ações de enfermagem para subsidiar a preferência

Fundação Técnico Educacional Souza Marques – FTESM
FACULDADE DE ENFERMAGEM
AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA
ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO
DIRCILENE DE ALMEIDA PEREIRA GONÇALVES
Rio de Janeiro
2009
DIRCILENE DE ALMEIDA PEREIRA GONÇALVES
AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A
PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO
Monografia apresentada à FTESM como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel em
Enfermagem.
Orientadora: Solange Cassiano Borges
Co-orientadora: Cilmara Cristina Castro
Rio de Janeiro
2009
G
Gonçalves, Dircilene de Almeida Pereira.
Ações de enfermagem para subsidiar a preferência
alimentar do paciente
hospitalizado / Dircilene de Almeida Pereira Gonçalves. –
2009.
43. f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Fundação
Técnico-Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro, 2009.
Orientadores: Solange Cassiano Borges, Cilmara Cristina Castro.
1. Pacientes hospitalizados - Nutrição. 2. Relações enfermeiro-paciente.
3. Necessidades básicas. I. Título.
CDD 613.2
ANEXO A
ENCAMINHAMENTO DE MONOGRAFIA
Sr. Diretor – Faculdades Souza Marques
Apresento a monografia:
........................................................................................................................
..................................................................................................
Elaborada pela aluna:
.............................................................................................................
Sob minha orientação.
Declaro que o trabalho atende os requisitos fixados pela Resolução nº 11/84 do
Conselho Federal de Educação e demais normas aplicáveis.
Solicito a designação da Banca Examinadora, nos termos do Regulamento desta
Faculdade.
Rio de Janeiro, ........ de ..................................................de 2009-11-08
___________________________________________
Profª Orientadora: Solange Cassiano Borges
_____/______/_______
Data
______________________________
Visto do Coordenador
___________________________________DEDICATÓRIA
Ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo que em meio as inúmeras
bênçãos concedidas, me agraciou com a oportunidade de estudar,
realizando um sonho acalentado de 20 anos.
Aos meus queridos pais Manoel Vicente Gomes Pereira e minha mãe
Margarida Maria de Almeida Pereira, para os quais não existem palavras
que sejam suficientes para expressar o que significaram e significam para
mim.
______________________________AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo e companheiro, jóia preciosa que o Senhor Jesus me deu
e com quem tenho partilhado meus sonhos, desejos e realizações nos
últimos 27 anos.
Aos meus filhos Leonardo e Elida Cristina, meus grandes amores, que me
inspiram a lutar por meus objetivos, obrigada pela compreensão e apoio.
Ás minhas irmãs, e em especial à mui amada Dayse, à sogra-mãe Maria
da Penha, sempre presente, minha grande amiga Débora.
Aos meus irmãos e irmãs no Senhor, obrigada por vossas orações.
Aos meus professores, pela dedicação e apoio dispensados a mim.
Aos meus colegas, na verdade muitos hoje considero como amigos.
À minhas queridas Profª Geysa, Rosana. Voces me ensinaram lições que
estão além dos livros.
Ao Profº Paulo São Bento, com muito carinho.
À minha querida Profª e Co-orientadora Cilmara Cristine, seu coração é
enorme e eu sei que estou lá dentro.
À minha querida Profª e Orientadora Solange Cassiano Borges. Você foi e
tem sido instrumento de Deus para me abençoar.
Ninguém é igual a ninguém. Todo ser
humano é um estranho ímpar.
Carlos Drummond de Andrade
RESUMO
Partindo da dicotomia enfermagem-cuidar e da alimentação como necessidade
humana básica, de acordo com a escala de Maslow, sob a luz do referencial
teórico de Wanda Horta, envolvendo com seus aspectos sociais e culturais,
peculiares a cada individuo, faz-se importante reflexão quanto ao posicionamento
do enfermeiro nesta questão.
O cenário do estudo, o Hospital Geral de
Bonsucesso, localizado na cidade do Rio de Janeiro e os sujeitos da pesquisa: 10
pacientes internados e 10 enfermeiros que desenvolvem suas atividades neste
hospital. A coleta dos dados foi efetuada por meio de entrevista semi- estruturada,
para desta forma, analisar as percepções de pacientes e enfermeiros nas questões
alimentares e na interação paciente-enfermeiro. Concomitantemente, foi possível
avaliar a postura do enfermeiro quanto a sua competência e participação a equipe
multidisciplinar na atualidade, uma vez que nos primórdios do sistema de
hospitalização a dieta alimentar do paciente internado é elaborada e gerenciada
pela enfermagem.
Palavras chaves: 1.pacientes hospitalizados – Nutrição. 2. Relações enfermeiropaciente. 3. Necessidades Básicas.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Foto Wanda Horta ------------------------------------------------31
FIGURA 2 – Piramide de Maslow
---------------------------------------------34
SUMÁRIO
1.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................. ....11
1.1
Metodologia............................................................................................................ .16
2.
APROXIMAÇÃO AO TEMA ....................................................... 19
2.1
Alimentação....................................................................................................20
2.2
Breve referência sobre os direitos dos pacientes hospitalizados...................23
2.3
A insurgência dos direitos dos pacientes.......................................................26
2.3.1 Os direitos dos pacientes adeptos à dietas restritivas na rotina hospitalar...28
3.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................30
3.1
Wanda Horta e sua trajetória profissional.......................................................31
3.2
A influência de Maslow na Teoria das Necessidades Humanas....................34
4.
REFLEXÕES SOBRE O PROPOSTO........................................37
5.
DISCUSSÃO DOS DADOS.........................................................42
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................65
ANEXOS...............................................................................................68
I –Transcrição das Entrevistas................................................................................69
II – Gráficos.............................................................................................................96
III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............................................101
11
CAPÍTULO 1
___________________________________________________
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Já em 1860, Nightingale enumerava indicadores do descuido com a alimentação do
paciente hospitalizado – problemas no horário da alimentação hospitalar e fome na
internação devida à inobservância das necessidades do doente.
NIGHINGALE,1860 apud ROMANELLE, 2006
12
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A dieta alimentar oferecida aos pacientes durante a internação é tão antiga
quanto o sistema de hospitalização. De acordo com Godoy et al (2007), dizem que
mesmo antes da existência do sistema hospitalar, quando os cuidados aos pacientes
eram prestados por religiosas como forma de exercerem a caridade, a alimentação
integrava o precário pacote de atendimentos dispensados.
O hospital iniciou sua função terapêutica no final do século XVIII, quando
passou a ser aberto à visitação e observação sistemática. Antes era essencialmente
uma instituição de assistência aos pobres e de segregação e exclusão do doente,
servindo assim tanto para recolher os doentes quanto para proteger os demais do
perigo que representavam. A assistência material e espiritual concentrava-se nos
últimos cuidados e no sacramento. O pessoal do hospital praticava a caridade para
conseguir a própria salvação (FOUCAULT, 1996 apud ROMANELLE, 2006).
Com base em Romanelle (2006), pode-se afirmar que gradativamente foram
incorporadas tanto no sistema hospitalar quanto na dieta oferecida aos pacientes
diversas mudanças. O sistema deixou de ser socialmente assistencialista adotando
um modelo tecnicista, enquanto que a alimentação estritamente caseira, oferecida
com o intuito de matar a fome, tornou-se parte integrante do processo de cura do
doente. Na verdade, o conhecimento científico e nutricional dos alimentos, a forma
como interferiam na saúde do doente, não era conhecido. Tudo o que as caridosas
freiras sabiam é que o doente precisava comer para se recuperar.
Contudo, já em 1860, Nightingale enumerava indicadores do descuido com a
alimentação do paciente hospitalizado – problemas no horário da alimentação
hospitalar e fome na internação devida à inobservância das necessidades do doente
13
(NIGHINGALE,1860 apud ROMANELLE, 2006). Com avanço científico, patologias
foram estudadas, novas drogas e tratamentos descobertos. Muitas pesquisas em
torno da função nutricional dos alimentos, sua interação com fármacos indicações e
contra-indicações em relação a determinadas doenças possibilitaram a padronização
da alimentação oferecida aos pacientes de acordo com as necessidades e
patologias dos mesmos, seguindo a prescrição médica, conforme descrição na obra
de Godoy et al (2007).
O papel do enfermeiro frente aos direitos do paciente e sua influencia quanto
à dieta alimentar durante o período de hospitalização é o objeto deste estudo.
Sendo o enfermeiro o cuidador, o profissional preparado para cuidar do
paciente como um todo, como um individuo e não como uma patologia, deve estar
atento a todas as necessidades do paciente, seus direitos como individuo,
acompanhando de perto e influenciando nas situações conflitantes, seja com
pacientes ou familiares de forma educativa.
De acordo com a Escala de Necessidades Humanas Básicas de Maslow, a
alimentação está classificada entre as biológicas básicas. Porém, ainda sustentada
por Romanelle (2007), longe de atender apenas uma necessidade estritamente
fisiológica, a alimentação também está envolvida com fatores intrínsecos do ser
humano abrangendo o emocional, social, econômico, cultural e religiosidade do
indivíduo.
Partindo desta constatação, este estudo busca alertar o profissional de
enfermagem quanto à importância de suas ações frente aos direitos do paciente e
sua influência na dieta alimentar durante o período de hospitalização por meio de
uma análise quanto à representatividade da alimentação para o ser humano.
No modelo atual, a dieta alimentar do paciente hospitalizado é esquematizada
de acordo com a patologia conforme prescrição médica e aplicada por meio do
nutricionista. Ao enfermeiro recai a responsabilidade de educar, acompanhar a
efetivação da dieta prescrita.
14
O enfermeiro é o profissional habilitado para atuar no processo educativo e
adaptação do paciente frente à sua nova realidade, pois de acordo com Mintz
(2001), ele está limitado em seu direito de se colocar como sujeito social, de
expressar as origens de sua cultura, memória e identidade e de opinar sobre a forma
como está sendo alimentado, uma vez que o modelo das tecnologias de saúde
representa-o como 'máquina biológica', passiva e submissa ao tratamento, e ignora
as raízes simbólicas e culturais das expectativas da cura que pressupõem também o
ato de se alimentar. Sendo assim, exige-se então um trabalho educativo visando à
adesão do paciente e a participação da família.
Na realidade, são inúmeras as dificuldades enfrentadas pela enfermagem
nesta questão, pois a alimentação inclui não somente necessidades biológicas
instintivas voltadas para a manutenção e preservação da vida, como fatores
emocionais, sociais e culturais estão relacionados com a comida e não é o fato de
estar hospitalizado que fará com que o indivíduo os anule sem resistência ou
sentimento de perda. Na prática, muitos são os relatos de pacientes que não
progrediam na terapêutica durante a hospitalização por consumir alimentos
restringidos escondidos em seus pertences, ou trazidos por familiares sem
autorização prévia.
Para o paciente, abrir mão de sua autonomia e individualidade na satisfação
de uma necessidade tão complexa e intrínseca é algo que carece de todo um
aparato e preparo de um profissional com capacidade de visão holística, e que
esteja pronto para saber lidar com esta problemática.
Neste estudo, e direitos do paciente de ter suas referências sociais,
emocionais e culturais observadas na dieta hospitalar durante a hospitalização serão
ressaltados. Em prosseguimento, com uma compreensão globalizada do assunto
será possível identificar meios de participação ampliada por parte do enfermeiro
neste processo.
Buscar explicações, informações e meios que justifiquem situações
marcantes ou mesmo traumáticas vividas sempre fez parte do ser humano. Com a
15
autora não foi diferente. Em julho de 1994, ao dar à luz pela segunda vez, viveu uma
experiência conflitante na maternidade envolvendo sua dieta alimentar.
Após informar técnicos de enfermagem a respeito de seus hábitos
alimentares, recebeu a visita da enfermeira responsável pelo setor, e, ao solicitar
dieta lacto-ovo-vegetariana, isenta de cafeinados da qual era adepta há pelo menos
dez anos, recebeu apenas uma resposta impositiva. Segundo a enfermeira, a
decisão cabia à autora: ou ela se submetia à dieta alimentar que era oferecida à
todas as demais puérperas, ou ficaria sem se alimentar pois a instituição era pública
e não trataria de forma diferenciada a nenhum paciente em nenhuma situação. Da
mesma forma, foi-lhe negado diálogo com o nutricionista e autorização aos
familiares para que trouxessem sua alimentação rotineira e até mesmo frutas ricas
em fibras. O exemplo de intransigência foi adotado pelos plantões seguintes.
Foi torturante para a autora permanecer as primeiras 24 horas de puerpério,
com intenso sangramento, já amamentando, sem se alimentar. As equipes de
enfermagem cumpriram à risca todas as ameaças feitas à paciente, enviando
apenas os alimentos cárneos, com o aviso “ou come, ou fica com fome”.
Indignação, revolta, tristeza foram os sentimentos suscitados por uma
paciente que se sentia discriminada, aviltada por não ter seus direitos como ser
humano respeitados. Mesmo o leigo tem em seu íntimo a idéia de que enfermagem
está associado "cuidado”, e, em resultado disso prevaleceu uma grande decepção
quanto ao desempenho destes profissionais.
Mediante os fatos descritos, decidiu a autora partir para uma investigação
sobre o assunto. A relação enfermeiro-paciente abrangendo muito mais que serviços
prestados de forma mecânica quanto aos cuidados, mas sim, o respeito ao ser
humano de forma peculiar, observando seus caracteres sociais, emocionais e
culturais e religiosos, especialmente neste momento tão significativo que é o da
alimentação.
16
1.1
Metodologia
O presente estudo classifica-se como descritivo elaborado com abordagem
qualiquantitativa. Os dados qualitativos, obtidos através de pesquisa de campo, são
interpretados e representados por numerais, quantitativamente. Segundo MINAYO
(1994), escolha do método deve ser feita de acordo com a conveniência e objetivos
que a pesquisa visa alcançar.
Soares (1994), em outras palavras nos diz que: “. que a vida olhada de forma
retrospectiva faculta uma visão total de seu conjunto, e que é o tempo presente que
torna possível uma compreensão mais aprofundada do momento passado.”
Diante das inquietações da autora, decidiu-se optar pela pesquisa de
avaliação, que de acordo com o propósito de avaliar um programa, tratamento,
política ou prática profissional.
O Cenário escolhido foi o Hospital Geral de Bonsucesso, onde portas me foram
abertas para desenvolver o estudo pretendido.
Quanto aos sujeitos: foram selecionados 10 enfermeiros de variadas clínicas,
de diversos tempos de serviço e não foi levado em consideração nem idade e nem
sexo.
Já os pacientes, também em número de 10, houve opção por: pessoas
letradas e maior de idade – devido à praticidade relacionada à necessidade de ler o
TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e sua assinatura, pacientes
lúcidos e orientados e que estivessem em dieta oral.
O instrumento de coleta de dados, utilizados para todos os sujeitos, foi a
entrevista com foco, com perguntas elaboradas, e direcionadas por um guia de
tópicos, contendo perguntas com o objetivo de que fosse possível extrair o máximo
de informações e experiências vividas dos enfermeiros e pacientes.
17
De acordo com Minayo (1994), esta técnica nos permitirá:
“... nos permitirá enumerar de forma mais abrangente possível
as questões que o pesquisador quer abordar
no campo , a
partir
de suas hipóteses ou pressupostos advindos,
obviamente, da observação do objeto de investigação.”
Respaldados na Resolução 196/96, os sujeitos do estudo tiveram garantidos
o sigilo, o anonimato – os nomes verdadeiros foram substituídos – para os pacientes
foram utilizados nomes de flores e para os enfermeiros nomes de árvores.
A
decisão de deixar o estudo a qualquer momento sem prejuízo de sua terapêutica na
instituição foi assegurado para os pacientes, e para os enfermeiros a garantia do
anonimato lhes assegurou qualquer tipo de represália possível.
Também foi
garantido que em nenhum momento haveria despesas para os participantes.
As perguntas direcionadas aos enfermeiros tinham por objetivo captar suas
impressões e opiniões quanto ao papel do enfermeiro, no que diz respeito aos
direitos dos pacientes, na dieta alimentar dos mesmos durante a hospitalização.
Também se buscou ouvir as experiências nesta questão e atitudes tomadas diante
de
situações
diferenciadas
ou
inusitadas
envolvendo
pacientes
e/outros
profissionais da equipe tais como nutricionistas e médicos.
