o sistema braille: processo de leitura e escrita

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A CRIANÇA SURDA E AS DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃO
Uriel Carvalho de Oliveira1
RESUMO
Qualquer ato de comunicar pressupõe a presença imediata no espaço e no tempo, de um
agente emissor, que produz o sinal e de um agente receptor ao qual é destinado. O homem não
pode viver isolado, ninguém comunica consigo mesmo, comunica com alguém, e quando
comunica , comunica sobre alguma coisa. A capacidade de comunicar utilizando a linguagem
é um dos aspectos que distingue os seres humanos dos demais. Na tradição cultural das
sociedades humanas, a comunicação é basicamente oralista, o que acaba por dificultar a
comunicação entre deficientes auditivos e ouvintes. Entretanto a importância da audição para
o pleno desenvolvimento da criança através deste estudo questionamos: Quais as teorias e
recursos clínicos e pedagógicos que o educador precisa conhecer para auxiliar a criança
deficiente auditiva em sua comunicação? Teve-se como objetivo geral desta pesquisa: refletir
sobre as necessidades clínicas e pedagógicas da criança deficiente auditiva para ampliar a
comunicação. Para entender a problematização e o objetivo desta pesquisa, utilizou-se uma
pesquisa bibliográfica estabelecendo uma relação com o cotidiano da criança deficiente
auditiva e surda, considerando-se que a linguagem da criança deficiente auditiva só pode se
desenvolver e se fortalecer apoiada em suas vivências.
Palavras-chave: Deficiência auditiva. Criança. Comunicação.
RESUMEN
Todo acto de comunicación requiere la presencia inmediata en el espacio y el tiempo, un
agente emisor, que produce la señal y un agente de recepción a la que está destinada. El
hombre no puede vivir en aislamiento, nadie se comunica consigo mismo, la comunicación
con alguien, y cuando se comunique, comunique algo. La capacidad de comunicarse mediante
el lenguaje es un aspecto que distingue a los humanos del resto. En la tradición cultural de las
sociedades humanas, la comunicación es principalmente oral, que dificulta la comunicación
entre sordos y oyentes. Sin embargo, la importancia de la audición para el pleno desarrollo de
los niños a través de este estudio nos preguntamos: ¿Cuáles son las teorías y los recursos
clínicos y educativos que un profesor necesita saber para ayudar a la audiencia del niño
discapacitado en su comunicación? Tuvo como objetivo general de esta investigación: la
reflexión sobre las necesidades clínicas y educativas de los niños con discapacidad auditiva
para aumentar la comunicación. Para entender la problemática y el propósito de este estudio,
hemos utilizado una literatura se establece una relación con la vida cotidiana de los niños con
deficiencias sordos y oyentes, considerando que el lenguaje de niños con discapacidad
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Aluno do curso de Pós-Graduação em Língua Brasileira de Sinais e Educação Especial– Instituto
Eficaz de Maringá/ PR. Professor Especialista do Curso de Administração da Faculdade de Educação de Costa
Rica-FECRA. E-mail: [email protected]
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auditiva sólo puede crecer y hacerse más fuerte apoyado en sus experiencias.
Palabras-clave: Sordera. Niño. Comunicación
INTRODUÇÃO
A educação constitui direito de todos os cidadãos brasileiros, surdos ou não e cabe
ao sistema de ensino viabilizar as condições de comunicação que garantam o acesso ao
currículo e à informação. Escolhemos este tema, por se tratar de um assunto muito discutido e
relevante à educação e às questões de comunicação.
A surdez é a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons.
Dependendo do grau de perda de audição, a criança poderá adquirir uma linguagem com
apenas alguns defeitos, uma comunicação muito limitada.
A falta de funcionamento de um sentido provoca automaticamente na criança,
uma alteração no que se refere a sua integração com os demais e aumenta a possibilidade de
uma interferência significativa nas operações mentais em termos de recepção e interpretação
das mensagens. A ausência de dados sensoriais inibe ou priva a criança de processos
psicológicos na integração de experiências e afeta o equilíbrio e a capacidade de seu
desenvolvimento normal. Essas interferências envolvem não só o desempenho da criança em
si mesma, mas toda a estrutura de seu comportamento na sociedade em que vive.
A surdez é, portanto, um tipo de deficiência grave, pois interfere de modo
particular no comportamento da criança e afeta muitas faculdades relativas ao seu
desenvolvimento. Diante dessas considerações, o presente trabalho tem por objetivo discutir
quais são os principais problemas enfrentados pelas crianças surdas na comunicação.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Fonseca (2001) a audição é um dos principais canais de informação da
criança. Apresenta-se na vida da criança como fator de vital importância para sua segurança
física e seu desempenho como indivíduo, uma vez que lhe cabe receber um grande número de
mensagens sob a forma de sons que são captados e transformados em estímulos e que são
percebidos, decodificados e analisados.
Na adolescência, para o indivíduo com deficiência auditiva que ainda está às voltas
com suas limitações de linguagem, o reconhecimento de si mesmo ou de seu processo de
aprendizagem, enquanto diferente e o apoio da família, por meio de uma presença constante,
são fundamentais, embora, para seu crescimento, seja necessário algum afastamento
(FONSECA et al., 2001).
