UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA LAÍS MARIANO DE PAIVA A IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL DO ENFERMEIRO AO ADOLESCENTE NO PÓS-TRANSPLANTE DE RIM NITERÓI 2016 LAÍS MARIANO DE PAIVA A IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL DO ENFERMEIRO AO ADOLESCENTE NO PÓS-TRANSPLANTE DE RIM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem. Orientadora: Profª Drª CLÁUDIA MARA DE MELO TAVARES Niterói, RJ 2016 P 149 Paiva, Laís Mariano de. A importância do apoio emocional do enfermeiro ao adolescente no pós-transplante de rim / Laís Mariano de Paiva. – Niterói: [s.n.], 2016. 44 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem e Licenciatura) - Universidade Federal Fluminense, 2016. Orientador: Profª. Cláudia Mara de Melo Tavares. 1. Relações enfermeiro-paciente. 2. Adolescente. 3. Emoções. 4. Transplante de rim. 5. Ambulatório hospitalar. I. Título. CDD 610.730699 LAÍS MARIANO DE PAIVA A IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL DO ENFERMEIRO AO ADOLESCENTE NO PÓS-TRANSPLANTE DE RIM Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção de título de Enfermeira e Licenciada em Enfermagem. APROVADO EM: ____________________________________________________ BANCA EXAMINADORA Profª Drª Cláudia Mara de Melo Tavares - UFF Orientadora Profª MSC Marcela Pimenta Muniz – UFF 1º Examinadora Enfª MSC Rejane Eleutério Ferreira 2º Examinadora AGRADECIMENTOS Quero agradecer do terceiro nível da gratidão, como nos lembrou o professor António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, ao fazer um agradecimento em um evento no Brasil e citar o Tratado da Gratidão de S. Tomás de Aquino. Para Tomás de Aquino a gratidão tem três níveis: -Nível mais superficial é o nível do reconhecimento intelectual, o nível cerebral, cognitivo; -Nível intermediário do agradecimento, de dar graças a alguém por aquilo que alguém ele fez por nós; -Terceiro nível, o mais profundo que é o nível no vínculo, do sentirmos vinculados e comprometidos com as pessoas a qual agradecemos (que, naturalmente, engloba os dois anteriores). E é deste lugar, bem profundo que digo: - Muito obrigada! A minha mãe querida que me deu os dois melhores presentes, a vida e a oportunidade de vivê-la ao seu lado. Que nos criou para o mundo, mesmo querendo que ficássemos ali, bem em baixo de sua saia. Que me ensinou o verdadeiro valor das coisas, a honestidade, o dom da resiliência e outras tantas coisas. Se daqui a 30 anos eu for como você, estarei bem feliz. Obrigada por tantas vezes acreditar em mim, mais do que eu mesma. A você todo o amor que cabe em mim. A é claro, obrigada por me financiar. A minha irmã, meu anjo da guarda que apostou que esse dia ia chegar. A Carolina que foi essencial para que essa aventura tivesse um começo e que não está aqui, em corpo presente para vê-la chegando ao fim. Irmã, pronto, demorou, mas sua caçula formou na federal. Obrigada por sempre estar comigo. Ao meu irmão João Paulo, por ter me dado meus sobrinhos que são minha fonte inesgotável de alegrias. A pessoa pela qual descobri minha vocação profissional e que me deu ânimo para terminar essa trajetória. Obrigada por me apresentar aos loucos de maneira tão poética e apaixonante. Um presente que Deus me deu pelo qual serei eternamente grata. Cláudia, ou melhor, Claudinha, obrigada pela oportunidade de conviver com você dentro e fora da academia. Você tem um dom de ensinar com amor, o de ENSINAMAR. Obrigada por, como disse o filósofo Deleuse, “captar a minha pequena marca de loucura”. As amigos/irmãos que a vida em presenteou. Cada palavra de incentivo de vocês me ajudou a chegar até aqui. Ao cara que me suportou bravamente durante boa parte dessa aventura, Wagner, muito obrigada, tenha certeza que seu apoio e incentivo foram indispensáveis. Ao Núcleo de pesquisa que se tornou parte da família, em apoiando e brigando comigo quando necessário, vocês são demais. Izabella, belinha que está tão longe, mas tão perto. O seria de mim sem você no cursinho e desde lá, na vida. Eloah e Tandara, você sabe com quem está falando? Sei sim, com as duas pessoas que levarei para a vida, que tanto me ajudaram e apoiaram. Aline Figueiredo, sua amizade é uma dádiva, obrigada por toda ajuda e orientações. Aos meus anjos da coordenação, Cristina, Helen, Evandro e Marcelo muito obrigada e podem acreditar completei o curso, vou formar. EPÍGRAFE Ai foi onde tudo começou, praia do Flamengo, sol forte, água de coco, belezas e cerveja. Não nos esqueçamos do mar, Yemanjá que no seu lar, sempre está pronta para ajudar. Ah o mar!!! que entre um sentir das ondas e outro Sussurrou nos ouvidos de quem saberia escutar, E ali conheci meu alvo, para onde minha flecha iria apontar. Aqui apresento-lhes o início, Início dos trabalhos, das alegrias Que essa linda tarde trouxe para meus dias PAIVA, L.M, Início.2016. A IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL DO ENFERMEIRO AO ADOLESCENTE NO PÓS-TRANSPLANTE DE RIM INTRODUÇÃO: O crescimento do número de transplantes em crianças e adolescentes no mundo impulsionou a realização de estudos acerca do impacto psicossocial que o procedimento exerce na criança, no adolescente e em sua família. Uma vez obtido o êxito no processo de transplante, há necessidade de se trabalhar fortemente na adesão ao tratamento, sendo o ambulatório do transplante o principal lócus dessa ação. No presente estudo busca-se compreender: Como o enfermeiro realiza o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar? METODOLOGIA: Estudo de revisão integrativa, que utilizou os seguintes descritores: Adolescente, emoções, relação enfermeiro-paciente, transplante renal e ambulatório hospitalar. Como não foram suficientes para identificar os artigos para a base de dados da pesquisa, adicionamos outros: cooperação do paciente, saúde mental e qualidade de vida – para constituição do corpus do trabalho. A amostra final analisada foi composta de nove artigos internacionais. RESULTADOS: O resultado aponta que o principal tipo de pesquisa utilizada pelos artigos encontrados foi qualitativa. Foram localizadas publicações em diferentes periódicos, em distintos campos do conhecimento. O material bibliográfico obtido depois de procedida a analise temática foi organizado e discutido nas seguintes categorias: Adesão ao tratamento – desafio para o ambulatório de transplante e especificidade do adolescente; Adesão ao tratamento – desafio para o ambulatório de transplante e especificidade do adolescente; Atenção à saúde mental e qualidade de vida de adolescentes transplantados: bases para o apoio emocional pelos enfermeiros.CONCLUSÃO: O apoio emocional e cognitivo adequado realizado com o adolescente transplantado renal pode melhorar sua qualidade de vida, diminuindo ansiedade e medo. Esse apoio é decisivo para adesão ao tratamento e a continuidade e qualidade da vida do paciente. Desta forma, a ação dos profissionais de saúde deve estar orientada para promover a motivação do paciente estabelecendo objetivos visando à adesão ao tratamento em conjunto com outros objetivos pessoais e característicos da idade. THE IMPORTANCE OF EMOTIONAL SUPPORT PROVIDED BY NURSES TO ADOLESCENTS IN POST-TRANSPLANT KIDNEY INTRODUCTION: The growth in the number of transplants in children and adolescents in the world boosted conducting studies also on the psychosocial impact that the procedure has on children, adolescents and their families. Once obtained the success in the transplantation process, there must me an effort to improve treatment adherence, and the transplant clinic is the main locus of this action. This present study seeks to understand: How does nurse provide emotional support to kidney transplanted adolescents at hospital’s clinic? METHODOLOGY: integrative review study, which used the following descriptors: Adolescents, emotions, nursepatient relationship, kidney transplantation and hospital outpatient clinic. Since they were not sufficient to identify enough articles in the searched database, others were also used: patient compliance, mental health and quality of life - for the opening of the work corpus. The final sample consisted of nine international articles. RESULTS: The result shows that the main type of research used by the found articles was qualitative. They were located publications in different journals in different fields of knowledge. The bibliographic material obtained after the analysis proceeded theme was organized and discussed in the following categories: Adherence to treatment - challenge for the transplant clinic and adolescent specificity; Mental health care and quality of life of transplanted adolescents: bases for emotional support by nurses.CONCLUSION: Adequate emotional and cognitive support conducted with adolescent kidney transplant can improve their quality of life, reducing anxiety and fear. This support is crucial for adherence to treatment and the continuity and quality of life of the patient. Thus, the action of health