Já referente aos pacientes, as perguntas objetivavam averiguar se
conheciam e/ ou que pensavam sobre seus direitos quanto à alimentação durante
o período de internação e a quem recorreram ou como agiram em defesa dos
mesmos. Desta forma, o objetivo também será avaliar o grau de expectativa do
paciente em relação ao enfermeiro nesta questão.
Foi utilizado gravador em todas as entrevistas, sempre com a autorização
prévia dos entrevistados, sendo este material criteriosamente analisado.
É importante ressaltar que o trabalho será construído à luz do referencial
teórico de Wanda Horta.
18
Algumas dificuldades para a elaboração desse trabalho surgiram, desde o
aprendizado da escrita científica, que exigem normas rígidas para a produção,
perpassando pela inexistência de um Comitê de Ética na minha instituição de
ensino, lacuna essa já preenchida atualmente até a de encontrar literatura sobre o
assunto na área da enfermagem, sendo necessário recorrer a outras ciências.
Porém, outras portas me foram abertas, e através do Centro de Estudos do
Hospital Geral de Bonsucesso, o qual aceitou meu estudo em primeira instância,
pude ter a alegria de prosseguir a pesquisa da maneira que havia escolhido desde
o início: a pesquisa de campo com pessoas: pacientes e profissionais enfermeiros.
Não posso deixar de mencionar o quanto foi agradável esse caminhar. Bem
sei que é apenas um começo, que tudo o que se segue é embrionário, mas
valorizo cada vitória que a vida me proporciona.
19
CAPÍTULO 2
APROXIMAÇÃO AO TEMA
A alimentação é o processo biológico e cultural que se traduz na
escolha, preparação e consumo de um ou vários alimentos.
Atkinson e Muray, 1989
20
2.1. A ALIMENTAÇÃO
A alimentação é o processo biológico e cultural que se traduz na escolha,
preparação e consumo de um ou vários alimentos. A nutrição é o estado fisiológico
que resulta do consumo e da utilização biológica de energia e nutrientes em nível
celular. São dois processos que nem sempre ocorrem simultaneamente ou de
forma saudável.
De acordo com Atkinson e Muray, 1989, a nutrição é essencial à
sobrevivência. Nutrição adequada é necessária ao crescimento de novas células,
manutenção das células existentes, e destruição e substituição de células velhas e
lesadas por meio dos nutrientes.
Há seis classes de nutrientes: carboidratos, proteínas, vitaminas minerais e
água. Quase todos os alimentos contêm misturas de carboidratos, gordura e
proteína, mas muitos alimentos são especialmente ricos em um ou outro elemento.
Como tem lembrado Panato et al (2007), a alimentação quando realizada de
forma equilibrada contribui para a manutenção da saúde e prevenção de doenças,
sendo assim, merece especial atenção. Uma alimentação saudável é aquela que
contém todos os nutrientes necessários para a manutenção de nossa saúde.
Brasil, (2006) preconiza que as preferências individuais, os aspectos culturais,
regionais e econômicos devem ser respeitados. É importante que a dieta seja
equilibrada, colorida e saborosa.
O Ministério da Saúde (1999, p.02), por meio da Coordenação-Geral da
Política de Alimentação e Nutrição afirma que:
“ ... uma alimentação saudável deve ser baseada em
práticas alimentares com significação social e cultural. A
alimentação se dá função do consumo de alimentos (e não
exclusivamente de nutrientes).
Os alimentos têm gosto,
cor, forma, aroma e textura e todos estes componentes
precisam ser considerados na abordagem nutricional. Os
nutrientes são importantes, contudo os alimentos não podem
21
ser resumidos a veículos destes.
Os alimentos trazem
significações
antropológicas,
sócio-culturais,
comportamentais e afetivas singulares, portanto o alimento
enquanto fonte de prazer e identidade também compõe esta
abordagem”.
Coutinho (1981, p.415), afirma que “o alimento tem para o indivíduo um
valor acima do poder de saciar a fome ou de nutrir”.
O que se observa na prática, é que apesar de ser a alimentação e nutrição
tão relevante para o ser humano, a compreensão e valor da mesma se apresentam
de forma diferenciada de acordo com cada indivíduo e situação em que se
encontra. Para um infantil, na sua capacidade de compreensão, o valor nutricional
do alimento não tem importância. Mas para a mãe ou responsável por ela, tem. Já
um individuo em inanição, certamente não valorizará tanto o sabor do alimento que
está ingerindo, pois sua necessidade física de nutrientes é imperativa em relação
ao paladar.
No que se refere à saúde, o homem mesmo antes de toda a evolução
cientifica já tinha seus métodos próprios de relacionar alimentação e saúde. Por
observação ou puro empirismo, ele já classificava determinados alimentos como
fortificantes, relaxantes ou como venenosos. Não misturavam certos alimentos, ou
não o comiam em designadas fases da lua ou horários. Hipócrates já dizia: “Deixe
que a alimentação seja o seu remédio, e o seu remédio seja a tua alimentação”
(BRASIL, 2006).
Atualmente, percebe-se que esta preocupação é variável de
acordo com classes sociais e localidades. Nas grandes cidades, nota-se o sucesso
dos fast-food sem preocupação dos consumidores quanto ao tipo de alimento que
estão ingerindo, enquanto no interior a prevalecente informação cultural quanto aos
seus hábitos, independente dos aspectos científicos (BRASIL, 1999).
Ao longo do tempo, tem a alimentação sofrido mudanças em sua forma e
práticas de acordo com a estrutura das sociedades e culturas presentes. Eis o
motivo por ser tão difícil impor padrões alimentares, regras para serem
rigorosamente seguidas, mesmo quando está envolvida a saúde do individuo.
22
Esta relação alimentação-nutrição está baseada em aspectos sociais,
emocionais, culturais e religiosos exigindo criterioso cuidado pois está enraizada
no âmago inviolável do ser humano.
23
2.2 BREVE REFERÊNCIA SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES
HOSPITALIZADOS
A Bíblia, referência histórica da humanidade, denomina em seus registros
históricos o ser humano como indivíduo envolto em direitos e deveres diante de Deus e
seus semelhantes. Segundo a mesma, desde os primórdios da criação, a observância
dos mesmos era imprescindível para garantir à raça humana a sobrevivência e
felicidade num convívio harmônico com Deus e entre seus próprios semelhantes.
Todavia, apesar de passados milênios desde então, e de todas as descobertas e
avanços científicos e tecnológicos envolvendo os mais diversos campos do saber, a
satisfação das necessidades básicas humanas, de acordo com Maslow, permaneceram
como prioritárias, constituindo um direito indispensável ao indivíduo, independente de
raça, credo, cultura ou posição social.
Com base nos relatos de Freire (2007), pode-se afirmar que os motivos que
impulsionam tais necessidades variam de indivíduo para indivíduo, pois o ser humano é
um ser único, com capacidade de refletir, de reconhecer-se como sujeito histórico;
capaz de agir e reagir conscientemente sobre a realidade, estabelecendo relações com
a mesma, com outros sujeitos e com outros grupos sociais. Ou seja, não se pode
avaliar o ser humano de forma coletiva, como sendo mais um, apenas mais um dentre
muitos iguais, pois a peculiaridade de cada um reflete-se de maneiras distintas, de
acordo com a situação que o envolve.
Na prática, apesar de dotado de competência para agir e interagir, o indivíduo,
na condição de paciente hospitalizado, tem admitido uma postura ainda tímida no que
se refere a defesa de seus direitos.
Sabe-se que são direitos dos pacientes, dentre outros, perpassa pelo indivíduo
receber um atendimento atencioso e respeitoso; a dignidade pessoal; o sigilo
profissional; conhecer a identidade dos profissionais envolvidos em seu tratamento;
obter informação clara, numa linguagem acessível, sobre o diagnóstico, tratamento e
24
prognóstico; recusar tratamento e ser informado das possíveis conseqüências dessa
atitude; reclamar sem sofrer qualquer represália (GAUDERER, 1998).
Contudo, é inegável que apesar da existência desses e outros direitos do sujeito
hospitalizado, de acordo com Santos, Beneri e Lunardi, (2005):
“... aparentemente, o respeito a estes direitos parece ser
constantemente desrespeitado, constituindo um círculo vicioso,
pois a equipe de saúde parece, muitas vezes, demonstrar não
conhecê-los e/ou não cumpri-los e o pacientes, por
desconhecimento, não os exigem.”
A explicação para este desrespeito tão comum atualmente, conforme afirma
Silva (2000), é o desconhecimento de seus direitos, a falta de informação de forma
geral, restringindo o paciente de uma postura questionadora e participativa. Ainda de
acordo com a mesma, esta prática origina-se nas normas hipocráticas, segundo as
quais o conhecimento e a razão do profissional deveriam orientar a melhor conduta
terapêutica, independente da vontade dos pacientes.
O profissional, freqüentemente, de posse da informação, do conhecimento
técnico-científico, tem exigido obediência, por parte dos clientes, para suas prescrições
e orientações, visando à modificação de seus hábitos, como aparente pré-requisito
para melhorar e assegurar a sua saúde (LUNARDI, l997). Tal procedimento é o que
justifica a falta de autonomia dos pacientes, ou seja, restringe sua liberdade para agir
conforme seus valores, prioridades, desejos e crenças próprias.
“Na área da saúde, reconhecer que os indivíduos são
seres livres e
autônomos para determinarem seu
próprio curso de ação implica em oferecer alternativas
terapêuticas, explicitar os riscos e benefícios inerentes à
cada uma delas, certificar-se de que os pacientes tenham
compreendido claramente todas as informações prestadas
e respeitar sua decisão final. O mesmo se aplica ao
indivíduos que se encontram impedidos de decidir por si
mesmos, como as crianças ou aqueles em coma, onde o
profissional deve prestar informações claras aos seus
responsáveis, respeitando as decisões que forem
tomadas”. (SILVA, 2000).
25
A informação constitui a principal ferramenta para o exercício desses e outros
direitos. A atuação do paciente como sujeito crítico, pronto a exercer sua cidadania,
depende do conhecimento do seu papel quanto à seus direitos e deveres, assim como
os meios de assegurá-los buscando benefícios para si mesmo,
circundam.
e para os que o
26
2.3 – A INSURGÊNCIA DOS DIREITOS DO PACIENTE
O reconhecimento dos direitos do paciente é uma prática recente. Desde o início
do processo de internação no início do século, quando as instituições hospitalares
foram criadas a fim de abrigar pobres e indigentes enfermos como meio de praticar a
caridade, o indivíduo ali ingresso assumia uma postura um tanto submissa, até porque
dependia dos benefícios que lhe eram ali oferecidos, tais como: abrigo, tratamento
terapêutico, alimentação, apoio espiritual entre outros, ainda que precariamente. Sendo
assim, o paciente não cogitava “direito”, pois recebia ali o que não conseguiria de outra
forma.
No que dizem respeito à Enfermagem brasileira, os registros apontam essa
preocupação a partir da elaboração do primeiro Código de Ética da classe em 1958, onde
por meio da ética objetivava-se uma prestação de serviços digna capaz de atender o ser
humano de forma eficaz (RESOLUÇÃO COFEN 311/2007).
Profissionais de saúde, pacientes e sociedade em geral focaram-se nesta
questão, discutindo o assunto com maior abrangência, tendo como precursor, o Dr.
Christian Gauderer. Em seus escritos, Gauderer (1998), já alertava os pacientes de
como proceder para ter seus direitos como cidadão, e principalmente ser humano,
respeitados junto ao médico, tais como: garantia para o paciente de acesso ao
prontuário, resultado de exames, informação em linguagem clara de fácil interpretação,
e recusa a medicamentos.
Um avanço nesta direção ainda fazia-se necessário. Em 2007, a enfermagem
brasileira, face às transformações socioculturais, científicas e legais, entendeu ter
chegado o momento de reformular o Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. No referido código, consta como um de seus princípios fundamentais a
afirmativa de que o profissional de enfermagem respeita a vida, a dignidade e os
direitos humanos, em todas as suas dimensões (RESOLUÇÃO COFEN 311/2007). O
citado Código assegura no capítulo I, que dispõem sobre as responsabilidades, direitos
e deveres dos profissionais os seguintes artigos:
27
Art. 5º- Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade,
dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade.
Art. 6º- Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na
solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. Sendo assim, ainda
que o sujeito principal seja o profissional de enfermagem, por meio da regulamentação
de sua prática, o paciente surge como foco principal de sua atenção e cuidados,
visando um atendimento justo e humanizado.
Aliado ao Código de Ética, o paciente pode ser resguardado com leis, tais como,
o Código de Defesa dos Direitos do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente
e Estatuto do Idoso.
Nestes códigos, onde o principal direito do paciente é ser singular, receber
tratamento humanizado, onde seus direitos como cidadão e como ser portador de
necessidades básicas são respeitados de acordo com sua carga emocional, social e
cultural, o paciente ou seu responsável legal encontra o respaldo necessário para sua
reivindicações.
É verdadeiro o fato de que em nenhum deles pode-se encontrar
determinações explícitas quanto os direitos do paciente referentes à alimentação,
porém torna-se facilmente subentendido quando compreendemos a mesma como
integrante dos princípios básicos das necessidades humanas e como é singularmente
significativa para cada indivíduo.
28
2.3.1
OS DIREITOS DOS PACIENTES ADEPTOS DE DIETAS
RESTRITIVAS NA ROTINA HOSPITALAR
Na rotina hospitalar, independente se a instituição for pública ou privada, pode o
paciente e profissionais de enfermagem depararem-se em situações adversas
envolvendo a alimentação. Seja por questões ligadas ao alimento como, por exemplo,
à falta de qualidade do mesmo ou por questões envolvendo o paciente como a recusa
à dieta necessária para sua recuperação ou manutenção da mesma ou até mesma a
inviabilidade da mesma originada por motivos de ordem étnicos, culturais, religiosos
e/ou ideológicos.
É impossível lidar com a questão alimentar como se todos os indivíduos
cultivassem hábitos e preferências idênticas. Existem sociedades e correntes filosóficas
que encaram a questão alimentar como a própria essência do ser humano. Um
exemplo disso é o vegetarianismo, regime alimentar segundo o qual nada que implique
em sacrifício de vidas animais deva servir à alimentação. Os vegetarianos não comem
carne de nenhuma espécie e seus derivados, mas podem incluir em seu regime, leite,
laticínios e ovos1. Já no veganismo um tipo de vegetarianismo,
no qual não é
2
restringe-se também o consumido de latícínios e ovos . Existem pacientes que não
conseguem se alimentar com o tipo de dieta imposta incluindo sopas, por exemplo,
porque lhe remetem a traumas ou situações constrangedoras do passado. Por outro
lado, também muito comum observar no ambiente hospitalar a quebra da dieta por
parte do paciente ingerindo ocultamente, e, em muitos casos até com a ajuda dos
familiares, alimentos que lhe foram restringidos porque agravam o seu estado ou
dificultam o êxito do tratamento.
Os direitos do paciente são inerentes a todos, pois ainda que a dietoterapia seja
imprescindível em sua terapêutica, faz-se necessário adequar aos direitos assegurados
como indivíduo e cidadão.
1
2
http://www.vegetarianismo.com.br
http://www.veganos.org.br/
A substituição deste tipo de alimento de acordo com os
29
requisitos nutricionais, a encargo do profissional de nutrição pode ser efetuada por
meio da orientação de enfermagem. O ser humano precisa ter suas necessidades
básicas atendidas para o seu completo bem-estar (HORTA, 1979).
Independente da dificuldade que o paciente enfrente, é neste momento que o
mesmo vê o enfermeiro como seu principal veículo e articulador. De acordo com DIAS
(2005), quem tradicionalmente recebe o paciente no hospital é a enfermagem, cuja
formação é voltada para atender o ser humano de forma holística, considerando os
aspectos
biopsicossociais
e
espirituais
que
estão
envolvidos
no
processo
saúde/doença. É o enfermeiro que gerencia a assistência, quem deve preocupar-se em
prover uma infra-estrutura de recursos (materiais e humanos) que proporcione
condições adequadas ao cuidar. Por isso, é primordial que o enfermeiro esteja atento
quanto à sua responsabilidade de atuar na assistência integral ao paciente de acordo
com os princípios éticos e legais, e, principalmente humanos, resguardando o quanto
possível a individualidade do mesmo.
30
CAPÍTULO 3
______________________________________________________
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“A Enfermagem é prestada ao ser humano não a sua
doença.”
