IV Programa De Educação Continuada Em Fisiopatologia E

Propaganda
IV Programa De Educação Continuada
Em Fisiopatologia E Terapêutica Da Dor
EXAME NEUROLÓGICO NO PACIENTE
COM DOR
Dr. Sidney Sredni
[email protected]
Como devo iniciar a avaliação neurológica
do paciente com dor?
ANAMNESE DETALHADA
O EXAME NEUROLÓGICO PODE SER DIVIDO EM SEIS PARTES
PRINCIPAIS:
A neurologia que todo médico deve saber – Ricardo Nitrini, Luiz Ricardo
Bacheschi
Os instrumentos básicos são: alfinete de segurança, bastonetes de algodão,
tubos com água frio e quente, diapasão, martelo de reflexos e
oftalmoscópio- otoscópio
O exame da sensibilidade
É certamente a mais desafiadora – fornece informações
centrais para o delineamento da topografia da lesão e
sobre as hipóteses diagnósticas, depende da colaboração
ativa do paciente e requer que ele compreenda o que esta
sendo avaliado
O exame torna-se muito mais fidedigno
quando é apresentado ao paciente de maneira
calma e clara sobre o teste a ser realizado e o
que o mesmo deve fazer.
O exame da sensibilidade NÃO AVALIA A
PRESENÇA DE DOR – o exame acessa a
nocicepção - o máximo que se consegue é
avaliar o funcionamento do sistema
somatossensitivo cuja lesão ou disfunção pode
estar, ou não, relacionada a presença de dor.
A avaliação cuidadosa da sensibilidade deve
ser SEMPRE realizada com a preocupação de
comparar os achados na área dolorosa com
áreas normais não dolorosas.
Quantificar suas percepções em escalas
numérico verbais – quanto dói a picada de
uma agulha, por exemplo.
O mesmo pode ser feito com fenômenos não
dolorosos - intensidade de parestesia por
um toque ou quão gelado sente um metal.
Sensibilidade dolorosa mecânica: utiliza-se classicamente
uma agulha, não necessariamente estéril. Aplica-se o
estímulo geralmente de proximal para distal, com
paciente de olhos fechados – o estímulo A é semelhante ao
do B?
O que ocorre no déficit de sensibilidade dolorosa é que a
sensação se torna mais grosseira – agudo na área normal,
rombudo na área afetada
Outra dica: passar da área de menor sensibilidade para a de
maior
Hipoestesia – vá da área acometida para a não
Hiperestesia – da área normal para a afetado
Sensibilidade térmica:
utiliza-se tubo com água fria (5 a
10), água quente (40 -45) – quase
piada!!!
Uso do diapasão – aquece
rapidamente quando manuseado
Produtos de evaporação rápida –
álcool e éter – estímulos de
quimiorreceptores
1.Sensibilidade superficial - algodão, gaze, pincel
ALODINIA – Dor evocada por estímulos térmico ou
mecânicos, que normalmente não deflagram dor
Mecânica estática – é causada por um estímulo puntiforme –
veiculada pelas fibras Aδ
Mecânica dinâmica – ocorre por estímulo tátil dinâmico –
passar algodão, p.ex. – mediadas por fibras Aβ
Térmica – quando colocamos estímulo térmico que não
deveria causar dor (25- 35)
ANALGESIA – Abolição da sensação dolorosa, durante
aplicação de estímulos dolorosos – naturais – capsaicina,
térmicos 5 e 45, mecânicos – picada de agulha
Anestesia: caracteriza-se pela abolição de todas as
qualidades sensoriais
Anestesia dolorosa: consiste na ocorrência de
dor em áreas ou regiões anestesiadas
Hiperalgesia: é a reação exagerada frente a um
estímulo doloroso
Mecânica – pode ser feita no leito
Térmica – em laboratório de sensibilidade
Primária – na área de lesão – pode ser térmica ou
mecânica
Secundária – no território adjacente a área lesada –
sempre mecânica
Hiperestesia: aumento da sensação durante a
aplicação de estímulos térmicos, mecânicos ou
químicos – indica redução do limiar quanto aumento
na reação aos estímulos, não necessariamente
dolorosa.
Hiperpatia: caracteriza-se como geração de reações
anormais, geralmente explosivas, frente a estímulos
dolorosos, especialmente repetitivos – Wind up
Hipalgesia: evocação da sensibilidade dolorosa com
menor intensidade que a esperada frente a
estimulação dolorosa
Hipoestesia: redução da sensibilidade sensitiva
Parestesia: é a ocorrência de fenômeno positivo, que pode
ser evocado ou espontâneo, não doloroso – formigamento,
coceira mas não é considerada dolorosa pelo paciente
Disestesia: é a ocorrência de fenômeno positivo, que
pode ser evocado ou espontâneo, descrito como
incomodo ou doloroso
Sinal de Tinel: sensação de choque referido nas
regiões desaferentadas gerada por percussão dos
segmentos lesados dos nervos periféricos
2.Sensibilidade profunda
Rotineiramente são pesquisados as sensibilidades
vibratória, cinético-posturais e localização e
discriminação tácteis
Palestesia: identificar a vibração do instrumento
sobre proeminência óssea.
