PRÁTICAS DE ENSINO DE LITERATURA PARA ALUNOS SURDOS NO ENSINO MÉDIO Gilma da Silva Pereira Rocha1 - UFOPA Andrea Consoelo Cunha da Silva2 - UFOPA Grupo de Trabalho: Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente trabalho é um relato de experiência de uma prática de ensino-aprendizagem como professora de Português e Literatura numa escola de ensino médio, da rede pública do estado do Pará. Escolheu-se uma turma de 3º ano, pois na mesma havia três alunos surdos. O objetivo dessa prática é proporcionar uma melhor aquisição da leitura literária dos educandos surdos, já que iriam fazer vestibular e não possuíam um contato maior com as leituras literárias cobradas no vestibular da Universidade Federal do Pará. Como metodologia utilizou-se uma abordagem qualitativa e foi realizada uma intervenção fílmica, o filme Vidas Secas, adaptação do livro de Graciliano Ramos, com o objetivo de estabelecer uma relação de semelhança de conteúdo com a obra utilizada para a adaptação da narrativa fílmica. O livro foi lido pela turma e com os alunos surdos foi realizada uma leitura em Libras. No segundo momento, com a finalidade de ampliar o nível de compreensão da temática, foi utilizada a mesma metodologia com o livro Pequena Vendedora de Fósforo, de Hans Christian e em seguida assistiram o curta metragem de adaptação do referido livro, a fim de realizar uma comparação da aquisição semântica dos educandos surdos com os dois filmes, visando a ampliação do conhecimento de mundo dos educando, assim como averiguar o nível de compreensão desses alunos com as leituras dessas obras. A partir dessa experiência, constatou-se que a leitura literária passou a ter um maior significado para a vida dos alunos surdos, pois identificou-se a ampliação do conhecimento de mundo dos educando. Portanto, constatou-se que há a necessidade de adaptação curricular para que o aluno surdo tenha uma compreensão geral das leituras literárias e que os professores necessitam de uma formação específica na área da surdez. Palavras-chave: Leitura Literária. Surdez. Ensino-aprendizagem 1 Mestranda em Educação- Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Especialista em Educação Especial, Licenciada Plena em Letras, professora de Língua Portuguesa- Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará, coordenadora da Divisão de Educação Especial- SEMED- Santarém-Pará. 2 Mestranda em Educação – Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA),Especialista em Metodologia da Língua Portuguesa, bolsista do PPGE. ISSN 2176-1396 17888 Introdução Este trabalho é resultado de uma experiência de ensino- aprendizagem de literatura com alunos surdos, já que a leitura é uma das formas de ampliação de conhecimento. E quando se fala de inclusão as práticas em sala de aula ainda prioriza uma ensino oralizante, sem considerar a língua materna do surdo –Libras. O processo de ensino – aprendizagem tornou-se uma das questões que mais tem interessado aos educadores, gestores e famílias, de modo geral. Neste contexto, entende-se como política inclusiva as ações a serem implementadas para garantir a todo o acesso, o ingresso e a permanência nas escolas, conforme ratifica a Declaração Mundial de Educação para todos(Tailândia, 1990) e reforçada na Conferência ocorrida em Salamanca (Espanha, 1994). Segundo Teresa Cristina Rego (2011), Vygotskyafirma que o aprendizado de modo geral e o escolar em particular, não só possibilitam como orientam e estimulam processos de desenvolvimento. Daí quando se fala de Libras, conclui-se que o processo dessa língua em crianças surdas ocorre em período semelhante às aquisições da linguagem, absorvendo assim uma língua oral- auditiva. O fato de o processo de aquisição da linguagem ser concretizada por meio de línguas visuais-espaciais exige uma mudança nas formas como essa questão vem sendo tratada na educação de surdos. As crianças com acesso à língua de sinais desde muito cedo, desfrutam da possibilidade de adentrar o mundo da linguagem com todas as suas modificações. A respeito disso a autora citada teoriza: De acordo com Vygotsky, o desenvolvimento e a aprendizagem estão interrelacionados desde o nascimento da criança.