professionals must be focused towards promoting the patient's motivation, setting goals aiming at adherence to treatment in conjunction with other personal goals and characteristic of their age. SUMÁRIO 1.1 INTRODUÇÃO p.11 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA, p.13 1.2 OBJETO DE PESQUISA, p.13 1.3 OBJETIVO, p.13 1.4 JUSTIFICATIVA, p.13 2. REVISÃO DE LITERATURA, p.15 2.1 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO BRASIL, p.15 2.2 ADOLESCENTE E A CONVIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA E O TRANSPLANTE, p.16 2.3 AS EMOÇÕES E O APOIO EMOCIONAL AOS ADOLESCENTES TRANSPLANTADOS E A ADESÃO AO TRATAMENTO, p.18 2.4 APOIO SÓCIO-EMOCIONAL AO ADOLESCENTE TRANSPLANTADO: PAPEL DO ENFERMEIRO, p.19 3.METODOLOGIA, p.21 4. RESULTADOS, p.24 5. DISCUSSÃO, p.35 6. CONCLUSÃO, p.39 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p.40 7.1 OBRAS CITADAS, p.40 7.1 OBRAS CONSULTADAS, p.44 11 1. INTRODUÇÃO A participação no Núcleo de Pesquisa Ensino, Criatividade, Cuidado em Saúde e Enfermagem (NPECCSE) durante o Curso de Graduação em Enfermagem me motivou, entre outras coisas, a escrever sobre a temática - emoções em transplante, envolvendo um cenário de atuação diferente do habitual para a enfermagem de saúde mental, área que tenho interesse em aprofundar meus estudos. O anseio em falar sobre o paciente se confirmou, durante a participação no XIV Congresso Brasileiro de transplantes em 2015. Percebi a necessidade de “dar voz” ao sujeito que recebe o transplante. Em quatro dias de evento, com a apresentação de 477 trabalhos sobre o assunto observei o modo mecânico e instrumental com que se trabalha o assunto dos transplantes no Brasil. De todos os trabalhos apresentados apenas 12 discursaram sobre o paciente. Sendo que destes 12 trabalhos, a prevalência temática era de perfis sociodemográficos dos pacientes e não trabalhos nos quais se podiam perceber as necessidades dos receptores dos órgãos, além das medicações e consultas. Aprofundando meus estudos sobre a temática dos transplantes e focada no paciente, observei a necessidade de dar voz ao paciente adolescente, por razões pessoais, pela afinidade com este grupo de pacientes durante os estágios na graduação e por observar que esta é uma população com a qual poucos trabalham, embora suas necessidades sejam enormes e desafiadoras. O crescimento do número de transplantes em crianças e adolescentes no mundo impulsionou a realização de estudos acerca também do impacto psicossocial que o procedimento exerce na criança, no adolescente e em sua família. Considerando a experiência de doença da criança e do adolescente que vivenciam o transplante, a literatura afirma existir duas fases de crise, representada por saber da necessidade do transplante e receber o transplante, ambas marcadas por desequilíbrio na família, devido às adaptações que são mais intensas nesses períodos; e duas fases marcadas por relativa constância e estabilidade, embora ainda exposta a riscos e incertezas, que são esperar pelo transplante e conviver com ele. A família pode e deve ser ajudada nesse processo em todas as fases e não apenas nos momentos de crise, que geralmente recebem maior atenção. A experiência de uma doença renal crônica na adolescência gera repercussões físicas, psicológicas e sociais de alta complexidade na vida do paciente e de sua família. A doença renal crônica em dita fase terminal, é um problema de saúde pública por ser uma condição debilitante, associada com significativa morbidade, mortalidade e elevado custo de seu tratamento. O portador nessa condição, somente consegue sobreviver com a utilização de 12 métodos de filtragem artificial do sangue, as diálises, ou a realização do transplante renal, as denominadas terapias de substituição renal. Devem-se considerar as repercussões sociais, psicológicas e de qualidade de vida do paciente submetido às terapias de substituição renal além das questões econômicas. Para pacientes elegíveis, o transplante renal representa um tratamento durável com benefícios na qualidade de vida se comparado às diálises. O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico complexo que consiste na retirada de um órgão que perdeu sua função por um órgão sadio. Tal processo se inicia com a doação de um órgão. Trata-se de uma alternativa terapêutica segura e eficaz no tratamento de diversas doenças que causam insuficiências ou falências de alguns órgãos ou tecidos, tais como insuficiência renal ou cardíaca, determinando melhoria na qualidade e na perspectiva de vida das pessoas acometidas por tais doenças. Constitui-se na retirada de órgãos viáveis de corpos humanos de doador cadáver ou de doador vivo (PESTANA et al 2013). O tratamento das doenças crônicas geralmente é prolongado e complexo, exigindo cuidados constantes em relação à terapêutica em si e a determinantes que possam agravar o estado de saúde. Quando há necessidade de hospitalização, o adolescente é separado do convívio com seus familiares, amigos, colegas e da escola. Neste cenário, o enfermeiro a partir do vínculo estabelecido com o paciente, deve estimular a socialização do mesmo. Uma vez obtido o êxito no processo de transplante, há necessidade de se trabalhar fortemente na adesão ao tratamento, sendo o ambulatório do transplante o principal lócus dessa ação. LIMA (1989) refere que os pacientes renais crônicos acabam se tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por estas razões ou por falta de orientação, acabam abandonando o tratamento ou não dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter. É necessário estimular suas capacidades, para se adaptarem de maneira positiva ao novo estilo de vida e assumirem o controle de seu tratamento. A relação enfermeiro – paciente adolescente no pós-transplante leva a experimentação de emoções. A adolescência caracteriza-se como um momento de passagem para a vida adulta, e geralmente é frustrante e difícil para o jovem saudável, sendo ainda mais complicado àqueles em condição crônica. A coexistência da adolescência e da doença crônica caracteriza uma crise existencial, sobrepondo-se à outra crise, representada pela doença muitas vezes incurável e com necessidade de tratamento continuo. Os clientes transplantados têm no seu cotidiano a percepção de sua realidade e a consciência de que suas dificuldades influenciam no seu convívio social e na sua reinserção social, causando sofrimento, requerendo do enfermeiro a capacidade de escuta e 13 direcionamento de terapêuticas ampliadas. Nesse contexto, durante a consulta de enfermagem deve-se realizar uma entrevista com clientes e familiares para reconhecimento das possíveis dificuldades e necessidades onde poderá atuar. Mas a continuidade dessa consulta dependerá do vínculo estabelecido entre enfermeiro-paciente-família e do apoio emocional realizado. Segundo Schwartz et al. (2011) o apoio emocional refere-se a disponibilidade de alguém com quem se possa falar e que fomenta sentimentos de afeto. O apoio emocional refere-se à expressão de carinho, compreensão, confiança, estima, afeto, escuta e interesse. Ele se expressa na escuta do adolescente e de seus problemas, de seus anseios e preocupações, de suas inquietudes mais íntimas e também de contar com alguém com quem possa relaxar. No presente estudo buscamos compreender a partir dos artigos publicados em base de dados científicas dos últimos 05 anos - como o enfermeiro realiza o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar? 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Como o enfermeiro realiza o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar? 1.2 OBJETO DE PESQUISA Apoio emocional realizado pelo enfermeiro junto a adolescentes transplantados. 1.3 OBJETIVO Identificar as ações realizadas pelo enfermeiro no apoio emocional ao adolescente póstransplante renal em ambulatório hospitalar. 1.4 JUSTIFICATIVA Nosso país possui o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo e nele o enfermeiro tem papel fundamental em todo este processo, contudo os cursos de graduação em enfermagem nacionais não priorizam o ensino desse tema, delegando aos curso de pósgraduação latu sensu. Também o tema apoio emocional é pouco trabalhado na formação do enfermeiro e consequentemente pouco realizado na prática efetiva de enfermagem. Acreditamos que o apoio emocional dado pelo enfermeiro no ambulatório pós-transplante, reflete na adesão ao tratamento e com isso, ao sucesso do transplante. Contudo, ao nos debruçarmos sobre a 14 literatura podemos observar a escassez de estudos e relatos de experiência relacionada a esta temática. A relevância de pesquisas sobre o tema em tela está inserida no grande número de transplantes renais que ocorrem no Brasil e no mundo e na possibilidade de novas reflexões sobre o assunto, podendo gerar o planejamento de ações efetivas na assistência a saúde e no ensino. Estudos de eficácia e efetividade de práticas terapêuticas voltadas à prevenção e reabilitação da saúde e qualidade de vida do adolescente é tema prioritário de investigação, estando presente na Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde (BRASIL, 2008). 