1 Eficácia da auriculoterapia no controle e tratamento do stress Simone Aparecida Galvão1 [email protected] Orientadora Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em acupuntura - Faculdade Ávila Resumo O stress continua a se constituir em um dos principais e mais freqüentes problemas de saúde do século XXI, representando um desafio para os profissionais de saúde. Sabe-se que os indivíduos expostos a situações de estresse por longos períodos estão mais sujeitos às doenças ou ao agravamento daquelas já existentes como conseqüência de um excesso de desgaste orgânico ou como um excesso de reações físicas em decorrência de situações de tensão. Além do atendimento clínico, a medicina alternativa também tem ganhado espaço no enfrentamento do stress e dentre as várias técnicas terapêuticas, a auriculoterapia tem sido citada com freqüência e sendo foco de pesquisas científicas que visam o controle e tratamento do stress. Este estudo de natureza descritiva e de caráter qualitativo teve como objetivo verificar a eficácia da auriculoterapia no controle e tratamento do stress. A proposta do método de acupuntura para tratamento de stress, sem o uso de medicamentos tem sido bastante disseminada por médicos especialistas, a acupuntura no tratamento do mesmo e suas manifestações psicológicas e sistêmicas têm mostrados inúmeros resultados relevantes, pois não se tem verificado efeitos colaterais, e, nenhuma contra indicação podemos observar resultado visível e satisfatório já na primeira seção. Palavras-chave: Auriculoterapia; Stress; Tratamento. 1.Introdução O stress, segundo Lipp (2000, p. 15) é uma “reação biológica de enfrentamento e fuga que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo”. O stress, ou estresse, conforme explica Bernik (2009) corresponde a uma relação entre o indivíduo e o meio. “Trata-se, portanto, de uma agressão e reação, de uma interação entre a agressão e a resposta, como propôs o médico canadense Hans Selye, o criador da moderna conceituação de estresse”. O estresse fisiológico é uma adaptação normal; quando a resposta é patológica, em indivíduo mal-adaptado, registra-se uma disfunção, que leva a distúrbios transitórios ou a doenças graves, assim como agravamento nas já existentes, podendo ainda desencadear aquelas para as quais a pessoa é geneticamente predisposta (BERNIK, 2009). Apesar de ser um termo antigo, stress passou a ser considerada uma doença do século XX, que ganhou relevância no cenário da saúde mundial a partir do incremento da industrialização e das mudanças sócioeconômicas que passaram a exigir das pessoas novas formas de agir, de viver e adaptações freqüentes para a sobrevivência no setor econômico, social e trabalhista que surgiram e que expunham as pessoas a situações desgastantes tanto no aspecto físico quanto mental (NEVES, 1999). 1 Pós-graduanda em Acupuntura. Orientadora, fisioterapueta especialista em Metodologia do ensino superior, mestranda em Bioética e Direito em Sáude. 2 2 De acordo com Costa, Chaves (2006) sabe-se que os indivíduos expostos a situações de estresse por longos períodos estão mais sujeitos às doenças ou ao agravamento daquelas já existentes como conseqüência de um excesso de desgaste orgânico ou como um excesso de reações físicas em decorrência de situações de tensão. Durante as crises de stress podem surgir ou exarcebar-se uma gama de reações de ordem psicológica e psiquiátrica, expressos por perturbações de comportamento ou problemas sociopáticos. Osório (1999) citou como alguns dos mais comuns sintomas do stress ansiedade, irritabilidade, fraqueza, nervosismo, medos, apatia, angustia, refúgio em vícios como bebida e drogas lícitas e ilícitas. Para enfrentar o stress, o primeiro passo, asseguram os especialistas, é reduzir as áreas geradoras de estresse e buscar ajuda clinica para auxiliar no modo de viver e de trabalhar com as vivências e com as emoções que a vida nos proporciona (BERNIK, 2009). A medicina alternativa também tem ganhado espaço no enfrentamento do stress e dentre as várias técnicas terapêuticas, a auriculoterapia tem sido citada com freqüência e sendo foco de pesquisas científicas que visam o controle e tratamento do stress (ARAÚJO; ZAMPAR; PINTO, 2006). A Auriculoterapia assegura Garcia (1999), assim como a acupuntura, é parte integrante da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Definida por Chiquette (2004), como uma técnica terapêutica no qual o pavilhão auricular recebe estímulos nos pontos corretos, aproveitando o reflexo que a aurícula exerce sobre o Sistema Nervoso Central tem sido adotada como auxiliar no tratamento e controle do stress. Os pontos estimulados durante as sessões de auriculoterapia estão situados na orelha e correspondem a todos os órgãos e funções do corpo. Dulcetti Junior (2001) explica que, ao se efetuar a estimulação, o cérebro recebe um impulso que desencadeia uma série de fenômenos físicos, relacionados com a área do corpo, produzindo equilíbrio físico ou mental, e assim auxiliando no tratamento da ansiedade, stress, inibição do apetite, intestino, depressão, insônia, vícios e de outros distúrbios físicos ou emocionais. Neste contexto, conhecer a eficácia da auriculoterapia no controle e tratamento do stress encontra justificativa e ganha relevância. 2. Stress: algumas considerações De acordo com Rossi (1996, p. 19): “Estresse é uma palavra derivada do latim, que foi popularmente usada durante o século XVII para representar “adversidade” ou “aflição”. Em fins do século XVIII, seu uso evoluiu para denotar “fofoca”, “pressão” ou “esforço”, exercida primeiramente pela própria pessoa, seu organismo e mente.” Discorrendo ainda sobre o conceito de stress, é possivel observar que apesar de não ser novo, somente no inicio do século XX é que registraram-se as primeiras investigações sobre os efeitos deste, que foi considerado pelas ciências biológicas e sociais como o mal do século, sobre a saúde física e mental das pessoas. A palavra stress, de acordo com Silva (2005, p. 43) quando surgiu era originalmente empregado em física, com o objetivo de traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço, ou tensão. Em 1936, Hans Selye in Silva ( 2005, p. 43) introduziu a expressão no jargão médico e biológico, expressando o