Wanda de Aguiar Horta
31
3.1 Wanda de Aguiar Horta: sua trajetória profissional
Wanda de Aguiar Horta
Figura 1. Foto Wanda Horta.
Nascida em 11 de agosto de 1926, natural de Belém do Pará. Permaneceu em
sua cidade natal até os 10 anos de idade onde iniciou seus estudos primários no
Colégio Progresso Paraense. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade
de São Paulo, em 1948. Licenciada em história natural pela Faculdade de Filosofia,
Ciências e letras da Universidade do Paraná, Curitiba em 1953. Pós-graduada em
pedagogia e didática aplicada à Enfermagem na Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo, em 1962. Doutora em Enfermagem, na Escola de
Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a tese intitulada
"A observação sistematizada na identificação dos problemas de enfermagem em seus
aspectos físicos", apresentada à cadeira de Fundamentos de Enfermagem, Rio de
Janeiro, em 31 de outubro de 19683. Docente-livre da cadeira de Fundamentos de
Enfermagem, da Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Professora livre-docente, Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo, em 1970. Professora Adjunto, Escola de Enfermagem
3
Aula ministrada, Profª MS Solange Cassiano Borge, 2009
32
da Universidade de São Paulo, concurso realizado em 2 de abril de 1974. Trabalhou
em diversas instituições no período de 1948 a 1958 entre as quais destacamos: Chefe
de Enfermagem do Serviço de Enfermagem do Hospital Central Sorocabano, São
Paulo, no período de 1954 a 1955 e como professora do Curso de Auxiliares de
Enfermagem do Hospital Samaritano, São Paulo, no período de 1956 a 1958. Na
escola de enfermagem da Universidade de São Paulo no período de 1959 a 1981,
como professora auxiliar de Ensino da cadeira de Fundamentos de Enfermagem de
1959 a 1968, como Professor Livre Docente no período de 1970 a 1974, como
Professor Titular das disciplinas Introdução à Enfermagem e Fundamentos de
Enfermagem, no período de 1968 a 1974, como Professor adjunto de 1974 a 19774.
Wanda Horta defendeu a enfermagem como uma ciência construída ao longo do
tempo desde os seus primórdios, por meio do acúmulo de conhecimentos e técnicas
empíricas as quais culminaram com o desenvolvimento de teorias relacionadas entre si
que procuram explicar estes fatos à luz do universo natural (HORTA, 1979).
Em 1979, tem seu livro “Processo de Enfermagem” publicado, enfatizando
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como uma etapa do processo de
enfermagem.
De acordo com a teorista (HORTA, 1979):
Para que a enfermagem atue eficientemente, necessita
desenvolver sua metodologia de trabalho que está
fundamentada no método científico. Este método de atuação da
enfermagem é denominado processo de enfermagem.
Desde então tem sido utilizado em larga escala por docentes, discentes e
profissionais de enfermagem como referencia de estudo. Na citada obra, estão
discriminadas todas as etapas do processo de enfermagem, o qual Wanda Horta define
como dinâmica da ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência do
4
http://www.joaopossari.hpg.ig.com.br/wanda.htm
33
ser humano, caracterizado pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou
passos.
Outra contribuição muito significativa na jornada profissional de Wanda Horta foi
após trinta anos de vida profissional foi o desenvolvimento de uma teoria que pudesse
explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação especifico, sua
metodologia científica, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (HORTA, 1979).
Foram mais de 30 anos dedicados à enfermagem, atuando de forma especial na
docência em diversas instituições. Em 1981, ano do seu falecimento, foi proclamada
Professor Emérito pela Egrégia Congregação da Escola de Enfermagem da USP5.
5
http://www.joaopossari.hpg.ig.com.br/wanda.html
34
3.2.
A
INFLUÊNCIA
DE
MASLOW
NA
TEORIA
DAS
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS
Abraham Maslow, psicólogo consultor norte-americano, tornou-se mundialmente
conhecido ao estudar e desenvolver a Teoria das Necessidades Básicas do ser
humano.
Maslow defende que o homem é motivado por necessidades organizadas numa
hierarquia de relativa prepotência (MASLOW, 1970). Ou seja, cada vez que uma
necessidade é suprida, outra então requererá a atenção para que assim seja também
satisfeita, num ritmo de motivação constante. Elas estão divididas e interligadas em
cinco categorias. Ilustradas em uma pirâmide, também conhecida como pirâmide da
hierarquia das necessidades humanas. São elas:
Figura 2. Pirâmide de Maslow
Teoria de Maslow
Necessidades
fisiológicas:
oxigenação,
alimentação
repouso,
sono,
eliminações, sexo, entre outras.
Necessidades
de
segurança:
estabilidade
busca
proteção
contra
ameaça, privação e fuga ao perigo.
Necessidades sociais: de associação, de participação, aceitação
por parte
35
dos companheiros, troca de amizade.
Necessidades de status e estima: auto-aprovação, auto-confiança, prestígio,
consideração e autonomia..
Necessidades
de
auto-realização:
são
as
que
permitem
a
cada
pessoa identificar o seu potencial e se autodesenvolver continuamente.
Na base da pirâmide estas as necessidades fisiológicas, que estão relacionadas
com a preservação da espécie. Uma pessoa de estômago vazio não pensa em outra
coisa a não ser se alimentar. Somente quando esta necessidade é relativamente
atendida é que surge no comportamento do indivíduo a busca ao atendimento às
outras necessidades6.
Partindo desta teoria de motivação humana de Maslow, fundamentada nas
necessidades humanas, Wanda Horta desenvolveu uma teoria de enfermagem que se
apóia e engloba leis gerais que regem os fenômenos universais, como por exemplo, a
lei do equilíbrio que envolve a homeostase e a hemodinâmica; a lei da adaptação, em
que todos os seres buscam formas de ajustamento para manterem-se em equilíbrio e a
lei do holismo onde o universo é um todo, o ser humano é um todo e a célula é um todo
(HORTA, 1979).
Sendo assim, a Teoria das Necessidades Básicas Humanas de Wanda Horta,
compreende o ser humano com necessidades psicobiológicas, psicoespiritual e
psicosocial estando elas relacionadas umas às outras. Estando agrupadas:
Necessidades Psicobiológicas: oxigenação, hidratação, nutrição, eliminação,
sono e repouso, exercícios e atividades físicas, sexualidade, abrigo, mecânica corporal
integridade
cutâneo-mucosa,
integridade
física,
regulação:
térmica,
hormonal,
neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular;
locomoção; percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa; ambiente e
terapêutica.
6
/www.psicologia.org.br/internacional/pscl45.htm
36
Necessidades Psicoespirituais: religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de
vida.
Necessidades
Psicosociais:
segurança,
amor,
liberdade,
comunicação,
criatividade, aprendizagem (educação à saúde), gregária, recreação, lazer, espaço,
orientação no tempo e espaço, aceitação, auto-realização, auto-estima, participação,
auto-imagem e atenção7.
Segundo Horta, as necessidades não-atendidas ou atendidas inadequadamente
trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doença. Estar com saúde e estar
em equilíbrio dinâmico com seu corpo. Contudo, o conhecimento do ser humano a
respeito do atendimento de suas necessidades é limitado por seu próprio saber,
exigindo, por isto, de uma assistência de enfermagem que faça por ele aquilo que ele
não pode fazer por si mesmo devendo auxiliar, orientar ou ensinar, supervisionar e
encaminhar a outros profissionais. A enfermagem respeita e mantém a unicidade,
autenticidade e individualidade do ser humano, a enfermagem é prestada ao ser
humano e não à sua doença ou desequilíbrio (HORTA, 1979).
7
Aula Ministrada Profª MS Solange Cassiano Borges, 2009
37
CAPÍTULO 4
REFLEXÕES SOBRE O PROPOSTO
“Eu preciso aprender um pouco aqui, eu aprender um
pouco ali, eu preciso aprender mais de Deus, porque Ele quem
cuida de mim. Se uma porta se fecha aqui, outras portas se
abrem ali. Eu preciso aprender mais de Deus, porque Ele é
quem cuida de mim, Deus cuida de mim”.
Kleber Lucas
38
A estrofe desta música evangélica sintetiza com exatidão toda a trajetória desde
a elaboração deste trabalho. Sentia em mim a necessidade de aprender cada vez mais,
com tudo e com todos. Via em cada um e cada situação a possibilidade de ampliar
meus conhecimentos. Mas era de Deus que buscava a sabedoria, principalmente
quando as dificuldades e os “nãos” surgiam em meu caminho. Sei que vou conseguir
porque Deus cuida de mim.
Desde o momento em que a idéia inicial do presente projeto de estudo foi
concebida, uma sequência de experiências foram vivenciadas causando os mais
diversos sentimentos que oscilavam entre alegria por estar pesquisando algo
embasado em minha própria experiência vivida, a busca exaustiva de dados e
informações que pudessem solidificar a idéia até a perplexidade na fisionomia dos
profissionais de saúde, principalmente enfermeiros atuantes, assim com as constantes
e duras críticas quanto ao tema. Segundo eles, é um assunto que não cabe discussão,
até porque nunca ouviram sequer um questionamento sobre direitos de paciente
internado quanto à dieta hospitalar. Considerando que tudo que é novo para o ser
humano é um tanto enigmático e assustador, tal atitude é até compreensível.
Na verdade, no decorrer das pesquisas, percebi que tinham razão quanto a
alegação de nunca haver sido discutido antes. Direitos do paciente no que se refere ao
atendimento, postura ética dos profissionais de saúde tem sido mais amplamente
discutidos desde a publicação da cartilha do Dr. Crhistian Gauderer. Mas não direitos
relacionados às questões alimentares. Na busca por material cientifico de enfermagem,
ao longo de 18 meses, nunca encontrei absolutamente nada. Esta constatação, ao
contrário de provocar desânimo, estimula-me a prosseguir, pois acredito numa
enfermagem que cresce se recicla e aperfeiçoa constantemente. Devido à essas
dificuldades, foi necessário a pesquisa em outras ciências como antropologia,
sociologia, psicologia, biologia, teologia, direito, administração, nutrição e outros.
E pesquisando percebe-se que a enfermagem de hoje é muito distinta da
enfermagem dos primórdios. Não somente devido aos avanços tecnológicos, mas pela
evolução da classe e práticas assistenciais. No início do processo de hospitalização a
enfermagem assumia responsabilidades concernentes ao paciente que atualmente
39
estão a encargo de outros profissionais especializados, tais como nutricionistas e
fisioterapeutas. Contudo, isto não limita e muito menos exime o enfermeiro de suas
responsabilidades na sua prática profissional junto ao pacientes, pois ele continua
sendo o profissional de atuação constante, uma vez que todos os profissionais prestam
o atendimento e precisam retirar-se para então fazer o mesmo com outros pacientes
em setores e/ou locais distintos, sendo o enfermeiro é o único que permanece com o
paciente. Como “cuidador”, como profissional que tem como foco o paciente e não a
doença, ele deve participar de tudo que envolve este ser que está sob seus cuidados e
responsabilidade
Também nota-se uma postura diferenciada do paciente. O paciente que dantes
era submisso e grato por estar sendo cuidado, independente se de forma precária ou
não, aos poucos, tem-se mostrado atento quanto aos seus direitos, tem buscado mais
informação e recorrido aos mesmos. É verdade que tudo tem sido de forma muito
tímida, muito aquém do que poderia e deveria ser, mas a verdade é que uma prática
operante por tanto tempo não se altera de forma rápida e efetiva. Quando o paciente
for um sujeito conhecedor de seus direitos, da forma como exigir seu cumprimento e de
quem cobrá-los, teremos indivíduos mais conscientes, um atendimento mais digno e
uma enfermagem valorizada, pois somente é possível analisar ou criticar algo que é
conhecido, identificado.
No tocante á dieta alimentar, o respeito aos direitos como ser humano e ações
de enfermagem para o atendimento aos mesmos, proporcionarão ao paciente uma
adaptação à rotina hospitalar mais sensível, eficaz. Pode ser mais trabalhoso, mas é
importante ressaltar que alimentar o paciente é um cuidado de enfermagem, uma
necessidade humana básica essencial.
O enfermeiro não prescreve a dieta e nem mesmo tem a incumbência de
montá-la, mas a ele compete um cuidado que vai além da simplória indagação feita ao
paciente: “comeu bem?” ou “não comeu bem?”. Instruir, orientar o paciente quanto ao
auto-cuidado, informar e incentivar a família quanto ao tratamento, interagir com os
demais profissionais da equipe multidisciplinar não apenas como informante, mas como
participante ativo nesta questão. Certamente são práticas que competem ao
40
enfermeiro.
Por isso, é importante sua participação na equipe multidisciplinar,
embasamento teórico-científico, comprometimento, e atuar com autonomia.
Objetivando levar a reflexão e enriquecimento do estudo, foi levado a efeito uma
pesquisa de campo para que os sujeitos fosse ouvidos, expressassem suas opiniões e
sentimentos. As perguntas feitas aos dois atores do projeto, paciente e enfermeiros
foram submetidas à um Comitê de Ética e exploradas ao máximo.
Sem sombra de dúvidas, foi uma experiência marcante á forma como os
entrevistados reagiam.
Indagar a um profissional quanto a sua participação em uma área em que ele
não é o sujeito principal, mas que está englobada na assistência de enfermagem
profissional, apesar de habilitado para tanto, indagar quanto a sua postura diante dos
direitos de alguém que está submetido à sua atuação, a idéia de intervir na preferência
alimentar do paciente como um ser constituído de direitos e não como uma prestação
de favor, causou um impacto perceptível pelo modo cuidadoso e ponderado de
responder as perguntas. Grande parte dos enfermeiros solicitou a permissão para ler
as perguntas antecipadamente antes de concordarem em participar da pesquisa e
responder.
De forma idêntica, foi a experiência com os pacientes. Muitos sentimentos foram
expostos, deixando em meu entendimento que, independentemente se um dia terão
acesso ou não à conclusão deste projeto, foram beneficiados por meio de um despertar
para um assunto que até então estava velado na rotina diária, da sua condição de
paciente hospitalizado.
Na fase em que o projeto se encontra, que é a análise criteriosa dos dados
coletados, faz-se necessário para um resultado fidedigno, transcrever e ouvir repetidas
vezes a fala desses entrevistados, o que tem sido feito observando inclusive a
entonação vocal. Esta prática meio que promove diante dos meus olhos um retorno
holográfico do entrevistado.
41
A pesquisa é sempre enriquecedora, principalmente para o próprio pesquisador.
Investir algo baseado numa concepção pessoal, buscar as opiniões de outros sobre o
assunto, embasamento teórico-cientifico e ter consciência de que os resultados obtidos
ou a conclusão pode ser oposta ao raciocínio inculcado anterior a pesquisa, remete á
uma responsabilidade maior. Neste momento, não são prevalecentes as concepções
pessoais da autora, mas sim, o conjunto do trabalho que poderá em cada um,
desencadear idéias e conclusões diferentes.
42
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO DOS DADOS
43
5. DISCUSSÃO DOS DADOS
As perguntas feitas aos pacientes tinham por objetivo analisar a adaptação do
paciente à nova rotina alimentar durante a sua internação e analisar como ele se
posiciona diante das mesmas, como age para conciliar preferências alimentares e dieta
oferecida e o que representa para ele a atuação do enfermeiro neste item tão
significativo e particular.
Foram entrevistados pacientes de ambos os sexos, diferentes faixas etárias,
patologias, enfermarias e tempo de internação.
As perguntas eram do tipo abertas e diretas, nas quais os entrevistados
tinham liberdade para expressarem-se livremente. As perguntas apresentadas foram, a
saber:
1)
Como um enfermeiro pode contribuir na montagem da sua dieta alimentar
durante o período de internação?
2)
Você acha que existem direitos do paciente quanta à escolha da alimentação?
Explique.
3)
Neste hospital, a quem você recorre ou recorreria em caso de alguma
necessidade quanto à sua dieta alimentar?
Quanto aos enfermeiros, as perguntas objetivavam avaliar o posicionamento
destes profissionais, a influencia exercida nos pacientes e outros profissionais da
equipe multidisciplinar, o peso de suas ações, como lidam com as expectativas e
preferências alimentares do paciente e como age para subsidiá-las.
Foram entrevistados enfermeiros de ambos os sexos, diversas faixas etárias e
enfermarias. A experiência profissional, oscila entre 6 meses e 40 anos na assistência
direta a pacientes.
