Importância do nitrogênio • Essencial à sobrevivência e crescimento dos organismos. Importância do nitrogênio • Limitante para o crescimento e produtividade das plantas; • 4º elemento mais abundante; • 78% da atmosfera terrestre – não disponível; • N2 – união muito estável impossibilita sua absorção e assimilação pelos eucariontes; • Dependem do N da matéria orgânica do solo ou da adição de fertilizantes nitrogenados. Importância do nitrogênio • Processos de transformação N2 em formas disponíveis; • Quebra da tripla ligação entre os átomos de N; • Fixação espontânea; • Fixação industrial; • Fixação biológica. FIXAÇÃO INDUSTRIAL • Haber-Bosch; • Altas temperaturas (entre 300 e 500 °C); • Pressões acima de 300 atm; • Catalisadores a base de ferro; • Combustíveis fósseis como fonte de energia N2 + energia fóssil + pressão + 3H2 → 2 NH3 • 100 milhões t/ano – custos financeiros, energéticos e, sobretudo, ambientais. FIXAÇÃO BIOLÓGICA (FBN) • Um dos mais importantes processos realizados; • Nitrogenase – quebra dos átomos de N à temperatura ambiente e pressão normal; • Energia de processos fotossintéticos, quimiossintéticos ou carboidratos (fermentação ou respiração); N2 + 16 ATP + 8 é + 8 H+ → 2 NH3 + H2 + 16 ADP+ 16 Pi • Sistemas fixadores N2 – microrganismos de vida livre, associativos e simbióticos – diazotróficos. FIXAÇÃO SIMBIÓTICA DO N2 EM LEGUMINOSAS • Família – 16000 a 19000 spp / 750 gêneros globais; • Em importância econômica é superada apenas por Gramineae; • Não comum a todas as espécies – particularidade ecológica; • Capacidade de nodular e fixar nitrogênio em simbiose com bactérias do grupo dos rizóbios. Taxonomia das bactérias capazes de formar nódulos em leguminosas • Bactérias conhecidas genericamente como rizóbios; • Atualmente – 12 gêneros e 62 espécies; • A maioria das leguminosas ainda não foi investigada. PROCESSO DE INFECÇÃO • No solo, os rizóbios podem viver saprofiticamente, quando em vida livre, na forma de bacilos; • Presença da leguminosa – desencadeia sinais químicos pela exsudação de moléculas por suas raízes (flavonóides, isoflavonóides, chalconas e betaínas); • Atração por quimiotaxismo positivo – Fator NOD (lipoquitooligosacarídeo) – reconhecimento. PROCESSO DE INFECÇÃO • Fatores NOD – envolvidos na resposta da planta hospedeira na despolarização da membrana, deformação do pêlo radicular, pré-infecção e iniciação dos primórdios nodulares; • Importante para determinar a especificidade do rizóbio ao hospedeiro PROCESSO DE INFECÇÃO • Os rizóbios colonizam a rizosfera e multiplicam-se ao redor dos pêlos radiculares; • O pêlo encurva-se envolvendo os rizóbios e, por meio da degradação de uma parte da parede celular do pêlo, a plasmalema começa a se invaginar; • Rizóbios invadem o pêlo radicular utilizando o cordão de infecção – multiplicação – nódulo; • Aumento de tamanho e alterações bioquímicas – bacteróides (fixação de N2). PROCESSO DE INFECÇÃO PROCESSO DE INFECÇÃO • Lectinas atuam na adesão das células do rizóbio às células radiculares do hospedeiro. Genética e fisiologia da FBN • Processo de infecção varia de acordo com a planta e a bactéria – + 60 genes podem estar envolvidos; • Genes de nodulação e fixação N2: • Bradyrhizobium, Azorhizobium e Mesorhizobium – cromossomo; • Rhizobium e Ensifer (Sinorhizobium) – plasmídeo simbiótico; • Condições desfavoráveis – perdidos ou transferidos. Genética e fisiologia da FBN • O2 necessário para respiração celular – raízes da planta e bacteróides; • ↑O2 desativam a enzima nitrogenase; • Estratégia anatômica: o parênquima do nódulo funciona como uma barreira de difusão de O2, dificultando sua entrada; • Estratégia bioquímica: células vegetais da região central do nódulo produzem a leghemoglobina; • Carregador de O2 – garante aos bacteróides o recebimento do O2 necessário para sua respiração. Genética e fisiologia da FBN • Corte do nódulo – maneira prática de saber se os rizóbios são eficientes em fixar N2; • Quanto mais vermelho for seu interior mais eficiente; • Presença da leghemoglobina. FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS À FIXAÇÃOBIOLÓGICA DE N2 • Busca por estirpes mais eficientes e competitivas para superar as limitações; • A combinação favorável dos fatores bióticos e abióticos presentes nos ecossistemas vai determinar o sucesso da inoculação, sendo primordial o conhecimento da características dos microrganismos a serem introduzidos, sua adaptabilidade e capacidade competitiva. FATORES BIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 • Tipo de inóculo e a via de inoculação; • Seleção de cultivares apropriados; • Controle de pestes e enfermidades; • Competitividade do rizóbio na rizosfera; • Sobrevivência saprofítica no solo; • Interação sinergística e antagônica. FATORES BIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 Competitividade dos rizóbios • Definida como a relação entre o número de bactérias de uma determinada estirpe no inóculo e a porcentagem de nódulos que essa estirpe consegue ocupar nas raízes da planta hospedeira; • Bactéria introduzida – favorecimento devido à características genéticas ou fisiológicas ou vantagem numérica; • Competição com as estirpes naturalizadas ou nativas do solo. FATORES BIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 • Fatores que influenciam a capacidade competitiva: - Mobilidade no solo; - Resposta às substâncias indutoras dos genes de nodulação; - Velocidade de infecção das raízes; - Produção de bacteriocina; - Eficiência da estirpe em formar nódulos; - Possibilidade de realizar manipulações genéticas. FATORES ABIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 • pH; • Temperatura; • Deficiência de nutrientes; • Metais pesados; • Luminosidade; • Estresse hídrico e osmótico. FATORES ABIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 • Grande variação de espécie pra espécie; • Redução da sobrevivência, com consequente redução da população bacteriana, combinada com maior instabilidade genética, frequentemente ligada à redução da eficiência das estirpes quanto à fixação biológica de nitrogênio; • Solos ácidos – produção de goma pela estirpe tolerante; • Contribui para estabilidade do pH citoplasmático; • Níveis ↑ Ca –integridade da parede celular; • Troca de sinais fortemente impactada. FATORES ABIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 Luminosidade • Permeabilidade da membrana do pêlo radicular (fitocromo); • Biossíntese de etileno – inibe número de nódulos; • Fotossíntese – carboidratos para funcionamento dos nódulos – ↑FBN; crescimento e • ↑ Fotossíntese - ↑biomassa sistema radicular e ↑C fixado (exsudado); • Estimulação da atividade microbiana na rizosfera e aumento da nodulação. FATORES ABIÓTICOS À FIXAÇÃO DE N2 Estresse hídrico e osmótico • Flutuações osmóticas associadas aos períodos de déficit hídrico - ↓sobrevivência das populações de rizóbio no solo ou redução no seu crescimento; • Diferentes níveis de tolerância; • Simbiose – sensível à salinidade; • Leguminosas e o processo de iniciação nodular são mais afetados pelo estresse osmótico e hídrico que o rizóbio. FIXAÇÃO DO N2 POR CIANOBACTÉRIAS • Provavelmente os primeiros organismos a liberar oxigênio elementar na atmosfera primitiva; • Teoria da endossimbiose – cloroplastos surgiram da fusão com um antepassado das cianobactérias atuais; • Únicas – fotossíntese oxigênica e fixação de nitrogênio atmosférico; • Proteção da nitrogenase do efeito deletério do O2 – condições microaeróbias (heterócitos e diazocitos) ou condições