15 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 – TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO BRASIL A palavra transplante foi utilizada pela primeira vez, em 1778, por um pesquisador, anatomista e cirurgião chamado John Hunter, ao pormenorizar sua experiência com órgãos reprodutores em animais. Quase dois séculos depois, o mundo vislumbrou o primeiro transplante realizado com êxito em seres humanos (PESSOA et al 2013). Desde o primeiro transplante realizado com sucesso em 1954, os transplantes de órgãos sólidos têm sofrido constante avanço no tratamento de doenças do rim, pâncreas, fígado, coração, pulmão e intestino e número de procedimentos realizados mundialmente continua crescente. Apesar desse bom prognóstico a falta de notificação de morte encefálica e as falhas na manutenção dos órgãos para a captação ainda representam fatores impeditivos à efetivação da doação. O Brasil na atualidade detém o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo ocupando o segundo lugar no número absoluto desse tipo de cirurgias, com destaque para o transplante renal (COSTA, 2014). Este sistema ocupa o segundo lugar em quantidade de transplantes realizados, dentro destes, o transplante renal representa o primeiro lugar em número absoluto de cirurgias. O primeiro transplante de rim no Brasil, ocorreu em 1964. De 1997 a junho/2015 ocorreram 99.095 mil transplantes de órgãos sólidos no país. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, cerca de 32.000 pessoas aguardavam da fila em junho/2015. Tratase de um sistema de lista única de espera, que garante a equidade no acesso a esta modalidade de tratamento (ABTO, 2015). Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos número de transplantes de coração entre Janeiro e Março de 2015 foi de 77 e o transplante renal, no mesmo período, foi de 1.305 demonstrando que o transplante renal é o procedimento mais realizado. No primeiro semestre de 2015, pela primeira vez desde 2007, observou-se uma diminuição na taxa de potenciais doadores, de doadores efetivos e no número de transplantes de rim, de fígado e de pâncreas, em relação ao ano anterior. Nos transplantes renais não houve a recuperação esperada em relação ao 1º trimestre, e a queda comparada com 2014 foi de 6% no número de transplantes (ABTO, 2015). No Brasil temos 129 centros de transplantes renais distribuídos em 59 municípios. No Estado do Rio de Janeiro temos 10 centros de transplantes renais distribuídos em Niterói e Rio de Janeiro (ABTO, 2015). 16 2.2 ADOLESCENTE E A CONVIVÊNCIA COM A DOENÇA CRÔNICA E O TRANSPLANTE No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade, no artigo 2º, e, em casos excepcionais e quando disposto na lei pelos artigos 121 e 142, o estatuto é aplicável até aos 21 anos de idade, por exemplo, a medida socioeducativa pode ser aplicada até os 21 (vinte e um) anos de idade do representado por ato infracional, nos termos do artigo 121, § 5º, do ECA (BRASIL, 2008). De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância- UNICEF (2011) a adolescência pode ser dividida em duas etapas, fase inicial e fase final da adolescência. A fase inicial compreende o período cronológico dos 10 aos 14 anos de idade, já a fase final da adolescência, compreende a idade dos 15 aos 19 anos, essa diferenciação ocorre porque há um distanciamento do adolescente mais jovem para o adolescente mais velho. Ainda para UNICEF (2011, p.6) a fase inicial é marcada pelas mudanças internas e externas, ou seja: [...] é nessa etapa que começam as mudanças físicas, normalmente com uma aceleração repentina do crescimento, seguida pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais e das características sexuais secundárias. Essas mudanças externas freqüentemente são bastante óbvias e podem ser motivo de ansiedade, assim como de entusiasmo ou orgulho para o indivíduo cujo corpo está passando pela transformação. Embora menos evidentes, as mudanças internas são igualmente profundas. Pesquisas neurocientíficas realizadas recentemente indicam que, na fase inicial da adolescência, o cérebro passa por uma aceleração espetacular do desenvolvimento elétrico e fisiológico. A outra fase, fase final da adolescência, se estende dos 15 aos 19 anos, é caracterizada pela formação de opiniões, diminuição das influências externas e organização do pensamento, pois: [...] A essa altura, as principais mudanças físicas normalmente já ocorreram, embora o corpo ainda se encontre em desenvolvimento. O cérebro continua a desenvolver-se e a reorganizar-se, e a capacidade de pensamento analítico e reflexivo é bastante ampliada. No início dessa fase, as opiniões dos membros de seu grupo ainda são importantes, mas essa influência diminui à medida que o adolescente adquire maior clareza e confiança em sua própria identidade e em suas opiniões. (UNICEF; 2011 p.6) No Brasil, em 2011, foi lançado o relatório da UNICEF que analisa a situação da adolescência brasileira, o resultado apresentou que vivem no Brasil 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos (incompletos), ou seja, a maior população de adolescente na história do país (UNICEF, 2011). As informações do último censo - Censo demográfico 2010, 17 mostram que cerca de 30% da população brasileira encontra-se abaixo dos 19 anos (INCA, 2014). Para Balistieri; Tavares (2013), a “adolescência é um período da vida que várias dificuldades surgem, já que é quando ocorre a transição entre a infância e a vida adulta”, e ainda, os adolescentes não são vistos como adultos nem como crianças, sendo esse um dos fatores para a ocorrência de inúmeros conflitos internos. Os adolescentes com doenças crônicas apresentam mais problemas de ajustamento que seus pares sem doenças e tendem a sofrer mais transtornos de comportamento, depressão e ansiedade. Para diminuir o impacto que uma doença crônica causa neste período, devem ser estimulados a ter autonomia e manter contato social com outros na mesma fase de vida, mesmo necessitando de cuidados da família e dos profissionais de saúde. Segundo Bermudez (2011) os jovens transplantados de órgãos sólidos na fase final da adolescência, apresentam taxa de mortalidade duas vezes maior que aqueles entre 12 e 17 anos e quatro vezes maior que os na fase inicial da adolescência e também maior uso de drogas e maior taxa de suicídio. Adultos jovens e adolescentes transplantados renais têm as taxas mais altas de rejeição aguda, morte por perda do enxerto e rejeição crônica levando à perda do enxerto. Mais de um terço dos adolescentes não têm aderência ao tratamento. A tendência normal ao questionamento e desafio à autoridade podem predispor estes pacientes a aceitar com desdém as orientações médicas e o tratamento. Além disso, devem ser considerados os efeitos cosméticos adversos da terapia imunossupressora e da preocupação com a imagem corporal, da impulsividade e do comportamento de risco. O adolescente vai desenvolvendo a separação da sua identidade daquela dos pais, e essa necessidade de independência, combinada com a dificuldade de entender conceitos abstratos e a noção de invulnerabilidade, pode resultar em pensamentos ilógicos que poderão determinar um comportamento de risco. Todos os receptores de transplante, inclusive os adolescentes, utilizam imunossupressores por toda vida, porém a prevalência geral de não aderência é 32% para transplante renal e 30,8% para o de fígado. Se for dividido por idade é 64%11 nos adolescentes, 17% nas crianças e 15-25% nos adultos (BERMUDEZ, 2011). Uma pessoa que convive com doença crônica tem um grande desafio pela frente, as alterações que ocorrem no cotidiano devido a nova situação ser bastante significativas, tais mudanças ocorrem no lar com a família, na escola, com os amigos, em todos os aspectos que o indivíduos tem laços afetivos. Essa situação fica mais delicada ainda quando um adolescente está vivendo essa condição crônica, pois como vimos anteriormente, não é simples ser um adolescente por se tratar de uma fase complexa, cheia de incertezas e 18 descobertas. Tendo em vista essa complexidade em lidar com tal situação, de um adolescente convivendo com uma enfermidade crônica, é fundamental utilizar todas as ferramentas disponíveis a fim de minimizar os traumas decorrentes dessa condição. Segundo a National Kidney Foundation (2010), o paciente não precisa enfrentar a DRC sozinho, e ainda, precisa aprender o máximo sobre a doença e o tratamento. Saber o que esperar e o que é possível fazer ajuda desenvolver um sentimento de controle sobre a doença 2.3 AS EMOÇÕES EM SAÚDE E O TRANSPLANTE Falar das emoções não é tarefa simples, possível de se objetivar. E como diz Goleman (1996): “Na verdade existem mais sutilezas de emoções do que palavras que temos para defini-las” Este estudo me fez refletir sobre as emoções na prática de enfermagem. Esta questão nos acompanha