1. Ascensão do “Motivo de Lucro”, A “Filosofia” do

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ECONOMIA
MÓDULO 9
ASCENSÃO DO “MOTIVO DE LUCRO”, A
“FILOSOFIA” DO COMÉRCIO E O
MECANISMO DE MERCADO
Índice
1. Ascensão do “Motivo de Lucro”, A “Filosofia” do Comércio
e o Mecanismo de Mercado ........................................ 3
1.1. Síntese do Tema ......................................................... 5
1.2. Questões para Revisão ................................................. 5
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Economia - Módulo 9: Ascensão do “Motivo de Lucro”, A “Filosofia” do Comércio e o
Mecanismo de Mercado
1. ASCENSÃO DO “MOTIVO DE LUCRO”, A “FILOSOFIA” DO
COMÉRCIO E O MECANISMO DE MERCADO
A partir das novas ideias, decorrentes das transformações sociais antes
comentadas, foi surgindo um novo ambiente global e uma nova forma de
controle social. O indivíduo, neste momento, procurava realizar trocas que
maximizassem a sua renda, o que, resumidamente, traduzia-se no chamado
motivo de lucro, o qual, apesar de já existir, foi exacerbado pela economia de
mercado. E isso ocorria com as transações envolvendo todos os fatores de
produção, inclusive a força de trabalho, cujo preço (salário) era aquele que,
como no caso do proprietário de terras e do próprio capitalista, garantia a
manutenção, a subsistência e o crescimento do agente econômico. A procura
pela maximização da renda (e consequente redução dos custos) tornou-se
uma poderosa força condutora da sociedade.
Os pensadores econômicos e políticos alardeavam as vantagens de um
mundo livre e ávido por lucros. Enquanto na Inglaterra era considerada
riqueza a posse de mais ouro e prata, os fisiocratas, adeptos da lei natural,
entendiam que toda riqueza, afinal, era derivada do uso produtivo da terra,
considerando os mercadores e as outras classes sociais, como os próprios
fabricantes, participantes de classes estéreis, que não geravam excedentes
para a formação da riqueza nacional.
O controle capitalista foi, então, estendido ao processo de produção. Foi
criada uma força de trabalho que possuía pouco ou nenhum capital e nada
tinha a vender, a não ser a sua força de trabalho.
Essas características marcam o surgimento do sistema econômico do
capitalismo. O mercado e a busca pelo lucro monetário substituíram os
costumes e a tradição, na determinação de quem executaria certa tarefa e
como ela seria realizada.
Esse período de efervescência levantou novas indagações.
Heilbroner (1980, p. 91) indicou algumas:
A concorrência devia ser regulamentada ou entregue a si mesma?
A exportação de ouro devia ser proibida, ou deveria permitir-se que
o “tesouro” entrasse ou saísse livremente do reino, segundo as
correntes de comércio o ditassem? O produtor agrícola deveria ser
tributado por constituir a fonte original de toda a riqueza, ou
deveriam os impostos recair sobre a próspera classe mercantil?
Essa nova realidade foi melhor analisada a partir dos estudos de Adam
Smith, admitido por muitos como o patrono da ciência econômica, com a
sua obra A riqueza das nações, publicada em 1776, ano em que também
ocorria a revolução norte-americana.
Smith considerava que o homem era, naturalmente, propenso à realização
de trocas, e entre suas ideias, destacam-se:
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Mecanismo de Mercado
O individualismo resultava em ordem, não em caos; a competição entre
as pessoas acionava as forças de mercado, conduzindo a um crescimento
ordenado da riqueza da nação; não havia conflito entre benefícios
individuais e coletivos.
O caminho da fraternidade – ao menos em termos econômicos – passava pelo
egoísmo competitivo. Essa aspiração por prosperidade, casada comum a
tendência natural a trocar e comercializar, conduzia à especialização, ao
investimento de capital e a um crescimento econômico estável; o bem-estar
da comunidade era maximizado.