O suporte da família e o acesso ao atendimento profissional especializado, que
consiste em orientação e aconselhamento aos pais do deficiente auditivo, são fundamentais e
decisivos, como mencionam Bevilacqua e Formigoni (1998).
A audição é uma das principais responsáveis pela aquisição da linguagem, processo
que envolve o desenvolvimento do pensamento, memória e raciocínio. É pela audição que se
originam os processos e os mecanismos da formação e desenvolvimento da linguagem.
Marchesi (1995) assinala que existem diversos subgrupos na DA e com diferenças
maiores entre as mesmas do que quando comparadas ao coletivo dos ouvintes. O autor cita
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como variáveis diferenciadoras mais significativas: o nível de perda auditiva, a idade do início
da surdez, sua etiologia e os fatores educacionais comunicativos.
O nível de perda auditiva está ligado ao desenvolvimento da fala interna, à leitura
labial, à leitura do texto escrito e à inteligibilidade da fala. A fala interna é proporcional ao
nível de perda auditiva (Marchesi, 1995).
Telford e Sawrey (1988) ilustram cinco níveis de perdas auditivas: a) perdas leves (20
a 30 db) - se localiza entre a audição difícil e a audição normal; b) perdas marginais (30 a 40
db) - dificuldade em ouvir a fala a poucos metros; c) perdas moderadas (40 a 60 db) - com a
amplificação do som e o auxílio da visão é possível aprender a falar de ouvido; d) perdas
graves (60 a 75 db) - uso de técnicas especializadas para aquisição da fala. São os indivíduos
limítrofes entre os de audição difícil e os surdos; e e) perdas profundas (superiores a 75 db) rara aquisição da linguagem de ouvido, mesmo com a amplificação do som.
A surdez é, portanto, um tipo de deficiência grave que interfere de modo particular no
comportamento da criança e que afeta muitas faculdades relativas ao seu desenvolvimento.
Motti relata em sua dissertação de mestrado que o Centro de Distúrbios da Audição,
Linguagem e Visão (CEDALVI), serviço do Hospital de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais (HRAC), da Universidade de São Paulo (USP), atende pacientes com
deficiência auditiva e visual, com o objetivo de proporcionar aos mesmos condições de
habilitação, reabilitação e integração, por meio de atendimento especializado, diagnóstico,
encaminhamento terapêutico e/ou indicação e adaptação do Aparelho de Amplificação Sonora
Individual (AASI), através de uma equipe multidisciplinar.
3 METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho científico que
influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico
em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e
arquivamento de informações relacionadas à pesquisa, tendo como base de pesquisa livros,
periódicos científicos e internet. Compreende o universo de trabalhos teóricos desenvolvidos
em campos como o da filosofia, sociologia e antropologia etc.
Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que
sejam os métodos ou técnicas empregadas. Os dois processos pelos quais se podem obter os
dados são: 1) documentação direta: levantamento de dados no próprio lugar onde os
fenômenos ocorrem realizado por intermédio de pesquisas de campo e de laboratório; 2)
documentação indireta : utilização de dados coletados por outras pessoas obtidos por
intermédio de pesquisa documental (fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (fontes
secundárias).
Uma pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento que tem
como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum
conhecimento preexistente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo
que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade
regular também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejados pela
busca de um conhecimento.
A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros,
periódicos, documentos, mapas, fotos, manuscritos, etc. Todo material recolhido deve ser
submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se
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de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que,
eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo.
Este trabalho está dividido em três partes:
Na primeira parte apresenta o conceito de deficiência auditiva e seus estágios.
Na segunda parte, enfatiza-se os testes detectores da deficiência auditiva e as próteses
auditivas. Descrição das causas de distúrbios de audição; Os testes detectores que são
efetuados para verificação do grau da deficiência auditiva e as próteses para correção da
audição (aparelhos auditivos).
Na terceira parte descreve sobre a linguagem da criança deficiente auditiva e a sua
comunicação com a família e a escola.
4 DEFICIÊNCIA, ESTÁGIOS, CAUSAS, TESTES DETECTORES E APARELHOS
DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA,
4.1 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas de audição, segundo a Organização
Mundial de Saúde, apenas 40% reconhecem a doença. A falta de informação e o preconceito
fazem com que a maioria demore até 6 anos para tomar uma providência, escondendo o seu
problema. O maior dilema do surdo acontece em casa. Com o tempo quem tem problema
deixa de frequentar a mesa da família e a sala de televisão. No idoso, a surdez constitui-se um
dos mais importantes fatores de desagregação social, onde observa-se a depressão, tristeza,
solidão e isolamento.
A deficiência auditiva traz muitas limitações para o desenvolvimento da criança, sua
deficiência influi no relacionamento da mãe com o filho e cria lacunas nos processos
psicológicos de integração de experiências, afetando a capacidade de seu desenvolvimento
normal. A falta ou deficiência de funcionamento de um sentido provoca uma alteração na
integração com os demais e aumenta a possibilidade de uma interferência significativa nas
operações mentais de recepção e interpretação de mensagens. Escutar e falar são os meios
mais comuns da comunicação humana. Uma perda auditiva obviamente causa graves
problemas na comunicação auditivo oral.