Qualitativa – se o paciente sente o estímulo
Quantitativa – quanto tempo dura o estímulo
Utiliza-se o diapasão 128 ou 256 hz
Apalestesia – quando não há percepção da vibração
Hipopalestesia – quando há redução da percepção da
vibração
Artrestesia: é a capacidade de reconhecer a posição de
partes do corpo no espaço, sem a necessidade de
aderência visual
Equilíbrio e coordenação –:
equilíbrio estático – sinal de Romberg
equilíbrio dinâmico – marcha típica, atáxica, talonante
ataxia apendicular – índex –nariz e calcanhar-joelho
Perda da percepção de posição das partes do corpo –
ao ser imposta determinada postura com a mão direita,
p.ex., o paciente pode ser incapaz de copiá-la com o
membro contralateral sem aferência visual
MODALIDADES CORTICAIS
As modalidades corticais são percepções sensitivas de complexidade
variável, dependente de função do lobo parietal contralateral – só é
valorizável se as vias sensitivas primárias estiverem íntegras
Distinção de dois pontos – utiliza-se compasso de Weber (pouco
disponível) – geralmente usa-se um grampo
Esterognosia – capacidade de identificar a forma e natureza de um
objeto
Grafestesia – capacidade de reconhecer símbolos gráficos – letras,
números escritos na pele
Extinção tátil – ao se estimular um lado ou outro do corpo, a
percepção esta normal. Ao se estimular ambos os lados ao mesmo
tempo, o paciente só percebe o estímulo de 1 lado
INTERPRETANDO O EXAME SENSITIVO
A distribuição do déficit sensitivo apresenta correlação
direta com o local da lesão, assim como o acometimento
de determinada modalidade e conservação de outra
(dissociação)
Devemos resumir o exame sensitivo em termos de
localização e modalidade acometidas – diagnóstico
topográfico e nosológico
LESÕES PERIFÉRICAS:
1. LESÃO RAMUSCULAR: ilhas de perda de sensibilidade com
acometimento preferencial de fibras finas (dor e
temperatura) com relativa preservação do tato e
sensibilidade profunda. Há com frequência disfunção
autonômica - Hanseníase
2. LESÃO DO NERVO PERIFÉRICO:
A – mononeuropatia:
alteração na região
coberta por um
determinado nervo –
geralmente pansensorial
– acompanhado por
vezes de alterações
motoras dos músculos
inervados por um
determinado nervo –
traumas e compressões
B - mononeuropatia múltipla
• acometimento de dois ou mais nervos não contíguos
• vasculites, hanseníase, diabetes
C- polineuropatias – a lesão e comprimento-dependente e
acontece na região distal dos nervos, de modo concomitante e
simétrico – bota e luva – distal para proximal – tóxico metabólicas e
genéticas
C1 - Acometimento simétrico –
sensibilidade tátil superficial (dor e
temperatura) e da sensibilidade
profunda (Artrestésica e
Palestésica)
C2 - Dissociações :
Acometimento preferencial da
sensibilidade superficial neuropatias de fibras finas
(diabetes e amiloidose)
Acometimento preferencial da
sensibilidade profunda –
Neuropatias de fibras grossas –
polirradiculopatia
desmielinizantes, carência de Vit.
B12
D- radiculopatias – a raiz posterior (sensitiva) traz
informações provenientes de uma faixa de pele –
dermátomo radicular (divisão metamérica no período
embrionário. Geralmente o paciente tem dor
Sinais radiculares – Lasegue, kernig
LESÕES CENTRAIS:
1. SECÇÃO MEDULAR OU MIELOPATIA TRANSVERSA - disfunção
em tosas as estruturas da medula em determinado nível – nível
medular – topografa a altura da lesão medular.
mielopatia inflamatórias, infecciosas ou compressivas –
em casos agudos – choque medular – paralisia flácida, reflexos
profundos abolidos e hipotonia medular – posteriormente –
hipertonia, reflexos exaltados, babinski e clonus
2.HEMISSECÇÃO MEDULAR – secção transversa da
medula – síndrome de Brown Séquard – disfunção
piramidal ipsilateral, disfunção sensibilidade profunda
ipsilateral e disfunção da sensibilidade superficial (dor e
temperatura contralateral – abaixo da lesão.
