SATISFAÇÃO HUMANA TELEMEDICINA DIANTE DOS RECURSOS DA Priscilla Campos Kuroda de CARVALHO; Enrique Viana ARCE Faculdade de Tecnologia de Americana RESUMO Este texto trata da contribuição dos avanços da Telemedicina no atendimento a pacientes localizados em regiões de difícil acesso e à procura incessante por informações entre profissionais de diferentes localizações. Telemedicina; Tecnologias associadas à Telemedicina; Medicina na Região Amazônica. ABSTRACT This text is about the contribution given by the Telemedicine advances in patient care, those who reside in isolated regions, also the incessant search for medical information among professionals from different locations. Telemedicine; Technologies linked with Telemedicine; Medicine in the Amazonian Region. Introdução Este artigo é um exercício de síntese do trabalho monográfico de conclusão do curso de Processamento de Dados da Faculdade de Tecnologia de Americana. Ele reúne pesquisas e conhecimentos sobre os recursos e as possibilidades oferecidas pela Telemedicina diante de determinadas realidades sociais econômicas encontradas na região Norte do Brasil, mais especificamente o Amazonas. Partimos do pressuposto de que a tecnologia de informação e comunicação, aliadas à ciência médica, tem contribuído para a melhoria contínua dos sistemas de saúde. A possibilidade de envio de dados, sinais e imagens à distância, bem como a monitoração remota permite que rapidamente essa transação seja realizada, sem que o médico e o paciente se desloquem, diminuindo o tempo entre um evento e o diagnóstico médico. Esses recursos também já são aplicados na educação à distância para integração de pacientes e profissionais de saúde. Essa medicina praticada à distância é nomeada Telemedicina. Existem diversas definições para esse campo, em nosso estudo utilizamos a da OMS (Organização Mundial de Saúde) que define a Telemedicina como “a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico: tais serviços são providos por profissionais da área de saúde, usando tecnologias de informação válidas para diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação de provedores de cuidados com a saúde, assim como para fins de pesquisas e avaliações; tudo no interesse de melhorar a saúde das pessoas e de suas comunidades” [16]. Fundamentos da Telemedicina A busca e a troca de informações médicas a distância não é um fenômeno recente. Para que essa realidade se materializasse, foi necessário percorrer um longo trajeto no itinerário do desenvolvimento científico. A primeira forma de exame indireta, direcionada a auscultação, ocorreu a partir da invenção do estetoscópio por Laennec no início do século XIX. Em 1852, Dr. George Camman de Nova York desenvolveu um estetoscópio com dois fones de ouvido e maior capacidade de reproduzir os sons do coração, bloqueando os sons externos [9]. Outra experiência americana registrada em um artigo de 1950 da revista Radiology, consistia na obtenção de diagnósticos a partir de facsimiles (que podem ser definidos como um meio de criar cópias exatas de um documento à distância) de roentgenografias transmitidas por fios de rádio ou telefônicos à distância. O princípio do equipamento utilizado foi um aperfeiçoamento de um instrumento utilizado na 2ª Guerra Mundial, um telégrafo com fios que transmitia fotos entre Washington e Anchorange no Alaska [9]. Ao final dos anos 50, os cientistas e engenheiros da NASA (National Aeronautics and Space Administration), desenvolveram pesquisas voltadas para o estudo dos possíveis efeitos fisiológicos nos astronautas, advindo da falta de gravidade nas viagens espaciais. Esse cenário permitiu, por fim, a realização de um sistema de assistência médica completa [9]. Muitas experiências contribuíram para a evolução da comunicação médica à distância e, conseqüentemente, através dos conhecimentos adquiridos, o desenvolvimento da busca pela comunicação adquiriu impulso, com o objetivo de baratear e viabilizar os recursos de telecomunicações para a saúde. No Brasil, as experiências de