JOCENIR AURELIANO DE AZEVEDO O ESTUDO DOS VETORES E SUAS APLICAÇÕES NA FÍSICA Sinop 2013 1 JOCENIR AURELIANO DE AZEVEDO O ESTUDO DOS VETORES E SUAS APLICAÇÕES NA FÍSICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Departamento de Matemática – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Matemática. Orientadora: Profª. Dra. Darci Peron. Sinop 2013 2 JOCENIR AURELIANO DE AZEVEDO O ESTUDO DOS VETORES E SUAS APLICAÇÕES NA FÍSICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Departamento de Matemática – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Matemática. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profª. Dra Darci Peron Professor (a) orientador UNEMAT - Campus Universitário de Sinop __________________________________________________ Profª. Ms. Chiara Maria Seidel Luciano Professor (a) Avaliador UNEMAT – Campus Universitário de Sinop Sinop – MT _________ de ______________________________ de 2013. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus Trino que, com todo seu amor, nos possibilita viver na esperança de uma vida eterna. Agradeço aos meus pais João de Oliveira Azevedo e Inês Marcheti de Azevedo, que me incentivaram e me prepararam para enfrentar os desafios impostos pelas conseqüências de minhas escolhas. Agradeço o incentivo de minha esposa Ana Claudia Borsa de Azevedo e também por todo o apoio, compreensão, paciência e amor, que foram fundamentais para me manter firme em minha caminhada. Agradeço a todos os professores, que me ajudaram durante esta etapa de minha formação, em especial a Professora Dra. Darci Peron que me orientou neste trabalho com paciência, confiança e motivação. 4 Dedico este trabalho a pessoas que trazem um sentido diferente para minha vivência e tudo que faço; à minha esposa Ana Claudia Borsa de Azevedo e ao advento meu filho João Victor de Azevedo que em breve estará em meus braços, também aos meus pais que sempre me apoiaram e merecem partilhar dessa felicidade. 5 RESUMO AZEVEDO, Jocenir Aureliano. O estudo dos Vetores e Suas Aplicações na Física. Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Matemática – Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT / Faculdade de Ciências Exatas de Sinop/MT/ Campus Universitário de Sinop. Sinop/MT, Brasil. A presente pesquisa traz uma abordagem do processo histórico de desenvolvimento dos estudos vetoriais, buscando explicitar características importantes sobre vetores, para que o mesmo seja usado como ferramenta para a compreensão de fenômenos físicos, tendo esta pesquisa um caráter bibliográfico de pesquisa qualitativa. Este estudo foi elaborado a fim de sanar dúvidas remanescentes da graduação, bem como para aprofundar conhecimentos, disponibilizando à quem tiver interesse em realizar estes estudos. Temos como principais referencias para nosso embasamento teórico BUTKOV (1988), HALLIDAY (2001), SILVA (2002) assim como STEWART (2006). Trazemos a parte histórica bem como os estudos matemáticos e também os estudos físicos que apresentam as aplicações vetoriais, utilizando as noções matemáticas trazidas para o nosso contexto acadêmico. Nos estudos físicos apresentados estão presentes a mecânica de Newton e os sistemas referenciais para sua representatividade; o conceito de ondas mecânicas, as relações geométricas vetoriais e os estudos da Mecânica, nos Conceitos de Ondas e eletromagnéticos; bem como as principais grandezas vetoriais relacionadas às aplicações físicas. Palavras chave: Vetores, Grandezas Físicas. 6 ABSTRACT AZEVEDO, Jocenir Aureliano. The study of Vectors and Their Applications in Physics. Conclusion Work Full Degree Course in Mathematics - State University of Mato Grosso – UNEMAT / Faculty of Exacts Sciences of Sinop/MT/ Campus Sinop. Sinop/MT, Brazil. This research presents an approach to the historical process of development of vector studies seeking to explain important features of vectors, so that it is used as a tool for understanding physical phenomena taking this research one bibliographic qualitative research.This study was designed to remedy lingering doubts graduation, as well as to deepen knowledge, available to anyone interested in performing these studies.Our main references for our theoretical BUTKOV (1988), HALLIDAY (2001), SILVA (2002) as well as STEWART (2006).We bring the historical and mathematical studies and also studies that show physical applications vector, using the mathematical notions brought to our academic context. In physical studies presented are present Newton's mechanics and reference systems for its representativeness, the concept of mechanical waves, geometric relationships and vector studies of mechanics, the concepts and electromagnetic waves, as well as the main vector magnitudes related to applications physical. Keywords: Vectors, Physical Quantities. 7 SUMARIO 1. BREVE HISTORIA SOBRE VETORES ..................................................................... 12 1.1. A Construção da Representação Geométrica ............................................................. 12 1.2. A Construção Científica e a Introdução dos Números Complexos ........................... 18 1.2.1. Hamilton e os Quatérnions ................................................................................. 21 1.2.2. Função Vetorial e Operador Nabla ..................................................................... 26 1.2.3 Vetores e Grandeza Vetorial............................................................................... 33 2. O ESTUDO DOS VETORES COMO ESTRUTURANTE DO CONHECIMENTO FÍSICO .................................................................................................................................... 38 2.2. 3. Vetores e Suas Aplicações em Conceitos Físicos: ..................................................... 38 2.2.1. Na Mecânica ....................................................................................................... 38 2.2.2. Na Ondulatória ................................................................................................... 48 2.2.3. Na Eletricidade ................................................................................................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 61 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 63 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1-1 Sistema de referencia oblíquo no espaço . ......................................................... 13 Figura 1-2: Sistema de referência oblíquo no espaço . ........................................................ 14 Figura 1-3: Distancia entre dois pontos no espaço . ............................................................ 14 Figura 1-4: Coordenadas Polares. ............................................................................................. 16 Figura 1-5: Coordenadas Elípticas Ortogonais. ........................................................................ 16 Figura 1-6: Coordenadas Cilíndricas. ....................................................................................... 17 Figura 1-7: Coordenadas Esféricas. .......................................................................................... 17 Figura 1-8: Mudanças de eixos................................................................................................. 18 Figura 1-9: Adição de vetores. ................................................................................................. 23 Figura 1-10: Sistemas de Coordenadas no Plano e no Espaço. ................................................ 24 Figura 1-11: Quociente de dois Vetores ................................................................................... 24 Figura 1-12: é a reta traçada pelo movimento da ponta do vetor de posição ................ 28 Figura 1-13: vetor unitário . ................................................................. 31 Figura 1-14: Vetores: a) vetor deslizante sobre um eixo; b) vetor posição do ponto ; c) vetor num sistema de referencia cartesiano. ...................................................................................... 34 Figura 1-15: Projeção de um vetor em uma direção arbitrária definida pelo vetor . .............. 36 Figura 2-16: (a) Uma vista de cima de três pessoas puxando um pneu. (b) Um diagrama de corpo livre para o pneu. ............................................................................................................ 41 Figura 2-17: Parte (b) da figura 2-17. Um diagrama de corpo livre para o pneu. .................... 42 Figura 2-18:Uma moeda na eminência de deslizar de um livro. .............................................. 45 Figura 2-19:Um diagrama de corpo livre para a moeda, mostrando as três forças (desenhadas em escala) que agem sobre ela. ................................................................................................ 45 Figura 2-20: Uma vista de cima de um disco de hóquei de massa m se movendo com velocidade constante em uma trajetória circular de raio sobre uma superfície horizontal lisa. A força centrípeta sobre o disco é , a tração da corda, dirigida para dentro do circulo ao longo do eixo radial que se estende passando pelo disco. ..................................................... 46 Figura 2-21: Uma força constante fazendo um ângulo com o deslocamento de uma conta e um fio acelera a conta ao longo do fio, alterando a velocidade da conta de para . Um “medidor de energia cinética” indica a variação resultante da energia cinética da conta, do valor para . ..................................................................................................................... 47 Figura 2-22: Onda senoidal. ..................................................................................................... 48 Figura 2-23: Os nomes das grandezas da equação (2.9), para uma onda senoidal transversal. 49 Figura 2-24:“Instantâneo” de uma onda em uma corda se propagando no sentido positivo de um eixo . A amplitude está associada. Um comprimento , medido a partir de uma posição arbitrária ................................................................................................................. 50 Figura 2-25: um fasor de intensidade girando em torno de uma origem a uma velocidade angular representa uma onda senoidal. A projeção do fasor sobre o eixo vertical representa o deslocamento de um ponto pelo qual passa a onda. ............................................. 51 Figura 2-26: (a) Um segundo fasor com velocidade angular , mas com intensidade e girando a um ângulo constante do primeiro fasor, representa uma segunda onda, como uma 9 constante de fase . (b) A onda resultante das duas ondas é representada pela soma vetorial dos dois fasores. A projeção sobre o eixo vertical representa o deslocamento de um ponto quando essa onda resultante por ele. .............................................................................. 52 Figura 2-27: Os vetores de campo elétrico em vários pontos ao redor de uma carga pontual positiva. .................................................................................................................................... 55 Figura 2 - 28: Três partículas com cargas e estão à mesma distância da origem. Os vetores campo elétrico e na origem devidos ás três partículas. O vetor campo elétrico e a soma vetorial na origem. ....................................................... 