44
Semelhantemente às dos pacientes, as perguntas formuladas aos enfermeiros
eram abertas, livres, proporcionando oportunidades para manifestarem-se livremente.
As perguntas formuladas foram:
1)
Na questão alimentar do paciente, existe um papel ou contribuição do
enfermeiro? Qual?
2)
Você acredita que um paciente tenha direitos sobre sua dieta hospitalar?
Quais?
3)
Algum paciente já reclamou ou questionou a dieta oferecida? Como
procedeu? Qual o resultado?
4)
Você acredita que é necessária uma equipe multiprofissional: enfermagem,
nutricionista e médico, com a participação da família na montagem da dieta
hospitalar?
Os pacientes foram identificados por codinomes, utilizando nomes de flores,
para preservação da identidade. Já os enfermeiros por árvores frutíferas, para
manutenção do sigilo.
45
A VISÃO DO PACIENTE
“Como um enfermeiro pode contribuir na montagem da sua
dieta alimentar durante o período de internação?”
(Gráfico 1).
O objetivo de tal questionamento era avaliar se o paciente vê no enfermeiro um
profissional capacitado, com fundamentação teórica para atuar como participante deste
importante ponto, essencial para o seu restabelecimento e manutenção da saúde.
Quanto às respostas, do total de pacientes entrevistados, nenhum foi capaz de
identificar uma forma na qual enfermeiro poderia contribuir na montagem, contudo
apontaram outras formas de contribuição do enfermeiro na questão alimentar, sendo
totalizado da seguinte forma:
•
40% relataram que o enfermeiro não pode contribuir, pois isso é ação do
nutricionista.
•
10% relata que a enfermagem é ausente neste ponto
•
10% não soube responder
•
20% alegam que a contribuição do enfermeiro está relacionada com atenção
e cuidado voltados ao paciente, principalmente ajudando-o a se alimentar,
quando necessário.
•
20% acreditam que o enfermeiro contribui quando presta esclarecimentos,
solvendo dúvidas relacionadas à dieta.
Objetivamente, os pacientes arrolados entre os que declararam que o enfermeiro
não pode contribuir, 40% deles deixaram claro em suas palavras que esta não é
função do enfermeiro, pois esse não tem habilitação para tanto. Um exemplo disso é a
declaração enfática do paciente Cravo:
46
“Enfermeiro nenhum pode contribuir na alimentação de doente
nenhum."
Outro ponto de destaque são os relatos de outros 40% dos entrevistados que até
concordam na participação do enfermeiro em sua dieta, não na montagem em si, mas
como um orientador, alguém que pode dar informações, esclarecer dúvidas ou
simplesmente demonstrar interesse por meio de ações simples, conforme defende
Prímula:
“Prestando atenção no estado do paciente, até perguntando a ele seus
gostos, embora
muitas vezes ele não possa comer de tudo, mas
prestar atenção no paciente e perguntando o paciente."
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Enfermagem do Ministério da Educação e Cultura (RESOLUÇÃO CNE/CES nº 3/
2001), o discente durante a graduação deve receber em sua formação conteúdos
essenciais que proporcionem a integralidade das ações do cuidar em enfermagem,
dentre eles os das ciências biológicas e da saúde. Ou seja, o enfermeiro é habilitado
para interagir com os demais profissionais de saúde nos variados aspectos que
envolvem o processo saúde-doença. Em suma, ainda que a montagem da dieta seja
uma atribuição específica do SND (Serviço de Nutrição e Dietética), a enfermagem
possui habilitação teórica para colaborar, se necessário, com o respectivo serviço.
Ainda de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Enfermagem do Ministério da Educação supracitado, em seu Art.5º Par.
VI,
enfatizando as competências e habilidades
específicas da enfermagem
é
preconizado que o enfermeiro é capaz de :
"Reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e
atuar de forma a garantir a integralidade da assistência, integrar
as ações de enfermagem às ações multiprofissionais, atuar
profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas
dimensões, em suas expressões e fases evolutivas".
47
A resultante dessas Diretrizes é que atualmente as instituições de ensino
superior por determinação do MEC, tem lançado no mercado de trabalho profissionais
de enfermagem aptos para atuarem independente do campo de exercício profissional
como potenciais orientadores, não somente dos membros de sua equipe sob sua
liderança, mas também pacientes e familiares dos mesmos. O exercício dessa
habilidade pelo enfermeiro é notadamente esperado pelos pacientes internados na
instituição pesquisada. Mais do que explicações técnicas a respeito de sua dieta, eles
esperam do enfermeiro atenção, confiabilidade, compreensão e presença. Anseiam por
orientação inclusive nas dúvidas ou dificuldades mais simplórias. Isso é que entendem
por contribuição por parte do enfermeiro em suas questões alimentares.
Por ser o profissional que por mais tempo permanece com o paciente, a
oportunidade de vínculo é maior que em relação a outros profissionais de saúde. Essa
proximidade facilita a interação paciente-enfermeiro, principalmente no que tange à
atuação do enfermeiro como educador.
"Você acha que existem direitos do paciente quanto a escolha da
alimentação? Explique." (Gráfico 2)
Esta segunda pergunta feita aos entrevistados enfatiza um dos pontos centrais
do presente estudo, pois avalia até mesmo o grau de conhecimento e a concepção da
autonomia do indivíduo, apesar de sua condição de paciente, submetido ao tratamento.
Obteve-se como resultado:
•
70% dos entrevistados entendem ter os pacientes direitos quanto a sua alimentação no
que se refere à escolha. Contudo, todos fizeram questão de ressaltar que essa escolha
48
não pode prejudicar seu tratamento, ou desrespeitar as restrições impostas devido às
suas patologias. Um exemplo disso é o que declara Begônia:
"...eu acho que o paciente tem direito desde o momento que ele não esteje
com nenhum problema...eu acho que quando o paciente é diabético ou tem
pressão alta, ele não pode por exemplo escolher uma comida com muito
sal, ai ele não vai poder escolher..".
Dentre estes, cerca de 20%, também acreditam
que sim, só que de forma
restrita, onde esse direitos podem e precisam serem negociados. Eles acreditam que
seus questionamentos serão ouvidos, contudo entendem que por vezes também se faz
necessário de certa forma enquadrarem-se nos parâmetros estabelecidos pela rotina
hospitalar. É o que transparece na fala de Copo-de-leite:
“Tem, mas muito restrito, porque não existe um direito total... não tem
como pedir uma coisa fora do que eles colocam pra gente...".
•
20% dos entrevistados afirmam não ter os pacientes nenhum direito de escolha. Esses
entrevistados alegam que o paciente, uma vez hospitalizado precisa se submeter
integralmente ao tratamento e rotina alimentar estabelecida pela instituição ou
profissionais de saúde que respondem por seu tratamento. É o que sentencia Otília:
“Não, na minha opinião não, porque ele tá num hospital, não está na
casa dele ”
A recente insurgência dos direitos do ser humano e dos mesmos na condição de
paciente explica a falta de conhecimento e informação sobre o que pode ou não ser
reivindicado como direitos adquiridos. De acordo com Gauderer (1998):
"Quanto mais informada a pessoa, mais opções e escolhas terá,
consequentemente mais livre irá se sentir...mais valorizado será,
pois poderá tomar decisões mais adequadas...".
49
A informação transforma o "paciente", indivíduo doente obsoleto, aguardando
pacientemente sua recuperação, em um indivíduo mais ativo, responsável e
participativo.
Sem a informação, o paciente tende a adotar a submissão característica dos
pacientes do início do processo de hospitalização no final do século XVIII, quando
recebia cuidados na posição de quem recebe favores, não podendo então questionar
ou interferir em nada do que já foi pré-estabelecido (ROMANELLE, 2006).
“Neste hospital, a quem você recorre ou recorreria em caso de
alguma necessidade quanto à sua dieta alimentar?” (Gráfico 3)
Concernente à essa pergunta, o propósito foi avaliar a confiança que o
paciente deposita no enfermeiro para fazer solicitações ou queixas como alguém que
pode resolver os problemas que rotineiramente possam existir. Outrossim, avaliar o
envolvimento do enfermeiro nesta questão e a relação paciente-dieta-enfermeiro. O
resultado:
•
10% à copeira
•
10% ao médico
•
10% a qualquer um e a todos
•
70% a nutricionista
Dentre os que apontaram recorrer à nutricionista, apenas 15% afirmaram
recorrer a enfermagem caso não conseguisse resolver junto ao serviço de nutrição. Tal
resultado sugere pouca interação paciente-enfermeiro, ou de forma insignificante,
quando o assunto é problemas com a dieta. Categoricamente é o que garante Lírio:
50
"Primeiramente pra nutricionista que sempre passa aqui toda a
manhã perguntando cada um de nós como é que tá a alimentação,
primeiramente a ela,.. se ela não pudesse me atender, eu iria em
cima da enfermeira-chefe."
Mas, também há que se considerar o fato de que os pacientes entendem a
função de cada membro que compõe a equipe de saúde que atua em seu tratamento.
Outro ponto a salientar é a justificativa da maioria em recorrer ao serviço de
nutrição, isto ocorre devido à disponibilidade deste profissional em atender, sua
constante presença no momento em que são entregues as refeições, e as visitas
diárias a cada paciente para certificar-se da satisfação e aceitação da dieta, conforme
relata Hortênsia:
"Eu recorreria a nutricionista, porque está sempre disponível, né?
para qualquer dúvida quanto essa dieta...eles realmente eles se
importa, nos temos diariamente a visita deles pra saber
se
estamos satisfeito ou não nesse regime alimentar e se estamos
aceitando bem esse regime alimentar...então seria sempre com a
nutricionista."
Contudo, a eficiência do serviço de nutrição não isenta a enfermagem de seu
dever. Baseado em Campos e Boog (2006), pode-se afirmar mais que alimentar o
paciente e observar a aceitação da dieta e sua correlação com a evolução do seu
estado nutricional, ou seja, estar atento e saber identificar as deficiências é um cuidado
e responsabilidade da enfermagem.
51
A VISÃO DO ENFERMEIRO
"Na questão da dieta alimentar do paciente, existe um papel ou
contribuição do enfermeiro? Qual?" (Gráfico 4)
Foi com a finalidade de perceber a sensibilidade do enfermeiro e o grau de
comprometimento com o paciente relacionado com a dieta alimentar que esta primeira
questão foi formulada. Quando perguntados, buscou-se direcionar à uma reflexão e ao
mesmo tempo avaliar até onde o profissional de enfermagem chama para si essa
responsabilidade, até onde se estende sua função de “cuidador”. Ao serem indagados,
todos os enfermeiros demonstraram curiosidade e analisaram criticamente a pergunta
antes de responder. Do total de entrevistados:
• 80% afirmaram que sim
•
20% responderam que não
Os que responderam existir uma contribuição do enfermeiro apontaram a
mesma de forma diversificada, sendo que:
• 30% por meio de práticas educativas;
• 20% prestando auxílio ao paciente que não pode se alimentar sozinho;
• 20% afirmaram que na admissão ou como "ponte" entre o paciente e o
nutricionista;
• 10% devendo o enfermeiro atuar em conjunto com o nutricionista
Os enfermeiros entrevistados que apontaram as práticas educativas, alegaram
que o paciente necessita constantemente ser orientado. Por isso, o enfermeiro deve
estar pronto a esclarecer, dissolver dúvidas dos pacientes e familiares quanto à dieta,
assim como incentivá-lo a aderir, contribuindo com o tratamento como revela Açaizeiro:
52
"O enfermeiro vai estimular o paciente a receber essa alimentação
colocando a ele os benefícios que vai fazer na sua recuperação,
orientando"
Percebe-se uma preocupação constante por parte da enfermagem em educar,
orientar o paciente quanto ao seu estado físico e a necessidade de adaptação às
restrições alimentares. Nota-se também um interesse em avaliar a aceitação da dieta,
com prestação de auxílio aos que não conseguem com independência. É que afirma
Laranjeira:
"Eu acredito que nós somos responsáveis por acompanhar a
alimentação e até auxiliar o paciente quando ele não tem condição de
se alimentar sozinho, né? Quando ele está mais debilitado, tudo
mais... os cuidados são pertinentes à enfermagem.."
Contudo, há também um percentual de enfermeiros que defendem como
contribuição, os dados coletados referentes à dieta alimentar habitual e patologias de
base do paciente, no momento da admissão do paciente feita pela enfermagem no
hospital. E também atuando como "ponte", ou seja um facilitador na comunicação
paciente-nutricionista, conforme declara Abacateiro:
"Na verdade acho que o enfermeiro acaba sendo uma ponte entre o
paciente e a nutrição..."
Destarte, ainda existe uma parcela, ainda que minoritária de enfermeiros que
defendem uma contribuição mais direta e conjunta na questão alimentar do paciente
como assevera Coqueiro:
"... de acordo com a patologia do paciente, de acordo com os
problemas de saúde que ele teve,...trabalhando junto com a nutrição,
qual a dieta que seria melhor pro paciente e as preferências dele."
53
Com referencia aos que responderam não haver um papel ou contribuição do
enfermeiro na questão alimentar do paciente, é clara a postura abstinente do
enfermeiro conforme afirmam Mamoeiro e Cajueiro, respectivamente:
“Essa parte é com o nutricionista e o médico”
“Aqui não existe esse papel, existe a nutricionista que avalia o
paciente ... o enfermeiro contribui observando se houve boa aceitação
para com a dieta"
O enfermeiro, que desde os primórdios de Florence era o responsável pela dieta,
teve suas funções reformuladas após a instauração do serviço de nutrição no âmbito
hospitalar nas décadas de 30 e 40 (APERIBENSE, 2006). Contudo, nenhuma alteração
referente à administração da dieta e responsabilidades quanto aos cuidados
pertinentes à enfermagem nesta questão.
Enfermagem é sinônimo de cuidado. De acordo com Molina M.A.(2004), cuidar,
praticar a enfermagem é uma atitude que vai além de executar técnicas ou administrar
medicações. É se colocar no lugar do outro e perceber suas necessidades.
“Você acredita que um paciente tenha direitos sobre sua dieta
hospitalar? Quais?”
(Gráfico 5)
Essa questão exprime a temática central do estudo. O objetivo da mesma era
constatar na resposta do enfermeiro se para ele, o paciente, apesar de limitado por sua
patologia ou tratamento ainda mantinha sua individualidade, ou seja, se para o
enfermeiro cada paciente era único, com costumes, cultura, e religião peculiar, com
direitos principalmente como ser humano. Em caso de resposta afirmativa, era
54
perguntado ao entrevistado quais seriam então estes direitos do paciente, pois a meta
era tentar captar a visão que o enfermeiro tinha do paciente nesta particularidade,
identificando no seu parecer o que poderia um paciente com uma bagagem pessoal
tão individualizada, com algum tipo de restrição devido à sua patologia ou terapêutica,
num ambiente com regras e padrões próprios, poderia reivindicar como direito na
questão alimentar.
Neste quesito, a maioria respondeu positivamente quanto aos direitos do
paciente, ficando assim definido:
• 80% sim
• 20% não
Dentre os entrevistados, a minoria respondeu não ter o paciente direitos quanto
à sua dieta alimentar. Segundo esses entrevistados, o paciente não conhece ou não
possui formação técnica sobre o assunto, o que o desqualifica para questionar a dieta.
Limoeiro defende que o paciente deve estar focado em seu tratamento e aceitar o que
foi determinado para ele:
“A clientela tem seus hábitos e desconhece valor teórico e técnicas e
aporte calórico. Se ele não tiver seqüelas e for lúcido e orientado,
deve ser orientado... será que ele não come para sua satisfação
leviana, ou para sua recuperação?... E o paciente não tem
entendimento disso, ele pensa que ele ta se alimentando como ele se
alimenta em casa. É diferente, esse raciocínio é totalmente fora.
Então não é porque ele não sabe escolher, é porque coitado, ele não
tem informações pra dimensionar, eu acho até que é covardia, eu
achar que ele é capaz de saber, eu jogar para o paciente a
responsabilidade, eu achar que ele é capaz de saber.."