Telemedicina tiveram início na década de 90 tanto na área pública, quanto na área privada, além do âmbito em algumas universidades [9]. Nessa época, as operações da Telecardio, empresa especializada em realizar eletrocardiogramas à distância, e a empresa de serviços InterClínicas, começaram a oferecer aconselhamento via telefone [9]. Outro serviço na área da Telecardiologia foi criado em 1995 pela Incor de São Paulo, chamado ECG-FAX. A função desse serviço era oferecer a análise de eletrocardiogramas enviados por fax de outras localidades para serem analisados por médicos do Incor. Nesse mesmo ano, a Rede Sarah iniciou o programa de videoconferência, unindo sua rede de hospitais do aparelho locomotor com programas de troca de informações clínicas [9]. Em 1997, foi criado o Hospital Virtual Brasileiro pela Unicamp, os lançamentos dos sites do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - FMUSP (HCNet), e do Saúde Total, foi uma parceria entre docentes da FMUSP e a IntecSystem Tecnology [9]. Um ano rico em acontecimentos foi 1998, pois, a disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), junto com o Laboratório de Investigação Médica, iniciou suas atividades. Outro fato foi da criação da Rede Nacional de Informações em Saúde (RNIS). Ainda nesse ano o Instituto do Coração do Triângulo implantou um programa para interpretar eletrocardiogramas à distância, e o Incor ofereceu um serviço de ECG pela Internet2 [9]. Em 1999, o Hospital Sírio Libanês de São Paulo criou o primeiro Programa de Telemedicina do Brasil, conectando essa instituição com hospitais de todo o mundo. Inicialmente, o Programa se preocupou com o aconselhamento genético para pacientes com risco de câncer [7]. Já em 2000, foi realizado a primeira Telecirurgia guiada por robô do Hemisfério Sul, em um paciente do Sírio-Libanês e uma microcâmera manipulada por um cirurgião em Baltimore (EUA). Os avanços prosseguiram, em 2001, foi inaugurado o Centro de Treinamento e Simulação utilizando um robô computadorizado que reage a procedimentos médicos. E por fim, em 2008, houve a expansão e inauguração do novo Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em sintonia com os mais avançados centros do mundo [7]. A partir de 2000, a telemedicina espalhou-se por algumas regiões do Brasil, aproveitando e dividindo experiências no sentido de obter melhores resultados a partir dos últimos avanços tecnológicos oferecidos à época. A Telemedicina no Amazonas Inicialmente, é importante frisar que escolhemos abordar nosso tema na região amazônica em função de sua situação geográfica, condição de impacto quando se trata de assistência médica numa região externa pouco povoada e de difícil acesso. A Amazônia Brasileira é uma área de 5,2 milhões de habitantes, constituída por 1/3 de florestas tropicais com extensa diversidade de fauna e flora e uma das maiores bacias de água doce do planeta [4]. A Floresta Amazônica é dotada de gigantesca malha hidrográfica, deficiente de rede rodoviária, com elevados índices de umidade, pluviosidade e risco constante de enfermidades tropicais. Essas adversidades afetam diretamente no desempenho do homem e de suas construções, já que a deteriorização de instalações e mantimentos é uma ameaça constante [4]. O Exército Brasileiro está presente na Amazônia desde o início do século XVII, e continua implantando pólos de desenvolvimento, com o objetivo de formar núcleos habitacionais garantidores da soberania brasileira naquele território [4]. Nessa instituição seu serviço de saúde é constituído por um sistema coordenado, racionalizado e hierarquizado de saúde, interligado pela Telemedicina [4]. As Seções de Saúde dos Pelotões Especiais de Fronteira constituem a porta de entrada nesse sistema. Nessas seções prevalecem as ações preventivas de saúde, particularmente quanto a: educação sanitária; pré-natal e vigilância ao parto normal; verificação do crescimento da criança e do desenvolvimento do adolescente; a profilaxia de doenças transmissíveis e a cárie dental [4]. Os hospitais gerais e os