56 10 INTRODUÇÃO Este trabalho traz o desenvolvimento do formalismo vetorial, usado para descrever os fenômenos físicos e dessa forma elucidar conceitos que foram aprimorados e são utilizados nos dias atuais. Os estudos vetoriais, que foram construídos paralelamente aos estudos físicos, se desenvolveram através de noções geométricas que se estabeleceram em sistemas de coordenadas e se fortaleceram com os estudos e descobertas matemáticas. Descobertas essas que puderam auxiliar e descrever os estudos dos fenômenos físicos. Tomando como ponto de partida as relações geométricas pelo plano cartesiano, que são atribuídas aos estudos de René Descartes no século XVII e que são retomadas com a noção de grandezas (conceito vetor),no final do século XIX por grandes estudiosos, podemos afirmar que vetores nasceram nas primeiras duas décadas do século XIX com as apresentações geométricas de números complexos. Gaspar Wessel (1745-1818), Jean Robert Argand (17681822), Carl Frederich Gauss (1777-1855) entre outros, conceberam números complexos como pontos no plano bidimensional, isto é, como vetores bidimensionais. Estudiosos matemáticos trabalharam com esses novos números e os aplicaram de varias maneiras; por exemplo, Gauss fez um uso crucial de números complexos para provar o Teorema Fundamental da Álgebra (1799). Em 1837, Willian Rowan Hamilton (1805-1865) mostrou que os números complexos poderiam ser considerados abstratamente como pares ordenados (a, b) de números reais. Esta idéia (de números complexos como pares ordenados) fez parte dos estudos de vários matemáticos, incluindo Hamilton, para procurar uma maneira de estender os “números” bidimensionais para três dimensões; e dessa forma houve a construção dos estudos vetoriais que trouxeram até os dias atuais uma gama de conceitos matemáticos que expressam os estudos e aplicações físicas. As aplicações dos conceitos vetoriais foram estabelecidas através da descrição de estudos físicos como as Leis de Newton, com o movimento dos corpos, onde Newton conduziu, de certa forma, seus estudos para a necessidade de uma introdução de sistemas que pudessem descrever tais fenômenos, essa necessidade estendeu-se para o conceito de ondas, que também podem ser representados por vetores, bem como os estudos de eletricidade, nos possibilitando ter uma noção matematicamente descrita de como o formalismo vetorial é necessário para se ter um cunho científico de tais estudos físicos. 11 Isso nos possibilita compreender as aplicações físicas, com expressões gráficas que mantém todas as propriedades descritas em fenômenos, e que estão sujeitos a estudos com pretensão de representação vetorial. O presente trabalho tem como objetivos elucidar fatos históricos que estruturaram os estudos vetoriais de forma a expressar juntamente com as aplicações físicas a importância do formalismo matemático. Dessa forma nossos estudos assim estão estruturados: No capitulo 1 abordamos fatos históricos que trazem a construção dos estudos vetoriais e juntamente com esses estudos, formulações que nos mostram os estudos remanescentes. No capítulo 2 abordamos de forma não aprofundada alguns conceitos físicos de maneira que possamos apresentar aplicações vetoriais, ressaltando a importância do uso dos vetores para diversas áreas pertinentes aos estudos da física. 12 1. BREVEHISTÓRIA SOBRE VETORES Muitas descobertas matemáticas se deram através da geometria formalizada dos gregos, com seus axiomas, demonstrações e teoremas. Este capítulo aborda os fatos históricos relacionados aos estudos matemáticos dos vetores, abordando noções básicas que serviram de ferramenta para construção dos estudos dos vetores, noções estas que contribuirão para uma melhor compreensão das aplicações físicas que é objetivo deste trabalho. 1.1. A Construção da Representação Geométrica Na sequência procuramos apresentar algumas informações básicas sobre como se deram as construções empíricas e os primeiros passos dados pela ciência nos estudos dos vetores. Utilizaremos argumentos históricos e as formalizações que podem ser utilizadas em tais aplicações. Verificamos que no decorrer dos tempos fomos presenteados com as descobertas de grandes estudiosos, que construíram a partir da lei do paralelogramo para a adição de vetores (ou entidades), explicações não tão formais e que não expressavam diretamente o conceito de vetor. Segundo Sánchez (2007), os sábios da Grécia antiga também se preocupavam com o estudo do movimento dos corpos,que eram analisados por meio de conceitos geométricos. Os textos de Aristóteles (384 a 322 a.C.) em Mecânica mostram que ele tinha a noção de composição de movimentos. Nesses textos, enunciou de forma axiomática que a força que movimenta um corpo é colinear com a direção do movimento de um corpo. Por muito tempo a física veio se desenvolvendo e observando fenômenos, e esse desenvolvimento foi dado por muitas vezes sem as ferramentas necessárias, onde se observavam apenas propriedades geométricas, no entanto, algumas destas propriedades eram limitadas, assim muitos fenômenos não puderam ser estudados e representados, devido à falta de conceitos matemáticos, não desenvolvidos, até então. Ainda para Sánchez (2007), o despertar de uma nova maneira de analisar o universo estava a desabrochar nos anos 1600. A concepção sobre os estudos do mundo já não eram obtidas sob o ponto de vista escolástico. Pois a razão, mais do que a fé, tornara-se o caminho para novas descobertas e interpretações do mundo exterior. 13 O matemático Simon Stevin (1548-1620), ou Stevinos numa grafia latinizada, foi quem demonstrou de maneira clara a regra da composição de forças, ao analisar o equilíbrio de um corpo situado sobre um plano inclinado,e sustentados por pesos, um pendurado no extremo de uma alavanca, e o outro pendurado numa polia fixa no cateto vertical do plano inclinado. Uma idéia análoga faz parte dos escritos de Galileu Galilei (1564-1642) sobre o equilíbrio dos corpos num plano inclinado. Sánchez (2007) afirma que o início do conceito de vetor deu-se de forma empírica com a formulação da regra do paralelogramo, pois Stevinos num trabalho publicado em 1586 sobre mecânica aplicada estabeleceu um dos princípios da mecânica clássica, onde formalizou por meio do equilíbrio de um sistema de forças, o conceito de um ente dependente da direção e do sentido de sua atuação, possibilitando no futuro parte da elaboração teórica do conceito de vetor. A criação da Geometria Analítica atribuída a René Du Perron Descartes (15961650),uniu a geometria de Euclides à álgebra, estabelecendo uma correspondência unívoca entre os pontos de uma reta e o conjunto dos números reais. A introdução do sistema de coordenadas ortogonais, também denominadas coordenadas cartesianas, permitiu o cálculo da distância entre dois pontos no espaço euclidiano. Sánchez (2007), ainda nos traz os sistemas referenciais que hoje utilizamos baseados nos planos cartesianos. Os pontos do espaço plano ficam determinados de modo unívoco definindo-se dois segmentos orientados , com origens coincidentes, e que formam um ângulo os quais são denominados de eixos referenciais (figura 1-1). Figura 1-1 Sistema de referencia oblíquo no espaço Fonte: Sánchez (2007)p.23. . , 14 Os pontos no espaço euclidiano ficam determinados de modo unívoco definindo-se três segmentos orientados que são denominados eixos referenciais com origens coincidentes, que formam ângulos agudos entre si e as coordenadas da origem são (figura 1-2). Figura 1-2: Sistema de referência oblíquo no espaço Fonte: Sánchez (2007)p. 23. . A cada ponto desse plano associa-se um terno de números reais de coordenadas do ponto em denominado . Essa relação define o espaço euclidiano tridimensional . Para o caso particular em que os três eixos do sistema referencial são ortogonais, esse é denominado sistema cartesiano ortogonal (figura 1-3). A notação dessas coordenadas para um ponto genérico é escrita como . Figura 1-3: Distancia entre dois pontos no espaço Fonte: Sánchez (2007) p. 25. . ou 15 O uso da geometria é essencial para determinar a distância do segmento determinado pela origem dada por onde a aplicação do teorema de Pitágoras nos apresenta , e a determinação entre dois pontos e numeixo de referência, é dada pela diferença entre as coordenadas desses pontos nesse eixo, tal como mostrado para o espaço . Para distancia entre esses pontos no espaço o teorema de Pitágoras: aplica-se . Essas representações geométricas introduzem a noção de espaço e proporciona uma inserção do que está por ser estudado, além disso, faltava saber quais as operações e fórmulas matemáticas, que seriam utilizadas e como poderiam, ser utilizados na descrição de fenômenos físicos. Sánchez (2007), afirma que no inicio do século de XIX a Alemanha estava para se tornar o maior centro mundial em matemática. Dentre várias de suas mentes brilhantes estava Carl Friedrich Gauss (1777-1855). Gauss ao se ocupar do estudo das curvas e superfícies, cunhou o termo geometrias não euclidianas, sendo que em 1816 já havia concebido conceitos relativos à geometria. Elaborou uma teoria das superfícies usando coordenadas curvilíneas no trabalho Disquisitones Generales Circa Superficies Curvas, publicado em 1827. Gauss argumentava que a geometria do espaço tem um aspecto físico, a ser descoberto pela experimentação. Essas iam de encontro aos conceitos filosóficos de Immanuel Kant (17241804), Que preconiza que a concepção do espaço a priori é euclidiana. Apresentamos aqui, de maneira superficial, os Sistemas de Referência Curvilíneos tendo como base os quatro dos mais usuais, que são os sistemas de Coordenadas Polares, Coordenadas Elípticas, Coordenas Cilíndricas e Coordenas Esféricas. Adotando uma notação para as coordenadas expressas por meio de índices. Os trabalhos de Gauss deram origem a alguns estudos que utilizamos hoje, onde temos tais coordenadas expressadas no plano e e mais adiante pode se estender para dimensões. Sánchez (2007), nos traz que as coordenadas polares são escritas como e são definidas nos intervalos , cartesianas e essas coordenadas são dadas por (fig. 1-4): e , . As relações entre as coordenadas 16 Figura 1-4: Coordenadas Polares. Fonte: Sánchez (2007) p. 25. As Coordenadas Elípticas Ortogonais se apresentam como coordenadas elípticas cilíndricas que são determinadas por uma elipse e uma hipérbole homo focais (fig. 1-5), e uma terceira coordenada normal ao plano dessa curva. As coordenadas são expressas por e escritas como , definida nos intervalos . As relações entre as coordenadas são dadas por (fig. 1-5): , , Figura 1-5: Coordenadas Elípticas Ortogonais. Fonte: Sánchez (2007) p. 27. As coordenadas cilíndricas são escritas como definidas nos intervalos são expressas por , , , e são . Essas coordenadas . A relação entre as coordenadas cartesianas e essas coordenadas é dada por (fig. 1-6): , , 17 Figura 1-6: Coordenadas Cilíndricas. Fonte: Sánchez (2007)p. 27. As Coordenadas Esféricas são escritas como intervalos , e são definidas nos . Essas coordenadas são expressas por . As relações entre as coordenadas cartesianas e essas coordenadas são dadas por (fig.1-7): , Figura 1-7: Coordenadas Esféricas. Fonte: Sánchez (2007)p. 27. Podemos aqui acrescentar que esses princípios nos trouxeram a possibilidade de verificar as mudanças de eixos e coordenadas. Segundo Butkov (1988), um vetor dado está associado a um conjunto de três números, suas componentes (ou coordenadas), relativas a certo sistema cartesiano ortogonal. No entanto, é claro que, se mudarmos o sistema, as componentes também mudarão. 18 Considera-se, para os vetores no plano, a mudança no sistema de eixos produzida por uma rotação de um ângulo , como mostrado na figura 1-5. O sistema antigo é sistema novo é componente . Como , a componente e o , e, do mesmo modo, para a . Pelo diagrama, vemos que isso fornece É instrutivo observar que o ângulo entre o eixo ângulo entre o eixo e o eixo é e o eixo é , enquanto que o . Em virtude de e , vemos que todos os quatro coeficientes nas equações acima apresentam os cosenos dos ângulos entre os respectivos eixos. Figura 1-8: Mudanças de eixos. Fonte: Butkov (1988) p. 6. Verificamos aqui que todas as coordenadas são representadas com relações geométricas e trigonométricas. Tais representações nos dão uma noção do caminho de entidades 1 que podem ter expressões que se limitam ao espaço de espaços de . Mas precisamos ressaltar que os estudos dimensões também têm suas atribuições que apresentaremos mais adiante. 1.2. A Construção Científica ea Introdução dos Números Complexos Segundo Boyer (2003),no século XVIII, Jacob Hermann (1678-1733) fez contribuições à geometria analítica no espaço e as coordenadas polares, continuando os resultados dos irmãos Bernoulli que eram os mais velhos da Família de matemáticos. Ao passo que Jacques 1 Descrição de fenômenos físicos quantificados, que e após os estudos matemáticos, são denominados Vetores. 