AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO NA INFÂNCIA Evelyn Vinocur Heloisa Viscaíno F.S.Pereira RESUMO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência mundial dos distúrbios do desenvolvimento e dos transtornos mentais e comportamentais na infância e adolescência é de 10% a 20%. Ainda assim, o diagnóstico dos transtornos mentais em crianças e adolescentes têm sido um grande desafio na prática clínica, dada a heterogeneidade dos quadros clínicos e as peculiaridades diagnósticas. A saúde mental infantil é um tema transversal a diferentes especialidades médicas, sociais e educacionais. É objetivo desse texto descrever de forma sintetizada os princípios básicos na avaliação psiquiátrica em crianças e adolescentes, ressaltando as peculiaridades existentes no diagnóstico dos transtornos mentais em indivíduos dessa faixa etária, levando em consideração a multidisciplinaridade de conhecimentos e práticas que devem ser utilizadas durante esse procedimento. A literatura consultada aponta que a abordagem adequada é interdisciplinar, condição essencial no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais infanto-juvenis. PALAVRAS-CHAVE: Saúde mental; Infância; Adolescência; Critérios. INTRODUÇÃO O interesse na área de Saúde Men- 26 tal Infanto-Juvenil tem aumentado nos últimos anos de maneira expressiva, reconhecendo, de forma tardia, que crianças e adolescentes podem vivenciar situações geradoras de prejuízo funcional significativo. Devido a evidências científicas relacionando o estado de saúde mental da criança ao desenvolvimento infantil em seus diferentes domínios, entende-se hoje que dificuldades emocionais e comportamentais na primeira infância nem sempre são fases transitórias do desenvolvimento normal e podem representar risco para psicopatologia ao longo da vida1. É importante ressaltar que a saúde mental infantil é um tema dito transversal a diferentes especialidades da área da saúde, ciências sociais e educacionais e congrega disciplinas em seus diferentes enfoques. Apesar da relevância, é frequente a subvalorização dos sintomas em crianças, agravando o prognóstico e causando prejuízos, muitas vezes, irrecuperáveis no desenvolvimento psíquico, cognitivo e social das crianças e adolescentes em formação para a vida adulta2. De acordo com a OMS, aproximadamente 20% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno mental, sendo o suicídio a terceira causa de morte entre os adolescentes3. Outras manifestações inerentes à adolescência são as condutas antissociais, delinquência e uso de drogas que podem estar associados às manifesta- Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Avaliação dos transtornos de comportamento na infância ções de agressividade e distúrbio do comportamento na infância. Isto deve-se, em parte, à falta de treinamento de profissionais generalistas na área e à carência de recursos humanos em quantidade e qualidade suficientes para acolhimento dos pacientes encaminhados. Dessa forma, é muito importante que o profissional de saúde entenda os processos de desenvolvimento físico e mental a fim de julgar os sintomas, muitas vezes, expressos por queixas orgânicas inespecíficas tais como dores crônicas, problemas de sono e transtornos de alimentação5,6. A saúde mental infantil afeta todas as áreas do desenvolvimento e impacta a saúde física e mental da família e no rendimento escolar, com suas óbvias consequências na vida adulta. São difíceis de mensurar os impactos causados pela angústia familiar, situações de conflito e desempenho social inadequado na infância, mas estudos retrospectivos sinalizam estes eventos como marcadores precoces de transtornos mentais no adulto7,8,9. O conceito de Sentinela no diagnóstico precoce de sintomas em saúde mental infantil aplica-se a toda e qualquer pessoa envolvida social e profissionalmente com a criança, fazendo valer o conceito de responsabilidade no zelo do Estatuto da Criança e do Adolescente10. Para tanto, importa compreender os fatores de risco em curso na sociedade em questão, além do desenvolvimento de ferramentas de triagem e busca ativa de situações tais como a exposição à violência. Tratar uma criança com problemas de comportamento e saúde mental requer a adoção de um sistema de avaliação levando em conta uma miríade de questões essenciais a um diagnóstico correto. A abordagem adequada tem a multidisciplinaridade como característica essencial2,11. O objetivo deste texto é descrever de forma sintetizada os princípios básicos da avaliação psiquiátrica em crianças e adolescentes, ressaltando as peculiaridades existentes no diagnóstico dos transtornos mentais em indivíduos dessa faixa etária. SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Em 2004, a OMS publicou seu primeiro relatório sobre a promoção da saúde mental, considerando-a