IV Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG II Salão de Extensão http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao ISSN 2318-8014 EFEITOS DA TÉCNICA DE JONES NO TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES NA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Bruno Santin a,b, Lucas dos Santos c, Renata D’Agostini Nicolini-Panisson d,b a Fisioterapeuta egresso do Curso de Graduação em Fisioterapia da Faculdade da Serra Gaúcha b Grupo de Pesquisa em Fisioterapia da Faculdade da Serra Gaúcha c Professor especialista do Curso de Graduação em Fisioterapia da Faculdade da Serra Gaúcha d Professora doutora do Curso de Graduação em Fisioterapia da Faculdade da Serra Gaúcha Informações de Submissão d Autor correspondente Renata D'Agostini Nicolini-Panisson, endereço: Rua Os Dezoito do Forte, 2366. Setor: fisioterapia - Caxias do Sul RS - CEP: 95020-472. [email protected] Palavras-chave: Articulação Temporomandibular, Craniomandibulares. Fisioterapia e Transtornos INTRODUÇÃO: As Disfunções na Articulação Temporomandibular (DTM) são caracterizadas por dor nos músculos mastigatórios, movimentos limitados e assimétricos, ruídos, estalidos e crepitações, travamento eventual ou definitivo na articulação, apertar ou ranger dos dentes, dor no ouvido e na cabeça, além de dor muscular ou cansaço na nuca e no pescoço. Dentre as causas mais importantes das DTM, está a Disfunção Somática que se caracteriza por uma perda de mobilidade articular que irá provocar uma facilitação neural formando tender points, gerando uma crise de energia no ventre muscular e formando assim pontos dolorosos. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: As DTM acometem de 39% a 50% da população com idades entre 21 e 70 anos, tendo sua maior incidência no sexo feminino, sendo os principais sintomas a dor e redução de movimentos (GONÇALVES et al., 2010; CALIXTRE et al., 2015). Este comprometimento pode prejudicar as atividades de vida diária, influenciando negativamente na qualidade de vida. Essas disfunções, em geral, podem estar relacionadas com desarmonia dental, micro e macrotraumas na região da articulação temporomandibular (ATM), síndrome do Winplash, abertura excessiva da boca e Disfunção Somática (SOBRAL et al., 2012; CALIXTRE et al., 2015). A Disfunção Somática, relacionada aos esforços repetitivos e à manutenção de posturas inadequadas durante as atividades cotidianas, provoca pequenos traumas nas vértebras e tecidos periarticulares. Os músculos, por sua vez, tornam-se suscetíveis a influxos aferentes, estabelecendo circuitos Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 73 auto-mantidos. Estes aumentam a facilitação neural, que por sua vez, provoca uma suspensão de nutrientes em áreas localizadas, desenvolvendo tecidos sensíveis (tender points) a dor e com limitações articulares (SOBRAL et al., 2012). Lawrence Jones, em 1981, desenvolveu uma abordagem manual para o tratamento dos tender points, denominada “straincounterstrain” – estiramento e contra estiramento e descobriu que quase todas as Disfunções Somáticas têm áreas que respondem com dor à palpação. Percebendo, assim, que quando a articulação ou a área é colocada adequadamente numa posição de conforto, a dor, hipertonia e o espasmo, associados a este ponto, geralmente diminuem (CHAITOW, 2007; JONES, 1995). MATERIAL E MÉTODOS: Os participantes foram escolhidos de acordo com o critério de inclusão de apresentar DTM, incluindo dor nos músculos mastigatórios, movimentos limitados, assimétricos e ruídos. Inicialmente os participantes foram submetidos à avaliação goniométrica de anteriorização da boca, lateralidade e protusão máxima, realizada por acadêmicos de Odontologia, além da avaliação de tender points quantificados pela Escala Visual Analógica (EVA) e da avaliação de qualidade de vida, através do Índice de Disfunção Clínica Craniomandibular (IDCCM). Em seguida, foi aplicada a técnica de Jones uma vez por semana, com duração aproximada de 30 minutos, por três semanas consecutivas e após os participantes foram reavaliados com os mesmos instrumentos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Participaram do estudo 08 indivíduos (03 homens), com média de idade de 49,5±18,2 (16-73) anos. Em relação aos efeitos da intervenção, houve melhora significativa na qualidade de vida e nos movimentos avaliados pré e pós intervenção. Além disso, a intervenção proporcionou diminuição do quadro álgico de forma significativa durante as sessões. Diversas situações podem ocasionar desequilíbrio funcional, como posturas inadequadas, esforços repetitivos e traumas, que podem se manifestar como Disfunção Somática. Esta, por sua vez, é capaz de causar “circuito de facilitação neuronal”, provocando anormalidade na atividade basal dos neurônios, fazendo com que o mesmo entre em um estado de hiperexcitabilidade, gerando uma cadeia lesiva. Clinicamente, isso gera tensões musculares, reações reflexas exageradas, assimetrias posturais, limitação da mobilidade articular e dor (CHAITOW,2007). A técnica de Jones atuou positivamente sobre a sensação dolorosa dos sujeitos submetidos à intervenção. A justificativa para o resultado da redução de dor pode ser dada pelo processo neurológico, denominado bloqueio sensorial, que consiste na liberação das ligações cruzadas de colágeno e da interrupção de ligações eletroquímicas diminuindo a estimulação de nociceptores (KORR,1982). CONCLUSÕES. Com o presente estudo pode-se concluir, que o tratamento da DTM com a técnica de Jones, apresentou Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015 IV Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) 74 redução dos sintomas. Todos os pacientes obtiveram melhora significativa na sensação dolorosa, ganho de amplitude de movimento e na qualidade de vida. REFERÊNCIAS CALIXTRE, L.B. et al. Manual therapy for the management of pain and limited range of motion in subjects with signs and symptoms of temporomandibular disorder: a systematic review of randomised controlled trials. J Oral Rehabil. 2015;42(11):847-61. CHAITOW, L. Técnica de Liberação Posicional para Alívio da Dor. 3ª Ed. Filadélfia: Elseiver; 2007. GONÇALVES,D.A.D.G. et al. Symptoms of temporomandibular disorders in the population: an epidemiological study. J Orofac Pain.2010;24:270–278. JONES, L. Jones Strain-Counterstrain. California: Jones Strain Counterstrain Incorporated; 1995. KORR ,I.M. Bases Fisiológicas da Osteopatia. Paris: Maloine; 1982. SOBRAL ,M.K.M. et al. A Efetividade da Terapia de Liberação Posicional (TLP) em Pacientes com Cervicalgia. Fisioter Mov.2012; 23(4):p 513-521. Caxias do Sul – RS, de 15 a 17 de Setembro de 2015