[...] desde muito pequenas, através da interação com o meio físico e social, as crianças realizam uma série de aprendizados. No seu cotidiano, observando, experimentando, imitando e recebendo instruções das pessoas mais experientes de sua cultura, aprende a fazer perguntas e também obter respostas para uma série de questões. Como membro de um grupo sociocultural determinado, ela vivencia um conjunto de experiências e opera sobre todo o material cultural (conceitos, valores, ideias, objetos concretos, concepção de mundo etc) a que tem acesso. (REGO, 2011, p.76) Como se enfatizou, propiciar à pessoa surda a exposição a uma língua o mais cedo possível, é fundamental para o seu desenvolvimento. Mas é importante ressaltar, que dominar uma língua não se restringe a decodificar palavras ou mesmo frases de comunicação. Fernandes (2010) salientam que quando a criança surda está em fase de aquisição de língua portuguesa (sem terem domínio de língua de sinais) não podem ser considerados como 17889 falantes em potencial, pois “entendem o que falamos pela leitura orofacial e já se comunicam razoavelmente”, porém não é sinônimo de sucesso garantido. É necessário, portanto, que a criança surda produza novos signos, novos sentidos não apenas no processo de comunicação como no processo cognitivo. Sabe-se que a escola é um espaço linguístico fundamental, pois é o primeiro ambiente em que a criança surda entra em contato com a Libras, e que por meio dela a criança passa adquirir a linguagem (QUADROS e SCHMIEDT, 2006). Atualmente a aquisição da língua portuguesa escrita por crianças surdas é ainda baseada no ensino do português para crianças ouvintes que adquirem essa língua na modalidade falada. A criança surda é colocada em contato com a escrita do português para ser alfabetizado seguindo os mesmos passos e materiais utilizados nas escolas com as crianças falantes do português. No artigo Vygotsky e as teorias da aprendizagem, Rita Neves e Magda Damiani(2006) discutem várias características filosóficas do ensino-aprendizagem. As discussões Vygotskyana são as mais aceitas quando se refere a alunos com deficiência auditiva, já que ressalta que o homem é produto do meio, somos primeiramente sociais e depois individuais, Rego (2011, p.98) ratifica: Em síntese, nessa abordagem, o sujeito produtor do conhecimento não é um mero receptáculo que absorve e contempla o real nem o portador de verdades oriundas de um plano ideal; pelo contrário, é um sujeito ativo que em sua relação com o mundo, com seu objeto de estudo, reconstrói (no seu pensamento) este mundo. O conhecimento envolve sempre um fazer, um atuar do homem. O ensino da língua de sinais é um processo de reflexão sobre a própria língua que sustenta a passagem do processo de leitura e escrita elementar para um processo mais consciente. Esse processo dará sustentação para o ensino da língua portuguesa que pode estar acontecendo paralelamente. Quando a criança lida de forma mais consciente com a escrita, ela passa a ter poder sobre ela, desenvolvendo, portanto, competência crítica sobre o processo. A criança passa a construir e reconhecer o seu próprio processo bem como, refletir sobre o processo do outro. A respeito da Libras como primeira língua Fernandes (2010, p. 19-20) afirma: 17890 Vygotsky(1989) pontua que o significado das palavras é um fenômeno do pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha corpo por meio da fala e só é um fenômeno da fala na medida em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por ele. Este intrincado e complexo sistema que envolve linguagem e pensamento revela o quanto ineficaz se torna o constante passo a passo na direção de “fazer uma criança surda falar” ao invés de propiciar a ela um meio rápido de comunicação lingüística através da aquisição da língua de sinais como primeira língua, que proteja e cumpra o papel fundamental de resguardar o seu natural desenvolvimento no que se refere o domínio [...]