Fundação Técnico Educacional Souza Marques – FTESM FACULDADE DE ENFERMAGEM AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO DIRCILENE DE ALMEIDA PEREIRA GONÇALVES Rio de Janeiro 2009 DIRCILENE DE ALMEIDA PEREIRA GONÇALVES AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO Monografia apresentada à FTESM como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Enfermagem. Orientadora: Solange Cassiano Borges Co-orientadora: Cilmara Cristina Castro Rio de Janeiro 2009 G Gonçalves, Dircilene de Almeida Pereira. Ações de enfermagem para subsidiar a preferência alimentar do paciente hospitalizado / Dircilene de Almeida Pereira Gonçalves. – 2009. 43. f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro, 2009. Orientadores: Solange Cassiano Borges, Cilmara Cristina Castro. 1. Pacientes hospitalizados - Nutrição. 2. Relações enfermeiro-paciente. 3. Necessidades básicas. I. Título. CDD 613.2 ANEXO A ENCAMINHAMENTO DE MONOGRAFIA Sr. Diretor – Faculdades Souza Marques Apresento a monografia: ........................................................................................................................ .................................................................................................. Elaborada pela aluna: ............................................................................................................. Sob minha orientação. Declaro que o trabalho atende os requisitos fixados pela Resolução nº 11/84 do Conselho Federal de Educação e demais normas aplicáveis. Solicito a designação da Banca Examinadora, nos termos do Regulamento desta Faculdade. Rio de Janeiro, ........ de ..................................................de 2009-11-08 ___________________________________________ Profª Orientadora: Solange Cassiano Borges _____/______/_______ Data ______________________________ Visto do Coordenador ___________________________________DEDICATÓRIA Ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo que em meio as inúmeras bênçãos concedidas, me agraciou com a oportunidade de estudar, realizando um sonho acalentado de 20 anos. Aos meus queridos pais Manoel Vicente Gomes Pereira e minha mãe Margarida Maria de Almeida Pereira, para os quais não existem palavras que sejam suficientes para expressar o que significaram e significam para mim. ______________________________AGRADECIMENTOS Ao meu esposo e companheiro, jóia preciosa que o Senhor Jesus me deu e com quem tenho partilhado meus sonhos, desejos e realizações nos últimos 27 anos. Aos meus filhos Leonardo e Elida Cristina, meus grandes amores, que me inspiram a lutar por meus objetivos, obrigada pela compreensão e apoio. Ás minhas irmãs, e em especial à mui amada Dayse, à sogra-mãe Maria da Penha, sempre presente, minha grande amiga Débora. Aos meus irmãos e irmãs no Senhor, obrigada por vossas orações. Aos meus professores, pela dedicação e apoio dispensados a mim. Aos meus colegas, na verdade muitos hoje considero como amigos. À minhas queridas Profª Geysa, Rosana. Voces me ensinaram lições que estão além dos livros. Ao Profº Paulo São Bento, com muito carinho. À minha querida Profª e Co-orientadora Cilmara Cristine, seu coração é enorme e eu sei que estou lá dentro. À minha querida Profª e Orientadora Solange Cassiano Borges. Você foi e tem sido instrumento de Deus para me abençoar. Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar. Carlos Drummond de Andrade RESUMO Partindo da dicotomia enfermagem-cuidar e da alimentação como necessidade humana básica, de acordo com a escala de Maslow, sob a luz do referencial teórico de Wanda Horta, envolvendo com seus aspectos sociais e culturais, peculiares a cada individuo, faz-se importante reflexão quanto ao posicionamento do enfermeiro nesta questão. O cenário do estudo, o Hospital Geral de Bonsucesso, localizado na cidade do Rio de Janeiro e os sujeitos da pesquisa: 10 pacientes internados e 10 enfermeiros que desenvolvem suas atividades neste hospital. A coleta dos dados foi efetuada por meio de entrevista semi- estruturada, para desta forma, analisar as percepções de pacientes e enfermeiros nas questões alimentares e na interação paciente-enfermeiro. Concomitantemente, foi possível avaliar a postura do enfermeiro quanto a sua competência e participação a equipe multidisciplinar na atualidade, uma vez que nos primórdios do sistema de hospitalização a dieta alimentar do paciente internado é elaborada e gerenciada pela enfermagem. Palavras chaves: 1.pacientes hospitalizados – Nutrição. 2. Relações enfermeiropaciente. 3. Necessidades Básicas. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Foto Wanda Horta ------------------------------------------------31 FIGURA 2 – Piramide de Maslow ---------------------------------------------34 SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................. ....11 1.1 Metodologia............................................................................................................ .16 2. APROXIMAÇÃO AO TEMA ....................................................... 19 2.1 Alimentação....................................................................................................20 2.2 Breve referência sobre os direitos dos pacientes hospitalizados...................23 2.3 A insurgência dos direitos dos pacientes.......................................................26 2.3.1 Os direitos dos pacientes adeptos à dietas restritivas na rotina hospitalar...28 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................30 3.1 Wanda Horta e sua trajetória profissional.......................................................31 3.2 A influência de Maslow na Teoria das Necessidades Humanas....................34 4. REFLEXÕES SOBRE O PROPOSTO........................................37 5. DISCUSSÃO DOS DADOS.........................................................42 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................65 ANEXOS...............................................................................................68 I –Transcrição das Entrevistas................................................................................69 II – Gráficos.............................................................................................................96 III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............................................101 11 CAPÍTULO 1 ___________________________________________________ CONSIDERAÇÕES INICIAIS Já em 1860, Nightingale enumerava indicadores do descuido com a alimentação do paciente hospitalizado – problemas no horário da alimentação hospitalar e fome na internação devida à inobservância das necessidades do doente. NIGHINGALE,1860 apud ROMANELLE, 2006 12 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A dieta alimentar oferecida aos pacientes durante a internação é tão antiga quanto o sistema de hospitalização. De acordo com Godoy et al (2007), dizem que mesmo antes da existência do sistema hospitalar, quando os cuidados aos pacientes eram prestados por religiosas como forma de exercerem a caridade, a alimentação integrava o precário pacote de atendimentos dispensados. O hospital iniciou sua função terapêutica no final do século XVIII, quando passou a ser aberto à visitação e observação sistemática. Antes era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres e de segregação e exclusão do doente, servindo assim tanto para recolher os doentes quanto para proteger os demais do perigo que representavam. A assistência material e espiritual concentrava-se nos últimos cuidados e no sacramento. O pessoal do hospital praticava a caridade para conseguir a própria salvação (FOUCAULT, 1996 apud ROMANELLE, 2006). Com base em Romanelle (2006), pode-se afirmar que gradativamente foram incorporadas tanto no sistema hospitalar quanto na dieta oferecida aos pacientes diversas mudanças. O sistema deixou de ser socialmente assistencialista adotando um modelo tecnicista, enquanto que a alimentação estritamente caseira, oferecida com o intuito de matar a fome, tornou-se parte integrante do processo de cura do doente. Na verdade, o conhecimento científico e nutricional dos alimentos, a forma como interferiam na saúde do doente, não era conhecido. Tudo o que as caridosas freiras sabiam é que o doente precisava comer para se recuperar. Contudo, já em 1860, Nightingale enumerava indicadores do descuido com a alimentação do paciente hospitalizado – problemas no horário da alimentação hospitalar e fome na internação devida à inobservância das necessidades do doente 13 (NIGHINGALE,1860 apud ROMANELLE, 2006). Com avanço científico, patologias foram estudadas, novas drogas e tratamentos descobertos. Muitas pesquisas em torno da função nutricional dos alimentos, sua interação com fármacos indicações e contra-indicações em relação a determinadas doenças possibilitaram a padronização da alimentação oferecida aos pacientes de acordo com as necessidades e patologias dos mesmos, seguindo a prescrição médica, conforme descrição na obra de Godoy et al (2007). O papel do enfermeiro frente aos direitos do paciente e sua influencia quanto à dieta alimentar durante o período de hospitalização é o objeto deste estudo. Sendo o enfermeiro o cuidador, o profissional preparado para cuidar do paciente como um todo, como um individuo e não como uma patologia, deve estar atento a todas as necessidades do paciente, seus direitos como individuo, acompanhando de perto e influenciando nas situações conflitantes, seja com pacientes ou familiares de forma educativa. De acordo com a Escala de Necessidades Humanas Básicas de Maslow, a alimentação está classificada entre as biológicas básicas. Porém, ainda sustentada por Romanelle (2007), longe de atender apenas uma necessidade estritamente fisiológica, a alimentação também está envolvida com fatores intrínsecos do ser humano abrangendo o emocional, social, econômico, cultural e religiosidade do indivíduo. Partindo desta constatação, este estudo busca alertar o profissional de enfermagem quanto à importância de suas ações frente aos direitos do paciente e sua influência na dieta alimentar durante o período de hospitalização por meio de uma análise quanto à representatividade da alimentação para o ser humano. No modelo atual, a dieta alimentar do paciente hospitalizado é esquematizada de acordo com a patologia conforme prescrição médica e aplicada por meio do nutricionista. Ao enfermeiro recai a responsabilidade de educar, acompanhar a efetivação da dieta prescrita. 14 O enfermeiro é o profissional habilitado para atuar no processo educativo e adaptação do paciente frente à sua nova realidade, pois de acordo com Mintz (2001), ele está limitado em seu direito de se colocar como sujeito social, de expressar as origens de sua cultura, memória e identidade e de opinar sobre a forma como está sendo alimentado, uma vez que o modelo das tecnologias de saúde representa-o como 'máquina biológica', passiva e submissa ao tratamento, e ignora as raízes simbólicas e culturais das expectativas da cura que pressupõem também o ato de se alimentar. Sendo assim, exige-se então um trabalho educativo visando à adesão do paciente e a participação da família. Na realidade, são inúmeras as dificuldades enfrentadas pela enfermagem nesta questão, pois a alimentação inclui não somente necessidades biológicas instintivas voltadas para a manutenção e preservação da vida, como fatores emocionais, sociais e culturais estão relacionados com a comida e não é o fato de estar hospitalizado que fará com que o indivíduo os anule sem resistência ou sentimento de perda. Na prática, muitos são os relatos de pacientes que não progrediam na terapêutica durante a hospitalização por consumir alimentos restringidos escondidos em seus pertences, ou trazidos por familiares sem autorização prévia. Para o paciente, abrir mão de sua autonomia e individualidade na satisfação de uma necessidade tão complexa e intrínseca é algo que carece de todo um aparato e preparo de um profissional com capacidade de visão holística, e que esteja pronto para saber lidar com esta problemática. Neste estudo, e direitos do paciente de ter suas referências sociais, emocionais e culturais observadas na dieta hospitalar durante a hospitalização serão ressaltados. Em prosseguimento, com uma compreensão globalizada do assunto será possível identificar meios de participação ampliada por parte do enfermeiro neste processo. Buscar explicações, informações e meios que justifiquem situações marcantes ou mesmo traumáticas vividas sempre fez parte do ser humano. Com a 15 autora não foi diferente. Em julho de 1994, ao dar à luz pela segunda vez, viveu uma experiência conflitante na maternidade envolvendo sua dieta alimentar. Após informar técnicos de enfermagem a respeito de seus hábitos alimentares, recebeu a visita da enfermeira responsável pelo setor, e, ao solicitar dieta lacto-ovo-vegetariana, isenta de cafeinados da qual era adepta há pelo menos dez anos, recebeu apenas uma resposta impositiva. Segundo a enfermeira, a decisão cabia à autora: ou ela se submetia à dieta alimentar que era oferecida à todas as demais puérperas, ou ficaria sem se alimentar pois a instituição era pública e não trataria de forma diferenciada a nenhum paciente em nenhuma situação. Da mesma forma, foi-lhe negado diálogo com o nutricionista e autorização aos familiares para que trouxessem sua alimentação rotineira e até mesmo frutas ricas em fibras. O exemplo de intransigência foi adotado pelos plantões seguintes. Foi torturante para a autora permanecer as primeiras 24 horas de puerpério, com intenso sangramento, já amamentando, sem se alimentar. As equipes de enfermagem cumpriram à risca todas as ameaças feitas à paciente, enviando apenas os alimentos cárneos, com o aviso “ou come, ou fica com fome”. Indignação, revolta, tristeza foram os sentimentos suscitados por uma paciente que se sentia discriminada, aviltada por não ter seus direitos como ser humano respeitados. Mesmo o leigo tem em seu íntimo a idéia de que enfermagem está associado "cuidado”, e, em resultado disso prevaleceu uma grande decepção quanto ao desempenho destes profissionais. Mediante os fatos descritos, decidiu a autora partir para uma investigação sobre o assunto. A relação enfermeiro-paciente abrangendo muito mais que serviços prestados de forma mecânica quanto aos cuidados, mas sim, o respeito ao ser humano de forma peculiar, observando seus caracteres sociais, emocionais e culturais e religiosos, especialmente neste momento tão significativo que é o da alimentação. 16 1.1 Metodologia O presente estudo classifica-se como descritivo elaborado com abordagem qualiquantitativa. Os dados qualitativos, obtidos através de pesquisa de campo, são interpretados e representados por numerais, quantitativamente. Segundo MINAYO (1994), escolha do método deve ser feita de acordo com a conveniência e objetivos que a pesquisa visa alcançar. Soares (1994), em outras palavras nos diz que: “. que a vida olhada de forma retrospectiva faculta uma visão total de seu conjunto, e que é o tempo presente que torna possível uma compreensão mais aprofundada do momento passado.” Diante das inquietações da autora, decidiu-se optar pela pesquisa de avaliação, que de acordo com o propósito de avaliar um programa, tratamento, política ou prática profissional. O Cenário escolhido foi o Hospital Geral de Bonsucesso, onde portas me foram abertas para desenvolver o estudo pretendido. Quanto aos sujeitos: foram selecionados 10 enfermeiros de variadas clínicas, de diversos tempos de serviço e não foi levado em consideração nem idade e nem sexo. Já os pacientes, também em número de 10, houve opção por: pessoas letradas e maior de idade – devido à praticidade relacionada à necessidade de ler o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e sua assinatura, pacientes lúcidos e orientados e que estivessem em dieta oral. O instrumento de coleta de dados, utilizados para todos os sujeitos, foi a entrevista com foco, com perguntas elaboradas, e direcionadas por um guia de tópicos, contendo perguntas com o objetivo de que fosse possível extrair o máximo de informações e experiências vividas dos enfermeiros e pacientes. 