1 PEEP (POSITIVE END EXPIRATORY PRESSURE) , (PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA FINAL). É uma pressão supra-atmosférica aplicada nas vias aéreas, ao final da expiração com finalidade terapêutica.Qualquer sistema que possa gerar pressão positiva após a inspiração pode criar PEEP. A PEEP pode ser administrada de várias maneiras: *PEEP com respiração espontânea *PEEP durante ventilação mecânica *PEEP combinando o uso da ventilação artificial e a respiração espontânea. FORMAS DE UTILIZAR A PEEP: *CPAP(PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA EM VIAS AÉREAS) *EPAP (PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA EM VIAS AÉREAS) *BIPAP (PRESSÃO POSITIVA BI-FÁSICA EM VIAS AÉREAS) *VPPC (VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA VENTILAÇÃO MECANICA + PEEP) , UNIDADE DE MEDIDA DA PEEP- cm/H2O. RESISTORES EXPIRATÓRIOS: Dispositivos capazes de gerar resistência à expiração em ventiladores mecânicos, ou durante a respiração espontânea, produzindo uma resistência ao fluxo expiratório. Os resistores são divididos em : - RESISTOR DE LIMIAR PRESSÓRICO -RESISTOR DE FLUXO. RESISTOR DE LIMIAR PRESSÓRICO: Produzem uma resistência ao fluxo expiratório, de forma constante e quantificada que mantém a pressão expiratória mesmo quando o fluxo cessa,portanto a pressão é independente do fluxo expiratório. Dividem-se em GRAVITACIONAIS, E NÃO GRAVITACIONAIS: GRAVITACIONAIS: 1. SUBAQUÁTICO 2. COLUNA DE ÁGUA 3. PESO DA BOLA 4. BALANÇA 2 NÃO GRAVITACIONAIS: 1. VÁLVULA POR MOLA 2. VÁLVULA MAGNÉTICA 3. VÁLVULA COM BALÃO 4. VÁLVULA ELETROMECÂNICA GRAVITACIONAIS- dependentes da gravidade: 1-SUBAQUÁTICO: Neste sistema os gases expirados são liberados dentro da água, pela submersão da ponta da mangueira ou extensão da válvula expiratória. O nível de PEEP está relacionado com a profundidade na qual se encontra a ponta do tubo ( Ex: 10 cm de mangueira dentro da água corresponde a 10 cm/H2O de PEEP, quando a pressão no ramo expiratório exceder 10cm/H2O, o gás é liberado). 2-COLUNA DE ÁGUA: Este dispositivo é composto de um diafragma móvel colocado sob uma coluna de água . O diafragma recobre o orifício que recebe o ramo expiratório do ventilador e um outro orifício por onde os gases saem para a atmosfera. O peso do líquido dentro da coluna determina a PEEP 3-PESO DA BOLA: A PEEP é criada por uma bola com peso específico, colocada sobre um orifício calibrado. A este orifício está conectado o ramo expiratório vindo do paciente. O peso da bola determinará a resistência ao fluxo expiratório determinando o nível de PEEP. Os dispositivos comerciais dispõem de bolas com pesos diferentes, para diversos valores da PEEP.Quando a pressão expiratória consegue elevar a bola, o gás expirado sai para a atmosfera, e quando o fluxo decresce, a bola torna a bloquear o orifício. Para que seu funcionamento seja perfeito, é necessário que o dispositivo esteja na vertical. 4-BALANÇA: Neste sistema a resistência sobre o orifício é criada por um peso que desliza em uma armação, como o peso de uma balança. O deslocamento do peso varia o nível da PEEP, pois aumenta ou diminui a resistência sobre o orifício expiratório. NÃO GRAVITACIONAIS: Não dependem da ação da gravidade. 