. Diante desses desafios da inclusão no ambiente escolar é que se verifica que o professor de língua portuguesa deve buscar metodologias coerentes para ampliar a aprendizagem do aluno surdo, especialmente quando se trabalha com textos literários, pois esses possuem uma maior complexidade para o educando com surdez, já que essas leituras são caracterizadas pela subjetividade, imaginário e polissemia. ADAM (2011) salienta que a obra literária recorta o real, sintetiza-o e interpreta–o por intermédio do ponto de vista do narrador ou do poeta e manifesta no fictício e na fantasia um saber sobre o mundo, oferecendo ao leitor modos de interpretá-lo. Esses modos de interpretá-los que é o grande obstáculo para o deficiente auditivo, já que o seu campo de significação é restrito e necessita que esses significados sejam ampliados, ou seja, intermediados por uma metodologia viso-espacial. Assim observa-se que o ensino da língua portuguesa não se restringe à escrita, mas também refletir sobre o ensino de literatura, o letramento literário. O ensino aprendizagem de texto literário requer que o professor ensine entre outras coisas a estabelecer relações entre texto e contexto, entre palavra e mundo, relações nem sempre evidentes no texto, mas importantes para sua compreensão. Deve-se lembrar que os estudos da literatura ganham nova dimensão ao considerarem a importância do leitor na equação autor-obra-público (HIGUCHI, 2008), entretanto essa teoria está esmaecida pelos docentes, pois não adaptam sua disciplina ao educando. Assim, é mister que o professor interaja acerca da leitura, construa uma significado do texto com o discente surdo, ou seja, utilizar o método do bilinguismo. As pessoas leem quando os textos apresentam algum significado para elas, daí o ensino de literatura deveria ter como principal foco, principalmente em se tratando de alunos surdos, a formação de leitores. Infelizmente, grande parte dos alunos chega ao fim do Ensino Médio sem conseguir ler, e os docentes perguntam-se o porquê disso, sem atentarem para o fato de que pouco ofereceram, no ambiente escolar, em termos de experiência de leitura. Esse aspecto é refletido por Cosso (2006, p.32) 17891 Seja em nome da ordem, da liberdade ou do prazer, o certo é que a literatura não está sendo ensinada para garantir a função essencial de construir e reconstruir a palavra que nos humaniza. Em primeiro lugar porque falta um objeto próprio de ensino. Os que se prendem aos programas curriculares escritos a partir da história da literatura precisam vencer uma noção conteudística do ensino para compreender que, mais que um conhecimento literário, o que se pode trazer ao aluno é uma experiência de leitura a ser compartilhada. No entanto, para aqueles que acreditam que basta a leitura de qualquer texto convém perceber que essa experiência poderá e deverá ser ampliada com informações específicas do campo literário e até fora dele. De acordo com experiências vivenciadas no ensino médio, percebe-se que os alunos surdos concluem o ensino sem conhecer o mundo da prosa literária, já que o recurso disponível mais usada na sala de aula pelos professores são os livros. Uma dos grandes obstáculos no ensino de texto literário para os educandos surdos é em relação ao significado das palavras, pois a literatura é plurissignificativa. Cabe à escola promover o acesso (HIGUCHI, 2008) à cultura de leituras literárias, por ser ela agência de letramento mais importante. E ao professor cabe, mais do que alfabetizar, enfrentar o desafio de inserir o aluno no mundo da leitura, ferramenta indispensável para a compreensão do mundo em que vivemos e para sua participação efetiva neste mundo. Portanto, devemos estar atentos para que, muitas vezes, em nome da igualdade de oportunidades em desigualdades de condições, não estejamos fomentando a assimilação e a destruição das diferenças. Nesse sentido, defendemos a ideia de que a interlíngua produzida pelos surdos, não seja ignorada pelos professores, em seu processo de aprendizagem da Língua Portuguesa.Peregrino (2010, p.8) do Instituto Nacional de Educação dos Surdos– INESno artigo O verbal e o não verbal no ensino de Literatura para surdos relata a seguinte experiência: “A professora de Literatura do INES Maria Lucia Cunha, que, em suas aulas, valoriza o cinema como mediador entre o texto literário e o educando, critica a escola por subutilizar o não verbal”. Esta experiência reforça que não podemos cruzar os braços diante dos desafios educacionais, porém é necessário bom senso e estratégias de ensino que possam inserir o aluno surdo no mundo