ao longo da nossa trajetória acadêmica e durante a experiência profissional, mas pouco se escreve sobre ela. O que são as emoções? Segundo o dicionário (Academia Brasileira de Letras, 2010, p. 478) emoção é uma reação afetiva provocada por diferentes situações, agradáveis ou desagradáveis, que se manifesta por meio de sentimentos como raiva, alegria etc. Para Juan Casassus (2009, p. 87): [...] “as emoções são energias vitais, tratando-se de um tipo de energia que une os acontecimentos externos aos acontecimentos internos. Por essa qualidade de ligar o externo com o interno, as emoções estão no centro da experiência humana interna e social”. Para Diogo (2010) as emoções dizem respeito àquilo que a pessoa sente que pode ser de tonalidade positiva ou negativa, podem ser perturbadoras ou gratificantes, são disparadas por um evento (acontecimento ou pessoa) associado a uma experiência emocional, e a uma emocionalidade essencial à vida para se sentir presente e vivo, por meio da consciência dessas emoções. Na tradição do pensamento ocidental, a emoção se opõe frontalmente à razão, cega o homem e o impede de pensar com clareza e sensatez. Seguindo essa linha de raciocínio, a emoção pode ter um efeito paralisante, tanto para o pensamento como para ação. A emoção 19 intensa impossibilita uma percepção clara da situação concreta, o homem acaba não encontrando formas de falar, agir e pensar. Nesse caso, a afetividade (emoções e sentimentos) é concebida, de modo geral, como inferior à razão. A emoção turva a razão, distancia o homem da racionalidade, da verdade e da conduta correta, correspondendo a uma dimensão inferior do homem e se caracterizando como resquício animal do homem primitivo no homem maduro. Esse status superior da razão em relação à emoção consolidou e alimentou o dualismo secular entre a razão e o coração, configurando uma divisão psíquica entre o que é pensado e o que é sentido (Pinto, 2007). Contrários a tal concepção, autores como Sawaia (2001), Bomfim (2005), Espinosa (1996), Vygotsky (1991) entre outros afirmam que a dimensão emocional pode contribuir para o contato do homem com a realidade. Esses autores compartilham a idéia de que o ser humano compreende também se emocionando, sentindo afetivamente os fenômenos da realidade. O processo de transplante é envolto por emoções. Medos, inseguranças, incertezas, alegria, esperança. Algumas contraditórias, com as quais o adolescente transplantado precisa lidar. Há uma necessidade de mudança de vida do sujeito após o procedimento e isso acarreta preocupação com a necessidade de deixar de efetuar atividades próprias da idade, conseqüências da doença e do tratamento como: rejeição em vista de sua estatura corporal e tarefas evolutivas, como busca de intimidade, sexualidade, projetos de vida e na fase posterior, o trabalho (PESSOA et al, 2013). 2.4 APOIO SÓCIO-EMOCIONAL AO ADOLESCENTE TRANSPLANTADO: PAPEL DO ENFERMEIRO A pressão emocional interna por que passa o adolescente por si só justificaria a necessidade de apoio emocional por parte dos profissionais de saúde e em especial o enfermeiro, que se responsabiliza por um número significativo de informações e cuidados dirigidos ao paciente transplantado. O apoio emocional refere-se à expressão de carinho, compreensão, confiança, estima, afeto, escuta e interesse. Ele se manifesta na escuta do adolescente, de seus problemas, de seus anseios e preocupações, de suas inquietudes mais íntimas e também de contar com alguém com quem possa relaxar (SCHWARTZ et al, 2011). 20 Adolescentes transplantados requerem apoio amplo, que envolve vários setores. Segundo Schwartz et al (2011) o apoio se divide em: apoio emocional – que inclui disponibilidade de alguém com quem se possa falar e que fomenta sentimentos de afeto; apoio material e instrumental – que se caracteriza por ações ou materiais proporcionados por outras pessoas para facilitar ou diminuir tarefas cotidianas; e, por fim, o apoio de informação – que se refere às informações e orientações recebidas, que ajudam na compreensão do mundo. Compreendemos que o enfermeiro pode colaborar em todas as formas de apoio no ambulatório pós-transplante. De acordo com Santos (2015), o profissional de saúde, ao transmitir seus conhecimentos a respeito do diagnóstico do adolescente, utilizando os meios adequados para repassar essa informação, que podem ser por meio das mídias, da linguagem falada ou escrita, interferirá de forma positiva na vida dos familiares e de todos os envolvidos no tratamento desse indivíduo. Por sua vez, o cuidado de enfermagem não se restringe à dimensão biológica, devendo contemplar a dimensão subjetiva. O enfermeiro precisa levar em conta as subjetividades circulantes na interação entre os sujeitos envolvidos enfermagem/cliente/família (MELO; ROQUE; TONINI, 2007). no ato de cuidar: 21 3. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa com a finalidade de analisar as evidências na literatura acerca das ações realizadas pelo enfermeiro no apoio emocional ao adolescente póstransplante renal em ambulatório hospitalar. A revisão integrativa é um método de pesquisa utilizado na prática baseada em evidências (PBE). Tal método permite a interação das evidências encontradas com a prática clínica. O objetivo da revisão integrativa é reunir e sintetizar resultados de um tema ou questionamento definido de maneira estruturada e ordenada, assim, contribuir para o aprofundamento de determinado assunto investigado. Mendes, Silveira e Galvão (2008, p.759) afirmam que a revisão integrativa é a análise de pesquisas relevantes que embasam a tomada de decisões e a melhoria da prática clínica. Sintetizando um conhecimento de determinado assunto é possível observar e apontar as lacunas deste que precisam ser preenchidas a partir de novos estudos. A abordagem metodológica pela revisão integrativa da literatura percorre seis etapas que são estruturas de maneira metódica. Conforme apresentado no qradro1 e descrito a seguir. a) Identificação do tema e seleção da hipótese A primeira etapa da revisão integrativa da literatura é composta pela identificação do tema que será analisado e a seleção do problema de pesquisa que apresente a significância para a saúde. Abordar um tema que seja do interesse do pesquisador é fundamental, visto que a revisão integrativa é um processo de pesquisa metódico e que demanda um esforço considerável. O tema abordado apresenta significância para a saúde por acreditarmos que o apoio emocional dado pelo enfermeiro no ambulatório pós-transplante, reflete na adesão ao tratamento e com isso, ao sucesso do transplante. A seleção da hipótese advém da curiosidade sobre como o enfermeiro realiza o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar. b) Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de estudos/ busca na literatura. A busca na literatura de estudos relevantes para a temática recebe enorme ajuda da ferramenta internet, dado que as bases de dados possuem acesso eletrônico. A seleção dos estudos para análise é fundamental para dar legitimidade à revisão (MENDES; SILVEIRA e GALVÃO, 2008). 22 Figura 1. Etapas da revisão integrativa. Etapas de Desenvolvimento da Pesquisa O levantamento de dados ocorreu durante o período novembro de 2015 a janeiro 2016 no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) a partir das bases de dados Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (MEDLINE), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e repositório Scientific Electronic Library Online (SciELO) afim de responder ao questionamento: Como o enfermeiro realiza o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar? Os critérios de inclusão adotados para seleção dos artigos foram: publicação nos últimos 5 anos que abordassem o tema apoio emocional prestado por enfermeiros aos adolescentes transplantados em ambulatórios hospitalares. Os critérios de exclusão foram: artigos repetidos, editoriais, reflexões teóricas, revisões integrativas, artigos que não respondiam à questão da pesquisa, bem como teses e dissertações. Para a busca na (BVS), foi realizada uma seleção de descritores que constassem no DeCS - Descritores Ciência e Saúde. Sendo utilizados os seguintes descritores: Adolescente, Emoções, Relação Enfermeiro-Paciente, Transplante de Rim e Ambulatório Hospitalar. 23 A fim de proceder com um refinamento da pesquisa foi executado o pareamento dos descritores associação com operadores booleanos, com o propósito de ser alcançado o universo possível de resultados mais aderentes ao tema estudado, sendo estes associados da seguinte forma: Emoções AND Transplante de Rim; Emoções AND Relação EnfermeiroPaciente AND Adolescente; Emoções AND ambulatório hospitalar; Transplante de rim AND relação enfermeiro-paciente; Transplante de Rim AND Ambulatório Hospitalar; Emoções AND Transplante de Rim AND Adolescente; Emoções AND Transplante de Rim AND Relação Enfermeiro-Paciente. Efetuando a somatória dos estudos encontrados após o pareamento, foi possível chegar a 53 artigos, contudo apenas 05 artigos encontravam-se relacionados ao objetivo da pesquisa. 