esforço de adaptação dos mamíferos para enfrentar situações que o organismo perceba como ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio interior. Para Deitos (1997) o stress é a alteração global de nosso organismo para adaptar-se a uma situação nova ou às mudanças de um modo geral. O stress é um mau que atinge as pessoas e pode ser conceituado como um esforço extra a que o organismo é submetido ao ter que adaptar-se a uma situação diferente do que está acostumado e que lhe provoque sofrimento (NEVES, 1999). De acordo com Costa, Chaves 3 (2006), nestes tempos tumultuados do século XXI, o stress tem se manifestado cada vez com mais frequência e passou a ser considerado como um aspecto natural da própria vida das pessoas, mas que pode resultar em desgaste físico e mental. Uma das características do stress, segundo Kolling (1994, p.13) é que ele manifesta-se de forma diferente em homens e mulheres no dia-a-dia. Costa, Chaves (2006) alertam que atualmente as pessoas estão mais suscetíveis aos agentes estressores, o que ocorre devido a pressão das relações de trabalho que cada vez exige mais e mais dos trabalhadores, assim como das relações familiares conturbadas. Isso tudo passa a exigir que os indivíduos respondam “com seu organismo, uma constante luta ou fuga perante essas situações, agindo inconscientemente como um instinto de preservação de sua própria vida”, gerando o stress. De acordo com Rossi (1994, p.27), existem dois tipos de estresse. O negativo (distress), que é causado pelas frustrações e problemas diários, e o positivo (eustress), causados pelas coisas excitantes que acontecem em nosso quotidiano, como, por exemplo, promoção no trabalho, gravidez, compra de uma casa. Embora esses dois tipos de estresse provoquem reações emocionais completamente diferentes, fisiologicamente as respostas são idênticas. Com base nas descrições de stress elaboradas por Selvye, Deito (1997) esclarece que o stress não deve ser considerado somente como uma coisa ruim, uma vez que reconhece-se que ele é necessário para impulsionar as pessoas a alcançarem seus objetivos. Goleman (1997) também ressalta que o stress é necessário ao organismo, pois faz com que o ser humano fique mais ativo e sensível diante de situações do dia-a-dia que exijam respostas ou adaptações, diante do perigo ou de dificuldade.No entanto, quando em excesso, o stress manifesta-se como um grande mal que resulta na eliminação das defesas do corpo, o que acaba por afetar a saúde tanto física quanto mental das pessoas, atingindo ainda seu desempenho social e profissional (DEITO, 1997; GOLEMAN, 1997). Assim, de acordo com opinião de Silva (2005), o stress pode ser considerado como uma reação de um indivíduo diante de uma certa situação. Dessa forma essa reação pode ser boa ou ruim e, quando não é boa, pode resultar em prejuízos tanto físico quanto mental para a pessoa. Kolling (1994, p.10) ressalta que uma vez que provoca desequilíbrio entre o corpo e a mente e que afeta os mecanismos de defesa, o stress pode representar qualquer tipo de aflição ou cansaço do corpo e da mente. O stress, segundo Selye (apud Robert, 2003) pode ser caracterizado em três fases: a fase do alarme, a fase da resistência e a da exaustão. I. II. Na fase do alarme todas as funções orgânicas sofrem alteração. Durante este processo o organismo do indivíduo percebendo a necessidade de ação se mobiliza para enfrentar a ameaça. Na fase do alarme, segundo Silva (2005), percebe-se no organismo da pessoa alterações como aumento de hormônio nas glândulas endócrinas, aceleração na freqüência cardíaca e no ritmo respiratório. A audição se torna mais sensível e as mãos ficam frias e suadas. Sintomas que, de acordo com este autor desaparecem assim que o problema é resolvido. No entanto, se estes sintomas persistirem, o stress entra na segunda fase, a da resistência. Na fase da resistência, de acordo com descrição de Selye (1956, apud Lipp & Malagris, 2001, p. 12) todos os níveis de funcionamento do organismo se alteram para a adaptação à realidade momentânea com o organismo se fazendo esforços para enfrentar a ameaça. Nesta segunda fase do stress o indivíduo desenvolve sintomas como: aftas, perda de cabelo, problemas respiratórios, impotência sexual no caso dos homens, retração social, irritação constante, alergias. Normalmente a pessoa demonstra, durante a fase de resistência, aparente adequação do organismo ao stress, mas o gasto de energia que se faz necessária para esta resistência é 4 extremamente elevado , o que consequentemente leva à terceira fase da doença, ou seja, a da exaustão. III. Na fase da exaustão uma vez que o organismo fracassou nas tentativas de superação da ameaça e esgotou seus recursos fisiológicos, comumente aparecem sintomas como: hipertensão, infarto, gastrite crônica, úlceras dentre outras. O stress registra fases de desenvolvimento e, segundo Silva (2005), até a segunda fase, ou seja, a fase de resistência, o stress ainda pode ser considerado positivo, pois o organismo está “ligado” para uma ação. Quando chega na 3ª fase, ou fase de esgotamento, o organismo reage não produzindo a energia suficiente para promover uma ação, quando torna-se altamente negativo para o organismo (SILVA, 2005). É ainda Silva (2005) quem descreve que, quando em uma situação de stress, o cérebro da pessoa ordena de imediato um despejo do hormônio adrenalina acima do normal o que resulta em aceleração do ritmo cardíaco, tensão muscular e alteração na pressão arterial que sobe enquanto as pupilas se dilatam e a química cerebral se altera. “É importante para o ser humano um estado de equilíbrio interior chamado por Cânon in Silva (1994) de homeostase. Qualquer modificação percebida pelo organismo que seria como uma ameaça a sua vida, desencadearia toda uma situação de alarme e preparação para fazer face ao perigo. Com a percepção dessa ameaça, o cérebro emitiria ordens para a mobilização de defesas e o sistema simpático seria ativado, com a conseqüente descarga de catecolaminas no sangue. Para facilitar poderíamos imaginar a situação de um rato sendo perseguido por um gato. Ao darse conta de todo o organismo do rato em resposta a descarga adrenérgica ordenada pelo cérebro, através do simpático, prepara-se para fazer face à