosseguem, as ideias aprendidas inicialmente de forma combinatória podem agora assumir novos significados, como, por exemplo, na equação f = m.a. Neste último caso, não só a força, a massa e a aceleração são vistos como relacionados, mas surgem novos e importantes significados inerentes a esse relacionamento específico (Ontoria, 2006). Um dos desafios para as crianças em sua aquisição precoce da linguagem é a identificação das ideias que eles “entendem” com rótulos simbólicos apropriados. Ausubel chama esse processo de aprendizagem representacional. É o principal tipo de aprendizagem descrito por Macnamara (1982). Aprendizagem representacional pode ocorrer em estudantes e adultos, e os professores são todos muito familiarizados com o que os alunos aprendem, dando nomes para coisas ou fenômenos, mas sem compreender os atributos ou características específicas das coisas ou dos fenômenos. No entanto, a língua proporciona uma ferramenta poderosa para a aquisição de significados, um fenômeno muito enfatizado na obra de Vygotsky (1962). Há sim um tipo de interação que existe entre a aquisição de significados para os conceitos e o reconhecimento do símbolo apropriado para representar esses conceitos. Aprender o vocabulário pode ser aprender apenas a definição de certos símbolos, sem aquisição ou compreensão do significado expresso na definição. Este tipo de aprendizagem, a de vocabulário, está em um nível muito baixo de aprendizagem significativa. Embora a aprendizagem através da subsunção seja a mais comum para a aprendizagem significativa, de vez em quando novos conceitos ou proposições são adquiridos, tendo já uma relação com conceitos e proposições 40 existentes. Como, por exemplo, os alunos virem a compreender os mecanismos de reações subjacentes em química: eles se movem de uma mera representação do conhecimento da entropia para aquisição de poderosos significados para este importante conceito (Cullen, 1983). Este tipo de aprendizagem é definido por Ausubel (2006) como aprendizagem superordenada. Conceitos significado hierarquicamente substancial, podem superiores, servir de quando interrelação adquiridos com com conceitos anteriormente obtidos que não foram vistos como ligados a significados. Portanto, a aprendizagem superordenada é extraordinariamente poderosa no desenvolvimento da organização cognitiva. É também um importante componente na produção criativa, considerando que as ideias podem ser relacionadas em novas combinações com poderosos novos significados. Vários prémios Nobel foram atribuídos essencialmente para os indivíduos que criaram alguma nova ligação superordenada entre as ideias que foram amplamente conhecidas por seus pares em suas disciplinas, mas as relações não foram vistas. Um exemplo clássico disso foi o reconhecimento de Einstein, de que massa e energia podem estar relacionadas, como expresso no princípio E = mc². Embora seja menos comum em termos de dia-a-dia, uma aprendizagem superordenada é uma poderosa forma de aprendizagem significativa (Moreira, 1980). Finalmente, Ausubel introduziu a ideia de subsunção obliterante, processo que começa na aprendizagem significativa, onde novos significados são modificados à medida que são incorporados na estrutura cognitiva. Esta 41 modificação e inclusão em ideias mais gerais podem necessitar de mais tempo de espera devido à incapacidade de recordar novos conceitos ou proposições específicas previamente incorporadas, e o processo de subordinação obliterante é completo. No entanto, ao contrário do que ocorre no esquecimento após a memorização, o fracasso de recordar é caracterizado pela subsunção obliterante, e não produz interferência com a aprendizagem futura, e, de fato, a reestruturação cognitiva que ocorreu no processo pode facilitar substancialmente novo aprendizado relacionado. Assim, nesse caso a falta de capacidade de recordar detalhes após a aprendizagem significativa não tem o efeito negativo da falta de recordação que ocorre após a memorização. Duas ideias adicionais foram apresentadas por Ausubel (2003) para descrever as mudanças que consequência da aprendizagem ocorrem, na estrutura cognitiva, como significativa. Ele propõe a ideia de diferenciação progressiva, que ocorre quando conceitos e significados são gradualmente esclarecidos e a organização hierárquica de conceitos e proposições é melhorada. A outra ideia propõe uma reconciliação integrativa, que ocorre quando existe uma delimitação explícita das semelhanças e diferenças entre as ideias relacionadas. Assim, a reconciliação integradora poderia ocorrer quando a pessoa reconhece que a aprendizagem por memorização e aprendizagem por recepção não são o mesmo fenômeno, mas representam sim uma forma de aprendizagem cognitiva distinta de uma forma de educação, ou seja, o princípio pelo qual a programação do material instrucional deve ser feita 42 para explorar relações entre idéias, apontar similaridades e diferenças significativas, reconciliando discrepâncias reais ou aparentes. Neste sentido, Moreira (1982, p. 23) afirma que, em situações práticas de aprendizagem, “muitas vezes a dificuldade maior não está na discriminabilidade, mas sim na aparente contradição entre os conceitos novos e ideias já estabelecidas na estrutura cognitiva”. Frente esta dificuldade, o aluno poderá descartar uma nova proposição como válida; tentar departamentalizá-la como aspecto isolado, sem ligá-la a conhecimentos anteriores, ou, ainda, buscar uma reconciliação integrativa sob subsunçor mais inclusivo. O princípio de reconciliação integrativa visa facilitar esta última solução. Dessa forma, a teoria de Ausubel reconhece o importante papel que o aluno experimenta, tanto dentro como fora da escola, no desenvolvimento cognitivo. De muitas maneiras, a importância do contexto sobre a aprendizagem, que foi antecipada na teoria da assimilação de Ausubel, poderia servir como poderoso quadro explicativo para as recentes descobertas no campo da aprendizagem não escolar (Gadotti, 2000; Mintzes, Wanderse & Novak, 1998). As ideias acima apresentadas são essencialmente os principais conceitos de subsunção de Ausubel, ou a teoria da assimilação do aprendizado. Eles continuam a ser conceitos úteis. 