24 4. RESULTADOS Aqui apresentamos os principais resultados obtidos na investigação. Com base na busca realizada foram selecionados 09 artigos e abaixo apresentamos o número de descritores encontrados por bases investigadas período 2011-2016. Quadro 2- Número de artigos encontrados por bases investigadas, período 2011-2016. Bases Descritores Emoções AND transplante de rim Emoções AND relação enfermeiro-paciente AND Adolescente Emoções AND ambulatório hospitalar Transplante de rim AND relação enfermeiropaciente Transplante de rim AND ambulatório hospitalar Emoções AND transplante de rim AND adolescente Emoções AND transplante de rim AND relação enfermeiro-paciente Bdenf Medline LILACS 0 16 0 0 2 9 6 4 2 0 6 0 1 0 0 3 2 0 1 0 0 25 26 Quadro 3 – Característica do artigos selecionados. Brasil, 2016. Nº 1 Título/ano de publicação País Discrepancies between beliefs and behavior: a prospective study into immunosuppressive medication adherence after kidney transplantation / 2015 Holanda Nome da Revista Transplant ation Tipo de Objetivo Principais achados Conclusão Investigar as percepções sobre a doença e crenças de tratamento relacionadas a mudanças na adesão à medicação imunossupresso ra até 18 meses após o transplante. A adesão foi vista como uma importante meta pessoal, bem integrado com outros objetivos e dedicação para atingir a meta foi elevada. Os pacientes relataram poucas preocupações sobre a medicação imunossupressora. Foi relatado que o transplante tem grande impacto na vida dos pacientes, no entanto, este diminuiu ao longo do tempo. Houve uma boa compreensão do processo de transplante, alto controle pessoal e tratamento. Preocupações sobre a rejeição eram bastante comuns. No que respeita às implicações clínicas, os médicos são aconselhados a adotar uma visão holística à adesão apoio após o transplante renal, com atenção para os objetivos pessoais importantes e como tomar medicação se encaixa a vida do paciente. Há uma discrepância entre as crenças sobre a adesão e comportamento real. Percepção da doença pode ser descrito como um suporte de adesão que é inconsistente com a nãoadesão generalizada e crescentemente observado. Dadas as restrições de tempo dos médicos e da natureza psicossocial desta questão, é provável que os profissionais de enfermagem pudessem desempenhar um papel importante em oferecer este suporte. Adesão à medicação deve ser algo clínico rotineiramente explorado, não só imediatamente após o transplante, pois ela é susceptível de deteriorarse ao longo do tempo. Pesquisa Pesquisa qualitativ a 27 2 Getting Ready to Leave: Transition Readiness in Adolescent Kidney Transplant Recipients/2014 EUA Journal of Pediatric Psycholog Pesquisa Qualitativa Desenvolver uma medida e avaliar os fatores associados à percepção na transição de responsabilidad e dos cuidados de saúde e de transferência para ambulatório adulto dos transplantados renais adolescentes. 3 The TRANSNephrostudy examining a new transition model for postkidney transplant adolescents and an analysis of the present health care: study protocol for a Alemanha Published online Pesquisa Utilizar melhores estruturas de cuidados médicos, com o objetivo de longo prazo de melhorar a sobrevivência de transplantes e qualitativa Apesar de algumas medidas de transição existir na literatura, nenhum destes instrumentos foram desenvolvidos especificamente para utilização com transplantados para avaliar tanto o relatório adolescente e os pais, e avaliar o envolvimento dos pais nos cuidados de saúde dos adolescentes. À semelhança do que foi levantado na hipótese, o modelo do adolescente na Transição mostra relações fortes entre o aumento da responsabilidade do Adolescente e a diminuição no envolvimento dos pais. A finalidade da transição global é permitir que os pacientes sejam tão independente quanto possível e ter a melhor qualidade de vida possível. Atingir esses objetivos requer, além de Esta investigação aborda a importância de preparar adolescentes e suas famílias para a transição do adolescente para os serviços de saúde de um adulto. A pesquisa adicional deve avaliar a programação de transição para identificar quais os componentes que estão relacionados com a formação de melhorias na transição, na responsabilidade do adolescente, e nos resultados médicos. Finalmente, futuras investigações devem visar os pais de adolescentes em transição e identificar formas de ajudar os pais em diminuir o seu envolvimento e ao mesmo tempo incentivar a adesão do adolescente na responsabilidade quanto a própria saúde. Este estudo irá fornecer dados fundamentais sobre estruturas de cuidados médicos na transição de pacientes de nefrologia pediátrica de adolescentes aos cuidados de um adulto. Ele é projetado para testar um novo modelo de transição 28 randomized controlled Trial/2014 reduzindo, assim, morbidade mortalidade. e abordar questões médicas, uma abordagem multidimensional, multidisciplinar. A falta de cooperação entre os diversos profissionais envolvidos no tratamento e cuidados levou a problemas de assistência médica para os pacientes, o que é particularmente problemático na fase de transição. A partir de uma análise de tais deficiências, é possível derivar estratégias para uma transição satisfatória. Não existe, na Alemanha, um modelo a ser seguindo para a transição da pediatria para atendimento de adultos para pacientes de nefrologia adolescentes, a fim de melhorar a sobrevivência de transplante e bem- usando o gerenciamento de caso e telemedicina moderna. Após a conclusão, este estudo em última análise, visa estabelecer o Programa de Transição Berliner, combinada com o uso de aplicativos, como um padrão de cuidados médicos na transição de pacientes jovens que receberam um transplante de rim. 29 estar do paciente. 4 Health-Related Quality of Life and Perceived Need for Mental Health Services in Adolescent Solid Organ Transplant Recipients/2013 EUA Journal of Clinical Psychology in Medical Settings Pesquisa qualiquantitativa Avaliar o interesse dos pais de receptores adolescente de transplantes de órgãos sólidos em acompanhament o em serviços de saúde mental Das 63 famílias, 94 % dos pais expressaram algum nível de interesse em pelo serviço propostos, com mais de 40% indicando o interesse máximo. Se interessam em apresentações e discussões em grupo sobre como ajudar seus adolescentes a tornare-se mais independentes e responsáveis, bem como para a ajudar a si próprios. Os pais se interessam menos em treinamento comunicação com cônjuges/parceiros e prestadores de cuidados de saúde de seus filhos. Os pais que perceberam o funcionamento da saúde mental mais pobre em seus adolescentes expressaram maior interesse em treinamento para melhorar a Os resultados deste estudo representam um primeiro passo importante no sentido de avaliar a percepção da necessidade de intervenções de saúde mental para receptores de transplante adolescente e suas famílias. Como a ciência biomédica continua a avançar e receptores de transplantes pediátricos são capazes de prosperar fisicamente, prestação de serviços de saúde mental adequados para os beneficiários e suas famílias se tornará cada vez mais importante para facilitar o funcionamento psicossocial ideal e transferir para o cuidado centrado no adulto. Avaliou-se também a necessidade dos serviços hospitalares indicarem este acompanhamento. 30 comunicação tanto com seu filho e quanto seu parceiro/cônjuge, o que sugere que os pais percebem déficits na comunicação eficaz dentro de sua família. A nível familiar, os participantes aceitaram 07 das 10 sugestoes, evidenciando a necessidade de serviços de saúde mental para esse público. 31 5 Sweet and sour after renal transplantation: A qualitative study about the positive and negative consequences of renal transplantation/201 3 Holanda British Journal of Health Psychology Pesquisa qualitativa Investigar experiência de conseqüências positivas e negativas de transplante, bem como as estratégias utilizadas para se adaptar ao transplante dos pacientes renais. Os resultados mostraram que os pacientes experimentaram uma ampla gama de emoções positivas e negativas, em particular, a culpa, gratidão e medo. Não só as limitações físicas, mas também melhorias físicas foram encontradas para ser relacionado com a experiência de emoções negativas. Os pacientes buscaram estratégias de enfrentamento adaptativas para ajustar a vida após o transplante como definir prioridades diferentes, fazendo as próprias escolhas, tentando manter o controle, cuidando bem de si mesmo e apreciando outros aspectos da vida. Este estudo oferece vários novos insights sobre a gama de experiências de pacientes renais após o transplante. Os profissionais de saúde são convidados a prestar mais atenção a esses insights, incluindo a existência de convicções normativas. Os profissionais de saúde podem ajudar os pacientes renais, ajudando-os a reconhecer as emoções positivas e negativas e incentivar o uso de estratégias de enfrentamento mais benéfico. 