de guarnição acolhem os enfermos mais graves, dando prosseguimento à sua recuperação ou translado até o Hospital Central do Exército. É importante observar que, os profissionais de carreira devem passar pela Escola de Saúde do Exército, no Rio de Janeiro para poder atuar naquela região [4]. No aprimoramento desses cenários podemos destacar a Escola de Saúde do Exército, encarregada da formação de pessoal de Saúde; o Instituto de Biologia do Exército, que cuida das pesquisas biológicas e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, responsável pela produção e manipulação de medicamentos [4]. A estrutura é complementada pelo Fundo de Saúde do Exército que efetua contratos e credenciamentos com organizações civis e de profissionais autônomos da área da Saúde [4]. Pólo de Telemedicina na Amazônia O Pólo de Telemedicina da Amazônia foi criado, no final de 2004, a partir de um convênio entre a disciplina de Telemedicina ministrada na Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) com o apoio do Conselho Federal de Medicina e SIPAM/SIVAM (Sistema de Proteção da Amazônia/Sistema de Vigilância da Amazônia) [15]. A implantação da tecnologia de comunicação, contou com a participação de iniciativas governamentais e privadas. Chao Lung Wen, médico, professor e coordenador geral da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, acredita que, diferente do contexto americano, “A Telemedicina é uma forma de gerar a Cadeia Produtiva de Saúde associada a uma estratégia de Logística para prover a melhoria de qualidade de vida ou bem estar, usando tecnologia. A cadeia produtiva significa abordar desde a prevenção, passando pelo atendimento e segunda opinião especializada, avançando até a reintegração social de pacientes com seqüelas de doenças, como por exemplo, pessoas com derrame cerebral” [15]. Para esse cientista a Telemedicina se enquadra no ato de educar os alunos sem invadir a privacidade do paciente, isto é, primeiramente, os médicos precisam saber como utilizar essa tecnologia para, posteriormente, implantá-la nos locais de acompanhamento clínico dos pacientes. Dessa forma, segundo ele, 25 alunos, por exemplo, conseguem acompanhar a aula sem deixar o paciente constrangido [15]. Inovações na área médica No Estado do Amazonas, dados recentes afirmam que existem apenas 2,4 mil médicos, sendo que 2,1 mil estão na capital, enquanto apenas 300 têm que prestar assistência ao restante do estado. Outro problema, é que dos 5.646 municípios brasileiros, 1,5 mil simplesmente não possuem médicos. Para equilibrar essa situação e melhorar condições de vida dos moradores residentes longe dos centros urbanos, as tecnologias aplicadas à Telemedicina disseminam constantemente para atender essas comunidades isoladas [13]. Nos últimos anos, nas diversas Organizações Militares de Saúde, foram criados serviços de neonatologia, unidades de tratamento intensivo, unidades coronarianas, centros de recuperação cardiológica, entre outros. Também foram adquiridos equipamentos de tecnologia de ponta, capacitando as organizações militares de saúde (OMS) a realizar microcirurgia oftalmológica, tomografia computadorizada, ultra-sonografia, endoscopia, densitometria óssea, ressonância magnética e medicina nuclear. O avanço tecnológico permitiu ainda, o uso da Telemedicina na elaboração de diagnósticos à distância [13]. Em outubro de 2006, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com o apoio da Faculdade de Medicina da USP e do Conselho Federal de Medicina, inaugurou o Centro de Tecnologia (CETEC), para a prática da Telemedicina na região. Esse centro agrega uma infra-estrutura com tecnologias e soluções para o tratamento e educação das populações na prevenção de doenças à distância [13]. É importante comentar que os profissionais e médicos são orientados por especialistas quando necessário, e seu trabalho é aperfeiçoado durante o atendimento ao paciente, buscando informações à distância através de tecnologias de comunicação disponíveis [13]. O Serviço de Saúde do Exército