43 3. OS MAPAS CONCEITUAIS 3.1- Estudos sobre os mapas conceituais Existem várias definições para os mapas conceituais. No entanto, todas as definições propõem dois fatores comuns: todos os autores que revisaram o conceito definiram mapa conceitual como uma representação gráfica e, em segundo lugar, a maioria inclui alguns aspectos da subjetividade, contendo palavras ou expressões que denotam conceitos e que são colocados dentro de caixas, e as relações entre diferentes conceitos são especificados em arcos. A representação gráfica é fundamental para a ideia de mapas conceituais. Em um dos primeiros estudos, George Kelly (1995) desenvolveu um sistema para representar relações causais em domínios das ciências sociais. Os conceitos do sistema representado na sociologia e ciência política como nós, em um grafo direcionado. Os nós foram conectados por flechas, que foram atribuídas para representar relações positivas ou negativas causais. O outro fator comum na definição de mapas cognitivos é a subjetividade do mapa. Costamagna (2001, p. 310) descreve o “mapeamento de conceitos como diagramas do indivíduo e interpretação de ideias”. O mapa cognitivo representa graficamente interrelações de uma variedade de fatores. É uma representação das percepções e crenças de um sujeito sobre o próprio mundo subjetivo, e não necessariamente a realidade objetiva. Para Ausubel (2006, p. 67), “um mapa conceitual proporciona uma visão idiossincrática do criador sobre o fato a que se alude. Quando um sujeito arquiteta um mapa, ele expressa a sua visão madura e intensa sobre um 44 [r10] Comentário: Dar um exemplo de representação gráfica de mapa. tema”. De tal modo que, quando um aluno ou professor constrói o seu mapa cognitivo, ele amplia e experimenta a sua capacidade de apreender as generalidades e distinções do ponto escolhido. Ele pode construir uma hierarquia conceitual, começando com as características mais gerais, indo para as mais específicas, tornando clara a diferenciação progressiva. Desde o desenvolvimento do sistema gráfico, vários estudos foram realizados sobre a eficácia do uso de mapas conceituais como ensino e ferramentas de aprendizagem, tais como Platek, Keenan e Shackelford (2007). Outros estudos têm-se concentrado no uso dos mapas conceituais na formação de professores (Ruiz-Moreno, 2004). Pode-se observar, neste trabalho, que a maioria dos professores de ciências entendia a ciência como um grande corpo de informação a ser dominado, em oposição a um método para a construção de novo conhecimento. Ruiz-Moreno relata que o mapeamento de conceitos desempenhou um papel importante na facilitação da mudança de percepção da ciência por parte dos professores. Pidd (2010) expõe dois valores nas categorias de mapas cognitivos: o valor do estímulo e a vantagem estrutural. O valor do estímulo é inerente à representação gráfica. Os alunos podem ver facilmente a organização global dos conceitos representados. As representações gráficas também permitem a organização de domínios complexos para os alunos. A estrutura de rede de um mapa conceitual permite a visualização simultânea de todas as relações importantes. Um mapa é criado com ideias-chave ligadas por nós, que descrevem o tipo de relação entre elas. O mapa, no entanto, é estático; representa o 45 conhecimento declarativo de um domínio. Pode ser usado para entender algumas formas de relações conceituais; relações causais dinâmicas, no entanto, estão fora do escopo desta metodologia. A construção de mapas conceituais, na maneira proposta por Novak e Gowin (Novak, 1998; Novak e Gowin, 1999), considera uma estruturação hierárquica dos conceitos que serão apresentados tanto através de uma diferenciação progressiva quanto de uma reconciliação integrativa. (TAVARES, 2007, p. 73) Com a criação da representação gráfica de um domínio, os mapas cognitivos resguardam o usuário de ter de manter essa representação na memória de trabalho, liberando assim recursos cognitivos para interpretação e análise do conteúdo. Também o consideramos como uma representação dinâmica do conhecimento causal, dentro de domínios de conhecimento flexíveis. Talvez o uso da lógica dos mapas cognitivos permita criar as representações do pensamento humano que mais se aproximam dos processos reais. A lógica dos mapas permite a representação de conceitos difusos e graus de causalidade. Assim, o usuário pode explorar cognitivamente as propriedades e conceitos presentes na construção gráfica. A criação de uma representação formal de ação de causalidade ajuda a explorar modelos de dinâmica de eventos e buscar explicação causal. Há evidências que sugerem que o mapeamento cognitivo pode melhorar a aprendizagem. Novak (2010, p. 24) relata que proporcionar aos alunos um trabalho com mapas conceituais “conduz a uma melhor aprendizagem, especialmente para estudantes com habilidades menores para determinadas 46 áreas do saber”. Dessa forma, os mapas são uma ferramenta para a representação de um processo dinâmico do mundo vivido em tempo real. Vale ressaltar que investigar os resultados de um modelo de mapa cognitivo também pode facilitar a descoberta de explicações causais. Pode ser usado como um artefato para, graficamente, representar, de forma dinâmica, relações causais enfatizando o potencial cognitivo do sujeito. O resultado do mapeamento de conceitos leva os alunos a construir e compreender interpretações não óbvias sem mapeamento. Sua natureza dinâmica torna-se uma ferramenta útil para descobrir relações ocultas entre os conceitos experienciados pelo sujeito. Então, os mapas cognitivos podem ser caracterizados como uma ferramenta para facilitar a adoção de novos conhecimentos sobre si e sobre o mundo em seu entorno, e revelar padrões cognitivos complexos que podem ser explorados para promover o aprendizado. 