32 6 Medicine nonadherence in kidney transplantation/201 3 Austrália Journal of renal Care Pesquisa qualitativa Identificar fatores que levam a baixa adesão. Esta avaliação revelou que uma série de fatores contribuem para a baixa adesão, por exemplo, atitudes em relação à tomada da medicação e esquecimento. Estratégias que podem melhorar a aderência incluem intervenções lideradas pela enfermeira (envolvendo de forma colaborativa trabalhar com os beneficiários para entender suas rotinas e oferecendo soluções para melhorar a aderência). Estratégias que mostraram ter eficácia limitada incluem o fornecimento de medicamentos de forma gratuita e fornecer feedback sobre adesão a medicação a um participante sem quaisquer intervenções educacionais e comportamentais. Intervenções são necessárias para ajudar o receptor de transplante de tomar todos os seus medicamentos como prescrito para melhorar o bem-estar geral, a segurança dos medicamentos e reduzir os custos de saúde. 33 7 Quality of life in chronic kidney disease/2013 Portugal Revista Nefrología Estudo quantitativo Transversal observacional Avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde em quatro grupos de pacientes acompanhados no Departamento de Nefrologia: doença renal crônica (DRC), transplante de rim (KT), hemodiálise (HD) e diálise peritoneal. Os pacientes transplantados não alcançaram melhores resultados dos demais grupos na escala dos componentes físicos ou Saúde Mental, embora anteriormente em outros estudos estes pacientes revelassem que com o transplante teriam uma qualidade de vida melhor em comparação com o período em diálise. Pacientes transplantados receberam o seu novo rim 8,7 anos atrás, o que implicou uma adaptação gradual e, possivelmente, o desaparecimento relativo da sensação de melhoria da saúde ao período de pré-transplante. Qualidade de Vida relacionada à saúde foi melhor no grupo em dialise peritoneal Comparado de pacientes em hemodiálise em tais escalas como «Efeitos da doença renal», «Sobrecarga da doença renal» e «A satisfação do paciente». Os piores resultados nos quatro grupos, foram encontradas no Componente Saúde Física. A adaptação a uma doença crônica é um processo físico, psicológico e social. A atenção da equipe de saúde a percepção subjetiva do paciente sobre seu estado de saúde podem ser determinante para alcançar o melhor médico intervenção e melhorar a sobrevivência. 34 8 Quality of Life of Adolescent Kidney Transplant Recipients/2013 EUA Pediatric Nephrol Pesquisa qualiquantitativa. Explorar perspectivas adolescentes após transplante renal estratégias elaboradas eles sobre formas suporte. as dos o e por as de Os escores de qualidade de vida (QV) relatadas pelos adolescentes do estudo foram maiores em comparação com os estudos no transplante renal adulto. Pontuações máximas foram observadas em domínios de QV que se relacionam com o funcionamento físico, incluindo a mobilidade, autocuidado, audição, fala, deambulação e destreza. No entanto, houve decréscimos em domínios específicos, incluindo visão, emoção (ansiedade, preocupação e sentimentos depressivos) e cognição (capacidade de lembrar). Identificado em dados qualitativos, as razões que fundamentam as suas respostas incluíram a aceitação da doença renal e transplante, benefícios percebidos de ser um receptor de transplante, satisfação com a Transplantados renais adolescentes tiveram, nos testes, valores consistentes e altos em Qualidade de vida atual, o que sugere que eles entendem que para se ter saúde, uma parte depende deles. Apesar disso, eles relatam lacunas em áreas específicas de QV, incluindo emoção e cognição ( que sugere que a QV pode ser melhorada com intervenções que visam estes aspectos específicos da QV. 35 9 Medication beliefs and perceived barriers in adolescent renal transplant patients and their parents/2013 EUA Pediatr Nephrol Estudo qualitativo Compreender a crenças sobre medicamentos entre 40 pacientes transplantados renais adolescentes e seus pais. Adolescentes mais jovens relataram maior preocupação com a nocividade medicação e dificuldades, particularmente para problemas práticos, incluindo o esquecimento, organização e coordenação. Pais com uma baixa escolaridade relataram que suas crianças têm maiores desafios com medicamentos, devido ao gosto e tamanho. Família com rendimentos nos níveis baixos e altos expressou que seus filhos precisam ser mais lembrados da medicação e adolescentes de famílias de baixa renda percebem que a medicação pode ser prejudicial para o organismo. Este estudo identifica quais dificuldades os adolescentes tem a respeito de seus medicamentos e como eles podem ser diferentes dos problemas relatados pelos pais na clínica de transplante. Dado que auxilia no planejamento do no cuidado ambulatorial para essa população. O estudo também ajuda a esclarecer se os medicamentos prescritos são acreditados por pacientes adolescentes e seus pais para ser necessário para a sua saúde ou para ser associado a efeitos nocivos.Compreender esses fatores pode ser útil no planejamento de intervenções para melhorar a gestão de medicamentos entre os pacientes e sua família. Adolescentes expressa desafios com aspectos práticos de tomar a medicação, enquanto os pais estavam mais focados em medicamentos que são necessários para a sua saúde. 36 5. DISCUSSAO Nas buscas realizadas constatou-se uma lacuna significativa na produção de conhecimentos relacionados ao tema dessa revisão, o que aponta a necessidade de realização de pesquisas primárias sobre o assunto. Para dar conta do objetivo estabelecido testaram-se inúmeros descritores relacionados à temática proposta, tais como: emoções, transplante de rim, relação enfermeiro-paciente, adolescente, ambulatório hospitalar. Como não foram suficientes para identificar os artigos para a base de dados da pesquisa, adicionamos outros: cooperação do paciente, saúde mental e qualidade de vida. Com essa nova busca, ampliamos a amostra final para nove artigos. Apesar de o adolescente ser prioridade para atenção e pesquisa na área de saúde e nos últimos anos ter crescido o número de transplantes, pesquisas sobre o tema “apoio emocional ao adolescente” são escassas. Provavelmente, reflexo da falta de atenção dos profissionais de saúde às necessidades de apoio emocional do adolescente transplantado na fase pós-transplante. Também merece atenção o fato de esta revisão apresentar 66 % dos artigos com método qualitativo. Esses estudos embora não garantam validação da prática clínica, demonstram a importância de obtenção de dados a partir de técnicas mais abrangentes e singulares para compreensão dos aspectos subjetivos. Chama-nos também a atenção, que mesmo após ter expandindo a busca com outros descritores, não localizamos publicações em periódicos nacionais a cerca do tema. Os países de origem dos artigos encontrados foram: Estados Unidos da América (4), Holanda (3), Austrália (1) e Alemanha (1). Importante notar, que mesmo na Espanha, país considerado o maior transplantador de órgãos do mundo, não encontramos publicação relacionada ao tema apoio emocional aos adolescentes transplantados. Vale ressaltar, que em um dos artigos de nossa amostra, revelou-se a inexistência até de serviço/programa específico para acompanhamento do adolescente transplantado no país. Com base nos artigos encontrados foi possível organizar os dados a partir das seguintes categorias de análise: Adesão ao tratamento – desafio para o ambulatório de transplante e especificidade do adolescente (5 artigos); Adesão ao tratamento – desafio para o ambulatório de transplante e especificidade do adolescente (5 artigos); Atenção à saúde mental e qualidade de vida de adolescentes transplantados: bases para o apoio emocional pelos enfermeiros( 4 artigos). 37 1-ADESÃO AO TRATAMENTO – DESAFIO PARA O AMBULATÓRIO DE TRANSPLANTE E ESPECIALIDADE ADOLESCENTE. A adesão ao é um dos principais desafios do ambulatório de transplante, haja vista que a adesão é baixa e diminui ao longo do tempo, posto que a resposta emocional ao transplante diminua significativamente ao longo do tempo (MASSEY et al, 2015). Esse aspecto é crucial, pois sem o uso continuo da medicação o paciente acaba por perder o órgão transplantado, o que pode levar a morte, à volta para hemodiálise e ou a necessidade de um novo transplante. A atitude é um comportamento ditado por uma disposição interior que pode ser orientada com auxílio profissional. Williams et al (2014) descreve como fatores que contribuem para a baixa adesão – atitudes pessoais em relação à tomada de medicação e o esquecimento. Nesse sentido, podemos afirmar que o enfermeiro tem importância significativa no processo de adesão ao tratamento, colaborando dessa forma para o êxito do transplante e, sobretudo da qualidade de vida do adolescente transplantado. O estudo de Zelikovsky; Dobson e Norman (2011) destaca que adolescentes mais jovens apresentam maior preocupação com a nocividade medicação e dificuldades, particularmente para problemas práticos, incluindo o esquecimento, organização e coordenação. Seu estudo aponta que os pacientes mais jovens têm dificuldade inclusive com o gosto e tamanho do remédio e que isso interfere no processo de adesão. Há também a preocupação que a medicação possa ser prejudicial para o organismo. De fato, os imunossupressores e demais medicações coadjuvantes ao transplante possuem efeitos colaterais e prejudiciais a saúde, podendo esses efeitos afetar inclusive a própria perda do órgão transplantado. A família é um elemento chave para a adesão e sua participação é determinante. Entretanto, estudo realizado por Gilleland et al (2012) mostra que há forte relação entre o aumento da responsabilidade do adolescente e a diminuição no envolvimento dos pais com o seu tratamento, mostrando a importância do envolvimento e autonomia do adolescente relacionada ao controle da medicação e demais necessidades de saúde. 