atende, anualmente, mais de cinco milhões de beneficiários [13]. Aspectos Ético-legais A medicina, como ciência, foi a que menos se beneficiou em relação à tecnologia de comunicação, afirma Roberto Luiz D´Avila (2003). Para esse autor, a Ética e o Direito ainda não definiram, por exemplo, a melhor forma de segurança, especialmente em relação à privacidade das informações, ao sigilo profissional e à responsabilidade do médico assistente e do plantonista na central de atendimento e transmissão de dados [2]. De acordo com a Declaração de Tel-Aviv, adotada pela 51ª Assembléia Geral da Associação Médica Mundial em Tel Aviv, Israel, outubro de 1999, no entanto, "independente do sistema de Telemedicina que utiliza o médico, os princípios da ética médica, a que esta sujeita mundialmente a profissão médica, nunca devem ser comprometidos” [5]. Nesse sentido, consideramos que, apesar de haver questões a serem resolvidas, a possibilidade da utilização e expansão da Telemedicina permite o acesso por parte da população carente dos benefícios da Telemedicina, assim como, o oferecimento de uma educação médica à distância entre profissionais e a ampliação do relacionamento entre médicos e pacientes. É importante observar que, a relação presencial médico-paciente precisa ser mais bem definida, já que entre eles existirá a presença da máquina e informações sigilosas que devem ser mantidas por mecanismos de total segurança. Outro aspecto importante refere-se à difícil substituição daquele tipo de relação, já que a confiabilidade prevalece na relação física-humano [6]. Nesse contexto, concordamos com Genival Veloso de França (2007) quando afirma que é necessária a regulamentação das normas de conduta com o objetivo de respeitar a dignidade humana, mesmo diante de recursos tecnológicos avançados, levando em consideração a necessidade da presença física do médico junto a seu paciente periodicamente [6]. Aplicações da Telemedicina Essa tecnologia tem sido aplicada em muitas especialidades da medicina convencional (adiciona-se o prefixo “Tele” junto ao nome das especialidades, indicando o uso da Telemedicina), com distintos níveis de maturação e desenvolvimento para cada área. Trata-se da Telerradiologia, Telepatologia, Teledermatologia, Teleoftalmologia e Telecirurgia [14]. A Telerradiologia e a Telepatologia apresentam-se como as duas especialidades mais aplicadas dentro da Telemedicina atualmente, já que na maioria das vezes trabalham diretamente com diagnósticos através de imagens [14]. Já a Teledermatologia e a Teleoftalmologia são definidas como “em fase de maturação”. Acredita-se que estas aplicações ainda não tenham alcançado uma maior aceitação devido à falta de padrões tecnológicos e em virtude de protocolos clínicos não terem sido desenvolvidos, testados e disseminados [14]. Dentre as especialidades que estão em desenvolvimento, está a Telecirurgia. Este fato é determinado pela combinação de três condições: aplicações recentes, limitações de pesquisa e aceitação limitada por parte de profissionais da área. A Telecirurgia possui muitas barreiras a serem transpostas até que se atinja um nível de maturação satisfatório. Isso se deve, principalmente, às exigências tecnológicas, incluindo robótica, transmissão em banda larga confiável, bem como habilidades necessárias por parte dos profissionais que atuarão nestes procedimentos à distância, de forma que estes sejam conduzidos com eficiência e segurança [14]. Tecnologias associadas à Telemedicina As três principais tecnologias associadas à Telemedicina são: Store and Forward Essa tecnologia consiste no armazenamento e envio da informação à distância. É utilizada tipicamente em situações de não emergência, quando o diagnóstico ou consulta pode ser feito nas próximas 24 horas - 48 horas. Exemplo: Qualquer comunicação assíncrona entre dois profissionais de saúde através de e-mails com envio de mensagens, ou sintomas para elaboração de diagnóstico ou consulta [12]. Two - way Interactive Television (IATV) Conhecida como videoconferência. Essa tecnologia