ameaça: O coração “bate” mais forte e mais rápida de forma que mais sangue seja fornecido ao músculo e a respiração se acelera e, conseqüentemente, mais oxigênio é disponível; as pupilas dos olhos se dilatam, e assim o animal enxerga melhor, os pêlos se eriçam na esperança de mostrar aspecto assustador ao inimigo. Todas essas alterações caracterizam o estresse, a que o organismo do rato está submetido naquele momento de perigo.” (FEDALTO, ARAÚJO, 2001, p. 36) De acordo com Costa, Chaves (2006), o poder do stress enquanto causador de doenças depende do tipo e da intensidade com que ele se manifesta da forma como o indivíduo lida com as situações do dia-a-dia, assim como da repetição e duração do stress ao longo da vida. O componente estressante individual, segundo França, Rodrigues (1997) está ligado à personalidade de cada um, uma vez que se reconhece que o stress está relacionado a história de vida das pessoas. Existem três tipos de stress: o físico, o ambiental e o psicológico. O stress físico é de origem patológica ou de algum traumatismo; o ambiental, tem origem no excesso de calor ou frio a que o indivíduo fica exposto, enquanto o stress psicológico pode ser causado por qualquer pensamento capaz de colocar o organismo em estado de alerta (FRANÇA, RODRIGUES, 1997). O stress, segundo Santos, Endo (2009) reage em todo o organismo e são várias as circunstâncias que desencadeiam este mal, destacando-se as de ordem psicológica representadas pelos conflitos interpessoais, medos, baixa auto-estima, e sócio-ocupacional (desemprego, carência econômica, excesso de responsabilidade, falta de apoio e expectativas exageradas). O stress também pode ter origem física (exposição prolongada a um ruído intenso), vícios (cigarro), alimentação incorreta, entre outros. De acordo com França, Rodrigues (1997), todo o stress produzido por uma preocupação ou ansiedade ativa o hipotálamo, que transmite uma mensagem para que o organismo fique em estado de tensão, de perigo iminente. A hipófise, então, recebe a mensagem, enviada pelo hipotálamo, de que existe uma situação de risco e envia pelo sangue mensagens químicas para que o corpo se prepare para a luta ou fuga. A partir desta reação, a hipófise determina à glândula supra-renal, através de mensagens instantâneas, que comece a secretar os adrenalina e cortisol, que preparam o corpo para as situações de perigo. Levado ao estado de alerta, 5 acontecem alterações em todo organismo. O sangue se concentra no coração, para bombear mais rapidamente; nos pulmões, para realizarem mais trocas gasosas, nos músculos para se contraírem; em certas áreas do cérebro que capacitam o organismo para tomar decisões rápidas. Quanto aos sintomas provocados pelo stress, estes sintomas são diversos, destacando entre eles: aumento do suor; palidez da pele; aceleração do coração e respiração; contração do estômago; aumento do metabolismo; aumento dos níveis de glicose e colesterol no sangue; aguçamento dos sentidos (FRANÇA, RODRIGUES, 1997; SILVA, 1994; ROSSI, 2001; NEVES, 1999; BERNIK, 2009; COSTA, CHAVES, 2006). A repetição destes sintomas, segundo Silva (1994), possa, com o passar do tempo, se agravar e resultar em doenças como, por exemplo, gastrite, úlcera, hipertensão, doenças da tireóide, etc. O estresse apresenta sintomas específicos para cada indivíduo e, normalmente se inicia com sintomas emocionais e se amplia para o campo físico. Kaplan (1997, p. 118) descreve que pesquisas já demonstraram que “a reatividade imunológica pode ser influenciada pelo estresse.” Quanto aos sintomas psicológicos, Guillén (1999) relacionou: fadiga física, fadiga intelectual, transtorno na resposta sexual, dores em diversos pontos do corpo que logo desaparecem, irritabilidade, nervosismo, ansiedade, angústia, tristeza, dificuldade e conflito nas relações familiares e sociais, além de transtornos psicossomáticos como dores de cabeça, taquicardia, diarréias, alterações na pele e alterações do sono. O estresse crônico ou intenso, em particular, em geral, torna as células do sistema imunológico menos sensíveis a desafio. A situação de stress, segundo Silva (2005) provoca ainda mudança na concentração de três substâncias excitantes presentes no sistema nervoso: a seratonina, a dopamina e a noradrenalina. Durante o stress, afirma Rossi (2001), a atenção e a concentração aumentam, enquanto as ações se tornam mais rápidas. Foram descritras em estudos as diversas reações orgânicas influenciadas pelo estresse tais como: “doenças da pele e dos olhos (...) doenças alérgicas e de hipersensibilidade anafilática (...) doenças nervosas e mentais (...) perturbações sexuais (...) síndrome pré-menstrual na mulher (...) irritação e perturbação dos órgãos digestivos (...) úlceras gástricas e duodenais (...) doenças de adaptação, a perda de peso (...) obesidade (...) doenças do fígado, hipertireoidismo e gota (..) envelhecimento prematuro... ". (KOLLING, 1994) Com relação ao tratamento, França & Rodrigues (1999, p.124), sugerem algumas formas de intervenção, listadas a seguir, que podem ser adotadas como formas de gerenciar o stress: -Técnicas de relaxamento; -Alimentação balanceada; -Exercício físico regular; -Repouso, lazer e diversão; -Sono apropriado ás necessidades individuais; -Psicoterapia e vivências que favoreçam o autoconhecimento; -Aprendizado de estratégias de enfrentamento; -Administração do tempo livre para atividades ativas e prazerosas; -Administração de conflitos entre pares e grupos; -Revisão e reestruturação das formas de organização do trabalho; -Educação para saúde; -Equacionalização dos planejamentos econômico, social e de saúde. São várias as formas de combater o stress, e que estas variam das mais simples as mais complexas (SILVA et al, 2008). Além de atividades físicas, alimentação saudável, este autor destaca o poder dos tratamentos não convencionais, dentre os quais se destacam as terapias 6 como cromoterapia, auriculoterapia, yoga, acupuntura, massagem e a dança. No entanto, esclarece que, em muitos casos o tratamento é feito a base de medicamentos o que demanda consulta médica, pois somente este profissional poderá indicar o melhor remédio para cada caso. Nesta pesquisa o foco será sobre a auriculoterapia, razão pela qual no próximo item será realizada uma abordagem sobre aspectos desta terapia não convencional. 