3. SÍNDROME FUNICULAR
LATERAL – lesão do espinotalâmico com perda da
sensibilidade superficial abaixo e contralateral a lesão e
eventualmente, perda motora piramidal ipsalateral e abaixo da
lesão. – Brown Séquard incompleto (preserva a sensibilidade
profunda)
POSTERIOR - alteração da sensibilidade
profunda(diferencial com neuropatia de fibras grossas) Tabes
4. SERINGOMIELIA
* dilatação do canal
central da medula
* lesão da comissura
branca
* anestesia em chale
5 LESÃO ISQUÊMICA - lesão da artéria espinhal
anterior – lesão nos 2/3 anteriores da medula –
acometimento piramidal e da sensibilidade tátil e
térmica bilateral.
6 LESÕES NO TRONCO
CEREBRAL – podem causar
diversas síndromes
sensitivas a depender da
localização crânio caudal
(par craniano acometido )
e localização medial
(sensibilidade profunda e
trato piramidal) ou lateral
(sensibilidade
superficial).
7. LESÃO TALÂMICA –
acometimento dos núcleos
VPL (sensibilidade do corpo)
e VPM (sensibilidade da
face) – profunda disfunção
sensitiva no hemicorpo
contralateral- é comum
sensações distorcidas e
espontâneas – alodínia,
sensações desagradáveis e
por vezes agradáveis –
anestesia dolorosa ou
síndrome de DejerineRoussy.
8 LESÕES CORTICAIS –
depende da área sensitiva
acometida
área primária – lesão de
todas as modalidades. Dor
e temperatura podem ter
alguma percepção por
representação subcotical
artrestesia é mais
acometida que a
palestesia
1.SINAIS MENÍNGEOS
2.SINAIS RDICULARES OU MENINGORRADICULARES
EXAME DAS FUNÇÕES
NEUROVEGETATIVAS
Alterações das funções neurovegetativas e distúrbios
tróficos são comuns em lesões do sistema nervoso central
ou periférico. A identificação dessas anormalidade pode
ser importante par os diagnósticos sindrômico e
topográfico.
Durante a anamnese deve-se interrogar especificamente
sobre a presença de distúrbios vasomotores das
extremidades, hipotensão postura, modificações da
salivação e transpiração, alterações do controle
esfincteriano e da potencia sexual
O EXAME DA MOTRICIDADE
EXAME DA FORÇA MUSCULAR - solicita-se ao paciente
ao paciente que mostre a dificuldade que apresenta
tentando realizar movimentos com os segmentos
afetados. Em seguida devem ser realizados contra a
resistência oposta pelo examinador.
Dois princípios devem ser conhecidos: é sempre mais
fácil detectar fraqueza em grupos musculares menos
possantes; as diferenças entre os hemicorpos em um
indivíduo normal são muito mais de habilidade motora do
que de força muscular
Devemos descrever o déficit de força baseado em
escalas
Grau I
Esboça contração sem
movimentar o segmento
Grau II
Contração capaz de movimentar o
segmento com eliminação da
gravidade
Grau III
Movimento contra a gravidade
mas não vence a resistência
Grau IV
Movimento contra a resistência
Grau V
normal
Mmii – Mingazzini
Mmss – nas paresias leves, a redução da velocidade dos
movimentos pode ser mais evidente que o déficit de
força muscular, mas lentidão dos movimentos pode
reconhecer outras etiologias além das paresias
Manobra de braços estendidos
Outros grupos musculares – existem provas para todos
os grupos musculares
TÔNUS – inspeção, palpação e movimentação passiva.
qualquer que seja a técnica empregada, a
comparação entre os hemicorpos é fundamental
EXAME DOS REFLEXOS Reflexos Profundos
REFLEXOS
NERVO
INTEGRAÇÃO
Aquiliano
Tibial (ramo do ciático)
L5 a S2
Patelar
Femoral
L2 a L4
Adutores da coxa
Obturador
L2 a L4
Flexores dos dedos
Mediano e Ulnar
C8 e T1
Estilorradial
Radial
C5 e C6
Bicipital
Musculo cutâneo
C5 e C6
Tricipital
Radial
C7 e C8
Reflexos superficiais:
reflexo cutâneo plantar – sinal de Babinski
reflexos cutâneos abdominais – níveis de
integração – T6 a T9, T9 a T11 e T11 a T12
PLEXO LOMBOSSACRO
NERVOS
CRANIANOS
CONCLUSÃO
1. VER O PACIENTE
2. ESCUTAR SUA HISTÓRIA
3. OUVIR E COMPREENDER SEUS ANSEIOS E ANGÚSTIAS
4. PROCURAR ENTENDER A DOR E SEU CONTEXTO NO
UNIVERSO DO PACIENTE
5. MOSTRAR CALMA, COMPREENSÃO E SOBRETUDO
PACIÊNCIA...
6. EXAMINAR
7. EXAMINAR DE NOVO....
8. REPETIR O EXAME....
9. INTERPRETAR
10.PLANEJAR O TRATAMENTO
11.RECOMEÇAR TUDO DE NOVO SE FOR NECESSÁRIO
Download