OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO com a testemunha sem Si. Além disso, o Si reduziu cerca de 15% a transpiração da planta. Quanto ao efeito do Si sobre a produtividade, experimentos conduzidos no Brasil, principalmente em solos arenosos, têm mostrado resultados bastante consistentes na cana-de-açúcar. Dados de experimento desenvolvido em Guaíra, SP, mostraram um ganho de cerca de 5 t ha-1 de açúcar com a aplicação de 1 t ha-1 de silicato (Figura 4). (crua, queimada/carbonizada), termofosfato, silicato de magnésio (serpentinito) e silicato de potássio. A Wollastonita é um silicato de cálcio muito empregado em experimentação como fonte de Si. Essas fontes, devido à diferente origem, variam muito em relação à reatividade, solubilidade e eficiência agronômica. Alguns destes produtos estão listados na Tabela 1. Os silicatos são aplicados principalmente na forma sólida (pó ou granulado), mas também podem ser aplicados na forma líquida (via solo ou via foliar). Enquanto os silicatos em pó são incorporados em área total, os silicatos granulados são normalmente aplicados em linha juntamente com outras matérias-primas na composição de adubos. Finalizou comentando que o uso de Si nas culturas pode diminuir o consumo de fungicidas, os quais tem sido altamente questionado por grupos ambientalistas por apresentarem elevado potencial de contaminação do solo e da água. Além disso, os fungicidas são considerados produtos de alta tecnologia e, por isso, acrescentam elevados custos ao produtor, que em muitos casos não possuem condições financeiras para sua aquisição. Assim, o manejo do Si na nutrição de plantas poderá contribuir de forma significativa para uma agricultura mais sustentável e menos poluente. Figura 4. Efeito de doses de silicato na produção de açúcar. Usina Guaíra, Fazenda Santa Cruz. Gaspar informou que o uso de silicato por usinas já é uma realidade. Como na Usina Guaíra, SP, por exemplo, que consome 18.000 t de silicato e alcança altíssima produtividade (média de 109 t ha-1). Disse que o silicato, misturado ao gesso ou ao calcário, dependendo dos custos de aplicação, não apresenta problemas e a aplicação é feita em taxa variável. Na cultura de arroz, dentre 28 experimentos de campo com aplicação de silicato, numa rotação com cana, houve resposta em 23 deles, obtendo-se, em média, um aumento de 1.000 kg ha-1 na produtividade de grãos com a aplicação do elemento. Segundo Gaspar, um número grande de materiais tem sido utilizado como fonte de Si para as plantas: escórias de siderurgia, wollastonita, subprodutos da produção de fósforo elementar, silicato de cálcio, silicato de sódio, cimento, sílica gel, casca de arroz P alestra: TECNOLOGIAS EMERGENTES PARA OS FERTILIZANTES FOSFATADOS – Terry Tindall, J.R. Simplot Company, Boise, Estados Unidos, e-mail: [email protected] A Simplot é uma empresa fabricante de fertilizantes fosfatados e fluidos nos Estados Unidos comprometida em aumentar a eficiência de uso do fósforo (P), melhorar o aproveitamento de P pelas plantas e promover o uso de fertilizantes fostafados. Para isso, nos últimos 30-40 anos, tem desenvolvido pesquisas em vários países com o objetivo de estudar a melhor localização e as alternativas de aplicação de fosfatos. De acordo com Terry, o adubo fosfatado é parte essencial para a produção das culturas e tem sido reconhecido como tal há mais de 100 anos. A utilização de P pelas culturas está relacionada à sua disponibilidade no solo, de onde ele é absorvido e utilizado em ampla gama de processos metabólicos. Tabela 5. Teor total de SiO2, % solúvel, SiO2 “solúvel” por lixiviação, CaO, MgO e poder de neutralização (PN) de algumas fontes de silício. SiO 2 