Já Cajueiro defende que mesmo o paciente não tendo direito nem mesmo de se
expressar, a nutricionista até pode fazer alguma concessão, se assim for possível:
55
“Muitas vezes eles não têm conhecimento sobre a dieta. O que
necessita pra contribuir pra que eles..pra essa dieta possa
restabelecê-lo...muitas das vezes não é necessário que ele (o
paciente) comente nada a não ser o próprio profissional de saúde, a
enfermeira interagindo com a nutrição... pode interagir com a
nutricionista, aí de repente ela pode já entrar em comum acordo,
tentar colocar um outro alimento possa ser eficaz, né?.."
O enfermeiro é um educador, com plena habilitação para informar o paciente, e
assim torná-lo mais participativo e consciencioso. A postura autoritária, detentora do
saber presente por vezes nos profissionais de saúde e, em especial a enfermagem, já
não pode encontrar espaço atualmente. A Declaração dos Direitos Humanos, em seu
Artigo XIX, afirma que:
"Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão;
este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e
de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras."
A idéia de direito do paciente na questão alimentar é
variável entre os
enfermeiros. Eles concordam que os mesmos devem existir. Contudo, não são
unânimes no tocante as preferências alimentares do pacientes. Do percentual (80%)
de respostas positivas, o tipo de direito se subdivide em:
(Gráfico 6)
• 60% direitos quanto às preferências alimentares
• 10% falar com a nutricionista
• 10% receber esclarecimento
Entre os entrevistados, houve unanimidade na afirmativa de que esses direitos
quanto as preferências precisam ser criteriosamente observados, principalmente no
tocante às necessidades nutricionais e limites impostos pela patologia e terapêutica
dos mesmos, especialmente citados os diabéticos e hipertensos, conforme ressalta
Abacateiro:
56
"Dentro das limitações dele sim, dentro da condição clínica dele
sim...não tem como a gente impor, a gente tem que tentar um equilíbrio
dentre as opções que ele pode, e dentre as opções dar o direito a ele
de escolher."
Outra parcela de entrevistados defende que o paciente tem o direito, mas de ser
esclarecido. Neste caso, segundo eles, a enfermagem estaria isenta. O esclarecimento
ficaria a encargo do nutricionista conforme defendem
Macieira e Pessegueiro,
respectivamente:
“Direito entre aspas..., ele tem direito de querer saber, eu acho
querer saber porque que ta vindo aquela dieta e quando for dito pra
ele que não pode aquela determinada dieta que ele tá pedindo, ele
conversar com a nutricionista.."
".. aí já não é com a enfermagem, a nutricionista faz uma entrevista
com esse paciente..."
A concepção de que o paciente é um ser individualizado transparece nas
palavras de Laranjeira, quando exemplifica quais direitos seriam:
"... tem religiões que a pessoa não come determinados tipos de
alimentos...eu acho que pode ser respeitado....salvo algumas
restrições que a pessoa tenha ..."
De acordo com os escritos de Wanda Horta(1979), não há como se padronizar
seres humanos, pois o "ser humano é um todo", por isso o cuidado deve ser
interpessoal, transpessoal, holístico, respeitando suas limitações, cultura e saber
individualizado de cada ser, principalmente no que se refere à satisfação de
necessidades básicas como a alimentação. Não cabe ao enfermeiro uma postura
autoritária com conotação de superioridade em relação àquele a quem dispensa
cuidados.
57
“Algum paciente já reclamou ou questionou a dieta oferecida? Como
procedeu? Qual o resultado?”
(Gráfico 7)
Tal questionamento visava perceber como reage o paciente quando a
alimentação não agrada. Se ele questiona, com quem e de que forma, e a eficácia da
atuação do enfermeiro neste ensejo, totalizando:
• 90% sim
• 10% não
Os que responderam que sim garantem
que vários pacientes reclamaram
muitas vezes por mais diversos motivos. Mas o principal deles é devido à adaptação à
dieta hospitalar, muito diferente da domiciliar, pois está alicerçada nas necessidades de
cada um de acordo com o tratamento e limitações fisiológicas. Todos os enfermeiros
recorreram ao Serviço de Nutrição e Dietética e conseguiram resolver a situação
prontamente. De acordo com os entrevistados, o sucesso do empreendimento se dá
porque “... a nutrição é muito solícita”. Apenas 10% dos entrevistados declarou não
conseguir atender de maneira que alcançasse a satisfação do paciente. Segundo o
enfermeiro, o paciente não estava disposto a colaborar de nenhuma forma.
“Você acredita que é necessário uma equipe multiprofissional:
enfermagem, nutricionista e médico, com a participação da família na
montagem da dieta hospitalar?.”
58
A última pergunta tinha por objetivo avaliar a influencia da enfermagem na
questão alimentar do paciente junto aos outros profissionais de saúde atuantes diretos,
o médico, que prescreve e o nutricionista, que monta a dieta. Também se necessitava
saber até onde o paciente e sua família estava envolvida neste fator.
Houve unanimidade pelo sim nesta pergunta,
apesar das observações
divergentes quanto ao assunto, refletindo distância entre o ideal e o real. Um exemplo
disso encontra-se nas falas de Laranjeira, Cajueiro e Macieira. A primeira defende a
multidisciplinaridade, pois acredita que todos tem seu espaço no tocante à recuperação
do paciente, a segunda expõe o real, enquanto a última sequer acredita que um dia
isso possa ocorrer:
“... porque contribui com o quadro do paciente. Cada um tem sua
autonomia”
“... mas aqui não funciona assim”
“Nunca tinha pensado nisso... eu acho que pode, eu acho que não tem
problema...tem que ser uma coisa muito bem organizada, bem
programada pra funcionar...bom eu acho no momento, pelo menos
num hospital de grande porte, num hospital desse que é um
movimento muito grande, entendeu? Nesse momento, não é uma coisa
viável..."
Outro ponto importante a salientar é a forma como os enfermeiros vêem
a
multidisciplinaridade.
Multidisciplinaridade é uma condição em que uma atividade é realizada através
da aplicação coordenada de um conjunto de disciplinas. Na área da saúde , como
defende ROSA. T. T.(2005), significa o mínimo necessário para que se assista um ser
humano de forma adequada, independentemente do diagnóstico firmado, uma vez que
o paciente é multidimensional. Todo o conhecimento científico dos membros devem ser
59
utilizados em prol do paciente , não significando transferência de funções, mas sim
contribuição ativa e relevante. Limoeiro afirmou categoricamente:
“...esse é o meu segredo... A enfermagem não pode mais só
agregar responsabilidades ... Se o paciente tem infecção, se o paciente
não comeu, se o paciente ta com infecção respiratória. Não, aqui todo
mundo tem sua participação...a nutricionista visita os pacientes, os
médicos operam, a enfermeira tem que higienizar, medicar, trocar
decúbito..."
Comparando com as declarações divergentes anteriores, pode-se afirmar que
paulatinamente a multidisciplinaridade tem se firmado e pode ser uma realidade que
certamente promoverá crescimento profissional e benefícios diretos para o paciente.
60
CAPÍTULO 6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
61
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o momento em que se iniciou o projeto de estudo do assunto até o final
das entrevistas com enfermeiros e pacientes, pode-se perceber uma certa perplexidade
em torno do assunto em ambos grupos. Tradicionalmente, está incutido nas rotinas de
enfermagem um agir um tanto automático, seguindo um esquema definido onde o
enfermeiro não tem como uma de suas responsabilidades prescrição nem a montagem
da dieta hospitalar. Grande parte dos enfermeiros solicitou a permissão para ler as
perguntas antecipadamente antes de concordarem em participar da pesquisa e
ponderaram consideravelmente antes de responder. A explicação para tal atitude
encontra-se provavelmente pelo fato de não ter sido encontrado nenhum estudo
anterior registrado sobre o tema, não sendo assim um assunto discutido, debatido.
Considerando que tudo que é novo para o ser humano é um tanto enigmático e
assustador, tal gesto é até aceitável.
A alimentação, uma das necessidades fisiológicas básicas mais importantes do
ser humano, relacionada com o instinto de sobrevivência do individuo tem nela
inculcada diversos fatores, tais como: culturais, sociais, emocionais e religiosos. O ser
humano em sua rotina, associa à ela o prazer e a satisfação própria individualizada. É
fato que, uma vez portador de determinadas patologias, dentre elas o diabetes e
hipertensão arterial, o indivíduo busca então conciliar prazer em se alimentar com a
necessidade nutricional, sendo que nem sempre isso ocorre porque os hábitos
alimentares construídos ao longo de uma vida e o que isso representa, já estão
profundamente arraigados.
Uma vez hospitalizado, o individuo tem sua rotina mudada com limitações
impostas pelo tratamento que precisam ser seguidas. Mas ele, com toda a sua história,
os hábitos construídos, e o que representa a comida para ele, não se altera
automaticamente ao dar entrada num hospital.
62
Porém, o que se denota nos resultados do estudo é que a maioria dos pacientes,
quando informados e atendidos de maneira adequada pela equipe multiprofissional e à
ela tem acesso, consegue se adaptar de maneira mais efetiva, contribuindo com
tratamento e acessando cada profissional de acordo com sua necessidade. Neste
ínterim , a enfermagem, como ciência onde o cunho educativo é tão proeminente, é a
que tem alcançado maior êxito.
No que se refere à dieta hospitalar, é fácil perceber a disparidade da
participação do enfermeiro desde a implementação do sistema hospitalar até hoje. A
contribuição tem sido cada vez menor e menos freqüente se levarmos em
consideração os primórdios. Quase metade dos pacientes entrevistados, não vê no
enfermeiro um profissional habilitado à altura para intervir nessa questão ou
simplesmente ausente neste ponto. Enquanto que a outra, compartilha quase que com
a totalidade destes profissionais entrevistados que reconhecem no enfermeiro a função
de educador, pronto a orientar, prestar esclarecimentos e apoiar emocionalmente,
facilitando o processo de adaptação e adesão consciente à dieta imposta, de maneira
não traumática, respeitando sua individualidade, sem o estigma do sacrifício.
O trabalho educativo realizado por enfermeiros tem sido de grande relevância
para a citada adaptação, pois na instituição onde foi realizada a pesquisa a maioria dos
pacientes entende serem portadores de direitos e estão dispostos a reivindicá-los.
Todavia, conscientemente, apesar de entenderem ser sua preferência alimentar algo
importante, digna de ser respeitada e atendida, estão dispostos a se submeterem, se
for o caso, à dieta instaurada, para que o tratamento não seja prejudicado. De modo
geral, quando insatisfeitos, há um esforço conjunto enfermagem- nutrição no sentido de
substituir o alimento indesejado por outro de valor nutricional e calórico semelhante e
que agrade ao cliente.
Outro ponto importante é o reconhecimento dos direitos do paciente e o
respeitos as preferências alimentares do paciente por maior parte dos enfermeiros,
ainda que limitado devido à patologia do paciente e terapêutica instituída.
63
O enfermeiro com visão holística, segundo o modelo teórico de Wanda Horta,
atua em todos os campos em prol do paciente, e através de um trabalho educativo
contribui significativamente não apenas com o indivíduo na condição de paciente sob
sua responsabilidade ética e profissional, mas também como individuo cidadão,
portador de direitos que podem e devem ser respeitados independente de sua situação
ou limitação. Mas ainda assim, há muito a se fazer para resgatar a força das ações de
enfermagem junto ao paciente e família, principalmente neste particular, a idéia de que
o enfermeiro, como “cuidador”, como profissional mais constante junto ao leito do
paciente ainda ser visto por cerca de 40% das entrevistas como inabilitado para atuar
mais intensamente nesta área é alarmante e remete à idéia de perda de espaço e
valorização profissional.
De acordo com os pacientes, eles reivindicam seus direitos, expõem suas
dificuldades quanto à dieta diretamente ao nutricionista, pois é acessível, presente e
solícito. Contudo, de acordo com enfermeiros entrevistados, ainda assim recorrem à
enfermagem quando por algum motivo não conseguem de alguma forma resolver o
problema. Tal contradição explica-se pela idéia que o paciente tem de que esclarecer
dúvidas ou questionar com o objetivo de solucionar as dificuldades encontradas com a
dieta alimentar não significa recorrer á enfermagem. A proximidade deste profissional
junto ao paciente faz com que tudo transcorra com muita naturalidade. Verdade é que,
a enfermagem pode e deve estar presentes, pronta para intervir, ser como uma “ponte”
que conduz e orienta o paciente possibilitando o acesso à informação e aos demais
membros da equipe multidisciplinar.
Dentro da equipe multiprofissional, o enfermeiro é o único que não tem apenas
uma função especifica, pois à ele é delegada a responsabilidade de cuidado com o ser
humano. O fato é que quando se fala em seres humanos, nos referimos a um ser que é
amplo, individualizado, com características e concepções que constituem cada um
deles como sendo um universo peculiar. Cabe ao enfermeiro uma atuação holística,
para que dessa forma todos os aspectos relacionados ao paciente sejam considerados
e atendidos de modo satisfatório.
64
É inegável que no atual modelo assistencial, em que o enfermeiro é
sobrecarregado de tarefas e quantitativo de pacientes torna-se muito difícil prestar o
cuidado ideal, tornando menos complexo eximir-se da responsabilidades, deixando
exclusivamente a cargo dos outros profissionais atividades em que a enfermagem
poderia colaborar de forma mais efetiva. Tal atitude tem um preço, e ele é pago com a
desvalorização da capacidade profissional por parte de pacientes e por membros da
equipe multiprofissional. Aos enfermeiros torna-se relevante uma reflexão neste
sentido, pois tal atitude pode num futuro não muito distante remeter à enfermagem á
uma assistência voltada apenas para os cuidados básicos, como o de higiene por
exemplo, ficando a segundo plano a enfermagem prática teórica e científica.
As ações de enfermagem para subsidiar a preferência alimentar do paciente
hospitalizado tem girado em torno da atuação do enfermeiro como educador, junto ao
paciente e família, orientando, estimulando o auto cuidado, a prevenção e a promoção
da saúde. Considerando que uma vez informado, consciente, o paciente pode exercer
seu direito e dever, pode-se afirmar sem receio de exagero que tal atividade vai além
do processo saúde-doença, consiste num exercício de cidadania.
Na verdade, muito mais se pode esperar deste profissional que desde a sua
graduação é preparado para participar de forma constante e importante na equipe
multiprofissional. Para tanto, se faz necessário, muito mais que embasamento teórico
ou respeito a códigos de ética ou de direitos sócio-legais. É necessária
responsabilidade pessoal, comprometimento, consigo mesmo e com o paciente, com a
segurança de que é capaz de gerir, liderar situações, ainda que por muitas vezes não
receba o reconhecimento esperado.
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- APERIBENSE P.G.G.S. Nexos entre a enfermagem, a nutrição e o serviço
social, profissões femininas pioneiras na área da saúde dos anos 30 aos 40.
Revista Escola de Enfermagem da USP; 42(3). P.474-82, 2008.
2- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.Programa Nacional
de DST e AIDS. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência de
adultos infectados pelo HIV. Brasília, 2006, p.15.
3- BRASIL, Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual da Saúde.Disponível em
http://bvms2.saude.gov.br/php/level.php?lang=pt&component=51&item=43. acesso em
17 nov. 2008.
4- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Coordenação Geral
de Política de Atenção de Alimentação e Nutrição.Guia Alimentar para a população
brasileira: promovendo uma alimentação saudável. Brasília, 2006, p.15.
5- BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de alimentação e
nutrição. Brasília, 2005, p.02.
6- CAMPOS S.H., BOOG M.C.F. Cuidado nutricional na visão de enfermeiras
docentes. Revista de Nutrição. vol.19 nº 2, Campinas Mar./Abr. p. 145-155. 2006
7- CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen 311/2007.
Disponível em http://www.coren-rj.org.br/site/pdfs/codigo-de-etica/codigo-de-etica.pdf.
último acesso em 16/07/2009.
8- COUTINHO, Ruy. Noções de fisiologia da nutrição. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura
Médica, p. 415. 1989.
66
9- DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Disponível em
http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php. Último acesso em
27/04/2010.
10- DIAS, Maria Antonia Andrade. Marketing e hospitalidade no hospital. Revista
Tratados de Enfermagem, S. Paulo:UNIBAN,v. 2, n.2, jul/05, p. 53-61
11- FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 21ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1987.
12- FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 12. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1996.
13- GAUDERER, Ernest Christian. Os direitos do cliente: um manual de
sobrevivência. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record; 1998.
14- GODOY, Andresa Michele, LOPES Doraci Alves, GARCIA Rosa Wanda Diez.