consiste na comunicação em tempo real entre dois ou mais intervenientes na prática clínica [1]. No âmbito da educação, uma das soluções que tem apresentado melhor desempenho e qualidade são os sistemas de videoconferência, que garantem um bom nível de interatividade, compartilhando áudio e vídeo em tempo real [1]. Sistemas como esse tem diminuído seu valor e complexidade, e estudos para a implantação de uma ferramenta informatizada para coleta e análise de resultados permite a otimização do tempo, facilita o acesso, padroniza informações e confere mais qualidade aos resultados. Um exemplo real dessa fase de implantação ocorre na Rede de Núcleos de Telessaúde (NUTES) de Pernambuco [1]. Robótica No início da década de 80, os primeiros sistemas robóticos foram desenvolvidos e dirigidos para área da neurocirurgia, quando um robô industrial foi usado para segurar os instrumentos numa biópsia estereostática [11]. Esta possibilidade atraiu os militares norte-americanos, que iniciaram o desenvolvimento de robôs visando atender soldados em batalhas, mediante controle remoto pelo médico [11]. Os robôs de utilização cirúrgica podem ser classificados por diversas formas. A mais prática delas divide-se em duas categorias: passivos e ativos [11]. Um robô "passivo" é utilizado para posicionar o instrumento fixo e depois é desligado, já que são úteis nas cirurgias que dependem mais da produção de imagem. A imagem gerada é estável, tendo em vista a firme fixação do endoscópio pelo robô. Sistemas como AESOP, Fips Endoarm e Endoassist estão disponíveis atualmente para essa categoria [11]. O robô "ativo" é capaz de mover instrumentos utilizados na cirurgia, eliminando o tremor natural das mãos e aumentando a precisão cirúrgica. O cirurgião manipula a mão eletrônica através de um Telemanipulador, que captura os movimentos controlando o robô em um conceito chamado de Mestre-Escravo. Os sistemas ZEUS e Da Vinci são exemplos desse tipo de robô, sendo que o modelo Da Vinci é mais utilizado em cirurgias robóticas Totais [11]. Podemos perceber então, que a grande vantagem resulta em uma ampliação da qualidade e segurança nas cirurgias, já que há uma transparência visual satisfatória, isto é, o mapeamento correto entre o cirurgião que observa e manipula os movimentos a partir do console até o campo cirúrgico [11]. Buscando a melhoria da performance das tecnologias citadas, foram desenvolvidas outras ferramentas afim de solucionar problemas como lentidão e escassez de qualidade. Abaixo citaremos alguns exemplos: Internet 2 A Internet 2 é uma iniciativa norte-americana, e envolve cerca de 150 universidades e outras instituições dos Estados Unidos. O Brasil, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e da Rede Nacional de Pesquisas (RNP), acertou sua participação no projeto durante a visita do presidente Bill Clinton em 1997, lançando imediatamente um edital para a criação de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (Remavs) em diversas regiões do país [10]. A primeira interligação entre redes de alta velocidade, centrada no Estado de São Paulo, ocorreu em Agosto de 2001, entre Unicamp e USP, utilizando-se um enlace de fibra óptica da Telefônica capaz de operar a 2,5 gigabits por segundo [10]. Segundo Marçal dos Santos (2001), a velocidade impressiona, já que a transmissão de vídeo com boa definição, igual a TV comercial (tela inteira de um PC e 30 quadros por segundo), trará um benefício inestimável à medicina. Esse autor exemplifica que "no atendimento a um acidentado, uma câmara na ambulância permitirá ao médico especialista antever os procedimentos de urgência a serem aplicados ao paciente” [10]. DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) A utilização de PACS (Picture Archiving and Communications System), integrado em redes de telemedicina, é uma tecnologia que auxilia em diversas tarefas e execução de atividades como compartilhamento de informações de exames através de portais web para a elaboração de diagnósticos [8]. Percebendo a necessidade de padronizar os