não meramente a ausência de doença mental, mas a presença de um “estado de bem-estar” que permite a realização individual de habilidades, o manejo de estresses normais da vida diária e o trabalho produtivo que promove contribuição para a sua comunidade e para um mundo melhor. Saúde Mental é um estado positivo de funcionamento mental resultando em atividades produtivas, gerando bons relacionamentos interpessoais e habilidade para se adaptar às mudanças e lidar com as adversidades6. Fatores de impacto sobre a saúde mental de cada pessoa são experiências individuais, influenciadas pelas experiências diárias, na família e na escola, na rua e no trabalho12. Sob a perspectiva do desenvolvimento infantil, as emoções são vistas como processos adaptativos psicológicos que têm como objetivos a sobrevivência e o bem-estar sendo características marcantes do funcionamento psicopatológico13. Há evidência considerável relacionando alta emoção negativa (seja como resposta a situações de desafio ou como uma característica de temperamento) e risco para psicopatologias em crianças apesar de, individualmente, tratarem-se de sintomas inespecíficos14. A forma como as emoções adaptativas tornam-se processos disfuncionais à saúde não se encontra totalmente esclareAno 10, Agosto de 2011 27 Avaliação dos transtornos de comportamento na infância cida1,14. Com frequência, crianças e adolescentes são expostos a situações de riscos múltiplos e cumulativos e, possivelmente, a combinação ou a sequência de fatores de risco seja a explicação para o desenvolvimento de transtornos mentais na infância e na adolescência. Estudos controlados investigaram a correlação de diferentes fatores de risco individuais, familiares e ambientais15. Alguns autores advogam que uma criança será considerada em situação de risco quando seu desenvolvimento não ocorrer conforme o esperado para sua faixa etária e para os parâmetros de sua cultura16. É de nota que muitas questões latentes podem desviar o indivíduo de sua potencialidade mais saudável ainda mantendo o desenvolvimento em padrões normais. A definição do estado ótimo de desempenho para um certo indivíduo em comparação com seu desempenho real requer tempo de avaliação e uma certa dose de intuição pessoal, potencializada pela experiência profissional. Os principais fatores de risco descritos na literatura são: Eventos traumáticos; Psicopatologia parental; Doenças crônicas e terminais; Baixo nível educacional; Abuso físico e sexual; Maus tratos na infância; Falhas educacionais; Gravidez precoce; Dependência de álcool e drogas; Eventos de vida negativos; Guerra; Depressão materna; Desemprego; Maus tratos na infância; Ruptura em relacionamentos; Gravidez na adolescência. Crianças em situação de pobreza são descritas por diversos pesquisadores como ameaçadas em seu bem-estar e com uma limitação de suas oportunidades de desenvolvimento17,18. O conceito de vulnerabilidade implica chances diferentes de adoecimento, resultantes de um conjunto de aspectos individuais, coletivos e contextuais, que empobrecem os recursos de proteção psíquica. Os elementos que 28 potencializam situações de risco ou impossibilitam que os indivíduos respondam de forma satisfatória ao estresse podem remeter à vulnerabilidade16. Ao conceito de risco e vulnerabilidade opõe-se aquele dos fatores protetores geradores de resiliência. Crianças que conseguem adaptar-se e superar situações de risco, demonstrando, entre outras habilidades, competência social são chamadas resilientes. Segundo Rutter19, fatores de proteção referem-se a influências que amenizam o efeito de eventos negativos. A resiliência pode ser definida como uma combinação de fatores que auxiliam os indivíduos a enfrentarem e superarem problemas e adversidades na vida20. A promoção de fatores de resiliência e a redução dos fatores de risco complementam-se e são ambos temas merecedores de um olhar diferenciado na prática individual e na formulação de políticas públicas para a infância e a adolescência. EXAME CLÍNICO E FORMULAÇÃO DIAGNÓSTICA Para um transtorno mental ser diagnosticado é necessário que haja um histórico de anormalidades sustentadas ou recorrentes e que tenha como consequência uma certa deteriorização ou perturbação do funcionamento pessoal em uma ou mais esferas da vida21. A anamnese é realizada com o indivíduo e com pessoas próximas, incluindo a família, e associa-se ao exame clínico sistemático e testes especializados necessários a cada caso. A tríade indivíduo-família-sociedade deve ser contemplada a cada diagnóstico. De maneira geral, mas especialmente na infância quando os problemas comportamentais se apresentam internalizados (por exemplo, pensamentos e/ou sentimentos negativos, como humor depri- Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Avaliação dos transtornos de comportamento