19 Bernoulli aplicara, de forma cautelosa, coordenadas polares em modelos espirais, Hermann deu equações polares também de curvas algébricas, juntamente com equações de transformação de coordenadas retangulares para polares. O uso que Hermann fez de coordenadas no espaço, também foi mais ousado que o de Jean Bernoulli, que desde 1962 se referia ao uso de coordenadas como “geometria cartesiana”. Bernoulli tinha um tanto timidamente sugerido, uma extensão da geometria cartesiana a três dimensões, mas Hermann aplicou eficazmente coordenadas no espaço à planos e a diferentes tipos de superfícies quadráticas. Deu-se início a noção de ângulo de direção mostrando que o seno do ângulo que o plano de equação faz com o plano é dado por . Sánchez (2007) nos apresenta as propriedades algébricas de multiplicação por escalar onde o produto de um escalar por um vetor resulta em um novo vetor , colinear com o vetor original: O modulo desse vetor é igual ao modulo do vetor original multiplicado pelo escalar. O sentido do vetor fica definido pelo sinal do escalar. Se for positivo esse vetor terá o mesmo sentido do vetor , e se o escalar for negativo terá sentido contrário. Ainda para Sánchez (2007), as propriedades distributivas e comutativas são aplicáveis ao produto de um escalar por um vetor: Propriedade distributiva: Propriedade comutativa: Verifica-se que a razão entre dois vetores colineares é dada por um número real: 20 Essa expressão permite concluir que para dois vetores colineares é sempre possível exprimir de maneira unívoca um dos vetores em função do outro, admitindo-se que esse seja não nulo. Anda para Sánchez (2007), as propriedades, associativa e comutativa, podem ser aplicadas à adição de vetores, donde seguem: Propriedade associativa: Propriedade comutativa: Verificamos que Leonhard Euler (1707-1783), foi um dos precursores da álgebra com suas diversas publicações, pode construir pensamentos que contribuíram para o formalismo vetorial. Segundo Brandemberg (2007), os trabalhos de Euler representam exemplos relevantes do formalismo do século XVIII, isto é, da manipulação e da „implicação‟ das regras do pensamento lógico. Estas abordagens, embora sem muito rigor, muitas vezes o conduziram a resultados profundos e verdadeiros, como a obtenção de uma série infinita: Suas notações, que são utilizadas nos dias atuais, foram fundamentais para um pensamento mais formal das aplicações, que possibilitou os estudos do princípio de incomensurabilidade e algumas indeterminações. Ainda para Brandemberg (2007), cabe aqui registrar a importância da notação de Euler (1972) para o posterior desenvolvimento da matemática. Ele é o responsável pela implantação das seguintes notações: (para funções), somatório), e (para unidade imaginária (para a base dos logaritmos naturais), ∑ (para o ), entre outras. Ao olharmos artigos e publicações, vimos que a escrita em si traz consigo um formalismo de pensamentos. Mas os autores nos mostram que muitas das descobertas passadas foram bem particulares com uma forma de expressão própria de cada cientista em 21 seu contexto de estudos. Os trabalhos com números complexos foi um grande passo que desafiou a matemática para estudos formalizados, a questão seria como trabalhar com esses números de forma clara e expressar todas as propriedades específicas para suas aplicações. Essas operações estavam para ser descobertas já no fim do século XIX. 1.2.1. Hamilton e os Quatérnions Seguimos aqui com uma apresentação do que pode ser o início dos conceitos mais elaborados dos estudos vetoriais. Verificando a abrangência proporcionada por tais estudos, onde temos contribuições de grandes estudiosos como Willian Rowan Hailton (1805-1865), Hermann Guther Grassmann (1809-1877), Peter Tait (1831-1901), James Clerk Maxwell (1831-1879), Josiah Williard Gibbs (1839-1903) e Oliver Heavisid (1850-1925). Os estudos relacionados a vetores,desenvolvidos até meados do século XIX, traziam uma linguagem própria de seu contexto, um formalismo apresentado. Formalismo esse, que fora desenvolvido por vários matemáticos, mas podemos tomar como ponto de partida o fim do século XIX com a análise vetorial, que trouxe um melhora significativa para chegar aos estudos vetoriais apresentados nos dias atuais. Segundo Silva (2002), a questão debatida no final do século XIX era saber o sistema matemático mais apropriado para tratar as grandezas vetoriais. Willian Rowan Hamilton (1805-1865) e seus seguidores, principalmente Peter Tait, acreditavam que os quatérnions eram a ferramenta apropriada para resolver problemas em física. Queremos aqui abordar as operações com números complexos, como ponto de partida para essa nova etapa de descobertas. Apresentaremos aqui Willian Rowan Hamilton e suas contribuições, onde segundo Boyer (2003), Willian Rowan Hamilton que tinha o pai advogado e, sua mãe, ao que se diz alguns intelectuais bem dotados, morreram quando ele era ainda menino; mas mesmo antes de ficar órfão a instrução do jovem Hamilton fora determinada por um tio, que era lingüística. Jovem extremamente precoce, Willian lia grego, hebraico e latim aos cinco anos; aos dez conhecia várias línguas orientais. Um encontro relâmpago com um calculista estimulou o interesse já forte de Hamilton pela matemática. Hamilton entrou em Trinity College, Dublin, e enquanto ainda estudante, aos vinte e dois anos, foi nomeado Royal Astronomer da Irlanda, Diretor de Observatório de Dunsink, e professor de astronomia. No mesmo ano ele apresentou à Academia Irlandesa um artigo sobre sistemas de raios em que exprimia em seus temas 22 favoritos, que o espaço e o tempo estão “indissoluvelmente ligados entre si”. Num certo sentido pode-se tomar essa idéia como presságio da teoria da relatividade, mas Hamilton tirou dela uma conclusão menos frutífera: assim como a geometria é a ciência do espaço somente, a álgebra deve ser a ciência do tempo puro. De acordo com Boyer (2003), Hamilton apresentou seu primeiro artigo,a predição de refração cônica em certos cristais que foi experimentalmente confirmada por físicos. Essa verificação de uma teoria matemática garantiu sua reputação, e aos trinta anos ele recebeu o titulo de nobre. Dois anos antes, em 1833, ele tinha apresentado um artigo longo e significativo à Academia Irlandesa, em que introduziu a álgebra formal de pares de números cujas regras de combinação são precisamente as que hoje são dadas para números complexos. A importante regra para a multiplicação dos pares é naturalmente (a, b)(α,β) = (aα – bβ, aβ + bα). E ele interpretava esse produto como uma operação envolvendo rotação. Aqui vê-se o conceito definitivo de número complexo como par ordenado de números reais, idéia que estava indicada nas representações gráficas de Wessel, Argand e Gauss, mas que agora era explicitada pela primeira vez. Hamilton percebia que seus pares ordenados podiam ser pensados como entidades orientadas no plano, e naturalmente tentou estender a idéia a três dimensões passando dos números complexos binários às triplas ordenadas . A operação de adição não oferecia dificuldade, mas durante dez anos ele lutou com a multiplicação de n-uplas para n maior que dois. Esse conceito foi trazido devido aos estudos físicos da época e a necessidade de se definir um padrão que expusesse todo o formalismo necessário, a fim de se organizar os pensamentos e estudos apresentados, estudos esses que trariam os fenômenos físicos representados por entidades. Para Silva (2002), os quatérnions trazidos por Hamilton (1805-1865) eram explicitados por dois vetores paralelos, um pode ser expresso por um escalar multiplicado pelo outro, sendo que o escalar é a razão entre os comprimentos dos dois vetores e seu sinal é positivo caso os vetores estejam no mesmo sentido e negativo caso estejam em sentidos opostos. Para termos uma melhor compreensão onde Butkov (1988), afirma que, podemos explicitar essa noção de vetores com um sistema de coordenadas cartesianas, em muitos textos elementares um vetor é definido como uma quantidade caracterizada por grandeza e direção. Mas os vetores são muito mais gerais do que isso, é correto dizer que o conceito de vetor, foi pela primeira vez introduzido na matemática (pelos físicos), para representar 23 “quantidades” com direção, deslocamento, velocidade, força, etc. Sem dúvida, estas são as espécies de vetores mais familiares e mais simples. Ainda para Butkov (1988), como sabemos, quantidades com direção pode ser representada graficamente por flechas, e estão sujeitas a duas operações básicas: a) Multiplicação por um escalar (supondo aqui que os escalares são números reais). b) Adição. Estas operações estão ilustradas na figura 1-9. Figura 1-9: Adição de vetores. Fonte:Butkov (1988) p. 2. Butkov (1988) afirma que em muitos casos podemos desenhar vários vetores a partir de um mesmo ponto: a origem. Então, cada vetor pode ser caracterizado pelas coordenadas de sua “ponta”. Podem-se utilizar vários sistemas de coordenadas, mas os sistemas de coordenadas cartesianas são mais convenientes. A razão disso é muito simples e muito profunda: as coordenadas cartesianas de um ponto podem servir, como componentes do vetor correspondente. Isso é ilustrado na figura 1-10 onde escolhemos sistemas cartesianos ortogonais no plano e no espaço. 24 Figura 1-10: Sistemas de Coordenadas no Plano e no Espaço. Fonte: Butkov (1988) p. 2. Silva (2002) destaca que, para Hamilton, ainda se os vetores não forem paralelos, a questão é encontrar o valor da razão entre os comprimentos e também a razão entre as direções dos dois vetores. Uma forma de resolver o problema é encontrar quantos números diferentes são necessários par caracterizar esta razão. Podemos supor que um vetor OA possa ser transformado em outro OB, e esta transformação possa ser separada em duas partes. Primeiro o comprimento AO pode aumentar ou diminuir até ser igual ao de OB, sendo que para determinar a razão entre os comprimentos precisamos de apenas um número, que pode ser positivo ou negativo. Depois, AO pode ser girado em torno de um eixo perpendicular que passa por O até que sua direção coincida com a de OB. Para determinar esta operação são necessários três números: dois ângulos para determinar o plano em que ocorre a rotação e um terceiro para determinar o ângulo AOB, como mostra a figura 1-11. O A B Figura 1-11: Quociente de dois Vetores Fonte: Silva (2002) pg. 67. Ainda para Silva (2002), os quatro elementos usados para definir uma transformação desta maneira não são todos de mesma natureza, pois é preciso um número para determinar o comprimento, dois ângulos para determinar o plano que contem os dois vetores e um terceiro 25 ângulo para levar AO até OB. Apesar de os elementos não serem todos números, Hamilton chamou esse conjunto de quatro elementos de “quatérnion”, devido ao fato de sua completa construção ou determinação depender de quatro elementos numéricos. Ao passo que Hamilton desenvolveu a representação, que passava a ser algébrica, percebemos que as notações passaram a ter um cunho cientifico e apresentar um grau de complexidade elevado. Silva (2002) afirma que, em uma carta escrita em 1843 para John T. Graves, Hamilton narra os passos que o levaram aos quatérnions. Vamos seguir esta sequência descrita nesta carta de Hamilton. A tentativa de generalização natural para um número complexo representar algo no espaço tridimensional seria . O uso de Hamilton da representação geométrica no desenvolvimento da teoria de quatérnions pode ser visto no trecho abaixo: “Como , em um sentido bem conhecido, é uma linha perpendicular à linha 1, parece natural que deva haver outro imaginário para expressar a linha perpendicular a ambas anteriores; e como a rotação dupla de 1 em relação a ela também conduz a -1, ela também deve ser a raiz quadrada da unidade negativa, embora não deva ser confundida com a anterior. Chamado a antiga raiz, como os alemães frequentemente fazem, de i, e a nova de j, questionei quais leis deveriam ser assumidas para a multiplicação de ” com Butkov (1988) nos traz uma melhor compreensão de como aplicamos atualmente os números complexos. Ao estudarmos as raízes de equações algébricas, e, em particular, as raízes das equações cúbicas, será conveniente introduzir o conceito de um número, cujo quadrado é igual a , e escrevemos = . Segundo uma tradição já estabelecida, este numero é representado por ,e . Se permitirmos que seja multiplicado por números reais, obteremos as regras usuais da multiplicação aos úmeros imaginários, deveremos então concluir que os produtos de números imaginários são números reais; além disso, seus quadrados são números reais negativos. Por exemplo: , . Se juntarmos os números imaginários aos números reais, teremos um sistema no qual poderemos efetuar multiplicações e divisões (exceto por zero, naturalmente). Dizemos que um sistema como esse é fechado, em relação à multiplicação e à divisão. No entanto, nosso sistema não é fechado em relação à adição e à subtração. Para eliminar esta deficiência, 26 introduzimos os chamados números complexos. Estes são números geralmente escritos sob a forma e devem obedecer as regras algébricas apropriadas. Vemos aqui que tais estudos têm um cunho cientifico mais aprofundado e de matemática pura. Silva (2002), afirma que os quatérnions são uma extensão dos números complexos para quatro dimensões, Hamilton usou a representação no plano complexo para explicar o significado de , a partir da representação geométrica de um número complexo. As obras de Hamilton que se limitaram, de certa forma, a operações com os números complexos e a maior parte das aplicações dos quatérnions, era geométrica e não física. Isso foi uma infelicidade, pois o interesse em quatérnions e análise vetorial era maior entre os físicos que entre os matemáticos. 