Materiais/Escórias Wollastonita Alto-forno Forno LD Escória de P MB-4 Alto-forno Forno LD Forno LD Forno elétrico Aço inox Forno LD Origem Vansil Mannesman Mannesman Rhodia Mibasa CSN CSN Belgo Siderme Recmix Açominas Total Solúvel 1 “Solúvel” lix. 24 h2 - - - - - - - (%) - - - - - - (mg) 51,9 38,4 12,3 46,1 48,0 33,4 10,9 17,4 15,8 23,2 11,2 30,1 6,7 33,1 39,0 1,8 5,1 4,5 27,1 40,7 43,4 21,0 45,4 17,9 46,3 46,0 4,2 5,4 26,4 43,6 78,0 80,0 51,1 PN E.CaCO3 - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - CaO MgO 42,4 30,1 40,9 43,5 2,2 42,5 28,2 39,5 25,7 41,0 27,6 0,2 7,5 7,3 0,7 19,1 5,2 7,6 9,6 12,6 11,0 2,9 76,4 72,6 91,3 79,6 51,5 89,1 69,3 94,4 77,2 100,7 56,5 1 Percentual do Si total solúvel em Na2CO3 + NH4NO3. 3 g da fonte de Si + 5 g de polietileno de baixa densidade. Esta mistura é colocada sobre uma coluna de lixiviação e lavada com Tampão Tris (pH 7,0) usando bomba peristáltica. Procede-se a determinação do SiO2 no lixiviado depois de 24 e 48 horas. 2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 117 – MARÇO/2007 11 OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO Como já se sabe, um dos problemas relacionados ao fosfato é a sua fixação pelo solo, daí a dificuldade em mantê-lo em solução. Em solos ácidos, como os do Brasil, o P pode ser retido pelas argilas ou precipitado pelo alumínio e pelo ferro. Por outro lado, em solos com alto pH, o Ca e o Mg também tornam o P indisponível. Terry disse que a recuperação de P pelas plantas gira em torno de 5% a 25% do total aplicado e a estratégia para aumentar a disponibilidade de P no solo é a modificação do microambiente, que pode incluir: aplicação localizada de P, aplicação conjunta de N-amoniacal e P ou ainda injeção de P no solo (fertirrigação). Outra sugestão diz respeito ao uso do Avail, um produto desenvolvido pela empresa Simplot, da família dos copolímeros dicarboxílicos, utilizado para recobrir fertilizante fosfatado na forma granulada ou para misturar com fertilizantes fluidos, visando aumentar a disponibilidade de P às plantas. Suas principais características são: elevada capacidade de troca de cátions (1.800 milequivalentes/100 g), o que lhe garante adsorver os vários cátions que reagem com o P; não é afetado pelo pH ou pelas variações de temperatura e é biodegradável e, assim, não agride o ambiente. Como o copolímero é solúvel em água, ele se dispersa no solo e cria uma zona de proteção para o P, que permanece em solução e disponível às raízes das plantas. O Avail é aplicado sobre o fertilizante fosfatado seco, na dose de 2,4 L por tonelada de material. Sugere-se que ele seja aplicado somente ao adubo fosfatado e depois combinado com outros nutrientes para uma completa mistura. Terry explicou que o modo de ação do Avail é através do seqüestro, pelo polímero, dos cátions antagônicos na solução do solo ao redor do grânulo do fertilizante fosfatado. Assim, reduz a adsorção e a precipitação do P, mantendo-o mais disponível à absorção pelas plantas nestes microambientes com alta concentração de P solúvel. Dados experimentais com milho em Missouri, utilizando MAP e MAP + Avail em solo com baixo teor de P, demonstraram que, independentemente da forma de aplicação do adubo, a lanço ou localizado, o tratamento de P com Avail proporcionou os melhores resultados no vigor inicial de desenvolvimento da planta. Como conseqüência do aumento da absorção de P pelas plantas, houve também um reflexo no aumento da produtividade de grãos (Tabela 1). Tabela 1. Resposta do milho ao aumento da disponibilidade de P. Universidade de Missouri, Estados Unidos. Tratamento1 Produtividade (kg ha-1) Testemunha, sem P 8.474 MAP a lanço 8.286 MAP + Avail, a lanço 9.479 MAP em faixas 8.286 