Mecanismos e Dinâmica das Máquinas Capítulo 6 Forças de inércia em mecanismos 6.1 Equação do Movimento Deslocamento de um corpo rígido pode ser considerado como a soma de um deslocamento linear de algum ponto deste corpo mais um deslocamento angular do corpo em torno deste ponto. Mesmo conceito vale para a velocidade e aceleração. É conveniente que este ponto seja o centro de gravidade deste corpo rígido. Deseja-se encontrar qual a força e torque que deve ser aplicado ao corpo rígido para produzir AG e . Força F mAG produz AG e torque T I produz . I é o momento de inércia de massa sobre o eixo perpendicular ao plano de rotação e passa por G. Em geral, um corpo rígido com movimento plano pode estar sujeito a mais de uma única força e um único torque. Então F é a resultante de todas as forças externas e T é o torque resultante de todos os torques agindo sobre o corpo. Assim, F e T são chamados, respectivamente de força e torque resultantes. Um princípio importante em mecânica é que força e torque podem ser substituídos por uma única força. O corpo aparece com três forças de igual magnitude de modo que: Fh T I h I F As forças F de sentidos opostos se cancelam, portanto uma única força a uma distancia h do centro de gravidade substitui a força F e o torque T. 6.2 Forças de Inércia e Torque de Inércia Força de inércia Fo é definida como uma força resultante contrária a F e o torque de inércia To é definido como um torque resultante contrário a T. Assim, somando ao sistema uma força de inércia e um torque de inércia definidos acima o corpo está em equilíbrio. Isto é conhecido como princípio de D´ALEMBERT e ajuda na solução de problemas em dinâmica permitindo resolvê-los como um problema de estática. 6.3 Forças de Inércia de um mecanismo de quatro barras Construir o polígono de acelerações para encontrar as acelerações lineares dos pontos G2, G3 e G4. Nesta etapa encontram-se as componentes tangenciais de aceleração a partir das acelerações 3 e 4 . A) Peça 2: F2 é a força resultante na peça 2 f2 é a força de inércia na peça 2. B) Peça 3: T3 é o torque resultante t3 é o torque de inércia I3 é o momento de inércia com relação ao centro de gravidade da peça 3. A barra 3 é mostrada novamente sujeita a ação de f 3 com a mesma magnitude, porém com uma linha de ação deslocada de G3. Fazendo assim, evita-se a colocação (envolvimento) deste torque de inércia na análise cinética. F3 h3 t 3 h3 t3 I 3 3 f 3 m3 AG3 C) Peça 4: Procedendo da mesma maneira com a peça 3 h4 t4 I 4 4 f 4 m4 AG4 Serão procuradas as forças em cada pino de conexão das barras e o torque que o eixo em O2 exerce para realizar o movimento prescrito. D) Diagramas de corpo livre: As forças de inércia fi são tratadas como forças externas e cada barra está em equilíbrio devido à ação das forças reativas não conhecidas. A determinação destas forças se dá da mesma forma que na estática. Começando com a peça quatro, fazendo a soma dos momentos em torno de O4 igual a zero determina-se F34T. Coloca-se esta força com mesma intensidade e sentido contrário na peça três. A soma de momento da peça3 em torno do ponto B igual a zero determina-se F43N. O polígono de forças para a peça 3 determina F23. A partir de F23 calcula-se T2 e F12. M O2 0 T2 f 2 F32 a A força F14 é obtida do polígono de forças para os corpos 2, 3 e 4 tomando-se o sistema como um todo. A força de agitação FS é definida como a resultante de todas as forças de inércia que agem sobre a estrutura do mecanismo (devido apenas a forças de inércia). 6.4 Análise Cinética de Motores Alternativos Mecanismo cursor manivela (biela manivela) para motores de combustão interna, monocilíndrico de quatro tempos. Manivela contrabalançada de modo que o centro de massa coincida com o centro de rotação, Manivela com rotação teoricamente constante (volante) e, portanto a aceleração angular é zero. 2 T2 0 Força peso dos elementos desprezíveis; Força de atrito do pistão camisa é desprezível; Força dos gases (P) sobre o pistão é o produto da pressão pela área transversal da cabeça do pistão. A pressão poderá ser obtida através de uma análise termodinâmica ou por medições experimentais da pressão na câmara de combustão. A.R. Holowenko, Dynamics of Machinery, John Wiley and Sons 1955 ilustra um grande número de tipos de motores e variações. Contem também ordem de queima e analisa o balanceamento motor em excelentes detalhes. Vide pagina 294-382. A) Expansão: Válvula de entrada de gases fechada; Válvula de saída (descarga) fechada; Abre nas imediações do fim de curso. B) Exaustão: Válvula de descarga aberta; Válvula de admissão abre no fim de curso. C) Admissão: Válvula de admissão aberta; Válvula de descarga fechada durante a maior parte do curso. D) Compressão: Ambas as válvulas estão fechadas. Força dos gases: P pAg (Carga estática) Forças dinâmicas FO4 agindo sobre o pistão; FO3 agindo sobre a biela FO2 árvore balanceada CG2 = 02 Velocidade angular da manivela constante (volante). Uma