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RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA
Nome do Projeto: A abordagem dos cursos de Fisioterapia e Odontologia da UNISUL
no paciente com Disfunção da Articulação Temporomandibular.
Protocolo: 063 – PUIP.
Nome do(a) Proponente ou Orientador(a): Ralph Fernando Rosas.
Campus/Unidade: Tubarão.
Data do Relatório: 14/9/2008.
Tipo do Projeto:
( X ) PUIP
1. Introdução
A articulação temporomandibular (ATM) é considerada uma das mais
complexas do organismo humano (OKESON, 2000; MACIEL & TURELL, 2003) e
uma das mais utilizadas nos seus vários movimentos realizados ao falar, mastigar,
deglutir, ressonar e bocejar (HOPPENFELD, 1999). É uma articulação bilateral que se
articula com o crânio e a mandíbula e, conforme evidencia Iglarsch & Snyder-Mackler
(1994), é sustentada na face por ligamentos e músculos, que por sua vez devem
trabalhar em perfeita sincronia, já que qualquer alteração que ocorrer em um dos lados
afetará o lado contralateral. Dawson (1993) confirma quando descreve que qualquer
distúrbio do tônus normal de um músculo pode lançar todo o sistema em desarmonia.
De acordo com Fehrenbach & Herring (1998), a articulação temporomandibular
permite os movimentos da mandíbula durante a fala e a mastigação. Autores como
Okeson (2000); Malone, McPoil & Nitz (2000) são unânimes em afirmar que a fala, a
mastigação e a deglutição são as principais funções do sistema mastigatório, sendo
também denominadas atividades funcionais, essenciais aos seres humanos. Para
Pompeu et al. (2001) alterações na musculatura mastigatória e nas articulações
temporomandibulares ou em ambos, limitam ou incapacitam as atividades fisiológicas
do indivíduo. Os mesmos autores admitem que esta limitação ou incapacidade seja
proveniente de uma disfunção das estruturas que envolvem a articulação
temporomandibular.
Ao longo dos anos os mais variados termos foram utilizados para caracterizar
esta disfunção, como Síndrome de Costen, Disfunção Temporomandibular, Disfunção
Craniomandibular, Desordens Temporomandibulares, entre outros. Um outro aspecto
que merece destaque se refere às causas, já que diversos autores concordam que a
referida disfunção tem etiologia multifatorial (STEENKS & WIJER, 1996;
FRANCESQUINI et al., 1998; ANDRUCIOLI et al, 2000; RIZZATTI-BARBOSA et
al., 2000; ARELLANO, 2002), ou seja, podem ocorrer por perdas dentárias,
interferências oclusais, traumas, doenças articulares, alterações congênitas, etc.
As manifestações clínicas da referida disfunção envolvem sinais e sintomas que
incluem dor facial, cefaléia, dor na região cervical da coluna vertebral e na articulação
temporomandibular, hiperatividade dos músculos da mastigação, desvios mandibulares,
sintomas otológicos, limitação articular, sons articulares, alteração postural e tensão na
musculatura da região do ombro.
Para Boever & Steenks (1996) tal disfunção é mais comum na população geral
do que se admitia há poucos anos. No entanto, Pompeu et al. (2001) acreditam que
devem existir aproximadamente 6 milhões de brasileiros com sinais e sintomas de
disfunção da articulação temporomandibular, sem saber na maioria das vezes que a
doença o aflige, se há tratamento e qual o seu prognóstico. Estima-se que mais de 70%
dos indivíduos saudáveis tem ao menos um sinal de disfunção temporomandibular, mas
somente 5 a 7% procuram tratamento (BARONE, 2000).
A atuação interdisciplinar pode contribuir de forma significativa para a
compreensão do diagnóstico, bem como para o encaminhamento ao tratamento
adequado. Pompeu et al. (2001) enfatizam que, através de um melhor conhecimento
sobre a etiologia das disfunções, é possível a elaboração de métodos específicos para o
diagnóstico.
Assim, diante deste contexto, o presente estudo busca a integração entre os
Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina
(UNISUL), cuja intenção é conhecer a etiologia da Disfunção da Articulação
Temporomandibular, bem como caracterizar os pacientes portadores desta disfunção
que são encaminhados para a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de
Fisioterapia, a fim de que os mesmos sejam orientados e conduzidos a um tratamento
especializado.