diversos fabricantes de PACS, foi definido o padrão DICOM, sendo reconhecido internacionalmente e aceito para o desenvolvimento desse tipo de aplicação [8]. A DICOM iniciou o desenvolvimento na década de 80, e ainda segue grande parte dos conceitos tecnológicos existentes na época, não evoluindo na área de comunicação de dados [8]. Telemedicina Via Satélite A combinação de uma Estação de Trabalho para aplicação TeleMédica Via Satélite (Hardware) com um software de comunicação de vídeo, estabelece comunicações entre centros médicos e permite a troca de informações de dados clínicos [3]. O hardware WOTESA (Workstation for Telemedical Application via satellite) com o software WinVicos (Wavelet based Interactive Video Communication System) resulta num Sistema Interativo de Comunicação de Vídeo baseado em ondas curtas [3]. O WinVicos foi projetado e desenvolvido para várias aplicações telemédicas pela Unidade de Pesquisa Cirúrgica OP2000, Clínica Robut-Roessle / Hospital Charité em Berlim [3]. Através desse sistema é possível transmitir sinais de vídeo, imagens e áudio em tempo real [3]. Conclusão No decorrer das pesquisas, percebemos a necessidade de conhecer diversos conceitos da Telemedicina e encontramos definições variadas e relacionadas ao interesse de cada entidade. É importante observar que todas as definições possuem um único objetivo: a satisfação humana dos envolvidos. Através das pesquisas, ficou claro que devido às transformações decorrentes da evolução da Telemedicina, podemos designar esses avanços como Revolução, já que a transformação na Região Amazônica foi radical na qualidade do atendimento em regiões de difícil acesso. Percebemos que problemas relacionados à distância, necessidades de receber atendimento médico em sua própria moradia, implantação de equipamentos inadequados nos Hospitais Gerais e escassez de profissionais especializados, podem ser facilmente solucionados com recursos da Telemedicina e fundos de investimento disponibilizados pelo governo. Outro aspecto importante que vale ressaltar, é referente ao relacionamento presencial entre o médico e paciente que, ainda precisa ser mais bem definido nas normas de conduta, já que faz prevalecer a confiança entre os envolvidos e transparecer a segurança nas tomadas de decisões dos profissionais que observam seus pacientes periodicamente. Dessa forma, o uso de telecomunicações e tecnologias associadas à Telemedicina, possibilitam cuidados clínicos, levantamento, armazenamento e disseminação das informações relacionadas à saúde a fim de obter alta qualidade e segurança na troca de informações entre as aplicações médicas. Outro ponto abordado, foi o fato de que na região Amazônica, foi criado um Pólo de Telemedicina para atendimento dos setores acadêmicos a fim de desenvolver uma medicina à distância de boa qualidade. Nesse cenário, podemos ressaltar o fato das inovações tecnológicas referente à Telemedicina terem sido constantes, já que, dados recentes, afirmam a escassez de médicos nessa região. Nesse sentido, podemos nos aproximar de uma conclusão, afirmando que, depois de implantada as práticas da Telemedicina na região Amazônica, mais de cinco milhões de pessoas são beneficiadas anualmente e por esse motivo tem se diminuído o tempo entre um evento e o seu diagnóstico médico, enriquecendo assim o aprendizado à distância entre os profissionais da saúde [13]. Referências Bibliográficas [1] CRUZ, E. L., MELLO, M. R., ALVES, D. S., ARAÚJO, L. A., ROSA, G. C., BANDEIRA, T. V., et al. (2005). Proposta de Instrumento para Acompanhamento e Avaliação de Sessões de Capacitação por Videoconferência. Grupo de Tecnologias de Informação em Saúde (TIS), Núcleo de Telessaúde (NUTES), Hospital das Clínicas (HC), Universidade Federal de Pernambuco(UFPE) . Disponível no site: < http://www.sbis.org.br/cbis/arquivos/514.pdf > Acessado em 21 de março de 2008 às 19h31min. [2] D’AVILA, R. L. (18 de 11 de 2003). Responsabilidades e Normas Éticas na Utilização da Telemedicina. 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