Uma criança que não ouve bem pode exibir marcantes problemas na linguagem. Uma
perda auditiva num bebe ou numa criança pequena pode causar sérios atrasos no
desenvolvimento cognitivo geral da linguagem. Uma perda auditiva adquirida que se
desenvolve posteriormente na infância ou na fase adulta exercerá também um efeito
devastador na capacidade de comunicação.
4.2 OS ESTÁGIOS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
De acordo com Peter Herriot (1993, p.18) a deficiência auditiva se classifica quanto à
localização e quanto ao grau de comprometimento.
Quanto à localização são identificados como:
Perda Auditiva Condutiva - que envolve o ouvido externo e o médio. A
criança perde a quantidade e a qualidade de volume sonoro, ocorre quando há
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algum tipo de interrupção do som quer no ouvido externo, quer no ouvido
médio. A perda condutiva mais típica é quando o ouvido médio torna-se
inflamado, muitas vezes levando a exsudação do ouvido médio ao acúmulo de
líquido por trás do tímpano.
É muito comum para crianças pequenas, particularmente nos anos pré-escolares, que
sempre sofrem de um resfriado, de coriza ou de uma alergia ativa experimentar exsudação de
ouvido médio. Às vezes a criança tem uma dor de ouvido aliada a uma perda auditiva
condutiva entre suave e moderada, contudo, a infecção de ouvido médio e a perda auditiva
resultante permanecem não sendo detectadas pela família.
Em níveis muito suaves de perda, a criança ouvirá todas as vogais e a maioria das
consoantes, más poderá perder a audição de algumas consoantes surdas, quando emitidas com
intensidade relativamente baixa.
Os níveis comuns de perda condutiva em crianças pequenas podem oscilar entre 35 e
50 db, com a criança escutando quase nenhum som da fala em níveis conservacionais comuns.
A identificação e o tratamento precoce da perda auditiva condutiva, em crianças, são
essenciais, sendo que a maioria dos distúrbios condutivos envolvendo o ouvido médio pode
ser tratado com sucesso, usando medicamentos ou procedimentos cirúrgicos.
Perda Neurossensorial: As perdas neurossensoriais em crianças são menos
comuns do que perdas do tipo condutivas. Numa perda neurossensoriais a
criança apresenta algum dano nas células aliadas da cóclea ou nas fibras
nervosas do nervo auditivo (oitavo nervo craniano). Este tipo de perda auditivo
pode muitas vezes ser negligenciado no exame físico de uma criança pequena
porque tanto o conduto auditivo externo como o ouvido médio parece ser
normal. A maioria das perdas neurossensoriais em crianças é de origem
congênita presentes no momento do nascimento.
A perda auditiva neurossensorial pode ser de origem genética, adquirida por doença ou
incompatibilidade de RH parental. A criança que já desenvolveu a fala e a linguagem normal
antes da perda auditiva sofrerá menor interferência de comunicação do que a criança que
ainda esteja adquirindo o sistema de linguagem auditivo oral.
Perda Auditiva Mista: Algumas crianças apresentam uma perda auditiva
mista. Podem ter nascido com a perda auditiva causada por doença em que a
mãe adquiriu durante a gravidez ou por doença na própria criança.
Na deficiência auditiva mista verifica-se, conjuntamente, uma lesão do aparelho de
transmissão e de recepção, ou seja, quer a transmissão mecânica das vibrações sonoras, quer a
sua transformação em percepção estão afetadas/perturbadas. Esta deficiência ocorre quando
há alteração na condução do som até ao órgão terminal sensorial ou do nervo auditivo. A
surdez mista ocorre quando há ambas as perdas auditivas: condutivas e neurossensoriais.
Problemas Auditivos Centrais: Causadas pela disfunção ou mau
desenvolvimento das vias auditivas do sistema nervoso central. São
considerados crianças com problema auditivo central, aquelas que apresentam
mecanismos de audição periférica normal, mas que parecem ser incapazes de
escutar.
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Muitas crianças classificadas como portadoras de distúrbios de aprendizagem podem
ter sofrido uma perda auditiva, ainda não identificada, como uma das principais causas
contribuintes para sua incapacidade de entender o que ouvem. A criança com problema
auditivo central em geral apresenta problemas em seguir e entender o que lhe é dito, podem
muitas vezes demonstrar acuidade normal, mas sentem dificuldade com o processamento
auditivo central. A compreensão auditiva exige que as crianças prestem atenção cuidadosa e
desenvolvam a capacidade de compreender com sensibilidade auditiva normal.