partícula infinitamente pequena tem somente movimento linear. O movimento angular é caracterizado como o movimento de uma linha de um corpo. Na análise de máquinas, o movimento angular de uma peça é determinado pelo movimento angular de uma reta fixa a essa peça. 6.5 Métodos para Mecanismo a A) Solução gráfica por superposição; Copie dados (Mabie pg 428). Polígono de aceleração Análise Cinética do n2=3000 rpm; O2A=5,08 cm; m4=0,907 kg; Ap=45,48 cm2; m3=1,360 kg; AB=20,32 cm; I3=0,01017 kgm2 Força dos gases: P p Ap 137,89 45,48 6271,4 N Forças de inércia: Polígonos de aceleração aA=5029,2 m/s2 aB=1767,84 m/s2 aG3=4023,36 m/s2 3 21900 rad/s2 Portanto, f O 4 m4 a B 0,907 1767,54 1603,78 N f O3 m3 aG 3 1,36 4023,36 5472,75 N h3 t3 I 0,01017 21900 3 3 0,0407 m f 3 m3 AG 3 5472,751 h3 4,07 cm Forças no pistão F4 P f O 4 6271,4 1603,78 4667,46 N F14 1023,04 N F34 4759,36 N Biela e manivela F43 F23 F32 F12 4759,36 N Te 4759,36 0,04826 229,69 N.m Forças na biela Do polígono: F43 F34 F14 146,78 N F23 F32 F12 5204,16 N Te 5204,16 0,00635 33,05 N.m Superposição: Dos polígonos F43 4759,36 N F23 5382,08 N F12 5382,08 N Torque no eixo de manivela Te 229,69 33,05 196,64 N.m (S.A.H.) B) Solução analítica utilizando massas pontuais cineticamente equivalentes. Qualquer peça rígida com movimento no plano com massa M e inércia I, pode ser representado por um sistema equivalente de duas massas pontuais de modo que a inércia das duas massas seja cineticamente equivalente a da peça. Portanto, Mp, Mq massas pontuais FP FQ Fo Para satisfazer a equação devem ser observadas três condições de equivalência. 1) Equivalência de massa MP MQ M 2) Equivalência de centro de massa: M P l P M Q lQ 0 3) Equivalência de momento de inércia: M P l P M Q lQ I 2 2 Para se determinar o sistema equivalente é necessário determinar quatro quantidades: MP, MQ, lP e lQ Logo, tem-se: MP M MQ M lQ l P lQ , lP ; l P lQ Então se tem: l P lQ I M Assim, têm-se quatro incógnitas para três equações. Portanto, uma das incógnitas devem ser adotadas convenientemente, usualmente adota-se lP ou lQ. 6.6 Torque de saída de motores Particular interesse identificar a variação de torque de saída com o ciclo de 720º da manivela. Há grande variação em intensidade e sentido. Em algumas fases o torque tem o mesmo sentido do movimento da manivela e outras tem o sentido oposto. A suposição de velocidade constante da manivela é inválida, portanto utiliza-se volante. Um volante com momento de inércia relativamente pequeno reduz as variações de velocidades a 1 a 2% da velocidade angular da manivela. Em projeto de volantes é interessante conhecer o torque de saída. Conforme já estudado, Ts F12 d ; FB P Fo 4 FB3 ; F12 FB ; cos d h sen ; Ts FB h tan Para expressar o torque em função de theta, significa expressar FB , h, em função de theta. Da figura: sen x , L sen L sen R sen R sen L arcsen Para determinar FB. P f é obtido experimentalmente P p Ap x R Forças inerciais: Fo 4 FB3 M 4 M B3 a B Também sabe-se do capitulo 2 do Mabie que: R a B R 2 cos cos 2 ou L aB R cos cos 2 Forma adimensional. 2 L R Assim: R Fo 4 FB 3 M 4 M B 3 R 2 cos cos 2 L Determinação de h Da figura h tan R cos L cos tan ou h L tan cos cos tan R R Potencia de saída P Tmed Tmed n T Tmed n [HP], P med [CV] 76 725,75 75 716,2 6.7 Dimensionamento de volantes Torque de saída ora maior ora menor que o torque médio para intervalos de . Área hachurada representa trabalho que ora aumenta ora diminui a energia cinética do sistema. Acréscimo ou decréscimo na velocidade da árvore de manivelas. O grau de aumento ou diminuição desta velocidade depende da inércia do sistema. Ec 1 2 I 2 Obtêm o controle das flutuações da velocidade da manivela primeiramente com um volante. Motor monocilíndrico com um volante Esta figura mostra o desequilíbrio de torques que nele atuam necessário para acelerar o seu movimento angular. Colocando o volante aumenta-se a inércia do sistema e diminue (T-TR = Constante). Ts TR I Em que I é o momento de inércia do volante em torno do eixo da manivela. d d d d , logo dt d dt d Ts TR I d d Ts TR d I d 1 2 2 T TR d Id 2I max min w max max w min min Os limites para a integral são encontrados por inspeção. max Onde ocorre a maior variação positiva em ; min Onde ocorre a maior variação negativa em ; Trabalha-se a partir de um gráfico que representa a integral onde: A I max 2 min 2 2 Na pratica, ao invés de dar max e min utiliza-se o coeficiente de flutuação k de modo que a flutuação ou a diferença entre velocidades máxima e mínima seja uma pequena fração da velocidade média pedida no projeto. k max min med A I I max 2 min 2 max min max min 2 2 A I max min med 2 n 2 A k I med I k 60 I 91 2 A kn2 Exercício: Determine o torque médio e a potencia de saída do motor; as posições dos ângulos de manivela onde as velocidades da manivela são máximas e mínimas; e o momento de inércia de um volante tal que a flutuação máxima de velocidade seja 20 rpm. O diâmetro do volante é 400 mm.