2-ESTRATÉGIAS DE NÍVEL AMBULATORIAL PARA A ADESÃO AO TRATAMENTO DO ADOLESCENTE TRANSPLANTADO 38 A resposta emocional do paciente ao transplante é decisiva para adesão ao tratamento e a continuidade da vida e da qualidade de vida do paciente. Desta forma, a ação dos profissionais de saúde deve estar orientada para o apoio emocional a estes. Promover a motivação do paciente para estabelecer objetivos visando à adesão ao tratamento em conjunto com outros objetivos pessoais é um alvo potencial para intervenções (MASSEY et al, 2015). Williams et al (2014) apontam algumas estratégias que podem melhorar a adesão ao tratamento, incluindo intervenções lideradas pela enfermeira – trabalho colaborativo com o paciente a partir do conhecimento de sua rotina, limitações e potencialidades com vistas a oferecer e construir soluções para os problemas enfrentados. Como o controle excessivo dos pais sobre os cuidados com a saúde e adesão ao tratamento pelo adolescente acaba sendo prejudicial ao seu tratamento. Gilleland et al (2012) aponta como estratégia que os profissionais de saúde devem ajudar os pais a diminuir o seu envolvimento e ao mesmo tempo incentivar a adesão do adolescente na responsabilização quanto à própria saúde. Visando aproximar os cuidados de saúde, adesão ao tratamento e acompanhamento das necessidades de comunicação Kreuzer et al (2014), desenvolveu aplicativos de smartphones para a comunicação da equipe de saúde com os pacientes adolescentes transplantados. O que representa uma inovação no sentido da aproximação do profissional de saúde-paciente. O transplante é uma condição que requer do serviço de saúde pronta resposta em face das demandas e necessidades do paciente. 3-ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DE VIDA DE ADOLESCENTES TRANSPLANTADOS: BASES PARA O APOIO EMOCIONAL Todo paciente com doença crônica pode sentir-se deprimido, apresentar ansiedade e medos. O apoio emocional ao paciente transplantado pelo profissional de saúde é fundamental para os pacientes vencerem o medo e adotarem uma atitude positiva relacionada a sua condição de saúde (ABTO, 2004). Os pacientes transplantados experimentam uma ampla gama de emoções positivas e negativas relacionadas ao processo de transplante, em particular, a culpa, gratidão e medo. Não só as limitações físicas, mas também as condições físicas estão relacionadas com a experiência de emoções negativas (SCHIPPER et al, 2014). Os pacientes também buscam por si mesmos estratégias de enfrentamento adaptativas para ajustar a vida após o transplante, como por exemplo: definir 39 prioridades diferentes, fazendo as próprias escolhas, tentando manter o controle, cuidando bem de si mesmo e apreciando outros aspectos da vida (SCHIPPER et al, 2014). A adaptação a uma doença crônica é um processo físico, psicológico e social. A atenção da equipe de saúde a percepção subjetiva do paciente sobre seu estado de saúde pode ser determinante para alcançar o melhor meio de intervenção e melhorar a sobrevivência dos pacientes (FRUCTUOSO et al, 2011). Os adolescentes, embora vulneráveis, são mais sensíveis a uma abordagem da Qualidade de Vida do que os transplantados adultos, percebendo os benefícios do transplante em relação à diálise e sua responsabilidade para com a saúde. As razões que fundamentam e colaboram com essa adesão são: a aceitação da doença renal e transplante, benefícios percebidos de ser um receptor de transplante, satisfação com a vida (TONG et al, 2011). O apoio emocional e cognitivo adequado pode melhorar a qualidade de vida global do adolescente, diminuindo ansiedade e medo. O paciente transplantado convive com a ansiedade sobre os resultados dos exames de sangue e o medo de diálise (TONG et al, 2011).. O apoio à familia do adolescente transplantado é fundamental. Segundo ReedKnight et al (2013), os pais se interesseam por apresentações e discussões em grupo sobre como ajudar seus adolescentes a tornare-se mais independentes e responsáveis, bem como para a ajudar a si próprios. A maioria dos pais entende que o acompanhamento do serviço de saúde mental pode ser uma maneira de melhorar a qualidade de vida de seu filho e de sua família após o transplante. Conhecer a doença, aceitá-la e aprender a lidar com ela facilita o tratamento, assim como a realização de exercícios de relaxamento ajuda a diminuir o estresse decorrente dessa condição de saúde (ABTO). Nesse sentido, o enfermeiro pode desenvolver inúmeras ações de educação em saúde. Segundo Cesarino (1998) levantar previamente os conhecimentos e as experiências do paciente renal crônico, facilita a compreensão das reais necessidades de aprendizagem desses pacientes, orientando a adoção da melhor estratégia e do mais adequado conteúdo para implementar uma ação de intervenção eficaz do enfermeiro. 40 6. CONCLUSÃO Não foram encontrados artigos relacionados ao o apoio emocional ao adolescente transplantado renal no ambulatório hospitalar. Todos os artigos relacionados ao tema e incluídos na amostra da pesquisa são estrangeiros, o que mostra um déficit de pesquisas nacionais a cerca da temática das emoções em transplante, apesar de sua relevância. O transplante renal representa o primeiro lugar em número absoluto de cirurgias realizadas no Brasil e esses procedimentos, em sua maioria, são realizados na rede pública de saúde. Isso envolve um investimento financeiro considerável desde o diagnóstico até terapia imunossupressora. Em última análise, podemos concluir que a falta de estudos sobre os aspectos que envolvem o cuidado do enfermeiro ao adolescente após a cirurgia, vai contra o investimento inicial do tratamento, considerando que o estilo de vida após o transplante requer um cuidado diferenciado. Buscar o conhecimento através da pesquisa é primordial para tentar responder a questionamentos e assim, buscar ações eficazes para determinado assunto. Desconhecendo as necessidades e demandas dos adolescentes não é possível planejar intervenções úteis para o cuidado em saúde, logo, é necessário que o enfermeiro enquanto promotor da saúde reflita sobre a importância do apoio emocional dado ao adolescente que passa pelo transplante. Este estudo buscou contribuir para a divulgação da necessidade de apoio emocional ao paciente adolescente transplantado e embora os artigos encontrados apenas tenham tangenciado a questão, foi possível verificar a relevância desse tido de apoio para o sucesso do transplante - que não se restringe ao êxito cirúrgico, mas, sobretudo, a sobrevivência do paciente e o aumento de sua qualidade de vida. Com base nos artigos analisados compreendemos que o apoio emocional ao paciente encontra-se atrelado a processos educativos, uma vez que conhecer melhor a condição de saúde e a enfermidade pode gerar alívio da pressão emocional interna do paciente. Posto isso, recomenda-se ampliar o processo de ensino-aprendizagem das emoções em saúde desde a graduação em enfermagem, para que a partir do desenvolvimento de uma ação educativa crítica e criativa por parte dos enfermeiros os adolescentes beneficiem-se de cuidados educativos de acordo com suas necessidades e 41 possibilidades de aprendizagem no período pós-transplante. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7.1 OBRAS CITADAS ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS (ABTO). Registro Brasileiro de Transplantes. Ano XVII – nº 2 - Janeiro / Junho 2011. 30f. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS (ABTO). Manual de Transplante Renal. São Paulo: Grupo Lopso de Comunicação Ltda, 2004. Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/manual_transplante_pos.pdf. Acessado em: 31 Jan. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:<http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2012/Ago/29/cartilha_dcn t_pequena_portugues_ingles.pdf> Acessado em: 26 Jan. 2016. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde/Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. 