3.2- A construção dos mapas conceituais Promover a mudança conceitual e cognitiva nos alunos pode ser difícil. Muitas vezes eles chegam a uma situação de aprendizagem com pouco entendimento do material a ser estudado. Uma explicação para o caráter implícito desta concepção é a falta de interpretação cognitiva que o aluno tem sobre o conhecimento a ser adquirido. Os mapas cognitivos, como um aporte metodológico para criar e explorar conhecimentos e implicações, ocultos no processo de aprendizagem 47 do aluno, mostram-se eficazes, pois são uma ferramenta para formalizar entendimentos de relações conceituais e causais. Assim, eles podem ser entendidos como representações gráficas de conjuntos de representações discursivas feitas por um sujeito com vistas a um objeto, com contextos de interações particulares. Mapas, como uma interface de visualização, construção e socialização do conhecimento, têm sido utilizados em escolas, centros de desenvolvimento profissional e corporativo. Uma das grandes contribuições dos mapas é a possibilidade de estruturar diversas interconexões entre ideias, com múltiplas perspectivas e opiniões dos participantes. Entretanto, o mapa apresenta não somente informações selecionadas do mundo exterior, mas principalmente interpretações dos sujeitos cartógrafos e do processo de negociação de significados. (HYERLE, 1996) Dessa forma, ao combinar ferramentas de mapeamento cognitivo com a pedagogia do sujeito, perspectiva originalmente desenvolvida por Pereira (2008), permite-se a representação e formalização de domínios de aplicações potenciais na compreensão do sujeito, concebendo uma experiência considerada significativa na vida cotidiana. Assim, os mapas cognitivos representam uma possível ferramenta para o desenvolvimento de um modelo estruturado de aprendizagem, que pode ser utilizada por alunos e professores. Ao aprender a construir um mapa conceitual, vemos como é importante dominar um conhecimento muito familiar ao indivíduo, isto é, construir mapas. Na estrutura do mapa cognitivo, os conceitos são dependentes do contexto no qual eles vão ser utilizados: é melhor para a identificação de um segmento de texto, uma atividade de laboratório ou de campo, ou um determinado problema ou questão que se está tentando entender. Isso cria um contexto que vai ajudar a determinar a estrutura hierárquica do mapa conceitual. 48 Para Novak (2010, p. 32), “uma boa maneira de definir o contexto para um mapa conceitual é construir uma pergunta-foco”: é uma questão que especifica claramente o problema, e emitir o mapa conceitual deve ajudar a resolver. Cada mapa conceitual responde a uma questão de foco, e uma boa pergunta-foco pode levar a um conceito muito mais rico desse mapa. Porém, quando aprendem a construir mapas conceituais, os alunos tendem a desviarse da questão de foco e criar um mapa de conceito que pode estar relacionado com o domínio, mas que não responde à pergunta. É frequentemente afirmado que o primeiro passo para aprender sobre alguma coisa é fazer as perguntas certas. Dado um domínio selecionado e uma causa definida, ou um problema neste domínio, o próximo passo é identificar os principais conceitos que se aplicam a este domínio. Comumente entre 15 a 25 conceitos são suficientes. Esses conceitos podem ser listados, e, em seguida, a partir dessa lista um ranking ordenado deve ser estabelecido a partir do conceito mais inclusivo, mais geral, na parte inferior da lista, para este problema específico ou situação no topo da lista. Embora essa ordem de classificação possa ser apenas aproximada, mesmo assim ajuda a iniciar o processo de construção do mapa. Novak (1999) refere-se à lista de conceitos como um parque de estacionamento: uma vez que vamos passá-la para o mapa conceitual, devemos determinar onde eles se encaixam. Alguns conceitos podem permanecer estáticos no “estacionamento”, se o mapa for concluído e o [r11] Comentário: Meu entendimento está correto? cartógrafo não enxergar boa conexão destes com outros conceitos no mapa. 49 O próximo passo é a construção de um mapa conceitual preliminar. É necessário que a pessoa começe com o processo de construção de uma boa organização hierárquica. É importante reconhecer que um mapa conceito nunca está terminado. Depois que um mapa preliminar é construído, é sempre necessário rever este mapa. Outros conceitos podem ser adicionados. Os melhores mapas resultam geralmente de muitas revisões. Uma vez que o mapa preliminar é construído, ligações cruzadas devem ser procuradas. Estes são os links entre conceitos em segmentos ou domínios de conhecimento. No mapa, links diferentes ajudam a ilustrar como esses domínios estão relacionados um com o outro. Ligações cruzadas são importantes, a fim de que o aluno compreenda as relações entre os subdomínios no mapa. É importante ajudar aos alunos a reconhecer que todos os conceitos são de alguma forma relacionados entre si. Portanto, é necessário ser seletivo na identificação de ligações cruzadas, para que seja tão precisa quanto possível durante a conexão de determinados conceitos. Novak (1999, p. 37) alerta que se deve evitar "frases nas caixas, isto é, frases completas utilizadas como conceitos, uma vez que isso geralmente indica que toda uma subseção do mapa pode ser construída a partir da declaração inscrita na caixa”. Para Ruiz-Moreno (2004), “os alunos muitas vezes comentam que é difícil acrescentar, e ligam palavras sobre as linhas de seu mapa conceitual”. Isso é porque eles mal entendem a relação entre os conceitos, ou os significados dos conceitos, e é com palavras de ligação que especificam esse relacionamento. Uma vez que os alunos começam a se concentrar em encontrar boas palavras de ligação, bem como a identificar boas ligações cruzadas, eles podem ver que cada conceito pode estar relacionado a qualquer 50 outro conceito. Isso também produz um pouco de frustração, pois eles devem identificar e escolher o mais proeminente e a maioria das ligações cruzadas úteis. Esse processo envolve o que Brown (1958) identificou como níveis elevados do desempenho cognitivo, ou seja, avaliação e síntese do conhecimento. O mapeamento é uma maneira fácil de estimular altos níveis de desempenho cognitivo, quando o processo é bem feito. Esta é uma das razões porque o conceito de mapeamento também pode ser um poderoso instrumento de avaliação. E concluindo, o mapa deve ser revisto, e conceitos podem ser reposicionados de maneira que confiram melhor clareza sobre toda a estrutura. Assim, vemos que os mapas conceituais não são apenas uma ferramenta poderosa para a aprendizagem e retenção de conhecimentos por parte dos indivíduos, mas também uma ferramenta poderosa para criar novos conhecimentos. 