Movimentação de discordâncias https://www.youtube.com/watch?v=Cyn-boIJq8A https://www.youtube.com/watch?v=y0Y5q5WqBu8 https://www.youtube.com/watch?v=9UeRrZFRe5k Ensaio de tração (com gráfico) https://www.youtube.com/watch?v=sKBOdB0x4gk UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA FALHA CMA – CIÊNCIA DOS MATERIAIS 1º Semestre de 2017 Prof. Júlio César Giubilei Milan FALHA Mecânica da Fratura Disciplina que trata do comportamento dos materiais que contêm trincas e outras pequenas descontinuidades. Importância – conhecer a máxima tensão que um material pode suportar, caso ele contenha descontinuidades de tamanho e geometria conhecidos. Tenacidade a fratura – medir a capacidade de uma estrutura com trincas suportar uma tensão aplicada. FALHA Fratura Separação de um corpo em duas ou mais partes em resposta a uma tensão imposta que possua natureza estática. Também pode ocorrer devido à fadiga e à fluência. O processo de fratura é normalmente súbito e catastrófico, podendo gerar grandes acidentes Envolve duas etapas: formação de trinca e propagação. Pode assumir dois modos: • Dúctil, • Frágil. FALHA Fig. – Navio tanque de óleo que fraturou de uma maneira frágil pela propagação de trincas ao redor do casco. FALHA Fratura dúctil • Em metais com boa ductilidade e tenacidade, a fratura dúctil ocorre normalmente de forma transgranular. • O material se deforma substancialmente antes de se fraturar. Pode haver estricção antes da fratura. • O processo se desenvolve de forma relativamente lenta à medida que a trinca propaga. • Este tipo de trinca é denominado estável porque ela para de se propagar a menos que haja uma aumento da tensão aplicada no material. • Em geral, são causadas por sobrecargas,que são aplicações de tensões muito elevadas ao material. FALHA Ouro puro Chumbo puro Fig. – (a) Fratura altamente dúctil na qual a amostra forma um pescoço até um único ponto. (b) Fratura moderadamente dúctil após algum empesçoamento. (c) Fratura frágil sem qualquer deformação plástica. FALHA Fig. – Estágios de uma fratura tipo taça e cone. (a) Empescoçamento inicial. (b) Formação de pequenas cavidades. (c) Coalescência de cavidades para formar uma trinca. (d) Propagação da trinca. (e) Fratura final por cisalhamento em ângulo de 45 ° em relação à direção de tração. (c)2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license. FALHA Fig. – Quando um material dúctil é tracionado, o empescoçamento se inicia e vazios se formam – próximos ao centro da barra – pela nucleação nos contornos de grãos ou inclusões. Com a continuidade da deformação, cisalhamento à 45° pode se formar, produzindo uma fratura do tipo taça e cone. Fig. – (a) Fratura do tipo taça e cone no alumínio. (b) Fratura frágil em aço doce.. (c)2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license. Fig. – Cavidades ‘dimples’ se formam durante a fratura dúctil. Cavidades equiaxiais se formam no centro, onde os microvazios coalescem. Cavidades alongadas, apontam a origem da falha formando cisalhamento FALHA (a) Fractografia eletrônica de varredura mostrando microcavidades esféricas “dimples”características de uma fratura dúctil que resulta de cargas de tração uniaxial. (b) Fractografia eletrônica de varredura mostrando microcavidades com formato parabólico características de uma fratura dúctil que resulta da aplicação de uma carga cisalhante. FALHA Fratura frágil • Ocorre em metais e ligas de alta resistência ou naqueles com ductilidade reduzida; • Metais normalmente dúcteis podem se fraturar de maneira frágil: • • • • Em baixas temperaturas; Seções muito espessas; Altas taxas de deformação (impacto); Na presença de grandes trincas superficiais. FALHA Fratura frágil • Ocorre sem deformação apreciável até se fraturar; • O início da trinca ocorre em pequenas descontinuidades superficiais que causam concentração de tensão; • O processo de propagação de trinca pode ser muito veloz, gerando situações catastróficas; • A partir de um certo ponto, a trinca é dita instável porque se propagará mesmo sem aumento da tensão aplicada sobre o material. FALHA Fratura frágil • Na maioria dos materiais cristalinos frágeis, a trinca frequentemente se propaga por CLIVAGEM – quebra de ligações atômicas ao longo de um plano cristalino