Transformações socioculturais na alimentação hospitalar. Hist. cienc. saúdeManguinhos, Rio de Janeiro , v. 14 n. 4, Oct./Dec. 2007.
15- HORTA, Wanda Aguiar, Processo de Enfermagem, com a colaboração de
Briggita E.P. Castellanos. 15ªed. São Paulo. Editora Pedagógica e Universitária;
2004.p.7-35.
16- LESLIE, D.Atkinson, MURRAY, Ellen. Fundamentos de enfermagem, introdução
ao processo de enfermagem. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 379-403,
1989.
17- MINTZ, Sidney. W. 2001. Comida e antropologia: uma breve revisão. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, Bauru, v.16, n.47, p.31-41.
18- MINAYO, Maria Cecília Souza, O Desafio do Conhecimento. pp 121. São PauloRio de Janeiro:Hucitec-Abrasco. 1994a
67
19- MINAYO, Maria.Cecília.Souza, Ciência, técnica e arte: O desafio da pesquisa
social. In: Pesquisa social: Teoria, Método e Critavidade (M.C.S. Minayo, orgs.), pp 21,
Petrópolis, Rio de Janeiro:Vozes. 1994b
20- MOLINA M.A.S., GONZAGA M.T.C., OLIVEIRA M.L.F., Cuidado e
enfermagem: reflexões sobre essa parceria, 2004.
21- MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. pp 67, São
Paulo, Pioneira Thomson. 2002.
22- NIGHTINGALE, Florence. Notas de enfermagem: o que é e o que não é. Trad.:
Amália Correa de Carvalho. São Paulo: Cortez. 1989.
23- ROMANELLE, Geraldo. O significado da alimentação na família : uma visão
antropológica. Medicina, [S.I.], v. 39, n. 3, p. 333-339 2006.
24- SANTOS, Letícia Rosa, BENERI, Regina Ledo, LUNARDI, Valeria Lerch, Questões
éticas no trabalho da equipe de saúde: o (des)respeito aos direitos do cliente. Revista
Gaúcha Enfermagem. 2005;26(3):403-13.
25- SILVA, Lúcia Marta Guinta. Enfermagem oncológica. Revista da Sociedade
Brasileira de Oncologia. São Paulo. Ano III, n°10.
26- SOARES, Luís Eduardo. O Rigor da Indisciplina: ensaios de antropologia
interpretativa. Rio de Janeiro: Relume-Dumará. 1994.
68
ANEXOS
69
TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Entrevistas transcritas como parte integrante da Monografia "AÇÕES DE
ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE
HOSPITALIZADO".
As primeiras transcrições referem-se aos 10 enfermeiros de ambos os sexos
entrevistados, alocados em diferentes setores e enfermarias do Hospital Geral de
Bonsucesso. Eles tiveram seus nomes omitidos e substituídos por nomes de árvores
frutíferas afim de ter preservadas suas identidades. Em seguida, as transcrições das
entrevistas efetuadas com os 10 pacientes de ambos os sexos alocados nas diversas
enfermarias da instituição supracitada. Semelhantemente, os pacientes receberam
nomes de flores.
As partes destacadas em itálico são as falas selecionadas que fizeram parte da
análise de dados.
70
ENFERMEIROS
1) MACIEIRA
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Eu acho que pode sim, porque mesmo que os parâmetros do paciente
né...tem gente que vem no hospital, ta acostumada comer determinada alimentação
em casa chega no hospital, às vezes o paciente é até hipertenso, é diabético, e come
uma alimentação que não é pra ele comer, chega no hospital, vê aquela dieta branda,
muito cozidinha, só com sachezinho de sal, ah! Então eu acho que a enfermeira tem
passar para o paciente a necessidade dele realmente fazer aquela dieta, ainda mais
que é uma clínica de cirúrgica, o paciente tem que controlar, equilibrar tudo, pressão,
glicose pra poder ter condição de fazer a cirurgia dele. Eu acho que o papel da
enfermeira também é importante quanto à hidratação do paciente no hospital.
Dircilene : isso também diz respeito à informação, essas coisas?
Resposta: Eu acho que a nutricional eu acho que nem tanto, mas mais no aspecto de
necessidade de fazer uma dieta equilibrada, no caso dele, no que diz respeito se ele for
hipertenso ou diabético ah! Mas as vezes ele ah! eu não consigo comer essa comida,
eu não quero essa comida, mas o senhor é hipertenso, é diabético o senhor tem que
fazer uma forcinha, não pode ficar sem comer, tem que fazer uma força pra comer essa
dieta que ta sendo é trazida pro senhor, ele reclamam muito disso as vezes, outros
não tem consciência de que tem fazer aquela dieta, tem que comer aquela dieta,
começa reclamar, não come, entendeu? reclama muito, a gente pede pra conversar
com a nutricionista, tamem ela fala com ele, porque ta mandando, porque ela é que
manda pela copeira, então é isso.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE?
Resposta: Bom, direito entre aspas, né? Assim, como eu já tinha falado antes, direito
que ele tem, pode até ter, mas no sentido de.. Tem que saber que dieta ele pode
71
exigir, que tipo de dieta, quer dizer, por isso direito entre aspas porque o paciente...eu
quero essa comida que é uma dieta mais rica em sei lá, em gordura, colesterol ainda
mais paciente de uro, não pode ter fazer determinada alimentação, porque tem que
fazer o controle dessa...,porque assim, pode aumentar o colesterol, uréia, creatinina
dele, então eu acho que tem direito entre aspas, tem que ser passado isso pra ele
também.
3) NO CASO, SE ELE
ESPECIFICAMENTE?
TEM
DIREITO,
QUAL
SERIA
O
DIREITO
DELE,
Resposta: Bom qual seria o direito? Direito assim... direito assim, ele tem direito de
querer saber, eu acho querer saber porque que ta vindo aquela dieta e quando for dito
pra ele que não pode aquela determinada dieta que ele tá pedindo, ele conversar com
a nutricionista, que é a pessoa indicada pra conversar com ele, que ela é que fez
nutrição né? Indicada pra conversar com ele a respeito da dieta que ta vindo pra ele, a
necessidade dele ta fazendo aquela dieta.
4) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
COMO PROCEDEU?
Resposta: ah! Várias vezes, várias vezes, não gosta de determinada dieta, já reclamou
varias vezes, o que foi falado pra ele que ta vindo aquela dieta porque no momento ele
tem que comer aquela alimentação, aquela que ta vindo pra ele, aqui interna muito
paciente com hipertenso e diabético, aqui é uma enfermaria cirúrgica e de uro e o
quem tem mais esse problema é pacientes idosos, diabéticos e hipertenso, né?
5) E AÍ QUAL FOI O RESULTADO?
Resposta: depois reverteu, já tinha conversado com ele. É enfermeira vou fazer uma
forcinha, porque eu sei que é pro meu bem, eu comer essa comida que ta sendo me
oferecida, é, vou fazer uma forcinha pra aceitar essa dieta porque eu sei que se teimar
em querer outra comida..ou então as vezes, muitos já vi trocarem comida entre eles...
ah! Porque vem uma comida .... ah você me da isso? Ai quando é a dieta de outro
paciente ...ai a gente vai e conversa com ele: ó não pode fazer isso, ce não quer
operar? Se você não controlar sua diabetes, ou a sua hipertensão, você vai voltar, aí
não vão te liberar, você não vai fazer cirurgia, seu quadro pode complicar mais ainda,
ce vai mais tempo sem operar, e há muito caso de câncer de próstata, de bexiga, a
gente fala pra eles assim ó: se você não aceitar essa dieta e ta pedindo pro colega,
eles trocam as vezes, eles trocam as vezes, um oferece pro outro, o que vem, as vezes
72
vem suquinho diet,ou ligth as vezes,ah! Não gosto desse, dá pra me dar o
outro?entendeu? eles trocam as vezes... ai a gente vai e coloca essa coisa, explica pra
ele: você não pode comer a dieta que ta vindo pro seu colega, a sua é essa.
6) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Montaqem da dieta hospitalar, bom ainda nunca tinha pensado nisso,
agora que você ta me perguntando essa pergunta, ainda não tinha pensado nisso,
equipe médica, enfermagem, nutricionista e familiar?
Dircilene: É. A família junto, decidir junto, na montagem mesmo. Tipo de alimento,
qual vai ser o alimento, porque as vezes o paciente precisa de determinado nutriente,
mas as vezes aquele nutriente tem em vários alimentos diferentes. Então como a
família pode opinar, participar desse processo?
Resposta: Poder, pode, poder eu acho que pode, eu acho que não tem problema aí...a
família poder opinar sobre determinado alimento do familiar, isto não é uma coisa viável
né? é um sonho né? é o sonho, porque senão vai ter muita interferência, tem que ser
uma coisa muito bem organizada, bem programada pra funcionar...bom eu acho no
momento, pelo menos num hospital de grande porte, num hospital desse que é um
movimento muito grande, entendeu? Nesse momento, não é uma coisa viável não. É
uma correria muito grande pra tudo. Os médico não tem tempo, a enfermagem as
vezes não tem tempo, entendeu? a nutricionista tem que ver várias clínicas, é meio
impraticável, só se botasse mais funcionários.
2) LIMOEIRO
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
73
Resposta: Sim, acredito que o enfermeiro ele contribui, porque é no meu caso
especifico aqui, onde o paciente muitas vezes não tem condição de se alimentar
sozinho, e ele tem a sua necessidade básica de se alimentar comprometida, a equipe
de enfermagem ela tem, ela tem atuação direta, é ele quem vai oferecer e avaliar a
aceitação dessa dieta, pra poder discutir se há necessidade de troca chamar o
profissional da nutrição pra uma abordagem. Mas a percepção inicial é do enfermeiro.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? E SE ACHA QUE SIM, QUAIS?
Resposta: Eu me reservo a achar que não, porque a clientela muitas vezes tem seus
hábitos e desconhece valor calórico, desconhece informações técnicas sobre aporte
nutricional. E o aporte nutricional dentro de uma cirurgia, de um setor de neurocirurgia,
ou de oncologia ou de tuberculose que são os setores que eu atuo, em três instituições
diferentes. A nutrição ela tem uma função é fundamental na recuperação desse doente,
eu não sei se o paciente ele é capaz de dimensionar a importância disso sem uma
prévia orientação. O que eu acho sim que o que pode acontecer se o paciente tiver em
condições de entendimento, se ele não tiver sofrendo, se ele não tiver com alguma
seqüela que impeça que ele possa entender, se ele tiver lúcido e orientado, eu acho
que é importante a enfermeira oriente, explique junto com a nutricionista da
necessidade do aporte calórico dele, agora ele sozinho eu acho que tecnicamente ele
não tem condições de chegar aqui numa hospitalização e entender como essa máquina
funciona. eu acho que o paciente, ele acha acho que ele recebe a alimentação como a
nossa alimentação de casa, que ela não tem o compromisso nutricional, essa é a
grande diferença. Será que o paciente está educado o suficiente para saber que ele
não come por uma satisfação leviana, e sim por uma satisfação do seu corpo num
momento de recuperação de uma cirurgia grande? As necessidades calóricas de um
paciente que sofre uma intervenção cirúrgica é muito diferente de um paciente que tá
andando pela rua, de uma pessoa que ta andando pela rua. E o paciente não tem
entendimento disso, ele pensa que ele ta se alimentando como ele se alimenta em
casa. É diferente, esse raciocínio é totalmente fora. Agora se você sentar e explicar pra
ele o que é nutrição hospitalar e o que que é nutrição da gente em casa em que a
gente quer come bife com batata frita, que a gente escolhe o que quer comer, e o que
é nutrição feita tecnicamente em cima da necessidade real pra aquele paciente
acometido por aquela patologia é uma diferença muito grande, eu não acho que o
nosso paciente ele tem condições para fazer essa opção porque ele desconhece o que
é nutrição hospitalar. Então não é porque ele não sabe escolher , é porque coitado, ele
não tem informações pra dimensionar, eu acho até que é covardia, eu achar que ele é
capaz de saber, eu jogar para o paciente a responsabilidade, eu achar que ele é capaz
de saber..é muito sério você saber qual teor calórico de um paciente neurocirúrgico, um
politraumatismo, é sabe isso ta aquém ...isso é muito técnico, eu me reservo dizer
74
que não, que agora de uma boa conversa, de uma boa orientação, eu acho que o
indivíduo, você pode fazer a abordagem sim. Mas dar a ele a responsabilidade de
decidir a dieta é um trabalho que a gente é um trabalho que teria que ser feito com
muito carinho.. a nutricionista devia ir no leito diariamente falar de caloria, ai perde, até
porque eu não tenho hoje aqui na neurocirurgia paciente que pudessem entender isso,
muitas das vezes ele tem seu nível de consciência comprometido. Eu tenho um
paciente de quarenta e poucos anos com tumor de hipófise, ele não tem condições, ele
não ta lúcido e orientado, ele aceita a dieta? Toda, toda. Come e inda lambe o prato,
mas ele não sabe o que ta comendo. Eu tenho uma outra paciente que tem um tumor
cerebral que ela é disfásica, ela fala tem dislalia inclusive ela come muito bem, mas
não sabe nada do que ela ta comendo e nem..a conversa ela realmente deve ser
reservada aos paciente que você observa que necessita de um papo. Então o
paciente que tem alguma restrição porque ele não gosta daquele outro alimento ele
necessita de uma abordagem do profissional de nutrição pra ele poder entender qual e
a necessidade e pra que ele possa se alimentar, porque senão ele vai recusar a dieta e
ele tem que entender que pra ele aquilo é maléfico,e daí ele vai acabar tendo que usar
uma sonda entérica,e daí ele vai passar daqui a pouco ele vai passar por uma
gastrostomia. Ele tem que entender isso, é uma cooperação. Então eu não sei, eu fico
um pouco, eu nunca vi nenhum trabalho que o paciente não aceitasse por preferência,
eu já vi ele não ter condições de mastigar ou aceitar pouco porque ta deprimido...agora
ele não aceitar..por uma situação...por uma questão de preferência eu nunca vi
acontecer...
Dircilene: Por questões cultural, religiosa...
Enfª Denise: não, não e as vezes que eu vi. Ah! Eu não gosto muito assim ..a nutrição
encontrou maneiras de fazer com que ele recebesse.....é ...foi negociado..mas era uma
questão, quando o paciente é jovem, que não gosta...espinafre...creme de
espinafre...voce vê que as vezes sobra no prato o que que o espinafre tem, é rico em
que, o que pode fazer então? de que maneira?...eu já vi assim...porque a pessoa não
gosta daquele alimento, não por uma questão cultural, ou por uma questão cultural,
religiosa, macrobiota, vegetariana, nunca vi nunca abordei.
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Já, já.
COMO PROCEDEU? QUAL O RESULTADO?
