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Semana 3
Lara Rocha
(Debora Andrade)
CRONOGRAMA
10/02
Os pré-socráticos e
os sofistas
09:15
19:15
24/02
Filósofos da
tradição
9:15
19:15
Filósofos da
tradição
Sócrates, Platão e
Aristóteles
01. Resumo
02. Exercícios de Aula
03. Exercícios de Casa
04. Questão Contexto
24
fev
RESUMO
mudança, da transformação. No entanto, por que
Platão nomeia este mundo de habitamos de mundo sensível? Exatamente porque nós apreendemos
esse mundo através de nossos sentidos, ou seja, nós
percebemos as coisas desse mundo por intermédio
dos cinco sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audiPlatão, Sócrates e Aristóteles
ção). Mas e o que é, então, o mundo inteligível para
Platão?
Sócrates
O mundo inteligível ou mundo das ideias ou mundo
ao nosso Intelecto e não aos nossos sentidos, que
pensador do período clássico da filosofia grega anti-
nada mais é do que o mundo do conhecimento ou
ga e é considerado o pai da filosofia. Sócrates acre-
da sabedoria. É contemplando as ideias do mundo
ditava na superioridade da língua oral sobre a língua
inteligível através de nossa alma que podemos co-
escrita, ou seja, considerava que o conhecimento
nhecer as coisas. Assim, o mundo inteligível é com-
deveria ser construído sempre através do diálogo.
posto de ideias perfeitas, eternas e imutáveis, que
Diferentemente dos sofistas, Sócrates acreditava
podemos acessar através da nossa razão. Um exem-
que era possível encontrar o conhecimento verda-
plo: a Forma ou ideia de cadeira existe no mundo das
deiro, através da diferenciação entre a mera opinião
ideias como um conceito que temos acesso através
(doxa) e a verdade (episteme).
de nosso Intelecto. É por isso que quando observamos uma cadeira particular (material) no mundo
A genialidade do seu pensamento pode ser compre-
sensível, nós a identificamos como cadeira, dado
endida, em linhas gerais, se atentarmos para o mé-
que acessamos a ideia ou conceito de cadeira que
todo socrático, que é composto de dois momentos
existe no mundo inteligível.
principais: A ironia e a mauêutica. A ironia pode ser
entendida como o momento destrutivo do diálogo,
Todas as coisas (materiais) que existem aqui no mun-
onde Sócrates procurava mostrar ao seu interlocu-
do sensível correspondem a uma ideia ou Forma lá
tor que aquilo que ele considerava ser uma verdade
no mundo das ideias. No mundo inteligível estão as
tratava-se apenas de uma opinião. Já no segundo
essências ou a origem de todas as coisas que ob-
momento do diálogo – a mauêutica – Sócrates fazia
servamos no mundo sensível. Assim, a origem das
o que chamava de parto das ideias, ou seja, levava
cadeiras que existem no mundo sensível é a ideia de
o seu interlocutor a buscar a verdade por si mesmo
cadeira. O que existe realmente é a ideia, enquanto
através do diálogo.
que a coisa material só existe enquanto participa de
ideia dessa coisa. Essa é a teoria da participação em
Platão
Platão: Uma coisa só existe na medida em que participa da ideia dessa mesma coisa. Portanto, segundo
Platão, a ideia é anterior às próprias coisas. Seguin-
Uma das teorias mais fundamentais para a compre-
do o nosso exemplo, a ideia de cadeira é anterior à
ensão do pensamento de Platão (428- 347 a. C) é,
existência das cadeiras particulares.
sem dúvida, a sua famosa teoria das ideias. Ela afirma que existem dois mundos, a saber: o mundo sen-
Uma teoria que deriva da teoria das ideias é a teoria
sível e o mundo inteligível. O mundo sensível é exa-
platônica da reminiscência. Segundo Platão, o ser
tamente este mundo que nós habitamos, ou seja, o
humano é formado de uma parte mortal, a saber, o
mundo terreno da matéria, onde estão presentes to-
corpo; e uma parte imortal, a saber: a alma; antes de
dos os objetos materiais. Todas as coisas do mundo
habitarmos este mundo, nossa alma habitava o mun-
sensível, então, estão sujeitas à geração e à corrup-
do das ideias. Lá ela possuía todo o conhecimento
ção, podendo deixar de ser o que são e se transfor-
possível, não era ignorante a respeito de nada. No
mar em outra coisa, esse é o mundo da variação, da
entanto, quando nossa alma se junta ao corpo,
Fil.
O filósofo ateniense Sócrates (469 – 399 a.C) foi um
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das Formas é um mundo superior, apenas acessível
ela acaba se esquecendo de tudo aquilo que ela sabia lá no mundo das ideias. Assim, o conhecimento
→ Essência: é o que dá identidade à substância, de
para Platão é reminiscência (ou seja, lembrança) da-
modo que, se lhe faltasse ela, não poderia ser ela
quilo que nossa alma já viu quando habitava o mun-
mesma.
do inteligível. Conhecer é, portanto, nada mais do
que lembrar, trazer de volta à memória aquilo que já
→ Acidente: a substância pode ter ou não sem que
vimos em outro mundo.
sua identidade seja alterada por isso.
Além das noções de essência e acidente, os conceitos de matéria e forma são indispensáveis ao pensamento aristotélico. Todo ser contém as duas re-
Aristóteles
alidades.
Aristóteles, sem dúvida, foi um dos homens mais bri-
→ Matéria: Princípio indeterminado que compõe o
lhantes e importantes de todos os tempos. Durante
mundo.
sua vida escreveu diversos tratados sobre filosofia,
física, biologia, além de ser responsável pela exis-
→ Forma: é o que faz que uma coisa seja o que é. É
tência de várias enciclopédias. Embora tenha sido
o que faz que os cachorros sejam cachorros mesmo
discípulo de Platão, Aristóteles rompeu com o mes-
pertencendo à raças diferentes.