17 De acordo com Minayo (1994), esta técnica nos permitirá: “... nos permitirá enumerar de forma mais abrangente possível as questões que o pesquisador quer abordar no campo , a partir de suas hipóteses ou pressupostos advindos, obviamente, da observação do objeto de investigação.” Respaldados na Resolução 196/96, os sujeitos do estudo tiveram garantidos o sigilo, o anonimato – os nomes verdadeiros foram substituídos – para os pacientes foram utilizados nomes de flores e para os enfermeiros nomes de árvores. A decisão de deixar o estudo a qualquer momento sem prejuízo de sua terapêutica na instituição foi assegurado para os pacientes, e para os enfermeiros a garantia do anonimato lhes assegurou qualquer tipo de represália possível. Também foi garantido que em nenhum momento haveria despesas para os participantes. As perguntas direcionadas aos enfermeiros tinham por objetivo captar suas impressões e opiniões quanto ao papel do enfermeiro, no que diz respeito aos direitos dos pacientes, na dieta alimentar dos mesmos durante a hospitalização. Também se buscou ouvir as experiências nesta questão e atitudes tomadas diante de situações diferenciadas ou inusitadas envolvendo pacientes e/outros profissionais da equipe tais como nutricionistas e médicos. Já referente aos pacientes, as perguntas objetivavam averiguar se conheciam e/ ou que pensavam sobre seus direitos quanto à alimentação durante o período de internação e a quem recorreram ou como agiram em defesa dos mesmos. Desta forma, o objetivo também será avaliar o grau de expectativa do paciente em relação ao enfermeiro nesta questão. Foi utilizado gravador em todas as entrevistas, sempre com a autorização prévia dos entrevistados, sendo este material criteriosamente analisado. É importante ressaltar que o trabalho será construído à luz do referencial teórico de Wanda Horta. 18 Algumas dificuldades para a elaboração desse trabalho surgiram, desde o aprendizado da escrita científica, que exigem normas rígidas para a produção, perpassando pela inexistência de um Comitê de Ética na minha instituição de ensino, lacuna essa já preenchida atualmente até a de encontrar literatura sobre o assunto na área da enfermagem, sendo necessário recorrer a outras ciências. Porém, outras portas me foram abertas, e através do Centro de Estudos do Hospital Geral de Bonsucesso, o qual aceitou meu estudo em primeira instância, pude ter a alegria de prosseguir a pesquisa da maneira que havia escolhido desde o início: a pesquisa de campo com pessoas: pacientes e profissionais enfermeiros. Não posso deixar de mencionar o quanto foi agradável esse caminhar. Bem sei que é apenas um começo, que tudo o que se segue é embrionário, mas valorizo cada vitória que a vida me proporciona. 19 CAPÍTULO 2 APROXIMAÇÃO AO TEMA A alimentação é o processo biológico e cultural que se traduz na escolha, preparação e consumo de um ou vários alimentos. Atkinson e Muray, 1989 20 2.1. A ALIMENTAÇÃO A alimentação é o processo biológico e cultural que se traduz na escolha, preparação e consumo de um ou vários alimentos. A nutrição é o estado fisiológico que resulta do consumo e da utilização biológica de energia e nutrientes em nível celular. São dois processos que nem sempre ocorrem simultaneamente ou de forma saudável. De acordo com Atkinson e Muray, 1989, a nutrição é essencial à sobrevivência. Nutrição adequada é necessária ao crescimento de novas células, manutenção das células existentes, e destruição e substituição de células velhas e lesadas por meio dos nutrientes. Há seis classes de nutrientes: carboidratos, proteínas, vitaminas minerais e água. Quase todos os alimentos contêm misturas de carboidratos, gordura e proteína, mas muitos alimentos são especialmente ricos em um ou outro elemento. Como tem lembrado Panato et al (2007), a alimentação quando realizada de forma equilibrada contribui para a manutenção da saúde e prevenção de doenças, sendo assim, merece especial atenção. Uma alimentação saudável é aquela que contém todos os nutrientes necessários para a manutenção de nossa saúde. Brasil, (2006) preconiza que as preferências individuais, os aspectos culturais, regionais e econômicos devem ser respeitados. É importante que a dieta seja equilibrada, colorida e saborosa. O Ministério da Saúde (1999, p.02), por meio da Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição afirma que: “ ... uma alimentação saudável deve ser baseada em práticas alimentares com significação social e cultural. A alimentação se dá função do consumo de alimentos (e não exclusivamente de nutrientes). Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura e todos estes componentes precisam ser considerados na abordagem nutricional. Os nutrientes são importantes, contudo os alimentos não podem 21 ser resumidos a veículos destes. Os alimentos trazem significações antropológicas, sócio-culturais, comportamentais e afetivas singulares, portanto o alimento enquanto fonte de prazer e identidade também compõe esta abordagem”. Coutinho (1981, p.415), afirma que “o alimento tem para o indivíduo um valor acima do poder de saciar a fome ou de nutrir”. O que se observa na prática, é que apesar de ser a alimentação e nutrição tão relevante para o ser humano, a compreensão e valor da mesma se apresentam de forma diferenciada de acordo com cada indivíduo e situação em que se encontra. Para um infantil, na sua capacidade de compreensão, o valor nutricional do alimento não tem importância. Mas para a mãe ou responsável por ela, tem. Já um individuo em inanição, certamente não valorizará tanto o sabor do alimento que está ingerindo, pois sua necessidade física de nutrientes é imperativa em relação ao paladar. No que se refere à saúde, o homem mesmo antes de toda a evolução cientifica já tinha seus métodos próprios de relacionar alimentação e saúde. Por observação ou puro empirismo, ele já classificava determinados alimentos como fortificantes, relaxantes ou como venenosos. Não misturavam certos alimentos, ou não o comiam em designadas fases da lua ou horários. Hipócrates já dizia: “Deixe que a alimentação seja o seu remédio, e o seu remédio seja a tua alimentação” (BRASIL, 2006). Atualmente, percebe-se que esta preocupação é variável de acordo com classes sociais e localidades. Nas grandes cidades, nota-se o sucesso dos fast-food sem preocupação dos consumidores quanto ao tipo de alimento que estão ingerindo, enquanto no interior a prevalecente informação cultural quanto aos seus hábitos, independente dos aspectos científicos (BRASIL, 1999). Ao longo do tempo, tem a alimentação sofrido mudanças em sua forma e práticas de acordo com a estrutura das sociedades e culturas presentes. Eis o motivo por ser tão difícil impor padrões alimentares, regras para serem rigorosamente seguidas, mesmo quando está envolvida a saúde do individuo. 22 Esta relação alimentação-nutrição está baseada em aspectos sociais, emocionais, culturais e religiosos exigindo criterioso cuidado pois está enraizada no âmago inviolável do ser humano. 23 2.2 BREVE REFERÊNCIA SOBRE OS DIREITOS DOS PACIENTES HOSPITALIZADOS A Bíblia, referência histórica da humanidade, denomina em seus registros históricos o ser humano como indivíduo envolto em direitos e deveres diante de Deus e seus semelhantes. Segundo a mesma, desde os primórdios da criação, a observância dos mesmos era imprescindível para garantir à raça humana a sobrevivência e felicidade num convívio harmônico com Deus e entre seus próprios semelhantes. Todavia, apesar de passados milênios desde então, e de todas as descobertas e avanços científicos e tecnológicos envolvendo os mais diversos campos do saber, a satisfação das necessidades básicas humanas, de acordo com Maslow, permaneceram como prioritárias, constituindo um direito indispensável ao indivíduo, independente de raça, credo, cultura ou posição social. Com base nos relatos de Freire (2007), pode-se afirmar que os motivos que impulsionam tais necessidades variam de indivíduo para indivíduo, pois o ser humano é um ser único, com capacidade de refletir, de reconhecer-se como sujeito histórico; capaz de agir e reagir conscientemente sobre a realidade, estabelecendo relações com a mesma, com outros sujeitos e com outros grupos sociais. Ou seja, não se pode avaliar o ser humano de forma coletiva, como sendo mais um, apenas mais um dentre muitos iguais, pois a peculiaridade de cada um reflete-se de maneiras distintas, de acordo com a situação que o envolve. Na prática, apesar de dotado de competência para agir e interagir, o indivíduo, na condição de paciente hospitalizado, tem admitido uma postura ainda tímida no que se refere a defesa de seus direitos. Sabe-se que são direitos dos pacientes, dentre outros, perpassa pelo indivíduo receber um atendimento atencioso e respeitoso; a dignidade pessoal; o sigilo profissional; conhecer a identidade dos profissionais envolvidos em seu tratamento; obter informação clara, numa linguagem acessível, sobre o diagnóstico, tratamento e 24 prognóstico; recusar tratamento e ser informado das possíveis conseqüências dessa atitude; reclamar sem sofrer qualquer represália (GAUDERER, 1998). Contudo, é inegável que apesar da existência desses e outros direitos do sujeito hospitalizado, de acordo com Santos, Beneri e Lunardi, (2005): “... aparentemente, o respeito a estes direitos parece ser constantemente desrespeitado, constituindo um círculo vicioso, pois a equipe de saúde parece, muitas vezes, demonstrar não conhecê-los e/ou não cumpri-los e o pacientes, por desconhecimento, não os exigem.” A explicação para este desrespeito tão comum atualmente, conforme afirma Silva (2000), é o desconhecimento de seus direitos, a falta de informação de forma geral, restringindo o paciente de uma postura questionadora e participativa. Ainda de acordo com a mesma, esta prática origina-se nas normas hipocráticas, segundo as quais o conhecimento e a razão do profissional deveriam orientar a melhor conduta terapêutica, independente da vontade dos pacientes. O profissional, freqüentemente, de posse da informação, do conhecimento técnico-científico, tem exigido obediência, por parte dos clientes, para suas prescrições e orientações, visando à modificação de seus hábitos, como aparente pré-requisito para melhorar e assegurar a sua saúde (LUNARDI, l997). Tal procedimento é o que justifica a falta de autonomia dos pacientes, ou seja, restringe sua liberdade para agir conforme seus valores, prioridades, desejos e crenças próprias. “Na área da saúde, reconhecer que os indivíduos são seres livres e autônomos para determinarem seu próprio curso de ação implica em oferecer alternativas terapêuticas, explicitar os riscos e benefícios inerentes à cada uma delas, certificar-se de que os pacientes tenham compreendido claramente todas as informações prestadas e respeitar sua decisão final. O mesmo se aplica ao indivíduos que se encontram impedidos de decidir por si mesmos, como as crianças ou aqueles em coma, onde o profissional deve prestar informações claras aos seus responsáveis, respeitando as decisões que forem tomadas”. (SILVA, 2000). 25 A informação constitui a principal ferramenta para o exercício desses e outros direitos. A atuação do paciente como sujeito crítico, pronto a exercer sua cidadania, depende do conhecimento do seu papel quanto à seus direitos e deveres, assim como os meios de assegurá-los buscando benefícios para si mesmo, circundam. e para os que o 26 2.3 – A INSURGÊNCIA DOS DIREITOS DO PACIENTE O reconhecimento dos direitos do paciente é uma prática recente. Desde o início do processo de internação no início do século, quando as instituições hospitalares foram criadas a fim de abrigar pobres e indigentes enfermos como meio de praticar a caridade, o indivíduo ali ingresso assumia uma postura um tanto submissa, até porque dependia dos benefícios que lhe eram ali oferecidos, tais como: abrigo, tratamento terapêutico, alimentação, apoio espiritual entre outros, ainda que precariamente. Sendo assim, o paciente não cogitava “direito”, pois recebia ali o que não conseguiria de outra forma. No que dizem respeito à Enfermagem brasileira, os registros apontam essa preocupação a partir da elaboração do primeiro Código de Ética da classe em 1958, onde por meio da ética objetivava-se uma prestação de serviços digna capaz de atender o ser humano de forma eficaz (RESOLUÇÃO COFEN 311/2007). Profissionais de saúde, pacientes e sociedade em geral focaram-se nesta questão, discutindo o assunto com maior abrangência, tendo como precursor, o Dr. Christian Gauderer. Em seus escritos, Gauderer (1998), já alertava os pacientes de como proceder para ter seus direitos como cidadão, e principalmente ser humano, respeitados junto ao médico, tais como: garantia para o paciente de acesso ao prontuário, resultado de exames, informação em linguagem clara de fácil interpretação, e recusa a medicamentos. Um avanço nesta direção ainda fazia-se necessário. Em 2007, a enfermagem brasileira, face às transformações socioculturais, científicas e legais, entendeu ter chegado o momento de reformular o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. No referido código, consta como um de seus princípios fundamentais a afirmativa de que o profissional de enfermagem respeita a vida, a dignidade e os direitos humanos, em todas as suas dimensões (RESOLUÇÃO COFEN 311/2007). O citado Código assegura no capítulo I, que dispõem sobre as responsabilidades, direitos e deveres dos profissionais os seguintes artigos: 27 Art. 5º- Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade. Art. 6º- Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. Sendo assim, ainda que o sujeito principal seja o profissional de enfermagem, por meio da regulamentação de sua prática, o paciente surge como foco principal de sua atenção e cuidados, visando um atendimento justo e humanizado. Aliado ao Código de Ética, o paciente pode ser resguardado com leis, tais como, o Código de Defesa dos Direitos do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente e Estatuto do Idoso. Nestes códigos, onde o principal direito do paciente é ser singular, receber tratamento humanizado, onde seus direitos como cidadão e como ser portador de necessidades básicas são respeitados de acordo com sua carga emocional, social e cultural, o paciente ou seu responsável legal encontra o respaldo necessário para sua reivindicações. É verdadeiro o fato de que em nenhum deles pode-se encontrar determinações explícitas quanto os direitos do paciente referentes à alimentação, porém torna-se facilmente subentendido quando compreendemos a mesma como integrante dos princípios básicos das necessidades humanas e como é singularmente significativa para cada indivíduo. 28 2.3.1 OS DIREITOS DOS PACIENTES ADEPTOS DE DIETAS RESTRITIVAS NA ROTINA HOSPITALAR Na rotina hospitalar, independente se a instituição for pública ou privada, pode o paciente e profissionais de enfermagem depararem-se em situações adversas envolvendo a alimentação. Seja por questões ligadas ao alimento como, por exemplo, à falta de qualidade do mesmo ou por questões envolvendo o paciente como a recusa à dieta necessária para sua recuperação ou manutenção da mesma ou até mesma a inviabilidade da mesma originada por motivos de ordem étnicos, culturais, religiosos e/ou ideológicos. É impossível lidar com a questão alimentar como se todos os indivíduos cultivassem hábitos e preferências idênticas. Existem sociedades e correntes filosóficas que encaram a questão alimentar como a própria essência do ser humano. Um exemplo disso é o vegetarianismo, regime alimentar segundo o qual nada que implique em sacrifício de vidas animais deva servir à alimentação. Os vegetarianos não comem carne de nenhuma espécie e seus derivados, mas podem incluir em seu regime, leite, laticínios e ovos1. Já no veganismo um tipo de vegetarianismo, no qual não é 2 restringe-se também o consumido de latícínios e ovos . Existem pacientes que não conseguem se alimentar com o tipo de dieta imposta incluindo sopas, por exemplo, porque lhe remetem a traumas ou situações constrangedoras do passado. Por outro lado, também muito comum observar no ambiente hospitalar a quebra da dieta por parte do paciente ingerindo ocultamente, e, em muitos casos até com a ajuda dos familiares, alimentos que lhe foram restringidos porque agravam o seu estado ou dificultam o êxito do tratamento. Os direitos do paciente são inerentes a todos, pois ainda que a dietoterapia seja imprescindível em sua terapêutica, faz-se necessário adequar aos direitos assegurados como indivíduo e cidadão. 