específico. Transgranular → trinca da fratura passam através dos grãos. • Em algumas ligas, trincas se propagam ao longo dos contornos de grão → Intergranular (segregação de elementos químicos diferentes ou inclusões nos contornos de grãos → interface de baixa resistência →propagação intergranular) FALHA (a) Esquema do perfil da seção transversal mostrando a propagação da trinca através do interior dos grãos para fratura transgranular. (b) Fractografia eletrônica de varredura do fofo dúctil mostrando uma superfície de fratura transgranular. FALHA (a) Esquema do perfil da seção transversal mostrando a propagação da trinca ao longo dos contornos dos grãos para fratura intergranular. (b) Fractografia eletrônica de varredura mostrando uma superfície de fratura intergranular. FALHA PRINCÍPIOS DA MECÂNICA DA FRATURA • Fratura frágil de materiais normalmente dúcteis → necessidade de compreensão dos mecanismos da fratura. • → Mecânica da fratura → permite a quantificação das relações entre as propriedades dos materiais, o nível de tensão, a presença de defeitos geradores de trincas e os mecanismos de propagação de trincas. FALHA Concentração de tensão • A resistência à fratura de um material está relacionada com as forças de coesão que existem entre os átomos. • Resistência de coesão (teórica): da ordem de E/10 E – módulo de elasticidade • Na prática: E/100 a E/10.000; FALHA Concentração de tensão • Presença de defeitos ou trincas muito pequenos, microscópicos que sempre existem na superfície e no interior do corpo de um material; • Defeitos → fator negativo para a resistência a fratura → a tensão aplicada pode ser amplificada ou concentrada nas extremidades destes defeitos → concentradores de tensão. FALHA Concentração de tensão • Ocorre concentração de tensões em falhas microscópicas (microtrincas, vazios, superfícies arranhadas, cantos vivos etc); • Defeitos são conhecidos por fatores de concentração de tensões. • A MAGNITUDE DA AMPLIFICAÇÃO DEPENDE DA ORIENTAÇÃO, GEOMETRIA E DIMENSÕES DA MICROTRINCA Trinca com formato elíptico e perpendicular a tensão aplicada 1 a 2 m 0 1 2 e m - tensão máxima na extremidade da trinca e - raio de curvatura na extremid ade da trinca 0 Tensão nominal o tensão nominal (a) Geometria das trincas de superfícies e internas. (b) Diagrama esquemático do perfil de tensão ao longo da linha X-X’ em (a), demonstrando a amplificação de tensão nas extremidades da trinca. FALHA Para uma microtrinca longa com pequeno raio de curvatura 1 a m 2 0 e 2 ϭm muitas vezes o valor de ϭ0 Algumas vezes a razão ϭm/ϭ0 é conhecida por fator de concentração de tensões, Ke a m Ke 2 e e 1 2 Que é a medida do grau segundo o qual uma tensão externa é amplificada na extremidade de uma trinca. FALHA • A amplificação de tensão pode ocorrer em descontinuidades internas de dimensões macroscópicas (vazios, inclusões), em arestas vivas, ’arranhões’ e nos entalhes em grandes estruturas. • Efeito de um fator de concentração de tensões é mais significativo em materiais frágeis do que em materiais dúcteis. • Materiais dúcteis → distribuição de tensões mais uniformes na vizinhança do concentrador de tensões → fator de concentração de tensões máximo menor que o teórico. FALHA Considerando os princípios da mecânica da fratura 2 Es c a 1 2 γs - energia de superfície específica σc – tensão crítica necessária para propagação de uma trinca em um material frágil Material frágil → contém uma população de pequenas trincas e defeitos com diversos tamanhos, geometrias e orientações. FALHA Usando princípios da mecânica da fratura foi desenvolvida uma expressão que relaciona σc e a O fator de intensidade de tensão, K, é uma medida do carregamento mecânico em estruturas com trincas, é dado por: K Y a Unidade: MPa (m)-1/2 FALHA K Y a Y - é o fator geométrico depende do tamanho, geometria da trinca, da amostra e do modo de aplicação da carga (adimensional). A tensão na ponta de uma trinca tende a se “distribuir” na sua vizinhança. Isso pode ser representado pela equação: Grande espessura, f = 1 Trinca na superfície, f = 1,12 FALHA Conhecendo o fator de intensidade de tensão, K, é possível saber o quão próximo ele está do fator de intensidade de tensão crítico Kc que leva a fratura. Fator de intensidade de tensão