literário. Relato da prática de leitura literária intermediada por filme O cinema está presente em nossas vidas há mais de cem anos na sociedade; assistir filmes ainda é visto apenas como entretenimento. O que significa que o cinema não foi pensado, desde as suas origens, como elemento educativo. Daí a afirmação de que o cinema pode ser considerado uma nova linguagem no meio escolar (NAPOLITANO, 2009) 17892 Frente aos desafios e impasses do nosso meio escolar inclusivo é necessário lançar um olhar para o futuro de forma compromissada com uma educação dinâmica, porém é necessário que o educador tenha essa visão. Portanto inserir os artefatos visuais em sala de aula seria uma metodologia de aliar o prazer, a imaginação, a realidade e a subjetividade da escrita literária ao olhar dos alunos surdos, criando assim uma significação. A partir das reflexões sobre minha prática profissional como professora de Língua Portuguesa e Literatura e repensando o processo inclusivo, realizei com uma turma de 3º ano uma experiência de leitura que proporcionasse aos três alunos surdos inclusos nessa turma um prazer e significado ao ler as leituras literárias cobradas no vestibular da Universidade Federal do Pará, já que os mesmos iriam prestar vestibular nessa instituição. Era comum eu ouvir desses alunos reclamações de que não entendiam os livros que liam, pois alguns vocábulos não possuem significado nenhum para eles. Então desenvolvi uma atividade de intervenção de leitura literária com esses alunos para analisar a contribuição destes filmes na compreensão dos textos lidos, utilizando-se do método bilíngüe. O filme Vidas secas foi selecionado pelo fato de ser uma adaptação do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos,leitura essa solicitada pelo vestibular e fazer parte do conteúdo programático da 3ª série do ensino médio. Já o conto Pequena vendedora de fósforo, de Hans Christian Andersen, foi utilizado para analisar a capacidade de o aluno fazer a relação dos aspectos semânticos do conto com a realidade em que está inserido. Já que o filme Vidas Secas é uma adaptação de uma realidade histórica Como metodologia dessa intervenção se estabeleceu objetivos, pois como ressalta Fantin (2007) na prática do uso de mídia-educação, o professor deve ter seus objetivos bem definidos para o uso didático de recursos fílmicos, para exercer seu papel de mediador no processo ensino-aprendizagem. É necessário pensar um trabalho com cinema na escola que envolva momento de saber, fazer e refletir, a partir de uma concepção integrada. No primeiro momento foi lido com os alunos o livro e o conto, sendo que essa leitura foi feita através da língua de sinais, pois as duas leituras possuem vocabulários polissêmicos, já que são textos literários. Após essa discussão e explicação com os alunos, os mesmos responderam, assim como os alunos ouvintes, questões objetivas e subjetivas acerca da obra de Graciliano Ramos. Já o conto foi realizado um debate entre os alunos. O segundo momento foi assistir aos filmescom eles, fazendo intervenções quando necessário, pois os filmes não tinham traduções em libras. Além de que o filme Vidas Secas tem pouca fala, é descritivo e muito longo. Em 17893 seguida em sala de aula foi aplicada novamente as questões objetivas e subjetivas acerca da compreensão da leitura de Vidas Secas para os alunos surdos; e sobre o filme Pequena vendedora de Fósforo foi realizada uma comparação entre o conto e o filme e debatida os aspectos sociais dos dois filmes. A linguagem fílmica é um recurso muito utilizado em sala de aula, mas é importante pensar que: O significado do filme é o todo’, diz o linguista Milton de Almeida, ‘amalgama desse conjunto de pequenas partes, em que cada uma não é suficiente para explicálo, porém todas são necessárias e cada uma só tem significação plena em relação a todas as outras. (DUARTE, 2002, p.37) Assim, observa-se que o filme completa o significado da leitura acerca do mesmo, especialmente para os alunos surdos que precisam do visual para melhor compreender o conteúdo. Analisando os resultados detectei que os educando surdos progrediram, pois a interação na discussão sobre o filme em sala de aula foi surpreendente, já que comentavam sobre os