1.2.2. Função Vetorial e Operador Nabla Para compreender o que estudamos nos dias atuais, devemos salientar que o uso dos métodos de diferenciação juntamente com conceito de limites também eram utilizados e foram importantes. O uso das funções estavam presentes juntamente com o cálculo vetorial, que são apresentados a seguir. As funções vetoriais servem como base para a utilização do cálculo vetorial, utilizaremos o espaço para apresentar algumas propriedades importantes. Para uma melhor compreensão Stewart (2006), afirma que em geral, uma função é uma regra que associa cada elemento de seu domínio a um elemento de sua imagem. Uma função vetorial, ou função de valor vetorial, é uma função cujo domínio é um conjunto de números reais e cuja imagem é um conjunto de vetores. Em particular, estamos interessados nas funções r, cujos valores são vetores tridimensionais. Isso significa que para todo número t no domínio de r existe um único vetor componentes do vetor r , então , denotado por e Se , e são os são funções de valor real, chamadas funções componentes de r e escrevemos Como na maioria das aplicações, a variável independente é o tempo, utilizaremos a letra para indicá-la. Apresentaremos aqui apenas definições do que são funções vetoriais e curvas espaciais, para melhor compreensão consultar Stewart (2006) no capítulo 13. 27 Segundo Stewart (2006), o limite de uma função vetorial r é definido tomando-se os componentes como se segue. Definição 1: Se então desde que os limites das funções componentes existam. Uma função vetorial r é contínua em a se . Em vista da definição 1, vemos que r é contínua em a, se e somente se, suas funções componentes f, g e h são continuas em a. As curvas espaciais e as funções vetoriais contínuasestão intimamente relacionadas. Suponha que f, g e h sejam funções reais contínuas em um intervalo I. Então o conjunto C de todos os pontos no espaço para os quais: Definição 2: E varia no intervalo I é chamado curva espacial. As equações em (2) são denominadas equações paramétricas de C e é conhecido como parâmetro. Podemos pensar em C como tendo sido traçado pelo movimento de uma partícula cuja posição no instante t é . Se considerarmos a função vetorial um vetor de posição do ponto define uma curva espacial , então é sobre . Assim, qualquer função vetorial r que é traçada pela ponta do vetor em movimento , como podemos mostrar na figura 1-12 Para Silva (2002), um operador que chamamos atualmente de nabla, simbolizado por , foi definido em 1847 por Hamilton, representado por outro símbolo. O estudo desse operador teve continuidade com Peter Tait (1831-1901) que dedicou 36 anos de sua vida à divulgação e desenvolvimento da análise dos quatérnions. 28 Figura 1-12: é a reta traçada pelo movimento da ponta do vetor de posição Fonte: Stewart (2006) p. 849. Para entender o que nos é apresentado atualmente, utilizamos um trecho apresentado por Butkov (1988) onde o vetor mais simples é, talvez, um vetor posição que depende do tempo t. Em um sistema de coordenadas fixas isso equivale a dizer que suas componentes são funções do tempo e escrevemos . Tais vetores podem ser diferenciados em relação à variável , por meio da definição . Se escrevermos e por meio de suas componentes é lógico deduzir que de maneira que a operação de diferenciação de um vetor fica reduzida à diferenciação de suas componentes. Mesmo que os vetores dependentes do tempo sejam muito usados na mecânica das partículas, estaremos mais interessados em um outro tipo de vetores variáveis: aqueles que dependem de coordenadas espaciais . Dizemos que tais vetores formam campos vetoriais, que podem ser representados como segue: . Campos bem conhecidos são os campos elétricos e magnéticos no espaço, o campo velocidade de um fluido em movimento e outros. O mais simples de tais campos é provavelmente o chamado Campo Gradiente (é também chamado de campo conservativo ou campo potencial)que pode ser obtido a partir de 29 uma só função escalar , geralmente chamada de campo escalar. Casos familiares de campos escalares incluem a distribuição de temperaturas em um corpo sólido, a densidade de um meio não homogêneo, o potencial eletrostático, etc. Um campo escalar dá origem a várias outras quantidades por meio intermédio de suas diferentes derivadas parciais. Em particular, concentramos nossa atenção em a) a diferencial total e b) a derivada direcional As expressões nos lados direitos das equações em (a) e (b) possuem aparência de m produto escalar. É conveniente definir o gradiente de um campo escalar como sendo o vetor Podemos então escrever onde representa um deslocamento infinitesimal em uma certa direção e é o vetor unitário da direção especificada. Como todo campo escalar é diferenciável, possui um campo gradiente, é natural perguntar se um campo vetorial arbitrário não será o gradiente de um certo campo escalar . A resposta é negativa e isso se tornara claro quando examinarmos as propriedades básicas dos campos gradientes. Neste resumo, necessitamos de certas hipóteses sobre diferenciabilidade de várias funções e sobre as propriedades analíticas das curvas e superfícies envolvidas na análise vetorial. Mencionamos estas hipóteses quando delas necessitamos. Em muitos casos podem ser enfraquecidos e os resultados generalizados, mas nos limitaremos as situações encontradas na física. (BUTKOV, 1988, p. 16). 30 Essa noção de campo sofreu transformações, após as descobertas de Hamilton, outros nomes deram continuidade em seus estudos e trabalharam com essas hipóteses, para chegar no que conhecemos hoje. Para Silva (2002), Tait (1831-1901) aplica o operador a funções escalares e vetoriais, como por exemplo, potencial de uma força, fluxo de calor, vetor deslocamento de um ponto e um meio elástico, a força elétrica, corrente elétrica, etc. Tait (1831-1901) interpreta a parte vetorial separada da parte escalar do operador aplicado a uma função vetorial. Uma melhor compreensão do operador pode ser apresentada pelas derivadas direcionais juntamente com o Vetor Gradiente que utilizamos hoje. Podemos complementar as apresentações de Butkov (1988), com algumas definições. Utilizaremos aqui algumas definições importantes, para uma melhor compreensão consultar exemplos contidos no capitulo 14.6 de Stewart (2006). Segundo Stewart (2006), lembremo-nos de que, se , as derivadas parciais são definidas como Definição 3: e representam as taxas de variação de na direção dos eixos x e y, ou seja, nas direções dos versores i e j. Definição 4: A derivada direcional de em na direção do vetor unitário é se esse limite existir. Comparando a definição 2 com (1), vemos que, se , então e , então . Em outras palavras, as derivadas parciais de e se com relação a são casos particulares da derivada direcional. Stewart (2006), ainda nos traz que pelo teorema 3(p. 940 ), que se uma função diferenciável em x e y, então tem uma derivada direcional na direção de qualquer versor e . 31 Por outro lado podemos escrever , onde , e pela Regra da Cadeia, vem Se o versor u faz um ângulo podemos escrever com o eixo positivo (como na figura 1-13), então e a fórmula do teorema 3 fica Figura 1-13: vetor unitário . Fonte: Stewart (2006) p.938. Com as definições e teoremas de derivada direcional podemos compreender melhor o conceito de vetor gradiente, que é uma função vetorial especial devido suas diversas aplicações. Segundo Stewart (2006), note no teorema 3, que a derivada direcional pode ser escrita como produto escalar de dois vetores( Stewart (2006),Fórmula 7 p. 942): O primeiro vetor no produto escalar ocorre não somente no cômputo da derivada direcional, mas também em muitas outras situações. Assim daremos a ele um nome especial (o gradiente de f) e uma notação especial ( Se ou , que lemos “del ”). é uma função de duasvariáveis definida por: (Stewart,2006.p. 943) e , o gradiente de é a função vetorial 32 Com a notação de vetor gradiente, podemos reescrever a expressão (7) para derivada direcional como Que expressa a derivada direcional na direção de u como a projeção escalar do vetor gradiente sobre u. Estendemos aqui a noção do espaço de funções de três variáveis, que é semelhante ao estudo com duas variáveis. Stewart (2006) nos traz que, para as funções de três variáveis podemos definir derivadas direcionais de modo semelhante. Novamente pode ser interpretado como a taxa de variação da função na direção de um versor u. A derivada direcional de uma função em na direção do vetor unitário é se o limite existir.(Stewart (2006), Definição10 p. 943). Se usarmos a notação vetorial, poderemos escrever tanto a definição (2) quanto a (10) da derivada direcional na forma compacta Onde se e vetorial da reta que passa por portanto Se se . Isso era esperado porque a equação na direção do vetor u é dada por representa o valor de for diferenciável e , e em um ponto dessa reta(Stewart, 2006. p.943). , então o mesmo método usado na prova do Teorema 3 pode ser usado para mostrar que (Stewart (2006), Fórmula 12 p.943). Para uma função de três variáveis, o vetor gradiente, denotado por ou ,é ou, simplificando: (Stewart (2006) Fórmula 13 pg.943) Então, como para as funções de duas variáveis, a Fórmula 12 para derivada direcional pode ser escrita como 33 1.2.3 Vetores e Grandeza Vetorial Para Silva (2002), Hamilton não foi o único que buscava um sistema formal de descrição de entes geométricos no espaço em meados do século XIX. Pelo menos outras seis pessoas de quatro países diferentes estavam desenvolvendo sistemas semelhantes ao cálculo vetorial, embora diferentes do formalismo atual. São eles August Ferdinand Mobiüs (17901868), Giusto Bellavitis (1803-1880), Hermann Günther Grassmann (1809-1877), Adhémar Barré, Conde de Saint-Venant (1797-1886) Augustin-Louis Cauchy (1789-1857) e o reverendo Mathew O‟Brien (1814-1855). O mais importante de todos esses foi Grassmann, cujo sistema foi publicado em sua obra Ausdehnungslehre de 1844. Na sequência trazemos partes superficiais que apresentaram as idéias principais desses grandes estudiosos. Definimos então o conceito de Grandeza Vetorial que nos dá a definição da utilização dos vetores na física. Segundo Sánchez (2007), define-se como vetor livre aquele que exige para sua perfeita determinação três parâmetros: um número real, uma direção e um sentido. Se for vinculado a uma reta tem-se um vetor deslizante. Para um vetor fixo tem-se um quarto parâmetro: o ponto de aplicação. As grandezas vetoriais são associadas a variedades matemáticas denominadas vetores, que são geometricamente representados por segmentos orientados (setas). A figura (1-14a) mostra um vetor sobre um eixo , definido por: Em termos das coordenadas dos seis pontos extremos o seu módulo fica determinado por: Na concepção de Grassmann o conceito de vetor esta vinculado à idéia de transportar, pois é tratado como um operador que transporta um ponto até um ponto ao longo da reta que os une, numa direção e num sentido definido. Essa definição pode ser ampliada para o espaço por meio da adoção de um sistema cartesiano de referencia figura (1-14b). Admitindo-se que o ponto inicial situa-se sobre a origem dos eixos, tem-se o vetor posição do ponto considerado, cujo módulo é dado por: Onde são as coordenadas do ponto extremo . 