51 4. MAPAS CONCEITUAIS APLICADOS AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM 4.1- Mapas conceituais e aprendizagem A concepção de cognição, apresentada nos últimos anos, vem sendo difundida objetivando agregar as emoções como um processo significativo ao conhecimento humano. Ultimamente, diversos estudos têm sido desenvolvidos abordando ideias concernentes às emoções e à sua relevância para o constructo da inteligência. A cognição é um conceito geral que alcança todas as formas de conhecimento, inclusos a percepção, o raciocínio e o julgamento. Esta pesquisa apresenta os mapas cognitivos, que podem ser percebidos como representações gráficas de conjuntos de representações discursivas feitas por um sujeito (o ator) com vistas a um objeto (o problema), em contextos de interações particulares, conforme aponta Sternberg (2009). Assim, é fundamental realizar uma distinção entre mapa cognitivo e mapa mental. O primeiro refere-se a uma representação gráfica da experiência física, isto é, tudo que constitui o ambiente em que estamos inseridos. O segundo é uma representação simbólica, constituída da experiência subjetiva, de processos mentais internos. Novak (1999) e seus colegas desenvolveram mapas conceituais no início dos anos 1970, enquanto estavam estudando a formação de conceitos em crianças. O mapa conceitual era utilizado como ferramenta de representação do conhecimento na forma de um gráfico, composto por caixas ligadas por arcos. Palavras ou expressões que denotam conceitos são 52 [r12] Comentário: Inserir um gráfico... colocadas dentro das caixas, e as relações entre diferentes conceitos são especificadas em cada arco. Proposições, ou, como chama Novak (1999), nós ou tríades de nós, são um exclusivo recurso dos mapas conceituais, em comparação com outros gráficos semelhantes. Figura 1. Exemplo de Mapa Conceitual segunfo Ausubel Proposições consistem em duas ou mais etiquetas–conceito, juntas por uma relação de ligação que forma uma unidade semântica (Novak e Gowin, 1984). Podemos definir conceitos como harmonias percebidas em eventos ou objetos, ou registros de eventos ou objetos, designados por um rótulo (Novak, 1998). A variação significativa de uma proposição é uma ligação transversal, que mostra as relações entre as ideias em diferentes segmentos do mapa. Para ver uma relação entre dois conceitos diferentes é necessário o discernimento. Ligações especificam a relação entre os conceitos por palavras ou símbolos. Setas são usadas para designar a direção do relacionamento; se não se utiliza uma flecha, presume-se que a direção da relação é descendente. 53 Novak (1998) enfatizou a importância de estruturas hierárquicas em mapas conceituais para o processo de aprendizagem. Assim, os mapas devem ter conceitos gerais, globais, mais inclusivos na base da hierarquia e reduzindo progressivamente nos níveis acima, que consistem em conceitos de menor abrangência, conceitos mais específicos. Com base neste princípio, os mapas conceituais são geralmente lidos a partir do topo para a base. Como vimos anteriormente, o mapeamento de conceito é baseado na teoria da aprendizagem de Ausubel (2006), que enfatizava a diferença entre a aprendizagem significativa e a mecânica. Na aprendizagem significativa, segundo Ausubel, o sujeito constrói sua estrutura cognitiva, assimilando novos conceitos a partir da estrutura conceitual existente. Novak (1998) descreveu mapas conceituais como grande ferramenta metodológica para a aprendizagem significativa. Alguns pesquisadores aplicaram mapas conceituais como engenharia do conhecimento ou ferramenta de gestão. Cañas, Leake e Wilson (1999) descreveram o projeto de recuperação e adaptação de mecanismos aeroespaciais desenvolvido em colaboração com a NASA. Este quadro foi construído através da combinação da organização de mapas conceituais, baseado em casos de metodologia de raciocínio e retenção do conhecimento. O principal objetivo de Cañas era aumentar a captação, acessibilidade e reutilização de conhecimento dos especialistas na indústria aeroespacial. Há mapas conceituais utilizados como uma ferramenta para extrair o conhecimento de especialistas, juntamente com grande repertório de Kelly (1995) e sua teoria dos mapas cognitivos. Os mapas conceituais foram usados para fornecer uma visão geral de alto nível do domínio que representa uma 54 teoria com base nessa ferramenta. Os autores argumentam que combinam as duas teorias relacionadas de cognição: teoria da assimilação de Ausubel, e teoria dos construtos pessoais de Kelly, incorporando a metodologia principal ferramentas destas teorias e combinando-as em um único sistema. Kelly também descreveu um trabalho com especialistas em cardiologia nuclear, onde foi utilizado um sistema de mapas conceituais para a navegação no sistema. Nestes estudos, os mapas conceituais foram utilizados como um importante instrumento metodológico para a engenharia do conhecimento, sem questionar ou analisar a sua validade. Muitos dos estudos de mapas conceituais são feitos no contexto da literatura da educação. Geralmente são considerados como tendo valor positivo ou efeito significativo sobre a aprendizagem. Por exemplo, Caña (2009) discutiu o efeito positivo dos mapas conceituais no desenvolvimento de um currículo