personagens, temática do filme. No momento que estavam assistindo se reportavam a professora (no caso eu) afirmando que era igual ao que havia sido lido com eles. Assim como perguntavam aquilo que não entendiam nas cenas. A participação dos mesmos foi relevante porque também respondia às inquietações dos alunos ouvintes. Segundo Duarte (2002, p.43), o diretor do filme Vidas Secas, Nelson Pereira Santos,cria um efeito antropomórficoquando afirma que “o efeito é intencionalmenteantropomórfico: sentindo-nos, de algum modo, identificados com o animal, somos levados a ‘vivenciar’a diluição, naquele contexto, de fronteira que separa humanos e não-humanos.” Outra leitura a ser trabalhada foi a Pequena Vendedora de fósforo, que conta a história de uma pequena garotinha russa no período pré-revolucionário que tenta sem sucesso vender seus fósforos para sair do frio. A leitura foi mais fácil para os surdos porque é menor e poderíamos repetir quando não entendiam. Também gostaram do filme, porém ele requer uma maior atenção, devido a sua linguagem subjetiva e as inserções de flash back das cenas.Na discussão em sala de aula participaram, entenderam o contexto social, mas este ficou evidente quando assistiram ao filme. O debate foi mediado pela professora (no caso eu), que domina a língua de sinais e fazia as intervenções quando necessário. Ao fazerem comparação entre os dois filmes, os alunos surdos perceberam a temática social em comum entre os dois, que é a pobreza. No 17894 debate foi apontada soluções, mas apenas dois educandos surdos apontaram soluções coerentes. Acerca do olhar do espectador Duarte (2002) diz que ele não é neutro, nem tampouco vazio de significados, ele é permanentemente informativo e imerso da cultura do espectador. Daí os filmes serem usados em sala de aula com objetivos claros, caso contrário, não trarão conhecimento e informação para o educando. Segundo Fantin (2006, p.14) o seu artigo Da mídia –educação aos olhares das crianças: pistas para pensar o cinema em contextos formativos afirma que: Educar para o cinema e educar com o cinema são dois pressupostos da educação cinematográfica defendidos por Rivoltella. E para ele isso implica entender o cinema na escola como instrumento através do qual se faz educação e como objeto temático de intervenção educativa através da leitura, interpretação, da análise e da produção. Assim sendo, o desafio de possibilitar uma aprendizagem igualitária é necessário um projeto pedagógico coletivo, pois a escola tem compromisso com a formação do cidadão participativo, crítico e criativo e isto deve ser para todo e qualquer sujeito. Portanto, a leitura é uma das formas de inserção do ser humano no seu mundo social e o surdo não pode deixar de experenciar essa prática. Considerações Finais Considerando que a educação é um processo ativo, primordial para o ser humano construir seu contexto de interação, observa-se a relevância das mudanças de práticas para o exercício da inclusão. No que tange o aluno com surdez essa questão é ainda mais ampla, em virtude dos esforços que garantem o acesso dos surdos à educação, há ainda práticas excludentes na sala de aula, em que nem mesmo a forma de comunicação dos alunos com a surdez é respeitada. A leitura literária é um desses questionamentos. Portanto, o professor de língua portuguesa e literatura precisa rever sua visão sobre o discente com surdez e sua cultura, sua participação e aprendizagem em sala de aula, observando as informações para posteriormente posicionar-se enquanto educador e construtor da cidadania, mas, para que de fato essas mudanças aconteçam é imprescindíveis que os professores se identifiquem como profissionais de aprendizagem e que possam conseguir modificar as suas práticas em momentos prazerosos, em que tanto eles como os alunos sejam parceiros de uma aventura que é o aprender. 17895 REFERÊNCIAS ADAM, Jean Michel; HEIDMANN, Ute. O texto literário: por uma abordagem interdisciplinar. Tradutor: João Gomes da Silva Neto. São Paulo: Cortez, 2011. COSSO, R. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. DUARTE, Rosália. Cinema & Educação. 2ªed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. FANTIN, Mônica. 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