Dentro do grau de comprometimento encontramos Portador de Surdez Leve, Portador
de Surdez Moderada, Portador de Surdez Severa e Portador de Surdez Profunda, que se
dividiu em parcialmente surdo e surdo. Com base nas ideias de Couto e Costa (1985), pode-se
dizer que são considerados parcialmente surdos:
Portador de Surdez Leve: No grau leve as pessoas nem se dão conta que
ouvem menos, e tendem a aumentar progressivamente a intensidade da voz. É
a perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o aluno
perceba igualmente todos os fonemas da palavra. Além disso, a voz fraca ou
distante não é ouvida. Em geral, esse aluno é considerado como desatento,
solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda
auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa
de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
Portador de Surdez Moderada; A surdez moderada é uma perda auditiva de
40 a 70 decibéis. Os limites da criança que apresenta essa perda auditiva se
encontram ao nível da percepção da palavra que para isso é necessário uma voz
forte, de certa intensidade para que a criança possa compreender o que
falamos. A criança com essa perda tem frequentemente atraso de linguagem e
alterações articulatórias, havendo, em alguns casos maiores problemas
linguísticos. Essa criança tem maior dificuldade de discriminação auditiva em
ambientes ruidosos. Em geral, ela identifica as palavras mais significativas,
tendo dificuldade em compreender certos termos de relação e/ou frases
gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua
aptidão para a percepção visual.
São considerados surdos:
Portador de Surdez: A surdez severa é a perda auditiva entre 70 e 90
decibéis. Esse tipo de perda permite apenas que a criança identifique alguns
ruídos do ambiente familiar e poderá perceber apenas uma voz forte.
Se a família estiver bem orientada, a criança poderá chegar a adquirir alguma
linguagem em seu próprio ambiente. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, da
aptidão para utilizar a percepção visual e observar o contexto da situação em que se
desenvolve a comunicação.
Portador de Surdez Profunda: É a perda auditiva superior a 90 decibéis. A
gravidade dessa perda é tal, que priva a criança das informações auditivas
necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo a criança de
adquirir a linguagem oral.
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A criança não adquire a fala como meio de comunicação. Uma vez que não
conseguindo ouvir os sons de que ela própria emite (balbucio), nem os sons que as outras
pessoas emitem. Assim, quanto maior for a perda auditiva, maiores serão os problemas
linguísticos.
De acordo com o grau da perda auditiva, a faixa etária em que essa perda ocorreu e o
nível de comprometimento linguístico, essa criança precisará receber atendimento
especializado, e cada criança terá diferente alternativa de atendimento.
4.3 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Entre as causas dos distúrbios de audição temos:
1) Causas genéticas e hereditárias - são derivadas da transmissão familiar de certas
características e dentre elas a surdez. As formas genéticas resultam da combinação
indesejável entre os genes.
2) Causa Pré-natal - o acompanhamento médico adequado na gravidez pode evitar o
desenvolvimento das futuras malformações provenientes de virose, protozoários
(toxoplasmose), bactérias(sífilis), medicações ototóxicas, estados carências,
patologias e gestação de alto risco;
3) Causas Natais – a criança, que teve sofrimento durante o desenrolar do parto,
geralmente nasce cianosada (azulada) devido a problema de oxigenação, necessitando
muitas vezes prolongado processo de reanimação. As situações mais comuns que
provoca esta causa são: parto demorado e difícil, contrações inadequadas de
apresentação fetal, circulares de cordão umbilical, ausência de passagem pelo canal
do parto; ruptura precoce da bolsa de água, e incompatibilidade de fator RN.
4) Causas pós-natais temos: a) tampões de cera e corpos estranhos que obstruem o
conduto externo; b) agenesia que é a ausência do conduto externo; c) Obstrução
tubária que pode ser pura ou permanente. A obstrução tubária pura é o fechamento de
trompa que não se abre na deglutinação ou no bocejo, impossibilitando o arejamento
de caixa, havendo depressão da membrana do tímpano e surdez temporária, e pode
desaparecer com insuflação tubária sem deixar sequela, ao passo que a obstrução
tubária permanente ou de repetição a surdez pode ser permanente; d) otite que pode
ser otite média aguda necrosante, média crônica supurada ou média crônica
colesteatomatosa; e) perfurações timpânicas; f) presbiacusia; g) traumatismos.
4.4 TESTES DETECTORES DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Entre as causas dos distúrbios de audição, uma em cada mil crianças, nasce com
surdez profunda. Muitas outras nascem com grau menor de surdez e outras mais a adquirem
após o nascimento. Embora existam métodos efetivos para detectar perdas auditivas desde o
nascimento, a média de idade de detecção da surdez está entre três e cinco anos. Graus
menores de surdez costumam ser detectados com mais idade, em geral, quando inicia o
período escolar.
O Educador precisa ter conhecimento a respeito dos testes detectores da deficiência
auditiva, do processo clinico que é utilizado para o diagnóstico e o tratamento da criança com
deficiência auditiva bem como ter condições de identificar a surdez na criança.
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Segundo Fernandez (1990) os testes detectores da deficiência auditiva são feitos
através da audiologia. A Audiologia é a ciência que estuda a audição e o equilíbrio bem como
todas as patologias associadas a estas, a sua prevenção e consequente reabilitação. É o estudo
da capacidade auditiva e apresenta uma bateria de testagem que deverá ser adequada ao nível
mental da criança.