do curso de veterinária baseado no problema. Da mesma forma, Fivush e Hudson (1990) analisaram a utilização de mapas conceituais no processo de aprendizagem de estudantes de uma unidade de ciências que lida com a física e propriedades químicas dos elementos. Os autores relataram que a utilização de um mapa conceitual no início da unidade escolar resultou em diferença significativa no desempenho estudantil no final desta unidade, e sobre as avaliações administradas, em comparação a um grupo-controle que não usou os mapas. O impacto positivo da utilização dos mapas conceituais para o ensino e aprendizagem em biologia no ensino médio foi discutido por Kinchin (2000). Com base na pesquisa de outros, Kinchin discutiu as vantagens do conceito de mapeamento no ensino de biologia e para o planejamento e preparação da 55 aula por um professor, como uma oportunidade de aprendizagem significativa, e sugeriu que o efeito seria positivo quanto à utilização de mapas conceituais para a revisão e resumo do material pelos alunos. Mintzes (1998, p. 68) enfatizou que "os mapas produzidos por aluno eram mais benéficos no processo de aprendizagem”, argumentando que mapas conceituais são capazes de revelar equívocos dos alunos na aprendizagem, que não são captados por instrumentos de avaliação tradicionais. 4.2- A utilização dos mapas cognitivos no processo de aprendizagem Em seus primeiros escritos, Ausubel apontou a distinção entre aprendizagem por recepção e aprendizagem por descoberta. Aprendizagem por recepção ocorre quando conceitos e proposições são apresentados aos alunos para incorporação na estrutura cognitiva. Em contraste, a aprendizagem por descoberta ocorre quando o aluno identifica o conteúdo e as relações a serem aprendidas e constrói as ideias propositivas de forma independente. A aprendizagem por descoberta pode variar ao longo de um continuum desde a recepção. Segundo Ausubel, na aprendizagem por recepção o que deve ser aprendido é apresentado ao aprendiz em sua forma final, enquanto que na aprendizagem por descoberta o conteúdo principal a ser aprendido é descoberto pelo aprendiz. Entretanto, após a descoberta em si, a aprendizagem só é significativa se o conteúdo descoberto ligar-se a conceitos subsunçores relevantes já existentes na estrutura cognitiva. Ou seja, quer por 56 recepção ou por descoberta, a aprendizagem é significativa, segundo a concepção ausubeliana, se a nova informação incorporar-se de forma não arbitrária à estrutura cognitiva (Moreira, 1982). Por isso, envolver os alunos em experiências de aprendizagem por descoberta não leva necessariamente a altos níveis de aprendizagem significativa. Ausubel destacou esta importante distinção, e indicou que a aprendizagem por descoberta e aprendizagem por memorização podem ser vistas como duas extremidades de um continuum. Por outro lado, a aprendizagem por memorização e a aprendizagem significativa também podem ser vistas como um contínuo distinto, ortogonal ao continuum recepção-descoberta. Embora Ausubel veja a memorização como distintamente diferente da aprendizagem significativa, em que a última requer incorporação substantiva não arbitrária de novos conhecimentos na estrutura cognitiva, devemos compreender que a primeira seria útil para ver este processo como um continuum, uma vez que os estudantes vão variar amplamente, em termos do número e da qualidade de associações que procurarão fazer entre um novo aprendizado e o conhecimento prévio existente. Além disso, a qualidade e quantidade de conhecimento realizada, e o grau de compromisso de buscar a integração com o conhecimento prévio, impacta significativamente o nível de aprendizagem significativa, assim como também a qualidade e a organização dos novos materiais de aprendizagem. Para Ausubel, a aprendizagem mecânica pode ocorrer em qualquer modo instrucional, como os processos de recepção ou descoberta, e a aprendizagem significativa também pode ocorrer ou deixar de ocorrer em 57 qualquer modalidade de ensino. De acordo com o princípio da diferenciação progressiva, a aprendizagem ocorre mais eficientemente quando a informação a ser aprendida é sequenciada (de tal maneira que se procede a partir de ideias mais gerais para conceitos e proposições mais explícitas e mais específicas), e organizada, assim desta forma leva a uma maior diferenciação dos segmentos relevantes da estrutura cognitiva (Ausubel, D., Novak, J. & Hanesian, H., 1980). De um modo pertinente, o princípio de reconciliação integrativa aplica-se quando a instrução é organizada, de modo que os conceitos e proposições previamente não relacionados são trazidos juntos, em uma sequência que integra os seus significados, e leva a uma agudização das distinções e semelhanças entre conceitos e proposições previamente aprendidos. Por exemplo, quando as distinções são aprendidas entre velocidade, peso e massa, força e aceleração, não só é a estrutura cognitiva progressivamente diferenciada, mas existem novas integrações de significados, incluindo uma distinção entre esses conceitos (Moreira, 1980). Ausubel, Novak e Hanesian (1980) propõem que o ensino deve ser organizado de forma mais geral, quando o material proposicional é introduzido numa forma concisa, anterior ao material menos inclusivo, mais específico. Propuseram que esta introdução geral, mais abstrata de idéias, serviu para ancorar na estrutura cognitiva informações mais específicas a serem aprendidas posteriormente. Dois requisitos estes organizadores prévios devem possuir: primeiro, eles devem ser relacionáveis com conceito e significado existentes na estrutura cognitiva do aluno, e segundo, devem ser relacionáveis também com um contínuo para a instrução. Ambos, recepção e descoberta, 58 podem levar à aprendizagem mecânica ou à aprendizagem significativa. A aprendizagem na escola precisa ajudar o aluno a se mover em direção aos altos níveis de aprendizagem significativa, especialmente na recepção de instruções, que é o mais comum. Quando todas as condições