1-VÁLVULA COM MOLA: ( SPRING LOADED) Neste tipo a resistência é criada pela compressão de um anel metálico contra a saída do fluxo 3 expiratório.Esta pressão é graduada através de um parafuso e uma mola. A mola mantém a PEEP dentro do sistema expiratório.Quanto maior a tensão da mola, maior será a PEEP gerada ao nível do orifício expiratório. 2- VÁLVULA MAGNÉTICA: Uma barra magnetizada exercr seu poder de atração sobre um anel de ferro . Este anel obstrui a saída dos gases expirados com maior ou menor intensidade, de acordo com sua proximidade do metal magnetizado. 3- VÁLVULA COM BALÃO: Neste sistema , há um balonete que insufla e desinsufla, permitindo a passagem dos gases expirados para a atmosfera.Quando o volume residual do balonete , no período expiratório, é aumentado, cria uma resistência à saída do fluxo gasoso expiratório. Quanto maior o volume residual, maior será a reistência, conseqüentemente maior a PEEP. 4-VÁLVULA ELETROMECÂNICA: Alguns ventiladores utilizam estas válvulas que através de um dispositivo eletromagnético mantém uma resistência sobre um diafragma colocado no orifício expiratório. RESISTOR DE FLUXO: Esse tipo de resistor consiste basicamente em um sistema com diversos orifícios que estabelecem, por diferentes diâmetros o nível de resistência expiratória. Quando o fluxo aéreo expiratório do paciente passa através do orifício estabelecido pelo terapeuta ,supera essa resistência que na realidade significa o nível da PEEP do sistema .Conforme o diâmetro do orifício for decrescendo, a resistência tende a se elevar, aumentando assim o nível da PEEP. A PEEP neste sistema não é estáverl dependendo não apenas do calibre do orifício como também de uma outra variável que é o fluxo aéreo expiratório do paciente. RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS BASICAS DE RESISTOR DE FLUXO: *A PEEP NÃO É CONSTANTE *DEPENDE DO FLUXO EXPIRATÓRIO DO PACIENTE *SE AUMENTAR O FLUXO, AUMENTA A PEEP *SE DIMINUI O FLUXO DIMINUI A PEEP *PODE FAZER APENAS RETARDO EXPIRATÓRIO *IMPORTANTE VARIAÇÃO PRESSÓRICA *AUMENTA O TRABALHO EXPIRATÓRIO 4 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DE RESISTOR DE LIMIAR PRESSÓRICO: *A PEEP É CONSTANTE *NÃO SOFRE VARIAÇÃOES PRESSÓRICAS *INDEPENDE DO FLUXO AÉREO EXPIRATÓRIO *GERA MENOR TRABALHO EXPIRATÓRIO *NÃO PERMITE O RETARDO EXPIRATÓRIO *É MAIS PRÁTICO E CONFIÁVEL EFEITOS FISIOLÓGICOS DA PEEP: 1-AUMENTO DO VOLUME PULMONAR: São 3 os mecanismos propostos para explicar o aumento do volume gasoso pulmonar quando se aplica a PEEP. A-AUMENTO DA CRF: Estudos feitos em animais por Daly e colaboradores mostram que há aumento linear do diâmetro alveolar com PEEP de 0 a 10 cm/H2O . Há também elevação em maior grau do diâmetro das vias aéreas ao final da expiração, comparado com aquele ao final da inspiração. De 10 a 15 cm/H2O de PEEP há aumento menor do diâmetro alveolar, e acima de 15 a pressão alveolar aumenta sem diferenç mensurável no diâmetro alveolar. Desta forma o uso da PEEP estaria melhorando as trocas gasosas tanto pelo aumento da CRF, através do simples aumento do tamanho alveolar,como pela maior área de superfície entre o epitélio alveolar e os capilares. B-PREVENÇÃO DO COLAPSO ALVEOLAR: Existem três fatores que mantém a capacidade do alvéolo de não se colapsar durante a expiração: o surfactante,uma lipoproteína que mantém a tensão superficial do fluido intra alveolar, permitindo