3. Auriculoterapia A auriculoterapia tem como base prática a estimulação de pontos vitais da orelha que correspondem às diversas partes do organismo com o intuito de restabelecimento da saúde. O pavilhão auricular, de acordo com Kurebayashi (2007) está relacionado com todas as partes do corpo humano e todos os meridianos convergem para a orelha. Foi com base nestes pressupostos que teve início a auriculoterapia que é conceituada por Bontempo (1999) como uma técnica de tratamento que tem como base os conhecimentos da acunputura. A acupuntura, por sua vez é ressaltada por Hirakui (2002), como uma técnica terapêutica milenar que vem ganhando mais espaço na Medicina Ocidental como tratamento alternativo em diversas patologias. A acupuntura, segundo Gerber (2001), é a arte de inserir agulhas no corpo para produzir a cura de enfermidades e é reconhecida historicamente como uma técnica que remonta há milênios e desenvolvida originariamente na China. As estimulações podem ser feitas por agulhas ou outras formas como pressão digital, laser, eletroacupuntura, moxabustão e visam devolver o equilíbrio energético nos canais de energia (meridianos) e órgãos, para o restabelecimento da saúde. Alguns microssistemas, com mapas de pontos relacionados às diversas áreas do corpo, são também utilizados para restaurar este equilíbrio e um deles é o microssistema do pavilhão auricular, pela técnica da auriculoterapia, que consiste na inserção de pequenas agulhas, estimulações com sementes ou esferas de ouro e prata, laser, etc (GIAPONESI1, LEÃO, 2009, p. 576). A auriculoterapia como sendo “uma técnica da acupuntura que utiliza o pavilhão auricular para efetuar tratamentos e restabelecer a saúde, aproveitando o reflexo que a aurícula exerce sobre o sistema nervoso central” (SOUZA, 1994, p. 12). Complementando esta descrição: “O princípio básico energético da Auriculoterapia é o mesmo da acupuntura, é a exploração das energias vitais do corpo (é a força que movimenta o ser vivo, que faz existir a vida) que circulam nos meridianos, que são uma rede de minúsculos canais onde circulam as energias vital humana, divididas em doze meridianas principais, oito extras e várias ramificações menores conectando os órgãos vitais internos com todas as partes internas e externas. Os meridianos afloram na superfície da pele que assim possui milhares de pontos de acupuntura: locais que concentram mais energias e onde podemos modificar o estado energético do meridiano ou do órgão, sendo que na auriculoterapia estas conexões se dá no pavilhão auricular.” (PERETTI, 2002, p. 8-9) Essa técnica, segundo Costa (2003), data de aproximadamente cinco mil anos, e assim como a época de seu surgimento, existem dúvidas se sua origem é Chinesa, Persa ou Egipsia. Este mesmo autor descreve ainda que se sabe é do uso dos egípcios da estimulação de alguns pontos auriculares para aliviar certas dores físicas; o desempenho da auriculoterapia se acentuou à partir do terceiro século da nossa era, com a publicação, na China, no ano de 1572, de uma obra sobre acupuntura, onde se mencionava as relações entre os meridianos da acupuntura e a orelha, esta considerada como centro de reuniões dos meridianos e onde era mais intensa a relação Meridiano – Órgãos. Esta obra serviu como propulsora para o desenvolvimento de estudos sobre a associação de pontos auriculares com a acupuntura 7 sistêmica, o que resultou no sistema de diagnóstico por observação do pavilhão auricular; na localização e nomenclatura dos pontos que deveriam ser pressionados (COSTA, 2003). De acordo com Souza (1994) a história da auriculoterapia registra que já no ano 2500 a.C. mulheres no antigo Egito estimulavam determinados pontos auriculares como forma de conseguir um efeito anticoncepcional. Costa (2003) informa o registro em escritos de Hipócrates (traduzidos por Litfrée em 1851) de incisões que eram feitas no pavilhão auricular do homem e que produziam efeito anticoncepcional, uma vez que tornava a ejaculação escassa, inativa e infecunda. Da mesma forma, escritos de Hipócrates relatavam que uma picada em determinada veia do dorso auricular era feita com o objetivo de curar impotência masculina (COSTA, 2003). Este autor ainda cita que, em 1572 foi publicada uma obra na China sobre acupuntura, que considerava a orelha como o centro de reunião dos meridianos de acumputura. A história da auriculoterapia, conforme Souza (1994) registra ainda que no ano de 1637 d.C, um médico português de nome Zacuto usava cauterizar um ponto do pavilhão auricular, para tratamento e cura da ciatalgia. Essa técnica foi utilizada ainda, no ano de 1718 por médicos franceses para cauterizar alguns pontos do pavilhão auricular visando o tratamento de nevralgias odontológicas. Em 1810 registra-se a utilização da cauterização de determinados pontos no dorso do pavilhão auricular para tratar de ciatalgia, enquanto no ano de 1890 o francês Dr. Luciano de Bastia, com este mesmo objetivo, costumava cauterizar a raiz do anti-hélix (SOUZA, 1994). Ainda segundo Souza (1994), no ano de 1990, o francês Paul Nogier publicou um estudo sobre a relação existente entre a orelha e o resto do corpo. Este pesquisador ao observar pacientes que sofriam de ciatalgia intratável, comprovou que estes melhoravam espontaneamente após a cauterização de uma área da extremidade superior da anti-hélix da orelha, no lado, o que o levou a investir em pesquisar a literatura e encontrou algumas referências a prática da cauterização da orelha com finalidade terapêutica descrita por Hipócrates e também praticada pelos Egípcios. Garcia (1999) descreve que a auriculoterapia tem pressupostos fisiológicos e filosóficos que orientam sua ação prática. O mecanismo filosófico que orienta a prática da auriculoterapia tem como base informações contidas nos antigos escritos da Medicina Tradicional Chinesa “Os doze meridianos reúnem-se na orelha”, onde encontran-se na orelha uma das principais zonas onde o Yin e o Yang se inter-relacionam. Os 3 Yang da mão e os 3 Yin do pé chegam indiretamente através de seus ramos. Acredita-se ainda que o pavilhão auricular guarda estreita relação com os órgãos, é conhecido como o palácio do Rim, tendo sua porta de