MAP + Avail, em faixas 9.855 1 P2O5 = 22,4 kg ha-1; pH = 5,9; análise de solo Bray P-1 = 7 ppm. Pesquisas feitas em Kansas mostraram que a adição do polímero afetou não só a absorção de P pelas plantas (Figura 1) mas causou um grande incremento na produtividade de milho já na primeira dose aplicada (Figura 2). Os dados econômicos mais expressivos com o uso do polímero foram obtidos na Universidade de Idaho, em experimentos com bata- 12 Figura 1. Acúmulo de fósforo na planta no estádio V6. Figura 2. Efeito da aplicação de Avail sobre a produtividade do milho. Kansas, 2001-2003. ta, em que o retorno líquido devido ao produto foi de U$ 700,00 por hectare. Foi observado que o aumento no teor de P nos tecidos da planta também resultou em diminuição na incidência de doenças e, conseqüentemente, melhoria na qualidade da batata. Outros experimentos com beterraba, cebola, alho, brócole, alfafa e milho doce também comprovaram o efeito do Avail no aumento da qualidade do produto final, além de acelerar a maturidade das plantas porque o produto permite que o P seja absorvido mais rapidamente e em maiores concentrações. NutriSphere-N Terry comentou também sobre a NutriSphere-N, um produto líquido formado por polímeros com alta densidade de cargas elétricas que representa uma nova forma de proteger a uréia contra a volatilização, melhorando a eficiência de uso do N. Os modos de ação do produto envolvem: seqüestro de íons biodisponíveis de níquel (Ni), um dos componentes da enzima urease, presentes na solução do solo ao redor das partículas de uréia, e redução da nitrificação pelo seqüestro de íons de Cu e Fe, elementos envolvidos no processo de nitrificação desenvolvido por bactérias do solo. Estudos conduzidos em 15 universidades americanas com milho (Tabela 2), arroz e bermudagrass atestaram ganhos de produtividade devido à adição do polímero à uréia. Terry concluiu que talvez, em algumas condições, o uso desse produto possibilite reduzir a dose de N e manter o aumento na produtividade da cultura. Finalizou dizendo que existem oportunidades para desenvolver estudos com o Avail e a NutriSphere nos diversos sistemas de produção agrícola do Brasil, com base nos resultados que têm sido obtidos nos Estados Unidos. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 117 – MARÇO/2007 OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO Tabela 2. Efeito do polímero de alta densidade de carga (NutriSphere-N ou NSN) aplicado à uréia na produtividade de milho em SPD, no Kansas, em 2005. N (kg ha-1) N foliar (%) KimCoat LGU é a uréia revestida com polímeros, e o KimCoat LGP é o fósforo (MAP) revestido com polímeros (Figura 1). Produtividade (kg ha-1) 0 1,78 8.726 90 Uréia 2,79 10.484 90 Uréia + NSN 2,90 11.551 180 Uréia 2,90 11.448 180 Uréia + NSN 3,07 13.560 270 Uréia 2,95 12.053 270 Uréia + NSN 2,09 13.497 DMS 5% 0,09 377 pH do solo = 7,0; cobertura de NSN = 0,25%. Palestra: KimCoat - UMA NOVA FERRAMENTA PARA OTIMIZAÇÃO DO USO DE FERTILIZANTES – Roberto dos Anjos Reis Junior Junior,, Kimberlit, Chapadão do Sul, MS, e-mail: [email protected] Segundo Roberto, quando se analisam os fatores de produção agrícola nota-se que o custo dos fertilizantes é bastante significativo – 33% para o milho, 28% para a soja, 25% para o algodão, 27% para os citros –, e que algumas reservas de fertilizantes são finitas, como é o caso do fósforo e também do gás natural, que é imprescindível para a produção de fertilizantes nitrogenados. Em vista do consumo de fertilizantes nitrogenados estar aumentando no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, é necessário trabalhar com essas reservas de maneira cuidadosa para atender de forma satisfatória a demanda agrícola. Embora