1 2 http://www.vegetarianismo.com.br http://www.veganos.org.br/ A substituição deste tipo de alimento de acordo com os 29 requisitos nutricionais, a encargo do profissional de nutrição pode ser efetuada por meio da orientação de enfermagem. O ser humano precisa ter suas necessidades básicas atendidas para o seu completo bem-estar (HORTA, 1979). Independente da dificuldade que o paciente enfrente, é neste momento que o mesmo vê o enfermeiro como seu principal veículo e articulador. De acordo com DIAS (2005), quem tradicionalmente recebe o paciente no hospital é a enfermagem, cuja formação é voltada para atender o ser humano de forma holística, considerando os aspectos biopsicossociais e espirituais que estão envolvidos no processo saúde/doença. É o enfermeiro que gerencia a assistência, quem deve preocupar-se em prover uma infra-estrutura de recursos (materiais e humanos) que proporcione condições adequadas ao cuidar. Por isso, é primordial que o enfermeiro esteja atento quanto à sua responsabilidade de atuar na assistência integral ao paciente de acordo com os princípios éticos e legais, e, principalmente humanos, resguardando o quanto possível a individualidade do mesmo. 30 CAPÍTULO 3 ______________________________________________________ FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA “A Enfermagem é prestada ao ser humano não a sua doença.” Wanda de Aguiar Horta 31 3.1 Wanda de Aguiar Horta: sua trajetória profissional Wanda de Aguiar Horta Figura 1. Foto Wanda Horta. Nascida em 11 de agosto de 1926, natural de Belém do Pará. Permaneceu em sua cidade natal até os 10 anos de idade onde iniciou seus estudos primários no Colégio Progresso Paraense. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1948. Licenciada em história natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e letras da Universidade do Paraná, Curitiba em 1953. Pós-graduada em pedagogia e didática aplicada à Enfermagem na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1962. Doutora em Enfermagem, na Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a tese intitulada "A observação sistematizada na identificação dos problemas de enfermagem em seus aspectos físicos", apresentada à cadeira de Fundamentos de Enfermagem, Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 19683. Docente-livre da cadeira de Fundamentos de Enfermagem, da Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Professora livre-docente, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1970. Professora Adjunto, Escola de Enfermagem 3 Aula ministrada, Profª MS Solange Cassiano Borge, 2009 32 da Universidade de São Paulo, concurso realizado em 2 de abril de 1974. Trabalhou em diversas instituições no período de 1948 a 1958 entre as quais destacamos: Chefe de Enfermagem do Serviço de Enfermagem do Hospital Central Sorocabano, São Paulo, no período de 1954 a 1955 e como professora do Curso de Auxiliares de Enfermagem do Hospital Samaritano, São Paulo, no período de 1956 a 1958. Na escola de enfermagem da Universidade de São Paulo no período de 1959 a 1981, como professora auxiliar de Ensino da cadeira de Fundamentos de Enfermagem de 1959 a 1968, como Professor Livre Docente no período de 1970 a 1974, como Professor Titular das disciplinas Introdução à Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem, no período de 1968 a 1974, como Professor adjunto de 1974 a 19774. Wanda Horta defendeu a enfermagem como uma ciência construída ao longo do tempo desde os seus primórdios, por meio do acúmulo de conhecimentos e técnicas empíricas as quais culminaram com o desenvolvimento de teorias relacionadas entre si que procuram explicar estes fatos à luz do universo natural (HORTA, 1979). Em 1979, tem seu livro “Processo de Enfermagem” publicado, enfatizando Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como uma etapa do processo de enfermagem. De acordo com a teorista (HORTA, 1979): Para que a enfermagem atue eficientemente, necessita desenvolver sua metodologia de trabalho que está fundamentada no método científico. Este método de atuação da enfermagem é denominado processo de enfermagem. Desde então tem sido utilizado em larga escala por docentes, discentes e profissionais de enfermagem como referencia de estudo. Na citada obra, estão discriminadas todas as etapas do processo de enfermagem, o qual Wanda Horta define como dinâmica da ações sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência do 4 http://www.joaopossari.hpg.ig.com.br/wanda.htm 33 ser humano, caracterizado pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos. Outra contribuição muito significativa na jornada profissional de Wanda Horta foi após trinta anos de vida profissional foi o desenvolvimento de uma teoria que pudesse explicar a natureza da enfermagem, definir seu campo de ação especifico, sua metodologia científica, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (HORTA, 1979). Foram mais de 30 anos dedicados à enfermagem, atuando de forma especial na docência em diversas instituições. Em 1981, ano do seu falecimento, foi proclamada Professor Emérito pela Egrégia Congregação da Escola de Enfermagem da USP5. 5 http://www.joaopossari.hpg.ig.com.br/wanda.html 34 3.2. A INFLUÊNCIA DE MASLOW NA TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS Abraham Maslow, psicólogo consultor norte-americano, tornou-se mundialmente conhecido ao estudar e desenvolver a Teoria das Necessidades Básicas do ser humano. Maslow defende que o homem é motivado por necessidades organizadas numa hierarquia de relativa prepotência (MASLOW, 1970). Ou seja, cada vez que uma necessidade é suprida, outra então requererá a atenção para que assim seja também satisfeita, num ritmo de motivação constante. Elas estão divididas e interligadas em cinco categorias. Ilustradas em uma pirâmide, também conhecida como pirâmide da hierarquia das necessidades humanas. São elas: Figura 2. Pirâmide de Maslow Teoria de Maslow Necessidades fisiológicas: oxigenação, alimentação repouso, sono, eliminações, sexo, entre outras. Necessidades de segurança: estabilidade busca proteção contra ameaça, privação e fuga ao perigo. Necessidades sociais: de associação, de participação, aceitação por parte 35 dos companheiros, troca de amizade. Necessidades de status e estima: auto-aprovação, auto-confiança, prestígio, consideração e autonomia.. Necessidades de auto-realização: são as que permitem a cada pessoa identificar o seu potencial e se autodesenvolver continuamente. Na base da pirâmide estas as necessidades fisiológicas, que estão relacionadas com a preservação da espécie. Uma pessoa de estômago vazio não pensa em outra coisa a não ser se alimentar. Somente quando esta necessidade é relativamente atendida é que surge no comportamento do indivíduo a busca ao atendimento às outras necessidades6. Partindo desta teoria de motivação humana de Maslow, fundamentada nas necessidades humanas, Wanda Horta desenvolveu uma teoria de enfermagem que se apóia e engloba leis gerais que regem os fenômenos universais, como por exemplo, a lei do equilíbrio que envolve a homeostase e a hemodinâmica; a lei da adaptação, em que todos os seres buscam formas de ajustamento para manterem-se em equilíbrio e a lei do holismo onde o universo é um todo, o ser humano é um todo e a célula é um todo (HORTA, 1979). Sendo assim, a Teoria das Necessidades Básicas Humanas de Wanda Horta, compreende o ser humano com necessidades psicobiológicas, psicoespiritual e psicosocial estando elas relacionadas umas às outras. Estando agrupadas: Necessidades Psicobiológicas: oxigenação, hidratação, nutrição, eliminação, sono e repouso, exercícios e atividades físicas, sexualidade, abrigo, mecânica corporal integridade cutâneo-mucosa, integridade física, regulação: térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular; locomoção; percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa; ambiente e terapêutica. 6 /www.psicologia.org.br/internacional/pscl45.htm 36 Necessidades Psicoespirituais: religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. Necessidades Psicosociais: segurança, amor, liberdade, comunicação, criatividade, aprendizagem (educação à saúde), gregária, recreação, lazer, espaço, orientação no tempo e espaço, aceitação, auto-realização, auto-estima, participação, auto-imagem e atenção7. Segundo Horta, as necessidades não-atendidas ou atendidas inadequadamente trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doença. Estar com saúde e estar em equilíbrio dinâmico com seu corpo. Contudo, o conhecimento do ser humano a respeito do atendimento de suas necessidades é limitado por seu próprio saber, exigindo, por isto, de uma assistência de enfermagem que faça por ele aquilo que ele não pode fazer por si mesmo devendo auxiliar, orientar ou ensinar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais. A enfermagem respeita e mantém a unicidade, autenticidade e individualidade do ser humano, a enfermagem é prestada ao ser humano e não à sua doença ou desequilíbrio (HORTA, 1979). 7 Aula Ministrada Profª MS Solange Cassiano Borges, 2009 37 CAPÍTULO 4 REFLEXÕES SOBRE O PROPOSTO “Eu preciso aprender um pouco aqui, eu aprender um pouco ali, eu preciso aprender mais de Deus, porque Ele quem cuida de mim. Se uma porta se fecha aqui, outras portas se abrem ali. Eu preciso aprender mais de Deus, porque Ele é quem cuida de mim, Deus cuida de mim”. Kleber Lucas 38 A estrofe desta música evangélica sintetiza com exatidão toda a trajetória desde a elaboração deste trabalho. Sentia em mim a necessidade de aprender cada vez mais, com tudo e com todos. Via em cada um e cada situação a possibilidade de ampliar meus conhecimentos. Mas era de Deus que buscava a sabedoria, principalmente quando as dificuldades e os “nãos” surgiam em meu caminho. Sei que vou conseguir porque Deus cuida de mim. Desde o momento em que a idéia inicial do presente projeto de estudo foi concebida, uma sequência de experiências foram vivenciadas causando os mais diversos sentimentos que oscilavam entre alegria por estar pesquisando algo embasado em minha própria experiência vivida, a busca exaustiva de dados e informações que pudessem solidificar a idéia até a perplexidade na fisionomia dos profissionais de saúde, principalmente enfermeiros atuantes, assim com as constantes e duras críticas quanto ao tema. Segundo eles, é um assunto que não cabe discussão, até porque nunca ouviram sequer um questionamento sobre direitos de paciente internado quanto à dieta hospitalar. Considerando que tudo que é novo para o ser humano é um tanto enigmático e assustador, tal atitude é até compreensível. Na verdade, no decorrer das pesquisas, percebi que tinham razão quanto a alegação de nunca haver sido discutido antes. Direitos do paciente no que se refere ao atendimento, postura ética dos profissionais de saúde tem sido mais amplamente discutidos desde a publicação da cartilha do Dr. Crhistian Gauderer. Mas não direitos relacionados às questões alimentares. Na busca por material cientifico de enfermagem, ao longo de 18 meses, nunca encontrei absolutamente nada. Esta constatação, ao contrário de provocar desânimo, estimula-me a prosseguir, pois acredito numa enfermagem que cresce se recicla e aperfeiçoa constantemente. Devido à essas dificuldades, foi necessário a pesquisa em outras ciências como antropologia, sociologia, psicologia, biologia, teologia, direito, administração, nutrição e outros. E pesquisando percebe-se que a enfermagem de hoje é muito distinta da enfermagem dos primórdios. Não somente devido aos avanços tecnológicos, mas pela evolução da classe e práticas assistenciais. No início do processo de hospitalização a enfermagem assumia responsabilidades concernentes ao paciente que atualmente 39 estão a encargo de outros profissionais especializados, tais como nutricionistas e fisioterapeutas. Contudo, isto não limita e muito menos exime o enfermeiro de suas responsabilidades na sua prática profissional junto ao pacientes, pois ele continua sendo o profissional de atuação constante, uma vez que todos os profissionais prestam o atendimento e precisam retirar-se para então fazer o mesmo com outros pacientes em setores e/ou locais distintos, sendo o enfermeiro é o único que permanece com o paciente. Como “cuidador”, como profissional que tem como foco o paciente e não a doença, ele deve participar de tudo que envolve este ser que está sob seus cuidados e responsabilidade Também nota-se uma postura diferenciada do paciente. O paciente que dantes era submisso e grato por estar sendo cuidado, independente se de forma precária ou não, aos poucos, tem-se mostrado atento quanto aos seus direitos, tem buscado mais informação e recorrido aos mesmos. É verdade que tudo tem sido de forma muito tímida, muito aquém do que poderia e deveria ser, mas a verdade é que uma prática operante por tanto tempo não se altera de forma rápida e efetiva. Quando o paciente for um sujeito conhecedor de seus direitos, da forma como exigir seu cumprimento e de quem cobrá-los, teremos indivíduos mais conscientes, um atendimento mais digno e uma enfermagem valorizada, pois somente é possível analisar ou criticar algo que é conhecido, identificado. No tocante á dieta alimentar, o respeito aos direitos como ser humano e ações de enfermagem para o atendimento aos mesmos, proporcionarão ao paciente uma adaptação à rotina hospitalar mais sensível, eficaz. Pode ser mais trabalhoso, mas é importante ressaltar que alimentar o paciente é um cuidado de enfermagem, uma necessidade humana básica essencial. O enfermeiro não prescreve a dieta e nem mesmo tem a incumbência de montá-la, mas a ele compete um cuidado que vai além da simplória indagação feita ao paciente: “comeu bem?” ou “não comeu bem?”. Instruir, orientar o paciente quanto ao auto-cuidado, informar e incentivar a família quanto ao tratamento, interagir com os demais profissionais da equipe multidisciplinar não apenas como informante, mas como participante ativo nesta questão. Certamente são práticas que competem ao 40 enfermeiro. Por isso, é importante sua participação na equipe multidisciplinar, embasamento teórico-científico, comprometimento, e atuar com autonomia. Objetivando levar a reflexão e enriquecimento do estudo, foi levado a efeito uma pesquisa de campo para que os sujeitos fosse ouvidos, expressassem suas opiniões e sentimentos. As perguntas feitas aos dois atores do projeto, paciente e enfermeiros foram submetidas à um Comitê de Ética e exploradas ao máximo. Sem sombra de dúvidas, foi uma experiência marcante á forma como os entrevistados reagiam. Indagar a um profissional quanto a sua participação em uma área em que ele não é o sujeito principal, mas que está englobada na assistência de enfermagem profissional, apesar de habilitado para tanto, indagar quanto a sua postura diante dos direitos de alguém que está submetido à sua atuação, a idéia de intervir na preferência alimentar do paciente como um ser constituído de direitos e não como uma prestação de favor, causou um impacto perceptível pelo modo cuidadoso e ponderado de responder as perguntas. Grande parte dos enfermeiros solicitou a permissão para ler as perguntas antecipadamente antes de concordarem em participar da pesquisa e responder. De forma idêntica, foi a experiência com os pacientes. Muitos sentimentos foram expostos, deixando em meu entendimento que, independentemente se um dia terão acesso ou não à conclusão deste projeto, foram beneficiados por meio de um despertar para um assunto que até então estava velado na rotina diária, da sua condição de paciente hospitalizado. Na fase em que o projeto se encontra, que é a análise criteriosa dos dados coletados, faz-se necessário para um resultado fidedigno, transcrever e ouvir repetidas vezes a fala desses entrevistados, o que tem sido feito observando inclusive a entonação vocal. Esta prática meio que promove diante dos meus olhos um retorno holográfico do entrevistado. 41 A pesquisa é sempre enriquecedora, principalmente para o próprio pesquisador. Investir algo baseado numa concepção pessoal, buscar as opiniões de outros sobre o assunto, embasamento teórico-cientifico e ter consciência de que os resultados obtidos ou a conclusão pode ser oposta ao raciocínio inculcado anterior a pesquisa, remete á uma responsabilidade maior. Neste momento, não são prevalecentes as concepções pessoais da autora, mas sim, o conjunto do trabalho que poderá em cada um, desencadear idéias e conclusões diferentes. 