entrada através do ouvido, além de que claramente ambos aparentam a mesma forma anatômica (GARCIA,1999). Sobre os mecanismos fisiológicos que direcionam as ações da auriculoterapia, o mesmo autor citdo anteriormente, registra que sabendo-se a estreita relação energética dos pontos auriculares com o resto do corpo, foram realizadas investigações sobre esta teoria milenar. Do ponto de vista neurofisiológico, o pavilhão auricular é compreendido como um receptáculo de informação periférica e central de alta fidelidade, podendo definir os pontos auriculares como uma estação comunicadora com os canais, colaterais, fluído corpóreo e nervos, onde qualquer desequilíbrio no fluxo energético, torna-se perceptível pontos dolorosos na orelha, como uma ação reflexa do local obstruído. Tendo como base estes mecanismos fisiológicos e filosóficos, nas últimas décadas a auriculoterapia tem sido aplicada com êxito no tratamento de várias doenças de origem física ou mental, assim como em procedimentos de anestesia profunda (SOUZA, 1994). Bontempo (1999) descreve que a auriculoterapia utiliza-se de estímulos de determinados pontos localizados no pavilhão auricular para promover o reequilíbrio do organismo humano. Segundo Reichmann (2000), “a orelha é um dos vários microssistemas do corpo humano, 8 assim como as palmas das mãos, as plantas dos pés, o crânio, as regiões laterais da coluna vertebral (...) possui mais de 200 pontos para tratamento em sua parte anterior e posterior”, sendo registrado a milênios a pratica da estimulação de alguns pontos do pavilhão auricular para o alivio de dores físicas. A princípio eram adotados furos na orelha e o estimulo era realizado com pedaços de pau e outros recursos mais primordiais. Posteriormente estes estímulos passaram a ser realizados através de pressão utilizando-se esferas de ouro ou de prata, sementes, ou ainda pequenas agulhas em forma de espiral, denominadas agulhas semipermanentes. Souza (1994) cita que o raio laser assim como outros aparelhos que provocam pequena descarga elétrica sobre pontos do pavilhão auricular, também têm sido utilizados, na atualidade, como recurso para a auriculoterapia, Estudos têm demonstrado os benefícios da auriculoterapia para o restabelecimento e manutenção da saúde das pessoas. Dentre eles o desenvolvido por Chiquette (2004) demonstrou que a auriculoterapia é capaz de reduzir significativamente os níveis pressóricos de pacientes hipertensos. Podem ser citados ainda os estudos que encontraram os seguintes resultados: diminuição da intensidade de dores crônicas (SUEN et al., 2007), melhoria de qualidade de vida de mulheres no climatério (YANES CALDERÓN et al., 2003), diminuição de estresse e ansiedade de estudantes universitários (NAKAY, 2008), controle de hipertensão com fitoterapia e auriculoterapia (MUÑIZ GUILLEN e ROMERO MUÑIZ, 2004), melhoria nos transtornos generalizados de ansiedade (ZARAGOZA PEÑA, FAURE VIDAL, 2008), diminuição de ansiedade e estresse em pacientes no transporte pré- hospitalar (KOBER et al., 2003), aplicabilidade da auriculoterapia no controle do estresse (SANTOS, ENDO, 2009). Diaz Ontivero (2009) ao estudar o papel da auriculoterapia no manejo de enfermidades crônicas não transmissíveis, também encontrou resultado que comprovou as vantagens da auriculoterapia em relação à acupuntura corporal. Concluindo que a auriculoterapia é mais aceita entre os pacientes, já que não implica na punção da pele; podem-se tratar os pontos com diferentes materiais, de fácil obtenção, de fácil manipulação, permitindo atender um número muito grande de pessoas. Comprovou ainda o alto valor preventivo e terapêutico da auriculoterapia, pois o paciente pode estimular os pontos no momento da aparição dos primeiros sintomas. Peretti (2005) em estudo desenvolvido com obesos, com o objetivo de tratar, divulgar, comprovar e demonstrar os efeitos da auriculoterapia no tratamento da obesidade comprovou a eficiência e eficácia dessa terapia, verificando a possibilidade de entrosamento e participação efetiva do paciente no tratamento funcionou como mola propulsora para o alcance dos resultados de forma satisfatória. Como benefícios da auriculoterapia para a saúde das pessoas, Souza (1994) destaca o restabelecimento e manutenção da saúde, o bem estar e acumulo de energia física e mental, além de melhora na qualidade de vida. Essa técnica, ainda segundo Souza (1994) tem a vantagem de não apresenta efeitos colaterais, como também não interfere nos fármacos, que o cliente possa estar usando. 4. A auriculoterapia no controle e tratamento do stress A auriculoterapia, conforme Peretti (2005, p. 19) visando tanto o diagnóstico quanto o tratamento das doenças segue características próprias como: 01. Por ser um microsistema não precisa necessariamente do uso de agulhas, isso facilita sua aceitação e execução. 02. Combina as Teorias da Medicina Tradicional Chinesa com as teorias da Medicina Moderna, usando desta última, matérias importantes como a anatomia, fisiopatologia, genética e imunológica. 9 03. Os pontos auriculares funcionam como uma memória do histórico patológico através destes, nos fornece o desenvolvimento cronológico das enfermidades e a preparação para processos patológicos que ainda não se manifestaram clinicamente. 04. O diagnóstico da auriculoterapia tem valor semiológico tão importante quanto o diagnóstico através do pulso e da observação da língua na Medicina Tradicional Chinesa. 05. (...) tem a descrição de novos pontos, sulcos, zonas, linhas e canais. Chegando a 160 pontos na face ventral e 31 na face dorsal do pavilhão auricular. 06. Ela utiliza os pontos auriculares para o diagnóstico e tratamento. 07. Classifica os pontos auriculares de acordo com os sistemas em 6 grandes grupos, e de acordo com as suas funções em 46 grupos. 08. Ela dá grande importância ao uso dos pontos do dorso da orelha tanto para o tratamento como para o diagnóstico. 