Dentro desses testes encontramos duas medidas que são básicas: frequência e
intensidade. A frequência é a grandeza física que corresponde à sensação subjetiva de
tonalidade (a percepção de sons graves, médios e agudos). A intensidade é a grandeza física
que fornece à criança a sensação subjetiva de sonoridade, correspondente a percepção mais
alta ou mais baixa.
Os principais exames para investigação da Deficiência Auditiva na criança são:
a) Audiometria Tonal de Limiares - é a pesquisa dos limiares mínimos de audição por
via aérea, por meio de fones, e por via óssea, por intermédio de vibradores. Exige da
criança a informação se ela está ouvindo ou não o som que é enviado do audiômetro,
que é o aparelho para realizar a testagem.
b) Audiometria infantil – é realizada na faixa etária entre 6 e 7 anos de idade e pode ser
dividida em dois tipos:
1) Audiometria condicionada - é um teste em que é ensinado à criança uma
brincadeira, por exemplo, colocar uma moeda em um cofrinho, toda vez que ouve
o apito/som. A criança apresenta uma resposta lúdica ao estímulo sonoro. Tem a
vantagem de atrair a atenção da criança de forma mais efetiva, e avalia um
ouvido de cada vez. Os sons podem ser apresentados por meio de fones de
ouvido, caixas acústicas ou por um instrumento - vibrador ósseo, que permite
transmitir o som através do osso;
2) Audiometria de Reflexos Incondicionais – é usado em crianças muito pequenas e
tem como objetivo estudar as reações reflexas diante dos estímulos sonoros
lançados por alto-falantes que são colocados próximo à criança. Os principais
são: a) Reflexo de Moro – consiste na extensão e flexão dos membros superiores
e inferiores diante do som. Ex. uma sala em silêncio e derrepente aparece um
som causando susto: b) Reflexo cócleo-cefalógero – a criança move a cabeça
procurando a fonte sonora; c) Reflexo cócleo-coculógio – é o movimento que a
criança faz com os olhos em busca da fonte sonora.
c) Audiometria de Tronco Cerebral (BERA) - avalia a condução eletrofisiológica do
estímulo auditivo da porção periférica até o tronco cerebral, apresenta vantagens como o
uso de estímulos menos intensos, próximo ao limiar, tornando possível detectar formas
mais leves de deficiência auditiva; a capacidade de detectar perdas auditivas unilaterais e
bilaterais e o uso de uma medida fisiológica que depende de uma resposta sensorial.
d) Audiometria Vocal – Este teste pode ser feito por otorrinolaringologistas e
fonoaudiólogas em cabines acusticamente isoladas. O teste consiste em apresentar ao
paciente palavras e fonemas (mono e dissilábicas) que deve repeti-las corretamente. Na
audiometria vocal é avaliada a discriminação auditiva (capacidade de entender os sons
apresentados) e os limiares de discriminação e inteligibilidade.
e) Teste da Orelhinha - É um programa de avaliação da audição em recém nascidos,
indicada por instituições do mundo todo para diagnóstico precoce de perda auditiva, uma
vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2 por 1000 nascidos vivos. O método
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mais utilizado para a triagem auditiva neonatal é o exame de Emissões Otoacústicas
Evocadas (EOAs). Considerado bastante objetivo, este exame é indolor e de execução
rápida, realizada durante o sono natural do bebê. Utiliza-se um fone na parte externa da
orelha do bebê. Demora de 5 a 10 minutos e não tem qualquer contraindicação, não
acorda nem incomoda o bebê.
O exame de EOAs baseia-se na produção de certo estímulo sonoro, bem como na
percepção do retorno desse estímulo (eco), o registro é feito através do computador,
verificando se a cóclea (parte interna da orelha) está normal, ou seja, em funcionamento, é
emitido um gráfico com o diagnóstico do exame.
4.5 PRÓTESES E APARELHOS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA
O aparelho auditivo eletrônico é um mini-amplificador que tem como função conduzir
o som à orelha do individuo, coletando e transmitindo a onda sonora, acionando energia
necessária, e evitando a dispersão do som, com a menor distorção possível. Seu objetivo é
aproveitar a audição residual de modo efetivo através da amplificação. Um aparelho auditivo
é constituído de um microfone, um amplificador e um fone, podendo também conter sistemas
de compressão, filtros e chips de programação.
As ondas sonoras são captadas por um microfone e são transformadas em sinal
elétrico, através de uma fonte de força, bateria, amplificada em vários estágios e energia
elétrica. Quanto maior o número de estágios, maior a amplificação. Os sinais amplificados
dirigem-se para um receptor que converte energia elétrica em energia acústica amplificada.
A prótese auditiva jamais poderá ser considerada como um novo ouvido. Ela é uma
tentativa válida de substituir, de maneira razoável, o órgão comprometido, Ela dará à criança
possibilidade de ouvir sons que nunca ouviu, a sua voz vai parecer mais alta, vai ter que
aprender a distinguir entre o que quer ouvir e o que é ruído.