42 CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO DOS DADOS 43 5. DISCUSSÃO DOS DADOS As perguntas feitas aos pacientes tinham por objetivo analisar a adaptação do paciente à nova rotina alimentar durante a sua internação e analisar como ele se posiciona diante das mesmas, como age para conciliar preferências alimentares e dieta oferecida e o que representa para ele a atuação do enfermeiro neste item tão significativo e particular. Foram entrevistados pacientes de ambos os sexos, diferentes faixas etárias, patologias, enfermarias e tempo de internação. As perguntas eram do tipo abertas e diretas, nas quais os entrevistados tinham liberdade para expressarem-se livremente. As perguntas apresentadas foram, a saber: 1) Como um enfermeiro pode contribuir na montagem da sua dieta alimentar durante o período de internação? 2) Você acha que existem direitos do paciente quanta à escolha da alimentação? Explique. 3) Neste hospital, a quem você recorre ou recorreria em caso de alguma necessidade quanto à sua dieta alimentar? Quanto aos enfermeiros, as perguntas objetivavam avaliar o posicionamento destes profissionais, a influencia exercida nos pacientes e outros profissionais da equipe multidisciplinar, o peso de suas ações, como lidam com as expectativas e preferências alimentares do paciente e como age para subsidiá-las. Foram entrevistados enfermeiros de ambos os sexos, diversas faixas etárias e enfermarias. A experiência profissional, oscila entre 6 meses e 40 anos na assistência direta a pacientes. 44 Semelhantemente às dos pacientes, as perguntas formuladas aos enfermeiros eram abertas, livres, proporcionando oportunidades para manifestarem-se livremente. As perguntas formuladas foram: 1) Na questão alimentar do paciente, existe um papel ou contribuição do enfermeiro? Qual? 2) Você acredita que um paciente tenha direitos sobre sua dieta hospitalar? Quais? 3) Algum paciente já reclamou ou questionou a dieta oferecida? Como procedeu? Qual o resultado? 4) Você acredita que é necessária uma equipe multiprofissional: enfermagem, nutricionista e médico, com a participação da família na montagem da dieta hospitalar? Os pacientes foram identificados por codinomes, utilizando nomes de flores, para preservação da identidade. Já os enfermeiros por árvores frutíferas, para manutenção do sigilo. 45 A VISÃO DO PACIENTE “Como um enfermeiro pode contribuir na montagem da sua dieta alimentar durante o período de internação?” (Gráfico 1). O objetivo de tal questionamento era avaliar se o paciente vê no enfermeiro um profissional capacitado, com fundamentação teórica para atuar como participante deste importante ponto, essencial para o seu restabelecimento e manutenção da saúde. Quanto às respostas, do total de pacientes entrevistados, nenhum foi capaz de identificar uma forma na qual enfermeiro poderia contribuir na montagem, contudo apontaram outras formas de contribuição do enfermeiro na questão alimentar, sendo totalizado da seguinte forma: • 40% relataram que o enfermeiro não pode contribuir, pois isso é ação do nutricionista. • 10% relata que a enfermagem é ausente neste ponto • 10% não soube responder • 20% alegam que a contribuição do enfermeiro está relacionada com atenção e cuidado voltados ao paciente, principalmente ajudando-o a se alimentar, quando necessário. • 20% acreditam que o enfermeiro contribui quando presta esclarecimentos, solvendo dúvidas relacionadas à dieta. Objetivamente, os pacientes arrolados entre os que declararam que o enfermeiro não pode contribuir, 40% deles deixaram claro em suas palavras que esta não é função do enfermeiro, pois esse não tem habilitação para tanto. Um exemplo disso é a declaração enfática do paciente Cravo: 46 “Enfermeiro nenhum pode contribuir na alimentação de doente nenhum." Outro ponto de destaque são os relatos de outros 40% dos entrevistados que até concordam na participação do enfermeiro em sua dieta, não na montagem em si, mas como um orientador, alguém que pode dar informações, esclarecer dúvidas ou simplesmente demonstrar interesse por meio de ações simples, conforme defende Prímula: “Prestando atenção no estado do paciente, até perguntando a ele seus gostos, embora muitas vezes ele não possa comer de tudo, mas prestar atenção no paciente e perguntando o paciente." De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem do Ministério da Educação e Cultura (RESOLUÇÃO CNE/CES nº 3/ 2001), o discente durante a graduação deve receber em sua formação conteúdos essenciais que proporcionem a integralidade das ações do cuidar em enfermagem, dentre eles os das ciências biológicas e da saúde. Ou seja, o enfermeiro é habilitado para interagir com os demais profissionais de saúde nos variados aspectos que envolvem o processo saúde-doença. Em suma, ainda que a montagem da dieta seja uma atribuição específica do SND (Serviço de Nutrição e Dietética), a enfermagem possui habilitação teórica para colaborar, se necessário, com o respectivo serviço. Ainda de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem do Ministério da Educação supracitado, em seu Art.5º Par. VI, enfatizando as competências e habilidades específicas da enfermagem é preconizado que o enfermeiro é capaz de : "Reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência, integrar as ações de enfermagem às ações multiprofissionais, atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas dimensões, em suas expressões e fases evolutivas". 47 A resultante dessas Diretrizes é que atualmente as instituições de ensino superior por determinação do MEC, tem lançado no mercado de trabalho profissionais de enfermagem aptos para atuarem independente do campo de exercício profissional como potenciais orientadores, não somente dos membros de sua equipe sob sua liderança, mas também pacientes e familiares dos mesmos. O exercício dessa habilidade pelo enfermeiro é notadamente esperado pelos pacientes internados na instituição pesquisada. Mais do que explicações técnicas a respeito de sua dieta, eles esperam do enfermeiro atenção, confiabilidade, compreensão e presença. Anseiam por orientação inclusive nas dúvidas ou dificuldades mais simplórias. Isso é que entendem por contribuição por parte do enfermeiro em suas questões alimentares. Por ser o profissional que por mais tempo permanece com o paciente, a oportunidade de vínculo é maior que em relação a outros profissionais de saúde. Essa proximidade facilita a interação paciente-enfermeiro, principalmente no que tange à atuação do enfermeiro como educador. "Você acha que existem direitos do paciente quanto a escolha da alimentação? Explique." (Gráfico 2) Esta segunda pergunta feita aos entrevistados enfatiza um dos pontos centrais do presente estudo, pois avalia até mesmo o grau de conhecimento e a concepção da autonomia do indivíduo, apesar de sua condição de paciente, submetido ao tratamento. Obteve-se como resultado: • 70% dos entrevistados entendem ter os pacientes direitos quanto a sua alimentação no que se refere à escolha. Contudo, todos fizeram questão de ressaltar que essa escolha 48 não pode prejudicar seu tratamento, ou desrespeitar as restrições impostas devido às suas patologias. Um exemplo disso é o que declara Begônia: "...eu acho que o paciente tem direito desde o momento que ele não esteje com nenhum problema...eu acho que quando o paciente é diabético ou tem pressão alta, ele não pode por exemplo escolher uma comida com muito sal, ai ele não vai poder escolher..". Dentre estes, cerca de 20%, também acreditam que sim, só que de forma restrita, onde esse direitos podem e precisam serem negociados. Eles acreditam que seus questionamentos serão ouvidos, contudo entendem que por vezes também se faz necessário de certa forma enquadrarem-se nos parâmetros estabelecidos pela rotina hospitalar. É o que transparece na fala de Copo-de-leite: “Tem, mas muito restrito, porque não existe um direito total... não tem como pedir uma coisa fora do que eles colocam pra gente...". • 20% dos entrevistados afirmam não ter os pacientes nenhum direito de escolha. Esses entrevistados alegam que o paciente, uma vez hospitalizado precisa se submeter integralmente ao tratamento e rotina alimentar estabelecida pela instituição ou profissionais de saúde que respondem por seu tratamento. É o que sentencia Otília: “Não, na minha opinião não, porque ele tá num hospital, não está na casa dele ” A recente insurgência dos direitos do ser humano e dos mesmos na condição de paciente explica a falta de conhecimento e informação sobre o que pode ou não ser reivindicado como direitos adquiridos. De acordo com Gauderer (1998): "Quanto mais informada a pessoa, mais opções e escolhas terá, consequentemente mais livre irá se sentir...mais valorizado será, pois poderá tomar decisões mais adequadas...". 49 A informação transforma o "paciente", indivíduo doente obsoleto, aguardando pacientemente sua recuperação, em um indivíduo mais ativo, responsável e participativo. Sem a informação, o paciente tende a adotar a submissão característica dos pacientes do início do processo de hospitalização no final do século XVIII, quando recebia cuidados na posição de quem recebe favores, não podendo então questionar ou interferir em nada do que já foi pré-estabelecido (ROMANELLE, 2006). “Neste hospital, a quem você recorre ou recorreria em caso de alguma necessidade quanto à sua dieta alimentar?” (Gráfico 3) Concernente à essa pergunta, o propósito foi avaliar a confiança que o paciente deposita no enfermeiro para fazer solicitações ou queixas como alguém que pode resolver os problemas que rotineiramente possam existir. Outrossim, avaliar o envolvimento do enfermeiro nesta questão e a relação paciente-dieta-enfermeiro. O resultado: • 10% à copeira • 10% ao médico • 10% a qualquer um e a todos • 70% a nutricionista Dentre os que apontaram recorrer à nutricionista, apenas 15% afirmaram recorrer a enfermagem caso não conseguisse resolver junto ao serviço de nutrição. Tal resultado sugere pouca interação paciente-enfermeiro, ou de forma insignificante, quando o assunto é problemas com a dieta. Categoricamente é o que garante Lírio: 50 "Primeiramente pra nutricionista que sempre passa aqui toda a manhã perguntando cada um de nós como é que tá a alimentação, primeiramente a ela,.. se ela não pudesse me atender, eu iria em cima da enfermeira-chefe." Mas, também há que se considerar o fato de que os pacientes entendem a função de cada membro que compõe a equipe de saúde que atua em seu tratamento. Outro ponto a salientar é a justificativa da maioria em recorrer ao serviço de nutrição, isto ocorre devido à disponibilidade deste profissional em atender, sua constante presença no momento em que são entregues as refeições, e as visitas diárias a cada paciente para certificar-se da satisfação e aceitação da dieta, conforme relata Hortênsia: "Eu recorreria a nutricionista, porque está sempre disponível, né? para qualquer dúvida quanto essa dieta...eles realmente eles se importa, nos temos diariamente a visita deles pra saber se estamos satisfeito ou não nesse regime alimentar e se estamos aceitando bem esse regime alimentar...então seria sempre com a nutricionista." Contudo, a eficiência do serviço de nutrição não isenta a enfermagem de seu dever. Baseado em Campos e Boog (2006), pode-se afirmar mais que alimentar o paciente e observar a aceitação da dieta e sua correlação com a evolução do seu estado nutricional, ou seja, estar atento e saber identificar as deficiências é um cuidado e responsabilidade da enfermagem. 51 A VISÃO DO ENFERMEIRO "Na questão da dieta alimentar do paciente, existe um papel ou contribuição do enfermeiro? Qual?" (Gráfico 4) Foi com a finalidade de perceber a sensibilidade do enfermeiro e o grau de comprometimento com o paciente relacionado com a dieta alimentar que esta primeira questão foi formulada. Quando perguntados, buscou-se direcionar à uma reflexão e ao mesmo tempo avaliar até onde o profissional de enfermagem chama para si essa responsabilidade, até onde se estende sua função de “cuidador”. Ao serem indagados, todos os enfermeiros demonstraram curiosidade e analisaram criticamente a pergunta antes de responder. Do total de entrevistados: • 80% afirmaram que sim • 20% responderam que não Os que responderam existir uma contribuição do enfermeiro apontaram a mesma de forma diversificada, sendo que: • 30% por meio de práticas educativas; • 20% prestando auxílio ao paciente que não pode se alimentar sozinho; • 20% afirmaram que na admissão ou como "ponte" entre o paciente e o nutricionista; • 10% devendo o enfermeiro atuar em conjunto com o nutricionista Os enfermeiros entrevistados que apontaram as práticas educativas, alegaram que o paciente necessita constantemente ser orientado. Por isso, o enfermeiro deve estar pronto a esclarecer, dissolver dúvidas dos pacientes e familiares quanto à dieta, assim como incentivá-lo a aderir, contribuindo com o tratamento como revela Açaizeiro: 52 "O enfermeiro vai estimular o paciente a receber essa alimentação colocando a ele os benefícios que vai fazer na sua recuperação, orientando" Percebe-se uma preocupação constante por parte da enfermagem em educar, orientar o paciente quanto ao seu estado físico e a necessidade de adaptação às restrições alimentares. Nota-se também um interesse em avaliar a aceitação da dieta, com prestação de auxílio aos que não conseguem com independência. É que afirma Laranjeira: "Eu acredito que nós somos responsáveis por acompanhar a alimentação e até auxiliar o paciente quando ele não tem condição de se alimentar sozinho, né? Quando ele está mais debilitado, tudo mais... os cuidados são pertinentes à enfermagem.." Contudo, há também um percentual de enfermeiros que defendem como contribuição, os dados coletados referentes à dieta alimentar habitual e patologias de base do paciente, no momento da admissão do paciente feita pela enfermagem no hospital. E também atuando como "ponte", ou seja um facilitador na comunicação paciente-nutricionista, conforme declara Abacateiro: "Na verdade acho que o enfermeiro acaba sendo uma ponte entre o paciente e a nutrição..." Destarte, ainda existe uma parcela, ainda que minoritária de enfermeiros que defendem uma contribuição mais direta e conjunta na questão alimentar do paciente como assevera Coqueiro: "... de acordo com a patologia do paciente, de acordo com os problemas de saúde que ele teve,...trabalhando junto com a nutrição, qual a dieta que seria melhor pro paciente e as preferências dele." 53 Com referencia aos que responderam não haver um papel ou contribuição do enfermeiro na questão alimentar do paciente, é clara a postura abstinente do enfermeiro conforme afirmam Mamoeiro e Cajueiro, respectivamente: “Essa parte é com o nutricionista e o médico” “Aqui não existe esse papel, existe a nutricionista que avalia o paciente ... o enfermeiro contribui observando se houve boa aceitação para com a dieta" O enfermeiro, que desde os primórdios de Florence era o responsável pela dieta, teve suas funções reformuladas após a instauração do serviço de nutrição no âmbito hospitalar nas décadas de 30 e 40 (APERIBENSE, 2006). Contudo, nenhuma alteração referente à administração da dieta e responsabilidades quanto aos cuidados pertinentes à enfermagem nesta questão. Enfermagem é sinônimo de cuidado. De acordo com Molina M.A.