34 No caso mais geral em que o ponto inicial do vetor tem coordenadas , esse vetor fica definido por um par de ternos escalares figura (1-14.c). Figura 1-14: Vetores: a) vetor deslizante sobre um eixo; b) vetor posição do ponto ; c) vetor num sistema de referencia cartesiano. Fonte: Sánchez (2007) p.59. Sendo que seu módulo dado por: . Com a introdução do sistema referencial cartesiano tem-se uma abordagem mais ampla do estudo dos vetores, e o seu comportamento pode ser estudado usando-se os diversos tipos de sistemas referenciais, o que permite exprimi-los em termos algébricos. A afirmação, de Sánchez (2007),nos traz que na primeira metade do século XIX o alemão Hermann Guther Grassmann (1809-1877), professor do segundo grau da cidade de Stettin situada na região que pertencia a Pomerânia, e que atualmente faz parte da Polonia, publicou o livro Die Lineale Ausdehnunsglehereinneuer Zweig der Mathematik (Teoria da Extensão), no qual estuda uma geometria de mais de três dimensões, tratando dimensões, e formulando uma generalização da geometria clássica. Para delinear essa geometria usou o conceito de invariantes (vetores e tensores), o que possibilitou que outros estudiosos desenvolvessem posteriormente o cálculo e a análise vetorial. Ainda assim um ponto no espaço euclidiano de três dimensões fica definido por três coordenadas, que podem ser expressas em sistema referenciais cartesianos, cilíndricos, esféricos, etc. Os sistemas coordenados são adotados em função do tipo de estudo que se 35 deseja realizar. Por exemplo, o deslocamento de um ponto sobre uma esfera fica mais fácil de ser determinado ao se adotar as coordenadas esféricas. Porem, no caso de uma analise que requer a determinação da interseção de planos, as coordenadas cartesianas são as aplicáveis. A generalização para um número maior de dimensões não é uma abstração matemática, mas uma necessidade para os problemas da geometria e da física. O espaço com quatro dimensões, onde se tem as três coordenadas ordinárias do espaço euclidiano de três dimensões mais a variável tempo, que é a quarta coordenada, é o fundamento da teoria da Relatividade, onde se define o conceito de espaço-tempo. A mecânica das estruturas apresenta diversos outros exemplos. Seja um elemento de um pórtico plano, no qual cada um de seus nós extremos admite duas translações e uma rotação, e a inclinação da barra fica determinada pelo seu co-seno diretor. O conjunto de barras no espaço . De maneira geral um sistema mecânico com espaço . As variáveis referencial graus de liberdade define um , relativas a um ponto , e relacionamos a um sistema , são denominadas de coordenadas do ponto nesse sistema de referência. O conjunto de pontos associados de forma biunívoca às coordenadas do sistema de referencia define o espaço dimensional Um subespaço . , com M<N, é de igual modo um grupo de pontos relacionados biunivocamente com as coordenadas definidas no sistema referencial . Por vezes é melhor dividir o espaço em subespaços para facilitar alguns estudos específicos. O espaço com dimensões é denominado espaço afim. Se a esse espaço é vinculada a noção de distância entre dois pontos fica estabelecida uma métrica para o espaço é denominado espaço métrico. O que pudemos perceber até aqui é que os quatérnions, de Hamilton, serviram como base para novas formulações dos fenômenos físicos. Os quatérnions em si não foram levados adiante, mas, assim como o operador nabla, muitas de suas idéias foram utilizadas. Uma dessas idéias hoje nos dá a noção de espaço e segundo Butkov (1968), podemos associar a um vetor u (do espaço) com o conjunto de três escalares maneira que corresponderá a e , de tal corresponderá a . Em geral, nenhuma de tais relações se verificará, se um vetor for caracterizado por outros tipos de coordenadas, como as esferas ou cilíndricas. Além disso, coordenadas cartesianas ortogonais dão origem a fórmulas muito simples para outras quantidades usuais associadas a vetores, tais como 36 a) O comprimento (a grandeza) de um vetor: b) Projeções de um vetor sobre eixos coordenados: c) Projeção de um vetor em uma direção arbitrária definida pelo vetor s (fig. 1-15): , d) Produto escalar de dois vetores: , e) Produto vetorial: . Figura 1-15: Projeção de um vetor em uma direção arbitrária definida pelo vetor . Fonte: Butkov (1988) p. 3. Para Silva (2002), Gibbs fez uma melhora nos trabalhos de Hamilton onde tentou obter uma álgebra mais simples para expressões das relações da Geometria, Física, etc. O interesse de Gibbs sobre eletricidade e magnetismo o levou ao Treatisede Maxwell, onde percebeu que os quatérnions eram úteis para física matemática. Assim, a partir do trabalho de Maxwell, Gibbs passou a estudar os quatérnions e depois fez exatamente o que Maxwell havia declarado ser necessário em uma analise vetorial útil para tratar problemas físicos, incorporando as questões que foram criticadas por Maxwell e também seu uso discriminado de certos aspectos da teoria de quatérnions, como a soma de vetores, o produto separado em parte escalar e vetorial e também o uso do operador . Ao tratar produto entre vetores, Gibbs introduziu o “produto indireto” escrito como e o “produto torcido” escrito como que correspondem aos atuais produto escalar e produto vetorial. A relação entre esses produtos e o sistema de quatérnions pode ser expresso por escrito como e . O produto completo (quaternônico) entre vetores seria , mas Gibbs nunca fez esse tipo de combinação e essa era justamente uma das principais criticas aos quatérnions. 37 O produto direto entre e “é a quantidade escalar obtida pela multiplicação do produto de suas magnitudes pelo cosseno do ângulo formado por suas direções”. O produto torcido é uma quantidade vetorial, cuja “magnitude é obtida pela multiplicação das magnitudes de e pelo seno de ângulo formado entre suas direções”. Sua direção é perpendicular aos vetores e e o sentido é dado pela regra da mão direita. 38 2. O ESTUDO DOS VETORES COMO ESTRUTURANTE DO CONHECIMENTO FÍSICO A construção do conhecimento físico teve seu desenvolvimento em épocas distintas. Podemos dividir mais facilmente as descobertas por temas.Neste capítulo iremos abordar de forma não aprofundada os temas, de modo que tenhamos uma noção da aplicabilidade vetorial, nos segmentos que serão apresentados. Podemos afirmar é que as descobertas matemáticas não aconteceram juntamente com as descobertas físicas. Segundo Pietrocola (2002), os fenômenos se apresentaram por observações, e dessas observações foram feitas abstrações que possibilitaram uma elaboração mais conceitual, esses conceitos em sua grande parte são apresentados matematicamente e necessários para explicar tais fenômenos físicos. Percebemos que a teoria física traz sempre idéias experimentais, de tal forma que a ferramenta matemática influi na representatividade que quantifica o estudo, isso possibilita uma fundamentação científica. Na construção do conhecimento já se verifica a necessidade dos estudos dos conceitos matemáticos e não é diferente a idéia trazida por Pietrocola (2002), A formação para a pesquisa leva em conta o fato da Matemática estar alojada, em definitivo, no corpo das ciências, produzindo currículos universitários com forte ênfase em conteúdos matemáticos. A situação parece se encaminhar para soluções de pré-requisitos profissionais: para fazer Física há de saber Matemática, então vamos ensiná-la! Porém, a questão colocada dessa forma mascara o problema de saber como a Matemática deve ser ensinada e, portanto, aprendida no contexto da Física. As eventuais soluções devem se apoiar em uma análise mais profunda sobre as relações que a Física entretém com a matemática, que implicam em posturas didático-pedagógicas complementares diferentes. (PIETROCOLA, 2002, p.89) Em nosso trabalho como já dissemos vamos nos ater em aplicações vetoriais, mas, vale ressaltar essa importância que existe na relação entre Física e Matemática, que contribui para o desenvolvimento do conhecimento científico. 2.2. Vetores e Suas Aplicações em Conceitos Físicos: 2.2.1. Na Mecânica 39 Tomaremos como partida a Física Mecânica onde são estabelecidas as leis de movimentos dos corpos.Segundo Boyer (2003), um dos precursores desse estudo foi Isaac Newton nascido na cidade inglesa de Whoolsthorp, Lincolnshire, no dia 25 de dezembro de 1642, exatamente 11 meses após a morte de Galileu. Newton faleceu em Londres no dia 20 de março de 1727. Para Halliday, Resnick e Walker (2002a), Newton em suas descobertas estabeleceu três leis, elas são as seguintes: 1. Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou movimento retilíneo uniforme a não ser que seja obrigado, por uma força, a mudar de tal estado. 2. Mudança de movimento é proporcional à força aplicada e ocorre na direção da 3. A cada ação corresponde sempre a uma reação em sentido oposto, ou seja, as força. ações mutuas de dois corpos são sempre iguais, em módulo, e com sentidos opostos. Para Halliday, Resnick e Walker(2002a), a primeira Lei de Newton, está presente puramente pela experimentação onde é apresentado fenômeno do movimento, utilizamos um exemplo como afirmativa Se você fizer um disco de borracha deslizar em um piso de madeira, onde ele realmente diminui de velocidade e depois pára. Se você quiser fazer ele se mover no piso com velocidade constante, devemos empurrá-lo constantemente. Entretanto, fazendo um disco de borracha deslizar sobre o gelo de um rinque de patinação, ele irá muito mais longe. Podemos imaginar uma superfície longa, extremamente escorregadia (chamada de superfície sem atrito), sobre a qual o disco dificilmente diminuiria de velocidade. (Podemos de fato chegar perto desta situação em laboratório, fazendo um disco de borracha deslizar sobre a mesa de ar horizontal, através da qual ele se move sobre uma fina camada de ar.) Concluímos destas observações, que um corpo continuará a se mover com velocidade se nenhuma força agir sobre ele. Isso nos leva a primeira das três leis de Newton: Se não houver forças atuando sobre um corpo, então a velocidade do corpo não pode variar; ou seja, o corpo não pode estar acelerado(HALLIDAY, RESNICK e WALKER 2002a, p. 72). Em outras palavras, se o corpo estiver em repouso, ele permanece em repouso. Se ele estiver se movendo, ele continuará se movendo com a mesma velocidade (mesmo módulo, mesma direção e sentido). A Primeira Lei de Newton descreve uma propriedade comum a toda matéria: a inércia. Ela afirma um corpo em movimento descreve uma trajetória retilínea com velocidade constante a menos que alguma influência chamada força impeça de fazê-lo. O fato de um 40 corpo se mover ou não em linha reta com velocidade constante depende não somente de influencias externas (forças), mas também do sistema utilizado para descrever o movimento. Uma das entidades que precisam ser definidas matematicamente é a força. Na primeira Lei de Newton fica explicita a necessidade de sua representatividade que quando evidenciada proporciona as relações entre as forças sobre um corpo e quantifica o estudo dos movimentos. Quando quantificada a força a primeira Lei de Newton pode descrita como: Se não há força resultante agindo sobre um corpo , então a velocidade do corpo não pode se alterar; ou seja, o corpo não pode estar acelerado. 23 A segunda Lei de Newton com base nas experiências do dia-a-dia nos diz que uma força produz diferentes intensidades de aceleração para corpos diferentes. A segunda lei de Newton sintetiza as definições de massa e deslocamento assim como experimentos e observações nesse sentido onde; a força resultante sobre um corpo é igual ao produto da massa do corpo pela aceleração do corpo. Em forma de equação temos: (2.1) Segundo Halliday, Resnick e Walker (2002a), esta equação é simples, mas deve ser usada com cautela. Em primeiro lugar, devemos ter certeza sobre o corpo ao qual estamos aplicando essa equação. Então deve ser a soma vetorial de todas as forças que atuam sobre esse corpo. Apenas forças que atuam sobre esse corpo devem ser incluídas na soma vetorial, não forças que atuam sobre outros corpos que poderiam estar envolvidos na situação dada. Ainda para Halliday, Resnick e Walker (2002a), como outras equações vetoriais, a equação (2.1) é equivalente a três equações de componentes, cada uma escrita para cada eixo de um sistema de coordenadas : . (2.2) Cada uma dessas equações relaciona a componente da força resultante ao longo do eixo com a aceleração ao longo do mesmo eixo. Por exemplo, a primeira equação nos diz que a soma de todas as componentes de força ao longo do eixo causa a componente aceleração do corpo na direção , mas não causa nenhuma aceleração nas direções sua vez, a componente de aceleração da e . Por é causada apenas pela soma das componentes de força ao longo do eixo . De uma forma geral, a componente de aceleração ao logo de um eixo é causada apenas pela soma das componentes de força ao longo de qualquer outro eixo. 2 3 A unidade de força utilizada nesta sessão é o sistema MKS. Para uma melhor compreensão consultar Halliday, Resnick e Walker (2002a), p. 72. 