O Mercado de Divisas Internacionais

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CURSOS SUPERIORES TECNOLÓGICOS
DISCIPLINA: ECONOMIA E MERCADO
PROF. ESP. FÁBIO LUIS URIARTE
O MERCADO DE DIVISAS INTERNACIONAIS
Os séculos XVII e XVIII se destacaram com o surgimento de grandes teorias econômicas em uma época em que não haviam ainda estudos ligados à economia e, neste contexto, surgem os fisiocratas, Adam
Smith e David Ricardo, trazendo grandes avanços para as Ciências Econômicas, formulando teorias que tentavam explicar a realidade econômica da época partindo da observação da realidade que vivenciavam.
Pensadores de grande destaque que foram, Adam Smith e David Ricardo, assim como os fisiocratas, criaram grandes teorias visando explicar as relações econômicas entre as classes sociais. Outros pontos de
grande destaque em seus estudos foram a origem da renda, o valor das mercadorias, as relações de troca,
a criação e distribuição da riqueza na sociedade, a divisão do trabalho e a geração do excedente econômico. Smith e Ricardo formularam teorias visando explicar qual seria a melhor forma dos países manterem relações comerciais internacionais.
A Escola Fisiocrática, de origem francesa, e que tinha como principais expoentes François Quesnay
(1694-1774) e Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), defendia a existência de uma ordem natural, com
base na qual a sociedade deveria ser organizada. Os fisiocratas acreditavam que somente a agricultura é
que poderia gerar um excedente de produção e, assim, formularam suas teorias partindo do princípio da
agricultura como centro da geração de riqueza na sociedade.
Para que possamos entender o motivo da crença fisiocrática nas leis naturais, devemos nos voltar
para a realidade francesa no século XVIII. Era uma economia essencialmente agrária, com base na propriedade privada feudal; a economia já possuía um caráter capitalista, embora ainda fosse possível encontrar
camponeses nas províncias meridionais; as atividades realizadas nas cidades eram de caráter artesanal;
conviviam em uma mesma realidade as formas de produção agrícola camponesa e a capitalista, com destaque para esta última forma, que segundo os fisiocratas seria a forma mais desejável e avançada para a época.
Na fisiocracia a forma essencial do capitalismo só poderia se desenvolver totalmente nas atividades
agrícolas, pois para eles apenas na agricultura é que poderia haver um excedente.
Posteriormente, surgem Adam Smith e David Ricardo, dando início à Escola Clássica e propondo
grandes alterações ao que havia sido exposto até então pelos fisiocratas. Ambos surgiram explicando teorias até então nunca abordadas, como a teoria do valor, teoria do lucro, dentre outras alterações. Smith e
Ricardo foram dois dos maiores pensadores já vistos pela economia moderna, ao lado de outros grandes
estudiosos que surgiram posteriormente. Suas teorias são dignas de profundas análises e reflexões e expressam o que de mais completo no contexto das teorias econômicas havia no século XVIII.
ADAM SMITH
Adam Smith (1723-1790), escocês de nascença, lecionou em Gaslow e Oxford e entrou em contato
com os principais representantes da fisiocracia, Quesnay e Turgot. Pela sua formação acadêmica – filosofia
e economia – Smith foi o primeiro a criar um modelo abstrato totalmente coerente com a realidade econômica da época. Via ligações entre as classes sociais, o sistema de produção, o comércio, a circulação de
moeda, a distribuição da riqueza, dentre outros. Obteve destaque com duas principais obras: A Teoria dos
Sentimentos Morais e A Riqueza das Nações.
Com a deposição de Turgot como Ministro das Finanças e a publicação de A Riqueza das Nações de
Smith em 1776, a influência dos fisiocratas se reduz e são introduzidos os princípios que servirão de base à
Escola Clássica.
Ao contrário da fisiocracia, que se desenvolveu na França, Smith toma por base a Inglaterra, com
sua realidade econômica mais avançada e mais direcionada ao sistema manufatureiro, vivendo a revolução
industrial, revolução esta que se consolidava no século XVIII.
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Smith considerava a busca pela riqueza como um desejo de cada indivíduo de melhorar. Pensava
que o auto-interesse impelia os homens a buscar o melhor para si e conseqüentemente acabavam proporcionando involuntariamente o melhor para os outros.
Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso
jantar, mas da consideração que eles têm por seus próprios interesses. Na esfera econômica, isso propicia a divisão do trabalho e a acumulação de capital, dessa forma aumentando a produtividade. (HUNT, p.100)
É importante ressaltar como justificativa para que o homem não tivesse uma conduta indesejável,
Smith dizia que todas as pessoas possuíam simpatia e benevolência, o que direcionava sua conduta a não
ferir a liberdade alheia.
Smith, com base na divisão do trabalho, formulou sua teoria, tendo como pressuposto básico que,
se duas nações aceitassem comercializar entre si, ambas poderiam ganhar.
A teoria das Vantagens Absolutas não explicava totalmente as bases do comércio e, segundo Rainelli (1998), apresentava uma grande limitação, visto que, se uma nação não apresentasse nenhuma vantagem absoluta, não poderia participar do comércio internacional.