A forma é inteligível e faz com que todos que perten-
vel e o conhecimento racional também são distintos,
cem à mesma espécie sejam o que são, já a matéria
porém são interligados. Para Aristóteles, ninguém
é passividade e tende a realizar a forma e a potência.
conhece o racional sem o auxílio dos sentidos. A se-
Aristóteles concilia em sua filosofia os pensamentos
guir veremos algumas das noções mais fundamen-
de Heráclito e Parmênides com as noções de ato e
tais de sua metafísica.
potência.
Primeiramente vamos entender as noções de essên-
→ Potência: é a capacidade de se tornar alguma
cia e acidente. Para ele, cada ser que existe é uma
coisa, mas para que a mudança ocorra é necessária
substância, isto significa que não existem dois mun-
a ação do ato.
dos, a ideia e a matéria formam a substancialidade.
O conceito de substância diz respeito àquilo que é
→ Ato é a essência da coisa (forma).
em si mesmo. Mas, ele pode receber atributos essenciais ou acidentais.
EXERCÍCIOS DE AULA
1.
A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra
Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o
mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates
chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua
própria ignorância.
Fil.
Na sua concepção filosófica, o conhecimento sensí-
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tre e criou sua própria escola, chamando-a de Liceu.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez
que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas
concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas.
2.
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odys-
Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como
Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
.
3.
A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa
do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é
a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a
identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles
a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
Fil.
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da
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seus, 2012 (adaptado).
EXERCÍCIOS DE CASA
Leia o texto para responder às questões de números 1 e 2.
“A caverna (...) é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o
mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis,
que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras,
criadas por artefatos fabricadores de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões.
O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a
dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a
luz plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol
ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os outros a
sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já
não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem mover-se
com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na
criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para lifilosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver,
orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capa-
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bertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A Paideia
[Marilena Chauí]
1.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
a) O conhecimento filosófico é o único que pressupõe o acesso ao mundo sensível.
b) Filosofar é um instrumento de alienação para quem sai da caverna.
c) O filósofo, por sua busca, tem uma visão mais abrangente do conhecimento.
d) A unidade da verdade não permite divagações metafísicas.
2.
Ainda sobre o texto, pode-se afirmar que:
a) O processo de esclarecimento por meio da filosofia pressupõe a iluminação
das coisas sensíveis pelos fabricadores de ilusões.
b) A Paidéia filosófica é um processo de dissolução de preconceitos e de ideias
ligadas ao senso comum.
c) A alegoria da caverna não se adequa às realidades contemporâneas.
d) Convidar as pessoas para saírem da caverna é um contrassenso, pois somente
o filósofo pode sair da caverna.
Fil.
cidade para ver.”
Leia o texto para responder as questões de número 3 e 4.
“Lembremos a figura de Sócrates. Dizem que era um homem feio, mas que,
quando falava, exercia estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava
horas discutindo na praça pública. Interpelava os transeuntes, dizendo-se
ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto: “O que é a coragem e a covardia?”, “O que é a beleza?”, “O que é a
justiça?”, “O que é a virtude?”. Desse modo, Sócrates não fazia preleções,
mas dialogava. Ao final, o interlocutor concluía não haver saída senão reconhecer a própria ignorância. A discussão tomava outro rumo, na tentativa de
explicitar melhor o conceito”.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires.
Filosofando: Introdução à Filosofia, 2009, p.21).
3.
. A partir do fragmento acima exposto, é correto afirmar sobre o pensamento
socrático:
I. que se define enquanto saber inacabado, porque é dinâmico e está em consII. que é por natureza dogmático, já que o próprio Sócrates é detentor de um
saber;
III. que não faz de Sócrates “um ser que ilumina”, já que o caminho por ele pro-
31
trução;
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) I, II, e III.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
4.
Por meio do diálogo, Sócrates construía com seus interlocutores uma relação
pautada em perguntas, respostas e novas perguntas. Tal método também ficou
conhecido como maiêutica, e sobre ele é correto afirmar que:
a) tem como finalidade uma conclusão efetiva, ainda que seu interlocutor não
abandone a doxa.
b) a verdade descoberta por seu interlocutor consiste em uma novidade ontológica.
c) enquanto dizia saber apenas que não sabia, Sócrates propunha o “não saber”
como termo à sua filosofia.
d) possibilitava Sócrates ajudar seus interlocutores a dar à luz ideias que já estavam neles.
Fil.
posto é o da discussão intersubjetiva e dialogal.
5.
Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e
o ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido,
opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é
não-ser-em-ato.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique
Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em
algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência).
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar
(assumindo ou recebendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre
porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que
e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas
com o intelecto.
QUESTÃO CONTEXTO
Há muitos séculos atrás, Platão descrevia em sua obra “ A República”, a alegoria da caverna, na qual os homens, acorrentados, viviam uma vida ilusória, onde
tudo o que conheciam era baseado nas sombras projetadas na parede da caverna. No século XXI, muitas pessoas ainda vivem acorrentadas, guiadas a partir de
representações enganosas difundidas pela mídia. Com base em seus conhecimentos sobre o mito da caverna e na charge acima, escreva um pequeno texto
sobre a possível aplicação do mito da caverna no mundo contemporâneos.
Fil.
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais)
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existe é sempre imutável e imóvel.
GABARITO
01.
Exercício de aula
1. a
2. d
3.c
02.
Exercício de casa
1.c
2.b
3.a
4.
d
Fil.
33
5.b
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