(2004), cuidar, praticar a enfermagem é uma atitude que vai além de executar técnicas ou administrar medicações. É se colocar no lugar do outro e perceber suas necessidades. “Você acredita que um paciente tenha direitos sobre sua dieta hospitalar? Quais?” (Gráfico 5) Essa questão exprime a temática central do estudo. O objetivo da mesma era constatar na resposta do enfermeiro se para ele, o paciente, apesar de limitado por sua patologia ou tratamento ainda mantinha sua individualidade, ou seja, se para o enfermeiro cada paciente era único, com costumes, cultura, e religião peculiar, com direitos principalmente como ser humano. Em caso de resposta afirmativa, era 54 perguntado ao entrevistado quais seriam então estes direitos do paciente, pois a meta era tentar captar a visão que o enfermeiro tinha do paciente nesta particularidade, identificando no seu parecer o que poderia um paciente com uma bagagem pessoal tão individualizada, com algum tipo de restrição devido à sua patologia ou terapêutica, num ambiente com regras e padrões próprios, poderia reivindicar como direito na questão alimentar. Neste quesito, a maioria respondeu positivamente quanto aos direitos do paciente, ficando assim definido: • 80% sim • 20% não Dentre os entrevistados, a minoria respondeu não ter o paciente direitos quanto à sua dieta alimentar. Segundo esses entrevistados, o paciente não conhece ou não possui formação técnica sobre o assunto, o que o desqualifica para questionar a dieta. Limoeiro defende que o paciente deve estar focado em seu tratamento e aceitar o que foi determinado para ele: “A clientela tem seus hábitos e desconhece valor teórico e técnicas e aporte calórico. Se ele não tiver seqüelas e for lúcido e orientado, deve ser orientado... será que ele não come para sua satisfação leviana, ou para sua recuperação?... E o paciente não tem entendimento disso, ele pensa que ele ta se alimentando como ele se alimenta em casa. É diferente, esse raciocínio é totalmente fora. Então não é porque ele não sabe escolher, é porque coitado, ele não tem informações pra dimensionar, eu acho até que é covardia, eu achar que ele é capaz de saber, eu jogar para o paciente a responsabilidade, eu achar que ele é capaz de saber.." Já Cajueiro defende que mesmo o paciente não tendo direito nem mesmo de se expressar, a nutricionista até pode fazer alguma concessão, se assim for possível: 55 “Muitas vezes eles não têm conhecimento sobre a dieta. O que necessita pra contribuir pra que eles..pra essa dieta possa restabelecê-lo...muitas das vezes não é necessário que ele (o paciente) comente nada a não ser o próprio profissional de saúde, a enfermeira interagindo com a nutrição... pode interagir com a nutricionista, aí de repente ela pode já entrar em comum acordo, tentar colocar um outro alimento possa ser eficaz, né?.." O enfermeiro é um educador, com plena habilitação para informar o paciente, e assim torná-lo mais participativo e consciencioso. A postura autoritária, detentora do saber presente por vezes nos profissionais de saúde e, em especial a enfermagem, já não pode encontrar espaço atualmente. A Declaração dos Direitos Humanos, em seu Artigo XIX, afirma que: "Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras." A idéia de direito do paciente na questão alimentar é variável entre os enfermeiros. Eles concordam que os mesmos devem existir. Contudo, não são unânimes no tocante as preferências alimentares do pacientes. Do percentual (80%) de respostas positivas, o tipo de direito se subdivide em: (Gráfico 6) • 60% direitos quanto às preferências alimentares • 10% falar com a nutricionista • 10% receber esclarecimento Entre os entrevistados, houve unanimidade na afirmativa de que esses direitos quanto as preferências precisam ser criteriosamente observados, principalmente no tocante às necessidades nutricionais e limites impostos pela patologia e terapêutica dos mesmos, especialmente citados os diabéticos e hipertensos, conforme ressalta Abacateiro: 56 "Dentro das limitações dele sim, dentro da condição clínica dele sim...não tem como a gente impor, a gente tem que tentar um equilíbrio dentre as opções que ele pode, e dentre as opções dar o direito a ele de escolher." Outra parcela de entrevistados defende que o paciente tem o direito, mas de ser esclarecido. Neste caso, segundo eles, a enfermagem estaria isenta. O esclarecimento ficaria a encargo do nutricionista conforme defendem Macieira e Pessegueiro, respectivamente: “Direito entre aspas..., ele tem direito de querer saber, eu acho querer saber porque que ta vindo aquela dieta e quando for dito pra ele que não pode aquela determinada dieta que ele tá pedindo, ele conversar com a nutricionista.." ".. aí já não é com a enfermagem, a nutricionista faz uma entrevista com esse paciente..." A concepção de que o paciente é um ser individualizado transparece nas palavras de Laranjeira, quando exemplifica quais direitos seriam: "... tem religiões que a pessoa não come determinados tipos de alimentos...eu acho que pode ser respeitado....salvo algumas restrições que a pessoa tenha ..." De acordo com os escritos de Wanda Horta(1979), não há como se padronizar seres humanos, pois o "ser humano é um todo", por isso o cuidado deve ser interpessoal, transpessoal, holístico, respeitando suas limitações, cultura e saber individualizado de cada ser, principalmente no que se refere à satisfação de necessidades básicas como a alimentação. Não cabe ao enfermeiro uma postura autoritária com conotação de superioridade em relação àquele a quem dispensa cuidados. 57 “Algum paciente já reclamou ou questionou a dieta oferecida? Como procedeu? Qual o resultado?” (Gráfico 7) Tal questionamento visava perceber como reage o paciente quando a alimentação não agrada. Se ele questiona, com quem e de que forma, e a eficácia da atuação do enfermeiro neste ensejo, totalizando: • 90% sim • 10% não Os que responderam que sim garantem que vários pacientes reclamaram muitas vezes por mais diversos motivos. Mas o principal deles é devido à adaptação à dieta hospitalar, muito diferente da domiciliar, pois está alicerçada nas necessidades de cada um de acordo com o tratamento e limitações fisiológicas. Todos os enfermeiros recorreram ao Serviço de Nutrição e Dietética e conseguiram resolver a situação prontamente. De acordo com os entrevistados, o sucesso do empreendimento se dá porque “... a nutrição é muito solícita”. Apenas 10% dos entrevistados declarou não conseguir atender de maneira que alcançasse a satisfação do paciente. Segundo o enfermeiro, o paciente não estava disposto a colaborar de nenhuma forma. “Você acredita que é necessário uma equipe multiprofissional: enfermagem, nutricionista e médico, com a participação da família na montagem da dieta hospitalar?.” 58 A última pergunta tinha por objetivo avaliar a influencia da enfermagem na questão alimentar do paciente junto aos outros profissionais de saúde atuantes diretos, o médico, que prescreve e o nutricionista, que monta a dieta. Também se necessitava saber até onde o paciente e sua família estava envolvida neste fator. Houve unanimidade pelo sim nesta pergunta, apesar das observações divergentes quanto ao assunto, refletindo distância entre o ideal e o real. Um exemplo disso encontra-se nas falas de Laranjeira, Cajueiro e Macieira. A primeira defende a multidisciplinaridade, pois acredita que todos tem seu espaço no tocante à recuperação do paciente, a segunda expõe o real, enquanto a última sequer acredita que um dia isso possa ocorrer: “... porque contribui com o quadro do paciente. Cada um tem sua autonomia” “... mas aqui não funciona assim” “Nunca tinha pensado nisso... eu acho que pode, eu acho que não tem problema...tem que ser uma coisa muito bem organizada, bem programada pra funcionar...bom eu acho no momento, pelo menos num hospital de grande porte, num hospital desse que é um movimento muito grande, entendeu? Nesse momento, não é uma coisa viável..." Outro ponto importante a salientar é a forma como os enfermeiros vêem a multidisciplinaridade. Multidisciplinaridade é uma condição em que uma atividade é realizada através da aplicação coordenada de um conjunto de disciplinas. Na área da saúde , como defende ROSA. T. T.(2005), significa o mínimo necessário para que se assista um ser humano de forma adequada, independentemente do diagnóstico firmado, uma vez que o paciente é multidimensional. Todo o conhecimento científico dos membros devem ser 59 utilizados em prol do paciente , não significando transferência de funções, mas sim contribuição ativa e relevante. Limoeiro afirmou categoricamente: “...esse é o meu segredo... A enfermagem não pode mais só agregar responsabilidades ... Se o paciente tem infecção, se o paciente não comeu, se o paciente ta com infecção respiratória. Não, aqui todo mundo tem sua participação...a nutricionista visita os pacientes, os médicos operam, a enfermeira tem que higienizar, medicar, trocar decúbito..." Comparando com as declarações divergentes anteriores, pode-se afirmar que paulatinamente a multidisciplinaridade tem se firmado e pode ser uma realidade que certamente promoverá crescimento profissional e benefícios diretos para o paciente. 60 CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde o momento em que se iniciou o projeto de estudo do assunto até o final das entrevistas com enfermeiros e pacientes, pode-se perceber uma certa perplexidade em torno do assunto em ambos grupos. Tradicionalmente, está incutido nas rotinas de enfermagem um agir um tanto automático, seguindo um esquema definido onde o enfermeiro não tem como uma de suas responsabilidades prescrição nem a montagem da dieta hospitalar. Grande parte dos enfermeiros solicitou a permissão para ler as perguntas antecipadamente antes de concordarem em participar da pesquisa e ponderaram consideravelmente antes de responder. A explicação para tal atitude encontra-se provavelmente pelo fato de não ter sido encontrado nenhum estudo anterior registrado sobre o tema, não sendo assim um assunto discutido, debatido. Considerando que tudo que é novo para o ser humano é um tanto enigmático e assustador, tal gesto é até aceitável. A alimentação, uma das necessidades fisiológicas básicas mais importantes do ser humano, relacionada com o instinto de sobrevivência do individuo tem nela inculcada diversos fatores, tais como: culturais, sociais, emocionais e religiosos. O ser humano em sua rotina, associa à ela o prazer e a satisfação própria individualizada. É fato que, uma vez portador de determinadas patologias, dentre elas o diabetes e hipertensão arterial, o indivíduo busca então conciliar prazer em se alimentar com a necessidade nutricional, sendo que nem sempre isso ocorre porque os hábitos alimentares construídos ao longo de uma vida e o que isso representa, já estão profundamente arraigados. Uma vez hospitalizado, o individuo tem sua rotina mudada com limitações impostas pelo tratamento que precisam ser seguidas. Mas ele, com toda a sua história, os hábitos construídos, e o que representa a comida para ele, não se altera automaticamente ao dar entrada num hospital. 62 Porém, o que se denota nos resultados do estudo é que a maioria dos pacientes, quando informados e atendidos de maneira adequada pela equipe multiprofissional e à ela tem acesso, consegue se adaptar de maneira mais efetiva, contribuindo com tratamento e acessando cada profissional de acordo com sua necessidade. Neste ínterim , a enfermagem, como ciência onde o cunho educativo é tão proeminente, é a que tem alcançado maior êxito. No que se refere à dieta hospitalar, é fácil perceber a disparidade da participação do enfermeiro desde a implementação do sistema hospitalar até hoje. A contribuição tem sido cada vez menor e menos freqüente se levarmos em consideração os primórdios. Quase metade dos pacientes entrevistados, não vê no enfermeiro um profissional habilitado à altura para intervir nessa questão ou simplesmente ausente neste ponto. Enquanto que a outra, compartilha quase que com a totalidade destes profissionais entrevistados que reconhecem no enfermeiro a função de educador, pronto a orientar, prestar esclarecimentos e apoiar emocionalmente, facilitando o processo de adaptação e adesão consciente à dieta imposta, de maneira não traumática, respeitando sua individualidade, sem o estigma do sacrifício. O trabalho educativo realizado por enfermeiros tem sido de grande relevância para a citada adaptação, pois na instituição onde foi realizada a pesquisa a maioria dos pacientes entende serem portadores de direitos e estão dispostos a reivindicá-los. Todavia, conscientemente, apesar de entenderem ser sua preferência alimentar algo importante, digna de ser respeitada e atendida, estão dispostos a se submeterem, se for o caso, à dieta instaurada, para que o tratamento não seja prejudicado. De modo geral, quando insatisfeitos, há um esforço conjunto enfermagem- nutrição no sentido de substituir o alimento indesejado por outro de valor nutricional e calórico semelhante e que agrade ao cliente. Outro ponto importante é o reconhecimento dos direitos do paciente e o respeitos as preferências alimentares do paciente por maior parte dos enfermeiros, ainda que limitado devido à patologia do paciente e terapêutica instituída. 63 O enfermeiro com visão holística, segundo o modelo teórico de Wanda Horta, atua em todos os campos em prol do paciente, e através de um trabalho educativo contribui significativamente não apenas com o indivíduo na condição de paciente sob sua responsabilidade ética e profissional, mas também como individuo cidadão, portador de direitos que podem e devem ser respeitados independente de sua situação ou limitação. Mas ainda assim, há muito a se fazer para resgatar a força das ações de enfermagem junto ao paciente e família, principalmente neste particular, a idéia de que o enfermeiro, como “cuidador”, como profissional mais constante junto ao leito do paciente ainda ser visto por cerca de 40% das entrevistas como inabilitado para atuar mais intensamente nesta área é alarmante e remete à idéia de perda de espaço e valorização profissional. De acordo com os pacientes, eles reivindicam seus direitos, expõem suas dificuldades quanto à dieta diretamente ao nutricionista, pois é acessível, presente e solícito. Contudo, de acordo com enfermeiros entrevistados, ainda assim recorrem à enfermagem quando por algum motivo não conseguem de alguma forma resolver o problema. Tal contradição explica-se pela idéia que o paciente tem de que esclarecer dúvidas ou questionar com o objetivo de solucionar as dificuldades encontradas com a dieta alimentar não significa recorrer á enfermagem. A proximidade deste profissional junto ao paciente faz com que tudo transcorra com muita naturalidade. Verdade é que, a enfermagem pode e deve estar presentes, pronta para intervir, ser como uma “ponte” que conduz e orienta o paciente possibilitando o acesso à informação e aos demais membros da equipe multidisciplinar. Dentro da equipe multiprofissional, o enfermeiro é o único que não tem apenas uma função especifica, pois à ele é delegada a responsabilidade de cuidado com o ser humano. O fato é que quando se fala em seres humanos, nos referimos a um ser que é amplo, individualizado, com características e concepções que constituem cada um deles como sendo um universo peculiar. Cabe ao enfermeiro uma atuação holística, para que dessa forma todos os aspectos relacionados ao paciente sejam considerados e atendidos de modo satisfatório. 64 É inegável que no atual modelo assistencial, em que o enfermeiro é sobrecarregado de tarefas e quantitativo de pacientes torna-se muito difícil prestar o cuidado ideal, tornando menos complexo eximir-se da responsabilidades, deixando exclusivamente a cargo dos outros profissionais atividades em que a enfermagem poderia colaborar de forma mais efetiva. Tal atitude tem um preço, e ele é pago com a desvalorização da capacidade profissional por parte de pacientes e por membros da equipe multiprofissional. Aos enfermeiros torna-se relevante uma reflexão neste sentido, pois tal atitude pode num futuro não muito distante remeter à enfermagem á uma assistência voltada apenas para os cuidados básicos, como o de higiene por exemplo, ficando a segundo plano a enfermagem prática teórica e científica. As ações de enfermagem para subsidiar a preferência alimentar do paciente hospitalizado tem girado em torno da atuação do enfermeiro como educador, junto ao paciente e família, orientando, estimulando o auto cuidado, a prevenção e a promoção da saúde. Considerando que uma vez informado, consciente, o paciente pode exercer seu direito e dever, pode-se afirmar sem receio de exagero que tal atividade vai além do processo saúde-doença, consiste num exercício de cidadania. Na verdade, muito mais se pode esperar deste profissional que desde a sua graduação é preparado para participar de forma constante e importante na equipe multiprofissional. Para tanto, se faz necessário, muito mais que embasamento teórico ou respeito a códigos de ética ou de direitos sócio-legais. É necessária responsabilidade pessoal, comprometimento, consigo mesmo e com o paciente, com a segurança de que é capaz de gerir, liderar situações, ainda que por muitas vezes não receba o reconhecimento esperado. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- APERIBENSE P.G.G.S. Nexos entre a enfermagem, a nutrição e o serviço social, profissões femininas pioneiras na área da saúde dos anos 30 aos 40. Revista Escola de Enfermagem da USP; 42(3). P.474-82, 2008. 2- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.Programa Nacional de DST e AIDS. Manual clínico de alimentação e nutrição na assistência de adultos infectados pelo HIV. Brasília, 2006, p.15. 3- BRASIL, Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual da Saúde.Disponível em http://bvms2.saude.gov.br/php/level.php?lang=pt&component=51&item=43. acesso em 17 nov. 2008. 4- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Coordenação Geral de Política de Atenção de Alimentação e Nutrição.Guia Alimentar para a população brasileira: promovendo uma alimentação saudável. Brasília, 2006, p.15. 5- BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de alimentação e nutrição. Brasília, 2005, p.02. 6- CAMPOS S.H., BOOG M.C.F. Cuidado nutricional na visão de enfermeiras docentes. Revista de Nutrição. vol.19 nº 2, Campinas Mar./Abr. p. 145-155. 2006 7- CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen 311/2007. Disponível em http://www.coren-rj.org.br/site/pdfs/codigo-de-etica/codigo-de-etica.pdf. último acesso em 16/07/2009. 8- COUTINHO, Ruy. Noções de fisiologia da nutrição. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, p. 415. 1989. 66 9- DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Disponível em http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php. Último acesso em 27/04/2010. 10- DIAS, Maria Antonia Andrade. Marketing e hospitalidade no hospital. Revista Tratados de Enfermagem, S. 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Em seguida, as transcrições das entrevistas efetuadas com os 10 pacientes de ambos os sexos alocados nas diversas enfermarias da instituição supracitada. Semelhantemente, os pacientes receberam nomes de flores. As partes destacadas em itálico são as falas selecionadas que fizeram parte da análise de dados. 70 ENFERMEIROS 1) MACIEIRA 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Eu acho que pode sim, porque mesmo que os parâmetros do paciente né...tem gente que vem no hospital, ta acostumada comer determinada alimentação em casa chega no hospital, às vezes o paciente é até hipertenso, é diabético, e come uma alimentação que não é pra ele comer, chega no hospital, vê aquela dieta branda, muito cozidinha, só com sachezinho de sal, ah! Então eu acho que a enfermeira tem passar para o paciente a necessidade dele realmente fazer aquela dieta, ainda mais que é uma clínica de cirúrgica, o paciente tem que controlar, equilibrar tudo, pressão, glicose pra poder ter condição de fazer a cirurgia dele. Eu acho que o papel da enfermeira também é importante quanto à hidratação do paciente no hospital. Dircilene : isso também diz respeito à informação, essas coisas? Resposta: Eu acho que a nutricional eu acho que nem tanto, mas mais no aspecto de necessidade de fazer uma dieta equilibrada, no caso dele, no que diz respeito se ele for hipertenso ou diabético ah! Mas as vezes ele ah! eu não consigo comer essa comida, eu não quero essa comida, mas o senhor é hipertenso, é diabético o senhor tem que fazer uma forcinha, não pode ficar sem comer, tem que fazer uma força pra comer essa dieta que ta sendo é trazida pro senhor, ele reclamam muito disso as vezes, outros não tem consciência de que tem fazer aquela dieta, tem que comer aquela dieta, começa reclamar, não come, entendeu? reclama muito, a gente pede pra conversar com a nutricionista, tamem ela fala com ele, porque ta mandando, porque ela é que manda pela copeira, então é isso. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? Resposta: Bom, direito entre aspas, né? Assim, como eu já tinha falado antes, direito que ele tem, pode até ter, mas no sentido de.. Tem que saber que dieta ele pode 71 exigir, que tipo de dieta, quer dizer, por isso direito entre aspas porque o paciente...eu quero essa comida que é uma dieta mais rica em sei lá, em gordura, colesterol ainda mais paciente de uro, não pode ter fazer determinada alimentação, porque tem que fazer o controle dessa...,porque assim, pode aumentar o colesterol, uréia, creatinina dele, então eu acho que tem direito entre aspas, tem que ser passado isso pra ele também. 3) NO CASO, SE ELE ESPECIFICAMENTE? TEM DIREITO, QUAL SERIA O DIREITO DELE, Resposta: Bom qual seria o direito? Direito assim... direito assim, ele tem direito de querer saber, eu acho querer saber porque que ta vindo aquela dieta e quando for dito pra ele que não pode aquela determinada dieta que ele tá pedindo, ele conversar com a nutricionista, que é a pessoa indicada pra conversar com ele, que ela é que fez nutrição né? Indicada pra conversar com ele a respeito da dieta que ta vindo pra ele, a necessidade dele ta fazendo aquela dieta. 4) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? COMO PROCEDEU? Resposta: ah! Várias vezes, várias vezes, não gosta de determinada dieta, já reclamou varias vezes, o que foi falado pra ele que ta vindo aquela dieta porque no momento ele tem que comer aquela alimentação, aquela que ta vindo pra ele, aqui interna muito paciente com hipertenso e diabético, aqui é uma enfermaria cirúrgica e de uro e o quem tem mais esse problema é pacientes idosos, diabéticos e hipertenso, né? 5) E AÍ QUAL FOI O RESULTADO? Resposta: depois reverteu, já tinha conversado com ele. É enfermeira vou fazer uma forcinha, porque eu sei que é pro meu bem, eu comer essa comida que ta sendo me oferecida, é, vou fazer uma forcinha pra aceitar essa dieta porque eu sei que se teimar em querer outra comida..ou então as vezes, muitos já vi trocarem comida entre eles... ah! Porque vem uma comida .... ah você me da isso? Ai quando é a dieta de outro paciente ...ai a gente vai e conversa com ele: ó não pode fazer isso, ce não quer operar? Se você não controlar sua diabetes, ou a sua hipertensão, você vai voltar, aí não vão te liberar, você não vai fazer cirurgia, seu quadro pode complicar mais ainda, ce vai mais tempo sem operar, e há muito caso de câncer de próstata, de bexiga, a gente fala pra eles assim ó: se você não aceitar essa dieta e ta pedindo pro colega, eles trocam as vezes, eles trocam as vezes, um oferece pro outro, o que vem, as vezes 72 vem suquinho diet,ou ligth as vezes,ah! Não gosto desse, dá pra me dar o outro?entendeu? eles trocam as vezes... ai a gente vai e coloca essa coisa, explica pra ele: você não pode comer a dieta que ta vindo pro seu colega, a sua é essa. 6) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Montaqem da dieta hospitalar, bom ainda nunca tinha pensado nisso, agora que você ta me perguntando essa pergunta, ainda não tinha pensado nisso, equipe médica, enfermagem, nutricionista e familiar? Dircilene: É. A família junto, decidir junto, na montagem mesmo. Tipo de alimento, qual vai ser o alimento, porque as vezes o paciente precisa de determinado nutriente, mas as vezes aquele nutriente tem em vários alimentos diferentes. Então como a família pode opinar, participar desse processo? Resposta: Poder, pode, poder eu acho que pode, eu acho que não tem problema aí...a família poder opinar sobre determinado alimento do familiar, isto não é uma coisa viável né? é um sonho né? é o sonho, porque senão vai ter muita interferência, tem que ser uma coisa muito bem organizada, bem programada pra funcionar...bom eu acho no momento, pelo menos num hospital de grande porte, num hospital desse que é um movimento muito grande, entendeu? Nesse momento, não é uma coisa viável não. É uma correria muito grande pra tudo. Os médico não tem tempo, a enfermagem as vezes não tem tempo, entendeu? a nutricionista tem que ver várias clínicas, é meio impraticável, só se botasse mais funcionários. 2) LIMOEIRO 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? 73 Resposta: Sim, acredito que o enfermeiro ele contribui, porque é no meu caso especifico aqui, onde o paciente muitas vezes não tem condição de se alimentar sozinho, e ele tem a sua necessidade básica de se alimentar comprometida, a equipe de enfermagem ela tem, ela tem atuação direta, é ele quem vai oferecer e avaliar a aceitação dessa dieta, pra poder discutir se há necessidade de troca chamar o profissional da nutrição pra uma abordagem. Mas a percepção inicial é do enfermeiro. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? E SE ACHA QUE SIM, QUAIS? Resposta: Eu me reservo a achar que não, porque a clientela muitas vezes tem seus hábitos e desconhece valor calórico, desconhece informações técnicas sobre aporte nutricional. E o aporte nutricional dentro de uma cirurgia, de um setor de neurocirurgia, ou de oncologia ou de tuberculose que são os setores que eu atuo, em três instituições diferentes. A nutrição ela tem uma função é fundamental na recuperação desse doente, eu não sei se o paciente ele é capaz de dimensionar a importância disso sem uma prévia orientação. O que eu acho sim que o que pode acontecer se o paciente tiver em condições de entendimento, se ele não tiver sofrendo, se ele não tiver com alguma seqüela que impeça que ele possa entender, se ele tiver lúcido e orientado, eu acho que é importante a enfermeira oriente, explique junto com a nutricionista da necessidade do aporte calórico dele, agora ele sozinho eu acho que tecnicamente ele não tem condições de chegar aqui numa hospitalização e entender como essa máquina funciona. eu acho que o paciente, ele acha acho que ele recebe a alimentação como a nossa alimentação de casa, que ela não tem o compromisso nutricional, essa é a grande diferença. Será que o paciente está educado o suficiente para saber que ele não come por uma satisfação leviana, e sim por uma satisfação do seu corpo num momento de recuperação de uma cirurgia grande? As necessidades calóricas de um paciente que sofre uma intervenção cirúrgica é muito diferente de um paciente que tá andando pela rua, de uma pessoa que ta andando pela rua. E o paciente não tem entendimento disso, ele pensa que ele ta se alimentando como ele se alimenta em casa. É diferente, esse raciocínio é totalmente fora. Agora se você sentar e explicar pra ele o que é nutrição hospitalar e o que que é nutrição da gente em casa em que a gente quer come bife com batata frita, que a gente escolhe o que quer comer, e o que é nutrição feita tecnicamente em cima da necessidade real pra aquele paciente acometido por aquela patologia é uma diferença muito grande, eu não acho que o nosso paciente ele tem condições para fazer essa opção porque ele desconhece o que é nutrição hospitalar. Então não é porque ele não sabe escolher , é porque coitado, ele não tem informações pra dimensionar, eu acho até que é covardia, eu achar que ele é capaz de saber, eu jogar para o paciente a responsabilidade, eu achar que ele é capaz de saber..é muito sério você saber qual teor calórico de um paciente neurocirúrgico, um politraumatismo, é sabe isso ta aquém ...isso é muito técnico, eu me reservo dizer 74 que não, que agora de uma boa conversa, de uma boa orientação, eu acho que o indivíduo, você pode fazer a abordagem sim. Mas dar a ele a responsabilidade de decidir a dieta é um trabalho que a gente é um trabalho que teria que ser feito com muito carinho.. a nutricionista devia ir no leito diariamente falar de caloria, ai perde, até porque eu não tenho hoje aqui na neurocirurgia paciente que pudessem entender isso, muitas das vezes ele tem seu nível de consciência comprometido. Eu tenho um paciente de quarenta e poucos anos com tumor de hipófise, ele não tem condições, ele não ta lúcido e orientado, ele aceita a dieta? Toda, toda. Come e inda lambe o prato, mas ele não sabe o que ta comendo. Eu tenho uma outra paciente que tem um tumor cerebral que ela é disfásica, ela fala tem dislalia inclusive ela come muito bem, mas não sabe nada do que ela ta comendo e nem..a conversa ela realmente deve ser reservada aos paciente que você observa que necessita de um papo. Então o paciente que tem alguma restrição porque ele não gosta daquele outro alimento ele necessita de uma abordagem do profissional de nutrição pra ele poder entender qual e a necessidade e pra que ele possa se alimentar, porque senão ele vai recusar a dieta e ele tem que entender que pra ele aquilo é maléfico,e daí ele vai acabar tendo que usar uma sonda entérica,e daí ele vai passar daqui a pouco ele vai passar por uma gastrostomia. Ele tem que entender isso, é uma cooperação. Então eu não sei, eu fico um pouco, eu nunca vi nenhum trabalho que o paciente não aceitasse por preferência, eu já vi ele não ter condições de mastigar ou aceitar pouco porque ta deprimido...agora ele não aceitar..por uma situação...por uma questão de preferência eu nunca vi acontecer... Dircilene: Por questões cultural, religiosa... Enfª Denise: não, não e as vezes que eu vi. Ah! Eu não gosto muito assim ..a nutrição encontrou maneiras de fazer com que ele recebesse.....é ...foi negociado..mas era uma questão, quando o paciente é jovem, que não gosta...espinafre...creme de espinafre...voce vê que as vezes sobra no prato o que que o espinafre tem, é rico em que, o que pode fazer então? de que maneira?...eu já vi assim...porque a pessoa não gosta daquele alimento, não por uma questão cultural, ou por uma questão cultural, religiosa, macrobiota, vegetariana, nunca vi nunca abordei. 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Já, já. COMO PROCEDEU? QUAL O RESULTADO? 75 Resposta: Ah! Chamei a nutricionista, porque eu sei que ela, que num procede ou não...eu não tenho condições de... porque eu não sei o que tem no cardápio de hoje, o que que tem na dieta branda? Tem isso e isso...não sei o que tem na líquida, pastosa, então ela é que vai falar assim... por exemplo: eu to de dieta livre, mas eu não gostei disso assim, assim...é, então ela com certeza vai falar assim: eu tenho purê que é da dieta pastosa e tenho carne moída, voce quer? Não, não... essa, a dieta livre é mastigável, mas a pastosa ela é isso...voce quer com caldo de feijão? ah! Eu quero, prefiro, porque eu adoro alimento molinho...tá... eu não gosto de frango, eu não gosto de feijão, então ela vai ouvir isso...de alguma forma ela vai tentar negociar...com certeza...até porque a comida daqui é gostosinha...é a comida é gostosa é cheirosa, ela vem toda preparada em descartável...é tudo embalado, tudo lacrado..então existe sim....a firma que faz a nutrição daqui...então é isso tudo, o apelo...a comida malservida já dá um impacto ruim....a comida bem servidinha, voce vê que já chega limpinho..tudo...porque a gente começa a comer pelos olhos, né? por ainda não tinha pensado nisso mais que aquilo não seja o que voce gostaria de comer....ah eu não gosto de frango, prefiro a carne vermelha...porque o frango...é so conversar...eu acho que o grupo da nutrição aqui ele tem um cardápio bem facilitador, com dietas pouco polemicas... imagina! 500 leitos ativos, imagina se a comida fosse complicada! Atender todo mundo ...a gregos e troianos. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Sim, esse é meu grande segredo. Hoje em dia eu só funciono, sabe porque? Porque eu trago e distribuo as responsabilidades. A enfermagem não pode mais só agregar responsabilidades. Se o paciente tem infecção, se o paciente não comeu, se o paciente ta com infecção respiratória. Não, aqui todo mundo tem sua participação. A nutrição, o psicólogo, o serviço social. Até eu consegui, até isso eu consegui, os pacientes aqui com infecção respiratória aqui morriam porque broncoaspiravam, porque higiene oral ruim...se broncoaspira, que que precisa? fisioterapia respiratória preventiva no pré e pós-operatório, eu ganhei um fisioterapeuta. A higiene oral é comprometida, então que tal a gente fazer um dueto com a odontologia? A odontologia vem diariamente aqui...quem limpa a boca dos pacientes aqui na neurocirurgia, tem quatro meses é a odontologia. Eu sei fazer higiene oral? Sei, porque? Por que que eu sei fazer higiene oral? Porque meu pai era dentista, eu tenho três irmãs dentistas. Aí eu pergunto a voce: voce sabe fazer uma boa higiene oral? Quem, quantos de nós profissionais de enfermagem sabemos realmente fazer uma higiene oral eficaz?..então peraí...ou vem aqui treinar a equipe ou vem aqui treinar o que que é, o que que não é, como é que limpa..quem limpa a boca dos pacientes na neurocirurgia...eu acabei com a infecção respiratória, porque a boca era porta de 76 entrada, uma boca com placa, uma má higiene oral era uma porta de entrada pra bactérias e a infecção respiratória . Então a fisioterapia..Eu ganhei fisioterapeuta, eu, a neuro, né? A odontologia pra fazer a limpeza... a nutricionista visita os pacientes, os médicos operam, a enfermeira tem que higienizar, medicar, trocar decúbito, pápápápápá....por exemplo, hoje os pacientes subiram pro centro cirúrgico sem trocar roupa, porque não tinha roupa.... Que que cabe a mim? encaminhar um memorando pra rouparia, hotelaria, e dizer que meus pacientes hoje não trocaram roupa. E o que representa que representa pra infecção hospitalar? a CCIH recebeu uma cópia. Então gerenciar...voce tem que responder a enfermeira do plantão da noite que cabia a ela preparar o doente e mandar pro centro cirurgico, ela não tinha a roupa, ela notificou, cabe a mim tomar uma providencia e responder a ela que foi encaminhado um memorando pro CCIH, pra rouparia, hotelaria, pápápápá.... Então se o paciente me diz que não aceitou a dieta dele.... ué é básico, é ligar pra nutricionista e falar com ela!!!, é básico. 