a estabilidade da sua estrutura durante a expiração, principalmente em área onde os alvéolos tem um diâmetro menor com maior tendência ao colapso. O volume de gás residual é importante pois, contido em um invólucro com tendências a se fechar, é capaz de manter seu arcabouço. Este volume de gás deve ser suficiente para manter o alvéolo aberto ao final da expiração. O volume de oclusão é o volume residual alveolar, que normalmente é menor do que a capacidade residual funcional. Quando o volume de oclusão é maior que a CRF , a tendência ao colapso ocorre durante a expiração, prejudicando as trocas gasosas.Quando, isolados ou em conjunto, houver desequilíbrio nestes fatores, há 5 uma diminuição na CRF. A utilização da PEEP mantém o arcabouço bronquíolo alveolar permeável à passagem dos gases, preservando a função de trocas gasosas. C- RECRUTAMENTO ALVEOLAR: descreve-se recrutamento alveolar como sendo a reinsuflação de alvéolos previamente colapsados. O uso da PEEP na SARA promoveria uma melhora da complacência pulmonar e da oxigenação pela distensão dos alvéolos normalmente ventilados e reabertura de unidades colapsadas.A supressão da PEEP resulta numa diminuição dramática da CRF e reaparecimento da hipoxemia refratária ao FiO2. Este efeito da PEEP reabrindo alvéolos colapsados indica seu uso na profilaxia e reversão de atelectasias. 2- REDISTRIBUIÇÃO DO LÍQUIDO EXTRAVASCULAR: A redistribuição da água extravascular é aceita como um efeito direto da aplicação da PEEP . A PEEP atua facilitando a movimentação dos líquidos do espaço intersticial em direção ao espaço peribrônquico . Esta redistribuição de líquidos faz com que o espaço entre o alvéolo e o capilar diminua, melhorando assim a capacidade de difusão do oxigênio através da membrana alvéolo-capilar. 3- DIMINUIÇÃO DO SHUNT INTRAPULMONAR: Por promover maior abertura alveolar, recrutamento de unidades e redistribuir a água extravascular, a PEEP tende a fazer com que o shunt intrapulmonar diminua progressivamente. 4- VENTILAÇÃO/ PERFUSÃO: Melhora da relação ventilação/perfusão (V/Q) 5-AUMENTO DA PaO2 6-OXIGENAÇÃO TECIDUAL: A Introdução da PEEP e o aumento na PaO2 melhoram o conteúdo arterial de O2, mas não obrigatoriamente aumentam o transporte . O transporte de O2 é resultante do conteúdo arterial de O2 e do débito cardíaco, e representa a quantidade de O2 ofertada aos tecidos por unidade de tempo. Assim sendo, o transporte de oxigênio aumentará com a PEEP, tanto quanto o débito cardíaco não se altere. Portanto, a manutenção do débito cardíaco é parte integrante e importante na terapia respiratória com PEEP. 7-MELHORIA DA COMPLACÊNCIA PULMONAR 8-REMOÇÃO DAS SECREÇÕES BRÔNQUICAS 6 INDICAÇÕES QUADROS DE HIPOXEMIA (PACIENTES QUE NECESSITAM DE NÍVEIS DE FiO2 MAIORES QUE 50% PARA MANTER VALORES ADEQUADOS DE PaO2) ATELECTASIAS : A PEEP tem se mostrado eficaz tanto na reversão como na profilaxia de atelectasias em pós operatórios. SÍNDROME DE APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO FIBROSE CÍSTICA PULMONAR: A PEEP demonstrou eficácia na expectoração de secreções, e elevação na PaO2. A facilitação na remoção de secreções é atribuída ao aumento na ventilação colateral, com direcionamento do fluxo e da secreção para grandes vias aéreas, de onde seriam mais facilmente eliminadas. EDEMA