41 Aqui verificamos que as teorias físicas que são expressas apenas por afirmativas, ficam de certa forma difíceis de compreender, então de maneira clara necessitamos expressar as coordenadas que propiciem a noção de espaço, e dessa forma a concepção física fica mais bem expressa com o formalismo matemático. Apresentamos aqui um exemplo para expressar melhor a representação cartesiana bidimensional onde ficam representadas algumas propriedades vetorias. Temos então o exercício apresentado por Halliday, Resnick e Walker (2002a), em um cabo-de-guerra bidimensional, Alex, Betty, e Charles puxam na horizontal um pneu de automóvel, segundo ângulos mostrados na vista superior mostrada na figura . O pneu permanece imóvel apesar dos três puxões. Alex com uma força , e Charles puxa com uma força de módulo Betty ? . A direção de de módulo não é mostrada. Qual é o módulo da força de Solução: como as três forças que puxam o pneu não aceleram sua aceleração é (ou seja, as forças estão em equilíbrio). A Idéia Fundamental aqui é que podemos relacionar essa aceleração com a força resultante sobre o pneu por meio da segunda lei de Newton , que pode ser escrita como Figura 2-16: (a) Uma vista de cima de três pessoas puxando um pneu. (b) Um diagrama de corpo livre para o pneu. Fonte: HallidayResnick e Walker (2002a) vl. 1 p.76. ou 42 O diagrama de corpo livre para o pneu pode ser visto na figura (2-16), onde centramos por conveniência um sistema de coordenadas no pneu e denominamos o ângulo . Extraindo da figura 2-17 a parte (b), verificamos toda a construção matemática de um fenômeno físico, com a construção bidimensional, com as relações de ângulo e operações básicas dos vetores em que atuam como forças. Figura 2-17: Parte (b) da figura 2-17. Um diagrama de corpo livre para o pneu. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002a) vl. 1 p.76 Ainda em relação ao exercício, segundo Halliday, Resnick e Walker (2002a), Queremos determinar o modulo de de . Apesar de conhecermos tanto o módulo como a direção e sentido , conhecemos apenas o módulo de e ignoramos sua direção e sentido. Portanto, com incógnitas nos dois lados da equação (2.3), não conseguimos resolvê-la diretamente em uma calculadora capaz de realizar operações vetoriais. Em vez disso, devemos reescrever a equação (2.3) na direção do eixo ou do eixo . Como está na direção do eixo escolhemos esse eixo e escrevemos Calculando estas componentes com seus ângulos usando o ângulo para , obtemos que, com os dados fornecidos para os módulos, resulta em Entretanto, não conhecemos . Podemos achá-lo reescrevendo a equação (2.3) para o eixo como , 43 E daí como Que fornece e Inserindo esta equação na equação (2.3), achamos (Resposta). Segundo Halliday, Resnick e Walker (2002a), a equação 2.1 nos diz que se a força resultante sobre um corpo for nula, a aceleração do corpo . Se o corpo estiver em repouso, ele permanece em repouso; se ele estiver se movendo, ele continua a se mover com velocidade constante. Em tais casos, quaisquer forças atuantes sobre o corpo se equilibram entre si, e diz-se que as forças se cancelam, mas a expressão “se cancelam” pode ser mal interpretada. Ela não significa que as forças deixam de existir (cancelar forças não é com cancelar reservas para o jantar). As forças continuam a atuar sobre o corpo. Os estudos que são aliados às operações vetoriais trazidas pelo estudo de uma grandeza, representam as características físicas através da noção geométrica do sistema cartesiano, isso nos remete aos estudos de Grassmann que são apresentadas no capítulo 1 deste trabalho. A terceira lei de Newton fica definida pela interação entre dois corpos, segundo Halliday, Resnick e Walker (2002a), quando dois corpos interagem, a força provocada por um dos corpos sobre o outro é sempre igual em módulo, possui a mesma direção e sentido contrário à força que o outro corpo exerce sobre ele. Queremos aplicar tais definições na representação na descrição de movimentos que necessitam da noção de espaço e Força. Baseando-se nas Leis de Newton, podemos apresentar várias de suas aplicações e expressar a contingência vetorial em suas fórmulas. Para Halliday, Resnick e Walker (2002a), o atrito mostra-se experimentalmente que quando um corpo seco não lubrificado comprime uma superfície na mesma condição uma força tenta deslizar o corpo ao longo da superfície, a força de atrito que surge possui três propriedades: Propriedade 1. Se o corpo não se move, então a força de atrito estático e a componente de que é paralela à superfície se equilibram. Elas possuem o mesmo módulo e direção, mas com sentido contrario ao da componente de . esta na mesma 44 Propriedade 2. O módulo de Onde possui um valor máximo que é dado por é o coeficiente de atrito estático e N é o módulo da força normal que a superfície exerce sobre o corpo. Se o módulo da componente de que é paralela à superfície exceder , o corpo começa a deslizar ao longo da superfície. Propriedade 3. Se o corpo começar a deslizar ao longo da superfície, o módulo da força de atrito diminui rapidamente para um valor Onde dado por é o coeficiente de atrito cinético. A partir daí, durante o deslizamento, uma força de atrito cinético com módulo dado pela equação (2.5) se opõe ao movimento. As equações (2.5) e (2.6) não são equações vetoriais: a direção ou é sempre paralela à superfície e no sentido contrario à tentativa de deslizamento, e a força normal é sempre perpendicular à superfície. Halliday, Resnick e Walker (2002a) faz uma comparação onde ele descreve que: Os coeficientes e são dimensionais e devem ser determinados experimentalmente. Seus valores dependem de certas propriedades, tanto corpo quanto superfície; por isso, eles são normalmente usados com a preposição “entre”, como em “o valor de entre um ovo e uma frigideira revestida de teflon é de 0,04, mas entre sapatos de rock climbing 4 e uma rocha pode chegar a 1.2”. Supomos que o valor de não depende da velocidade com que o corpo desliza sobre a superfície. (HALLIDAY, RESNICK e WALKER 2002ª, p. 99). Tomemos como exemplo o problema trazido por Halliday, Resnick e Walker (2002a), a figura (2-18) mostra uma moeda de massa em repouso sobre um livro, que foi inclinado de um ângulo aumentamos em relação à horizontal. Experimentalmente, verifica-se que quando até de inclinação, a moeda fica na iminência de deslizar sobre o livro, ou seja, mesmo um ligeiro acréscimo que faça coeficiente de atrito estático 4 ultrapassar entre a moeda e o livro? Esporte que consiste em escalar superfícies rochas íngremes. produz deslizamento. Qual é o 45 Figura 2-18:Uma moeda na eminência de deslizar de um livro. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002a) v. 1 p.99. Figura 2-19:Um diagrama de corpo livre para a moeda, mostrando as três forças (desenhadas em escala) que agem sobre ela. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002a) v. 1 p.99. Trazemos aqui outro exemplo de Halliday, Resnick e Walker (2002a) onde a força que é o Movimento Circular Uniforme, definido quando um corpo se move em circulo (ou arco de círculo) com velocidade constante , dez-se que ele está em movimento circular uniforme. Lembre-se também de que o corpo possui uma aceleração centrípeta (em direção ao centro do círculo), com intensidade constante dada por (aceleração centrípeta), Onde (2.6) é o raio do círculo. Uma força centrípeta acelera um corpo, modificando a direção do seu vetor velocidade, sem modificar a velocidade escalar com que o corpo se move. 46 Da segunda lei de Newton e da equação (2.6), podemos escrever a intensidade de uma força centrípeta (ou de uma força centrípeta resultante) como: (módulo da força centrípeta). (2.7) Figura 2-20: Uma vista de cima de um disco de hóquei de massa m se movendo com velocidade constante em uma trajetória circular de raio sobre uma superfície horizontal lisa. A força centrípeta sobre o disco é , a tração da corda, dirigida para dentro do circulo ao longo do eixo radial que se estende passando pelo disco. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002a) v.1 p.102. Como a velocidade escalar neste caso é constante, os módulos da aceleração e da força também são. Entretanto, as direções da aceleração e da força centrípeta não são constantes; elas variam continuamente de forma a sempre apontar para o centro do círculo. Por esta razão, os vetores força e aceleração são, às vezes, desenhados ao longo de um eixo radial que se move com o corpo e sempre se estende do centro do circulo para o corpo, como na figura (2-20). A direção do eixo é radial e o sentido positivo é para fora, mas os vetores força e aceleração apontam para dentro na direção radial. Das leis de Newton ainda temos a Energia Cinética e o Trabalho, que são estabelecidas por Halliday, Resnick e Walker (2002a) da seguinte forma: A Energia Cinética é a energia associada ao estado de movimento de um objeto. Quanto mais rapidamente um objeto estiver se movendo, maior será a sua energia cinética. Quando o objeto está em repouso, sua energia cinética é nula. Para um objeto de massa cuja velocidade definimos sua energia cinética como (energia cinética). (2.8) é bem inferior à velocidade da luz, 47 O trabalho fica definido a partir da energia cinética, pois segundo Halliday (2002), se você acelera um objeto aplicando ao objeto uma força, você aumenta a sua velocidade e, portanto, a sua energia cinética . De forma análoga, se você desacelera o objeto aplicando uma força, você reduz a sua velocidade e sua energia cinética. Levamos em conta estas variações de energia cinética dizendo que a sua força transferiu energia de você para o objeto ou do objeto para você. Em tal transferência de energia por meio de uma força, diz-se que a força realiza trabalho sobre o objeto. De uma maneira mais formal, definimos da seguinte forma: O trabalho é a energia transferida para ou de um objeto por meio de uma força atuando no objeto. A energia transferida para o objeto é um trabalho positivo, e a energia retirada do objeto é um trabalho negativo. Aqui percebemos que tanto o Trabalho quanto a Energia Cinética são grandezas escalares e a determinação de uma expressão para o trabalho pode ser dada por uma conta5 que pode deslizar ao longo de um fio sem atrito, que é esticado ao longo de um eixo horizontal figura (2.4). Uma força Figura 2-21: Uma força constante fazendo um ângulo com o deslocamento de uma conta e um fio acelera a conta ao longo do fio, alterando a velocidade da conta de para . Um “medidor de energia cinética” indica a variação resultante da energia cinética da conta, do valor para . Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002a) v. 1 p.115. Constante , fazendo um ângulo com a direção do fio, acelera a conta ao longo do fio. Podemos relacionar a força com a aceleração usando a segunda lei de Newton, escrita para as componentes ao longo do eixo : . 