na infância mido e ansiedade), os mesmos são de reconhecimento mais difícil, permanecendo muitos anos na esfera individual do sofrimento, com pouco impacto para os adultos até que o cumprimento de demandas sociais crescentes se imponha à criança. O diagnóstico nestes casos é, frequentemente, atrasado, uma vez que a família espera que o problema seja transitório21-26. Já os comportamentos externalizantes tais como a hiperatividade e a agressividade são trazidos mais frequentemente à atenção médica pelos motivos inversos (Tab.1). Um desafio em relação à avaliação diagnóstica é a conformidade com os critérios padronizados aceitos internacionalmente, o CID-1027 e o DSM IV28. Apesar de constituírem os parâmetros aceitos de diagnóstico, apresentam limitações na aplicabilidade de estudos epidemiológicos em todo mundo29. As perspectivas culturais não são consideradas em sua totalidade e muitos aspectos do desenvolvimento são negligenciados. A anamnese, portanto, deve buscar informações para além dos critérios formais e investigar as relações da criança em diferentes domínios, sua história médica e outros aspectos que porventura se apresentem na avaliação. Vale ainda menção à frequência de comorbidades encontrada neste grupo de pacientes. Muitas vezes, estes apresentam- se de maneiras diferentes em crianças e adolescentes, como é o caso dos transtornos depressivos, do transtorno obsessivocompulsivo e do transtorno do humor bipolar. PARTICULARIDADES DO EXAME CLÍNICO E DIAGNÓSTICO EM SAÚDE MENTAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA A forma de encaminhamento de crianças e adolescentes, frequentemente, se dá por professores, escolas e pela família, além de organizações sociais ou jurídicas. O encaminhamento pode ocorrer ainda de outras especialidades médicas30, constituindo grande diferença em relação à avaliação de adultos. O profissional pode, ainda, deparar-se com a incapacidade dos pais ou da escola para lidar com comportamentos inadequados ou disruptivos da criança. É, ainda, frequente que pai e mãe tenham pontos de vista diferentes um do outro sobre qual atitude tomar e, principalmente, que eles também tenham uma opinião diferente não só da opinião da criança, como também da opinião da escola, do serviço social e do médico5. Tabela 1.Principais fatores de risco associados aos comportamentos externalizantes e internalizantes. Comportamento Externalizante Comportamento Internalizante Negligência Depressão e ansiedade parental Abuso físico e psicológico Monitoria Negativa Exposição a modelos violentos Supervisão estressante Incoerência de Regras Alto grau de exigência Punição Inconsistente Modelos Negativos Privação afetiva Conflitos familiares Conflitos familiares FONTE: Ferreira & Marturano, 2002. Ano 10, Agosto de 2011 29 Avaliação dos transtornos de comportamento na infância ROTINA DE CONSULTA São realizados a anamnese (histórico dos antecedentes da doença do paciente que incluem: queixa e duração, história da doença atual, antecedentes pessoais e familiares e desenvolvimento psicomotor) e o exame do estado mental, aos quais, posteriormente, são acrescidos os resultados do exame físico e neurológico, exames complementares, exames de imagens, avaliação psicológica mediante testagens, aplicação de escalas ou instrumentos diagnósticos estruturados e outros que se fizerem necessários5. É importante que haja disponibilidade para aprofundar percepções subjetivas durante a entrevista, muitas vezes, revelando situações de violência doméstica e urbana. Abaixo estão enumerados aspectos complementares de avaliação em crianças e adolescentes: 1) Registros escolares para crianças podem ser uma rica fonte de informações sobre suas competências cognitivas e desenvolvimento emocional. A análise de todos esses dados pode enriquecer uma avaliação, da mesma forma que ignorá-los pode levar a diagnósticos equivocados30; 2) Como a maioria das crianças e adolescentes encaminhados ao serviço de psiquiatria já passaram pela avaliação de outros profissionais, é desejável que, na primeira entrevista, o médico tenha em mãos informações relevantes destes profissionais, principalmente no que diz respeito à escola e a outras especialidades médicas. Devem ser avaliados, também, exames clínicos e avaliações psicológicas e educacionais, caso existam5; 3) É importante que se apliquem diferentes métodos de coleta, alterando a abordagem a fim de ajustar-se às necessidades do desenvolvimento da criança; 30 4) A avaliação de crianças e adolescentes exige conhecimento da dinâmica e da psicopatologia familiar, não sendo possível conduzir uma avaliação adequada sem uma compreensão de características importantes do ambiente e dos relacionamentos familiares, bem como da resposta da criança a eles. Assim, avaliar uma criança é, indiretamente, avaliar também o