Tendo em vista que a etiologia da disfunção é múltipla, torna-se relevante uma
equipe interdisciplinar para avaliação, diagnóstico e tratamento da mesma. Pompeu et
al. (2001) afirmam que através de uma identificação precoce da disfunção é possível
permitir ao paciente que evite complicações que afetem suas funções fisiológicas
normais. A interpretação correta dos mecanismos etiológicos e sua interação com vários
outros fatores permitem estabelecer as variáveis adaptativas e o direcionamento inicial
da abordagem clínica (MACIEL, 2003). Muito embora o tratamento possa incluir desde
procedimentos conservadores aos cirúrgicos, conforme afirma Fonseca et al. (1994), tais
disfunções são passíveis de diagnóstico precoce e eventual prevenção.
Para o estabelecimento do diagnóstico precoce é necessária uma avaliação
minuciosa com critérios bem definidos que possam caracterizar tais distúrbios.
RIZZATTI-BARBOSA et al. (2000) considera que a falta de critérios objetivos pode
confundir o diagnóstico. Na opinião de Okeson (2000, p. 241) o diagnóstico é obtido
através de uma avaliação cuidadosa das informações obtidas no histórico e exame
clínico. Maciel (2003) ressalta que é responsabilidade do clínico ajudar o paciente a
comunicar suas inquietações, sendo o foco principal das atenções direcionado ä queixa
específica. Do mesmo modo, o autor ainda afirma que os fundamentos do exame clínico
baseiam-se na capacidade do clínico distinguir a presença ou ausência de sinais ou
sintomas através da observação, comparação, experimentação e análise.
A partir da avaliação da oclusão realizada pelo cirurgião-dentista, é possível
identificar e classificar o paciente portador de Disfunção da Articulação
Temporomandibular. Paralelamente, a Fisioterapia pode contribuir de maneira
significativa na elaboração de um diagnóstico através de uma avaliação cinética
funcional, ou seja, aquisição de dados baseados na análise do movimento e da função e
sua repercussão com as demais regiões do corpo humano.
Assim, a atuação integrada entre os referidos profissionais, além de auxiliar no
diagnóstico e encaminhamento precoces do paciente portador de disfunção
temporomandibular, de melhorar a eficácia nas intervenções terapêuticas, certamente irá
repercutir no avanço da ciência e no desenvolvimento regional sustentável, uma vez que
apresentam soluções viáveis que melhoram as condições de vida da população.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
- Conhecer a etiologia da Disfunção da Articulação Temporomandibular, bem
como caracterizar os pacientes portadores desta disfunção que são encaminhados
para a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, a fim de que os mesmos
sejam orientados e conduzidos a um tratamento especializado.
2.2 Objetivos Específicos
- Identificar os pacientes com diagnóstico de Disfunção da Articulação
Temporomandibular encaminhados para a Clínica-escola dos Cursos de
Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL;
-
Caracterizar
o
paciente
portador
de
Disfunção
da
Articulação
Temporomandibular encaminhados para a Clínica-escola dos Cursos de
Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL, quanto ao gênero, faixa etária, freqüência, sintomatologia, fatores
agravantes e tempo de disfunção;
- Orientar e encaminhar a um tratamento especializado o paciente portador de
Disfunção da Articulação Temporomandibular encaminhado para a Clínicaescola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL.
3. Material e Métodos
a) Tipo de Pesquisa:
Diante dos objetivos propostos no presente estudo, o mesmo tem como característica
uma pesquisa do tipo descritiva, pois segundo Cervo & Bervian (2002), esta pesquisa
observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los.
b) População/Amostra:
População: pacientes portadores de Disfunção Temporomandibular encaminhados para
a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, no período de março a novembro de 2007.