PULMONAR CARDIOGÊNICO:A PEEP com seus efeitos na pressão intratorácica , mostrou ser efetiva no tratamento do edema pulmonar cardiogênico, melhorando a função miocárdica em pacientes com falência ventricular esquerda, isto ocorre pelo aumento da oferta de O2 , diminuição da pré- carga do ventrículo direito e esquerdo pela diminuição da pressão transmural ventricular e pela diminuição da pós carga do VE. SARA E SARI PNEUMONIAS ENTRE OUTRAS CONTRA INDICAÇÕES: CARDIOPATIA GRAVE HIPOVOLEMIA PNEUMOTÓRAX NÃO DRENADO HIPOTENSÃO ARTERIAL PRESSÃO INTRACRANIANA AUMENTADA GRAVE INSUFICIÊNCIA RENAL 7 EFEITOS COLATERAIS: BAROTRAUMA: O aumento do volume alveolar assim como a elevação da pressão nas vias aéreas, representa o principal mecanismo para a lesão dos alvéolos,denominando-se a este fato barotrauma. Os fatores mais importantes seriam a patologia pulmonar prévia e o nível de pressão utilizada. BRONQUIECTASIAS: A dilatação de bronquíolos terminais e respiratórios produzidas pelo uso de elevados níveis de PEEP por longos períodos pode vir a levar a formação de bronquiectasias. As conseqüências devidas as bronquiectasias são a hipoxemia e a hipercapnia. Por aumento do espaço morto. HIPOXEMIA: Uma piora na hipoxemia pode ser encontrada quando se institui a PEEP. Tal fato ocorre principalmente em pacientes com patologia pulmonar localizada, onde a aplicação de pressão positiva expiratória promove um desvio de sangue ( pela compressão vascular produzida pelos alvéolos hipreinsuflados) , piorando a relação ventilação/perfusão com conseqüente hipoxemia. HIPERCAPNIA: A elevação na pressão parcial de gás carbônico arterial é uma das conseqüências da compressão do capilar pulmonar por alvéolos distendidos, gerando obstrução ao fluxo sanguíneo, com aumento do espaço morto e elevação no teor de CO2 arterial. AUTO-PEEP: É a retenção de gás intrapulmonar associada à hiperinsuflação pulmonar devida ao desenvolvimento espontâneo de PEEP ao nível alveolar .Pacientes com obstrução crônica ao fluxo de gás ,sob ventilação artificial em uso de PEEP, são os mais suscetíveis de desenvolver auto-peep. DIMINUIÇÃO DO DÉBITO URINÁRIO: Pacientes submetidos a ventilação mecânica com PEEP apresentam diminuição no débito urinário de 30% a 50%.Apesar de inúmeras investigações , os mecanismos responsáveis pela resposta renal ao uso da PEEP permanecem ainda parcialmente desconhecidos. O que se sabe é que o aumento da pressão intratorácica acarreta diminuição do retorno venoso e da pré carga ventricular. Esta diminuição no índice cardíaco e a resposta neuro-humoral reflexa podem resultar em fluxo renal reduzido. EFEITOS CARDIOVASCULARES: O Uso da PEEP vai levar ao aumento da pressão intratorácica que vai levar a diminuiçãodo retorno venoso diminuindo o débito cardíaco . 8 NÍVEIS TERAPEUTICOS DE PEEP: PEEP FISIOLÓGICA: 3 A 5 cm/H20. TENTA-SE COMPENSAR A PERDA DA FUNÇÃO NORMAL DA EPIGLOTE. PEEP IDEAL: GRAU DE PEEP QUE PERMITE A REDUÇÃO DA FiO2 A NÍVEIS MÍNIMOS,USADA COMO OBJETIVO DE PREVINIR A HIPOXEMIA, O MÁXIMO DE EFEITOS FAVORÁVEIS COM O MÍNIMO DE COMPLICAÇÕES. SUPER PEEP OU HIPER PEEP: ELEVADOS NÍVEIS DE PEEP MAIORES DE 25cm/H20, TEM COMO OBJETIVO NÃO SÓ A REDUÇÃO DA FiO2 , MAS PRINCIPALMENTE O TRATAMENTO DA DOENÇA. A UTILIZAÇÃO DESSES NÍVEIS NECESSITAM TODA MONITORIZAÇÃO HEMODINÃMICA.