informante, que, de maneira consciente ou inconsciente, pode influenciar na veracidade das informações, omitindo, exagerando ou as atenuando. Os pré-escolares, raramente, são capazes de manter qualquer tipo de entrevista formal, embora possam responder a algumas perguntas durante algumas atividades lúdicas ou jogos devendo ser providenciados brinquedos adequados para a criança, permite ao profissional a oportunidade de ver o que a criança decide fazer, com quem ela conversa, para quem ela se volta durante a entrevista5. Em contrapartida, as crianças em idade escolar já apresentam alguma compreensão sobre o papel do psiquiatra. Dependendo da forma com que o profissional realiza a entrevista, pode estimular a criança a falar por si mesma do problema. As crianças mais velhas e adolescentes podem, muitas vezes, ser perguntadas diretamente sobre o motivo que as levaram à avaliação, trazendo suas opiniões acerca de suas necessidades e conveniências29. O exame de adolescentes assemelha-se ao tipo de exame realizado em adultos. Já em crianças menores, o exame do estado mental é, muitas vezes, uma lista de observações organizada a partir do conteúdo da entrevista, levando em consideração a aparência física da criança, a forma de se relacionar com o cuidador, sua orientação, habilidades de linguagem oral, leitura e escrita, memória, conteúdo do pensamento, interesses, fantasias e conflitos, compor- Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Avaliação dos transtornos de comportamento na infância tamento geral, organização, autoestima, capacidade de adaptação e planos para o futuro. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS Transtorno mental pode ser conceituado como uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico que ocorre em um indivíduo e que se mostra associado com sofrimento ou incapacitação, ou com um risco significativamente aumentado de sofrimento atual, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade28. Pode-se considerar três principais grupos diagnósticos na psiquiatria infantil: a) desordens emocionais (também descritas como problemas internalizantes), a exemplo da depressão, ansiedade, desordens obsessivo-compulsivas e somatização, em que os sinais estão, especialmente, interiorizados nos indivíduos; b) desordens de comportamento disruptivo,(nomeadas também como problemas externalizantes), tais como conduta desafiadora excessiva e transtornos de conduta-agressividade a pessoas e animais e comportamento transgressor, em que as condutas estão mais dirigidas para o outro; c) transtornos do desenvolvimento, como, por exemplo, problemas de aprendizagem, desordens autistas, enurese e encoprese. O DSM-IV28 organiza cada diagnóstico psiquiátrico em cinco níveis (eixos multiaxiais) relacionando diferentes aspectos das desordens ou desabilidades: Eixo I: desordens clínicas incluindo, principalmente, desordens mentais, bem como desordens do desenvolvimento e aprendizado; Eixo II: distúrbios de personalidade ou in vasivos, bem como retardo mental; Eixo III: condições médicas agudas ou desordens físicas; Eixo IV: fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens; Eixo V: Avaliação Global das Funções (Global Assessment of Functioning) ou Escala de Avaliação Global para Crianças (Children’s Global Assessment Scale) para jovens abaixo de 18 anos (numa escala de 0 a 100). A CID-1027 identifica duas grandes categorias específicas em Psiquiatria da Infância e da Adolescência: Perturbações do Desenvolvimento Psicológico e Perturbações do Comportamento e Emocionais.Este último grupo de perturbações constitui cerca de 90% de todas as perturbações psiquiátricas na idade escolar3. Vários são os tipos de problemas psiquiátricos que podem cursar ao longo do desenvolvimento da criança e do adolescente. Por ser um tema muito vasto, alguns dos principais transtornos estão listados no Quadro 1. CONCLUSÕES Problemas relacionados à saúde mental são muito prevalentes e causam impacto em todas as áreas da medicina de crianças e adolescentes, constituindo um tema transversal, obrigatório da avaliação de todos os pacientes. Constitui assunto complexo na avaliação com demanda de tempo e disponibilidade pessoal do examinador para que um quadro completo da situação de saúde mental da criança e da família seja construído. Compreender o assunto e constituir-se sentinela dos direitos da criança em assuntos de saúde mental fortalece os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente e humaniza a atenção de saúde. Ano 10, Agosto de 2011 31 Avaliação dos transtornos de comportamento na infância REFERÊNCIAS 1.Cole PM, Hall SE. Emotion dysregulation as a risk factor for psychopathology. In: Beauchaine TP, Hinshaw SP, Editors. Child and Adolescent Psy- chopathology. Hoboken, NJ: Wiley & Sons; 2008. p. 265–98. 