Apesar dos grandes avanços tecnológicos, uma prótese auditiva é uma ajuda e não o
nosso próprio ouvido em condições normais. É importante saber que qualquer aparelho de
amplificação para deficientes auditivos, por mais aperfeiçoado que seja, por si só, não será
capaz de realizar milagres. Existem no mercado diversos tipos de aparelhos auditivos. Os
mais comuns são:
Caixinha – este aparelho é chamado de caixa ou de bolso. Tipo mais antigo de
prótese. Pode ser levado no bolso da roupa ou em uma bolsinha feita
especialmente para colocá-lo, tem o formato de uma caixa, da qual saem fios
ligados aos receptores que são adaptados no pavilhão da orelha;
Haste de óculos – Está em desuso, e indicado para pacientes com perda
auditiva condutiva ou de infecções. O microfone, o amplificador e o receptor
estão contidos em uma das hastes laterais dos óculos.
Retroauricular – São os mais aceitáveis esteticamente por sua versão mini.
São usados atrás da orelha, ligados ao receptor por meio de um pequeno tubo
adaptado ao molde individual.
Intra-auricular – Possui uma dimensão menor que o retroauricular, que o
permite colocá-lo dentro do pavilhão da orelha. Aparelho auditivo de
amplificação digital para deficientes auditivos com sistema computacional a
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distância usado para reabilitação auditiva e apoio sonoro de sujeitos
portadores de deficiência auditiva leve, moderada ou severa que é
compreendida por um sistema de pré-amplificador miniaturizado, um sistema
de controle automático de ganho de amplificação e um sistema de saída
intracanal com estratégia operacional dirigida para funcionamento em dois
módulos, comunicando-se por frequência modulada.
Intra-canais – São os mais estéticos e apresenta muita praticidade, pois fica
posicionado dentro do canal auditivo e possui botão giratório de volume que o
próprio usuário ajusta de acordo com a sua necessidade, ocupam somente a
MAE (Meato Acústico Externo) sendo a abertura do microfone na entrada da
MAE. Usa a amplificação natural de pavilhão auditivo e mantém efeito
direcional verdadeiro com excelente fidelidade sonora e ótima estética.
Implante Coclear – Nos últimos anos o implante coclear multicanal (IC) tem
sido indicado como um recurso altamente benéfico e de grande efeito para a
reabilitação de pacientes portadores de deficiência auditiva neurossensorial
bilateral profunda. O implante coclear é um aparelho que oferece informação
sonora a indivíduos com perda auditiva profunda dos dois lados que poderá
ajudar na sua comunicação. O implante exerce sua função através da
estimulação elétrica direta das fibras do nervo auditivo por eletrodos em
pacientes onde o ouvido interno está danificado. O implante tem dois
componentes, um interno, composto por um grupo de eletrodos e um aparelho
receptor e um externo composto de um microfone, processador de fala, um
codificador e um transmissor.
A comunicação entre os componentes externos e internos é realizada através de ondas
de rádio FM transmitidos pela pele intacta (pericutâneo). Neste último existe um imã no
componente interno para fixar o componente externo acima dele. O funcionamento do
implante coclear em muito assemelha ao de um aparelho auditivo.
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A LINGUAGEM DA CRIANÇA DEFICIENTE AUDITIVA E A SUA
COMUNICAÇÃO
5.1 COM A FAMÍLIA
A família possui papel fundamental no processo de desenvolvimento da criança
deficiente auditiva, assim como no processo de inclusão desta na sociedade. Assim, caberá à
família, após a confirmação do diagnóstico, a procura de recursos técnicos e de
acompanhamento profissional adequado, visando ao desenvolvimento global desta criança.
Será ainda de responsabilidade da família informar-se junto ao médico sobre
medicamentos ototóxicos e evitar que sejam auto administrados, uma vez que estes podem
incidir de forma negativa nos possíveis restos auditivos. A criança passa a maior parte de
seu tempo incluída no núcleo familiar, assim os pais e irmãos da criança surda, de forma
mais direta, e os demais componentes desta família são os que mais poderão auxiliá-la em
seu dia-a-dia.
A criança em fase de desenvolvimento biopsicossocial necessita de muitas
experiências, vivências e riquezas de situações, afim de iniciar um aprendizado que pouco a
pouco vai se ampliando e se tornando mais complexo. Ao passar por esta fase de
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desenvolvimento, a criança deficiente auditiva requer em maior intensidade estimulação
sistemática e repetitiva.
Na área da linguagem, o concreto deve estar sempre presente, seja se falarmos de
pessoas, objetos, animais ou até mesmo ações. Assim, se for trabalhar com criança, por
exemplo, o conceito de “avião”, ela deve ser levada para ver um avião, sua forma, seu
tamanho, ouvir seu barulho, permitir que ela recolha o maior número de informações a partir
da vivência e da observação direta.
A linguagem da criança surda só pode se desenvolver e se fortalecer apoiada em
vivências. A fala e a linguagem são apenas dois aspectos do desenvolvimento infantil, são
áreas que exigem dos pais e também dos professores a maior dedicação e esforço, mas não
pode se tornar uma preocupação excessiva, esquecendo que o deficiente auditivo é uma
criança como as demais e que também tem direito a tempos livres para que utilize como
quiser.