75
Resposta: Ah! Chamei a nutricionista, porque eu sei que ela, que num procede ou
não...eu não tenho condições de... porque eu não sei o que tem no cardápio de hoje, o
que que tem na dieta branda? Tem isso e isso...não sei o que tem na líquida, pastosa,
então ela é que vai falar assim... por exemplo: eu to de dieta livre, mas eu não gostei
disso assim, assim...é, então ela com certeza vai falar assim: eu tenho purê que é da
dieta pastosa e tenho carne moída, voce quer? Não, não... essa, a dieta livre é
mastigável, mas a pastosa ela é isso...voce quer com caldo de feijão? ah! Eu quero,
prefiro, porque eu adoro alimento molinho...tá... eu não gosto de frango, eu não gosto
de feijão, então ela vai ouvir isso...de alguma forma ela vai tentar negociar...com
certeza...até porque a comida daqui é gostosinha...é a comida é gostosa é cheirosa,
ela vem toda preparada em descartável...é tudo embalado, tudo lacrado..então existe
sim....a firma que faz a nutrição daqui...então é isso tudo, o apelo...a comida malservida já dá um impacto ruim....a comida bem servidinha, voce vê que já chega
limpinho..tudo...porque a gente começa a comer pelos olhos, né? por ainda não tinha
pensado nisso mais que aquilo não seja o que voce gostaria de comer....ah eu não
gosto de frango, prefiro a carne vermelha...porque o frango...é so conversar...eu acho
que o grupo da nutrição aqui ele tem um cardápio bem facilitador, com dietas pouco
polemicas... imagina! 500 leitos ativos, imagina se a comida fosse complicada! Atender
todo mundo ...a gregos e troianos.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Sim, esse é meu grande segredo. Hoje em dia eu só funciono, sabe
porque? Porque eu trago e distribuo as responsabilidades. A enfermagem não pode
mais só agregar responsabilidades. Se o paciente tem infecção, se o paciente não
comeu, se o paciente ta com infecção respiratória. Não, aqui todo mundo tem sua
participação. A nutrição, o psicólogo, o serviço social. Até eu consegui, até isso eu
consegui,
os pacientes aqui com infecção respiratória aqui morriam porque
broncoaspiravam, porque higiene oral ruim...se broncoaspira, que que precisa?
fisioterapia respiratória preventiva no pré e
pós-operatório, eu ganhei um
fisioterapeuta. A higiene oral é comprometida, então que tal a gente fazer um dueto
com a odontologia? A odontologia vem diariamente aqui...quem limpa a boca dos
pacientes aqui na neurocirurgia, tem quatro meses é a odontologia. Eu sei fazer higiene
oral? Sei, porque? Por que que eu sei fazer higiene oral? Porque meu pai era dentista,
eu tenho três irmãs dentistas. Aí eu pergunto a voce: voce sabe fazer uma boa higiene
oral? Quem, quantos de nós profissionais de enfermagem sabemos realmente fazer
uma higiene oral eficaz?..então peraí...ou vem aqui treinar a equipe ou vem aqui treinar
o que que é, o que que não é, como é que limpa..quem limpa a boca dos pacientes na
neurocirurgia...eu acabei com a infecção respiratória, porque a boca era porta de
76
entrada, uma boca com placa, uma má higiene oral era uma porta de entrada pra
bactérias e a infecção respiratória . Então a fisioterapia..Eu ganhei fisioterapeuta, eu, a
neuro, né? A odontologia pra fazer a limpeza... a nutricionista visita os pacientes, os
médicos operam, a enfermeira tem que higienizar, medicar, trocar decúbito,
pápápápápá....por exemplo, hoje os pacientes subiram pro centro cirúrgico sem trocar
roupa, porque não tinha roupa.... Que que cabe a mim? encaminhar um memorando
pra rouparia, hotelaria, e dizer que meus pacientes hoje não trocaram roupa. E o que
representa que representa pra infecção hospitalar? a CCIH recebeu uma cópia. Então
gerenciar...voce tem que responder a enfermeira do plantão da noite que cabia a ela
preparar o doente e mandar pro centro cirurgico, ela não tinha a roupa, ela notificou,
cabe a mim tomar uma providencia e responder a ela que foi encaminhado um
memorando pro CCIH, pra rouparia, hotelaria, pápápápá.... Então se o paciente me diz
que não aceitou a dieta dele.... ué é básico, é ligar pra nutricionista e falar com ela!!!, é
básico.
3) PESSEGUEIRA
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Existe, muitas vezes existe, muitas vezes existe sim. Perguntar ao
paciente, a família do paciente quais os hábitos alimentares que ele tem, é...se ele tá
há muito tempo sem comer nada, se ele é diabético, se ele tem alguma doença de
base na certa, entendeu?
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS?
Resposta: Se ele tem direito? Geralmente a nutricionista, aí já não é com a
enfermagem, a nutricionista faz uma entrevista com esse paciente e vê o que ele pode
comer e o que ele não pode e tenta adequar a dieta junto a ele, entendeu? Dentro do
que ele pode, dentro o que ele gosta.
77
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Com certeza, questiona mesmo é ouvida, muitas vezes é ouvido outras
vezes não tem como, ele precisa as vezes o paciente precisa daquela proteína, quer
outra, ele não entende, quer outra, por exemplo, ele quer um suco de maça, naquela
hora ele não pode tomar o suco de maça com açúcar, por exemplo, não pode. As
vezes a gente tem que falar com ele. Uma dieta sem sal, ele quer com sal, outras
coisas mais, depende da doença de base, as vezes dá pra fazer, as vezes não.
COMO PROCEDEU?
Resposta: Muitas vezes reclama, principalmente quando a dieta enteral, né? pergunta
até se não pode mudar a cor de feijão, pra uma feijoada que ele tá tomando, entendeu?
A gente fala com ele que não é possível, explica a situação a ele, fala que é por pouco
tempo, entendeu? até que ele vai adequando aquilo ali, dá pena, mas as vezes a gente
não tem como fazer nada não pode fazer nada, principalmente quando é parenteral.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Junto a enfermagem, principalmente comigo dá certo, eu converso, brinco,
falo que ele não tá gastando nada...eu levo na brincadeira, tenta agradar da melhor
maneira, entendeu? Sei que é chato, mas...ele aceita....quando ele não aceita, ai entra
a nutricionista pra conversar, quando continua não aceitando ai tem que chama o
psicólogo faz um trabalho junto a ele.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Olha, multiprofissional isso só praticamente existe no papel, dentro hospital
isso não existe, médico é muuuito individualista, o medico é o rei dos reis, então ele se
acha o tal, então ele não participa junto a enfermagem. Raramente você vai ver uma
equipe trabalhando em conjunto. Eles toma a decisão deles, agora a nutrição muitas
vezes conversa com a enfermagem e chega num acordo. Importante? é importante.
78
4) LARANJEIRA
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Existe sim. Eu acredito que nós somos responsáveis por acompanhar a
alimentação e até auxiliar o paciente quando ele não tem condição de se alimentar
sozinho, né? Quando ele está mais debilitado, tudo mais... os cuidados são pertinentes
à enfermagem, elevar o leito e todas essas situações, então a gente acaba tamem se
envolvendo muito nessa hora da alimentação e houve muitas queixas dos pacientes
em relação ao teor da alimentação. O que ele prefere, o quer não prefere, as vezes em
relação a consistência, o que fica mais fácil pra ele digerir ou não..e então a gente
acaba repassando pro nutricionista todas essas informações...como nós estamos aqui
24 horas ao lado do paciente, somos, a enfermagem ta 24 horas com o paciente, nós
somos realmente a equipe que está mais inteirada de todas as alterações e queixas
desse paciente. Então as vezes ele não conseguem falar com a nutrição, as vezes não
conseguem aqui, as vezes eles não identificam o profissional nutricionista, aí a gente
fala: o nutricionista passou aqui agora, mas eles não sabe quem é, ai ele vem falar com
a gente... ...eu não gosto de comer tal tipo de comida, a dona fulana recebe sopa, eu
preferia uma sopa... ele acaba trazendo pra gente....a gente fala pra nutricionista e
pede pra ele e consegue uma alteração..aqui eu percebo que ele tem facilidade....as
nutricionista interagem bem com a equipe, o que a gente pede a elas estão prontas a
atender...a alimentação aqui e bem diversificada, elas conseguem assim suprir essa
necessidade do paciente...tem pessoas também não tão as vezes tão acostumadas a
determinada alimentação..e até recusa .a pessoa não tem por costume e tem pessoas
de determinada alimentação comer sempre e acaba recusando....e ai acaba retornando
e se alimente por não ter adequadamente esse hábito de comer determinado legume.
Mas, aqui são seis refeições durante o dia ao dia. E eles fazem várias alterações,
dependendo do que o paciente pode, do que está prescrito na dieta dele...eles alteram,
um café com leite, se ele prefere tomar um chá....eles fazem né? Só aqui eu percebo
que o paciente até que tem mais liberdade, não sei se é bem esse termo, mas eu acho
que é porque a gente tá muito tempo ao lado dele..ele sempre vê em nos aquela
pessoa que pode ta resolvendo em qualquer situação......é um exame que ele não foi
chamado e que não foi marcado, assim como também na alimentação.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS?
79
Resposta: Bem eu acredito que sim, não é porque ele está internado numa instituição
hospitalar ela não esta obrigada a consumir determinados alimentos que ela não tem
preferência que ela não goste, tem religiões que a pessoa não come determinados
tipos de alimentos...eu acho que pode ser respeitado....salvo algumas restrições que a
pessoa tenha...tem paciente que tá em dieta hipossódica, coisas desse tipo..se não vai
prejudicar o quadro do paciente..acredito que não há problema nenhum....ele tem
direito sim de pedir algumas modificações na dieta e de ser atendidas.
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
COMO PROCEDEU?
Resposta: Já. Eles reclamam até bastante...já é sempre aquela história, que comida
de hospital é insossa, não tem sal, não tem tempero...eles questionam bastante sobre
isso, o que a gente geralmente a gente faz é confirmar a dieta, se a prescrição é uma
dieta hipossódica..as vezes é dieta branda, dieta pastosa, alguns questionam as vezes
isso..ai a gente consulta a prescrição médica pra ver se tem necessidade de realmente
a dieta ter vindo sem sal, mas geralmente vem sem sal e eles deixam pra ele o
sachezinho com sal, ai a gente confere na prescrição, que as vezes a copeira na hora
de passar acaba distribuindo a alimentação e acaba não foi o sache de sal....as vezes
não gostam de algum suco ai elas conseguem resolver logo com a copeira, e as vezes
quando tem algum tipo de restrição do tipo de fruta..determinada fruta, aí elas
geralmente vem passar ....a nutricionista vem junto com a copeira, a gente tenta
resolver, né? comparar a prescrição pra ver se a pessoa tá em dieta pastosa....alguns à
noite prefere tomar sopa porque se sente mais leve, porque dorme melhor....quando
não tem alguma restrição na prescrição a gente consegue alterar as vezes acha que a
carne vermelha não ta bem cozida, difícil de cortar...ai esse tipo de alteração a gente
passa direto pra nutricionista, na hora a gente não tem como mudar.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Consegue, consegue sim.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
80
Resposta: Ah, eu acredito que sim porque como o próprio nome diz a equipe
multiprofissional é muito importante... cada profissional na sua especialidade contribui
para melhora da cura do paciente, do quadro do paciente, a família tem uma
participação muito importante em todas as decisões, também na questão da
alimentação, também acredito que o envolvimento da equipe com a família é muito
importante, a internação já é algo difícil pra pessoa, você tá doente,você tá com receio
do que pode acontecer, você ta num ambiente diferente ....então a alimentação eu
acho que é uma...o paciente sempre pensa dessa maneira e a gente vê falar isso fora
do hospital sempre dessa maneira.. quando reclama de algum tipo de comida fala
assim, parece comida de hospital sempre tem essa Idea de que é uma comida do
paciente é sem muito gosto, não é uma comida gostosa é uma comida só mesmo pra
suprir uma necessidade de alimentação então eu creio que realmente o envolvimento
da equipe multiprofissional com a família e o paciente é primordial na, no
estabelecimento da alimentação ...aqui por exemplo quem prescreve como será a
dieta do paciente é o médico....se vai ser hipossódica, hipocalórica, líquida, pastosa
mas eu vejo que a nutrição tem a sua autonomia e a gente também, se a gente vê que
o paciente tá desorientando e que ele não tem condições mais de dieta oral, pode
acabar bronco aspirando, mesmo você tomando cuidado tem essa autonomia de igual
pra pedir pra suspender e comunicar o profissional médico que ele transcreva na
prescrição essa suspensão...eu acho que a equipe multiprofissional aqui consegue
interagir bem.
5) MAMOEIRO
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Não. Essa parte é do nutricionista e o médico
2)VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS?
Resposta: Acredito. Relativo a determinados alimentos que o paciente não gosta.
81
ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Já.
COMO PROCEDEU?
Resposta: Encaminho o problema a quem de direito, nutrição.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Encaminho o problema
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Acredito.
6) ABACATEIRO
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Com certeza. A própria aceitação do paciente da dieta ofertada. Por
exemplo, de repente vem uma dieta sólida. Como a gente tá direto com o paciente, a
gente pode tá verificando se esse paciente tem condições de fazer dieta sólida ou não.
Na verdade acho que o enfermeiro acaba sendo uma ponte entre o paciente e a
nutrição, na aplicação direta, na oferta direta da dieta.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE?
Resposta: Dentro das limitações dele sim, dentro da condição clínica dele sim. Por
exemplo, tem que considerar o quadro clínico do paciente, se ele é um paciente
82
hipertenso por exemplo, a gente pode ta ofertando a ele uma dieta propícia pro quadro
dele, mas dando a oportunidade dele, entre as opções, escolher aquela que ele mais
gosta, tem melhor aceitação ...não tem como a gente impor, a gente tem que tentar um
equilíbrio dentre as opções que ele pode, e dentre as opções dar o direito a ele de
escolher. Por exemplo, o paciente hipertenso, se eu tenho duas possibilidades de fruta,
pra que que eu vou obrigar ele a comer uma determinada fruta. Se o hospital, claro
depende da instituição pra instituição, né? Se tiver condições, ne? Olha nós temos
esse e esse. tamem levar, impor e ele não se alimentar não vai adiantar de nada
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Principalmente paladar, tempero. A gente geralmente consegue chamar a
nutrição, mas sim, eu tenho presenciado que a maior queixa é o sal mesmo que ele
acham que tem pouco sal.
COMO PROCEDEU?
Resposta: A agente explica que pelo quadro voltando ainda o caso da hipertensão,
não pode exagerar no sal. ..a maior queixa que tenho percebido é isso.... a falta de
tempero, a falta de sal.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Eu confesso que eu não sei como é que ficou daí pra frente... Pelo menos
aqui no hospital a nutrição é muito solícita. Geralmente a comida de hospital nunca é
igual a de casa, o paciente sempre vai queixar...
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Com certeza, isso é o ideal. Ás vezes é muito difícil conseguir isso na
prática, principalmente em hospitais de grande porte, mas seria o ideal... A
enfermagem monitorando, o familiar dando a dica, como aval da nutrição.
7) BANANEIRA
83
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Sim, orientando o paciente
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE?
Resposta: Sim. Até porque ninguém é obrigado a comer o que não gosta
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Vários.
COMO PROCEDEU?
Resposta: Conversa com a nutrição.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Consegue resolver
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Sim a gente orienta a família, inclusive na alta.
8 ) AÇAIZEIRO
84
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: O enfermeiro vai estimular o paciente a receber essa alimentação
colocando a ele os benefícios que vai fazer na sua recuperação, orientando. Também
informando a nutrição o que ela pode fazer, o que ele goste, de repente, dentro da
dieta dele a gente pode trocar o que ele não gosta por outra...
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS?
Resposta: Sim, trocando o que ele não gosta...a cabe a enfermeira tá informando a
nutricionista as preferências do paciente.
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
COMO PROCEDEU?
Resposta: Vários pacientes. Isso ai ta sempre ligado a outra pergunta....o paciente
reclama, a gente fala com a nutrição e consegue adequar ao que eles gostam.
QUAL O RESULTADO?
Resposta: Dá certo, conversando a gente consegue adequar.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Eu acho porque a nutrição porque fora a dieta oral tem dieta enterais que o
paciente recebe, então ela vai ver o que e melhor pro paciente, pra sua recuperação, e
dentro da equipe, tem enfermeiro na nutrição... e é importante a família porque na alta
do paciente a enfermagem orienta, depois a nutrição orienta, e depois o médico
também pra passar pra família como administrar essa dieta...
9) COQUEIRO
85
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO?
Resposta: Eu acredito que sim.
QUAL?
Resposta: Sim porque a gente...tá vendo... pode de acordo com a patologia do
paciente, de acordo com os problemas de saúde que ele teve, é qual a
dieta...trabalhando junto com a nutrição, qual a dieta que seria melhor pro paciente e as
preferências dele. A parte da medicação também é importante.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO
SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS?
Resposta: Sim. Se é... o hospital tem uma variedade naquele dia de alimentos que
possam ta sendo oferecidos ao paciente , e por exemplo não come carne vermelha,
mas come frango, coisa assim, eu acredito que não tem problema nenhum...se a gente
pode ta substituindo aquela proteína, ou aquela vitamina que o paciente teja
necessitando mais, por um alimento que seja a preferência dele é melhor..
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Já.
COMO PROCEDEU?
Resposta: Liguei pra nutrição e perguntei se no cardápio naquele dia tinha alguma
coisa que pudesse ser oferecido a ele, que ele gostasse e também falei a nutrição que
ele não comia aquele tipo de alimento..se podia mandar um outro que ele gostasse,
que fosse da preferência dele.
QUAL O RESULTADO?
86
Resposta: Atendeu. Ficou.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Acredito porque a dieta pode ser também terapêutica, como eu já disse, de
acordo com as necessidades do paciente, proteínas, vitaminas, minerais a gente pode
ta adequando essas necessidades a preferência dele, eu acredito por conta disso, da
mesma forma o alimento como uma forma terapêutica.