crítico é definido como tenacidade à fratura, Kc Por definição, a tenacidade a fratura é uma propriedade que representa uma medida da resistência de um material à fratura frágil quando uma trinca está presente (unidades: MPa.m-1/2 ou psi.pol-1/2) Kc = K necessário para a propagação de uma trinca FALHA Em amostras finas, Kc depende da espessura da amostra Quando a espessura >>> dimensões da trinca ↓ Kc independente da espessura ↓ Condição de deformação plana ↓ Quando uma carga atua em uma trinca não existe nenhum componente de deformação perpendicular às faces anterior e posterior Kc = KIC -tenacidade a fratura em deform. plana FALHA (c)2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license. A tenacidade à fratura depende da espessura da amostra ou componente Influência da espessura na tenacidade à fratura Kc de um aço com limite de escoamento de 300.000 psi. Com o aumento da espessura, a tenacidade atinge um valor mínimo e constante, chamado tenacidade à fratura no estado plano de deformação KIC. Tenacidade a fratura KIC(MPam) FALHA Resistência f (MPa) Tenacidade à fratura em função do limite de resistência de materiais FALHA Com o aumento da espessura, a tenacidade à fratura Kc diminui até atingir um valor mínimo (constante) denominado tenacidade à fratura no estado plano de deformação, KIC, sendo identificada como uma propriedade do material. A magnitude de KIC diminui com o aumento da taxa de deformação e a diminuição da temperatura. FALHA Crítico KIC é constante para espessuras superiores à necessária para atingir o estado plano de deformação. Três modos de deslocamento da superfície da trinca. (a) modo I, modo de abertura ou tração; (b) modo II, modo de deslizamento; e (c) modo III, modo de rasgamento. FALHA Materiais frágeis → KIC ↓ Materiais dúcteis → KIC ↑ FALHA Tab. - Tenacidade a fratura no estado plano de deformação (K IC) de materiais FALHA A resistência de um material a propagação de uma trinca depende de vários fatores: 1) Trincas grandes reduzem a tensão máxima que pode ser aplicada. Redução do tamanho das descontinuidades melhoram a resistência a fratura; 2) A capacidade de deformação plástica é um fator crítico na utilização dos materiais. Nos metais dúcteis, a deformação torna a ponta da trinca rombuda reduzindo k evitando o crescimento da mesma. 3) Componentes espessos têm menor resistência á fratura que componentes mais finos feitos do mesmo material. FALHA A resistência de um material a propagação de uma trinca depende de vários fatores: 4) Alta taxa de deformação normalmente reduz a tenacidade à fratura do material. 5)O aumento da temperatura eleva a tenacidade à fratura. 6) Um tamanho de grão pequeno aumenta a tenacidade à fratura,enquanto defeitos localizados e alta intensidade de discordâncias reduzem a resistência à fratura. 7) A presença de tensão residual compressiva em materiais cerâmicos aumenta a resistência à fratura. FALHA Importância da mecânica da fratura A principal utilidade da mecânica da fratura na metalurgia é caracterizar aquelas ligas de ductilidade intermediária que podem sofrer falha catastrófica abaixo de seu limite de escoamento devido ao efeito de concentração de tensão dos defeitos estruturais Há três variáveis a se considerar: a propriedade do material (KIC), a tensão (σ) presente e o tamanho da trinca (a) Para a condição crítica de fratura, se duas dessas variáveis forem conhecidas, será possível determinar a terceira FALHA Importância da mecânica da fratura Seleção de material – se o tamanho máximo a da trinca e a tensão forem conhecidos, é possível selecionar um material com KIC para suportar o carregamento sem que a trinca se propague. FALHA Importância da mecânica da fratura Integridade estrutural – se o tamanho máximo de uma trinca e a tenacidade à fratura forem conhecidos, é possível calcular a tensão máxima suportada pelo componente. FALHA Importância da mecânica da fratura Método de fabricação ou de ensaio não destrutivo – se material foi selecionado, a tensão aplicada é conhecida e o tamanho do componente foi determinado, pode-se calcular o tamanho máximo tolerado de uma trinca. • O uso de um ensaio não destrutivo, capaz de detectar pequenas descontinuidades, garante que o material opere de forma segura; • Processo