A criança que só tem problema de surdez, em termos físicos, está em nível de
igualdade com as demais de sua idade. É muito importante que essa criança participe de
jogos, esportes, festas, etc. vivendo uma vida normal dentro do seu grupo. É fundamental que
a criança sinta o próprio sucesso e acredite em suas condições de igualdade perante aos seus
companheiros de audição normal.
O convívio e a capacidade de escutar a criança surda, para que ela se sinta bem
adaptada à vida social é necessário desenvolver não só nos pais, mas também na sociedade e
nas pessoas que a cercam. Ela precisa sentir que as pessoas tem prazer em ouvi-la e entender
os seus relatos. Ela sempre terá coisas para dizer ao chegar em sua casa ou na escola.São
inúmeras as possibilidade para ampliar os seus interesses, sua linguagem, sua visão de mundo,
evitando que essa criança permaneça uma pessoa egocêntrica e infantil.
A família em especial precisa acreditar que o deficiente auditivo, se for trabalhado
desde cedo, e se houver uma estimulação correta e intensa, será capaz de integrar-se
perfeitamente no mundo dos ouvintes, já que intelectualmente não tem nenhum
comprometimento que o impeça de aprender, desenvolver-se e consequentemente apresentar
um desempenho semelhante ao do indivíduo de audição normal.
O grande problema em relação a compreender as possibilidades que a criança
deficiente auditiva tem, é que ao tomar conhecimento de sua deficiência, automaticamente lhe
é atribuído o rótulo de “surdo-mudo” e assim é anulada a possibilidade que a mesma tem de
falar. É criando a ideia de que o surdo apresenta déficit intelectual e que não é importante
aprender aquilo que a criança normal aprende. É claro que o processo de aprendizagem será
mais intenso e também mais demorado.
Os caminhos serão diferentes, mas o resultado será idêntico, já que a criança não
apresenta deficiência intelectual, a não ser que a surdez venha acompanhada de um déficit
intelectual.
A criança deficiente auditiva tem total condição de ser oralizada e de utilizar a
linguagem oral como forma principal de comunicação. A criança surda adquire sua linguagem
ao relacionar a experiência que está vivendo com a verbalização ou os sinais que ela observa
em outras pessoas, bem como ao relacionar o que está sendo falado pelo outro com suas
próprias experiências de forma oral, escrita ou com sinais.
Assim como algumas crianças surdas tem a possibilidade de desenvolver a linguagem
oral utilizando a fala para se comunicar, outras por características pessoais e também em
decorrência do ambiente familiar em que cresceram apresentam linguagem oram mínima,
tendo assim, que ser completada com outras formas de comunicação, como por exemplo a
escrita e a de sinais.
12
A criança pode desenvolver também a leitura orofacial, a leitura labial e a fisionômica,
onde a criança apresenta a capacidade de ler os lábios e a expressão facial de quem está
falando. A leitura labial é uma capacidade inata em todas as pessoas, mas apenas as que têm
perda auditiva desenvolvem essa habilidade.
5.2 NO ASPECTO ESCOLAR
Para o deficiente auditivo a leitura é uma aprendizagem extremamente difícil. A
maioria dos deficientes auditivos adolescentes possuem níveis de alfabetização compatíveis
com a terceira série, com uma percentagem muito alta de analfabetismo funcional, isto é,
casos que apenas dominam a mecânica da leitura mas sem compreensão do que lêem.
No processo de ensino da leitura ao deficiente auditivo, devem organizar-se
atividades para que possam superar suas limitações e que, ao ser posto frente a um texto,
possa compreendê-lo. As caracteristicas mais salientes da escrita do deficeinte auditivo é
possuir um vocabulário limitado; usar frases muito simples e curtas; as frases têm mais
palavras de conteúdo (nomes e verbos) do que palavras de função (artigos, preposições,
conjunções etc.); uso inadequado do tempo nas frases; erros de concordância de gênero,
número e pessoa; dificuldades no uso de frases compostas, uso escasso de pronomes, falta
de coordenação de idéias, na disposição de parágrafos; uso incorreto dos sinais de
pontuação; frases estereotipadas; erros freqüentes de omissão, substituição, adição e troca
da ordem das palavras.
Para a educação das crianças com deficiência auditiva, apesar das diferentes
opiniões, existem basicamente três grandes correntes: o Oralismo, a Comunicação Total e o
Bilingüismo. Porém, é necessário observar o potencial dessas crianças, o preparo adequado
dos profissionais envolvidos e uma orientação aos pais para um envolvimento no processo,
para uma melhor aplicabilidade qualquer que seja o método.
Oralismo - método auditivo-verbal, oral, unissensorial ou multissensorial. A criança
tem acesso à língua portuguesa, em sua modalidade oral, com ênfase na estimulação
auditiva, para que possa alcançar melhor nível possível de desempenho da língua
falada. A criança necessitará de atividades de estimulação para o aprendizado da
Língua Portuguesa, tais como: estimulação sensorial auditiva, leitura orofacial,
estimulação rítmica, desenvolvimento da linguagem, estimulação fonoarticulatória e
estimulação para o desenvolvimento cognitivo.