Amostra: a amostra foi do tipo não probabilística intencional, onde os critérios de
inclusão foram: não haver restrição de faixa etária; de ambos os gêneros; apresentar
pelo menos um sinal e/ou sintoma de Disfunção Temporomandibular; ter sido
encaminhado como portador desta disfunção para a Clínica-escola dos Cursos de
Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL; não
estar realizando tratamento especializado para a referida disfunção.
c) Procedimentos adotados / instrumentos utilizados:
- Os pacientes foram selecionados previamente a partir da lista de espera existente na
Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL;
- Após a triagem, os pacientes foram agendados para uma entrevista cuja finalidade é
coletar informações referentes à disfunção;
- Após a constatação de que o paciente é portador de Disfunção Temporomandibular, os
mesmos foram agendados para o exame clínico com o profissional da Odontologia e da
Fisioterapia em datas distintas;
- O exame clínico constou de procedimentos específicos e padrão para cada área de
atuação;
- O paciente recebeu orientação sobre a disfunção e o devido encaminhamento caso
necessitasse de tratamento especializado;
- Os dados foram registrados e analisados sob forma de estatística descritiva simples
para melhor compreensão dos resultados.
- Os dados foram analisados sempre comparando o seu valor inicial na avaliação e o
valor final da reavaliação (feitas após 10 (dez) consultas). Foi utilizada a escala visual
analógica de 10 cm adaptada (EVA). Para esta análise seria usado o teste T de Student
(α = 0,05) para verificar se existiu diferença entre as médias, contudo, a amostra foi
demasiada pequena e não foi possível realizá-lo. Foi perguntada ao fim do tratamento a
percentagem subjetiva de melhora dos.
4. Resultados:
Os objetivos de conhecer a etiologia da disfunção temporomandibular (DTM),
Identificar
os
pacientes
com
diagnóstico
de
Disfunção
da
Articulação
Temporomandibular encaminhados para a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e
de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Caracterizar o
paciente portador de Disfunção da Articulação Temporomandibular encaminhados para
a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, quanto ao gênero, faixa etária, freqüência, sintomatologia,
fatores agravantes e tempo de disfunção, Orientar e encaminhar a um tratamento
especializado o paciente portador de Disfunção da Articulação Temporomandibular
encaminhado para a Clínica-escola dos Cursos de Odontologia e de Fisioterapia da
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL estão sendo todos cumpridos. Além
disso:
- Foram avaliados 4 pacientes encaminhados pelo professor Evandro Oenning do
curso de Odontologia da Unisul;
- Destes pacientes 4 pacientes, 1 deles não completou o ciclo de 10 consultas
completas, porque o mesmo desistiu do tratamento.
5. Conclusões
Dos 4 pacientes encaminhados, 3 completaram a metodologia proposta
(avaliação e reavaliação e sem faltas) e obtiveram o seguinte resultado com o tratamento
fisioterapêutico:
- Todos os 3 pacientes demonstraram melhora na dor à EVA, sendo que 1 deles
100% de melhoras.
- nas atividades diárias e na qualidade do sono,
- e diminuição dos sinais e sintomas da DTM (disfunção temporomandibular),
sendo que 2 deles melhoraram 50% e 1 deles 33%.
- Em relação à percentagem subjetiva de melhora: 1 dos pacientes referiram 40%
de melhora, 1 referiu 55% e 1 referiu 90% de melhora ao tratamento.
É bem conhecida na literatura a efetividade da fisioterapia na DTM. McNeely,
Olivo e Magee (2006), por exemplo, mencionam que: a fisioterapia alivia a dor
musculoesquelética, inflamação e restaura a função motora normal.
Várias intervenções fisioterapêuticas que os autores acima citam em seu
artigo são utilizadas no tratamento nos nossos pacientes, neste PUIP. Como exemplo
cita-se modalidades eletroterápicas, exercícios e técnicas manuais.
Este PUIP foi baseado na atuação interdisciplinar entre os cursos de Fisioterapia
e de Odontologia da Unisul. Sendo que os autores deste consideraram a interação
interdisciplinar na DTM um sucesso neste projeto, mencionamos a literatura farta a
respeito do assunto que diz que o tratamento da DTM envolve vários profissionais como
dentistas, fisioterapeutas como no nosso caso e dentre outros profissionais.
Para finalizar reitero que: os autores deste PUIP consideraram a interação
interdisciplinar na DTM um sucesso e deveria ser continuado.
6. Referências
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articulação temporomandibular. Rev. Odont. Univ. Ribeirão Preto. 2000, v.3 (2), p.
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little is known about causes it. Better Homes &amp. Gardens, apr. 2000.
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