09. Funciona como um sistema independente com métodos próprios para o tratamento e o diagnóstico e não simplesmente como uma técnica terapêutica. A auriculoterapia tem sido utilizada para o tratamento do stress e tem sido tema de vários estudos visando verificar sua eficácia e eficiência neste que foi considerado o mal do século XX e que continua a ameaçar a saúde e qualidade de vida de um grande número de pessoas. Exemplo disso foi estudo desenvolvido por Nakai, Lyra, Marques (2007) que teve como objetivo verificar a eficácia da Auriculoterapia na diminuição dos níveis de estresse e ansiedade em estudantes universitários dos cursos de Fisioterapia, Fonoaudiolodia e Terapia Ocupacional de uma Faculdade Paulista. Neste estudo as sessões de Auriculoterapia foram realizadas com estimulação nos pontos Shen Men e Tronco Cerebral utilizando sementes de mostarda amarela e os resultados demonstraram que houve considerável diminuição nos níveis de estresse e ansiedade em jovens saudáveis. Uma pesquisa qualitativa e quantitativa, conjugando auriculoterapia e arteterapia foi realizada por Silva et al (2008) e que teve como objetivos gerais conhecer os níveis de estresse dos professores de uma instituição de curso técnico de nível médio, avaliar a eficácia da auriculoterapia sobre os níveis de estresse e sobre os aspectos emocionais e divulgar a importância da auriculoterapia para o tratamento de estresse como terapêutica complementar. E como objetivos específicos: avaliar o alcance da técnica de auriculoterapia no redirecionamento de aspectos conflitantes emocionais; identificar e conhecer as distintas simbologias pictóricas pessoais dos elementos estressores vivenciados pelos sujeitos. Para tanto, foram utilizados dois instrumentos diagnósticos: para a análise quantitativa dos resultados, foi escolhido primeiramente o inventário de Estado de Estresse ou Lista de Sintomas de Estresse (LSS), para a obtenção de escores sobre níveis de estresse, de 59 sintomas psicofisiológicos e psicosociais. Os dados qualitativos foram obtidos a partir de um desenho livre com texto explicativo. A análise destes dados foi feita individualmente a partir de uma prévia composição plástica - em resposta ao estímulo verbal "Era uma vez um monstro" - antes do tratamento de auriculoterapia e após o término do tratamento. Foram tecidas comparações, no universo individual de cada sujeito, quanto aos aspectos relacionados a cor, forma, ocupação de espaço, símbolos significantes expressos pelo entrevistado, intencionais e não intencionais, conscientes e inconscientes, discutidos e avaliados pelo terapeuta e sujeito entrevistado após a realização do desenho. Os resultados obtidos no LSS permitiram concluir que os valores de estresse no pré-tratamento (46,6) caíram para 29,75, demonstrando uma melhora de 36,3% do valor médio, com uma significância estatisticamente importante de p=0,036. Quanto à análise dos desenhos, 4 dos 8 desenhos (50%) demonstraram significativas mudanças quanto às simbologias atribuídas ao 'monstro pessoal' e às formas de enfrentamento do mesmo. Com base nos dados coletados, foi possível considerar que a auriculoterapia teve um impacto positivo no tratamento do estresse da população avaliada. 10 Com o propósito de avaliar os níveis de estresse da equipe de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado, na cidade de São Paulo, Giaponesi, Leão (2009), desenvolveram estudo quando submetidos os sujeitos da pesquisa à sessões de auriculoterapia. A amostra foi composta por 41 profissionais. Foi utilizado o Inventário sobre Lista de Sintomas de Estresse (LSS) antes e após cada sessão de tratamento. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva quando os resultados mostraram que os sintomas mais apresentados foram: desgaste, dores nas costas, comer em excesso, cansaço e 85,4% da população apresentou melhora dos sintomas após o tratamento. Concluiu-se que a uriculoterapia contribuiu para a diminuição de sinais e sintomas de estresse entre os profissionais pesquisados. Duffin (1982 p. 298), afirma que pacientes com patologias recentes tendem a responder melhor ao tratamento com acupuntura do que aqueles com patologias antigas. Diz ainda que os pacientes que respondem mais rápido ao tratamento tendem a ter um resultado final mais satisfatório e que tanto as características individuais, como as características da doença podem influenciar no resultado do tratamento. Alguns autores que já tiveram a oportunidade de testar a eficácia das técnicas da acupuntura no controle da pressão arterial, confirmam a eficácia da mesma. Zhang (2003), em um de seus estudos, afirma que a acupuntura é indicada para o tratamento da hipotensão e também da hipertensão essencial. 4.1 Método de tratamento e classificação dos pontos auriculares Levando em consideração a relação energética dos pontos auriculares com o resto do corpo, um mapa destes pontos foi traçado por Robert (2003), para orientar a técnica da auriculoterapia (figura 1). Figura 1 - Mapa dos Pontos Auriculares Fonte - http://www.sociedadedespertalista.org.br/cienciasholisticas/pesquisas/auriculoterapia-pa.PDF No caso do tratamento e controle do stress, segundo Santos, Enzo (2009) os pontos auriculares utilizados devem ser aqueles que têm funções sedante e calmante, ou seja: o Shen Men, o Tronco Cerebral e o ponto do Rim (figura 2). 11 Figura 2 - Pontos de Auriculoterapia para tratamento do Stress Fonte - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342012000100012&script=sci_arttext No estudo desenvolvido por Santos, Endo (2009) as sementes utilizadas para estular os pontos Shen men, Tronco Cerebral e Rim, foram as de mostarda que são pequenas, inodoras e apresentam estrutura ovalada. O Shen Men, segundo descrição de Santos (1991) localiza-se na fossa triangular, logo acima da bifurcação da raiz superior e inferior da anti-hélice. Este ponto é utilizado no controle da ação excitatória e inibitória do córtex cerebral e tem efeito tranqüilizante, analgésico e antialérgico (SOUZA, 1994; WEN, 1985; MARTINS E GARCIA, 2003). Segundo Wang & Kain (2001, p. 548), o Shen Men foi utilizado com eficácia em seu estudo para diminuição de ansiedade em pacientes em situação pré-operatória. O Tronco Cerebral, também tem função de sedação e é utilizado para tratar afecções do cérebro. Este ponto, como pode ser observado na figura 2, situa-se no meio da incisura na junção do anti-trago com o anti-hélice, utilizado em afecções do cérebro (SOUZA, 1991; WEN, 1985; MARTINS E GARCIA, 2003). O ponto do rim ou Shen também é vital para o controle e tratamento do stress: “Em função da extensa importância que os rins têm para o equilíbrio geral de Yin e Yang do corpo como um todo e por corresponder à sede da Essência e controlar todos os processos vitais do organismo, o ponto do Rim foi escolhido para auxiliar no restabelecimento da homeostase e do equilíbrio em situações de estresse.” (SANTOS, ENDO, 2009, p. 18): Maciocia (2006), também ressalta a importância do ponto do rim no tratamento e controle do stress visto que este tem a fundamental função de abrigar o Qi, ou a força de vontade de viver e corresponde ao sentimento relativo ao medo e à ansiedade, podendo atuar sobre os estados de ansiedade e estresse. 