68 p. – (Série B. Textos Básicos em Saúde). BALISTIERI, Aline Schütz; TAVARES, Cláudia Mara de Melo. A importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica: uma revisão de literatura. Enfermería Global. v. , n.30, p.399-409, Abr. 2013. BERMUDEZ, Beatriz E. Bagatin V. et al. A adolescência de pacientes submetidos a transplante hepático. Adoles. e Saúde. Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 18-31, abr/jun 2001. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario-MPES/Downloads/v8n2a04.pdf. Acessado em: 29 Jan. 2016. BOMFIM, Zulmira Aurea Cruz; POL, Enric Urrutia. Affective dimension of cognitive maps of Barcelona and São Paulo.International Journal of Psychology: Environmental Perception and Cognitive Maps 40 (1), 37-50, 2005. CASASSUS, Juan. Fundamentos da educação emocional. Brasília: UNESCO, Liber Livro Editora, p. 204-205, 2009. CESARINO, Cláudia Bernardi; CASAGRANDE, Lisete Diniz Ribas. Paciente com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico: atividade educativa do enfermeiro. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeião Preto, v. 6, n. 4, p. 31-40, outubro 1998. 42 COSTA, Cassia Kely Favoretto; BALBINOTTO NETO, Giácomo; SAMPAIO, Luciano Menezes Bezerra. Efficiency of Brazilian States and the Federal District in the public kidney transplant system based on DEA (Data Envelopment Analysis) and the Malmquist index. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 30, n. 8, p. 1667-1679, Aug. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2014000801667&lng=en&nrm=iso>.Acessado em: 29 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00121413. DIOGO, Paula Manuela Jorge. Metamorfose da experiência emocional no acto de cuidar: o processo de uso terapêutico das emoções em enfermagem pediátrica., 2009, 228f., Tese(doutorado em enfermagem) Universidade Católica Portuguesa - Instituto de Ciências da Saúde, 2009, Lisboa, Portugal. ESPINOZA, Baruch de. Ética demostrada segun el orden geométrico. 140 p., Madri, Editora Nacional. Espanha, 1996. FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). Situação da Adolescência Brasileira 2011 - O DIREITO DE SER ADOLESCENTE - Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades. 182f. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf. Acessado em: 26 Jan. 2016. FONSECA, Paula Isabela Marujo Nunes. Emoções manifestas pela equipe multiprofissional de uma central de notificação, captação e doação de órgãos na entrevista familiar para doação de órgão(s) e tecidos. 2011, 158f. Dissertação(mestrado em ciências do cuidado em saúde). Universidade Federal Fluminense, Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, 2011, Niterói. FRUCTUOSO, Monica et al. Quality of life in chronic kidney disease. Nefrologia, v. 31, n. 1, p. 91-96, 2011. GILLELAND, Jordan et al. Getting ready to leave: transition readiness in adolescent kidney transplant recipients. Journal of pediatric psychology, v. 37, n. 1, p. 85-96, 2012. GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Ed.5, Rio de Janeiro. Objetiva, 1996, 372p. INSTITUTO NACIONAL DE CANCER JOSÉ DE ALENCAR GOMES DA SILVA. Estimativa 2014: Incidência de câncer no Brasil. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: INCA, 2014. KREUZER, Martin et al. The TRANSNephro-study examining a new transition model for post-kidney transplant adolescents and an analysis of the present health care: study protocol for a randomized controlled trial. Trials, v. 15, n. 1, p. 505, 2014. LIMA, Edina Brasileiro. Opinião do paciente com insuficiência renal crônica, submetido à técnica de auto-administração de medicamentos orais durante a hospitalização. São Paulo, 1989. 72p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfemagem de São Paulo, Universidade de São Paulo. MASSEY, Emma K et al. Discrepancies between beliefs and behavior: a prospective study into immunosuppressive medication adherence after kidney transplantation. Transplantation. V.99, n. 2, p.375-80, Rotterdam, the Netherlands, 2015. 43 MELO, E. C. P.; ROQUE, K. E.; TONINI, T..Pós-operatório de transplante renal: avaliando o cuidado e o registro do cuidado de enfermagem. Escola Anna Nery, v.11, n.3, Rio de Janeiro, set. 2007. MENDES, Karina Dal Sasso; SILVEIRA, Renata Cristina de Campos Pereira; GALVÃO, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto e contexto- enfermagem, v.17, n.4, p.758-764, Florianópolis, SC, 2008. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/tce/v17n4/18.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2014. NATIONAL KIDNEY FOUNDATION: KDOQI Clinical Practice Guideline and Clinical Practice Recommendations for Anemia in Chronic Kidney Disease: Update of hemoglobin target. Am J Kidney Dis.v.50, p.471-530, 2010. PESSOA, João Luis Erbs; SCHIRMER, Janine; ROZA, Bartira de Aguiar. Avaliação das causas de recusa familiar a doação de órgãos e tecidos. Acta paul. enferm., São Paulo , v. 26, n. 4, p. 323-330, 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010321002013000400005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002013000400005. PESTANA, Aline Lima et al . Lean thinking and brain-dead patient assistance in the organ donation process. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 258264, Feb. 2013 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342013000100033&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 29 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342013000100033. PINTO, Agnes Caroline Souza et al. Fatores de risco associados a problemas de saúde mental em adolescentes: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v.48, n.3, p.555-64, 2007. REED-KNIGHT, Bonney et al. Health-related quality of life and perceived need for mental health services in adolescent solid organ transplant recipients. Journal of clinical psychology in medical settings, v. 20, n. 1, p. 88-96, 2013. SANTOS, Gabriela Silva et al. Rede social e virtual de apoio ao adolescente que convive com doença crônica: uma revisão integrativa. Aquichan, Colombia. v.15, n. 1, p. 60-74.Mar. 2015. SAWAIA, Bader Buhiran. O sofrimento ético político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão p.97-118. In As artimanhas da exclusão: Análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. SCHIPPER, Karen et al. Sweet and sour after renal transplantation: A qualitative study about the positive and negative consequences of renal transplantation. British journal of health psychology, v. 19, n. 3, p. 580-591, 2014. SCHUTZ BALISTIERI, Aline; MARA DE MELO TAVARES, Claudia. A importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica: uma revisão de literatura. Enferm. glob., Murcia, v. 12, n. 30, abr. 2013 . 44 Disponível em: <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S169561412013000200019&lng=es&nrm=iso>. aAcessado em: 29 enero 2016. SCHWARTZ, Tatiane; VIEIRA, Renata; GEIB, Lorena Teresinha Consalter. Apoio social a gestantes adolescentes: desvelando percepções. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 5, p. 2575-2585, May 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232011000500028&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 29 Jan. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000500028. TONG, Allison et al. Quality of life of adolescent kidney transplant recipients.The Journal of pediatrics, v. 159, n. 4, p. 670-675. e2, 2011. VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. WILLIAMS, Allison Fiona et al. Medicine non-adherence transplantation.. Journal of renal care, v. 40, n. 2, p. 107-116, 2014. kidney ZELIKOVSKY, Nataliya; DOBSON, Tracey; NORMAN, Jessica. Medication beliefs and perceived barriers in adolescent renal transplant patients and their parents. Pediatric Nephrology, v. 26, n. 6, p. 953-959, 2011. 45 7.2. OBRAS CONSULTADAS AMPARO, Deise Matos et al. Adolescentes e jovens em situação de risco psicossocial: redes de apoio social e fatores pessoais de proteção. Estud. psicol, Natal. v.13, n.2,p.165-174:2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v13n2/09.pdf > Acesso em 13 Jun. 2015. ARAÚJO, Yana Balduíno et al. Enfrentamento do adolescente em condição crônica: importância da rede social. Ver. Bras. Enferm, Brasília. V.64, n.2. 2010 CORREA, Ana Paula Almeida; Brahm, Marise Márcia These; Teixeira, Carolina de Castilhos; Ferreira, Stephani Amanda Lukasewicz; Manfro, Roberto Ceratti;Lucena, Amália de Fátima; Echer, Isabel Cristina. Complicações durante a internação de receptores de transplante renal. Rev. Gaucha de Enfermagem;(3): 46-54, set. 2013. graf, tab. Artigo em Português | BDENF - Enfermagem | ID: bde26238.http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-26238 access on 05 June 2015. MACHADO, Elaine Leandro et al . Fatores associados ao tempo de espera e ao acesso ao transplante renal em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 12, p. 2315-2326, Dec. 2012. Available from <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2012001400010&lng=en&nrm=iso>. access on 18 June 2015.