3) PESSEGUEIRA 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Existe, muitas vezes existe, muitas vezes existe sim. Perguntar ao paciente, a família do paciente quais os hábitos alimentares que ele tem, é...se ele tá há muito tempo sem comer nada, se ele é diabético, se ele tem alguma doença de base na certa, entendeu? 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? Resposta: Se ele tem direito? Geralmente a nutricionista, aí já não é com a enfermagem, a nutricionista faz uma entrevista com esse paciente e vê o que ele pode comer e o que ele não pode e tenta adequar a dieta junto a ele, entendeu? Dentro do que ele pode, dentro o que ele gosta. 77 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Com certeza, questiona mesmo é ouvida, muitas vezes é ouvido outras vezes não tem como, ele precisa as vezes o paciente precisa daquela proteína, quer outra, ele não entende, quer outra, por exemplo, ele quer um suco de maça, naquela hora ele não pode tomar o suco de maça com açúcar, por exemplo, não pode. As vezes a gente tem que falar com ele. Uma dieta sem sal, ele quer com sal, outras coisas mais, depende da doença de base, as vezes dá pra fazer, as vezes não. COMO PROCEDEU? Resposta: Muitas vezes reclama, principalmente quando a dieta enteral, né? pergunta até se não pode mudar a cor de feijão, pra uma feijoada que ele tá tomando, entendeu? A gente fala com ele que não é possível, explica a situação a ele, fala que é por pouco tempo, entendeu? até que ele vai adequando aquilo ali, dá pena, mas as vezes a gente não tem como fazer nada não pode fazer nada, principalmente quando é parenteral. QUAL O RESULTADO? Resposta: Junto a enfermagem, principalmente comigo dá certo, eu converso, brinco, falo que ele não tá gastando nada...eu levo na brincadeira, tenta agradar da melhor maneira, entendeu? Sei que é chato, mas...ele aceita....quando ele não aceita, ai entra a nutricionista pra conversar, quando continua não aceitando ai tem que chama o psicólogo faz um trabalho junto a ele. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Olha, multiprofissional isso só praticamente existe no papel, dentro hospital isso não existe, médico é muuuito individualista, o medico é o rei dos reis, então ele se acha o tal, então ele não participa junto a enfermagem. Raramente você vai ver uma equipe trabalhando em conjunto. Eles toma a decisão deles, agora a nutrição muitas vezes conversa com a enfermagem e chega num acordo. Importante? é importante. 78 4) LARANJEIRA 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Existe sim. Eu acredito que nós somos responsáveis por acompanhar a alimentação e até auxiliar o paciente quando ele não tem condição de se alimentar sozinho, né? Quando ele está mais debilitado, tudo mais... os cuidados são pertinentes à enfermagem, elevar o leito e todas essas situações, então a gente acaba tamem se envolvendo muito nessa hora da alimentação e houve muitas queixas dos pacientes em relação ao teor da alimentação. O que ele prefere, o quer não prefere, as vezes em relação a consistência, o que fica mais fácil pra ele digerir ou não..e então a gente acaba repassando pro nutricionista todas essas informações...como nós estamos aqui 24 horas ao lado do paciente, somos, a enfermagem ta 24 horas com o paciente, nós somos realmente a equipe que está mais inteirada de todas as alterações e queixas desse paciente. Então as vezes ele não conseguem falar com a nutrição, as vezes não conseguem aqui, as vezes eles não identificam o profissional nutricionista, aí a gente fala: o nutricionista passou aqui agora, mas eles não sabe quem é, ai ele vem falar com a gente... ...eu não gosto de comer tal tipo de comida, a dona fulana recebe sopa, eu preferia uma sopa... ele acaba trazendo pra gente....a gente fala pra nutricionista e pede pra ele e consegue uma alteração..aqui eu percebo que ele tem facilidade....as nutricionista interagem bem com a equipe, o que a gente pede a elas estão prontas a atender...a alimentação aqui e bem diversificada, elas conseguem assim suprir essa necessidade do paciente...tem pessoas também não tão as vezes tão acostumadas a determinada alimentação..e até recusa .a pessoa não tem por costume e tem pessoas de determinada alimentação comer sempre e acaba recusando....e ai acaba retornando e se alimente por não ter adequadamente esse hábito de comer determinado legume. Mas, aqui são seis refeições durante o dia ao dia. E eles fazem várias alterações, dependendo do que o paciente pode, do que está prescrito na dieta dele...eles alteram, um café com leite, se ele prefere tomar um chá....eles fazem né? Só aqui eu percebo que o paciente até que tem mais liberdade, não sei se é bem esse termo, mas eu acho que é porque a gente tá muito tempo ao lado dele..ele sempre vê em nos aquela pessoa que pode ta resolvendo em qualquer situação......é um exame que ele não foi chamado e que não foi marcado, assim como também na alimentação. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? 79 Resposta: Bem eu acredito que sim, não é porque ele está internado numa instituição hospitalar ela não esta obrigada a consumir determinados alimentos que ela não tem preferência que ela não goste, tem religiões que a pessoa não come determinados tipos de alimentos...eu acho que pode ser respeitado....salvo algumas restrições que a pessoa tenha...tem paciente que tá em dieta hipossódica, coisas desse tipo..se não vai prejudicar o quadro do paciente..acredito que não há problema nenhum....ele tem direito sim de pedir algumas modificações na dieta e de ser atendidas. 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? COMO PROCEDEU? Resposta: Já. Eles reclamam até bastante...já é sempre aquela história, que comida de hospital é insossa, não tem sal, não tem tempero...eles questionam bastante sobre isso, o que a gente geralmente a gente faz é confirmar a dieta, se a prescrição é uma dieta hipossódica..as vezes é dieta branda, dieta pastosa, alguns questionam as vezes isso..ai a gente consulta a prescrição médica pra ver se tem necessidade de realmente a dieta ter vindo sem sal, mas geralmente vem sem sal e eles deixam pra ele o sachezinho com sal, ai a gente confere na prescrição, que as vezes a copeira na hora de passar acaba distribuindo a alimentação e acaba não foi o sache de sal....as vezes não gostam de algum suco ai elas conseguem resolver logo com a copeira, e as vezes quando tem algum tipo de restrição do tipo de fruta..determinada fruta, aí elas geralmente vem passar ....a nutricionista vem junto com a copeira, a gente tenta resolver, né? comparar a prescrição pra ver se a pessoa tá em dieta pastosa....alguns à noite prefere tomar sopa porque se sente mais leve, porque dorme melhor....quando não tem alguma restrição na prescrição a gente consegue alterar as vezes acha que a carne vermelha não ta bem cozida, difícil de cortar...ai esse tipo de alteração a gente passa direto pra nutricionista, na hora a gente não tem como mudar. QUAL O RESULTADO? Resposta: Consegue, consegue sim. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? 80 Resposta: Ah, eu acredito que sim porque como o próprio nome diz a equipe multiprofissional é muito importante... cada profissional na sua especialidade contribui para melhora da cura do paciente, do quadro do paciente, a família tem uma participação muito importante em todas as decisões, também na questão da alimentação, também acredito que o envolvimento da equipe com a família é muito importante, a internação já é algo difícil pra pessoa, você tá doente,você tá com receio do que pode acontecer, você ta num ambiente diferente ....então a alimentação eu acho que é uma...o paciente sempre pensa dessa maneira e a gente vê falar isso fora do hospital sempre dessa maneira.. quando reclama de algum tipo de comida fala assim, parece comida de hospital sempre tem essa Idea de que é uma comida do paciente é sem muito gosto, não é uma comida gostosa é uma comida só mesmo pra suprir uma necessidade de alimentação então eu creio que realmente o envolvimento da equipe multiprofissional com a família e o paciente é primordial na, no estabelecimento da alimentação ...aqui por exemplo quem prescreve como será a dieta do paciente é o médico....se vai ser hipossódica, hipocalórica, líquida, pastosa mas eu vejo que a nutrição tem a sua autonomia e a gente também, se a gente vê que o paciente tá desorientando e que ele não tem condições mais de dieta oral, pode acabar bronco aspirando, mesmo você tomando cuidado tem essa autonomia de igual pra pedir pra suspender e comunicar o profissional médico que ele transcreva na prescrição essa suspensão...eu acho que a equipe multiprofissional aqui consegue interagir bem. 5) MAMOEIRO 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Não. Essa parte é do nutricionista e o médico 2)VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? Resposta: Acredito. Relativo a determinados alimentos que o paciente não gosta. 81 ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Já. COMO PROCEDEU? Resposta: Encaminho o problema a quem de direito, nutrição. QUAL O RESULTADO? Resposta: Encaminho o problema 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Acredito. 6) ABACATEIRO 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Com certeza. A própria aceitação do paciente da dieta ofertada. Por exemplo, de repente vem uma dieta sólida. Como a gente tá direto com o paciente, a gente pode tá verificando se esse paciente tem condições de fazer dieta sólida ou não. Na verdade acho que o enfermeiro acaba sendo uma ponte entre o paciente e a nutrição, na aplicação direta, na oferta direta da dieta. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? Resposta: Dentro das limitações dele sim, dentro da condição clínica dele sim. Por exemplo, tem que considerar o quadro clínico do paciente, se ele é um paciente 82 hipertenso por exemplo, a gente pode ta ofertando a ele uma dieta propícia pro quadro dele, mas dando a oportunidade dele, entre as opções, escolher aquela que ele mais gosta, tem melhor aceitação ...não tem como a gente impor, a gente tem que tentar um equilíbrio dentre as opções que ele pode, e dentre as opções dar o direito a ele de escolher. Por exemplo, o paciente hipertenso, se eu tenho duas possibilidades de fruta, pra que que eu vou obrigar ele a comer uma determinada fruta. Se o hospital, claro depende da instituição pra instituição, né? Se tiver condições, ne? Olha nós temos esse e esse. tamem levar, impor e ele não se alimentar não vai adiantar de nada 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Principalmente paladar, tempero. A gente geralmente consegue chamar a nutrição, mas sim, eu tenho presenciado que a maior queixa é o sal mesmo que ele acham que tem pouco sal. COMO PROCEDEU? Resposta: A agente explica que pelo quadro voltando ainda o caso da hipertensão, não pode exagerar no sal. ..a maior queixa que tenho percebido é isso.... a falta de tempero, a falta de sal. QUAL O RESULTADO? Resposta: Eu confesso que eu não sei como é que ficou daí pra frente... Pelo menos aqui no hospital a nutrição é muito solícita. Geralmente a comida de hospital nunca é igual a de casa, o paciente sempre vai queixar... 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Com certeza, isso é o ideal. Ás vezes é muito difícil conseguir isso na prática, principalmente em hospitais de grande porte, mas seria o ideal... A enfermagem monitorando, o familiar dando a dica, como aval da nutrição. 7) BANANEIRA 83 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Sim, orientando o paciente 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? Resposta: Sim. Até porque ninguém é obrigado a comer o que não gosta 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Vários. COMO PROCEDEU? Resposta: Conversa com a nutrição. QUAL O RESULTADO? Resposta: Consegue resolver 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Sim a gente orienta a família, inclusive na alta. 8 ) AÇAIZEIRO 84 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: O enfermeiro vai estimular o paciente a receber essa alimentação colocando a ele os benefícios que vai fazer na sua recuperação, orientando. Também informando a nutrição o que ela pode fazer, o que ele goste, de repente, dentro da dieta dele a gente pode trocar o que ele não gosta por outra... 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? Resposta: Sim, trocando o que ele não gosta...a cabe a enfermeira tá informando a nutricionista as preferências do paciente. 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? COMO PROCEDEU? Resposta: Vários pacientes. Isso ai ta sempre ligado a outra pergunta....o paciente reclama, a gente fala com a nutrição e consegue adequar ao que eles gostam. QUAL O RESULTADO? Resposta: Dá certo, conversando a gente consegue adequar. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Eu acho porque a nutrição porque fora a dieta oral tem dieta enterais que o paciente recebe, então ela vai ver o que e melhor pro paciente, pra sua recuperação, e dentro da equipe, tem enfermeiro na nutrição... e é importante a família porque na alta do paciente a enfermagem orienta, depois a nutrição orienta, e depois o médico também pra passar pra família como administrar essa dieta... 9) COQUEIRO 85 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? Resposta: Eu acredito que sim. QUAL? Resposta: Sim porque a gente...tá vendo... pode de acordo com a patologia do paciente, de acordo com os problemas de saúde que ele teve, é qual a dieta...trabalhando junto com a nutrição, qual a dieta que seria melhor pro paciente e as preferências dele. A parte da medicação também é importante. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS, ALGUM TIPO DE DIREITO SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? Resposta: Sim. Se é... o hospital tem uma variedade naquele dia de alimentos que possam ta sendo oferecidos ao paciente , e por exemplo não come carne vermelha, mas come frango, coisa assim, eu acredito que não tem problema nenhum...se a gente pode ta substituindo aquela proteína, ou aquela vitamina que o paciente teja necessitando mais, por um alimento que seja a preferência dele é melhor.. 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Já. COMO PROCEDEU? Resposta: Liguei pra nutrição e perguntei se no cardápio naquele dia tinha alguma coisa que pudesse ser oferecido a ele, que ele gostasse e também falei a nutrição que ele não comia aquele tipo de alimento..se podia mandar um outro que ele gostasse, que fosse da preferência dele. QUAL O RESULTADO? 86 Resposta: Atendeu. Ficou. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Acredito porque a dieta pode ser também terapêutica, como eu já disse, de acordo com as necessidades do paciente, proteínas, vitaminas, minerais a gente pode ta adequando essas necessidades a preferência dele, eu acredito por conta disso, da mesma forma o alimento como uma forma terapêutica. 10) CAJUEIRO 1) NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? QUAL? Resposta: Aqui não existe esse papel, existe a nutricionista que avalia o paciente, é as condições dele, e de acordo com as condições de acordo com as condições dele ela vai prescrever um a dieta, então assim, o enfermeiro contribui observando se houve boa aceitação para com a dieta. 