necessárias para o funcionamento dos organizadores prévios são cumpridas, e uma avaliação adequada é usada, eles servem como uma espécie de ponte cognitiva entre os conceitos mais gerais existentes na estrutura cognitiva e o conhecimento mais específico, na tarefa de aprendizagem, e facilitam diretamente outros processos de assimilação. Assim, a ideia de organizador prévio tem-se mostrado eficaz na promoção da aprendizagem significativa, conforme afirma Ausubel (1980). As aplicações das ideias de assimilação de Ausubel se intensificaram, em 1964, com a elaboração de programas de ensino, tais como a educação de áudio-tutorial desenvolvida na Universidade de Purdue, por Novak e Murray, em 1964 e 1974, e em outra faculdade com programas de ensino de ciências. Em cada estudo, os efeitos da investigação apoiaram a validade da teoria, mas também sugeriram algumas modificações. Por exemplo, no estudo longitudinal de Novak (1981) durante doze anos com crianças, verificou-se que elas estavam construindo sua compreensão conceitual em padrões, o que variou de indivíduo para indivíduo, e que poderia ser descrito como uma sequência de adições e elaborações de estruturas conceituais. Outro aspecto importante da teoria da assimilação de Ausubel e Novak (1980) é o desenvolvimento da abordagem de mapeamento de conceitos. Nos 59 doze anos de estudo sobre o conceito da ciência de aprendizagem, eles se encontram inundados com transcrições de entrevistas. Acompanharam crianças do ensino fundamental ao ensino médio. No momento em que as crianças estavam no ensino médio, eles reconheceram que era necessário algum outro método para comparar a compreensão conceitual dessas crianças a partir de um ponto no tempo para outro. Foi essa necessidade que gerou uma melhor forma de representar mudanças na estrutura cognitiva, e que levou ao desenvolvimento da ferramenta de mapeamento de conceitos (Novak, 1991). Com a aplicação do mapeamento de conceitos para análise das entrevistas, logo descobriram que essa ferramenta também estava agindo como ferramenta de aprendizagem para estudantes de graduação. A construção desses mapas na pesquisa começou envolvendo mapeamento de conceitos em uma variedade de configurações de instrução. Estes estudos apoiaram fortemente o papel importante dos conceitos de subsunção de Ausubel, diferenciação progressiva, e reconciliação integradora jogados na modificação das estruturas cognitivas de crianças e adultos. Além disso, os mapas conceituais previam de forma explícita as mudanças na estrutura cognitiva que poderiam ser descritas com esses princípios. Os mapas conceituais utilizados neste papel servem para ilustrar em si algumas das mudanças nos pontos de vista sobre a teoria de assimilação com a adição de proposições e a modificação de algumas estruturas proposicionais. Outra consideração que tem sido importante no trabalho de Ausubel e Novak (1980), e que contribui para a teoria da assimilação, é o reconhecimento de que os sistemas da memória humana não são um sistema único, mas sim 60 três sistemas interligados: a memória perceptiva ou sensorial; a de curto prazo ou memória de trabalho; e a memória de longo prazo. Os autores também reconhecem que o processamento de informações entre input sensorial e memória de longo prazo ocorre na memória de trabalho. No entanto, a memória de trabalho é severamente limitada em termos do número de informações que qualquer indivíduo pode processar em um determinado momento. É essa limitação na capacidade de processamento que confere a limitação fundamental na construção de significado humano. A produção de significado ocorre na memória de trabalho, e uma vez que existem severas limitações que devem ser reconhecidas no design instrucional, bem como a organização do conhecimento (Pinker, 2012), acredita-se que o conceito de mapas e diagramas tem poder para facilitar a tomada de significado, e que eles servem como uma espécie de gabarito conceitual para manter no lugar pedaços de conhecimento relacionado, que devem ser processados sequencialmente. Os mapas conceituais funcionam no indivíduo para manter na estrutura cognitiva elementos conceituais que serão necessários para nova construção de significado, especialmente no caso de grandes reconciliações integradoras conceituais ou na aprendizagem superordenada. Além disso, funcionam como organizadores avançados ajudando a mostrar um conceito geral, mais inclusivo, e relações proposicionais abrangentes, permitindo ao mesmo tempo clara assimilação de ideias subordinadas à estrutura. Assim, vemos que estas estruturas funcionam não só como suporte da teoria de assimilação, mas também contribuem significativamente para a aplicação dos princípios da teoria de assimilação ao processo de ensino e a facilitação da aprendizagem. 61 Desse modo, acredito no futuro brilhante da teoria de Ausubel para melhorar o desempenho de todos os alunos por meio da concepção de melhores materiais didáticos e da maior facilitação da aprendizagem, utilizando não apenas a teoria da assimilação e novas idéias epistemológicas que servem como base, mas também de aprendizagem, o que pode ajudar os alunos a aprenderem a executar mapas conceituais, que são ferramentas para organizar e representar o conhecimento. Eles incluem conceitos, geralmente fechados em círculos ou caixas de algum tipo, e as relações entre os conceitos ou proposições indicadas por uma linha de conexão entre os dois elementos. Palavras nessa linha especificam a relação entre os dois conceitos. Assim, pode-se definir conceito como uma regularidade percebida em eventos ou objetos, ou registros de eventos ou objetos, designados por um rótulo. O rótulo para a maioria dos conceitos é uma palavra. As proposições são declarações sobre algum objeto ou evento no universo, quer sejam originais ou construídos naturalmente. Proposições contêm dois ou mais conceitos ligados por outras palavras, de modo a formar uma indicação significativa. Por vezes, são chamados unidades semânticas, ou