DAVID RICARDO
David Ricardo nasceu em Londres, no dia 18 de abril de 1772. Foi o terceiro de 17 filhos de uma família holandesa de classe média, descendentes de judeus expulsos de Portugal. Seguindo os passos do pai,
tornou-se operador da Bolsa de Valores de Londres, onde acumulou fortuna. Rompeu com a família (e com
a religião judaica) aos 21 anos e se casou com uma jovem "quaker". Morreu prematuramente, em 11 de setembro de 1823, aos 51 anos de idade. Enquanto teórico, foi um dos mais rígidos em seus escritos. Escreveu sobre Economia Política e, na criação de modelos abstratos que descrevessem de forma real as situações vividas no capitalismo, foi insuperável.
Ricardo trata em sua obra – Princípios da Economia Política e Tributação – dos conflitos entre agricultores e industriais, e conclui que as reivindicações dos capitalistas eram procedentes e deveriam ser atendidas. Embora fosse homem rico, defendeu um imposto sobre o capital para liquidar a dívida nacional.
Vantagens Absolutas x Vantagens Comparativas
Adam Smith, na questão do comércio internacional, defendia a Teoria das Vantagens Absolutas, ou
seja, cada país deveria se especializar naquilo que podia produzir a menores custos. Assim, por exemplo, se
Portugal produzisse vinho a um custo mínimo de $80 e cereais a um preço mínimo de $90 e a Inglaterra
produzisse vinho a um preço mínimo de $90 e cereais a um preço mínimo de $80, Portugal devera se especializar na produção de vinho para o restante dos países e comprar de Portugal os Cereais. Enquanto a Inglaterra deveria se especializar na produção de cereais, que possuíam para eles o menor custo e comprar
de Portugal o vinho que sairia mais barato.
David Ricardo realizou avanços na teoria de Adam Smith ao expor, nos Princípios de Economia Política e Tributação, a Lei das Vantagens Comparativas. De acordo com Ricardo, mesmo que uma nação possua desvantagem absoluta na produção de dois bens, ainda assim haveria uma possibilidade de comércio,
desde que a nação se especializasse na produção de seu bem de menor desvantagem absoluta.
Por exemplo, se Portugal produzisse vinho a $70 e cereais a $80 e a Inglaterra produzisse vinho a
$100 e cereais a $90, Portugal deveria se especializar na produção de vinho e a Inglaterra na produção de
cereais.
Podemos perceber que a teoria de Ricardo das vantagens comparativas é mais adequada à realidade da época que a teoria das vantagens absolutas de Smith, pois em Smith uma vez que um país não possuísse nenhum produto que pudesse produzir a menores custos que todos os demais, ele não teria poder de
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competição no mercado internacional e também não teria poder de compra de mercadorias de outros países. Já a teoria de Ricardo pode ser tida como mais adequada porque cada país se especializa no que lhe sai
mais barato, independentemente de existirem outros países que possam produzir o mesmo produto a menores custos. Assim seria possível que todos os países competissem no mercado externo, tanto tendo poder de compra quanto poder de venda.
Ricardo busca justificar o seu modelo de desenvolvimento voltado para o comércio internacional,
demonstrando que, o livre comércio não traz desvantagens nenhuma aos participantes; mas sim, estimularia a divisão internacional do trabalho e a possibilidade da aquisição dos bens no mercado internacional a
um preço inferior ao custo de produção doméstica.
Para Ricardo, as trocas comerciais se baseiam nos custos por unidade de produção e não seria um
jogo de “soma nula”, pois a divisão internacional do trabalho e a especialização levaria a uma vantagem
mundial em função da soma das vantagens nacionais.
O papel do comércio internacional seria, para Ricardo, a forma de aumentar a renda real de cada
país através do crescimento da produção com o mesmo custo ou com a redução deste. Assim as Vantagens
Comparativas seriam responsáveis pela redução nos custos e no aumento dos lucros, os quais seriam em
parte reinvestidos, auxiliando na dinâmica econômica.
Logo, a especialização na produção de bens em que os custos de produção fossem inferiores seria
uma conseqüência e a demanda externa seria responsável pelo aumento da produção. Esta, por sua vez,
em países do hemisfério sul, viria através do aumento da exploração dos recursos naturais, pois estas economias deveriam especializar-se na produção de bens primários e importar bens industrializados, os quais
teriam um custo mais elevado se fossem produzidos internamente.
Questões:
1) Em que se baseavam as primeiras teorias dos séculos XVII e XVIII para explicar os fenômenos econômicos?
2) Quais os pontos de destaques nos estudos dos fisiocratas, de Adam Smith e de David Ricardo?
3) Qual era a base do pensamento fisiocrata?
4) Por quê Smith foi considerado o primeiro economista a criar um modelo abstrato totalmente coerente com a realidade econômica da época?
5) Embora Adam Smith e David Ricardo fossem os precursores da chamada Escola Clássica, quais as diferenças das
propostas de ambos, em relação ao comércio internacional?
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