2.Tolan PH, Dodge KA. Children’s Mental Health as a Primary Care and Concern: A System for Comprehensive Support and Service. Am Psychol. 2005 Sep; 60(6):601-14. Quadro 1. Principais transtornos psiquiátricos que podem ocorrer na infância e adolescência. TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO DISRUPTIVO TRANSTORNOS DO HUMOR TRANSTORNOS DE ANSIEDADE TRANSTORNO DE TIQUES TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO TRANSTORNOS DE EXCREÇÃO TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS OUTROS Retardo mental; Transtornos invasivos do desenvolvimento: Autismo, Transtorno de Asperger, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra especificação; Transtornos da aprendizagem: transtornos da leitura, transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem sem outra especificação Transtornos de comportamento e transtorno de conduta (TC), transtorno opositivo desafiador (TOD) e transtornos de comportamento sem outra especificação; Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) Transtornos depressivos – depressão unipolar (Transtorno Depresssivo Maior – TDM, Transtorno Distímico e Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação), Transtornos bipolares e os Transtornos baseados na etiologia Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS), Transtorno do Pânico (TP), Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social (FS), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Fobia Específica (FE), Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Transtorno de tiques transitório, transtorno de tiques motor ou vocal crônico e transtorno de tiques motor e vocal crônico, mais conhecido como Transtorno de Tourret Anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da alimentação da primeira infância (pica, transtorno de ruminação) Encoprese (repetidas evacuações em locais impróprios) e enurese (repetida liberação de urina em locais impróprios) Álcool, drogas e outras substâncias FONTE: APA, 2002; OMS, 1993. 32 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Esquizofrenia Avaliação dos transtornos de comportamento na infância 3.World Health Organization. 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However the diagnosis of such problems during childhood and adolescence has been a challenge to health professional of all fields, partially due to the heterogeneity of clinical presentation and diagnostic expertise required. 34 Mental health in childhood topic of study which is transversal to several medical and educational fields. The aim of this text is to describe, in a brief manner, the basic principles of clinical evaluation of this population, considering multidisciplinarity as a requirement for proper practice. KEYWORDS: Mental health; Chidhood; Adolescence; Criters. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ TITULAÇÃO DOS AUTORES Alexandra Maria V. Monteiro Mestre e Doutora em Medicina UFRJ; Professora Adjunta de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas/UERJ; Coordenadora da Comissão de Telerradiologia do Colégio Brasileiro de Radiologia. Cláudio Márcio A. de O. Lima Aluno do Programa de Pós-Graduação em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ; Médico Radiologista da Rede Labs Dor e do Hospital Municipal Miguel Couto. Dayse S. Carvalho Mestre em Serviço Social; Especialista em Políticas Sociais. Denise C. Oliveira Doutora em Saúde Pública pela USP e Pós-Doutora em Psicologia Social pela École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris, França. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UERJ; Professora Titular da Área de Pesquisa na Faculdade de Enfermagem da UERJ. Evelyn Eisenstein Professora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ; Médica Pediatra e Clínica de adolescentes do NESA (Núcleo de Estudos da Saúde dos Adolescentes); Coordenadora de Telemedicina da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ. Diretora do CEIIAS (Centro dos Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde); Organizadora do website para ADOLESCENTES e SAÚDE, www.adolescentesesaude.com.br . Evelyn Vinocur Médica Psiquiatra pela UERJ; Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Neurologia e Neurociências da UFF. Ida V.D. Schwartz Doutora; Médica do Departamento de Genética, UFRGS; Serviço de Genética Médica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS. Luciene G. B. Ferreira Pediatra, membro do corpo clínico da Enfermaria de Pediatria do HUPE/UERJ. Márcia P.F. Gomes Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem / UERJ; Chefe de Enfermagem do Ambulatório de Pediatria do HUPE/UERJ. Michele F. Paula Especialista em Comunicação e Saúde. Raquel Boy Mestre; Médica do Departamento de Pediatria do HUPE/ UERJ. Susana Bruno Estefenon Presidente do Instituto Integral do Jovem (INJO). Ano 10, Agosto de 2011 9