o N seja abundante na atmosfera (78%), ele tem um alto custo energético para sua fixação industrial na forma de amônia, assim como a dependência do gás natural ou da nafta como fonte de H2 na reação N2 + 3H2 → 2NH3. Existem diferentes fontes nitrogenadas disponíveis ao agricultor, todas com vantagens e desvantagens. As vantagens da uréia são: maior concentração de N, menor preço e menor poder acidificante do solo, comparada às outras fontes. As desvantagens são: elevadas perdas de N por volatilização, lixiviação ou desnitrificação, prejuízos ambientais através da lixiviação de nitrato e da contaminação de recursos hídricos, volatilização de N2O e aumento do efeito estufa. Quanto ao P, sabe-se que metade da área agricultável do planeta apresenta problemas com sua baixa disponibilidade às plantas, as reservas são finitas e sem sucedâneo e há baixo aproveitamento no sistema agrícola (5% a 30%) devido à baixa recuperação do elemento, resultado de sua rápida adsorção e precipitação no solo. Assim, quanto maior o contato do P com o solo, maior sua adsorção pelas argilas e precipitação com Fe e Al, e menor a recuperação pelas plantas. Segundo Roberto, esses problemas podem ser minimizados com a liberação gradativa de nutrientes, obtida através do revestimento de fertilizantes com polímeros. Pensando nisso, a Kimberlit, empresa brasileira sediada em Olímpia, SP, desenvolveu fórmulas com liberação gradativa de nutrientes que permitem reduzir as perdas que normalmente ocorrem com a utilização de uréia e MAP, possibilitando a redução da dose de fertilizantes sem influenciar a produtividade das lavouras. O INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 117 – MARÇO/2007 Figura 1. Grânulos de uréia e de MAP revestidos com polímeros. Para validar essa nova tecnologia no Brasil, a Kimberlit está realizando experimentos científicos nas principais instituições de pesquisa, como EMBRAPA, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de São Carlos, Fundação Chapadão, Fundação MT, Fundação Rio Verde, além de trabalhos junto a consultores e agricultores. Vale ressaltar que os trabalhos realizados com produtos KimCoat foram instalados em solos de baixa fertilidade, que não apresentavam reservas de P e N para as plantas. Na Tabela 1 são apresentados alguns resultados obtidos no campo demonstrativo da Fazenda Elo IV, do Sr. Geraldo Loeff, em Chapadão do Céu (GO), com milho no Sistema Santa Fé (capim semeado na entrelinha do milho). Nessa fazenda, foi comparado o desempenho da adubação de cobertura na cultura do milho com 170 kg ha-1 de uréia, que equivalem a 76 kg ha-1 de N, em relação à adubação com 106 kg ha-1 de KimCoat LGU, o que equivale a 38 kg ha-1 de N, ou seja, a adubação nitrogenada reduzida pela metade. A diagnose nutricional (análise foliar) mostrou que as plantas estavam bem nutridas em N, comprovando que a diminuição da dose de N com o uso de KimCoat LGU não prejudicou o estado nutricional das plantas e a produtividade. Observou-se que a área tratada com uréia produziu 162 sacos por hectare enquanto a área tratada com KimCoat-LGU produziu 164 sacos por hectare. Observou-se também, aos 35 dias após a colheita do milho, que embora não tenha havido aumento de produtividade com a dose maior de KimCoat LGU (170 kg ha-1), houve a produção adicional de 1 t ha-1 de matéria seca de capim, indicando que o N foi aproveitado para a produção da cultura subseqüente. Tabela 1. Efeito da uréia e da uréia protegida com polímeros na produtividade do milho e da matéria seca de capim. N (kg ha-1) Produtividade (sc ha-1) M.S. (t ha-1) Uréia (170 ) 76,5 162,5 15,1 KimCoat LGU (170) 61,0 164,7 16,3 KimCoat LGU (106) 38,8 164,2 15,5 Tratamentos 13