unidades de significado (Pozo, 1998). A aprendizagem significativa requer algumas condições. O material a ser aprendido deve ser conceitualmente claro e apresentado com linguagem e exemplos relacionáveis com o conhecimento que o aluno já tenha adquirido anteriormente. Os mapas conceituais podem ser úteis para atender a essa condição, tanto para a identificação de grandes conceitos gerais, de antes da instrução, até de conceitos mais específicos, bem como de apoio a uma sequência de tarefas de aprendizagem, que leva ao conhecimento cada vez 62 mais explícito, que pode estar ancorado em desenvolvimento de quadros conceituais. O aluno deve possuir conhecimento prévio relevante. E, como afirma Ausubel (2006), esta condição é facilmente preenchida após os três anos de idade, para praticamente qualquer domínio do assunto. Mas é necessário ter cuidado ao apontar a construção de estruturas conceituais se se espera apresentar conhecimento específico detalhado em qualquer campo em aulas posteriores. Vemos, portanto, que ambas as condições estão interrelacionadas e ambas são importantes. O aluno deve escolher aprender significativamente. A única condição sobre a qual o professor ou mentor tem controle indireto é a motivação dos alunos para escolherem aprender por tentativa de incorporar novos significados em seu conhecimento prévio, ao invés de simplesmente memorizar definições conceituais ou declarações proposicionais ou procedimentos. O controle desta escolha são principalmente as estratégias de avaliação utilizadas, e testes objetivos típicos raramente exigem mais do que a memorização. Na verdade, as piores formas de provas objetivas, ou testes de respostas curtas, exigem recordação literal das declarações, e isso pode ser impedido pela significativa aprendizagem, onde novos conhecimentos são assimilados em quadros existentes, o que torna difícil recordar especificamente definições literais ou descrições. Os mapas conceituais não são usados apenas como ferramenta de aprendizagem, mas também como ferramenta de avaliação, incentivando assim aos alunos a usarem padrões de aprendizagem de modo significativo. São também eficazes na identificação de ideias válidas e inválidas realizadas pelos alunos. 63 Outro importante avanço na teoria da aprendizagem significatica é que a memória humana não é um único local a ser preenchido, mas sim um conjunto complexo de sistemas de memória interrelacionados. Embora todos os sistemas de memória sejam interdependentes, tendo informações que vão aos dois sentidos, o sistema mais crítico para incorporar conhecimento em memória de longo prazo é a de curto prazo, ou a memória de trabalho. Todas as informações de entrada são organizadas e processadas na memória de trabalho por interação com conhecimentos na memória de longo prazo. O recurso limitante aqui é que a memória de trabalho pode processar apenas um número relativamente pequeno de informações. Isso significa que as relações entre dois ou três conceitos são sobre o limite de trabalhar a capacidade de processamento da memória. Portanto, para estruturar grandes corpos de conhecimento, requer uma sequência ordenada de interações entre memória de trabalho e memória de longo prazo, e entender como novos conhecimentos estão sendo recebidos (Sternberg, 2009). Desse modo, uma das razões da utilização do mapeamento de conceitos é a importância dele para a facilitação da aprendizagem significativa, pois serve como uma espécie de modelo para ajudar a organizar o conhecimento e estruturá-lo, mesmo que a estrutura deva ser construída peça por peça, com pequenas unidades-conceito, para interagir com a estrutura cognitiva do sujeito. Faz-se necessário saber que, embora seja verdade que alguns alunos tenham mais dificuldades em construir mapas conceituais e usá-los, pelo menos no início de sua experiência, esta dificuldade parece resultar devido, principalmente, aos anos de prática de aprendizagem em contextos escolares 64 tradicionais e aos estilos de aprendizagem utilizados. Embora os mapas conceituais possam ajudar aos alunos, torna-se necessário que, ao mesmo tempo, seja ensinado a eles algo sobre os mecanismos cerebrais e a organização do conhecimento. No planejamento curricular, os mapas conceituais podem ser extremamente úteis. Eles apresentam uma forma altamente concisa dos conceitos e princípios fundamentais a serem ensinados. A organização hierárquica do conceito de mapas sugere o sequenciamento ideal de material instrucional. Uma vez que a característica fundamental da aprendizagem significativa é a integração de novos conhecimentos com o conceito anterior dos alunos e estruturas proposicionais, procedendo a partir dos conceitos mais gerais, mais inclusivos para as informações mais específicas, o mapa conceitual geralmente serve para incentivar e melhorar a aprendizagem significativa (Ausubel, 2006). Assim, precisamos construir um planejamento curricular global, mostrando as principais ideias que pretendemos estar presentes em todo o curso, ou em todo um currículo, e também pequenos mapas para mostrar a estrutura de conhecimento muito específico do programa de ensino. No entanto, usar mapas conceituais no planejamento de um currículo ou no ensino sobre um tema específico pode ajudar a tornar o ensino conceitualmente claro para alguns alunos. porém, muitos estudantes têm dificuldade em identificar e construir conceitos e estruturas proposicionais, levando-os a ver a aprendizagem como um borrão de fatos inumeráveis ou equações a serem memorizadas (Novak, 1998). 65 Um ambiente de aprendizagem que envolva o currículo centrado no mapa conceitual implica que esses mapas sejam utilizados durante todo o desenvolvimento de uma unidade ou módulo de aprendizagem. Professores devem estar alertas para avaliar a a compreensão sobre qualquer assunto e a participação individual de cada aluno. Da mesma forma, o ponto a partir do qual o mapa é construído pode variar dependendo do entendimento anterior que é esperado dos alunos, a dificuldade e a novidade do tema, e a confiança do professor em dominar o referido tema. Mudanças nas práticas escolares são sempre lentas, mas é provável que o uso do conceito de mapas em educação aumentará substancialmente nas próximas décadas. 