À indagação dos motivos que exercem poderoso crescimento sustentável,
considerando que o impulso para aumento dos investimentos de capital
poderia ser compensado pelo crescimento da demanda de trabalhadores,
elevando os seus salários, ocorrendo uma redução dos lucros do fabricante e
queda de novos investimentos, Smith entendia que a demanda de
trabalhadores aumentaria os salários e a oferta de mão-de-obra no mercado
de trabalho, em função de melhores condições de vida para toda a
população.
As ideias de Adam Smith foram retomadas e aprimoradas por outros
economistas clássicos e, até hoje, exercem poderosa influência sobre as
modernas sociedades de mercado.
Smith (1983) comenta:
Não é da benevolência do açougueiro, do fabricante de cerveja ou
do padeiro que podemos esperar nosso jantar, mas da consideração
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deles aos seus interesses pessoais. Não nos dirigimos à sua
humanidade, mas ao seu egoísmo, e nunca lhes falem de vossas
necessidades, mas da vantagem deles.
Para Smith, o controle dessa nova sociedade reside no mecanismo da
concorrência. Um produtor não poderia vender o seu produto a preço maior
do que o estabelecido por seus concorrentes, o mesmo acontecendo com os
salários do trabalhador ou do aluguel cobrado por um proprietário de terras,
sob pena de serem excluídos do mercado. Existirá, portanto, o que Smith
denominou uma “mão invisível” direcionando os interesses individuais ao
bem-estar social.
A concorrência de preços faz com que os produtores e consumidores
satisfaçam suas ambições, com base na oferta e na procura dos bens e
serviços, caracterizando o mercado como um processo fiscalizador e
autorregulador, tanto dos preços quanto dos lucros e salários.
1.1. SÍNTESE DO TEMA
Neste tema, foi abordada a afirmação da economia de mercado, a partir
da mudança filosófica trazida pela aceitação do “motivo de lucro” pela
sociedade e o estabelecimento de uma “filosofia” do comércio.
1.2. QUESTÕES PARA REVISÃO
1.
No que consiste o “motivo de lucro”?
2.
Como se materializa
contemporâneas?
3.
O “motivo de lucro” é uma invenção da sociedade de mercado?
Justifique sua resposta.
4.
O que se entende por capitalista começando a surgir no mercado?
5.
Como passa a ser visto o mercador, com a dissolução do feudalismo?
6.
“A riqueza provém, basicamente, do uso da terra”. Justifique esta
afirmativa.
7.
O que representava a classe dos fabricantes para os fisiocratas? E o
lavrador?
8.
Quem deveria pagar impostos após o advento e a prevalência da
classe mercantil? Os produtores agrícolas ou os mercadores? Por quê?
9.
Qual é o significado de uma divisão de trabalho?
este
“motivo
de
lucro”
nas
sociedades
10.
Como se materializa a divisão do trabalho, com base nos descritivos
de Adam Smith?
11.
O desejo de melhoria de vida corresponde ao motivo de lucro?
Justifique sua resposta.
12.
Como é que o empreendedor obtém cada vez mais produtividade, na
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concepção de Adam Smith?
13.
O que poderá garantir um crescimento contínuo e duradouro à
sociedade, segundo Adam Smith?
14.
Em um contexto econômico, o conceito de divisão do trabalho nos
termos relatados por Adam Smith:
a) Diminui significativamente a capacidade de produção.
b) Multiplica enormemente a capacidade de produção.
c) Não contribui para uma maior ou menor capacidade de
produção.
d) Tem influência sobre a capacidade de produção, em especial na
produção agrícola.
e) Contribui para a concentração da renda.
Resposta correta: alternativa b. A divisão do trabalho proporcionou a
obtenção de um crescimento acentuado nos níveis de produção, dada a
especialização e a produtividade do fator trabalho na execução de uma
mesma atividade repetidamente, invalidando, pois, as opções a e c. A
alternativa d está errada, uma vez que Smith entendia que a divisão do
trabalho favorecia todos os setores da economia, notadamente, os
industriais. A alternativa e está incorreta, dado que Smith, neste caso, não se
referia à repartição da renda entre os membros da sociedade, mas sim à
eficiência produtiva da economia.
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