anóxicas. FIXAÇÃO DO N2 POR CIANOBACTÉRIAS FIXAÇÃO DO N2 POR CIANOBACTÉRIAS • Tolerância a ambientes extremos – sucesso colonização; • Ambientes aquáticos a sistemas terrestres, em solos tropicais e regiões polares; • Certos grupos simbiontes do Domínio Eukarya (fungos, algas, plantas e animais); • Associações com plantas e fungos permite ao hospedeiro colonizar habitats pobres em nutrientes e ambientes hostis. FIXAÇÃO DO N2 POR CIANOBACTÉRIAS • Para contornar o dilema da fixação de N2 e fotossíntese oxigênica, as cianobactérias diazotróficas desenvolveram várias estratégias para segregar a fixação de N2 do O2. CIANOBACTÉRIAS FIXADORAS DE N2 QUE FORMAM ASSOCIAÇÕES • Como organismos fotoautotróficos e fixadores nitrogênio, as cianobactérias podem fornecer hospedeiro nitrogênio e ocasionalmente carbono; de ao • Por outro lado, o hospedeiro protege a cianobactéria de condições ambientais extremas como alta irradiância e dessecação, ou até mesmo predação. CIANOBACTÉRIAS FIXADORAS DE N2 QUE FORMAM ASSOCIAÇÕES • Estratégias e comportamentos comuns: - Mudança do heterotrófico; modo de vida autotrófico para - Aumento da taxa de fixação de N2, resultante do aumento da atividade da nitrogenase; - Aumento do número de heterócitos que geralmente resulta na maior fixação de N2; - Diminuição da taxa de crescimento (divisão), só ocorrendo aumento do volume celular. CIANOBACTÉRIAS FIXADORAS DE N2 QUE FORMAM ASSOCIAÇÕES • Importância econômica na agricultura; • Folhas de Azolla – fertilização de campos de arroz; • Nostoc e Anabaena podem aderir raízes de arroz e colonizá-las; • Associação Nostoc-Gunnera (angiosperma) – associação nas glândulas axilares; • Brasilonema –morte de mudas de eucalipto. FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO ASSOCIATIVA E EM VIDA LIVRE • Maioria diazotróficas de vida livre é heterotrófica – ecossistemas capazes de prover uma fonte de carbono utilizável; • Beijerinkia fluminensis e Beijerinkia indica (aeróbicos) – rizosfera de cana-de-açucar; • Klebsiella e Enterobacter (anaeróbicas facultativas); • Azotobacter e Azomonas (aeróbios); • Somente 1 caso há forte evidência de que um diazotrófico de vida livre, Azotobacter paspali, contribua para acumulação de nitrogênio na planta. FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO ASSOCIATIVA E EM VIDA LIVRE • Diazotróficos associativos (endofíticos facultativos ou obrigatórios; • Capazes de produzir fitohormônio – efeito estimulatório; • Azospirillum (auxinas, citoquininas e giberilinas) – milho, arroz, cana-de-açucar, sorgo e gramíneas forrageiras; • Cana-de-açucar – maior frequência de isolamento raízes, colmos e folhas – Azospirillum e Herbaspirillum. FIXAÇÃO DO NITROGÊNIO ASSOCIATIVA E EM VIDA LIVRE • Gramíneas de importância econômica (arroz, trigo, sorgo, milho e alguma forrageiras) – hospedeiros de diversas espécies de bactérias endofíticas obrigatórias – aumento de produção; • Burkholderia spp., Azoarcus spp., Herbaspirillum seropedicae, Herbaspirillum rubrisubalbicans; • Capacidade de fixação do N2 atmosférico: - Arroz cultivado em sistema inundado 60Kg/ha/ano; - Cultura da cana-de-açucar 150 Kg/ha/ano. VANTAGENS DA FBN Economia em nitrogênio mineral; Redução no custo de produção; Redução na emissão de Gases de Efeito Estufa relacionados à fabricação e uso de adubos químicos que contribuem para o aquecimento global; Ganhos ambientais pela menor poluição de lagos, rios e lençóis freáticos por nitrato; Facilita o sequestro de carbono (fixação de 90 milhões de t de N equivale ao sequestro de quase 1 bilhão t/ano de carbono); Por tudo isso, a Fixação Biológica de Nitrogênio é uma das tecnologias agrícolas contempladas pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e bastecimento (MAPA).