12 Segundo Garcia (1999), o tratamento ou controle do stress através da auriculoterapia pode ser realizado com o uso de sementes ou de agulhas, de uso individual e descartável e deve ser feito através da estimulação de pontos auriculares na forma descrita a seguir: -Para as agulhas auriculares o primeiro passo é a detecção do ponto determinado em protocolo, cuja estimulação gere dor à pressão ou que crie certa depressão. A antiassepsia do local com álcool 70% e algodão não deve ser esquecida. A seguir, com a utilização da pinça ou de algum aplicador de agulhas auriculares, procede-se a punção do ponto perpendicularmente de forma rápida sobre o ponto previamente escolhido. Aconselha-se o uso de agulhas de 1,8 mm para a tonificação dos pontos. -Quanto ao tempo de estimulação e tonificação, no estudo realizado por Santos, Endo (2009) utilizou-se a agulha auricular permanente, coberta com micropore, permanecendo por um intervalo de 4 a 7 dias. Quando houve registro de sensação de incomodo ou dor, o paciente era orientado a fazer a retirada das mesmas. - O uso das sementes, segundo Junes (2009) deve ser adotado quando existir intolerância do paciente para a colocação de agulhas, uma vez que estudos têm demonstrado que o tratamento do stress com agulhas permanentes têm registrado melhores resultados. Isto porque as sementes precisam ser estimuladas pelo próprio paciente para que se obtenha um bom efeito e as agulhas auriculares não exigem esta estimulação freqüente. -Quando o tratamento for feito com o uso de sementes, estas precisam ser estimuladas pelo menos 3 vezes ao dia. As sementes devem ser pressionadas na parte anterior contra a posterior do pavilhão auricular, por 30 vezes. -No tratamento do stress as sementes devem ser colocadas à frente e atrás do pavilhão auricular nos três pontos escolhidos: Shen Men, Tronco Cerebral e Rim e as sessões devem durar em média de 10 a 20 minutos. - De acordo com Junes (2009), no tratamento do Stress os pontos deverão ser pressionados toda vez que o paciente sentir-se “nervoso” ou “angustiado”. 5. Metodologia Estudos quali-quantitativos, revisões de literatura e outras revisões. Para tal, foi realizada revisão sistemática de literatura através de artigos selecionados e feito um cruzamento entre os descritores: stress/auriculoterapia/tratamento/método. A auriculoterapia tem sido utilizada como recurso para auxiliar as pessoas que sofrem com o stress a encontrarem o equilíbrio físico e mental, assim como melhor qualidade de vida. Os resultados da revisão de literatura demonstraram que a auriculoterapia apresenta eficácia no controle e tratamento do stress. 6. Resultados e discussão A auriculoterapia é uma técnica terapêutica milenar de origem oriental, que trata disfunções e promove analgesia através de estímulos em pontos reflexos localizados no pavilhão auricular. Já foram localizados mais de 200 pontos no pavilhão auricular para tratamento das mais diversas disfunções de ordem orgânica ou psicológica. Estudos de acupuntura auricular tem ganhado impulso e novas técnicas de tratamento têm sido desenvolvidas. Nestes novos tempos de terceiro milênio um número, cada vez maior de pessoas tem sofrido com o stress, mal do século XX e que continua a interferir na qualidade de vida das pessoas. A auriculoterapia tem sido utilizada como recurso para auxiliar as pessoas que sofrem com o stress a encontrarem o equilíbrio físico e mental, assim como melhor qualidade de vida. A revisão de literatura realizada demonstrou que estudos realizados têm comprovado a eficácia e eficiência da auriculoterapia no tratamento e controle do stress. 7. CONCLUSÃO 13 O mecanismo de ação da auriculoterapia tem sido discutido e especula-se que a técnica funcione porque grupos de células pluripotentes contêm informações de todo o organismo e criam centros regionais de organização que representam partes diferentes do corpo e quando se estimula o ponto reflexo na orelha, pode-se conseguir uma ação de alívio de sintomas em partes distantes do corpo (GORI, 2007). Estimular pontos pode também ativar pequenas fibras nervosas mielinizadas que enviam impulsos para a coluna espinal, cérebro, pituitária e hipotálamo, causando liberação de endorfinas no sangue no tratamento da dor (HUI & cols, 2000). Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), ao equilibrar aspectos energéticos, a partir da estimulação de pontos no corpo ou em microssistemas como a orelha, são oferecidas condições favoráveis para que haja mudança nos padrões de comportamento social, emocional, físico, mental e espiritual do indivíduo (BELLOTTO et al, 1999). Durante a revisão de literatura, pode-se concluir que em todos os estudos feitos sobre o assunto, foram apresentados resultados positivos, confirmando a eficácia da auriculoterapia para o tratamento de estresse, além de ser uma das técnicas mais utilizadas na Medicina Tradicional Chinesa, para controle de ansiedade e problemas psíquicos, pois promove relaxamento. 5. Referências Bibliográficas ARAÚJO, A.P.S.; ZAMPAR, R.; PINTO, S.M.E. Auriculoterapia no tratamento de indíviduos acometidos por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (dort)/ lesões por esforços repetitivos (ler). Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 10, n. 1, jan./abr., 2006, p. 35-42. BERNIK, Vladimir. Estresse: o assassino silencioso. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n03/doencas/stress.htm#diminuir. [postado em 2009] Acesso em 12. jun.2012. BELLOTTO N JUNIOR, MARTINS LC, AKERMAN M. Impacto dos resultados no tratamento por acupuntura: conhecimento, perfil do usuário e implicações para promoção da saúde. Arq Med ABC. [periódico na Internet]. 