10) CAJUEIRO
1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU
CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL?
Resposta: Aqui não existe esse papel, existe a nutricionista que avalia o paciente, é
as condições dele, e de acordo com as condições de acordo com as condições dele
ela vai prescrever um a dieta, então assim, o enfermeiro contribui observando se houve
boa aceitação para com a dieta.
2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS SOBRE A DIETA
ALIMENTAR DELE? QUAIS?
Resposta: Na minha opinião, na minha opinião acho que não... acho que não porque,
muitas da vezes eles não tem esse conhecimento, o que necessita pra contribuir pra
que eles..pra essa dieta possa restabelecê-lo...muitas das vezes não é necessário que
ele comente nada a não ser o próprio profissional de saúde, a enfermeira interagindo
com a nutrição....
Dircilene: E se for direitos em relação ao tipo de alimento: veio batata e ele não gosta
de batata, veio abobora e ele não gosta de abobora?
Enfermeira Márcia: Aí sim ele pode interagir com a nutricionista, aí de repente ela
pode já entrar em comum acordo, tentar colocar um outro alimento possa ser eficaz,
né?...ele não precisa se alimentar daquele alimento que ele não gosta mas ela pode
fazer uma troca né?, mas que seja uma fonte pra que ele se restabeleça, no caso.
87
3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA?
Resposta: Nessa enfermaria nesse momento não. Até agora ainda não.
4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL:
ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR?
Resposta: Seria ótimo, mas infelizmente aqui não funciona assim, mas eu acredito
que ficaria muito bom essa interação, observando, né? iria contribuir muito.
PACIENTES
1 -MAGNÓLIA
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Pode muito, né? Pode sim, são muito popular, eles, né?. Eles amam o que
faz. Eu to aqui muito bem tratada por eles.
2) A SENHORA ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTA À
ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE PRA MIM.
88
Resposta: Olha filha, eu não sei porque geralmente a comida é muito boa, então eu
tenho assim ah! Eu quero isso, eu quero aquilo outro, não porque a comida que vem e
muito boa a comida é ótima, bastante comida...é ótima eu não tenho o que falar.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU RECORRERIA EM
CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta:
A com a ..como é que diz?...a que bota a alimentação que vem ...a
copeira..eu ia recorrer a ela a ela e ia falar.
2 -OTÍLIA
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Contribuir na minha alimentação? Eu acho que quem faz isso é a
nutricionista, entendeu? e ela que dá..ela é que define o que você.. o paciente deve
comer ou não..ela é que define, essa é a minha opinião.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTA À ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Não, na minha opinião não, porque ele tá num hospital, não está na casa
dele. Então eu acho que ele deve comer o que tá escrito lá, o que os medico passar
que você determine comer aquilo, que você tá de dieta ou não, não eu não posso exigir
não.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO
DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: Sobre alimentação? Nutricionista. Era ela.
3 - TULIPA
89
1) NA SUA OPINIÃO, COMO O ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA
MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE
INTERNAÇÃO?
Resposta: Eu acho que oi primeiro contato que o paciente tem numa instituição
hospitalar é, alem do médico, o enfermeiro. Então é nessa hora que o enfermeiro vai
indagar tudo relacionando a vida desse paciente, e em relação até mesmo a
alimentação por que há uma importância muito grande em relação à alimentação
também pode estar relacionado com a patologia que o paciente apresenta no momento
como é uma equipe multidisciplinar a quer dizer multiprofissional essa informação é
passada ao enfermeiro pelo paciente é levada a nutrição e ai por diante desencadeia
uma ligação (coisa não identificada) de comunicação.
2) VOCÊ ACHA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS COM A ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE PRA MIM.
Resposta: Com toda certeza o paciente tem direito de se alimentar daquilo que bem
lhe convier dentro do padrão do hospital, ele não é obrigado a comer de uma coisa, de
se alimentar de uma coisa que ele não digere bem, que não gosta por que ele é
obrigado, o que o hospital tem que fazer é se aproximar ao máximo ao paladar do
paciente. Se ele não gosta de abóbora ofereça outra coisa semelhante que contenha
as mesmas propriedade, as vitaminas e que se aproxima do conteúdo nutricional,
calórico que a abobora. Vamos supor então a opção da substituição, ele não é
obrigado a se alimentar daquilo que não gosta. No caso, aconteceu até comigo, eu não
gosto de café com leite, foi me apresentado variedades e isso é muito importante, a
satisfação nessa hora que o paciente precisa pra que ajude na recuperação, e
restabelecimento da sua saúde.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCÊ RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE
ALGUMA NECESSIDADE NA SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: Nó somos aqui muito bem acompanhados pelo serviço nutricional, temos
visitas diárias tanto de manha, como de tarde e noite. A nutricionista, vem de leito em
leito, perguntar se estamos satisfeitos, na admissão, é feita toda uma entrevista
relacionando a alimentação é relacionando o que é costume do paciente usarmos na
alimentação diariamente ela vem saber se estamos satisfeitos com a dieta se
queremos mudar alguma coisa e isso é realmente feito nessa instituição e eu acho isso
muito certo e estão de parabéns.
90
4 -HORTÊNSIA
1) NA SUA OPINIÃO, COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA
MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE
INTERNAÇÃO? COMO ACHA QUE ELE PODE FAZER?
Resposta: O enfermeiro em caso de dúvida, ele pode esclarecer a alimentação que
nós temos tendo sabe, pode esclarecer, ele contribui com nós fazendo a pergunta e ele
podendo esclarecer o porque dessa alimentação.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO A ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO NO HOSPITAL?
Resposta: Sim, pode haver pro paciente sim. Desde que ele não prejudique a
alimentação né? Indicada pela nutricionista, porque a nutricionista indica a alimentação
de acordo com o seu caso, com a sua necessidade.
3) NESSE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU A QUEM A SENHORA
RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO Á SUA DIETA
ALIMENTAR?
Resposta: Eu recorreria a nutricionista, porque está sempre disponível, né? para
qualquer dúvida quanto essa dieta. Então seria sempre a nutricionista que eles
realmente eles se importa, nos temos diariamente a visita deles pra saber se estamos
satisfeito ou não nesse regime alimentar e se estamos aceitando bem esse regime
alimentar...então seria sempre com a nutricionista.
5 - PRÍMULA
91
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA DIETA
HOSPITALAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Prestando atenção no estado do paciente, até perguntando a ele seus
gostos, embora muitas vezes ele não possa comer de tudo, mas prestar atenção no
paciente e perguntando o paciente.
1) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Sim, desde que essa escolha não prejudique seu estado de saúde. Pra isso
o nutricionista é formado, pra dizer se aquele tipo de comida faz bem ou mal no estado
de saúde que o paciente se encontra.
2) NESTE HOSPITAL A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE
ALGUMA NECESSIDADE QUANTO A SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: Ao nutricionista
6 – FLÔR- DE- LOTUS
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Não sei como responder essa pergunta.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Eu acho que não. Pra isso tem a nutricionista, né? É ele que faz as
perguntas. Eu acho que é com o nutricionista mesmo.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU RECORRERIA EM
CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: Com o médico. Só isso.
92
7 - BEGÔNIA
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Porque aqui no caso é mais o nutricionista é que monta essa minha dieta.
Então o que posso..que que o enfermeiro pode contribuir pra isso aí é ele no caso se
o paciente tiver precisando de uma ajuda, ele ajudar, o que se encontra muito é que o
paciente não consegue pode comer direito...então eu acho que o que ele pode
contribuir é ajudar o paciente a comer, porque as vezes ele não consegue levar uma
colher à boca, e contribuir de modo geral com a higiene também da comida...no caso
aí quando a copeira vem trazer a comida. O nutricionista é que faz mais essa parte aí
de bolar o cardápio, de ver o que é melhor pra cada paciente.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Olha eu acho, eu acho que o paciente tem direito desde o momento que ele
não esteje com nenhum problema...eu acho que quando o paciente é diabético ou tem
pressão alta, ele não pode por exemplo escolher uma comida com muito sal, ai ele não
vai poder escolher....agora se um paciente que não tem pressão alta, que foi
constatado que ele não tem diabete, que ele e uma pessoa que ta ali de repente para
fazer uma cirurgia de pequeno porte, eu acho até que ele tem direito de solicitar
alguma coisa que ele queira...um prato melhor...tipo um iogurte, uma comida que ele
queira porque as vezes ele não gosta, aí vem aquela marmita naquela quentinha vem
comida que ele não quer, ai o que acontece? Ele joga tudo fora....há um desperdício
tamem de comida
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE
ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: Ah! Eu recorro a todo mundo aqui nesse hospital, minha filha....olha tem a
Dra. Mônica que é nutricionista maravilhosa, uma pessoa com um coração imenso, que
93
uma profissional que ela exerce bem a profissão dela de nutricionista..porque ela sabe
fazer um cardápio balanceado, e ela ao mesmo tempo que ela sabe fazer o cardápio,
ela é uma pessoa flexível naquilo que o doente também quer e precisa, né? eu recorro
também aqui as enfermeiras, que são pessoas tamem aqui nesse hospital eu gosto
muito, porque são muito competentes, toda regra as vezes tem exceção e tem uma que
não condizem muito com a profissão, mas geralmente são umas pessoas boas e eu
recorro sim nessa parte de nutrição....quando eu quero reclamar alguma coisa de
alimentação sempre a nutricionista, a enfermeira. Eu nunca vou ao médico, eu nunca
vou ao médico pra fazer reclamação nenhuma, eu sempre vou a nutricionista ou a
enfermeira pra qualquer problema sobre a parte nutricional.
8 –LÍRIO
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Como um enfermeiro pode contribuir...Pode contribuir quando....geralmente
na alimentação...pode contribuir em dar a alimentação para o paciente, ser voluntário
com o paciente, ser uma pessoa, né? compreensivo com o paciente, alimentar o
paciente quando for necessário, tanto no café da manhã, como no almoço, como no
lanche da tarde, como na janta, como na ceia de nove hora, deveria ser paciente com
cada paciente que se encontra aqui dentro desse hospital.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA
DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Tem sim... o paciente tem direito porque..porque ele aqui tá a critério do
hospital do enfermeiro, dos doutor e também da nutricionista... então nem todo
paciente pode comer qualquer coisa... ele não tem direito de escolher por causa disso
nem todo paciente tá sujeito a comer de qualquer coisa, se alimentar de todo tipo de
alimentação que ele gosta, ele tem direito de escolher sim.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE
ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
94
Resposta: Primeiramente pra nutricionista que sempre passa aqui toda a manhã
perguntando cada um de nós como é que tá a alimentação, primeiramente a ela, se ela
não pudesse me atender, eu iria em cima da chefe que é a na enfermeira-chefe do
hospital daqui do nosso setor...eu ira em cima da nutricionista, se ela não pudesse me
atender, eu iria em cima da enfermeira-chefe.
9 - COPO-DE-LEITE
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: É... a enfermagem eh... tem muito pouco acesso á essa parte, pelo que eu
tenho visto aqui...porque aqui quem traz aaa comida é o pessoal da copa, e quem faz
essa dieta na realidade é o nutricionista, o enfermeiro na maioria das vezes nem ele
aqui se encontra...ele só contribui no caso do paciente dos pacientes que não pode
comer sozinho, daí eles fazem essa alimentação, né?..no caso da gente que tem
autonomia não, .ele nem se fazem presente nesse horário, entendeu? então eu acho
que ele contribui no nosso caso muito pouco...só no caso de quem não sabe se
alimentar sozinho daí eles tem que dar esse alimento corretamente pra essas
pessoas, sabendo dar pra essas pessoas pra não dar nenhum problema.
2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA
ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Tem, mas muito restrito, porque não existe um direito total... porque a
nutricionista coloca pra nós dentro do que eles tem e nosso direito é escolher dentro
daquilo ali, eles tem umas três opções não tem como pedir uma coisa fora do que eles
colocam pra gente...hoje mesmo no café da manhã, eu falei com ela que eu não queria
suco ou refresco eu prefiro café com leite mas se eu fosse escolher uma outra coisa,
eu já não poderia, um achocolatado , eu já não poderia, dentro do que eles tem, nós
temos que escolher.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE
ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
95
Resposta: A nutricionista, somente a ela, a nutricionista.
10 - CRAVO
1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA
ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
Resposta: Enfermeiro nenhum pode contribuir na alimentação de doente nenhum. Só
a nutrição e mais ninguém
2) O SENHOR ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À
ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE.
Resposta: Tudo depende do estado do paciente e a nutrição. Só isso só, entre o
paciente e a nutricionista.
3) NESTE HOSPITAL, A QUEM SENHOR RECORRE OU RECORRERIA EM CASO
DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR?
Resposta: A nutricionista mesmo, não tem outra pessoa a que reclamar.
96
GRÁFICOS
Gráfico nº 1
COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM
DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE
INTERNAÇÃO?
4,5
ORIENTANDO E
ESCLARECENDO O
PACIENTE
4
3,5
AJUDANDO-O A SE
ALIMENTAR
3
2,5
NÃO PODE
CONTRIBUIR
2
1,5
SENDO ATENCIOSO
COM O PACIENTE
1
0,5
NÃO SOUBE
0
1
97
Gráfico nº 2
VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE
QUANTO A ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO?
6
5
NÃO SABE
4
NÃO
3
2
SIM
SIM, MAS NÃO TOTAL
1
0
1
Gráfico nº3
NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCÊ RECORRE OU
RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE
QUANTO A SUA DIETA ALIMETAR?
8
7
6
5
4
3
2
1
0
COPEIRA
NUTRICIONISTA
MÉDICO
1
98
Gráfico nº4
NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL
OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO?
3,5
3
EDUCATIVA, ORIENTAÇÃO
ALIMENTAR O PACIENTE
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Gráfico nº5
ADMISSÃO
ATUANDO JUNTO COMO A
NUTRIÇÃO
PONTE PARA COMUNICAÇÃO
COM A NUTRIÇÃO
99
Gráfico nº6
Gráfico nº7
100
101
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Dados de identificação
Título do Projeto: “AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA
ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO”
Pesquisador Responsável: Dircilene de Almeida Pereira Gonçalves
Orientadora: Profª Solange Borges Cassiano
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Fundação Técnico Educacional Souza
Marques – Escola de Enfermagem.
Telefones para contato: (21) 3837-5506 - (21) 9358-6582 - (21) 2474-6414
Nome do voluntário: _________________________________________________
Idade: _____________ anos
R.G. ___________________________________
Responsável legal (quando for caso): ___________________________________
R.G. Responsável legal: _________________________
O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa: “AÇÕES DE
ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE
HOSPITALIZADO”, de responsabilidade do pesquisador _Dircilene de A. Pereira Gonçalves.
Este projeto tem por objetivo buscar identificar formas de participação mais efetiva por parte
do enfermeiro (a) junto às preferências alimentares dos pacientes hospitalizados. Esta é uma
necessidade constante, pois a alimentação do paciente envolve não somente a parte
nutricional, mas também fatores sociais, culturais e religiosos dos quais muitas vezes o
indivíduo hospitalizado tem dificuldade em adaptar-se no momento em que se vê internado.
Sendo o enfermeiro o “cuidador” e profissional mais próximo do paciente, pode ele gerenciar
dirimir tais dificuldades, pois está capacitado para atuar na equipe multidisciplinar.
Para participar voluntariamente com o projeto de pesquisa, é necessário que o Sr. (a)
responda à algumas perguntas, cujas respostas serão gravadas e posteriormente utilizadas
pelo pesquisador, contribuindo para uma reflexão mais incisiva no assunto. Outrossim, o Sr.
(a) terá sua identidade mantida em sigilo, não sofrerá nenhum tipo de represália, e poderá
cancelar sua participação no momento em que desejar.
Qualquer dúvida posterior, ou desejo de cancelamento de participação, favor entrar em conto
por meio de algum dos telefones citados acima, em qualquer dia e horário, ou pelo e-mail:
[email protected].
Eu,______________________________, RG nº _____________________ declaro ter sido
informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
Ou Eu,_____________________, RG nº _____________, responsável legal por
__________________, RG nº __________declaro ter sido informado e concordo com a sua
participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito.
Rio de Janeiro, _____ de ____________ de _______.
______________________________________
______________________________________
Nome e assinatura do paciente ou seu responsável legal
Nome e assinatura do responsável por obter o consentimento
______________________________________
__________________________________
Testemunha
Testemunha