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na teoria da aprendizagem significativa, Ausubel afirma que a maior parte da aprendizagem, e toda a retenção e organização são de natureza hierárquica, procedendo de cima para baixo em termos de níveis de abstração, generalidade e inclusividade. Assim, a estrutura cognitiva do aluno torna-se progressivamente diferenciada no que diz respeito ao objeto, sendo o conteúdo significativamente adquirido e integrado a essa estrutura. Assim Ausubel, com a teoria da aprendizagem significativa, e Novak, com a concepção dos mapas conceituais, assumem uma reputação internacional. A aprendizagem significativa refere-se à construção de um modelo hierárquico de memória semântica, e Ausubel argumenta que o conhecimento surge a partir da integração de novos conceitos com os de propriedade e síntese criativa, da atribuição de significado. Quando esse processo de atribuição de significado não ocorre através da assimilação, consideramos a aprendizagem puramente mecânica, mnemônica, ou destinase à não mudança nas estruturas cognitivas do sujeito. Ausubel fala de conteúdos de conhecimento, isto é, novas informações, que serão bem recebidas na estrutura cognitiva e logicamente devem ter significados, em virtude das relações que podem fornecer com a própria estrutura cognitiva préexistente. As condições para a realização deste processo são três: o conteúdo a ser aprendido deve ter consistência interna, e partes de tais conteúdos devem estar ligadas umas às outras, não arbitrariamente, mas por formarem um conjunto; o aluno deve ter uma estrutura cognitiva em que deverão estar 67 presentes informações, que, por semelhança ou analogia, podem entrar em contato com o novo conteúdo de conhecimento; e finalmente, o aluno deve estar motivado para assentar em sua estrutura cognitiva as novas informações, para que os novos conteúdos de conhecimento também possuam um significado psicológico. Em síntese, os conceitos são adquiridos significativamente pelos seguintes passos: assimilação, o que ocorre quando um novo conceito está ligado de forma significativa a um conceito já existente; ação cognitiva, reestruturando-o em parte em uma diferenciação progressiva, que ocorre quando um novo conceito é inserido na estrutura cognitiva e esta é reorganizada para diferentes níveis de informação e formas de conhecimentos prévios; declarações de reconciliação, o que ocorre quando um novo conceito modifica a estrutura cognitiva existente, alterando-a dependendo do significado que assume esse conhecimento para o sujeito. Assim, a cada nova informação o conteúdo é integrado ao anterior e essa integração determina também uma mudança do conhecimento prévio, subordinado a conceitos anteriores. Dessa forma, a aprendizagem que ocorre quando se utiliza a aquisição de um novo conceito pode ser conectar um número de conceitos já aprendidos. Os mapas conceituais, em virtude de sua capacidade de fazer as relações e vincular conceitos, são capazes de trazer o conhecimento ao sujeito ou grupo. Muitos autores têm utilizado a aprendizagem significativa. Como vimos no escopo deste trabalho, o próprio Novak (1981) define a metodologia de mapas conceituais como um instrumento para gerar aprendizagem significativa, para aprender; assim, segue o processo de formação e criação de 68 conhecimento em si, com um método que se baseia na estrutura do conhecimento humano. Fez-se necessário diferenciar o que Ausubel e Novak chamam de aprendizagem signiticativa e a definição dada por Carl Rogers (1989): este último centra-se em significados de aprender, e na motivação para aprender por parte do aluno; deve-se levar em conta a necessidade de que o professor reconsidere seu papel, tomando o cuidado de facilitar a aprendizagem através do envolvimento e motivação deste aluno. Para Rogers não é necessário que o aluno seja colocado na frente de um problema, por ele sentido como real, para gerar aprendizagem significativa intencional, quando é o aluno quem tem o compromisso de prosseguir e alcançar um objetivo; é tarefa e compromisso do professor proporcionar a motivação e a consequente aprendizagem. Concluindo, com Ausubel descobri que muitas concepções atuais sobre a aprendizagem derivam de seus estudos ou de estudos do seu tempo. E pensar que há mais de quarenta anos, desde que Sobre o poder pessoal foi publicado, seus conceitos e ideias continuam vivos. Neste estudo o autor desenvolveu uma teoria cognitiva da aprendizagem, que incide sobre os conceitos e sobre a estrutura cognitiva do sujeito. Assim, a pedra angular da teoria de Ausubel é a noção de aprendizagem significativa, ao contrário da aprendizagem mecânica. Para aprender significativamente, os indivíduos devem ser capazes de conectar novas informações aos conceitos e proposições relevantes já obtidos. O conhecimento acontece através de processamento de sentido: o aluno dá ao material de aprendizagem um significado psicológico, que é pessoal. 69 Dessa forma, a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e a elaboração de mapas conceituais de Novak tornam-se um estudo de referência no campo da aprendizagem e da inteligência, formando uma base sólida para a integração de pensamentos construtivos, sentimentos e ações. Junto com o aluno que aprende temos o outro protagonista desta teoria, que é o professor, que enfrenta o verdadeiro desafio para obter uma combinação bem sucedida de significados. Embora a aprendizagem significativa seja uma atividade que não possa ser compartilhada, pois é da responsabilidade do aluno, a tarefa do professor é tentar chegar ao que há de melhor no sujeito que aprende. 70 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, L. R. M. 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