2005 [acesso 30 dez 2012];30(2):83-6. Disponível em: http://site.fmabc.br/admin/files/revistas/30amabc083.pdf BONTEMPO, Márcio. Medicina Natural. São Paulo: Nova Cultural, 1999. CHIQUETTI, Cibele Borin. A Utilização da Auriculoterapia como Recurso Terapêutico. Cascavel/PR: UNIOESTE, 2004. COSTA, A. Curso de Auriculoterapia - teórico e prático. São Paulo, 2003 COSTA, Ana Lúcia; CHAVES, Eliane Corrêa. Processos de enfrentamento do estresse e sintomas depressivos em pacientes portadores de retocolite ulcerativa idiopática. Rev Esc Enferm USP. v. 40, n. 4, 2006; p. 507-14. DEITOS, F. Diálogo corporal. Santa Maria: ed. kaza do Zé, 1997. DULCETTI JUNIOR, Orley. Pequeno Tratado de Acupuntura Tradicional Chinesa. São Paulo: Andrei, 2001. DUFFIN, D. Acupuncture: Results of Nine Months’ use in the National Health Service. Physiotherapy. V. 68, n.9, p. 298-300, 1982 FEDALTO, Ana Lúcia Teixeira; ARAÚJO, Adriana Cristina de. Aspectos Psicológicos do Paciente Diabético. Curitiba/PR: Universidade Tuiuti do Paraná, 2001 FRANÇA, A.C.L & RODRIGUES, A.L. Stress e Trabalho: Guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 1997. GARCIA, G., Ernesto. Auriculoterapia. São Paulo: ROCA, 1999. 14 GERBER, Richard. Um guia prático de Medicina Vibracional. São Paulo: Cultrix; 2001. GIAPONESI, Ana Lúcia Lopes; LEÃO, Eliseth Ribeiro. A auriculoterapia como intervenção para redução do estresse da equipe de enfermagem em terapia intensiva. Revista Nursing, Barueri: Editora Ferreira & Bento do Brasil, v. 12, n. 139. Dez. 2009, p. 575-579. A Utilização da Auriculoterapia como Recurso Terapêutico no Controle da Pressão Arterial Disponível em: <http://www.sociedadedespertalista.org.br/cienciasholisticas/pesquisas/auriculoterapia-pa.PDF> Acesso em 13.jun.2012. GOLEMAN, Daniel. Verdades simples, mentiras essenciais: a psicologia da auto-ilusão. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. GORI L, Firenzuoli F. Ear Acupuncture in European Traditional Medicine. Evid Based Complement Alternat Med. [periódico na Internet]. 2007 [acesso 13 dez 2012]; 4 (Suppl 1) :13-6. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2206232/pdf/nem106.pdf GUILLÉN, F. J. A. Stress: aprender a viver - Diálogos Educacionales, Valparaiso 11/12: 60-68, 1999. Kaplan, Harold I Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica / Harold I., Kaplan, Benjamin J. Sadock e Jack A. Grebb; trad. Dayse Batista. – 7. ed. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 118. HIRAKUI, T. Acupuntura uma terapêutica alternativa no tratamento da fibromialgia. Disponível em: http://www.interfisio.com.br. [postado em 12 out 2003] Acesso em 12. jun.2012. HUI KK, LIU J, MAKRIS N, GOLLUB RL, CHEN AJ, MOORE CI, KENNEDY DN, ROSEN BR, KWONG KK: Acupuncture modulates the limbic system and subcortical gray structures of the human brain: Evidence from fMRI studies in normal subjects. Hum Brain Map. 2000;9:13-25. KOLLING, A. Stress: efeitos não - específicos produzidos sobre o organismo humano. Revista de Estudos de Novo Hamburgo. v.7, n. 1, 1994, p. 09-14. KUREBAYASHI, Leonice Fumiko Sato. Acupuntura na Saúde Pública: uma realidade histórica e atual para enfermeiros. São Paulo (SP): USP, 2007. LIPP, Marilda (org). O stress do professor. São Paulo: Ed. Papirus, v.5, 2000, p.12. MANO, R. Conceito atual de hipertensão http://www.hipertensaoarterial.com.br. acesso em 16 nov 2012. arterial sistêmica. Disponível em: NAKAI, L.S; LYRA, C.S; MARQUES, A.P. Eficácia da Auriculoterapia no tratamento de estresse e ansiedade em jovens saudáveis. São Paulo: FMUSP, 2007. NEVES, V. T. O estudo do estresse - Momentos revista do Departamento de Educação e Ciências do Comportamento 7: 163-72, 1999. NEVES, V. T. O estudo da relação entre estresse e doença. Momentos - Revista do Departamento de Educação e Ciências do Comportamento 7: 173-78, 1999a. OSÓRIO, C. M. S. Como evitar o "stress". In: LAVINSKY, L. org. - Saúde informações básicas. 2 ed. Porto Alegre, Editora da UFRGS,1999. p. 63-72. SOUZA, Marcelo P. Tratado de auriculoterapia. 1ª ed. Brasília: Look, 1994. PERETTI, Silvana Maria. A Acupuntura e o tratamento da obesidade: Uma abordagem da auriculoterapia da escola “huang li chun”. Santo Amaro da Imperatriz – SC: CIEPH, 2005. 15 ROBERT, A. Curso básico de auriculoterapia. <http://www.almeriware.net/almediam/Auriculoterapia/ Auriculoterapia_index.htm. Acesso em 30 jun 2012. Disponível [postado em em: 2003].> ROSSI, Ana Maria. Autocontrole: nova maneira de controlar o Estresse. 5ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994. SANTOS, Gislaine Oliveira dos; ENDO, Emerson Eizo. Auriculoterapia e Estresse: Avaliação da efetividade e tempo de duração de uma sessão. São Paulo: Instituto de Terapia Integrada e Oriental, 2009. Disponível em: <http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:r5j3-wG3j_8J:www.itio.com.br/artigos.> [postado em: dez.2009] Acesso em 12.jun.2012. SILVA, Elizangela Andréa; LIMA, Rosiane Freire; SOUZA, Wirvaine Sherlei Dias; KUREBAYASHI, Leonice Fumiko Sato. A auriculoterapia e arteterapia no tratamento de estresse de professores. São Paulo: Instituto de Terapia Integrada e Oriental. Dezembro de 2008. ZHANG, X. Accupuncture: Review and Analysis of Reports on Controlled Clinical Trials. Disponível em: <http://www.who.int/medicines/library/trm/acupuncture/ acupuncture_trials.pdf.> Acesso em 13 jul 2012. WANG, S.M.; KAIN, Z.N. Auricular acupuncture: a potential treatment for anxiety. Anesth Analg. v.92, n.2, p.548-553, Feb. 2001. WEN, Tom Sintan. Acupuntura Clássica Chinesa. São Paulo: Ed. Cultrix, 1985. MARTINS, E.I.S.; GARCÍA, Ernesto Garcia. Pontos de Acupuntura: Guia ilustrado de referência. São Paulo, Roca, 2003. MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2006 SILVA, Jerson Joaquim da. Stress o Impulso da Vida. São Paulo: Yendis, 2005. ROSSI, Ana Maria. Autocontrole: nova maneira de controlar o Estresse. 5ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1994. HUI KK, LIU J, MAKRIS N, GOLLUB RL, CHEN AJ, MOORE CI, KENNEDY DN, ROSEN BR, KWONG KK: Acupuncture modulates the limbic system and subcortical gray structures of the human brain: Evidence from fMRI studies in normal subjects. Hum Brain Map. 2000;9:13-25.