2) VOCÊ ACREDITA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS SOBRE A DIETA ALIMENTAR DELE? QUAIS? Resposta: Na minha opinião, na minha opinião acho que não... acho que não porque, muitas da vezes eles não tem esse conhecimento, o que necessita pra contribuir pra que eles..pra essa dieta possa restabelecê-lo...muitas das vezes não é necessário que ele comente nada a não ser o próprio profissional de saúde, a enfermeira interagindo com a nutrição.... Dircilene: E se for direitos em relação ao tipo de alimento: veio batata e ele não gosta de batata, veio abobora e ele não gosta de abobora? Enfermeira Márcia: Aí sim ele pode interagir com a nutricionista, aí de repente ela pode já entrar em comum acordo, tentar colocar um outro alimento possa ser eficaz, né?...ele não precisa se alimentar daquele alimento que ele não gosta mas ela pode fazer uma troca né?, mas que seja uma fonte pra que ele se restabeleça, no caso. 87 3) ALGUM PACIENTE JÁ RECLAMOU OU QUESTIONOU A DIETA OFERECIDA? Resposta: Nessa enfermaria nesse momento não. Até agora ainda não. 4) VOCÊ ACREDITA QUE É NECESSÁRIA UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: ENFERMAGEM, NUTRICIONISTA E MÉDICO, COM A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR? Resposta: Seria ótimo, mas infelizmente aqui não funciona assim, mas eu acredito que ficaria muito bom essa interação, observando, né? iria contribuir muito. PACIENTES 1 -MAGNÓLIA 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Pode muito, né? Pode sim, são muito popular, eles, né?. Eles amam o que faz. Eu to aqui muito bem tratada por eles. 2) A SENHORA ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTA À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE PRA MIM. 88 Resposta: Olha filha, eu não sei porque geralmente a comida é muito boa, então eu tenho assim ah! Eu quero isso, eu quero aquilo outro, não porque a comida que vem e muito boa a comida é ótima, bastante comida...é ótima eu não tenho o que falar. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: A com a ..como é que diz?...a que bota a alimentação que vem ...a copeira..eu ia recorrer a ela a ela e ia falar. 2 -OTÍLIA 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Contribuir na minha alimentação? Eu acho que quem faz isso é a nutricionista, entendeu? e ela que dá..ela é que define o que você.. o paciente deve comer ou não..ela é que define, essa é a minha opinião. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTA À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Não, na minha opinião não, porque ele tá num hospital, não está na casa dele. Então eu acho que ele deve comer o que tá escrito lá, o que os medico passar que você determine comer aquilo, que você tá de dieta ou não, não eu não posso exigir não. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Sobre alimentação? Nutricionista. Era ela. 3 - TULIPA 89 1) NA SUA OPINIÃO, COMO O ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Eu acho que oi primeiro contato que o paciente tem numa instituição hospitalar é, alem do médico, o enfermeiro. Então é nessa hora que o enfermeiro vai indagar tudo relacionando a vida desse paciente, e em relação até mesmo a alimentação por que há uma importância muito grande em relação à alimentação também pode estar relacionado com a patologia que o paciente apresenta no momento como é uma equipe multidisciplinar a quer dizer multiprofissional essa informação é passada ao enfermeiro pelo paciente é levada a nutrição e ai por diante desencadeia uma ligação (coisa não identificada) de comunicação. 2) VOCÊ ACHA QUE O PACIENTE TEM DIREITOS COM A ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE PRA MIM. Resposta: Com toda certeza o paciente tem direito de se alimentar daquilo que bem lhe convier dentro do padrão do hospital, ele não é obrigado a comer de uma coisa, de se alimentar de uma coisa que ele não digere bem, que não gosta por que ele é obrigado, o que o hospital tem que fazer é se aproximar ao máximo ao paladar do paciente. Se ele não gosta de abóbora ofereça outra coisa semelhante que contenha as mesmas propriedade, as vitaminas e que se aproxima do conteúdo nutricional, calórico que a abobora. Vamos supor então a opção da substituição, ele não é obrigado a se alimentar daquilo que não gosta. No caso, aconteceu até comigo, eu não gosto de café com leite, foi me apresentado variedades e isso é muito importante, a satisfação nessa hora que o paciente precisa pra que ajude na recuperação, e restabelecimento da sua saúde. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCÊ RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE NA SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Nó somos aqui muito bem acompanhados pelo serviço nutricional, temos visitas diárias tanto de manha, como de tarde e noite. A nutricionista, vem de leito em leito, perguntar se estamos satisfeitos, na admissão, é feita toda uma entrevista relacionando a alimentação é relacionando o que é costume do paciente usarmos na alimentação diariamente ela vem saber se estamos satisfeitos com a dieta se queremos mudar alguma coisa e isso é realmente feito nessa instituição e eu acho isso muito certo e estão de parabéns. 90 4 -HORTÊNSIA 1) NA SUA OPINIÃO, COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? COMO ACHA QUE ELE PODE FAZER? Resposta: O enfermeiro em caso de dúvida, ele pode esclarecer a alimentação que nós temos tendo sabe, pode esclarecer, ele contribui com nós fazendo a pergunta e ele podendo esclarecer o porque dessa alimentação. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO A ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO NO HOSPITAL? Resposta: Sim, pode haver pro paciente sim. Desde que ele não prejudique a alimentação né? Indicada pela nutricionista, porque a nutricionista indica a alimentação de acordo com o seu caso, com a sua necessidade. 3) NESSE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU A QUEM A SENHORA RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO Á SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Eu recorreria a nutricionista, porque está sempre disponível, né? para qualquer dúvida quanto essa dieta. Então seria sempre a nutricionista que eles realmente eles se importa, nos temos diariamente a visita deles pra saber se estamos satisfeito ou não nesse regime alimentar e se estamos aceitando bem esse regime alimentar...então seria sempre com a nutricionista. 5 - PRÍMULA 91 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA DIETA HOSPITALAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Prestando atenção no estado do paciente, até perguntando a ele seus gostos, embora muitas vezes ele não possa comer de tudo, mas prestar atenção no paciente e perguntando o paciente. 1) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Sim, desde que essa escolha não prejudique seu estado de saúde. Pra isso o nutricionista é formado, pra dizer se aquele tipo de comida faz bem ou mal no estado de saúde que o paciente se encontra. 2) NESTE HOSPITAL A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO A SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Ao nutricionista 6 – FLÔR- DE- LOTUS 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Não sei como responder essa pergunta. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Eu acho que não. Pra isso tem a nutricionista, né? É ele que faz as perguntas. Eu acho que é com o nutricionista mesmo. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM A SENHORA RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Com o médico. Só isso. 92 7 - BEGÔNIA 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Porque aqui no caso é mais o nutricionista é que monta essa minha dieta. Então o que posso..que que o enfermeiro pode contribuir pra isso aí é ele no caso se o paciente tiver precisando de uma ajuda, ele ajudar, o que se encontra muito é que o paciente não consegue pode comer direito...então eu acho que o que ele pode contribuir é ajudar o paciente a comer, porque as vezes ele não consegue levar uma colher à boca, e contribuir de modo geral com a higiene também da comida...no caso aí quando a copeira vem trazer a comida. O nutricionista é que faz mais essa parte aí de bolar o cardápio, de ver o que é melhor pra cada paciente. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Olha eu acho, eu acho que o paciente tem direito desde o momento que ele não esteje com nenhum problema...eu acho que quando o paciente é diabético ou tem pressão alta, ele não pode por exemplo escolher uma comida com muito sal, ai ele não vai poder escolher....agora se um paciente que não tem pressão alta, que foi constatado que ele não tem diabete, que ele e uma pessoa que ta ali de repente para fazer uma cirurgia de pequeno porte, eu acho até que ele tem direito de solicitar alguma coisa que ele queira...um prato melhor...tipo um iogurte, uma comida que ele queira porque as vezes ele não gosta, aí vem aquela marmita naquela quentinha vem comida que ele não quer, ai o que acontece? Ele joga tudo fora....há um desperdício tamem de comida 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: Ah! Eu recorro a todo mundo aqui nesse hospital, minha filha....olha tem a Dra. Mônica que é nutricionista maravilhosa, uma pessoa com um coração imenso, que 93 uma profissional que ela exerce bem a profissão dela de nutricionista..porque ela sabe fazer um cardápio balanceado, e ela ao mesmo tempo que ela sabe fazer o cardápio, ela é uma pessoa flexível naquilo que o doente também quer e precisa, né? eu recorro também aqui as enfermeiras, que são pessoas tamem aqui nesse hospital eu gosto muito, porque são muito competentes, toda regra as vezes tem exceção e tem uma que não condizem muito com a profissão, mas geralmente são umas pessoas boas e eu recorro sim nessa parte de nutrição....quando eu quero reclamar alguma coisa de alimentação sempre a nutricionista, a enfermeira. Eu nunca vou ao médico, eu nunca vou ao médico pra fazer reclamação nenhuma, eu sempre vou a nutricionista ou a enfermeira pra qualquer problema sobre a parte nutricional. 8 –LÍRIO 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Como um enfermeiro pode contribuir...Pode contribuir quando....geralmente na alimentação...pode contribuir em dar a alimentação para o paciente, ser voluntário com o paciente, ser uma pessoa, né? compreensivo com o paciente, alimentar o paciente quando for necessário, tanto no café da manhã, como no almoço, como no lanche da tarde, como na janta, como na ceia de nove hora, deveria ser paciente com cada paciente que se encontra aqui dentro desse hospital. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Tem sim... o paciente tem direito porque..porque ele aqui tá a critério do hospital do enfermeiro, dos doutor e também da nutricionista... então nem todo paciente pode comer qualquer coisa... ele não tem direito de escolher por causa disso nem todo paciente tá sujeito a comer de qualquer coisa, se alimentar de todo tipo de alimentação que ele gosta, ele tem direito de escolher sim. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? 94 Resposta: Primeiramente pra nutricionista que sempre passa aqui toda a manhã perguntando cada um de nós como é que tá a alimentação, primeiramente a ela, se ela não pudesse me atender, eu iria em cima da chefe que é a na enfermeira-chefe do hospital daqui do nosso setor...eu ira em cima da nutricionista, se ela não pudesse me atender, eu iria em cima da enfermeira-chefe. 9 - COPO-DE-LEITE 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: É... a enfermagem eh... tem muito pouco acesso á essa parte, pelo que eu tenho visto aqui...porque aqui quem traz aaa comida é o pessoal da copa, e quem faz essa dieta na realidade é o nutricionista, o enfermeiro na maioria das vezes nem ele aqui se encontra...ele só contribui no caso do paciente dos pacientes que não pode comer sozinho, daí eles fazem essa alimentação, né?..no caso da gente que tem autonomia não, .ele nem se fazem presente nesse horário, entendeu? então eu acho que ele contribui no nosso caso muito pouco...só no caso de quem não sabe se alimentar sozinho daí eles tem que dar esse alimento corretamente pra essas pessoas, sabendo dar pra essas pessoas pra não dar nenhum problema. 2) VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Tem, mas muito restrito, porque não existe um direito total... porque a nutricionista coloca pra nós dentro do que eles tem e nosso direito é escolher dentro daquilo ali, eles tem umas três opções não tem como pedir uma coisa fora do que eles colocam pra gente...hoje mesmo no café da manhã, eu falei com ela que eu não queria suco ou refresco eu prefiro café com leite mas se eu fosse escolher uma outra coisa, eu já não poderia, um achocolatado , eu já não poderia, dentro do que eles tem, nós temos que escolher. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCE RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? 95 Resposta: A nutricionista, somente a ela, a nutricionista. 10 - CRAVO 1) COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? Resposta: Enfermeiro nenhum pode contribuir na alimentação de doente nenhum. Só a nutrição e mais ninguém 2) O SENHOR ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO À ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? EXPLIQUE. Resposta: Tudo depende do estado do paciente e a nutrição. Só isso só, entre o paciente e a nutricionista. 3) NESTE HOSPITAL, A QUEM SENHOR RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO À SUA DIETA ALIMENTAR? Resposta: A nutricionista mesmo, não tem outra pessoa a que reclamar. 96 GRÁFICOS Gráfico nº 1 COMO UM ENFERMEIRO PODE CONTRIBUIR NA MONTAGEM DA SUA DIETA ALIMENTAR DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO? 4,5 ORIENTANDO E ESCLARECENDO O PACIENTE 4 3,5 AJUDANDO-O A SE ALIMENTAR 3 2,5 NÃO PODE CONTRIBUIR 2 1,5 SENDO ATENCIOSO COM O PACIENTE 1 0,5 NÃO SOUBE 0 1 97 Gráfico nº 2 VOCÊ ACHA QUE EXISTEM DIREITOS DO PACIENTE QUANTO A ESCOLHA DA ALIMENTAÇÃO? 6 5 NÃO SABE 4 NÃO 3 2 SIM SIM, MAS NÃO TOTAL 1 0 1 Gráfico nº3 NESTE HOSPITAL, A QUEM VOCÊ RECORRE OU RECORRERIA EM CASO DE ALGUMA NECESSIDADE QUANTO A SUA DIETA ALIMETAR? 8 7 6 5 4 3 2 1 0 COPEIRA NUTRICIONISTA MÉDICO 1 98 Gráfico nº4 NA QUESTÃO DA DIETA ALIMENTAR DO PACIENTE, EXISTE UM PAPEL OU CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO? 3,5 3 EDUCATIVA, ORIENTAÇÃO ALIMENTAR O PACIENTE 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Gráfico nº5 ADMISSÃO ATUANDO JUNTO COMO A NUTRIÇÃO PONTE PARA COMUNICAÇÃO COM A NUTRIÇÃO 99 Gráfico nº6 Gráfico nº7 100 101 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Dados de identificação Título do Projeto: “AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO” Pesquisador Responsável: Dircilene de Almeida Pereira Gonçalves Orientadora: Profª Solange Borges Cassiano Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Fundação Técnico Educacional Souza Marques – Escola de Enfermagem. Telefones para contato: (21) 3837-5506 - (21) 9358-6582 - (21) 2474-6414 Nome do voluntário: _________________________________________________ Idade: _____________ anos R.G. ___________________________________ Responsável legal (quando for caso): ___________________________________ R.G. Responsável legal: _________________________ O Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa: “AÇÕES DE ENFERMAGEM PARA SUBSIDIAR A PREFERÊNCIA ALIMENTAR DO PACIENTE HOSPITALIZADO”, de responsabilidade do pesquisador _Dircilene de A. Pereira Gonçalves. Este projeto tem por objetivo buscar identificar formas de participação mais efetiva por parte do enfermeiro (a) junto às preferências alimentares dos pacientes hospitalizados. Esta é uma necessidade constante, pois a alimentação do paciente envolve não somente a parte nutricional, mas também fatores sociais, culturais e religiosos dos quais muitas vezes o indivíduo hospitalizado tem dificuldade em adaptar-se no momento em que se vê internado. Sendo o enfermeiro o “cuidador” e profissional mais próximo do paciente, pode ele gerenciar dirimir tais dificuldades, pois está capacitado para atuar na equipe multidisciplinar. Para participar voluntariamente com o projeto de pesquisa, é necessário que o Sr. (a) responda à algumas perguntas, cujas respostas serão gravadas e posteriormente utilizadas pelo pesquisador, contribuindo para uma reflexão mais incisiva no assunto. Outrossim, o Sr. (a) terá sua identidade mantida em sigilo, não sofrerá nenhum tipo de represália, e poderá cancelar sua participação no momento em que desejar. Qualquer dúvida posterior, ou desejo de cancelamento de participação, favor entrar em conto por meio de algum dos telefones citados acima, em qualquer dia e horário, ou pelo e-mail: [email protected]. Eu,______________________________, RG nº _____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. Ou Eu,_____________________, RG nº _____________, responsável legal por __________________, RG nº __________declaro ter sido informado e concordo com a sua participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito. Rio de Janeiro, _____ de ____________ de _______. ______________________________________ ______________________________________ Nome e assinatura do paciente ou seu responsável legal Nome e assinatura do responsável por obter o consentimento ______________________________________ __________________________________ Testemunha Testemunha