de fabricação adequado é possível limitar o tamanho das descontinuidades. FALHA Ensaios de Tenacidade a Fratura Diversos ensaios padronizados para medir a tenacidade a fratura • Nos EUA → ASTM (E561-05E1, E1290-08, E1820-08). • Procedimentos e configurações dos corpos de prova para a maioria dos ensaios são complicados. • Para cada tipo de ensaio o corpo de provas contem um defeito preexistente. O dispositivo aplica uma carga sobre o corpo de provas, em uma taxa especificada, e também mede os valores para carga e o deslocamento da trinca. Maioria dos ensaios para metais. FALHA Técnicas de ensaio por Impacto O ensaio de impacto é um ensaio dinâmico empregado para análise da fratura frágil de materiais. • Medida de energia absorvida pelo corpo de prova; • Não fornece informações seguras sobre o comportamento de toda uma estrutura em condições de serviço; • Permite a observação de diferenças de comportamento entre materiais que não são observadas em um ensaio de tração. FALHA Técnicas de ensaio por Impacto Resultados obtidos em laboratório para ensaios de tração (baixa taxa de carregamento) não poderiam ser extrapolados para prever o comportamento a fratura. Sob algumas circunstâncias, metais normalmente dúcteis fraturam de forma abrupta e com muito pouca ou nenhuma deformação plástica sob taxas de carregamento muito elevadas. FALHA As condições de ensaios de impacto são escolhidas para representar as condições mais severas em relação ao potencial de ocorrência de uma fratura, que são: 1.Deformação a uma temperatura relativamente baixa; 2.Taxa de deformação elevada; 3.Estado de tensão triaxial (que pode ser introduzido pela presença de um entalhe). FALHA Teste de impacto – CHARPY • Um martelo cai como um pêndulo e bate na amostra, que fratura. • A energia necessária para fraturar, a energia de impacto (tenacidade ao entalhe), é obtida diretamente da diferença entre altura final e altura inicial do martelo. Esquema de um equipamento para ensaio de impacto FALHA Teste de impacto – CHARPY Corpo de prova utilizado em ensaio de impacto Charpy e Izod. FALHA A principal função dos ensaios Charpy e Izod consiste em determinar se um material apresenta ou não uma transição dúctil-frágil com o decréscimo da temperatura e, caso apresente, em que faixa de temperaturas ocorre o fenômeno. FALHA TRANSIÇÃO DÚCTIL – FRÁGIL Fratura de cisalhamento (%) Energia de impacto (J) A transição dúctil-frágil está relacionada à dependência da absorção de energia de impacto medida em relação à temp. (curva A) Dependência com a temperatura da energia de impacto Charpy com entalhe em V (curva A) FALHA TRANSIÇÃO DÚCTIL – FRÁGIL • A ductilidade dos materiais é função da temperatura e da presença de impurezas. • Materiais dúcteis se tornam frágeis a temperaturas mais baixas. Isto pode gerar situações desastrosas caso a temperatura de teste do material não corresponda a temperatura efetiva de trabalho. • Para muitas ligas a transição dúctil-frágil ocorre numa faixa de temperatura. Ex: Os navios tipo Liberty, da época da 2ª Guerra, que literalmente quebraram ao meio. Eles eram fabricados de aço com baixa concentração de carbono, que se tornou frágil em contato com as águas frias do mar. FALHA TRANSIÇÃO DÚCTIL – FRÁGIL Ligas que possuem estrutura cristalina CFC (ligas a base de Al e Cu) permanecem dúcteis mesmo a temperaturas extremamente baixas. • Ligas CCC e HC experimentam a transição dúctilfrágil. • Sensíveis à composição e a microestrutura. • ⭣ Tamanho de grão → ⭣ Temperatura de transição; • ⭡ Teor de C → ⭡ Temperatura de transição; • Cerâmicos → temperatura de transição superior a 1000 °C. FALHA TRANSIÇÃO DÚCTIL – FRÁGIL Ligas CCC e HC experimentam a transição dúctilfrágil, CFC não. Isto ocorre em função dos diferentes sistemas de escorregamento vinculados a cada uma dessas estruturas cristalinas associados às atividades das discordâncias. Os fenômenos de geração, movimentação e recuperação de discordâncias em estruturas CFC ocorrem a níveis de tensão que em geral não são suficientemente elevados para romper ligações atômicas e conduzir a situações de ruptura por clivagem. FALHA TRANSIÇÃO DÚCTIL – FRÁGIL Temperatura (ºC) Aços com diferentes concentrações de carbono Aços com diferentes concentrações de manganês