Comunicação Total - quando se aplica a filosofia da comunicação total, o educando
tem acesso à língua de sinais simultaneamente à língua portuguesa, ao alfabeto
digital e a outras formas de expressão. A Comunicação Total, entendida como
filosofia educacional é uma proposta flexível no uso de meios de comunicação oral e
gestual. Nessa perspectiva, de acordo com Moura (1993), uma filosofia que
incorpora as formas de comunicação auditivas, manuais e orais, apropriadas para
assegurar uma comunicação efetiva com as pessoas surdas. A ideia é usar qualquer
forma que funcione para transmitir vocabulário, linguagem e conceitos de ideias
entre o falante e a criança surda.
Bilingüismo - O princípio fundamental é oferecer à criança um ambiente lingüístico
onde os interlocutores se comuniquem de forma natural. De acordo com Moura
(1993), O Bilingüismo pressupõe o ensino de duas línguas para a criança. A primeira
é a língua de sinais que dará o arcabouço para a aprendizagem de uma segunda
13
língua, que pode ser a escrita ou a oral, dependendo do modelo seguido. Isto
significa que a criança é exposta à Língua de Sinais através de interlocutores surdos
ou ouvintes que tenham proficiência em língua de sinais. A língua oral ou escrita
será trabalhada seguindo os princípios de aprendizado de uma segunda língua.
A esse respeito citamos KOZLOWSKI, 1998, In Anais do Seminário do INES Instituto Nacional de Educação de Surdos: "A proposta bilíngue não privilegia uma língua,
mas quer dar direito e condições ao indivíduo de poder utilizar duas línguas; portanto, não
se trata de negação, mas de respeito; o indivíduo escolherá a língua que irá utilizar em cada
situação linguística em que se encontrar".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo demonstrou de uma maneira sucinta o que é uma perda auditiva, e
as limitações que ela traz para o desenvolvimento da comunicação da criança. Considerando
que a audição é essencial para a aquisição da linguagem falada, sua deficiência influi no
relacionamento da criança com a família e a sociedade.
Ainda hoje a sociedade conhece bem pouco os portadores de deficiência, muitas vezes
os pais, professores e outros adultos tomam atitudes inadequadas em relação a criança com
perda auditiva, ignorando suas reais limitações. Tratam a criança com perda auditiva como se
ela fosse incapaz de compreender porque falam de maneira pouco natural, apenas com gestos,
se usam palavras tem dificuldade na pronúncia, não usam artigos ou frases completas e não
agem com naturalidade.
Deve-se levar em conta as potencialidades e limitações da criança deficiente auditiva,
permitindo que ela manifeste sua espontaneidade e suas diferenças, diferenças que não a torna
um ser inferior ou menos capaz, mas apenas diferente como todo ser humano, que tem suas
particularidades.
Enfatizou-se neste estudo também, o conceito de deficiência auditiva, os seus estágios,
os testes detectores e as próteses, para que o educador possa acompanhar o desenvolvimento
da criança deficiente auditiva, ou seja, compreendê-la em suas singularidades.
No âmbito escolar, observa-se a falta de preparo pedagógico do professor para atender
essa clientela, pois não há curso de formação para esse profissional. Nesse caso, o professor
de classe regular necessita de acompanhamento do especialista para minimizar a sua angústia.
Dessa forma, torna-se necessária uma preparação prévia desse professor, a redução de
números de alunos por turma, uma estrutura física adequada e o apoio especializado ao
docente regular, um acompanhamento permanente aos pais e uma campanha de
conscientização com a comunidade sobre a problemática da inclusão do surdo em classe
regular.
Refletindo a respeito da educação como um todo, encontramos vários problemas com
o próprio processo de aprendizagem em termos qualitativos e quantitativos, pois já se espera
menos dos alunos "incluídos". Além é claro, o processo de aprendizagem não ser pensado de
forma surda, o que exigiria uma revisão, com a presença de pessoas com deficiência auditiva
que possuem essa dimensão.
O próprio currículo precisaria refletir e constituir essa forma surda, uma vez que se
caracteriza enquanto dispositivo cultural e social e é fundamental no processo de formação da
identidade das crianças.
As comunidades surdas estão despertando e percebendo que foram prejudicados com
as propostas de ensino desenvolvidas até então e estão percebendo a importância e valor da
sua língua, isto é, a LIBRAS. Os profissionais da área estão tendo mais acesso a informações
14
que são resultados de pesquisas e estudos sobre a Língua de Sinais, possibilitando assim, a
retomada dos conceitos estruturados de surdez e de Língua de Sinais.
Estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de
crianças surdas, tendo em vista que a língua de sinais pode ser considerada como língua
natural. O reconhecimento dos deficientes auditivos e da sua comunidade linguística assegura
o reconhecimento das línguas de sinais dentro de um conceito mais geral de Bilinguismo.
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