5 Pequena esfera com orifício por onde passa fio. 48 2.2.2. Na Ondulatória Também podemos encontrar aplicações vetoriais nos estudos de Ondas e Partículas, ressaltando as características da mecânica newtoniana nessas aplicações. Existem três tipos de ondas que são: Ondas mecânicas, Ondas eletromagnéticas e ondas materiais. Trazemos nesta sessão suas principais características e as aplicações vetoriais. Segundo Halliday, Resnick e Walker (2002b), ondas mecânicas são as mais familiares porque as encontramos praticamente o tempo todo; exemplos comuns incluem as ondas na água, as ondas sonoras e as ondas sísmicas. Todas estas ondas possuem certas características centrais: elas são governadas pelas leis de Newton e pode existir apenas dentro de um meio material, como a água, o ar e as rochas. Uma maneira de estudar as ondas é monitorar as formas de onda (formato das ondas) quando elas se movem para a direita. Outra possibilidade é monitorar o movimento de um elemento que oscila para cima e para baixo enquanto uma onda passa por ele. Concluiríamos que o deslocamento de todos estes elementos de onda que estão oscilando é perpendicular a direção de propagação da onda. Diz-se que este movimento é transversal e que a onda é uma onda transversal figura (2.5). Figura 2-22: Onda senoidal. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002b) v. 2. p. 95. Com base em Halyday, Resnick e Walker (2002b),para descrevermos completamente uma onda, precisamos de uma função que nos dê a forma da onda. Isto significa que precisamos de uma relação da forma qualquer elemento de corda como uma função , na qual é o deslocamento transversal de do tempo e da posição do elemento ao 49 longo da sua trajetória senoidal. Em geral, uma forma senoidal semelhante a onda pode ser descrita sendo uma função seno ou uma função cosseno; ambas fornecem a mesmo forma geral para onda. Usaremos a função seno para nossas representações. Imagine uma onda senoidal como o da figura (2-22) se propagando no sentido positivo de um eixo . Quando a onda passa por elementos sucessivos (isto é, seções muito curtas) da linha, os elementos oscilam paralelamente ao eixo . No instante do tempo , o deslocamento localizado na posição é dado por (2.9) Como esta equação é escrita em termo da posição , ela pode ser usada para encontrarmos os deslocamentos de todos os elementos da linha em função do tempo. Portanto, ela pode nos dizer o formato da onda em qualquer tempo dado e como esse formato varia quando a onda se move ao longo da corda. Os nomes das grandezas na equação 2.9 são exibidos na figura (2-23) e definimos a seguir. Figura 2-23: Os nomes das grandezas da equação (2.9), para uma onda senoidal transversal. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002b) v. 1. p. 95. A amplitude de uma onda é a intensidade do deslocamento máximo dos elementos a partir das suas posições de equilíbrio quando a onda passa por eles. (O índice máximo.) como significa é uma intensidade, ela é sempre uma grandeza positiva, mesmo se ela for medida para baixo, em vez de ser medida para cima. Para Halliday, Resnick e Walker (2002b), a fase da onda é o argumento da função seno na equação (2.9) quando a onda passa por um elemento de linha em uma posição 50 particular , a fase varia linearmente com o tempo . Isto significa que o seno também varia, oscilanto entre e . Seu valor positivo extremo movendo através do elemento; então, o valor de extremo posição corresponde a um pico da onda se na posição é– . Seu valor negativo corresponde a um vale se movendo através do elemento; então, o valor de é– na . Desse modo, a função seno e a fase de uma onda dependente do tempo correspondem à oscilação de um elemento de corda, e a amplitude da onda determina os extremos do deslocamento do elemento. O comprimento de onda de uma onda é a distância (paralela à direção de propagação da onda) entre repetições da forma da onda. Um comprimento de onda típico está marcado na figura 2.6, que é um instantâneo da onda no instante . Naquele instante, a equação 2.9 fornece, para a descrição da forma da onda, Figura 2-24:“Instantâneo” de uma onda em uma corda se propagando no sentido positivo de um eixo . A amplitude está associada. Um comprimento , medido a partir de uma posição arbitrária . Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002b) v. 2. p. 95. Por definição, o deslocamento de onda – isto é, em é o mesmo nas duas extremidades deste comprimento e em , assim pela equação 2.9 . (2.10) Uma função seno começa a se repetir quando o seu ângulo (ou argumento) é aumentado de rad, portanto na equação 2.10 devemos ter (numero de onda angular). (2.11) , ou 51 Chamamos de de número de onda angular da onda; sua unidade no SI é o radiano por metro. Halliday, Resnick e Walker (2002b), afirma que estabelecidas as propriedades de uma onda podemos representá-la vetorialmente com um fasor. Que essencialmente é um vetor possuindo intensidade igual a amplitude da onda e que gira ao redor de uma origem; a velocidade angular do fasor é igual à freqüência angular da onda. Por exemplo, a onda . (2.12) é representada pelo fasor mostrado na figura 2.7. A intensidade do fasor é a amplitude onda. Quando o fasor gira ao redor da origem a uma velocidade angular sobre o eixo vertical varia senoidalmente, de um máximo de mínimo de – deslocamento e então de volta da , sua projeção passando por zero até o . Esta variação corresponde à variação senoidal no de qualquer ponto ao longo da corda quando a onda passa por ele. Figura 2-25: um fasor de intensidade girando em torno de uma origem a uma velocidade angular representa uma onda senoidal. A projeção do fasor sobre o eixo vertical representa o deslocamento de um ponto pelo qual passa a onda. FonteHalliday, Resnick e Walker (2002b) vl. 2. p.105 . Ainda para Halliday, Resnick e Walker (2002b), quando duas ondas se propagam ao logo da mesma corda no mesmo sentido, podemos representá-las e a sua onda resulta em um diagrama fasorial. Os fasores da figura 2-25 representam a onda da equação (2.12) e uma segunda onda dada por . (2.13) Esta segunda onda esta defasada da primeira onda por uma constante de fase . Se for uma grandeza positiva, o fasor para a onda 2 estará atrasado em relação ao fasor para a onda 1 quando eles giram, como desenhado na figura (2-26). Se o fasor para a onda 1. for uma grandeza negativa, 52 Como as ondas frequência angular e possuem o mesmo número de onda angular e a mesma , sabemos da interferência de onda a equação (2.14) (2.14) que a sua resultante é da forma (2.15) onde é a amplitude da onda resultante de valores de é a sua constante de fase. Para encontrarmos os e , teríamos que somar as suas duas ondas que estão se combinando. Para fazermos isto em um diagrama fasorial, somamos vetorialmente os dois fasores em qualquer instante durante a sua rotação, como na Figura (2-26)b, onde o fasor deslocado para a ponta do fasor foi . A intensidade da soma vetorial é igual à amplitude na equação (2.15). O ângulo entre o vetor soma e o fasor para é igual à constante de fase na equação (2.15). Figura 2-26: (a) Um segundo fasor com velocidade angular , mas com intensidade e girando a um ângulo constante do primeiro fasor, representa uma segunda onda, como uma constante de fase . (b) A onda resultante das duas ondas é representada pela soma vetorial dos dois fasores. A projeção sobre o eixo vertical representa o deslocamento de um ponto quando essa onda resultante por ele. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2002b) v. 2. p.105. Nesta seção verificamos a relação vetorial para combinarmos ondas mesmo que suas amplitudes sejam diferentes, dessa forma fica explicito o uso dos estudos vetoriais na construção dos conceitos e suas representatividades relacionando toda a parte angular e projeção de um vetor. 53 2.2.3. Na Eletricidade Segundo Silva (2002), atualmente os físicos utilizam dois sistemas dimensionais para tratar a teoria eletromagnética: o sistema eletrostático e o sistema eletromagnético. Os físicos também estão acostumados com a idéia de que a escolha entre os sistemas é arbitraria e se relaciona apenas com as unidades nas quais as grandezas são expressas. Apresentamos aqui alguns estudos feitos por Maxwell que são trazidospor Silva (2002), onde ficam expressas noções particulares das representações vetoriais na eletricidade. Para Silva (2002), as intensidades eletromotrizes e magnéticas pertencem à classe de grandezas definidas em relação a uma linha, por isso Maxwell se refere a elas como Intensidades. A indução elétrica e magnética e as correntes elétricas pertencem à classe dos fluxos e são definidas em termos de áreas. Cada uma das intensidades produz um respectivo fluxo: Assim, a intensidade eletromotriz produz corrente elétrica em condutores e tende a produzi-la em dielétricos. [...] Da mesma forma, a intensidade magnética produz indução magnética. De acordo com Silva (2002) Maxwell identificou certas relações de fluxo-intensidade relevantes para a teoria eletromagnética. Por exemplo: em um dielétrico, o deslocamento elétrico é um fluxo produzido pela intensidade elétrica E. O deslocamento elétrico é definido como a quantidade de eletricidade que atravessa uma a área perpendicular a eé dada pela expressão Embora essa expressão seja idêntica à usada atualmente, seu significado é bastante diferente, Maxwell interpretou como um fluxo de cargas provocado pelo campo elétrico e não como um campo do mesmo tipo que , multiplicado por uma constante. Essa distinção entre vetores do tipo intensidades e fluxos, só faz sentido dentro do espírito da teoria de Maxwell que associa as grandezas eletromagnéticas com grandezas mecânicas de um éter em movimento e que, portanto, poderiam estar associadas a deslocamentos, velocidades e fluxos. Em seguida Maxwell introduz uma segunda distinção, entre vetores com propriedades longitudinais e propriedades rotacionais. Essa distinção continua sendo utilizada atualmente (no entanto, com um sentido mais abstrato). Hoje em dia nos referimos às “propriedades de 54 simetria” dos vetores e não associamos os vetores a translações e rotações de nenhum meio físico. Maxwell comentou que esta segunda divisão entre as grandezas vetoriais “embora muito importante de um ponto de vista físico, não é necessariamente observada considerandose métodos matemáticos”. Ainda para Silva (2002), como exemplo disso, temos a lei circuital de Ampère escrita na forma diferencial discutida por Maxwell na parte IV do artigo “Physical Lines”. A expressão matemática relaciona a corrente com campo magnético: densidade da corrente elétrica, são as componentes do vetor são as componentes cartesianas do vetor intensidade do campo magnético: , etc. Para ilustrar o profundo significado dessas equações, Maxwell listou uma série de exemplos mecânicos para os quais essas equações poderiam ser aplicadas: 1) Se representam deslocamentos lineares ou mudanças de posição, então representam deslocamentos rotatórios ou mudança de posição angular. 2) Se representam velocidades lineares, então representam velocidades angulares. 3) Se representam forças então De uma maneira geral, se representam um torque ou torção. representam quantidades lineares, então representam quantidades rotatórias. Essas equações representam um tipo de relação entre fenômenos de caráter rotatório com fenômenos de caráter linear e vice-versa. Com base em Halliday, Resnick e Walker (2003),podemos determinar os conceitos matemáticos na eletricidade pela lei de Coulomb que traz a força eletrostática de atração ou repulsão entre as partículas como a fórmula (lei de Coulomb), (2.16) que são duas partículas carregadas com intensidades de cargas e separadas por uma distancia . A força eletrostática entre elas fica definida pela equação (2.16) onde é uma constante. Essa determinação necessita de estabelecer um sistema referencial com um estudo vetorial que é a Força e dessa forma estabelecer propriedades matemáticas. Temos os campos elétricos determinados por (campo elétrico), (2.17) 55 as forças reagem de acordo com a carga elétrica, são determinadas as linhas de campo que proporciona a visualização de padrões em campos elétricos. Linhas de campo elétrico se estendem para fora de uma carga positiva (de onde elas se originam) e em direção a uma carga negativa (onde elas terminam). Trazemos dessa forma por Halliday, Resnick e Walker (2003), uma ilustração dos vetores de campo elétrico em vários pontos ao redor de uma carga pontual positiva. Figura 2-27: Os vetores de campo elétrico em vários pontos ao redor de uma carga pontual positiva. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2003) v. 3 p. 19. (carga pontual) (2.18) A direção e sentido de são os mesmo que os da força sobre a carga de teste positiva: na direção que une as cargas e se afastando da carga pontual se ela se for positiva, e voltada para for negativa. Como não há nada especial em relação ao ponto que escolhemos para , a equação (2.18) fornece o campo em todos os pontos o redor da carga pontual . O campo para uma carga pontual positiva é mostrado na figura (2-27) na forma vetorial (não com linhas de campo). Podemos determinar rapidamente o campo elétrico resultante devido a mais do que uma carga pontual. Se colocarmos uma carga teste positiva próximo a cargas pontuais , então, da equação (2.19) , (2.19) a força resultante das cargas pontuais que agem sobre a carga de teste será 56 . Portanto, da equação (2.17), o campo elétrico resultante na posição da carga teste é . (2.20) Nesta equação, é o campo elétrico que seria estabelecido pela carga pontual atuando sozinha. A equação (2.20) nos mostra que o principio da superposição se aplica tanto a campos elétricos quanto forças eletrostáticas. Para melhor relacionarmos os estudos matemáticos com estudos físicos trazemos aqui um problema que, segundo Halliday, Resnick e Walker (2003), apresenta três partículas com cargas e Qual o campo elétrico resultante , cada uma delas a uma distancia da origem. produzido na origem? Figura 2 - 28: Três partículas com cargas e estão à mesma distância da origem. Os vetores campo elétrico e na origem devidos ás três partículas. O vetor campo elétrico e a soma vetorial na origem. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (2003) v.3 p.19. A idéia fundamental neste problema é que as cargas campo elétrico e e produzem vetores de , respectivamente, na origem, e que o campo elétrico resultante é a 57 soma vetorial . Para encontrarmos esta soma, devemos determinar primeiro as intensidades e orientações dos três vetores de campo. Para determinarmos a intensidade de , causada por , usamos a equação (2.18), substituindo por e por , obtendo . Analogamente, concluímos que os módulos dos campos e são e . Em seguida devemos determinar as orientações dos três vetores de campo elétrico na origem. Como é uma carga positiva, o vetor de campo que ela produz se afasta dela na direção que as une à origem, e como e são ambas negativas, os vetores de campo que elas produzem apontam para cada uma delas na direção que as une à origem. Assim, os três campos elétricos produzidos na origem pelas três partículas carregadas estão orientados como na figura (2-28 b).6 Podemos agora somar os campos vetorialmente. Neste caso, entretanto, podemos usar simetria para simplificarmos o procedimento. Da figura (2-28 b), vemos que e possuem a mesma direção e o mesmo sentido. Consequentemente, seu vetor soma possui essa direção, esse sentido e uma intensidade que neste caso é igual à intensidade do campo Devemos agora combinar dois vetores, . e o vetor soma , que possuem a mesma intensidade e que estão orientados simetricamente em relação ao eixo , como mostrado na figura (2-28 (c)). Da simetria da figura (2-28(c)), percebemos que as componentes de mesma intensidade dos nossos dois vetores se cancelam e que as componentes , também de mesma intensidade, se somam. Assim, o campo elétrico resultante na origem esta no sentido positivo da direção do eixo e e possui intensidade . Com isso verificamos que essas grandezas podem ser expressas em um sistema que utiliza uma combinação de vetores para formalizá-las e representar matematicamente os estudos físicos, apreciando assim essa necessidade matemática e suas propriedades. 6 Podemos observar que são colocadas as extremidades posteriores dos vetores no ponto onde os campos elétricos estão sendo computados; ao fazer isso, diminui a chance de errarmos. 58 Segundo Silva (2002), os conceitos de eletromagnetismo foram trazidos, por Maxwell, a partir de distinções das grandezas físicas por meio de diferentes grandezas matemáticas que as representam. A primeira divisão utilizada por Maxwell é a distinção entre grandezas escalares e vetoriais feita por Willian Hamilton. Ainda para Silva (2002), além de vetores Maxwell distingue outra grandeza relacionada com direções espaciais que, em linguagem moderna, são os tensores. 7 Maxwell, introduz distinções entre grandezas vetoriais. Uma delas diferencia os vetores referentes à linha e os vetores referentes a áreas. Maxwell concluiu que o fenômeno magnético deve ser do tipo rotatório e a força elétrica deve ser do tipo longitudinal a partir de vários argumentos. Quatro tipos de evidência contribuíram para Maxwell concluir que o magnetismo é rotatório: 1) os efeitos lineares da corrente como eletrólise; 2) falta de efeitos rotatórios da corrente elétrica; 3) falta de efeitos lineares no magnetismo; 4) efeitos rotatórios no magnetismo, com a rotação do plano e polarização da luz. Ainda segundo silva (2002), para Maxwell a natureza do campo eletromagnético deveria ser mecânica e as equações que descrevem as relações eletromagnéticas seriam as expressões de condições mecânicas. No entanto, a estrutura das equações do eletromagnetismo relaciona a força elétrica e a magnética através de formulas que só podem ser válidas se representarem a relação entre quantidade linear (seja força ou deslocamento) com uma quantidade rotacional (seja torque ou rotação). Dessa forma, não importa se é o magnetismo ou a eletricidade que possui caráter linear ou rotacional, mas sim que sejam diferentes entre si. Silva (2002) nos traz que Langevin discute que o produto escalar entre dois vetores do mesmo tipo é um escalar e o produto entre vetores de tipos diferentes é um pseudo-escalar. Além disso, o produto vetorial entre vetores do mesmo tipo é um vetor axial, ao passo que o produto vetorial entre dois vetores entre dois vetores de tipos diferentes é um vetor polar. Ainda para silva (2002), o operador pode ser usado na forma de produto vetorial (rotacional) ou produto escalar ou produto escalar (divergente ou gradiente). O rotacional de um campo vetorial polar é um vetor axial e o rotacional de um campo vetorial axial é um 7 Em nossos estudos apresentamos estudos voltados aos tipos de vetores mais comuns. Para melhor compreensão sobre tensores consultar Silva (2002) p. 120. 59 vetor polar. No caso de divergente, o divergente de um campo vetorial polar é uma grandeza escalar e o divergente de um campo vetorial axial é uma grandeza pseudo-escalar. Para termos uma noção prática dessa representatividade,trazemos os estudos de Potencial Retardado apresentado por Butkov (1988), onde fica deduzida a solução geral da equação de D‟Alembert. , em que a função é dada, e a solução se estende por todo o espaço. Esta equação representa ondas geradas por fontes distribuídas por todo o volume e não é provável que ocorra acústica, onde as ondas sonoras são geralmente produzidas por superfícies vibrantes. No entanto tem grandes aplicações na teoria do eletromagnetismo devido às seguintes razões: em um meio não polarizável e não magnetizável, o campo elétrico e o campo de indução magnético devem satisfazer as equações de Maxwell. Em unidades MKASA, onde a densidade de carga e a densidade de corrente são, em geral, dependentes do espaço e do tempo, estas equações são 1) , 2) , 3) ,4) Um dos métodos de resolver este sistema de equações é introduzindo o chamado potencial escalar e o potencial vetorial , por meio de . Esta escolha satisfaz automaticamente as segundas e terceiras equações de Maxwell. Além disso, é conveniente exigir que e satisfaçam a chamada condição de Lorentz . Substituindo estas relações nas duas equações restantes de Maxwell, podemos verificar que e devem satisfazer , e . A primeira destas equações é a equação de D‟Alembert. A segunda se reduz a três equações de D‟ Alembert, se for escrito em suas componentes cartesianas. Então , e temos 60 Nosso problema magnético é, portanto, redutível a resolver a equação de D‟ Alambert. Como no caso unidimensional, é conveniente achar a função de Green que satisfaz , onde fica convencionado que é uma função das variáveis ; e por definição e dos parâmetros . O trabalho envolvido nesta dedução pode ser reduzido pelo uso da notação vetorial e certas mudanças de variáveis. Em primeiro lugar, introduza as novas variáveis , , , , e observe que, com estas novas variáveis, a EDP para G é Segue que deve, em verdade, ser uma função escalar e do vetor ; isto é, deve depender somente das diferenças Podemos escrever e . . Com isso podemos ter uma noção do quão os estudos eletromagnéticos são aprofundados, tanto na área da física quanto da matemática, trazendo a tona toda a importância dos estudos vetoriais e a relevância que se tem para uma matemática mais formal e mais aplicada. 61 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS No intuito de desenvolver um estudo sobre vetores e o uso desse como estruturante para os conceitos físicos, esse trabalho encaminhou-se para um desafio grandioso. Desafio esse que nos motivou a produzi-lo em um estudo que abrange diversas áreas da matemática e da física.Encontramos muitas dificuldades em construir o Referencial Bibliográfico, pois, a maioria dos textos em que poderíamos ter acesso direto a informações sobre a construção dos estudos vetoriais, são editados em língua estrangeira ocasionando grandes dificuldades em utilizá-los. Mesmo assim pudemos apresentar a relação entre os sistemas referenciais, trazidos no capitulo 1, e os estudos da Mecânica de Newton do capitulo 2, que estão expressos por vetores que trazem em suas componentes, que com noções geométricas básicas, foram desenvolvidas e formalizadas com as noções algébricas e os estudos trazidas por Hamilton. Isso possibilitou o desenvolvimento científico com maior fundamento matemático e as grandezas puderam melhor ser representadas. Os vetores que se apresentaram com propriedades suficientes, permitiram assim ser inseridos nos conceitos de ondas mecânicas, de forma a expressar desde as representações mais comuns as operações abstratas e números complexos. Dessa forma conseguimos verificar que por consequência os estudos físicos trazidos por Maxwell possibilitaram os desenvolvimentos de métodos utilizados até os dias de hoje e que abrangem desde as propriedades mais básicas até os estudos mais desenvolvidos, de forma a facilitar a compreensão dos estudos físicos e construir métodos de resoluções de problemas que estão presentes em estudos mais avançados. Entretanto podemos afirmar que esse trabalho foi de grande relevância, pois, os estudos de vetores trouxeram uma maior compreensão do quê e para quê, se utilizam as ferramentas matemáticas. Sendo esse nosso intuito, procuramos ressaltar a necessidade e a importância cientifica desse estudo. E dessa forma a parte histórica nos revela, o quão dificultoso foi para os intelectuais de cada época realizar seus estudos, tanto físicos quanto matemáticos, e desenvolver métodos de fácil compreensão para que posteriormente pudessem ser utilizados. Acreditamos que conseguimos apresentar nesse trabalho partes importantes da história e uma boa relação entre estudos vetoriais e os estudos pertinentes a física, assim como representações matemáticas cruciais para essa compreensão. Percebemos que nossos conhecimentos, de certa forma, se fortaleceram podendo assim, com mais segurança, representar tais estudos sabendo “de onde vem e para onde vão”, com a cautela e respeito ao 62 formalismo necessário para suas representações. São essas representações que fisicamente são chamadas grandezas (escalares e vetoriais), que por suas distinções, foram estabelecidas a partir de fenômenos físicos formulados matematicamente, que nos possibilitam estudar tanto a parte matemática quanto física em um conceito mais fortalecido. 63 REFERÊNCIAS BOYER, Carl B. História da Matemática. Tradução Elza F. Gomide - 2 ed.; São Paulo: Edgard Blücher, 2003. BRANDEMBERG, Joao Claudio. Algumas contribuições do trabalho de Euler para o desenvolvimento da Matemática. REMATEC: Revista de Matemática, Ensino e Cultura –Ano 1 n. 2 (Jan/Jun. 2007). – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN: EDURFN editora da UFRN, 2007.45p. Mensagem disponível em:<http://www.rematec.net.br/arquivos/revista_rematec_02.pdf>. Acesso em 04 jun. 2013. BUTKOV, Eugene. Física Matemática. Tradução João Bosco Fernandes de Carvalho; Revisão técnica Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A. Rio de Janeiro. 1988. 725p. PIETROCOLA, Maurício. 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